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Apresentação
       Busco-me em você, caro leitor, esperando que em mim, você
encontre alguma afinidade.
        Tenho aprendido, ao longo da minha existência, que a nossa
vida é um constante somatório: em nós estão contidos o bebê, a
criança, o adolescente que fomos e o adulto que somos; que todas as
pessoas – boas ou más – que passaram e passam por nós são nossos
mestres; que as dores, erros, sofrimentos e mágoas que se alternaram
às alegrias e tristezas, êxitos e fracassos, vivenciados em cada etapa
da nossa jornada, representam o fole, a bigorna e o martelo ...
        Utilizados pelo Artífice da Vida, foram forjando a nossa
personalidade e o nosso caráter, fazendo-nos despertar para a
necessidade de tomarmos consciência de que o nosso eu, castrado
por crenças atávicas e limitativas, pode ser trabalhado para que
venham à luz as nossas reais possibilidades que jazem adormecidas
nos porões da descrença ou da desilusão, aguardando o seu
despertamento para alcançar a sua plenitude.
        Reconhecendo que a linguagem de Deus é a poesia expressa
na perfeição do Universo, tenho procurado estar atenta ao mundo à
minha volta e descobri que um simples livro pode ser tanto um farol
a nortear rumos, quanto uma estrela a nos alertar sobre a necessidade
de nos voltarmos para o Divino que existe em nós... ou, quiçá, uma
simples abelhinha ou um multicolorido colibri, a sugar o néctar das
flores para, em se alimentando, contribuir através da polinização com
a perenização da vida ...
        Acredito, pois, que não importa em que estágio da nossa
jornada estejamos, o nosso futuro está sendo escrito agora. Assim,
cada momento da nossa vida pode ser um novo ponto de partida, na
nossa incansável trajetória em busca do Amor e da Paz!

                                      Salvador, 29 de março de 2001
                                           Eliza Teixeira de Andrade




                                                                    15
16
Sinfonia da Vida
Açoitado pelo temporal
Range o flamboyant
Engrinaldado de flores.

Ribombam trovões
Disseminando perdões
E seus ecos repercutem distante ...

Os raios, quais punhais flamejantes,
Cortam os céus de ponta a ponta,
Preludiando emoções
Que em cada ser desponta.

Subitamente, acalmam-se os ventos
E o arco-íris resplandece;
É a natureza em festa
Que feérica manifesta

A Sinfonia da Vida,
Que balsamizando tristezas
Veste os prados de esmeralda
E de brotos viridentes.

Choram as flores
Explodindo sementes
Do seu ventre ...

Revoam-lhe em redor
Pássaros trilentes
E no ar ecoa
Da Vida, a sinfonia,

Sagração mais alta da harmonia
Hino ao Amor, à alegria,

                                       17
Poesia, divina poesia!




18
O anjo que um dia fomos na infância
permanece vivo em nossa memória,
acompanhando a nossa trajetória
do berço até o último suspiro.


                                      19
Aspiração

     Sentir a vida
     Limpa, renascida,
     É o que anseio
     Pois dor eu não pranteio;

     Pensar e amar
     De forma transparente
     E expressar o que minh’alma sente;

     Querer viver
     Com fé, com esperança,
     Voltar a ter
     Alma de criança.

     Nascer
     Crescer
     Amar
     E ser feliz,

     Morrer
     Nascer
     Em cada cicatriz.




20
21
Ontem e Hoje
     Ontem, completaste quinze anos
     E a vida te sorria em flor;
     Transcendeste os sutis arcanos
     Que só se revelariam na dor.

     Eras mais do que flor – eras rosa
     Eras mais que paixão – eras amor.

     Imitando os ciclos da natureza,
     Cresceste na cadência da vida,
     Passo a passo, bem construída,
     Pelo teu inexaurível labor.

     Eras mais do que flor – eras rosa
     Eras mais que paixão – eras amor.

     Trilhaste insólitos caminhos,
     Cuidando em afastar espinhos
     Pra não ferir a quem deste amor ...

     Eras mais do que flor – eras rosa
     Eras mais que paixão – eras amor.

     Hoje, tanto tempo já passado
     E alguns botões desabrochados,
     Na hástea, ainda jaz a flor,
     Mercê de um coração que muito amou...

     E, assim, pela vida afora
     Constataste, cada hora,
     Que se a primavera flores tem,
     É d’outono que o fruto provém !



22
23
Sonho
                                Um dia sonhamos que éramos
                                dois estranhos, e despertamos
                                para descobrir que nos amávamos.
                                                           R. Tagore

     A h! Quero e espero
     Que o brando pranto,
     Que agora aflora
     Desses olhos teus,

     Desça no leito
     Das tuas róseas faces
     E se evapore
     Nesses lábios meus;

     Quero a estrela
     Que a noite vela,
     Eu quero a lua,
     Branca e tão singela,

     Eu quero a fonte
     Sob uma firme ponte,
     Eu quero a calma
     Da tu’alma bela;

     Eu quero todas as preces
     E o encanto,
     Do suave canto
     Em afinada voz,

     Eu quero, ainda,
     Os sonhos risonhos
     Que um dia juntos...
     Sonharemos nós!




24
Reflorescer




A flor
Que você me deu,
Murchou.
Mas foi a flor
Que secou,
Que desistiu de viver,
Não eu ...

Continuo viva
Para viver
O reflorescer
Das alegrias
Advindas

Do amor
Da lida
Do perdão
Da vida
E das flores...
Que ainda virão.




                         25
Sementeira de Amor
                                       Um sorriso é a rosa que cresce
                                       sobre o espinho de um suspiro.
                                                       Sathya Sai Baba



      É preciso semear
      Em cada canto da terra,
      A semente do amor
      Para exilar a guerra.

      Semeie, pois, seu sorriso
      Para a tristeza afastar
      E no momento preciso,
      Sorria pra se alegrar;

      E para ajudar a quem trabalha,
      A vencer da vida, a batalha
      E as dificuldades superar,

      Semeie sua energia
      Semeie sua coragem
      Semeie sua alegria!




26
Flagrante




A bela donzela
De tímido olhar
Banha-se despida
Sob a luz do luar...

E a lua lívida
Ao ver tanta beleza
Com o manto dos seus raios
Empresta-lhe realeza.



                             27
A Lua e o Poeta

     O h ! branca lua
     De luz suave que flutua,
     Tão singela, lá do alto

     Sobre a serra;
     És a rainha da noite
     És o exílio da terra.

     Quanto canto solitário
     Quanta queixa em rosário
     Quanto suspiro e delírio

     De casais apaixonados
     Que pensando estar isolados,
     Quase esqueceram de ti!

     E hoje, de alma leve e lavada
     Lá no riacho da dor,
     Volto aqui à minha janela

     Esperando o teu retorno
     Pra dizer-te, ó minha bela!
     Que ouviste os meus ais

     Que já se foram
     E não voltam mais,
     Que agora livre e feliz

     Por te olhar
     E ser esteta,
     Não choro mais...
     Virei poeta!


28
Essas frases cruéis, que mordem como dentes,
Só mostram, Arlequim, que somos diferentes,
Mas minh´alma, afinal, é compassiva e boa:
Não compreendes Pierrot. E Pierrot te perdoa...
                       Menotti Del Picchia

                                                  29
Contrastes
     A vida é o contraste...
     Entre a noite e o dia,
     O sol e a lua,
     A tristeza, a alegria,
     O rio e a rua,

     O caos, a harmonia,
     O velho, a criança,
     O repouso, a luta,
     O luto, a dança,

     A festa e a labuta,
     A sombra, a luz,
     A saúde, a doença,
     A fuga, a cruz,

     A fé, a descrença,
     O espelho, o reflexo,
     O prazer e a dor,
     Em pé, genuflexo,
     O ódio, o amor ...

     A vida apresenta
     Constante contraste
     E o que nos alenta
     É a esperança da Paz!




30
O Fio da Vida

Teci fios, como mantos teceram
As pacientes mulheres de Atenas;
Aguardando do retorno da guerra,
Os seus maridos: heróis... ou mecenas?

Teci fios, como rendas teceram
As sofridas mulheres nordestinas;
Esperando no labor – quais aranhas,
Que a boa sorte lhes mude as sinas.

E no vaivém de agulhas de tricot
Apaziguei-me e corpos nus, vesti
Compreendendo que o fio da vida,

Se origina de um novelo divino
Que trabalhado por mão invisível,
Tece luz... de beleza indescritível!




                                         31
Soneto do Tempo
                                       Como se pudéssemos matar o
                                       tempo sem ferir a eternidade!
                                                         Henry Thoreau



     Como brisa que passa ligeira,
     Também o tempo, ligeiro, se vai
     E a nossa lembrança fagueira
     Doutros tempos, com o tempo se esvai;

     É que a roda do tempo é constante
     E o relógio do tempo, não pára,
     Traz para uns, momentos vibrantes
     E pra outros, lamentos cortantes.

     Que estás a fazer do teu tempo?
     Já pensaste em fazê-lo render?
     Pois se ficas parado no tempo,

     Muito tempo estás a perder.
     Usa, pois, o teu tempo, buscando
     Dar amor, para amor receber.




32
33
Migração
     Bem-vinda, criança,
     Da vida, o crisol,
     Fruto do conúbio
     Da lua com o sol.

     Bem-vindo, moleque,
     Belo e serelepe,
     Que mostra o rosto

     Limpo, sem desgosto
     E chora um choro
     Leve e sem rancor.

     Bem-vinda, menina,
     Faceira, traquina,
     Com ar de mocinha
     À espera do amor...

     Não importa se vindas
     De plagas distantes:
     Do sul ou do norte,
     De qualquer nação.

     Não importa se louras,
     Se negras, morenas,
     Saudáveis, doentes,

     As nossas crianças
     São todas ... sementes
     Do amor, da união.




34
Cuidado criança




       Cuidado, criança!
      Que está a brincar...
      Com os belos cachos
        Bailando no ar.

       Cuidado, criança!
     Com a bola a jogar...
     Não perca a inocência
      E o brilho do olhar.

       Cuidado, criança!
       De gesto gentil...
      Cultive a esperança

                              35
No nosso Brasil!




36
Berceuse




U ma estrela distante
Brilhou pra avisar
Que um anjo,
Desceu neste lar...

O Sol já raiou
Festejando a vida,
E os pássaros
Cantam felizes:
– Boas-vindas!

                      (Ricardo Teixeira Andrade)


                                                   37
38
(*)
                 O Ser ... Down
                Logo ao nascer
                Trouxe uma surpresa
                Misto de alegria e tristeza.

                Sua vida aparentemente limitada
                Por um erro genético
                De intrínseca natureza,
                Foi indelevelmente marcada
                No cromossomo 21. Científica certeza.

                Mas apesar
                Da aparência singular
                E de ter o organismo
                Um ritmo mais lento,

                Nada impedirá
                Que ele se desenvolva
                E conquiste um espaço
                Que lhe será reservado

                Por aqueles que sabendo amar
                E a vida respeitar,
                Vencem o fascínio de Narciso
                (Que só valoriza a aparência).

                Assim, quem se permitir
                Ser conquistado,
                Será, de assalto, cativado
                Já no seu primeiro sorriso!

                Abençoado ser!
                Bem-vindo seja entre nós,
                Ensinando-nos a amar a essência
                (Quando o ser excede o parecer)
                E a ver em Deus, o Pai por excelência!
_________________
(*)
    À Associação Baiana de Síndrome de Down – Ser Down


                                                               39
O Grilo(*)
                                                            A verdade é sempre estranha,
                                                            Mais estranha que a ficção.
                                                                                  Lord Byron

                 Aos poucos ele foi chegando
                 E no meu dia-a-dia
                 Foi-se instalando,
                 Sem que eu desse permissão.

                 Quando mudava a estação,
                 Ele se destacava
                 Do coro das cigarras
                 Que nas árvores mais próximas cantava,
                 (E me deixava grilada).

                 Um dia, um “insight” atrasado...
                 Aquele grilo cricrilava
                 Dentro do meu ouvido – que atrevido!

                 Com o tempo a decorrer,
                 Percebi que ele não matava,
                 (Só incomodava),
                 E aprendi com o mesmo, conviver...

                 De um Pinóquio encanecido
                 Sou hoje uma versão transmutante,
                 Já que, como ele, tenho
                 Meu próprio grilo falante,

                 Que está sempre a me dizer:
                 – Calma... silêncio...
                 Pra que eu possa adormecer...
                 Só assim encontro paz...
                 De grilo dormindo!



_________________
(*)
    Dedico esse poema a todas as pessoas que, como eu, têm problema auditivo.


40
Imortalidade
                                    Sem que eu o soubesse, meu Rei,
                                    Tu imprimiste o sinal da
                                    eternidade
                                    em muitos momentos fugazes.
                                               Rabindranath Tagore

Estou viva!
E a vida que me quer
Bem viva,
Sempre está a me dizer:

–Vem viver!

Fecha de vez
A torneira do pranto
Que dá quebranto
E tira o encanto de viver...

E, assim, vivendo,
Vivo o tempo todo,
Vivendo a vida
Com muito prazer;

Tiro da vida
Lembranças vívidas,
Ponho na vida
Meu jeito de ser.

Transcorre o tempo
E eu reconheço,
Que ele passa
Mas eu permaneço:

Viva no ar que respirei,
Viva na flor que meu olhar tocou,
Viva nas lágrimas que derramei,
Viva no Amor que me imortalizou.

                                                                 41
42
Poema do Adeus
                                A vida é tua embarcação,
                                não é tua morada !
                                     Lamartine/Teresa de Lisieux

Mergulhada nas suas lembranças,
Ela fita o porvir
– Local do reencontro –;

Atrás, fazendo-se distante,
O barco da vida
Desaparece na linha do horizonte ...

Seus olhos refletem
Suave nostalgia
Que embaça
O brilho da alegria,

Companheira, outrora, tão constante;
No seu corpo ainda tépido,
As marcas indeléveis
Daquele toque de amor
Sutil ...
          Gentil ...
                    Sedutor !
No seu interior,
A firme certeza
(Sua maior riqueza),

De que aquele barco ancorou
Em tranqüilo cais,
Lugar de muita paz,
– Local do reencontro –.




                                                              43
44
Certeza
Com uma lágrima a correr
Na sua face – sem disfarce,
Ela parte qual ave itinerante...

No cais do desencanto aflorara
O ontem esquecido no agora:
Um belo sonho anelado outrora,
Lembrança, ainda, tão constante...

À frente a lhe desafiar,
O turbilhão do mar
Dos sentimentos malogrados
Por um desenlace não desejado.

Aos poucos, no porto,
A silhueta querida diminuía
E todo seu corpo, de emoção, fremia...

Num último impulso, generoso, de amor,
Seu braço levantou
E, nostálgica, tentou

Traduzir seu sentimento,
No agitar do lenço ao sabor do vento,
Tendo como cenário
As cores afogueadas do arrebol.

No seu coração a imperar,
A certeza de um dia encontrar
As aves de arribação

Para, com elas, voar
Até a próxima estação:
O país do Sol.

                                         45
46
A Arena da Vida
Com porte soberbo
O jovem mancebo
Adentra na arena
Roubando a cena;

Ostenta, impecáveis,
A negra montera (1)
E o traje de luces.(2)

Seus olhos vagueiam pela platéia
Buscando a jovencita (3)
Que lhe retribuindo o olhar,
Sorrindo, o felicita...

O touro é liberado...
Três banderilleros (4)
Dele se aproximam

E, cada qual,
Duas banderillas (5)
Crava-lhe, na região nucal.

Com fúria, o animal
Contra o toureiro investe
Seus pontiagudos cornos;

O guapo moço as regras impõe
(E a vida expõe),
Com gestos provocantes;

A rubra capa no ar agita,
Em delírio, a platéia aplaude, grita
E o incita com altos brados: - Olé!


                                       47
E a mão adestrada
                 Coroa a faena (6)
                 Com um só golpe de espada!

                 O silêncio imperante
                 Amortalha a cena
                 Onde o sangue estuante
                 Sai em borbotões...

                 Num relance,
                 Seus olhos procuram, novamente,
                 A bela donzela

                 E dedica-lhe, gentilmente,
                 O touro abatido
                 No duelo mortal.

                 Cheio de orgulho triunfal,
                 Seu peito expande
                 E dando a vuelta al rueda (7)
                 Sai carregado através da porta grande...




     _________________
           Montera – chapéu
     (1)
           Traje de luces – Indumentária de gala
     (2)
           Jovencita - senhorita
     (3)
           Banderilleros – Toureiros que banderilham touros
     (4)
           Banderilla – farpa enfeitada que se crava no cachaço dos touros.
     (5)
           Faena – faina, luta.
     (6)
     (7)         Vuelta al rueda – volta na arena.




48
Desafio

  Ser calmo...
          Quando o mundo é inquieto
  Ser lúcido...
          Quando o mundo é confuso
  Ser verdade...
          Quando o mundo é mentira
  Ser otimista...
          Quando o mundo é pessimista
  Ser perdão...
          Quando o mundo é vingança
  Ser altruísta...
          Quando o mundo é desencanto.
  Perder a ilusão do nada,
          Saindo das trevas...
  Ganhar a certeza do Tudo,
          Indo ao encontro da Luz!




                                         49
50
Eternidade
                            A Alberto e Júlia (in memoriam)
                              Nunca as neblinas do vale
                              Souberam dizer-se - adeus -
                              Se unidas partem da terra,
                              Perdem-se unidas nos céus.
                                                  Castro Alves

O ano escoara
Novembro chegara,
No ar, já se ouve,
Os sons do Natal!

E o jovem casal
Sonhando silêncios
Busca no mar
A dimensão de um ideal...

Transgredindo as Leis:
Dos homens e a Divina,

A violência espreita
Com olhos perspicazes
E o terreno rapina
Com gestos audazes.

Perplexos,
Os olhos se fitam,
Sons... não escutam...
Mãos se procuram,

Sem rumo... ao léu...
E as almas ruflam
Buscando o Céu!




                                                            51
Violência x dor

     Quantas tramas
     Ocultamente urdidas,
     Quantos dramas
     E abertas feridas

     Pela invigilância
     Que reduz
     A certeza da imortalidade
     (Que nem sempre seduz),

     A um punhado
     De areia jogada
     Sobre sonhos soterrados
     Pela avalanche da dor...

     E o tempo massacrado
     Pela angustiante espera,
     Traz lamento e clamor
     Que a alma dilacera...

     E o equilíbrio se quebra
     Pela insegurança
     E pelo terror!

     É preciso chorar...
     Mas é preciso lembrar
     Que a centelha da vida

     Retorna ao Criador
     E, ali, abastecida,
     Irradiará amor!



52
Rejeição
                           Como é possível impedir os homens de se
                           matarem uns aos outros se uma mãe pode
                           matar seu próprio filho?
                                            Madre Teresa de Calcutá



A terra estava gretada
Mas recebeu irrigação
Da semente ali plantada
Nasceu um fruto temporão.

O fruto veio verdoso
Parecia sem sabor,
Logo, fez-se viçoso,
Quando recebeu luz e calor;

Mas como não foi desejado,
Tirado, caiu ao chão,
Feneceu, ali, desprezado,

Em lenta dissolução...
Sem cova e sem lápide,
Sob o signo da rejeição!




                                                                 53
54
Ianomâmis
                                                             A perfeição da pedra
                                                             não vem com os golpes
                                                             do martelo, mas com a dança
                                                             E a canção da água.
                                                                                   R. Tagore

                 Densas florestas
                 Pontiagudas setas
                 Compridas lanças
                 Rituais e danças;

                 Renomados nomes
                 Primitivos homens,
                 Hipócrita aliança
                 Dizimando a raça.

                 Por quê?

                 Semente de cizânia
                 Na tribo lançada
                 Colhendo conflitos
                 E vidas ceifadas.

                 Pra que?

                 Densas florestas
                 Pontiagudas setas
                 Compridas lanças
                 Rituais e danças...

                 Cadê?


_________________
 Fonte: Gazeta Mercantil: “ A insistente polêmica da ciência selvagem ” – Ricardo Calil de
N.Y. 14 e 15/10/2000 – pág. 3



                                                                                             55
Unidade
     Somos filhos de um só Pai...
     Mesmo em nossa ignorância,
     Manifesta em forma de ânsia
     De viver sem ter limites ...

     E, assim, freqüentemente,
     Nosso ego jaz imaturo
     Sem passado e sem futuro
     Por não viver o presente.

     Desenvolvendo a arrogância,
     Julga-se senhor de tudo
     Faz do orgulho seu escudo
     Para se esquecer de Deus...

     E querendo muito ter,
     Inconsciente, elimina,
     A natureza divina
     Que permeia o seu ser.

     E, vivendo assim, separa
     (Quando deveria unir),
     Deus de si e das criaturas
     E vê seu mundo ruir...

     Do universo, então, se isola
     E só a dor lhe consola
     E lhe ensina uma lição:

     Somente quando conscientes
     Que temos a mesma origem divina,
     É que nossa fé sublima
     E vemos no próximo... um irmão!


56
Elegia
                         A graça de Deus é infinita.
                         O homem é quem a limita,
                         Ao tamanho da sua fé.
                                            Eliza Teixeira

Batendo na rocha
O mar bramia,
Chorando saudades
Se compungia,

E as vagas gigantes
Que o cobria,
Batendo na areia
Se desfazia...

No corpo, o desejo
O consumia,
E a fagulha do amor
Se extinguia,

Qual tarde, onde o sol
Se escondia,
No negrume da noite
Que surgia,

No céu,
Nos seus olhos,
Na alma vazia...

Sem fé,
Sem ilusão,
Sem alegria!




                                                        57
O Intangível e o Precário

        Na angustiosa busca de um Deus
        Que possa ser visualizado,
        O homem desvia o olhar dos Céus
        Para o plano materializado.

        Projeta, então, em frágeis criaturas,
        Toda a sua esperança
        De um mundo, onde as venturas
        Fazem perfeita aliança!

        E, assim, tendente a ligar
        O intangível ao precário,
        Constrói o seu santuário

        Fadado a pouco durar...
        E onde o Amor não permeia
        O fracasso acarreta, o abalo da fé alheia.




58
O que é a Vida ?

A vida é ...
           Nascente cíclica
De cíclicas andanças;
           Um porto cíclico,
Que sonhando asas,
           Ancora tardanças;
Corrida sem causa ...
           Para chegar à pausa!
Duelo eternal
           Entre o real
E a ilusão,
           Dueto perfeito
S e a fé se alia à razão.




                                  59
So...li...dão
     H á coração que triste, solitário,
     Sem ter um lume para lhe aquecer,
     Pensa que é ave, presa na gaiola,
     Pra libertar-se... deixa de bater!

60
Você Precisa

Você precisa,
             Ir mais além
Na busca de quem
             Esqueceu o que é amar.

Você precisa,
             Impedir que a cizânia
Da cúmplice crítica
             Faça dueto
Com a pérfida infâmia.

Você precisa,
              Ser bandeira branca
Simples, desfraldada,
              Ruflando as asas
Da esperança e da paz.




                                      61
O Nascer e o Pôr-do-Sol
         Em um parque
         Eu vi uma criança
         Sorrindo, correndo,
         Feliz a brincar.

         Parecia o dia
         Quando nasce
         E desperta a natureza,
         Que se espreguiça,
         Boceja e se agita,

         Abrindo-se
         Num festival
         De luz e cores...

                                  No mesmo parque
                                  Eu vi um ancião
                                  De andar trôpego,
                                  Trazendo na fronte
                                  Encanecida,
                                  O registro das experiências
                                  De uma vida.

                                  Lembrei-me do Ocaso
                                  Quando o Sol se põe
                                  Belo e nostálgico
                                  E, apesar de cansado
                                  Pelo labor do dia,
                                  Vai ressurgir noutra
                                  freguesia...




62
Ao meu Pai
– De onde virá minha atração
Pela abóbada celeste?
Retroagindo no tempo
Posso ver-me, pequenina,

No colo do meu pai, sentada,
E ele, a lua a apontar
Amoroso a me ensinar
Uma singela canção:

– “Bênção dindinha lua
Me dá pão com farinha
Pra eu dar à minha gatinha
Que está presa na cozinha.”

Já mais crescida,
Ele me indicava
Onde se encontrava
AVia Láctea e várias constelações;

E apontando para a cruz
De estrelas formada
Associava-a ao Redentor
Que noutra cruz morreu, por amor!

Quando doente eu ficava,
Toda a noite me velava
Com o coração em prece...

Dos meus devaneios acordo
E dou graças ao Criador
Pelo seu paternal amor.



                                     63
Lembrando doutro Pedro,
     O apóstolo pescador,
     Que segundo uma lenda
     É da porta do Céu, guardador,

     Vejo o meu pai na terra
     Com semelhante missão:
     A de meu Anjo da Guarda
     Que até hoje, ainda guarda,

     A porta do meu coração.
     Obrigada, meu pai!




     Conselho Paterno

     Minha filha! por que está a chorar?
     Eis que já amanhece
     E no horizonte aparece
     O Sol, sempre a brilhar ...

     Procura com os olhos d’alma
     (Por certo, há de enxergar!)
     É o mutirão que chega
     Pressuroso, pra lhe ajudar.

     Mas depois da ajuda acolhida,
     Limpa sua casa, põe flores,
     Eleva ao Céu seus louvores...

     E nessa feliz mutuação,
     Dá uma festa de mil cores
     No templo do seu coração!


64
Consubstanciação

O pão que fermenta,
A massa aumenta
E em dobro alimenta.

O mutirão que levanta,
Reduz o cansaço
E a massa agiganta,
Num tempo escasso...

Do poeta, a voz ecoa
Profética, distante,
E em tom sussurrante,
O refrão entoa:

– “Levedado pelo amor
Ou na força do braço
Construa o seu traço
Com união e labor.”




                         65
66
A Missionária sem Sari
  Um dia, quase da busca a desistir,
  Soube da obra de Madre Teresa
  E encantou-se com a paradoxal riqueza
  De muito ter sem nada possuir...

  Desde então, não mais parou
  Mas o seu coração, sossegou.
  Quem não conhece
  Ou ainda não ouviu falar,

  De uma senhora de nome Eunice
  Conhecida na Ordem
  Das “Missionárias de Calcutá”,
  Simplesmente como: Vovó?

  Desconheço quem na sua idade
  Tenha tanta vitalidade
  Para servir como sua, a alheia causa.

  Sendo rica, tornou-se pedinte
  Visitando voluntários
  Pra que sejam solidários
  Em ajudar os pobres mais pobres!

  E, assim, abrindo trincheiras
  Nas humanas resistências,
  Juntamente com a Irmandade,

  Consegue dar assistência
  Às duas casas existentes:
  Em Coutos e no Uruguai.




                                          67
Para ela não existem ais
                Que a demova da fé;
                Pois segundo o seu genro,
                (Por ela chamado “Seu Pedro”),

                Ela é também missionária,
                Só que em grau superlativo,
                Já que é a “Irmã Maçaranduba”
                Que nem temporal derruba:
                “Amorzinho... você é demais!”


      A Verdadeira Riqueza                                                    (*)



                                                         Meu Deus, aqueles que
                                                         Possuem tudo menos a
                                                         Ti riem-se daqueles que
                                                         Nada possuem além de Ti.
                                                                        R. Tagore

                Ao nascer,
                Nada trouxe
                Senão o corpo;
                Ao crescer,
                Fui amealhando
                O ter
                Esquecendo-me
                Do ser;
                Um dia descobri
                Que o melhor de mim
                Estava impregnado de Ti ...
                Despojei-me, então,
                Do que amealhei
                E fiz-me rica
                Apesar de nada possuir... além de Ti.

_________________
(*)Humildemente dedico esses versos à memória de Madre Teresa de Calcutá


68
Maternidade

Compartilhei da alegria pujante
Daquela primavera especial
Quando, ao compasso do meu coração,

Senti outro coração bater...
À minha volta, em tempo integral,
A convivência dulcificante

De Ricardo e Ivana que com as pérolas
Dos seus sorrisos adornavam
O meu feliz semblante.

E no outono do ano seguinte
Nasce em maio, mês das rosas,
Lindo bebê cor-de-rosa!

E vendo-a, assim, tão bela,
Com as outras flores competindo,
Não tive a menor dúvida

Em chamá-la... Isabela.
Enviados pelo Criador,
Meus filhos representam

Minha maior vitória,
Minha coroa de glória
Que um dia, com muita alegria,

Depositarei aos pés doutra mãe:
Maria!




                                        69
70
Ave-Maria
Na tarde dolente
Que aos poucos se esvai,
O Sol se esconde
E o dia retrai;

A noite que veste
Um véu róseo, vivaz,
Sugere uma prece
De amor e de paz:

Ave-Maria!
Por Deus foste eleita
A mãe mais perfeita
De toda uma Nação;

Ave-Maria!
Doce proteção,
Entre o céu e a terra
És traço-de-união;

Ave-Maria!
De graça plena
Doce e serena
Mãe de Jesus;

Ave-Maria!
Na dor e n’alegria,
Enlaçou o Messias
Do seu ventre nascido
E descido da Cruz!




                           71
Minha Fé

     Senhor da Vida!
     Muito tenho Vos buscado
     E Convosco, sonhado,
     Desde a minha juventude.

     E a minha fé emergente
     Que tão frágil aparentava,
     Muitas vezes se apresentava
     Tal qual estrela cadente.

     E, hoje, desperta, percebo
     Que a minha fé aumentou,
     Não é mais estrela cadente,

     É Sol nascente e poente
     Sempre estrela
     E sempre Sol!




72
Invitation
                                   A Elza S. Teixeira Silveira
                                   ( tia Elzinha)


La terre se change en une grande voliére
Et les hommes ressemblent à des oiseaux,
Ils sont habitués à la captivité.

Dieu, dans cette volière ouvre une petite porte
Et les appelle à la liberté:
– “Viens, fils, libère-toi de la vanité,

De l’égoisme, des ostentations,
Qui sont les grilles qui t’emprisonnent
Dans cette volière.

Ici de hors, l’air est pur, la rosée est fraîche,
Elle refraìchit ton âme.
Il y a des branches, où tu peux te reposer,

Pour ensuite prendre ton envol jusqu’ à I’infinit;
Ton gazouillement rencontrera l’echo
Et sera un hymne de louange au Seigneur.”

Cette porte, elle est ouverte
Pour tous ceux qui veulent se libérer.
Nambreux sont ceux qui connaissent

Cette porte, mais peux sont ceux qui la franchissent.
Cette porte s’appelle: charité, humilité et foi.


                               João Pessoa, maio de 1978.



                                                                 73
74
Convite           (*)




                A terra tornou-se um grande viveiro
                E os homens à semelhança dos pássaros,
                Habituaram-se ao cativeiro.

                Deus, nesta gaiola abre uma portinhola
                E os exorta à liberdade:
                – “Vem, filho, liberta-te da vaidade,

                Do egoísmo, das ostentações,
                Que são as grades que te aprisionam
                Nesta gaiola.

                Cá fora, o ar é puro, o orvalho é fresco,
                Refrigera tua alma.
                Há galhos, onde podes repousar,

                Para em seguida alçar vôo até o infinito;
                Teu gorjeio encontrará eco
                E será um hino de louvor ao Senhor”.

                Esta porta está aberta
                Para todos aqueles que querem se libertar.
                Muitos são os que a conhecem,

                Mas poucos são os que a transpõem.
                Esta porta se chama: caridade, humildade e fé.




_________________
(*)
   Tradução do poema “Invitation”


                                                                 75
76
Luz e Reflexo
Acercando-se do mestre,
Indaga o discípulo:
– Dizei-me, ó mestre,
A diferença que existe
Entre a lua e o sol.
Reflexivo o mestre responde:
– É a mesma existente
Entre ser transcendente
E ser imanente.
E exemplificando,
Singela poesia recita:
– “A lua em sua tibieza
Tem como labor,
Espargir sobre a terra
Sua claridade argêntea
De transcendente beleza,
Reflexo do Sol!
Centro do planetário
Sistema, o Sol, ao contrário,
Doando-se no labor,
Envia a todos, os seus raios
De imanente resplendor... ”
E fitando o discípulo com amor,
Com voz doce e pausada, falou:
“A lua, amado,
És tu... reflexo de mim...
Eu sou o Sol ...
A luz está em mim contida
Independente de ação exterior”.

                                  77
78
Os Três Montes
              Sobre um monte,
              Soberbo pedestal,
              Sua voz ecoa ...distante
              Soberana, triunfal!

Ensina graves e profundas lições,
Captando nas almas
As mais íntimas angústias
E as mais secretas aspirações.

Vivifica pela Misericórdia, a Justiça,
Transmuda a Lei, em Humanidade,
Conclama ao Perdão, o espírito de Liça
E libertando o homem pela fraternidade,
Revela Deus... na Paternidade!

              Sobre um monte,
              O mergulho dentro de si
              E o olhar para o céu,
              Como se já tivesse o porvir,
              Rompido o seu véu:

Como areia que o vento do deserto levanta,
É volúvel a alma das multidões;
Num momento, O escuta e louvores canta,
Noutro, se deixa enredar pelas superstições.

Mas sob uma aparência misteriosa,
A verdade é simples e singular,
Não a compreende a alma preconceituosa,
Pois só o coração ... sói alcançar.



                                               79
Sobre um monte,
                                       O altar do sacrifício;
                                       No chão, o vício,
                                       Disputava seu manto.

                É a covardia gerando um crime
                Hediondo, já que leva ao calvário
                Um Ser sublime que redime
                O homem, seu algoz e sicário.

                Enquanto no firmamento
                Entrechocam-se a treva e a luz,
                Um terrível grito se faz ouvir – é o Rabi:
                – Eli ! Eli ! Lama Sabachtani! (1)

                Inclinando a cabeça, ainda exclama, Jesus:
                Consumatum est ! (2)
                O corpo esvai-se na cruz ...
                E o espírito vivificado, em êxtase profundo
                Faz-se, desde então, eterna “Luz do Mundo”.




_________________
(1)
    Mateus, cap.27, V.26 (Meu Deus ! Meu Deus ! por que me abandonaste ?)
(2)
    João, cap.19, V.30 ( Está consumado ! )


80
Ecos do livro Estação do
Amor
        “Parabenizamo-la pela excelente Obra, rica de lições delicadas e
profundas, que enobrecem o leitor, convidando-o a reflexões libertadoras
nestes dias tumultuosos.”
                                                         Divaldo Franco


        “Poesias belas na forma e na essência, numa apresentação de
colorido rico e primoroso artisticamente emoldurado e salpicado, que me
enlevaram e elevaram ao mundo dos sonhos belamente sonhados e
coloridos.”
                                                         Lourdes Burgos


         “Estação do Amor é um livro expressivo; é um cântico de amor e
harmonia com mensagens da poetisa Eliza, que se manifestam através da
sua sensibilidade, inspirada na sua própria vivência e principalmente fé em
Deus.
        Os seus desenhos, com traços firmes, conferem nitidez às formas e
imagens representativas de pessoas e lugares bucólicos e paradisíacos em a
natureza.
        O seu estilo é natural, vivo e simples. Emerson disse: “É prova de
alta cultura dizer as coisas mais profundas de modo mais simples.”
        Receba prezada Eliza, os meus aplausos.”
                                                       Renato Gazar Miguel


       “Estação do Amor, li e reli.
      Os seus versos, todos eles trazem na sua essência, a filosofia da
humildade, da caridade, do altruísmo, da renúncia , da fé e do amor.
      Os títulos, muito coerentes.
      As ilustrações de cada página, um primor de arte; enfim, realmente,
uma “estação de amor”, na qual podemos e devemos embarcar para uma
viagem de sentimental cultura poética.”
                                                              Laudilio Mello



                                                                          81

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Sinfonia Da Vida

  • 1. Apresentação Busco-me em você, caro leitor, esperando que em mim, você encontre alguma afinidade. Tenho aprendido, ao longo da minha existência, que a nossa vida é um constante somatório: em nós estão contidos o bebê, a criança, o adolescente que fomos e o adulto que somos; que todas as pessoas – boas ou más – que passaram e passam por nós são nossos mestres; que as dores, erros, sofrimentos e mágoas que se alternaram às alegrias e tristezas, êxitos e fracassos, vivenciados em cada etapa da nossa jornada, representam o fole, a bigorna e o martelo ... Utilizados pelo Artífice da Vida, foram forjando a nossa personalidade e o nosso caráter, fazendo-nos despertar para a necessidade de tomarmos consciência de que o nosso eu, castrado por crenças atávicas e limitativas, pode ser trabalhado para que venham à luz as nossas reais possibilidades que jazem adormecidas nos porões da descrença ou da desilusão, aguardando o seu despertamento para alcançar a sua plenitude. Reconhecendo que a linguagem de Deus é a poesia expressa na perfeição do Universo, tenho procurado estar atenta ao mundo à minha volta e descobri que um simples livro pode ser tanto um farol a nortear rumos, quanto uma estrela a nos alertar sobre a necessidade de nos voltarmos para o Divino que existe em nós... ou, quiçá, uma simples abelhinha ou um multicolorido colibri, a sugar o néctar das flores para, em se alimentando, contribuir através da polinização com a perenização da vida ... Acredito, pois, que não importa em que estágio da nossa jornada estejamos, o nosso futuro está sendo escrito agora. Assim, cada momento da nossa vida pode ser um novo ponto de partida, na nossa incansável trajetória em busca do Amor e da Paz! Salvador, 29 de março de 2001 Eliza Teixeira de Andrade 15
  • 2. 16
  • 3. Sinfonia da Vida Açoitado pelo temporal Range o flamboyant Engrinaldado de flores. Ribombam trovões Disseminando perdões E seus ecos repercutem distante ... Os raios, quais punhais flamejantes, Cortam os céus de ponta a ponta, Preludiando emoções Que em cada ser desponta. Subitamente, acalmam-se os ventos E o arco-íris resplandece; É a natureza em festa Que feérica manifesta A Sinfonia da Vida, Que balsamizando tristezas Veste os prados de esmeralda E de brotos viridentes. Choram as flores Explodindo sementes Do seu ventre ... Revoam-lhe em redor Pássaros trilentes E no ar ecoa Da Vida, a sinfonia, Sagração mais alta da harmonia Hino ao Amor, à alegria, 17
  • 5. O anjo que um dia fomos na infância permanece vivo em nossa memória, acompanhando a nossa trajetória do berço até o último suspiro. 19
  • 6. Aspiração Sentir a vida Limpa, renascida, É o que anseio Pois dor eu não pranteio; Pensar e amar De forma transparente E expressar o que minh’alma sente; Querer viver Com fé, com esperança, Voltar a ter Alma de criança. Nascer Crescer Amar E ser feliz, Morrer Nascer Em cada cicatriz. 20
  • 7. 21
  • 8. Ontem e Hoje Ontem, completaste quinze anos E a vida te sorria em flor; Transcendeste os sutis arcanos Que só se revelariam na dor. Eras mais do que flor – eras rosa Eras mais que paixão – eras amor. Imitando os ciclos da natureza, Cresceste na cadência da vida, Passo a passo, bem construída, Pelo teu inexaurível labor. Eras mais do que flor – eras rosa Eras mais que paixão – eras amor. Trilhaste insólitos caminhos, Cuidando em afastar espinhos Pra não ferir a quem deste amor ... Eras mais do que flor – eras rosa Eras mais que paixão – eras amor. Hoje, tanto tempo já passado E alguns botões desabrochados, Na hástea, ainda jaz a flor, Mercê de um coração que muito amou... E, assim, pela vida afora Constataste, cada hora, Que se a primavera flores tem, É d’outono que o fruto provém ! 22
  • 9. 23
  • 10. Sonho Um dia sonhamos que éramos dois estranhos, e despertamos para descobrir que nos amávamos. R. Tagore A h! Quero e espero Que o brando pranto, Que agora aflora Desses olhos teus, Desça no leito Das tuas róseas faces E se evapore Nesses lábios meus; Quero a estrela Que a noite vela, Eu quero a lua, Branca e tão singela, Eu quero a fonte Sob uma firme ponte, Eu quero a calma Da tu’alma bela; Eu quero todas as preces E o encanto, Do suave canto Em afinada voz, Eu quero, ainda, Os sonhos risonhos Que um dia juntos... Sonharemos nós! 24
  • 11. Reflorescer A flor Que você me deu, Murchou. Mas foi a flor Que secou, Que desistiu de viver, Não eu ... Continuo viva Para viver O reflorescer Das alegrias Advindas Do amor Da lida Do perdão Da vida E das flores... Que ainda virão. 25
  • 12. Sementeira de Amor Um sorriso é a rosa que cresce sobre o espinho de um suspiro. Sathya Sai Baba É preciso semear Em cada canto da terra, A semente do amor Para exilar a guerra. Semeie, pois, seu sorriso Para a tristeza afastar E no momento preciso, Sorria pra se alegrar; E para ajudar a quem trabalha, A vencer da vida, a batalha E as dificuldades superar, Semeie sua energia Semeie sua coragem Semeie sua alegria! 26
  • 13. Flagrante A bela donzela De tímido olhar Banha-se despida Sob a luz do luar... E a lua lívida Ao ver tanta beleza Com o manto dos seus raios Empresta-lhe realeza. 27
  • 14. A Lua e o Poeta O h ! branca lua De luz suave que flutua, Tão singela, lá do alto Sobre a serra; És a rainha da noite És o exílio da terra. Quanto canto solitário Quanta queixa em rosário Quanto suspiro e delírio De casais apaixonados Que pensando estar isolados, Quase esqueceram de ti! E hoje, de alma leve e lavada Lá no riacho da dor, Volto aqui à minha janela Esperando o teu retorno Pra dizer-te, ó minha bela! Que ouviste os meus ais Que já se foram E não voltam mais, Que agora livre e feliz Por te olhar E ser esteta, Não choro mais... Virei poeta! 28
  • 15. Essas frases cruéis, que mordem como dentes, Só mostram, Arlequim, que somos diferentes, Mas minh´alma, afinal, é compassiva e boa: Não compreendes Pierrot. E Pierrot te perdoa... Menotti Del Picchia 29
  • 16. Contrastes A vida é o contraste... Entre a noite e o dia, O sol e a lua, A tristeza, a alegria, O rio e a rua, O caos, a harmonia, O velho, a criança, O repouso, a luta, O luto, a dança, A festa e a labuta, A sombra, a luz, A saúde, a doença, A fuga, a cruz, A fé, a descrença, O espelho, o reflexo, O prazer e a dor, Em pé, genuflexo, O ódio, o amor ... A vida apresenta Constante contraste E o que nos alenta É a esperança da Paz! 30
  • 17. O Fio da Vida Teci fios, como mantos teceram As pacientes mulheres de Atenas; Aguardando do retorno da guerra, Os seus maridos: heróis... ou mecenas? Teci fios, como rendas teceram As sofridas mulheres nordestinas; Esperando no labor – quais aranhas, Que a boa sorte lhes mude as sinas. E no vaivém de agulhas de tricot Apaziguei-me e corpos nus, vesti Compreendendo que o fio da vida, Se origina de um novelo divino Que trabalhado por mão invisível, Tece luz... de beleza indescritível! 31
  • 18. Soneto do Tempo Como se pudéssemos matar o tempo sem ferir a eternidade! Henry Thoreau Como brisa que passa ligeira, Também o tempo, ligeiro, se vai E a nossa lembrança fagueira Doutros tempos, com o tempo se esvai; É que a roda do tempo é constante E o relógio do tempo, não pára, Traz para uns, momentos vibrantes E pra outros, lamentos cortantes. Que estás a fazer do teu tempo? Já pensaste em fazê-lo render? Pois se ficas parado no tempo, Muito tempo estás a perder. Usa, pois, o teu tempo, buscando Dar amor, para amor receber. 32
  • 19. 33
  • 20. Migração Bem-vinda, criança, Da vida, o crisol, Fruto do conúbio Da lua com o sol. Bem-vindo, moleque, Belo e serelepe, Que mostra o rosto Limpo, sem desgosto E chora um choro Leve e sem rancor. Bem-vinda, menina, Faceira, traquina, Com ar de mocinha À espera do amor... Não importa se vindas De plagas distantes: Do sul ou do norte, De qualquer nação. Não importa se louras, Se negras, morenas, Saudáveis, doentes, As nossas crianças São todas ... sementes Do amor, da união. 34
  • 21. Cuidado criança Cuidado, criança! Que está a brincar... Com os belos cachos Bailando no ar. Cuidado, criança! Com a bola a jogar... Não perca a inocência E o brilho do olhar. Cuidado, criança! De gesto gentil... Cultive a esperança 35
  • 23. Berceuse U ma estrela distante Brilhou pra avisar Que um anjo, Desceu neste lar... O Sol já raiou Festejando a vida, E os pássaros Cantam felizes: – Boas-vindas! (Ricardo Teixeira Andrade) 37
  • 24. 38
  • 25. (*) O Ser ... Down Logo ao nascer Trouxe uma surpresa Misto de alegria e tristeza. Sua vida aparentemente limitada Por um erro genético De intrínseca natureza, Foi indelevelmente marcada No cromossomo 21. Científica certeza. Mas apesar Da aparência singular E de ter o organismo Um ritmo mais lento, Nada impedirá Que ele se desenvolva E conquiste um espaço Que lhe será reservado Por aqueles que sabendo amar E a vida respeitar, Vencem o fascínio de Narciso (Que só valoriza a aparência). Assim, quem se permitir Ser conquistado, Será, de assalto, cativado Já no seu primeiro sorriso! Abençoado ser! Bem-vindo seja entre nós, Ensinando-nos a amar a essência (Quando o ser excede o parecer) E a ver em Deus, o Pai por excelência! _________________ (*) À Associação Baiana de Síndrome de Down – Ser Down 39
  • 26. O Grilo(*) A verdade é sempre estranha, Mais estranha que a ficção. Lord Byron Aos poucos ele foi chegando E no meu dia-a-dia Foi-se instalando, Sem que eu desse permissão. Quando mudava a estação, Ele se destacava Do coro das cigarras Que nas árvores mais próximas cantava, (E me deixava grilada). Um dia, um “insight” atrasado... Aquele grilo cricrilava Dentro do meu ouvido – que atrevido! Com o tempo a decorrer, Percebi que ele não matava, (Só incomodava), E aprendi com o mesmo, conviver... De um Pinóquio encanecido Sou hoje uma versão transmutante, Já que, como ele, tenho Meu próprio grilo falante, Que está sempre a me dizer: – Calma... silêncio... Pra que eu possa adormecer... Só assim encontro paz... De grilo dormindo! _________________ (*) Dedico esse poema a todas as pessoas que, como eu, têm problema auditivo. 40
  • 27. Imortalidade Sem que eu o soubesse, meu Rei, Tu imprimiste o sinal da eternidade em muitos momentos fugazes. Rabindranath Tagore Estou viva! E a vida que me quer Bem viva, Sempre está a me dizer: –Vem viver! Fecha de vez A torneira do pranto Que dá quebranto E tira o encanto de viver... E, assim, vivendo, Vivo o tempo todo, Vivendo a vida Com muito prazer; Tiro da vida Lembranças vívidas, Ponho na vida Meu jeito de ser. Transcorre o tempo E eu reconheço, Que ele passa Mas eu permaneço: Viva no ar que respirei, Viva na flor que meu olhar tocou, Viva nas lágrimas que derramei, Viva no Amor que me imortalizou. 41
  • 28. 42
  • 29. Poema do Adeus A vida é tua embarcação, não é tua morada ! Lamartine/Teresa de Lisieux Mergulhada nas suas lembranças, Ela fita o porvir – Local do reencontro –; Atrás, fazendo-se distante, O barco da vida Desaparece na linha do horizonte ... Seus olhos refletem Suave nostalgia Que embaça O brilho da alegria, Companheira, outrora, tão constante; No seu corpo ainda tépido, As marcas indeléveis Daquele toque de amor Sutil ... Gentil ... Sedutor ! No seu interior, A firme certeza (Sua maior riqueza), De que aquele barco ancorou Em tranqüilo cais, Lugar de muita paz, – Local do reencontro –. 43
  • 30. 44
  • 31. Certeza Com uma lágrima a correr Na sua face – sem disfarce, Ela parte qual ave itinerante... No cais do desencanto aflorara O ontem esquecido no agora: Um belo sonho anelado outrora, Lembrança, ainda, tão constante... À frente a lhe desafiar, O turbilhão do mar Dos sentimentos malogrados Por um desenlace não desejado. Aos poucos, no porto, A silhueta querida diminuía E todo seu corpo, de emoção, fremia... Num último impulso, generoso, de amor, Seu braço levantou E, nostálgica, tentou Traduzir seu sentimento, No agitar do lenço ao sabor do vento, Tendo como cenário As cores afogueadas do arrebol. No seu coração a imperar, A certeza de um dia encontrar As aves de arribação Para, com elas, voar Até a próxima estação: O país do Sol. 45
  • 32. 46
  • 33. A Arena da Vida Com porte soberbo O jovem mancebo Adentra na arena Roubando a cena; Ostenta, impecáveis, A negra montera (1) E o traje de luces.(2) Seus olhos vagueiam pela platéia Buscando a jovencita (3) Que lhe retribuindo o olhar, Sorrindo, o felicita... O touro é liberado... Três banderilleros (4) Dele se aproximam E, cada qual, Duas banderillas (5) Crava-lhe, na região nucal. Com fúria, o animal Contra o toureiro investe Seus pontiagudos cornos; O guapo moço as regras impõe (E a vida expõe), Com gestos provocantes; A rubra capa no ar agita, Em delírio, a platéia aplaude, grita E o incita com altos brados: - Olé! 47
  • 34. E a mão adestrada Coroa a faena (6) Com um só golpe de espada! O silêncio imperante Amortalha a cena Onde o sangue estuante Sai em borbotões... Num relance, Seus olhos procuram, novamente, A bela donzela E dedica-lhe, gentilmente, O touro abatido No duelo mortal. Cheio de orgulho triunfal, Seu peito expande E dando a vuelta al rueda (7) Sai carregado através da porta grande... _________________ Montera – chapéu (1) Traje de luces – Indumentária de gala (2) Jovencita - senhorita (3) Banderilleros – Toureiros que banderilham touros (4) Banderilla – farpa enfeitada que se crava no cachaço dos touros. (5) Faena – faina, luta. (6) (7) Vuelta al rueda – volta na arena. 48
  • 35. Desafio Ser calmo... Quando o mundo é inquieto Ser lúcido... Quando o mundo é confuso Ser verdade... Quando o mundo é mentira Ser otimista... Quando o mundo é pessimista Ser perdão... Quando o mundo é vingança Ser altruísta... Quando o mundo é desencanto. Perder a ilusão do nada, Saindo das trevas... Ganhar a certeza do Tudo, Indo ao encontro da Luz! 49
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  • 37. Eternidade A Alberto e Júlia (in memoriam) Nunca as neblinas do vale Souberam dizer-se - adeus - Se unidas partem da terra, Perdem-se unidas nos céus. Castro Alves O ano escoara Novembro chegara, No ar, já se ouve, Os sons do Natal! E o jovem casal Sonhando silêncios Busca no mar A dimensão de um ideal... Transgredindo as Leis: Dos homens e a Divina, A violência espreita Com olhos perspicazes E o terreno rapina Com gestos audazes. Perplexos, Os olhos se fitam, Sons... não escutam... Mãos se procuram, Sem rumo... ao léu... E as almas ruflam Buscando o Céu! 51
  • 38. Violência x dor Quantas tramas Ocultamente urdidas, Quantos dramas E abertas feridas Pela invigilância Que reduz A certeza da imortalidade (Que nem sempre seduz), A um punhado De areia jogada Sobre sonhos soterrados Pela avalanche da dor... E o tempo massacrado Pela angustiante espera, Traz lamento e clamor Que a alma dilacera... E o equilíbrio se quebra Pela insegurança E pelo terror! É preciso chorar... Mas é preciso lembrar Que a centelha da vida Retorna ao Criador E, ali, abastecida, Irradiará amor! 52
  • 39. Rejeição Como é possível impedir os homens de se matarem uns aos outros se uma mãe pode matar seu próprio filho? Madre Teresa de Calcutá A terra estava gretada Mas recebeu irrigação Da semente ali plantada Nasceu um fruto temporão. O fruto veio verdoso Parecia sem sabor, Logo, fez-se viçoso, Quando recebeu luz e calor; Mas como não foi desejado, Tirado, caiu ao chão, Feneceu, ali, desprezado, Em lenta dissolução... Sem cova e sem lápide, Sob o signo da rejeição! 53
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  • 41. Ianomâmis A perfeição da pedra não vem com os golpes do martelo, mas com a dança E a canção da água. R. Tagore Densas florestas Pontiagudas setas Compridas lanças Rituais e danças; Renomados nomes Primitivos homens, Hipócrita aliança Dizimando a raça. Por quê? Semente de cizânia Na tribo lançada Colhendo conflitos E vidas ceifadas. Pra que? Densas florestas Pontiagudas setas Compridas lanças Rituais e danças... Cadê? _________________ Fonte: Gazeta Mercantil: “ A insistente polêmica da ciência selvagem ” – Ricardo Calil de N.Y. 14 e 15/10/2000 – pág. 3 55
  • 42. Unidade Somos filhos de um só Pai... Mesmo em nossa ignorância, Manifesta em forma de ânsia De viver sem ter limites ... E, assim, freqüentemente, Nosso ego jaz imaturo Sem passado e sem futuro Por não viver o presente. Desenvolvendo a arrogância, Julga-se senhor de tudo Faz do orgulho seu escudo Para se esquecer de Deus... E querendo muito ter, Inconsciente, elimina, A natureza divina Que permeia o seu ser. E, vivendo assim, separa (Quando deveria unir), Deus de si e das criaturas E vê seu mundo ruir... Do universo, então, se isola E só a dor lhe consola E lhe ensina uma lição: Somente quando conscientes Que temos a mesma origem divina, É que nossa fé sublima E vemos no próximo... um irmão! 56
  • 43. Elegia A graça de Deus é infinita. O homem é quem a limita, Ao tamanho da sua fé. Eliza Teixeira Batendo na rocha O mar bramia, Chorando saudades Se compungia, E as vagas gigantes Que o cobria, Batendo na areia Se desfazia... No corpo, o desejo O consumia, E a fagulha do amor Se extinguia, Qual tarde, onde o sol Se escondia, No negrume da noite Que surgia, No céu, Nos seus olhos, Na alma vazia... Sem fé, Sem ilusão, Sem alegria! 57
  • 44. O Intangível e o Precário Na angustiosa busca de um Deus Que possa ser visualizado, O homem desvia o olhar dos Céus Para o plano materializado. Projeta, então, em frágeis criaturas, Toda a sua esperança De um mundo, onde as venturas Fazem perfeita aliança! E, assim, tendente a ligar O intangível ao precário, Constrói o seu santuário Fadado a pouco durar... E onde o Amor não permeia O fracasso acarreta, o abalo da fé alheia. 58
  • 45. O que é a Vida ? A vida é ... Nascente cíclica De cíclicas andanças; Um porto cíclico, Que sonhando asas, Ancora tardanças; Corrida sem causa ... Para chegar à pausa! Duelo eternal Entre o real E a ilusão, Dueto perfeito S e a fé se alia à razão. 59
  • 46. So...li...dão H á coração que triste, solitário, Sem ter um lume para lhe aquecer, Pensa que é ave, presa na gaiola, Pra libertar-se... deixa de bater! 60
  • 47. Você Precisa Você precisa, Ir mais além Na busca de quem Esqueceu o que é amar. Você precisa, Impedir que a cizânia Da cúmplice crítica Faça dueto Com a pérfida infâmia. Você precisa, Ser bandeira branca Simples, desfraldada, Ruflando as asas Da esperança e da paz. 61
  • 48. O Nascer e o Pôr-do-Sol Em um parque Eu vi uma criança Sorrindo, correndo, Feliz a brincar. Parecia o dia Quando nasce E desperta a natureza, Que se espreguiça, Boceja e se agita, Abrindo-se Num festival De luz e cores... No mesmo parque Eu vi um ancião De andar trôpego, Trazendo na fronte Encanecida, O registro das experiências De uma vida. Lembrei-me do Ocaso Quando o Sol se põe Belo e nostálgico E, apesar de cansado Pelo labor do dia, Vai ressurgir noutra freguesia... 62
  • 49. Ao meu Pai – De onde virá minha atração Pela abóbada celeste? Retroagindo no tempo Posso ver-me, pequenina, No colo do meu pai, sentada, E ele, a lua a apontar Amoroso a me ensinar Uma singela canção: – “Bênção dindinha lua Me dá pão com farinha Pra eu dar à minha gatinha Que está presa na cozinha.” Já mais crescida, Ele me indicava Onde se encontrava AVia Láctea e várias constelações; E apontando para a cruz De estrelas formada Associava-a ao Redentor Que noutra cruz morreu, por amor! Quando doente eu ficava, Toda a noite me velava Com o coração em prece... Dos meus devaneios acordo E dou graças ao Criador Pelo seu paternal amor. 63
  • 50. Lembrando doutro Pedro, O apóstolo pescador, Que segundo uma lenda É da porta do Céu, guardador, Vejo o meu pai na terra Com semelhante missão: A de meu Anjo da Guarda Que até hoje, ainda guarda, A porta do meu coração. Obrigada, meu pai! Conselho Paterno Minha filha! por que está a chorar? Eis que já amanhece E no horizonte aparece O Sol, sempre a brilhar ... Procura com os olhos d’alma (Por certo, há de enxergar!) É o mutirão que chega Pressuroso, pra lhe ajudar. Mas depois da ajuda acolhida, Limpa sua casa, põe flores, Eleva ao Céu seus louvores... E nessa feliz mutuação, Dá uma festa de mil cores No templo do seu coração! 64
  • 51. Consubstanciação O pão que fermenta, A massa aumenta E em dobro alimenta. O mutirão que levanta, Reduz o cansaço E a massa agiganta, Num tempo escasso... Do poeta, a voz ecoa Profética, distante, E em tom sussurrante, O refrão entoa: – “Levedado pelo amor Ou na força do braço Construa o seu traço Com união e labor.” 65
  • 52. 66
  • 53. A Missionária sem Sari Um dia, quase da busca a desistir, Soube da obra de Madre Teresa E encantou-se com a paradoxal riqueza De muito ter sem nada possuir... Desde então, não mais parou Mas o seu coração, sossegou. Quem não conhece Ou ainda não ouviu falar, De uma senhora de nome Eunice Conhecida na Ordem Das “Missionárias de Calcutá”, Simplesmente como: Vovó? Desconheço quem na sua idade Tenha tanta vitalidade Para servir como sua, a alheia causa. Sendo rica, tornou-se pedinte Visitando voluntários Pra que sejam solidários Em ajudar os pobres mais pobres! E, assim, abrindo trincheiras Nas humanas resistências, Juntamente com a Irmandade, Consegue dar assistência Às duas casas existentes: Em Coutos e no Uruguai. 67
  • 54. Para ela não existem ais Que a demova da fé; Pois segundo o seu genro, (Por ela chamado “Seu Pedro”), Ela é também missionária, Só que em grau superlativo, Já que é a “Irmã Maçaranduba” Que nem temporal derruba: “Amorzinho... você é demais!” A Verdadeira Riqueza (*) Meu Deus, aqueles que Possuem tudo menos a Ti riem-se daqueles que Nada possuem além de Ti. R. Tagore Ao nascer, Nada trouxe Senão o corpo; Ao crescer, Fui amealhando O ter Esquecendo-me Do ser; Um dia descobri Que o melhor de mim Estava impregnado de Ti ... Despojei-me, então, Do que amealhei E fiz-me rica Apesar de nada possuir... além de Ti. _________________ (*)Humildemente dedico esses versos à memória de Madre Teresa de Calcutá 68
  • 55. Maternidade Compartilhei da alegria pujante Daquela primavera especial Quando, ao compasso do meu coração, Senti outro coração bater... À minha volta, em tempo integral, A convivência dulcificante De Ricardo e Ivana que com as pérolas Dos seus sorrisos adornavam O meu feliz semblante. E no outono do ano seguinte Nasce em maio, mês das rosas, Lindo bebê cor-de-rosa! E vendo-a, assim, tão bela, Com as outras flores competindo, Não tive a menor dúvida Em chamá-la... Isabela. Enviados pelo Criador, Meus filhos representam Minha maior vitória, Minha coroa de glória Que um dia, com muita alegria, Depositarei aos pés doutra mãe: Maria! 69
  • 56. 70
  • 57. Ave-Maria Na tarde dolente Que aos poucos se esvai, O Sol se esconde E o dia retrai; A noite que veste Um véu róseo, vivaz, Sugere uma prece De amor e de paz: Ave-Maria! Por Deus foste eleita A mãe mais perfeita De toda uma Nação; Ave-Maria! Doce proteção, Entre o céu e a terra És traço-de-união; Ave-Maria! De graça plena Doce e serena Mãe de Jesus; Ave-Maria! Na dor e n’alegria, Enlaçou o Messias Do seu ventre nascido E descido da Cruz! 71
  • 58. Minha Fé Senhor da Vida! Muito tenho Vos buscado E Convosco, sonhado, Desde a minha juventude. E a minha fé emergente Que tão frágil aparentava, Muitas vezes se apresentava Tal qual estrela cadente. E, hoje, desperta, percebo Que a minha fé aumentou, Não é mais estrela cadente, É Sol nascente e poente Sempre estrela E sempre Sol! 72
  • 59. Invitation A Elza S. Teixeira Silveira ( tia Elzinha) La terre se change en une grande voliére Et les hommes ressemblent à des oiseaux, Ils sont habitués à la captivité. Dieu, dans cette volière ouvre une petite porte Et les appelle à la liberté: – “Viens, fils, libère-toi de la vanité, De l’égoisme, des ostentations, Qui sont les grilles qui t’emprisonnent Dans cette volière. Ici de hors, l’air est pur, la rosée est fraîche, Elle refraìchit ton âme. Il y a des branches, où tu peux te reposer, Pour ensuite prendre ton envol jusqu’ à I’infinit; Ton gazouillement rencontrera l’echo Et sera un hymne de louange au Seigneur.” Cette porte, elle est ouverte Pour tous ceux qui veulent se libérer. Nambreux sont ceux qui connaissent Cette porte, mais peux sont ceux qui la franchissent. Cette porte s’appelle: charité, humilité et foi. João Pessoa, maio de 1978. 73
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  • 61. Convite (*) A terra tornou-se um grande viveiro E os homens à semelhança dos pássaros, Habituaram-se ao cativeiro. Deus, nesta gaiola abre uma portinhola E os exorta à liberdade: – “Vem, filho, liberta-te da vaidade, Do egoísmo, das ostentações, Que são as grades que te aprisionam Nesta gaiola. Cá fora, o ar é puro, o orvalho é fresco, Refrigera tua alma. Há galhos, onde podes repousar, Para em seguida alçar vôo até o infinito; Teu gorjeio encontrará eco E será um hino de louvor ao Senhor”. Esta porta está aberta Para todos aqueles que querem se libertar. Muitos são os que a conhecem, Mas poucos são os que a transpõem. Esta porta se chama: caridade, humildade e fé. _________________ (*) Tradução do poema “Invitation” 75
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  • 63. Luz e Reflexo Acercando-se do mestre, Indaga o discípulo: – Dizei-me, ó mestre, A diferença que existe Entre a lua e o sol. Reflexivo o mestre responde: – É a mesma existente Entre ser transcendente E ser imanente. E exemplificando, Singela poesia recita: – “A lua em sua tibieza Tem como labor, Espargir sobre a terra Sua claridade argêntea De transcendente beleza, Reflexo do Sol! Centro do planetário Sistema, o Sol, ao contrário, Doando-se no labor, Envia a todos, os seus raios De imanente resplendor... ” E fitando o discípulo com amor, Com voz doce e pausada, falou: “A lua, amado, És tu... reflexo de mim... Eu sou o Sol ... A luz está em mim contida Independente de ação exterior”. 77
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  • 65. Os Três Montes Sobre um monte, Soberbo pedestal, Sua voz ecoa ...distante Soberana, triunfal! Ensina graves e profundas lições, Captando nas almas As mais íntimas angústias E as mais secretas aspirações. Vivifica pela Misericórdia, a Justiça, Transmuda a Lei, em Humanidade, Conclama ao Perdão, o espírito de Liça E libertando o homem pela fraternidade, Revela Deus... na Paternidade! Sobre um monte, O mergulho dentro de si E o olhar para o céu, Como se já tivesse o porvir, Rompido o seu véu: Como areia que o vento do deserto levanta, É volúvel a alma das multidões; Num momento, O escuta e louvores canta, Noutro, se deixa enredar pelas superstições. Mas sob uma aparência misteriosa, A verdade é simples e singular, Não a compreende a alma preconceituosa, Pois só o coração ... sói alcançar. 79
  • 66. Sobre um monte, O altar do sacrifício; No chão, o vício, Disputava seu manto. É a covardia gerando um crime Hediondo, já que leva ao calvário Um Ser sublime que redime O homem, seu algoz e sicário. Enquanto no firmamento Entrechocam-se a treva e a luz, Um terrível grito se faz ouvir – é o Rabi: – Eli ! Eli ! Lama Sabachtani! (1) Inclinando a cabeça, ainda exclama, Jesus: Consumatum est ! (2) O corpo esvai-se na cruz ... E o espírito vivificado, em êxtase profundo Faz-se, desde então, eterna “Luz do Mundo”. _________________ (1) Mateus, cap.27, V.26 (Meu Deus ! Meu Deus ! por que me abandonaste ?) (2) João, cap.19, V.30 ( Está consumado ! ) 80
  • 67. Ecos do livro Estação do Amor “Parabenizamo-la pela excelente Obra, rica de lições delicadas e profundas, que enobrecem o leitor, convidando-o a reflexões libertadoras nestes dias tumultuosos.” Divaldo Franco “Poesias belas na forma e na essência, numa apresentação de colorido rico e primoroso artisticamente emoldurado e salpicado, que me enlevaram e elevaram ao mundo dos sonhos belamente sonhados e coloridos.” Lourdes Burgos “Estação do Amor é um livro expressivo; é um cântico de amor e harmonia com mensagens da poetisa Eliza, que se manifestam através da sua sensibilidade, inspirada na sua própria vivência e principalmente fé em Deus. Os seus desenhos, com traços firmes, conferem nitidez às formas e imagens representativas de pessoas e lugares bucólicos e paradisíacos em a natureza. O seu estilo é natural, vivo e simples. Emerson disse: “É prova de alta cultura dizer as coisas mais profundas de modo mais simples.” Receba prezada Eliza, os meus aplausos.” Renato Gazar Miguel “Estação do Amor, li e reli. Os seus versos, todos eles trazem na sua essência, a filosofia da humildade, da caridade, do altruísmo, da renúncia , da fé e do amor. Os títulos, muito coerentes. As ilustrações de cada página, um primor de arte; enfim, realmente, uma “estação de amor”, na qual podemos e devemos embarcar para uma viagem de sentimental cultura poética.” Laudilio Mello 81