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J o i n v i l l e                   ­                  Segunda ­f e i r a ,   2 5   d e   j u l h o   d e   2 0 0 5                 ­                    S a n t a   C a t a r i n a   ­  B r a s i l  



                                                                                                                                                                                                                                                    
                                                                                                                                                                                                                                                

            ANotícia                                             O bom filho à casa torna                                                                                                                                   Leia também

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             AN Festival
                                                 Velho "papão" de prêmios no festival, Grupo Raça 
                                                            abrilhanta a Noite de Gala.                                                                                                                              Portal é lançado
    Veja tudo sobre os 
    últimos festivais.
                                                                                                                                                                                           O portal www.unidanca.com.br foi lançado nesta 
    2004  ­ 22 º Festival de Dança
                                                                                                                                                                                           edição do Festival de Dança de Joinville e consiste 
    2003  ­ 21 º Festival de Dança                                                                                                                                                         em uma universidade livre da dança (Unidança), 
                                                                                                                                                                                           criada para que o conhecimento seja tão amplo 
                                                                                                                                                                                           quanto a dança e que chegue onde precisar. A 
    2002  ­ 20 º Festival de Dança
                                                                                                                                                                                           Unidança é também para quem precisa de base 
                                                                                                                                                                                           teórica. E mais: a universidade atua com 
    2001  ­ 19 º Festival de Dança                                                                                                                                                         metodologia, carga horária e conteúdos que podem 
                                                                                                                                                                                           ser disponibilizados por meio de cursos a distância, 
    2000  ­ 18 º Festival de Dança                                                                                                                                                         presenciais e mistos.
                                                                               Foto Divulgação/Amir Sfair Filho
    1999  ­ 17 º Festival de Dança


    1998  ­ 16 º Festival de Dança

                                                                           Santa Catarina faz bonito

                                          Noite competitiva de sábado consagrou dois grupos do 
                                            Estado, que levaram prêmios no balé e nas danças 
                                                                populares

                                                                                                 Diego Santos

                                               os três grupos catarinenses que se apresentaram na noite de sábado 
                                         D     da mostra competitiva, no Centreventos Cau Hansen, dois foram os 
                                               melhores em suas categorias. O Juvenil da Escola Municipal de 
                                                                                                                                                                                           Roseli Rodrigues, coreógrafa do Grupo Raça e Cia., 
                                                                                                                                                                                                   que se apresenta nesta noite Foto 
                                       Ballet, da Casa da Cultura de Joinville, abriu as apresentações e, no final,                                                                                    Divulgação/André Kopsch
                                       conquistou a maior pontuação no balé clássico, conjunto júnior, ficando 
                                       com o segundo lugar (nenhum dos concorrentes atingiu pontuação para 
                                       ficar com a primeira colocação).                                                                                                                    "E por Falar em Dança" 
                                       Nas danças populares, quem levou o troféu de campeão do conjunto                                                                                    Hoje, às 10 horas, inicia­se no Teatro Juarez 
                                       avançado foi o jaraguaense Grupo de Danças Húngaras Dunántúl. O terceiro                                                                            Machado e no Centro de Convenções Alfredo Salfer 
                                       grupo catarinense que se apresentou foi a Associação Folclórica Angelina                                                                            a programação didática do FDJ "E por Falar em 
                                       Blahobrazoff, também nas danças populares (conjunto avançado), mas não                                                                              Dança", que neste festival traz novidades, como a 
                                       figurou entre os primeiros colocados.                                                                                                               Mostra Comentada de Videodança, o Espaço 
                                       Sempre com seu público fiel, o balé clássico praticamente lotou as                                                                                  Acadêmico, e talk show com Ana Botafogo, Cecília 
                                       arquibancadas do Centreventos Cau Hansen. Vinte grupos se encarregaram                                                                              Kerche e Ricardo Scheir.
                                       de abrilhantar a noite com movimentos que arrancavam insistentes 
                                       aplausos da platéia. Estavam na disputa o conjunto júnior, solo feminino 
                                       júnior, trio sênior, trio avançado e conjunto sênior.
                                       Em uma das apresentações mais esperadas na chuvosa noite de sábado, 
                                       os paulistas do Ballet Assaf e Franzoi conquistaram o primeiro lugar no 
                                       conjunto sênior. Os jurados optaram por não dar a ninguém o segundo lugar 
                                       na categoria, e deram o terceiro lugar ao Grupo Juvenil da Escola de Dança 
                                       Maria Olenewa, do Rio de Janeiro. A principal atração da noite era mesmo o
                                       balé clássico, no entanto, muitos aguardavam ansiosos a segunda parte 
                                       das apresentações da noite. Foi quando entraram em cena as danças 
                                       populares, no conjunto avançado, e mais sete apresentações. Melhor para                                                                                   O diretor de produção do FDJ, Victor Aronis, 
                                       os catarinenses do Grupo de Danças Húngaras Dunántúl, campeões da                                                                                         sorrindo à toa Foto Divulgação/André Kopsch
                                       noite. 
                                       Em função da Noite de Gala, que traz como atração o Grupo Raça, de São 
                                       Paulo, a mostra competitiva dá uma folga hoje e retoma as apresentações                                                                             Bolshoi em Petrópolis 
                                       na terça­feira. É quando retornam ao palco do Cau Hansen os trabalhos em                                                                            A Escola do Teatro Bolshoi no Brasil no último final 
                                       balé clássico (duo júnior, trio júnior, solo masculino sênior, solo feminino                                                                        de semana realizou duas apresentações em 
                                       avançado, conjunto avançado, duo avançado) e danças populares (conjunto                                                                             Petrópolis, RJ, no 5º Festival de Inverno, e lotou o 
                                       sênior e conjunto júnior).                                                                                                                          Teatro Paulo Gracindo. Na tarde de sábado, o 
                                                                                                                                                                                           ensaio foi aberto ao público: idosos, crianças da 
                                                                                                                                                                                           rede pública e portadores de necessidades 
                                                                                                                                                                                           especiais acompanharam o desenrolar das 
                                                                                                                                                                                           atividades.
atividades.




                                                                                 Uma careta da atriz e bailarina Sabrina Lermen 
                                                                                               Foto Pena Filho

Grupo apresenta hoje releituras de dois balés já apresentados em Joinville     Daniele Suzuki 
                             Foto Pena Filho                                   A atriz do seriado "Malhação", da Rede Globo, e 
                                                                               apresentadora do programa "Mandou Bem", do 
                    A volta triunfal do Raça                                   Multishow, Daniele Suzuki, esteve sábado no 
                                                                               Festival de Dança de Joinville para gravar uma 
                                                                               matéria para seu programa de abrangência nacional 
    Companhia paulista é a atração da Noite de Gala do 
                                                                               em canal a cabo. A atração será transmitida dia 4 
      festival em que cansou de competir e ganhar                              de agosto, às 9h30 e 18h30, no canal 42 da Net.

                               Diogo Vargas

Quem não lembra da euforia gerada pelo Raça nas noites do Festival de 
Dança ainda no Ginásio Ivan Rodrigues? Para se ter uma idéia, cada 
apresentação fazia o público vibrar, assim como nos espetáculos atuais da 
dança de rua. A companhia de dança paulista alcança hoje, a partir das 20 
horas, o seu momento máximo: apresentar­se na Noite de Gala no palco do 
Centreventos Cau Hansen. "Filho" do festival joinvilense (como a própria 
diretora e coreógrafa Roseli Rodrigues considera), o Raça participa desde a 
terceira edição e obteve seguidas premiações no jazz. Neste ano, no 
entanto, será a primeira vez que irá figurar como atração numa noite 
especial.
A companhia foi convidada pelo reconhecimento ao trabalho apresentado          Paulo Ivo Koentopp, no jantar de comemoração de 
nos Estados brasileiros e em países como Argentina, Itália e Portugal. O       abertura do festival Foto Divulgação/André Kopsch
público poderá conferir dois trabalhos: "Novos Ventos" (30 minutos) e 
Caminho da Seda" (45 minutos), releituras de dois balés já apresentados 
em Joinville.                                                                  Lançamento  
O primeiro, com direção cênica de Luis Arrieta e músicas de Erik Satie,        Ana Botafogo lançou no Festival de Dança de 
levará ao palco (forrado por folhas secas) bailarinos que se dividem em        Joinville uma linha de produtos com acessórios e 
conjuntos, solos, duos e trios. A representação busca mostrar o outono em      roupas, como camisetas bordadas e pintadas 
si ­ sua transformação, nostalgia, romantismo e poesia. O segundo              manualmente. A bailarina estará hoje, no período da 
trabalho, inspirado na Rota da Seda (Oriente e Ocidente), traz 600 metros      tarde e à noite, no estande da Caliman, na Feira da 
de tecido com fibra de seda. Com a iluminação e a dança dos bailarinos, o      Sapatilha, atendendo ao público e dando 
elemento cênico possibilita efeitos surpreendentes no palco.                   autógrafos.
O Raça de hoje mantém, por exemplo, acrobacias de risco, mas a 
linguagem atual é da técnica contemporânea. "Somos rotulados pelo jazz,               Carlos Büst ­  carlosbust@joinville.com  
afinal, tenho toda a minha base na educação física. No entanto, esse pique 
e o tema foram ficando insustentáveis. Por isso, eu creio que essa 
mudança significa um marco na companhia", explicou Roseli ontem pela 
manhã, durante conversa com a imprensa.
Embora esteja num nível elevado, o Raça não tem patrocínio e os bailarinos 
associam atividades extras atuando como professores e coreógrafos. A 
companhia também faz apresentações em empresas e aberturas de 
convenções. "O Raça tem qualidade e técnica artística. Eu assisti o 
'Caminho da Seda' e achei bastante impactante", analisou o crítico Roberto 
Pereira, do conselho artístico do Festival de Dança. "Subimos degrau por 
degrau, ou seja, do amador ao profissional. Eu devo ao festival uma boa                                                    
apresentação", disse Roseli Rodrigues. Ainda há ingressos para todos os 
setores do Centreventos. A arquibancada custa R$ 10,00.



                                                                                                                      
    Americana Tiffany Caldas com o pai Diego 
 Caldas: "O festival é maravilhoso. As pessoas 
demonstram uma paixão pela dança muito forte, 
 são abertas e simpáticas. Extraordinário" Foto 
                                 Cleber Gomes


           Outro idioma, 
         uma mesma paixão

     Apesar das dificuldades de 
     comunicação, estrangeiros 
   comemoram a oportunidade de 
        competir e aprender

                               Marcia Costa

Longe de casa e com dificuldades de comunicação, mas muito felizes. É 
assim que estão se sentindo as bailarinas Tiffany Caldas, americana, e 
Naike Oneglia, argentina. As duas estão no festival e em Joinville pela 
primeira vez e não escondem o encanto com o evento e com a simpatia das
pessoas que encontraram por aqui. Tiffany veio de Gaithersburg (EUA), que 
fica a cerca de 40 minutos de Washington, especialmente para participar do
curso clássico intermediário, com o professor Leonardo Ramos, e do de 
jazz avançado, com Sueli Guerra. A bailarina americana, com 13 anos, 
dança desde os três e resolveu participar do festival incentivada pelo pai 
colombiano, Diego Caldas, e depois de assistir a uma apresentação do 
grupo brasileiro Corpo, em Washington. "Ela ficou impressionada com o 
grupo e, então, pesquisamos para conhecer o festival. O objetivo, além de 
conferir o evento e da Tiffany fazer o curso, foi a integração com as 
pessoas", conta o pai. "O festival é maravilhoso. As pessoas demonstram 
uma paixão pela dança muito forte e são abertas e simpáticas. 
Extraordinário", ressalta ela. "Definitivamente, pretendo voltar".
A bailarina argentina Naike Oneglia, de Santa Fé, veio ao festival para 
concorrer na mostra competitiva de balé clássico de repertório ­ variação 
feminina júnior, e também para participar do curso clássico avançado, com 
a professora Miriam Guimarães. Ela chegou acompanhada dos pais, Miguel 
Oneglia e Norma Silvia, e também não esconde o encantamento com o 
evento. 
"O festival já é conhecido e é uma oportunidade de me apresentar. O curso 
também é interessante e estou aprendendo muitas coisas", afirma. Os três 
vão ficar até o final do evento, assistindo às apresentações e conhecendo 
mais Joinville. "A cidade é muito linda e aconchegante. Já garantimos 
ingressos para várias noites", destaca o pai. Naike, que tem 14 anos e 
dança desde os nove, já participou de vários festivais e quando tinha 11 
anos ganhou um ano de estudos na França.




  "É muito difícil ser jurado. A gente precisa separar a 
emoção da razão. Balé é um todo, não é só físico, não é só 
            musicalidade, não é só técnica."

   "Essas crianças que estão imbuídas em passar o dia 
 praticando esporte, balé, pintura, música, computação e, 
 principalmente, o balé, se futuramente não vierem a ser 
profissionais da dança, vão ser público, cidadãos que vão 
  ter esclarecimento para poder também dizer gosto, não 
      gosto, conheço, sei o que é bom e o que é ruim."

 "O meu conselho para os jovens é que, primeiro, fiquem 
longe das drogas, respeitem e amem seus pais, respeitem 
    a si próprios, saibam escolher seus professores e, 
 principalmente, tenham muita dedicação. E não desistam 
  no primeiro obstáculo, porque não é só o primeiro, são 
      vários no caminho de um estudante ou de um 
                        profissional."

                   Um referencial chamado
                              Cecília Kerche

   Recém­chegada da Rússia, onde dançou "Lago dos 
    Cisnes", bailarina brasileira é jurada do festival de 
    Joinville e participa hoje do programa Talk Show

                              Marcia Costa

Cecília Kerche, uma das principais profissionais 
no ramo da dança mundial, tem uma relação 
consolidada com o Festival de Dança de 
Joinville. Ela encantou o público desde a primeira 
vez que se apresentou no evento, em 1989. Vem 
servindo de espelho para as revelações que têm 
saído do festival e é musa de todas as bailarinas 
que sonham em ser estrelas internacionais do 
balé. 
Esse ano, Cecília participa novamente da 
programação. Desta vez, como jurada e 
entrevistada no Talk Show que integra a 
programação didática. Na entrevista abaixo, ela 
fala sobre a sua relação com o festival, a 
satisfação pela admiração recebida das novas gerações e sobre o futuro da 
dança no Brasil. Também repassa conselhos e recomendações para os 
bailarinos em começo de carreira.

AN Festival ­ Você é um ícone do Festival de Dança de Joinville. 
Como avalia o fato de ser tão marcante na história do festival?
Cecília Kerche ­ Acho que geração após geração se remete e se espelha 
na minha figura como bailarina porque o meu biotipo já vem desde os anos 
80 sendo a meta do balé clássico. E também porque o carinho que eles 
têm pela dança chega a ser um reflexo do esforço, da constância, da 
persistência do trabalho. Isso eu sempre passei a todas as gerações. A 
persistência é uma das coisas mais importantes na vida.

AN Festival ­ Que detalhes importantes, bons momentos, 
curiosidades que tenham marcado a evolução do festival você 
lembra?
Cecília ­ Em 1992, quando eu trouxe o primeiro convidado internacional 
para me acompanhar, o Maximiliano Guerra. Dali, se traçou um novo 
parâmetro principalmente para os rapazes. De lá pra cá, eu vejo que 
meninos começaram a fazer aula de balé. Muito antes da Escola Bolshoi 
se estabelecer aqui, se incentivou a meninos começarem mais cedo, entre 
11 e 12 anos, porque é uma arte difícil, uma escola de no mínimo oito anos. 
E depois, quando já está maduro, experiente, profissional, tem que seguir 
estudando. Acho que esse foi um marco.

AN Festival ­ Ajudou também a diminuir o preconceito em relação a 
meninos no balé?
Cecília ­ Nós já conseguimos superar uma grande parte desse caminho. 
Porque o preconceito é um caminho, e as pessoas precisam conhecer para 
saber do que se trata e dizer eu gosto ou não gosto.

AN Festival ­ Como você vê os projetos que aliam a dança à 
cidadania? Essa aproximação da dança com a comunidade traz 
resultados eficientes para o futuro profissional da arte?
Cecília ­ Isso é importantíssimo. Essas crianças que estão imbuídas em 
passar o dia praticando esporte, balé, pintura, música, computação e, 
principalmente, o balé, se futuramente não vierem a ser profissionais da 
dança, vão ser público, cidadãos que vão ter esclarecimento para poder 
também dizer gosto, não gosto, conheço, sei o que é bom e o que é ruim.

AN Festival ­ Quais os conselhos para quem está começando na 
carreira?
Cecília ­ O fundamental é ter uma boa escola. A gente precisa batalhar 
pelo método brasileiro. Estudar porque o bailarino brasileiro faz tanto 
sucesso aqui dentro e fora do país. No meu caso, acabei de voltar da 
Rússia, dancei "Lago dos Cisnes", na Rússia, que é a casa do balé, e até 
hoje recebo e­mail das pessoas que me assistiram, enaltecendo a minha 
apresentação. Creio que o bailarino brasileiro tem alguma coisa de muito 
especial. O meu conselho para os jovens é que, primeiro, fiquem longe das 
drogas, respeitem e amem seus pais, respeitem a si próprios, saibam 
escolher seus professores e, principalmente, tenham muita dedicação. E 
não desistam no primeiro obstáculo, porque não é só o primeiro, são vários 
no caminho de um estudante ou de um profissional.

AN Festival ­ O que envolve, uma vida de bailarino, fora a dedicação 
integral aos treinamentos? O aprimoramento intelectual e a vida 
afetiva influenciam?
Cecília ­ O equilíbrio afetivo é uma coisa que a gente traz para o palco. E o 
conhecimento intelectual é fundamental, porque antes de ser bailarino, é 
cidadão. Ele tem de saber o que se passa no seu país para poder 
reivindicar. Ser cidadão acima de tudo.

AN Festival ­ Na sua opinião, o que significa a Escola Teatro Bolshoi 
na vida do País? 
Cecília ­ Uma escola nos moldes do Bolshoi é fundamental, principalmente 
num país como o nosso. Por isso, a importância de se fazer uma escola 
brasileira de balé nesses moldes que já deram certo. É uma forma de 
realmente escolher a excelência entre os melhores.

AN Festival ­ O nível dos grupos da mostra competitiva está cada vez 
mais alto. Como você analisa o trabalho dos jurados?
Cecília ­ É muito difícil ser jurado. A gente precisa separar a emoção da 
razão. Balé é um todo, não é só físico, não é só musicalidade, não é só 
técnica. Tudo faz sentido no balé, tudo passa pela sensibilidade, pelo 
treinamento, pela técnica e pela dedicação. É um turbilhão na cabeça dos 
jurados para analisar tudo numa única avaliação. Um jurado tem que ser 
uma pessoa que tenha muita experiência, não adianta só amar a dança ou 
achar bonito.

AN Festival ­ Qual sua opinião sobre o evento "E por falar em 
Dança", que envolve o Talk Show que terá sua participação?
Cecília ­ Tudo o que se possa fazer para debater ou incluir a dança no 
cotidiano das discussões sobre como melhorar, como aumentar o campo 
de trabalho, é válido. Principalmente para que a gente não veja nossos 
jovens saindo daqui para abrilhantar palcos internacionais. Para manter 
esses jovens aqui dentro e perto de suas famílias. Para que se aventurar 
seja uma opção para eles e não uma necessidade por falta de campo de 
trabalho. Se surgir desse programa alguma luz que abra alguma 
possibilidade da dança como profissão, como indústria de entretenimento, é
válido.

AN Festival ­ Falando em família, o que ela representa no 
desenvolvimento dos bailarinos?
Cecília ­ A família é um suporte, não importa a condição social. Nós 
vivemos um momento atribulado no mundo, um desamor muito grande, um 
desapego à vida. E a família é fundamental para a criança poder crescer, se 
fortalecer e se tornar um adulto saudável.




          Encontro marcado com a experiência

      Ana Botafogo, Cecília Kerche e Ricardo Scheir 
participam, hoje, de programa de entrevista ao vivo no "E 
                   por Falar em Dança"

                                Marcia Costa

Ana Botafogo, Cecília Kerche e Ricardo Scheir. Só os nomes já dispensam 
apresentação. Mas vamos lá: Ana e Cecília foram primeiras bailarinas do 
Theatro Municipal do Rio de Janeiro e figuram como as mais requisitadas 
bailarinas brasileiras no exterior. Scheir foi o coreógrafo­revelação de 2004 e 
ganhou como prêmio do Festival de Dança de Joinville uma viagem a Bienal 
de Lyon. 
Não resta dúvida de que apenas essas informações já serviriam para atrair o
público para um evento envolvendo essas três personalidades. Mas, além 
disso, que tal saber que será possível ouvir, conhecer e ficar por dentro de 
detalhes da experiência vivida por eles, em um programa de entrevistas ao 
vivo, dinâmico e ao estilo do programa apresentado por Jô Soares?
Pois é, isso vai acontecer hoje, no Teatro Juarez Machado, anexo ao 
Centreventos Cau Hansen, com a realização do Talk Show. O ambiente 
será como num programa de TV, com toda a estrutura técnica e platéia. O 
jornalista Osny Martins, de Joinville, vai entrevistar os convidados especiais. 
O resultado já pode ser imaginado: debates sobre dança, dicas, 
curiosidades, conselhos, recomendações para quem está começando na 
carreira, detalhes sobre as experiências nacionais e internacionais e 
possibilidade de conhecer um pouco mais os profissionais.
O evento faz parte da programação do "E por Falar em Dança". A estrutura 
diferenciada visa a não deixar o debate cansativo. O Talk Show vai começar 
com a entrevista de Ricardo Scheir, às 15h30. Em seguida, a partir das 16 
horas, sentam no lugar dos entrevistados Cecília Kerche e Ana Botafogo. 
O "E por falar em Dança" também vai reunir mesa­redonda, painel, palestra, 
espaço acadêmico e mostra comentada de videodança. Todos os eventos 
serão promovidos hoje. Para que todos aproveitem a programação, não vão 
ser realizados cursos e oficinas. O espaço foi aberto para oferecer mais 
uma programação didática e cultural durante o festival. "Os bailarinos 
poderão participar dos debates, refletir sobre os estudos e trocar idéias com
outros participantes e profissionais", destaca o diretor­executivo do 
instituto, Ely Diniz.
Então, o dia de hoje tem programação com hora e local marcados para o 
encontro de bailarinos, professores, visitantes e todas as pessoas 
interessadas. Seja no Talk Show, na mesa­redonda, no painel, na palestra 
ou na mostra comentada, é só comparecer e conferir tudo sobre essa arte 
chamada dança.




                          Concorrência 
                       argentina nos palcos
A concorrência entre Brasil e Argentina, acirrada principalmente nos 
campos de futebol, invadiu o palco do Centreventos Cau Hansen. O país foi 
o único do exterior que inscreveu representantes para lutar com os 
brasileiros por um lugar na Noite dos Campeões.
Os quatro grupos inscritos foram selecionados e estão garantindo o embalo 
internacional do evento. Os hermanos, vindos do local onde a tradição é o 
tango, estão na briga pela melhor performance no balé clássico, cinco 
coreografias. 
Entre os selecionados argentinos está a bailarina Naike Oneglia, de Santa 
Fé, que entrou na disputa na modalidade de balé clássico de repertório ­ 
variação feminina júnior. Ela se apresentou na primeira noite competitiva e 
ficou em terceiro lugar. Apesar de não ter sido a campeã, comemorou o fato
de ter passado pela seleção e a oportunidade de ter participado do festival. 
A concorrência, segundo ela, é difícil. "O nível dos grupos é muito bom", 
observa.
Além de Naike, a Argentina também está representada no evento pelo 
Instituto de Danza Katty Gallo Candal, de Buenos Aires, que participa no 
Festival Meia Ponta, na modalidade de balé clássico ­ solo feminino infantil, 
e no balé clássico de repertório ­ variação feminina infantil. O grupo também 
participa na mostra competitiva, nas modalidades balé clássico de 
repertório ­ variação feminina júnior e no balé clássico conjunto júnior. "Vou 
me inscrever nos próximos anos, pois pretendo continuar participando da 
competição", avisa.

                       participação estrangeira

O grupo Estudio de Danza Clasica e Contemporanea Bajo Jardin, de São 
Miguel de Tucumán, que está na disputa no balé clássico de repertório ­ 
variação feminina, do Festival Meia Ponta, e a MDK Dance, de Mar del 
Plata, que participa no balé clássico duo avançado, também integram a 
lista dos argentinos no evento. 
A participação estrangeira é mínima perto da brasileira, mas os grupos, de 
acordo com a conselheira artística do festival, Ady Addor, têm qualidade e 
bom nível. Segundo ela, a presença dos bailarinos argentinos demonstra 
que o país continua investindo na arte, apesar de estar se recuperando de 
uma grave crise econômica. Crise essa que esteve no auge até 2002 e 
causou o fechamento de fábricas, desemprego, desvalorização do peso e 
empobrecimento da população. "Eles têm na bailarina cubana Alicia Alonso 
seu maior impulso. A brasileira Cecília Kerche também é muito querida por 
lá", destaca. (MC)




     Ballet Assaf e Franzoi (SP) mostrou segurança e precisão com a 
                  coreografia "Rêve Vert" Foto Pena Filho

                       Opinião de especialista

                              Sandra Meyer

                   Fonte criativa inesgotável

 Trabalhos de balé clássico equacionaram bem a relação 
           entre a técnica e estética proposta

A noite competitiva do dia 23 foi reservada para os trabalhos do balé 
clássico conjunto, solos femininos e trios dos estágios júnior, sênior e 
avançado e revelou bons trabalhos. As coreografias apresentaram um bom 
nível, com propostas que comprovam que o balé ainda é fonte criativa 
inesgotável. As composições coreográficas apresentadas, em sua maioria, 
equacionavam bem a relação entre a técnica e a estética proposta, não 
apresentando muitas das fragilidades e equívocos da noite reservada às 
produções de dança contemporânea. 
Pode­se dizer que alguns trabalhos de balé estavam, de certa forma, mais 
conectados com a contemporaneidade, no sentido de buscarem alternativas
a partir dos elementos próprios do vocabulário da técnica clássica, do que 
muitas das propostas apresentadas na noite competitiva de dança 
contemporânea do dia 22, estas sem referências técnicas pertinentes. 
A noite abriu com a apresentação do grupo Juvenil da Escola Municipal de 
Ballet, de Joinville, com "Escravas de Bergerah", de Marcos Sage, que 
surpreendeu pelo elenco coeso e bem ensaiado, com destaque para o 
jovem Rodrigo Hermes Meyer. As composições para os solos femininos 
júnior buscaram uma movimentação interessante a partir de figuras 
femininas de forte atitude, como a "Amazona", criação de Ricardo Scheir 
para o Nesc Ballet, de Guarulhos (SP). e "Guerreira", de Luciana Zanandréa 
e Marcelo Moraes para a Escola Dançar, de Vila Velha (ES), dançadas 
competentemente por Luiza de Oliveira e Poliana Vasconcelos. 
Um dos destaques da noite foi, sem dúvida, o trio do juvenil do Pavilhão D, 
com a ótima composição "Trois para Müller", um dos seis trabalhos que o 
coreógrafo Ricardo Scheir apresentou na noite, e o mais acertado. O trio 
por ele composto conjuga bom gosto musical e um desenho coreográfico 
primoroso, com enfoque na dinâmica dos braços, e foi lindamente dançado 
pelos jovens Flávio da Conceição, Lucas Andrade e Manuela Gomes. "Meu 
medo", coreografado para o Grupo de Dança da Fundação das Artes, de 
São Caetano do Sul (SP), continha uma atmosfera mais densa, e também 
confirmou a qualidade de Scheir como criador. 
O Ballet Assaf e Franzoi, de São Paulo, revelou um ótimo elenco com a 
coreografia "Rêve Vert", de Adriana Assaf e Silvana Franzoi. Uma 
composição coreográfica extremamente variada e com um considerável 
grau de dificuldade técnica e que foi dançada pelo jovem grupo com 
segurança e precisão. Outra escola que revelou um elenco competente, 
desta vez no trio avançado, foi o Ballet Isabel Gusman, com destaque para 
Rafael Panta, além da qualidade da composição coreográfica, com 
dinâmicas de movimentos e desenho espacial muito bem construído. O 
grupo juvenil da Escola de Dança Maria Olenewa mostrou suas qualidades 
enquanto corpo de baile em "Mozart", ainda que a coreografia de Dalal 
Achcar careça de certos elementos compositivos que valorizem o elenco 
feminino, bem como uma inserção questionável do elemento masculino. 
Após a apresentação brilhante do Balé Mazowsze na abertura do festival, 
chegou a vez das apresentações das danças populares. Guardadas as 
devidas proporções, a noite não deixou de reservar uma grata surpresa: a 
apresentação do Grupo de Danças Húngaras Dunántúl, de Jaraguá do Sul. 
A coreografia 
"Vonát", de Claudia Marisa Kitzberger, apresentou uma movimentação 
pontuada por uma marcação rítmica precisa, apenas ao som da batida dos 
pés e mãos. Um grupo coeso, com destaque para o elenco masculino. A 
Companhia e Escola de Dança Flamenca Michel Cássin, de Londrina (PR), 
com vigor técnico e efeitos cênicos por meio de painéis deslizantes e o 
sapateado irlandês do Banana Brodway, de Campinas (SP), apresentou um 
elenco afinado e cenicamente presente. 
O Grupo Dena Cia. de Dança, da cidade de Rio­grande (RS), desperdiçou 
referencias importantes e distanciou­se do rico universo popular abordado 
em "Canto Rio Grandense" ao abstrair demasiadamente os elementos 
identitários da dança gaúcha por meio do vocabulário do balé clássico. 
Neste item, o Balé Mazowsze nos deixou boas lições. A companhia 
polonesa recria referências originárias da cultura popular na medida certa, 
sem, contudo, perder de vista o aprimoramento técnico, visto que inclui 
técnicas como o balé em seu treinamento. Mas o faz como um meio, e não 
como uma finalidade estética.

       Sandra Meyer, crítica de dança




                      Opinião de especialista

                            Sandra Meyer

                      A densidade poética 
                       dos movimentos
A Mostra de Dança Contemporânea, em seu último dia, trouxe ao Teatro 
Juarez Machado a Márcia Milhazes Companhia de Dança, do Rio de 
Janeiro, certamente uma das mais consistes e importantes do País. 
"Tempo de Verão", obra estreada em setembro de 2004, dá continuidade ao 
preciosismo alcançado por Márcia Milhazes em suas criações anteriores. 
Em meio à recorrente discussão que se estabeleceu na contemporaneidade
acerca dos processos coletivos de concepção na arte, Márcia não abre 
mão de sua autoria sobre a escritura coreográfica da companhia. O que não 
significa uma atitude solipsista, mas a postura de uma humanista, acima 
de tudo, comprometida com valores pessoais e coletivos essenciais da 
sociedade. 
Em parceria com os intérpretes da companhia, Márcia expõe os afetos 
humanos por meio de uma artesania corporal visceral. A coreógrafa revisita 
o lugar das paixões e emoções na cena contemporânea, meio na 
contramão de um entendimento que varreu da dança o contato com a 
esfera, digamos, mais psicológica, fruto da histórica negação da narrativa 
expressionista do século 20. A obra de Milhazes, contudo, não deixa de ser
conceitual ­ é absolutamente inteligível e coerente, na qual as idéias se 
articulam por meio de uma gramática de movimentos próprios do universo 
da dança, porém, reescrita. 
A densidade poética é alcançada por meio da calculada instabilidade dos 
estados dos corpos dos intérpretes em tempo real, e com tamanha sutileza 
e imprevisibilidade que resulta num alargamento do universo de arquetípicos 
gestuais comumente requisitados para veicular as tais emoções. Uma 
condição e dimensão humana que não seria alcançada se não contasse 
com intérpretes que comungassem intimamente com a poética imaginada 
por Márcia. Se os excelentes intérpretes Al Crispinn e Ana Amélia Vianna 
já se integravam com justeza à escritura coreográfica de Márcia Milhazes, a 
mais recente integrante, Pim Boonprakob, fez de "Tempos de Verão" uma 
obra ainda mais especial. 
Bailarina de origem alemã, com passagem pela companhia canadense La 
la Human Steps, Pim veio contribuir sobremaneira para a atmosfera sensível
da obra. O triângulo formado pelos intérpretes compartilha certos afetos e 
desejos por meio de uma gramática corporal minuciosa, cuja vertigem e 
circularidade dos movimentos induzem a um estado de suspensão. O 
diálogo com a trilha, composta por valsas brasileiras, corroboram para a 
atmosfera de calor e sensualidade que só os tempos de verão exalam, tão 
sensivelmente abordados pela companhia. O lustre pendurado ao teto, 
quase uma instalação que moldura a cena, foi concebido por Beatriz 
Milhazes, conceituada artista plástica, que junto à concepção de luz quente
de Glauce Milhazes, constrói uma ambientação contundente.

       Sandra Meyer, crítica de dança
Mostra 
                  fecha com chave de ouro
A 5ª Mostra Contemporânea encerrou na noite de sábado com 
apresentação da Companhia Márcia Milhazes Dança Contemporânea, do 
Rio de Janeiro. A coreografia "Tempo de Verão", de Márcia Milhazes, foi 
aplaudida de pé pelo público, que quase lotou o Teatro Juarez Machado. Os 
bailarinos Al Crisppinn, Ana Amélia Vianna e Pim Boonprakob dançaram ao 
som de colagens de valsas e, com desenvoltura, mostraram três aventuras 
com encontros e desencontros. Mais uma vez, a sensualidade tomou conta 
do palco. O espetáculo, que teve uma hora de duração, foi premiado pela 
Associação Paulista de Críticos de Arte como o melhor do ano passado. 
Para esta edição, foram selecionadas cinco companhias, entre dezenas de 
inscritas que passaram pelos olhos atentos dos quatro conselheiros 
artísticos. As três noites da mostra, que é um evento não­competitivo, 
atrairam um bom público e conseguiram ampliar as possibilidades desta 
linguagem, que estará em discussão no "E Por Falar em Dança" de hoje. A 
preocupação da organização do 23º Festival de Dança em formar platéia, 
não conseguiu evitar que crianças fossem ao teatro e, no meio do 
espetáculo, dessem demonstração de inquietação.




   Coreógrafo­revelação de 2004, Scheir diz que não troca o Brasil por 
                convites do exterior Foto Cleber Gomes


                    Qualidade e quantidade

    Coreógrafo Ricardo Scheir acumula prêmios e uma 
   produção impressionante ­ são 20 trabalhos só neste 
                        festival

                               Marcia Costa

Foi assistindo a um filme que Ricardo Scheir, coreógrafo­revelação no 
Festival de Dança de 2004, começou a dançar. O nome exato ele não 
lembra, só sabe que era um com o ator John Travolta, talvez "Embalos de 
Sábado a Noite". Inspirado pela história, ele passou a dançar e a se 
apresentar com a irmã. A dupla fez sucesso, e o que era diversão acabou 
se tornando coisa séria ­ e, mais tarde, profissão e paixão. 
Foi numa das apresentações da dupla que uma professora perguntou se ele 
não queria fazer aula. Para a felicidade da dança, Scheir aceitou, marcando 
o início de uma carreira de sucesso. "O vírus pegou", afirma ele. Na época 
com 15 anos, começou a entender a dança e a procurar conhecimento 
sobre o assunto. Dançou em companhias como o Balé Stagium e Jazz 
Company e estudou na Escola Municipal de Balé de São Paulo, onde 
conheceu a professora Toshie Kobayshi. "Com ela, realmente aprendi a 
dançar", ressalta. 
Mais tarde, em 1986, Scheir montou a companhia de dança Watts, com a 
qual ficou três anos, antes de sair do Brasil. Passou cinco anos fazendo 
shows brasileiros na Ásia e no Canadá. Quando voltou ao Brasil, começou 
a estudar coreografia. Foi nesse período que fundou a companhia Pavilhão 
D e passou a ser coreógrafo em muitas escolas e a ganhar prêmios. 
Sua relação com o Festival de Dança de Joinville é verdadeiramente de 
amor. "Venho aqui há tantos anos. Devo ter participado de mais de 17 
festivais, já vim como bailarino, como coreógrafo. Acompanhei toda a 
evolução do evento e não abro mão de estar aqui. Se for preciso, desmarco 
outros compromissos em julho", afirma. 
Todos os anos, o evento conta com uma infinidade de coreografias 
assinadas por ele. Só nesta edição são 20, sendo 13 da companhia dele e 
sete apresentadas por outras, que vão do clássico de repertório livre ao 
contemporâneo. O certo é que a cada ano os prêmios não param de ser 
conquistados ­ a estande de Scheir acumula cerca de 40 troféus do festival 
(só no ano passado foram oito). 
Porém, ganhar não é mais a prioridade para o coreógrafo. "O principal é 
poder mostrar o meu trabalho, que está em constante evolução, e que 
estou sempre em atividade, procurando coisas novas", afirma. E 
acrescenta: "Não vou sossegar e o público daqui não vai se livrar de mim. 
Sempre vou fazer parte do festival". O que ele quer mesmo é que todos os 
bailarinos que estão no palco com suas coreografias sintam­se bem, 
realizem um bom trabalho e que a platéia curta a apresentação. "O prêmio, 
o reconhecimento, vai ser uma conseqüência".

                               Inspiração

Para realizar tantas obras­primas é preciso muita inspiração. De onde ele a 
tira? "Cada uma vem de uma forma. Às vezes de uma foto, de um livro, de 
uma cena, uma rua, um sonho, do elenco. Deixo a sensibilidade à flor da 
                                            pele e procuro notar tudo a minha volta. Algumas são rápidas, outras 
                                            começo e desisto, faço laboratórios. O certo é que se não tocar em mim é 
                                            porque não rola. Tenho que me sentir satisfeito", explica.
                                            A experiência de quando morou no exterior, das apresentações que faz fora 
                                            do País e da oportunidade de participar da Bienal de Lyon, na França, como
                                            prêmio do festival do ano passado, só fazem o coreógrafo se encantar ainda 
                                            mais pelo trabalho brasileiro e pelo País. "Pude ver que a nossa dança vai 
                                            muito bem, obrigado. A diferença primordial é que lá existe mais 
                                            investimento na cultura, o que aqui ainda dificulta o trabalho dos 
                                            profissionais", ressalta. 
                                            Apesar dos convites para viver e trabalhar no exterior, Scheir é categórigo e 
                                            diz que vai continuar no Brasil. "Amo meu País, sou absurdamente patriota. 
                                            O que eu tiver de construir na dança, vou fazer aqui no Brasil", destaca. 
                                            Para quem está começando na carreira, Scheir ressalta que amar o que se 
                                            faz é fundamental. "Independente da opção, faça com amor que vai ser bem 
                                            recebido. Além disso, é preciso ter muita perseverança, ser honesto e 
                                            respeitar todos a sua volta. Tendo isso, o resto só vai depender do talento 
                                            de cada um", diz. 
                                            A partir de agosto, o coreográfo assume novos desafios: dirigir a Escola de 
                                            Dança da Fundação Cultural Cassiano Ricardo e a Companhia de Dança de 
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