O documento descreve os principais aspectos do período do Renascimento na Europa, desde a pintura e escultura italianas, com artistas como Giotto, Botticelli e Michelangelo, até a arquitetura renascentista e seus elementos clássicos. Também apresenta obras de artistas como Leonardo da Vinci, Rafael, Ticiano e Dürer, que influenciaram o período, além de exemplos portugueses como a Torre de Belém e as obras de Nuno Gonçalves.
1. RENASCIMENTO Termo usado pela primeira vez por Giorgio Vasari(1511-1574), na obra “As Vidas dos mais Excelentes Arquitetos, Pintores e Escultores Italianos desde Cimabue até ao Nosso Tempo”, referindo-se a Giotto que fez renascer a coerência e a expressão formal da arte.
2. Giotto, Lamentação pela morte de Cristo, 1303-1306, Pádua, Capela degli Scrovegni Perspectiva marcada pela linha diagonal do rochedo. Esta é acompanhada pela inclinação progressiva das figuras. O movimento converge para o corpo de Cristo. Expressividade dos rostos confere intensidade dramática à cena.
3. árvore despida evoca a morte de Cristo, a dor universal Virgem abraça o filho com ternura Maria Madalena sustenta os pés de Cristo Nicodemos e José de Arimateia depuseram o corpo de Cristo Sentadas de costas, acentuam o efeito ilusório do espaço real Dor e piedade Viva gestualidade dos anjos dá maior ênfase à cena – as criaturas celestes também sofrem com o momento
4. Giotto: o precursor da pintura do Renascimento Adoração dos Magos 1304-1306 Virgem e o Menino 1295-1297
5. Jan Van Eyck, A Virgem do Chanceler Rolin, c. 1435, Paris, Museu do Louvre A Virgem, coroada por um anjo, mostra o Menino ao encomendador da obra. Não existe diferença de dimensão entre a Virgem e a figura do chanceler. Tema sagrado transferido para uma dimensão terrena, retratada com rigor realista. Montanhas ao fundo, esfumadas. Pormenor no trabalho do panejamento. Chão de mosaicos acentua o efeito de perspectiva. Divide o espaço sagrado e o terreno.
6. Piero della Francesca, A Flagelação, 1460, têmpera sobre madeira Personagens que frequentam a corte de Urbino Cristo é flagelado numa estrutura arquitet ô nica clássica O corpo de Cristo funde-se com a coluna As correspondências na composição obedecem à fórmula da seção de ouro da Antiguidade.
7. Masaccio, O Pagamento do Tributo, c 1427, fresco da capela Brancacci, Florença Descrição pormenorizada e humanística das personagens. Perspectiva acentuada pela estrutura arquitetônica. História contada em 3 actos que começam no centro.
8. Pormenor da Obra – Pedro paga o tributo ao barqueiro. Descrição realista. Retrato físico e psicológico.
9. Andrea Mantegna, Cristo Morto, c. 1480 Trabalho escultórico e cores pálidas do panejamento acentuam a dramaticidade da cena. Sofrimento nos rostos realistas da Virgem e de São João. A obra é lida por um observador que se situa um pouco acima do plano dos pés feridos pelos pregos. A linguagem clássica surge renovada pelo realismo.
10. Beato Angelico, Anunciação, 1438-46, Florença A Virgem e o Arcanjo Gabriel saúdam-se, num gesto de origem bizantina. Estrutura arquitetônica pode ser um claustro, com elementos clássicos. Pormenor paisagístico. Profundidade conferida pela sucessão das arcadas. Luz clara constrói as figuras e exalta a cor.
12. Os ventos levam Vênus para terra Flora aguarda-a com um manto Traço decorativo das ondas do mar Costa recortada em golfos e promontórios Nu, centro da composição,equilibrado e simétrico. Cores frias e claras acentuam a expressão poética da nudez divina. O Belo Idealizado
13. Albrecht Dürer, Auto-Retrato com Luvas, 1498, Museu do Prado Pintor alemão, esteve em Veneza, onde assimilou o classicismo. Respeitando a ideia de que “ um quadro é uma janela para o mundo”, coloca o seu braço sobre a moldura como se fosse o peitoril de uma janela – o que acentua a proximidade entre o observador e o modelo representado. Realismo e retrato psicológico.
14. Basílica de S. Pedro – Roma (1506-1626) CARACTERÍSTICAS DA ARQUITETURA RENASCENTISTA: - Racionalidade - Harmonia - Equilíbrio - Simetria - Predomínio das linhas horizontais sobre as verticais (típicas do gótico)
16. Capela dos Pazzi de Brunelleschi (1430-1444) Cúpula Arco de volta perfeita Colunas ARQUITETURA RENASCENTISTA RECUPERA ELEMENTOS UTILIZADOS NA ANTIGUIDADE GRECO-ROMANA Friso
17. Filippo Brunelleschi, Santa Maria del Fiore, Florença, 1418-36 Cúpula sem armação de madeira. São os tijolos dispostos em espinha de peixe que conferem solidez à parede. A cúpula interior, menor, sustem a cúpula exterior. Brunelleschi foi um entusiasta da arte clássica que estudou pormenorizadamente. Encarou-a como um repositório de estímulos que lhe permitiu encontrar soluções sempre novas.
18. Filippo Brunelleschi, Capela dos Pazzi, a partir de 1430, Florença Pórtico com contrastes de zonas sombrias recuadas e superfícies iluminadas, mais salientes. Geometria da fachada é centrada pelo arco de volta perfeita que evoca o arco triunfal romano. Primeiro edifício do Renascimento, com exterior e interior concebidos em escala monumental
20. Donatello, David, bronze, 1430-40 Primeiro nu da arte ocidental desde o Império Romano. Evoca a escultura grega nas proporções idealizadas, no modulado dos volumes, na pose sensual. O corpo fala enquanto o rosto se mantém sereno e distante.
26. Michelangelo, Sagrada Família, 1504-06, Florença Virgem representada no chão, imagem de humildade de origem medieval S. João Baptista (Idade do Antigo Testamento) separa o mundo pagão da Redenção Corpos trabalhados de forma escultórica Figuras centrais definem uma composição triangular que termina na cabeça de S. José
28. Platão aponta para o mundo das ideias Aristóteles aponta para a terra, valorizando a experiência Sócrates discute com os seus discípulos Heraclito com feições de Michelangelo Pitágoras concentrado a escrever
29. Bramante traça uma figura geométrica com um compasso Rafael Enquadramento arquitetônico imita as basílicas da antiguidade Moldura do último arco e convergência das personagens que ladeiam o par central sublinham a sua importância no pensamento antigo e renascentista
30. Giorgione, A Tempestade, 1606-1508, Veneza Tema de difícil leitura significativa. O elemento que sobressai é a natureza – paisagem – e o relâmpago que rasga o céu, carregado de nuvens. Composição cuidada – com as duas personagens a ladearem a cena principal – a natureza. As linhas diagonais conduzem o olhar do observador para o espelho de água. Exame radiológico provou estar outra mulher nua sentada no sítio onde agora aparece o homem – liberdade inventiva do artista que trabalha sem temática preestabelecida.
31. Ticiano, Vénus de Urbino, 1538, Florença Contrastes cromáticos aumentam a expressividade da composição. A Vênus observa de forma provocadora o pintor. Mulher em pé equilibra a composição. O chão xadrez acentua a profundidade do quarto.
32. Ticiano, As Três Idades do Homem, 1512, Galeria Nacional da Escócia
33. Retrato da esposa do mercador Francesco del Giocondo. Leonardo da Vinci, Mona Lisa, 1503-1505, Paris, Museu do Louvre Captação de uma expressão inconstante, colocando-se o observador face a um sujeito vivo. O sfumato, com as variações de luz e cor, deixa as formas indeterminadas, misteriosas. Ao fundo, o movimento cíclico da água dos rios altera constantemente o rosto da terra. Tema principal da pintura – o fluir da vida e as mutações que arrasta, das alterações humanas às naturais.
34. Leonardo da Vinci, Virgem com o Menino e Santa Ana, 1510, Paris, Museu do Louvre Sfumato Perspectiva aérea Jogo de claro-escuro Obra com forte simbologia: Do ventre de Ana nasceu Maria, do ventre desta nasceu Jesus. Deste irá renascer o mundo, na nova era cristã. O cordeiro simboliza o sacrifício a que será sujeito Jesus. A paisagem de fundo simboliza a permanente mudança da Natureza.
35. Madonna de Rafael (1507) A representação da Virgem com o Jesus menino constitui um dos temas mais populares do Renascimento
37. Hans Holbein, Os Embaixadores, 1533, Galeria Nacional , Londres O orgulho humanista é posto em causa por este pintor alemão. Aos pés dos dois dignitários, sob os símbolos das várias áreas do saber, está uma caveira “anamórfica” que recorda que tudo passa , mesmo as certezas racionais da época …
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39. Projeto inicial de Bramante, terminado por Michelangelo. Terá dito Michelangelo, ao compará-la com a cúpula de Santa Maria das Flores: “ Maior poderá ser, mas não a mais bela”. Michelangelo, Cúpula da Basílica de S. Pedro, 1546
41. Bramante, Tempietto de São Pedro de Montorio, 1502, Roma Encomenda do Rei de Espanha para assinalar o local onde São Pedro foi martirizado. Colunata dórica envolve a cela, encimada por uma cúpula hemisférica apoiada num tambor que se abre numa varanda. O círculo, metáfora da perfeição divina, fora usado por gregos e romanos em edifícios religiosos.
52. Torre de Belém- Lisboa 1515 Cruz de Cristo Esfera armilar Colunas Elemento decorativo de inspiração marítima
53. Porta Lateral da Capela de S. Miguel – Universidade de Coimbra Arquitectos Marcos Pires e Diogo de Castilho (1517-1522) A arquitetura manuelina não se limitou a Lisboa. Surgem exemplos espalhados de norte e sul do País. Colunas torsas: decoradas com motivos náuticos como as cordas dos navios Esfera armilar: símbolo do Mundo descoberto pelos Portugueses Cruz de Cristo ou Cruz do Infante (D. Henrique) Símbolo do poder régio: coroa e escudo nacional Motivo vegetalista
54. Claustro principal do Mosteiro de Santa Maria de Belém, começado por Diogo de Boutaca e terminado por João de Castilho e Diogo de Torralva. O Mosteiro dos Jerónimos, encomendado a Diogo Boutaca em 1517, é terminado por João de Castilho, a quem D. Manuel I encomendou muitas outras obras.
55. Janela da Casa do Capítulo do Convento de Cristo, em Tomar, é obra de Diogo de Arruda (1510-13).
57. João de Castilho e Diogo Torralva, Claustro de D. João III, no Convento de Cristo, Tomar
58. Mandada construir em 1522 por Brás Albuquerque, filho de Afonso Albuquerque, a Casa dos Bicos é também conhecida por Casa dos Diamantes. Bastante afetada pelo terremoto de 1755, a sua reconstrução integral é realizada na década de 80 do Séc. XX.
59. Vasco Fernandes, Jesus em Casa de Marta e Maria, Museu de Grão–Vasco, Viseu Obra influenciada pela pintura do norte da Europa e por Dürer – realismo, ordenação racional e geométrica da composição, sensibilidade. Maria, num primeiro plano, está nostálgica e contemplativa. Simboliza a vida e está alheia do que se passa à sua volta.
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61. A Última Ceia de Mestre Henriques (início do século XVI)
62. Nuno Gonçalves, Painéis de S. Vicente, c. 1470-1480, Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa (Painel do Arcebispo)
64. Vasco Fernandes, S.Pedro Patriarca, c. 1529, óleo sobre madeira um ser retirado do bestiário antigo que sustenta o escudo onde figuram as chaves cruzadas da heráldica papal. S. Pedro olha fixamente o observador. Rigorosa simetria do trono (renascentista) e das janelas que deixam ver duas cenas da vida do Santo.
65. Agradecimentos às professoras Anabela Farinha e Ana Maltez da Escola Secundária Emídio Navarro, Almada – Portugal que fizeram a maior parte desta apresentação.