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1. Definição de Retórica

Há muito tempo atrás, na Grécia antiga, a Retórica já estava presente
entre filósofos e oradores. Sua função e seu legado mudaram no decorrer dos
anos, porém, ela sempre esteve presente em todos os povos e suas línguas.
Em seus primórdios, a retórica tinha por função avaliar principalmente peças de
oratória de pregadores religiosos e políticos. Nos dias de hoje, a Análise
Retórica permite identificar elementos de persuasão presentes em qualquer
tipo de comunicação. A partir do conhecimento destes pensadores antigos e da
sistematização dos conhecimentos até então produzidos, é Aristóteles quem
desenvolve suas próprias reflexões, organizando um sistema retórico
valorizado ainda hoje nos estudos sobre retórica e argumentação. Sua função
é persuadir, levar a crer em algo.1
Primeiramente, vale ressaltar o que objetiva a retórica, que justamente
é a técnica de convencer o interlocutor através da oratória, ou outros meios
de comunicação e ainda não visa distinguir o que é verdadeiro ou certo, mas
sim fazer com que o próprio receptor da mensagem chegue sozinho
à conclusão, de que a ideia implícita no discurso representa o verdadeiro ou o
certo. Classicamente, o discurso no qual se aplica a retórica é verbal, mas há
também

o discurso escrito

e

o discurso visual,

no

entanto,

veremos

simultaneamente os três modos ao longo desse trabalho, tendo como caso, o
Discurso do Papa Francisco na Abertura da Jornada Mundial da Juventude no
Rio de Janeiro em julho de 2013.
A retórica aristotélica, de certa forma herdeira daquela de Sócrates,
procura fazer o interlocutor convencer-se de que o emissor está correto,
através de seu próprio raciocínio. Retórica não visa distinguir o que é
verdadeiro ou certo mas sim fazer com que o próprio receptor da mensagem
chegue sozinho à conclusão de que a ideia implícita no discurso representa o
verdadeiro ou o certo.

1

Luis Rohden, O poder da linguagem: A arte retórica de Aristóteles.
5

Em suma a retórica:


Visa provocar a adesão do auditório;



É do domínio do verosímil, do plausível, do provável;



As conclusões são sugeridas;



Caracteriza-se pela equivocidade própria da linguagem natural;



Permite uma pluralidade de interpretações pela riqueza
da linguagem natural;



Apresenta razões pró ou contra uma determinada tese;



É dependente da matéria ou do conteúdo;



É pessoal, pois dirige-se a indivíduos em relação aos quais se esforça
por obter adesão;



É contextualizada;



Domina a intersubjectividade;



É dependente do orador e do auditório.
6

2. Introdução
A retórica sempre esteve presente nas civilizações. Desde a Grécia Antiga
até os dias de hoje ela ainda é usada e estudada. Na religião, é uma formidável
fonte de expressão. Foi através da retórica do Papa João Paulo II que
conseguiu ganhar notoriedade e se envolver em casos muito além da religião
no século XX, ele foi considerado um papa que se utilizou do político e
consolidou um novo status para a Igreja Católica. As relações de poder
internas

na

Santa

Sé

também

apresentam

caráter

político

e,

conseqüentemente, refletem nas ações externas ao Vaticano.
De diversas vezes, os fatos históricos – esse modo de o passado se fazer
sempre presente – abandona o calendário. No caso do pontificado do papa
Francisco é razoável falar em um descompasso dessa ordem. Sua escolha
para exercer o ministério Petrino foi anunciada ao mundo no dia 13 de março
deste ano. No entanto, não é exagero afirmar que a eleição do então arcebispo
de Buenos Aires Jorge Mário Bergoglio, teve início numa prévia do conclave, a
Congregação-Geral dos Cardeais.
Como membro da Companhia de Jesus, a combativa ordem fundada por
Inácio de Loyola (1491-1556), Bergoglio considera-se, antes de tudo, um
missionário – assim, não surpreende sua insistência para que o sucessor de
Bento XVI fortalecesse o caráter evangelizador e missionário da Igreja. Os
brasileiros puderam ver de perto como Francisco segue o que pregara. E como
faz isso com um misto de leveza e vigor, simplicidade e capacidade de
convencimento. O alcance de suas palavras parece decorrer de uma soma de
atributos: apoiadas numa linguagem coloquial, elas transmitem a certeza de
estar sendo ditas por alguém honesto. É ao caráter moral que o discurso deve
quase todo o seu poder de persuasão2. A construção de uma imagem de si
capaz de garantir o êxito de um pronunciamento – aquilo que os gregos
chamavam de ethos – não se distanciaria, portanto, da honestidade do orador.

2

Aristóteles na obra em que estuda a retórica, a arte da oratória
7

“Papa Francisco é o pontífice dos atos simples e da conversa cotidiana,
diferente de João Paulo Il, papa de grandes gestos, como beijar o chão dos
países que visitava, e de Bento XVI, mais contido, tímido, e intelectualizado”,
diz o monsenhor Antonio Luiz Catelan Ferreira, assessor da CNBB e professor
de teologia da PUC-PR. “Ele se dirige às pessoas como um amigo e, com isso,
consegue trazê-las para perto de si – do ponto de vista afetivo e das idéias que
defende.” Quando se olha a construção milenar da Igreja Católica, o papa dos
pobres, com apenas pouco mais de sete meses de mandato, ganha contornos
extraordinários. “Francisco representa uma síntese das duas grandes matrizes
espirituais do catolicismo, a teologia da cruz, que vem de São Boaventura,
inspirado em São Francisco, e a teologia da justiça, de São Tomás de Aquino,
que insiste na ação sócio-política”, afirma o cientista da religião Afonso Soares,
professor livre-docente da PUC de São Paulo. “Ele caminha nessas duas
direções.”
8

3. Discurso de abertura - (MONS. GUIDO MARINI)
Boa tarde, queridos irmãos e irmãs, agremiados e agremiadas dessa tão
valiosa instituição de ensino! Com enorme alegria, vim de Roma para
compartilhar esse momento com vocês, de grande estima intelectual e
acadêmica.
Nesta tarde, à convite da Excelentíssima Profa. Dra. Eleonoura Enoque da
Silva, vamos adentrar na Retórica de sua Santidade, O Papa Francisco,
cardeal latino-americano escolhido em março deste ano para suceder o Papa
emérito Bento XVI no ministério Petrino. O meu envio aqui de sua parte, de
forma até inesperada, tem por objetivo, conversarmos sobre o seu discurso
realizado durante a abertura da 28ª Jornada Mundial da Juventude, realizada
neste país em julho deste ano.
"Francisco, vai e repara a minha casa". Foi uma das frases mais
compartilhadas no Facebook, assim que houve a primeira aparição do
pontífice. Parecia ser a eleição de mais um papa, até mesmo para os católicos
mais fervorosos. Quando de repente, por um nome, tudo mudou.
Francisco!! O perfeito marketing, num período de crise. Essa possibilidade
foi excluída, quando o papa, de um passado até então desconhecido,
continuou com o mesmo discurso, o mesmo olhar. Lançou sobre o mundo um
olhar de esperança e convidou-nos a fazer o mesmo.
Ficamos felizes em receber alguns colegas de vocês no vaticano nos
últimos dias, diante de inúmeros compromissos, abrimos uma exceção para
recebê-los e ajudá-los no que fosse possível para o bom êxito desde trabalho
acadêmico, e assim fomos informados, que vocês aqui estavam com os
corações ardentes e desejosos por este momento, almejavam ardentemente
conhecer melhor a trajetória da vida de Francisco, o que ele viveu, como viveu
e de que forma escutou a voz do Senhor para tornar-se um sacerdote de sua
igreja.
Antes de adentrarmos na retórica propriamente desempenhada por ele, nos
deteremos por alguns instantes, nos principais fatos que delinearam a trajetória
de vida do sumo pontífice.
9

4. Biografia de Jorge Mário Bergoglio

Nascido em Buenos Aires, capital da Argentina, em 17 de dezembro de
1936, Jorge Mário Bergoglio estudou normalmente em sua adolescência
antes de despertar sua vocação para a vida religiosa.
Nasceu numa família de imigrantes italianos. O seu pai, Mário Bergoglio,
nascido em Porta comaro, era um trabalhador ferroviário e sua mãe, nascida
em Buenos Aires de pais genoveses, era dona de casa. O seu pai também
jogava basquetebol no San

Lorenzo,

um

dos cinco

grandes do

futebol

argentino e cujas origens haviam sido impulsionadas por um padre. Jorge
tornar-se-ia torcedor do San Lorenzo, já tendo afirmado que não perdeu
nenhum jogo do título argentino de 1946, quando tinha então dez anos. Em
carta aos dirigentes do clube que o visitaram uma semana após tornar-se
Papa, relembrou: "Tem vindo à minha memória belas recordações, começando
desde a minha infância. Segui, aos dez anos, a gloriosa campanha de 1946.
Aquele gol de Pontoni!".
Nascido e criado no bairro de Lores, atual sede do San Lorenzo, Jorge
Bergoglio fez graduação e mestrado em química, na Universidade de Buenos
Aires. Na juventude, teve uma doença respiratória que numa operação de
remoção lhe fez perder um pulmão. Durante a sua adolescência, teve uma
namorada, chamada Amália, e segundo ela, Bergoglio chegou a pedi-la em
casamento durante uma época, tendo ele inclusive afirmado que, do contrário,
se ela não aceitasse, se tornaria padre.
Seus amigos de adolescência contam que, aos 17 anos, já perambulava
pelo bairro onde morava, visitando áreas mais pobres. “Ele se interessava
pelas causas sociais antes mesmo de se dar conta disso”, diz Pablo Romano,
amigo de colégio. Francisco nunca deixou de andar a pé. “O fato de não usar
carro permitia criar mais laços com a comunidade e enxergar questões que ele
de outra forma não veria”, diz Evangelina. Nas palavras do próprio papa, “andar
pela rua e misturar-se ao povo esclarece e humaniza”. Para as pessoas
comuns, o exercício de caminhar e se misturar amplia o senso de realidade e
10

ajuda a tomar pulso da cidade e da sociedade em que se vive. Ainda é na rua
que a vida pública acontece, com suas alegrias e contradições. Quem não quer
se distanciar da maioria da sociedade em que vive deveria caminhar pelas ruas
com frequência – ainda que elas não estejam na aprazível Buenos Aires.
“Quando éramos crianças, Jorge nunca foi o líder do grupo. Mas sempre
teve muitos amigos”, diz sua irmã Maria Helena. O papa Francisco manteve o
hábito de infância na vida adulta. Para amigos próximos, telefona com frequência religiosa. Com outros, mantém contatos ao menos anuais, ou em época de
campeonato de futebol. “A amizade é uma grande dádiva de Deus”, disse ele,
em carta a jovens de um seminário argentino. “Com ela, podemos conhecer o
amor da diferença, sem barreiras, da ternura permanente. Deus não é mesmo
maravilhoso?”

Para

o

papa

Francisco,

a

amizade

é

uma

relação

transformadora, de profundo engajamento, que requer atenção e doação. Em
tempos de enorme trivialidade,

como o

nosso, essa é uma

lição

transformadora. Amizade não é apenas uma forma de entretenimento. Amigo
não é apenas quem ri com você, mas quem conhece suas fraquezas, divide
suas dúvidas e partilha suas dificuldades.
Ingressou no noviciado da Companhia de Jesus em março de 1958. Fez o
juniorado em Santiago, Chile. Como jesuíta, Bergoglio fez dois votos: não
aspirar cargos importantes e obedecer ao papa. “Prevaleceu o segundo,
porque chegou ao Vaticano por convocação do papa”, diz o vice-provincial
Andres Aguille.
Graduou-se em Filosofia em 1960, na Universidade Católica de Buenos
Aires. Entre os anos 1964 e 1966, ensinou Literatura e Psicologia, no Colégio
Imaculada, na Província de Santa Fé, e no Colégio do Salvador, em Buenos
Aires. Graduou-se em Teologia em 1969. Recebeu aordenação presbiteral no
dia 13 de dezembro de 1969, pelas mãos de Dom Ramón José Castellano.
Emitiu seus últimos votos na Companhia de Jesus em 1973. Em 1973 foi
nomeado Mestre de Noviços, no Seminário da Villa Barilari, em San Miguel. No
mesmo ano foi eleito superior provincial dos jesuítas, na Argentina. Em 1980,
após o período do provincialato, retornou a San Miguel, para ensinar em uma
escola dos jesuítas.
11

No período de 1980 a 1986 foi reitor da Faculdade de Filosofia e Teologia
de San Miguel. Após seu doutorado na Alemanha, foi confessor e diretor
espiritual

em Córdoba.

Além

do espanhol,

fala

fluentemente italiano, alemão, francês e inglês, tendo razoáveis conhecimentos
de português.
Jorge Mario Bergoglio dividiu seu tempo entre vida religiosa e acadêmica.
Foi reitor da Faculdade de San Miguel por seis anos e recebeu o título de
Doutor na Alemanha. Em 1992, foi nomeado bispo. Em 1997, foi elevado a
arcebispo e passou a chefiar a arquidiocese de Buenos Aires. Seu trabalho foi
reconhecido pelo Papa João Paulo II que o nomeou cardeal em 2001.
Perguntaram certa vez ao bispo Jorge Bergoglio, futuro papa Francisco, o
que ele levaria correndo em caso de incêndio. Sem hesitar, ele respondeu “a
agenda e o breviário”. No breviário, organizava suas obrigações como
sacerdote. A agenda continha seu bem mais precioso, os dados de centenas
de pessoas com quem ele se relacionava, de preferência pessoalmente. A vida
do homem que viria a ser papa é marcada por uma relação intensa e generosa
com todos ao seu redor. Isso fez com que ele deixasse marcas na vida de
milhares de pessoas. Quando anunciou que seria padre, aos 19 anos, três
amigas choraram, antecipando sua ausência do bairro e da turma. Uma mãe
que perdeu a filha de 24 anos num acidente se lembra do e-mail, totalmente
inesperado, que recebeu do cardeal Bergoglio. Um operário se lembra com
orgulho de que ele se sentou a sua mesa para comer com sua família. Na
agenda de Francisco há artistas, militantes, políticos, sindicalistas e
empresários, assim como catadores de papel e imigrantes ilegais. A
mensagem da vida voltada para os outros é que é possível, talvez necessário,
envolver-se com aqueles que estão a nosso redor. Sair da zona de conforto da
família e participar da vida de mais gente – e convidá-las a fazer parte de
nossa vida.
O Cardeal Jorge Mario Bergoglio foi membro da Congregação para o Culto
Divino e para a Disciplina dos Sacramentos, membro da Congregação para o
Clero e da Congregação para os Institutos da Vida Consagrada e das
12

Sociedades da Vida Apostólica e foi membro também do Conselho Pontifício
para a Família e da Comissão Pontifícia para a América Latina.
Jorge Mario Bergoglio foi eleito papa pelo conclave no dia 13 de março de
2013, no segundo dia do conclave, para ser o sucessor do Papa Bento XVI,
que renunciou ao cargo no dia 28 de fevereiro. O cardeal argentino já era
cotado para assumir o papado em 2005, no conclave que elegeu o cardeal
Joseph Ratzinger, mas sua posse foi prorrogada. Em 2013, ele se tornou o
primeiro papa latino-americano da história da Igreja Católica, assumindo o
nome de Papa Francisco (será chamado de Francisco I apenas quando existir
Francisco

II,

segundo

o Vaticano).

Francisco é

o

266º (ducentésimo

sexagésimo sexto) papa da história da Igreja Católica.
Parece, contudo, que o Papa Francisco não oferecerá nenhuma mudança
em relação às posturas mais conservadoras da Igreja Católica, motivo pelo
qual alguns críticos a consideram uma instituição ultrapassada. Mas a devoção
que apresenta por São Francisco de Assis deixa a esperança de que atue mais
efetivamente no combate a pobreza.
13

5. Discurso Papa Francisco – UNICAP 06/11/2013

Queridos irmãos e irmãs,
Boa tarde!
Saúdo com estima o Reitor desta instituição de ensino, Prof. Dr. Pe.
Pedro Rubens Ferreira Oliveira; e os pró-reitores Acadêmico, Aline Grego, e
Administrativo,

Luciano

Pinheiro.

Saúdo,

também,

com

gratidão,

o

Coordenador deste curso, Prof. Danilo Vaz Curado Ribeiro de Menezes Costa,
e a Professora de Retórica aqui presente, a Profa. Dra. Eleonoura Enoque da
Silva, os agremiados, seminaristas e os demais irmãos e irmãs.
Todos nós somos convidados a olhar o mundo com esperança,
assemelhando-se ao semeador que saiu a semear sem escolher onde, todos
os lugares poderiam ter sido terra boa.
Hoje podemos nos questionar. Que tipo de terreno somos? E qual
queremos ser? Inúmeras vezes somos o caminho que escuta o Senhor, mas
na nossa vida não muda nada, pois nos deixamos intimidar por tantos apelos
superficiais que escutamos. Ou pior, temos entusiasmo, porém não temos
coragem de remar contra a corrente. E quantas vezes deixamos que a Palavra
de Deus fosse sufocada pelas paixões negativas? Apesar de tudo, queremos
ser terra boa, cristãos de verdade e não pela metade, "engomadinhos". Olhar
significa

oferecer

ao

Senhor

o

melhor

que

temos

e

que

somos.

Conta-se que, certa vez, perguntaram para Madre Tereza de Calcutá o
que se devia fazer para mudar a Igreja. Por onde começar? Por qual parede?
Ela virou-se e respondeu claramente: por ti e por mim. Hoje, a mídia condena a
Igreja Católica por estar em uma crise de valores. Propõe-se grandes reformas
em questões ideológicas. E agora eu pergunto: por onde começar? Partimos
de onde?
Vocês são convidados a estar aqui nesta agremiação todas as tardes,
e pelo menos duas vezes na semana, praticando a arte da retórica e oratória,
tão cara e tão rara nesta sociedade do subjetivismo e das frases curtas das
redes sociais. Expor ideias, defender argumentos, discutir soluções, do
14

corriqueiro, tornou-se banal, tornou-se surpéfluo, isso sim, caracteriza um
perda considerável de valores, de identidade, de personalidade, de caráter, de
sentimentos. Sejamos nós os verdadeiros protagonistas de uma sociedade que
reviva os verdadeiros valores que se insurgem através de um diálogo sincero,
que olhe no olho e sinta com o coração as diferenças e as fraquezas do
próximo.
Na caminho da Retórica proposta por mim, somos conduzidos ao
abraço. O amor é manifestado neste gesto concreto. O abraço de Jesus,
realizado na cruz, é uma cena forte que leva a nós, cristãos, a uma profunda
reflexão. Jesus, com sua cruz, atravessa nossos caminhos e carrega os nossos
medos, os nossos problemas e sofrimentos. Abraçar é um gesto muito
significativo, nos dias de ontem e de hoje. Na cruz, o abraço de Jesus, está o
sofrimento, o pecado do homem, e o nosso também. E nos diz: "Eu venci a
morte, para dar-lhes esperança, dar-lhe a vida!" (João 3,16).
Por fim, quero falar-lhes do princípio do serviço. Devemos estar
disponíveis e sensíveis ao chamado de Cristo. Caminhar, implica em deixar
pegadas, para que outras pessoas encontrem o caminho, por isso a
importância da coerência na vida. Partilhar a experiência de fé, testemunhar a
fé, anunciar o Evangelho é o mandato que o Senhor nos confia, é a missão
desta agremiação, de vós seminaristas! O Senhor não somente nos envia, mas
nos acompanha, está sempre junto de nós, nesta missão de amor.
Queridos irmãos agremiados, seminaristas e estimadas irmãs, seguindo
estes passos, perceberemos que quem evangeliza é evangelizado, quem
transmite

a

alegria

da

fé,

recebe

mais

alegria

ainda.

Estimados! A Retórica abre-se para todos nós, é um caminho que pode e deve
ser percorrido. Sejamos nós, esses protagonistas com esperança e
entusiasmo.
Recordemos agora através desse vídeo, o discurso proferido por mim,
na ocasião da Abertura da Jornada Mundial da Juventude neste país tão rico
na Fé, no qual analisaremos os trechos e as práticas retóricas que foram por
mim inseridas. Trago grandes recordações e, até hoje, três meses depois, me
15

enriqueço no ministério e na missão que o Senhor me confiou, pelo o olhar
brilhante de cada jovem que me encantou de maneira tal, e me fez voltar de
forma inesperada, não programada, repentina, para estar aqui com vocês essa
tarde. Aproveitemos então bem esse momento de considerável valor
acadêmico para todos nós.
16

6. Análise Retórica do Discurso de Abertura da 28º JMJ

Antes de tudo, vale ressaltar o que objetiva a retórica, que é justamente
a técnica de convencer o interlocutor através da oratória, ou outros meios de
comunicação e ainda não visa distinguir o que é verdadeiro ou certo, mas sim
fazer

com

que

o

próprio

receptor

da

mensagem

chegue

sozinho

à conclusão, de que a ideia implícita no discurso representa o verdadeiro ou o
certo. Classicamente, o discurso no qual se aplica a retórica é verbal, mas há
também

o discurso escrito

e

o discurso visual,

no

entanto,

veremos

simultaneamente os três modos ao longo desse trabalho, tendo como caso, o
Discurso do Papa Francisco na Abertura da Jornada Mundial da Juventude no
Rio de Janeiro em julho de 2013.
Inicialmente, devem-se levar em consideração os três gêneros do
discurso (Judiciário, Deliberativo e Epidíctico) segundo Aristóteles, isso se dá
justamento pelo fato da existência de três espécies de auditório3, é a
necessidade de adaptar-se a eles que confere traços específicos a cada
gênero, e que segundo (Reboul, 1998, p.45) o discurso epidíctico refere-se ao
presente, pois o orador propõe-se à admiração dos espectadores, ainda que
extraia argumentos do passado e do futuro. É o que nos vemos nesse discurso
do Papa Francisco, no qual o exórdio do seu discurso epidíctico, inicia-se
logo com um agradecimento “Primeiramente quero lhes agradecer pelo

testemunho de fé que vocês estão dando ao mundo.” Dirigi-se aos jovens ali
presente, o público alvo, principal ao qual ele irá dirigir as suas palavras, e que
a Jornada Mundial da Juventude, não é mais do que um verdadeiro
testemunho de Fé para o mundo através dos jovens.
Em seguida ele profere um argumento do tipo falácia na denominação
de generalização apressada, quando afirma: “Sempre ouvi dizer que as

cariocas não gostam do frio e da chuva, mas vocês estão mostrando que a fé de
vocês é mais forte que o frio e a chuva.” E ainda pode-se identificar uma
comparação no qual ele fala que a Fé dos jovens é mais forte do que o frio e a
chuva. Logo em seguida, ele dá um exemplo, no tipo de fato histórico:
“Lembro-me da primeira Jornada Mundial da Juventude a nível internacional. Foi
3

Aristóteles, (Retórica, 1358 a)
17

celebrada em 1987 na Argentina, na minha cidade de Buenos Aires.”, justamente
para trazer a tona a origem do evento, mostrar a inspiração de Deus que
moveu o então Beato João Paulo II a realizar a primeira jornada mundial da
juventude, um evento do coração de Deus.
Ao fazer uma forte referência ao Beato João Paulo II, usando uma
citação proferida pelo próprio beato na primeira jornada, no qual ele disse:
“Tenho muita esperança em vocês, e espero que renovem a fidelidade de
vocês a Jesus Cristo e à sua cruz redentora.” E assim, podemos concluir que
ele utilizou a figura de pensamento Alusão, que é definida como uma
referência a um fato, a uma pessoa real ou fictícia, conhecida do interlocutor 4,
ou seja, ele fez questão de utilizar essa citação, devido o carinho e a
popularidade que o Beato João Paulo II muito bem cativou os jovens do mundo
inteiro durante o seu pontificado.
Em seguida, ele lembra de um acidente ocorrido com uns jovens que
estavam a caminho da Jornada, através do trecho: “Queria lembrar o trágico

acidente na Guiana francesa, no qual a jovem Sophie Morinière perdeu a vida, e
que deixou outros jovens feridos” , dessa forma, podemos considerar que essa
afirmação figura um apelo falacioso Apelo à piedade, que é reconhecida
quando se apela a piedade ou a compaixão para se conseguir que uma
determinada conclusão seja aceita, esta podendo ser legítimo ou falacioso,
dependendo se as circunstâncias atenuantes, seguindo se alega são realmente
relevantes para o caso5, e nesse caso, é um apelo legítimo, pois o caso
realmente aconteceu. Na maioria dos casos, vemos esse apelo ocorrer de
maneira ridícula, que não é esse caso. E ainda quando ele afirma que a Jovem
“Sophie Morinière perdeu a vida”, ele utiliza uma figura de linguagem chamada
Eufemismo, que consiste em suavizar palavras ou expressões que são
desagradáveis.6
Veremos em seguida no próximo parágrafo, que neste trecho prevalece
o tipo do discurso o patos, é denominado um conjunto de emoções, paixões e

Notas de aula, Tópicos em Teoria da Argumentação, pag. 14
Ib. id, pag. 07
6 Notas de aula, Figuras de Linguagem.
4
5
18

sentimentos que o orador deve suscitar no auditório com seu discurso.7
Evidencia-se, ainda mais, quando o Papa Francisco utiliza de forma
significante, o recurso da psicologia para conquistar o seu público, a juventude.
Uma prova intrínseca é usada quando ele sita que esteve com o Papa Emérito
Bento XVI, e a reação dos jovens mostra-nos toda a confiabilidade as pessoas
do Papa Francisco e a do Papa Emérito Bento XVI, como podemos presenciar
através do vídeo, a alegria e a euforia de todos os jovens que ali estão. Sua
linguagem simples e apropriada para o grande público jovem, conquista a
todos, e a prova desta conquista é a resposta dos jovens que gritam: essa é a
Juventude Papa! Essa é a juventude Papa!.
Sua Santidade o Papa Francisco, usa uma figura de linguagem muito
conhecida, a metáfora quando ele diz: “O Rio se transforma no centro da
Igreja, em seu coração vivo e jovem...”, essa figura de linguagem é a palavra
ou expressão que produz sentidos figurados por meio de comparações
implícitas8. Essa frase, ainda, tem sinais de uma Hipérbole, que é um exagero
intencional com a finalidade de tornar mais expressiva à ideia.
Quando o Papa Afirma que: “O trem desta jornada mundial da Juventude
veio de longe e atravessou nação brasileira seguindo as etapas do projeto Bote
fé”, ele retoma a utilização da figura de linguagem Metáfora, que conforme já
vimos, é o emprego de uma palavra com o significado de outra em vista de
uma relação de semelhanças entre ambas e ainda como uma comparação
abreviada.
Segundo as definições de retórica estudada em sala de aula, podemos
perceber que o Papa Francisco utiliza a metáfora, para enfatizar o fato de que
os trabalhos de preparação da jornada mundial da juventude passou por vários
pais, estados e cidades, que teve toda uma organização e um projeto para que
acontecesse a jornada.
“Do alto do Corcovado, o Cristo Redentor nos abraça e nos abençoa.”,
com isso ele utiliza a figura de linguagem Prosopopéia, que é justamente uma
figura que atribui características humanas a seres inanimados, também pode
7
8

Notas de aula, Figuras de linguagens
Ib, Id
19

ser chamá-la de personificação9, neste momento o Papa Francisco utiliza uma
prosopopeia quando se refere ao Cristo Redentor que abraça e abençoa os
jovens que estava presente na jornada.
“Vendo esse mar, a praia e todos vocês, me vem á mente o momento
em que Jesus chamou a seus primeiros discípulos ás margens do lago de
Tiberíades.”, ele utiliza a figura de linguagem Comparação, que é a figura que
consiste em identificar dois objetos a partir de uma característica comum.
Neste momento ele utiliza a figura de palavra comparação, quando ele ver o
mar, a praia e todos os jovens, lembra-se da passagem do evangelho onde
Jesus nas margens do lago Tiberíades, Chamou os seus primeiros discípulos
para a missão, e assim ele compara a jornada mundial como um despertar nos
jovens para serem discípulos de Jesus Cristo. E convida todos para continuar a
missão de anuncia a boa nova.
“Cristo cresceu em você.”, ele utiliza novamente a figura de linguagem
Metáfora, cuja definição já vimos anteriormente. Segundo a retórica de
Aristóteles, ele utiliza uma metáfora que tem como fundamento uma
comparação, que diante da multidão que estava presente na jornada mundial,
jovens de todas as partes do continente que descerão sim ao projeto de Deus e
deixarão que cristo agisse neles. Portanto o cristo cresceu dentro dele, pois os
jovens abrirão o coração para que Cristo podes se fazer morada.
“É muito feio um bispo triste. É feio.”, ele utiliza a figura de construção
Anáfora, no qual consiste na repetição de uma palavra ou expressão para
reforçar o sentido, contribuindo para uma maior expressividade.10 Neste
momento o papa Francisco, utiliza uma figura de construção á anáfora,quando
ele diz é muito feio um bispo triste, é feio ele fala e depois reafirma reforçar a
sua colocação para os jovens.
“Hoje Jesus continua nos perguntando: Você quer ser meu discípulo?
Você quer ser meu amigo? Você quer ser testemunha do Evangelho?”, ele
utiliza a figura de Oratória Comunicação, que é definido quando o orador
parece consultar os ouvintes, predispondo-os receber como justo o que vai
9

Notas de aulas, figuras de Linguagem
Ib, Id

10
20

dizer.É quando o Papa Francisco, pergunta aos jovens se querer servir a
Jesus Cristo, se então disposto a dar testemunho do evangelho, a dar a sua
própria vida, a seguir corajosamente os passos de Jesus.
“O trem desta jornada mundial da Juventude veio de longe e atravessou
nação brasileira seguindo as etapas do projeto “Bote fé”. Hoje chegou ao
Rio de Janeiro. Do alto do Corcovado, o Cristo Redentor nos abraça e nos
abençoa.” Conforme as definições da retórica em Aristóteles estudadas em
sala, neste momento o Papa Francisco utiliza o etos, que é o caráter que o
orador deve assumir para inspirar confiança no auditório.11 E justamente
neste contexto onde ele estava falando com os jovens ele quer passa
confiança que bota fé na juventude católica e que esta do lado deles.
“Vendo esse mar, a praia e todos vocês, me vem á mente o momento
em que Jesus chamou a seus primeiros discípulos ás margens do lago de
Tiberíades. Hoje Jesus continua nos perguntando: Você quer ser meu
discípulo? Você quer ser meu amigo? Você quer ser testemunha do
Evangelho? No centro do Ano da Fé, estas perguntas nos convidam a
renovar o nosso compromisso de cristãos. Suas famílias e comunidades
locais lhes transmitiram o grande dom da fé; Cristo cresceu em vocês. Hoje
quer vir aqui para confirmá-los nesta fé, a fé no Cristo Vivo que habita em
vocês, mas vim também para ser confirmado pelo entusiasmo da fé de
vocês! Vocês sabem que na vida de um bispo há muitos problemas que
exigem ser solucionados.” Segundo a retórica de Aristóteles neste momento
o Papa Francisco utiliza o patos, definido como o conjuntos de emoções,
paixões e sentimentos que o orador deve suscitar no auditório com o seu
discurso.12 O gesto de humildade do papa é o que despertou sentimento e
paixão em todos aqueles jovens que estavam presentes na jornada e
principalmente quando ele convida os jovens a renovar o seu compromisso
cristão. E quando ele se colocar como exemplo para os jovens e diz que ele
estava ali para ser contagiado com o entusiasmo da multidão jovem.

11
12

Reboul Olivier, Introdução à retórica, pag. 48
Ib, Id
21

Saúdo a todos com muito carinho. A vocês aqui presentes, “vindo dos
cinco Continentes,e por meio de vocês, saúdo a todos os jovens do mundo,
em particular aqueles que queriam vir ao Rio de Janeiro e não puderam”.
Na retórica de Aristóteles nesse trecho ele usa um tipo de argumento
Dedução, que vai do universal para o particular, ou seja, quando ele se
refere “a jovens do mundo.” Ele esta universalizando,e quando ele se refere
“ aqueles que queriam vir ao Rio de janeiro e não puderam.” Ele entra no
particular.
“Aos que nos seguem por meio do rádio, da televisão e da internet,a
todos lhe digo: Bem vindos a esta festa de fé! Em diversas partes do
mundo,muitos jovens estão reunidos agora para viver conosco este
momento: Sintamo-nos unidos uns com os outros na alegria,na amizade,na
fé”. Nesse momento do discurso o papa desperta a emoção e a paixão de
todos que acompanha por meio do rádio, da televisão e da internet e
também aqueles que estavam ali presentes ,pois era um momento em que
todos pararam para ouvir o seu primeiro pronunciamento uma frase que
chamou atenção a nós que acompanhava pelos meios de comunicação foi
“muitos jovens estão reunidos agora para viver conosco este momento:
Sintamo-nos unidos uns com os outros na alegria,na amizade,na fé.” Ou
seja mesmo não estando presente na cidade do Rio de janeiro também
estava unidos na alegria,na amizade e na mesma fé, aqui ela usa o patos.
E tenham certeza de que “meu coração os abraça a todos com o afeto
universal”. Nessa frase ele apresenta uma ideia figuradamente através de
figura humana, na qual na retórica é uma alegoria.
Porque o mais importante hoje é esta reunião de vocês e a reunião de
todos os jovens que nos estão seguindo pelos meios de comunicação. “O
Cristo Redentor, de cima do monte corcovado,os acolhe e os abraça”,
Nesse trecho segundo a retórica de Aristóteles é uma prosopopéia aqui ele
atribui a uma característica humana a seres inanimados que também pode
ser chamados de personificação, nesta belíssima cidade do Rio!
22

“Agradeço ao Monsenhor Orani João Tempesta, Arcebispo de São
Sebastião do Rio de Janeiro.”, utiliza-se uma figura de linguagem
metonímia, que é definido como a substituição de uma palavra por outra,
ou seja, o emprego de um nome por outro, quando existe uma relação
lógica, uma proximidade de sentidos que permite essa troca.13 O Papa usa
a expressão “Arcebispo de São Sebastião” para designar a Arquidiocese
que tem como padroeiro São Sebastião. Assim ele se dirige tanto a
Arquidiocese como as suas Paróquias e todos os seus fiéis.
“Aproveito para dizer aqui que os cariocas sabem receber bem, sabem
dar uma grande acolhida.”, identificamos aqui uma Anáfora, definido como
o ato de se elevar, de corrigir. É a repetição da mesma palavra no início de
frases sucessivas,ou de membros sucessivos,em uma mesma frase. Ele a
usa para enriquecer sua fala.Para destacar a boa acolhida recebida pelos
cariocas.Embeleza a sua expressão.
“Meu agradecimento também se dirige a todas as autoridades nacionais,
estaduais e locais.’, nesse caso ele utiliza uma das mais conhecida figura
de som, que é a paronomásia, que consiste em utilizar palavra de
sonoridade parecida e sentidos diferentes.Quando ele se expressa destas
palavras, elas soam como sons quase iguais, no termino de cada palavra,
porém, elas se referem a diferentes tipos de governantes ou nomenclaturas
de formas de governo.
“E aos fiéis leigos que acompanham aos jovens, de diversas partes de
nosso planeta.”, utiliza-se portanto um silogismo, sendo uma figura de
linguagem usual que vai do universal para o universal. É empregado o
silogismo quando ele está se referindo a todos os jovens vindos das
diversas nacionalidades da terra.

13

Notas de aula, Figuras de Linguagem
23

7. Apêndice

FESTA DE ACOLHIDA DOS JOVENS

SAUDAÇÃO DO SANTO PADRE
Praia de Copacabana, Rio de Janeiro
Quinta-feira, 25 de Julho de 2013
DISCURSO DE SAUDAÇÃO

Queridos jovens,
Boa tarde!
Primeiramente quero lhes agradecer pelo testemunho de fé que vocês estão dando
ao mundo. Sempre ouvi dizer que as cariocas não gostam do frio e da chuva, mas
vocês estão mostrando que a fé de vocês é mais forte que o frio e a chuva.
Parabéns. Vocês são verdadeiros guerreiros!Vejo em vocês a beleza do rosto jovem
de Cristo e meu coração se enche de alegria! Lembro-me da primeira Jornada
Mundial da Juventude a nível internacional. Foi celebrada em 1987 na Argentina,
na minha cidade de Buenos Aires. Guardo vivas na memória estas palavras do
Bem-aventurado João Paulo II aos jovens: «Tenho muita esperança em vocês!
Espero, sobretudo, que renovem a fidelidade de vocês a Jesus Cristo e à sua cruz
redentora»(Discurso aos jovens (11 de abril de 1987): Insegnamenti, X/1 (1987),
1261).

[En español:]
Antes de continuar, quisiera recordar el trágico accidente en la Guyana francesa,
que sufrieron los jóvenes que venían a esta Jornada, allí perdió la vida la joven
Sophie Morinière, y otros jóvenes resultaron heridos.
Los invito a hacer un instante de silencio y de oración a Dios, nuestro Padre, por
Sophie, los heridos y sus familiares.
Este año, la Jornada vuelve, por segunda vez, a América Latina. Y ustedes,
jóvenes, han respondido en gran número a la invitación de Benedicto XVI, que los
ha convocado para celebrarla. A él se lo agradecemos de todo corazón. Y a él, que
nos convocó hoy aquí, le enviamos un saludo y un fuerte aplauso. Ustedes saben
que, antes de venir a Brasil, estuve charlando con él. Y le pedí que me acompañara
en el viaje, con la oración. Y me dijo: los acompaño con la oración, y estaré junto
al televisor. Así que ahora nos está viendo. Mi mirada se extiende sobre esta gran
muchedumbre: ¡Son ustedes tantos! Llegados de todos los continentes. Distantes,
a veces no sólo geográficamente, sino también desde el punto de vista existencial,
24

cultural, social, humano. Pero hoy están aquí, o más bien, hoy estamos aquí,
juntos, unidos para compartir la fe y la alegría del encuentro con Cristo, de ser sus
discípulos. Esta semana, Río se convierte en el centro de la Iglesia, en su corazón
vivo y joven, porque ustedes han respondido con generosidad y entusiasmo a la
invitación que Jesús les ha hecho para estar con él, para ser sus amigos.
El tren de esta Jornada Mundial de la Juventud ha venido de lejos y ha atravesado
la Nación brasileña siguiendo las etapas del proyecto “Bota fe - Poned fe”. Hoy ha
llegado a Río de Janeiro. Desde el Corcovado, el Cristo Redentor nos abraza y nos
bendice. Viendo este mar, la playa y a todos ustedes, me viene a la mente el
momento en que Jesús llamó a sus primeros discípulos a orillas del lago de
Tiberíades. Hoy Jesús nos sigue preguntando: ¿Querés ser mi discípulo? ¿Querés
ser mi amigo? ¿Querés ser testigo del Evangelio? En el corazón del Año de la
fe, estas preguntas nos invitan a renovar nuestro compromiso cristiano. Sus
familias y comunidades locales les han transmitido el gran don de la fe. Cristo ha
crecido en ustedes. Hoy quiere venir aquí para confirmarlos en esta fe, la fe en
Cristo vivo que habita en ustedes, pero he venido yo también para ser confirmado
por el entusiasmo de la fe de ustedes. Ustedes saben que en la vida de un obispo
hay tantos problemas que piden ser solucionados. Y con estos problemas y
dificultades, la fe del obispo puede entristecerse, Qué feo es un obispo triste. Qué
feo, que es. Para que mi fe no sea triste he venido aquí para contagiarme con el
entusiasmo de ustedes.
Los saludo con cariño. A ustedes aquí presentes, venidos de los cinco continentes
y, a través de ustedes, saludo a todos los jóvenes del mundo, en particular a
aquellos que querían venir a Río de Janeiro, y no han podido. A los que nos siguen
por medio de la radio, y la televisión e internet, a todos les digo: ¡Bienvenidos a
esta fiesta de la fe! En diversas partes del mundo, muchos jóvenes están reunidos
ahora para vivir juntos con nosotros este momento: sintámonos unidos unos a
otros en la alegría, en la amistad, en la fe. Y tengan certeza de que mi corazón los
abraza a todos con afecto universal. Porque lo más importante hoy es ésta reunión
de ustedes y la reunión de todos los jóvenes que nos están siguiendo a través de
los medios. ¡El Cristo Redentor, desde la cima del monte Corcovado, los acoge y
los abraza en esta bellísima ciudad de Río!
Un saludo particular al Presidente del Pontificio Consejo para los Laicos, el querido
e incansable Cardenal Stanislaw Rilko, y a cuantos colaboran con él. Agradezco a
Monseñor Orani João Tempesta, Arzobispo de São Sebastião do Río de Janeiro, la
cordial acogida que me ha dispensado, además quiero decir aquí que los cariocas
saben recibir bien, saben dar una gran acogida, y agradecerle el gran trabajo para
realizar esta Jornada Mundial de la Juventud, junto a sus obispos auxiliares, con las
diversas diócesis de este inmenso Brasil. Mi agradecimiento también se dirige a
todas las autoridades nacionales, estatales y locales, y a cuantos han contribuido
para hacer posible este momento único de celebración de la unidad, de la fe y de
la fraternidad. Gracias a los Hermanos Obispos, a los sacerdotes, a los
seminaristas, a las personas consagradas y a los fieles laicos que acompañan a los
jóvenes, desde diversas partes de nuestro planeta, en su peregrinación hacia
Jesús. A todos y a cada uno, un abrazo afectuoso en Jesús y con Jesús.
25

[Em Português:]
[Antes de continuar, queria lembrar o trágico acidente na Guiana francesa, no qual
a jovem Sophie Morinière perdeu a vida, e que deixou outros jovens feridos.
Convido-lhes a fazer um minuto de silêncio e dirigir ao Senhor a nossa oração por
Sophie, pelos feridos e pelos familiares.
Este ano, a Jornada volta, pela segunda vez, à América Latina. E vocês, jovens,
responderam numerosos ao convite do Papa Bento XVI, que lhes convocou para
celebrá-la. Agradecemos-lhe de todo coração! A ele que nos convocou hoje aqui,
transmitimos uma saudação e fazemos um grande aplauso. Vocês sabem que
antes de partir para o Brasil falei com ele e lhe pedi que me acompanhasse na
Viagem com a oração. Ele me disse: acompanho vocês com a oração e vou assistir
tudo através da televisão. Deste modo, neste momento, ele nos está vendo. O meu
olhar se estende por esta grande multidão: vocês são muitíssimos! Vocês vêm de
todos os continentes! Normalmente vocês estão distantes não somente do ponto
de vista geográfico, mas também do ponto de vista existencial, cultural, social,
humano. Mas hoje vocês estão aqui, ou melhor, hoje estamos aqui, juntos, unidos
para partilhar a fé e a alegria do encontro com Cristo, de ser seus discípulos. Nesta
semana, o Rio se torna o centro da Igreja, o seu coração vivo e jovem, pois vocês
responderam com generosidade e coragem ao convite que Jesus lhes fez de
permanecerem com Ele, de serem seus amigos.
O «trem» desta Jornada Mundial da Juventude veio de longe e atravessou toda a
Nação brasileira seguindo as etapas do projeto «Bote Fé». Hoje chegou ao Rio de
Janeiro. Do Corcovado, o Cristo Redentor nos abraça e abençoa. Olhando para este
mar, para a praia e todos vocês, me vem ao pensamento o momento em que Jesus
chamou os primeiros discípulos a segui-lo nas margens do lago de Tiberíades. Hoje
Jesus ainda pergunta: Você quer ser meu discípulo? Você quer ser meu amigo?
Você quer ser testemunha do meu Evangelho? No coração doAno da Fé, estas
perguntas nos convidam a renovar o nosso compromisso de cristãos. Suas famílias
e comunidades locais transmitiram a vocês o grande dom da fé; Cristo cresceu em
vocês. Hoje, vim para lhes confirmar nesta fé, a fé no Cristo Vivo que mora dentro
de vocês; mas vim também para ser confirmado pelo entusiasmo da fé de vocês!
Vocês sabem que na vida de um bispo existem muitos problemas que devem ser
resolvidos. E com estes problemas e dificuldades a fé do bispo corre o risco de
desanimar. Que tristeza é um bispo desanimado! Que tristeza! Para que a minha fé
não seja desanimada vim aqui para ser contagiado pelo entusiasmo de todos
vocês!
Saúdo a todos com muito carinho. A vocês, aqui congregados dos cinco
Continentes e, por meio de vocês, a todos os jovens do mundo, particularmente
aqueles que não puderam vir ao Rio de Janeiro, mas estão em ligação conosco
através do rádio, televisão e internet, digo: bem-vindos a esta grande festa da fé!
Em várias partes do mundo, neste mesmo instante, muitos jovens estão reunidos
para viver juntos este momento: sintamo-nos unidos uns com os outros, na
26

alegria, na amizade, na fé. E tenham a certeza: o meu coração de Pastor abraça a
todos com afeto universal. Porque o mais importante hoje é esta reunião de todos
os jovens que nos estão seguindo através dos meios de comunicação. O Cristo
Redentor, do alto da montanha do Corcovado, lhes acolhe na Cidade Maravilhosa.
Quero saudar o Presidente do Pontifício Conselho para os Leigos, estimado Cardeal
Stanisław Ryłko, e todos aqueles que com ele trabalham. Agradeço a Dom Orani
João Tempesta, Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro, pela cordialidade
com que me recebeu — e desejo acrescentar que os cariocas sabem receber bem,
sabem oferecer um bom acolhimento — e pelo grande trabalho realizado para
preparar esta Jornada Mundial da Juventude, junto com as diversas dioceses desse
imenso Brasil. Agradeço a todas autoridades nacionais, estaduais e locais, além de
outros envolvidos, para concretizar esse momento único de celebração da unidade,
da fé e da fraternidade. Obrigado aos Irmãos no Episcopado, aos sacerdotes,
seminaristas, pessoas consagradas e fiéis que acompanham os jovens de
diferentes partes do nosso planeta, na sua peregrinação rumo a Jesus. A todos e a
cada um meu abraço afetuoso em Jesus e com Jesus.
Irmãos e amigos, bem-vindos à vigésima oitava Jornada Mundial da Juventude,
nesta cidade maravilhosa do Rio de Janeiro!]

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Trabalho 2ºgq retórica e oratória

  • 1. 4 1. Definição de Retórica Há muito tempo atrás, na Grécia antiga, a Retórica já estava presente entre filósofos e oradores. Sua função e seu legado mudaram no decorrer dos anos, porém, ela sempre esteve presente em todos os povos e suas línguas. Em seus primórdios, a retórica tinha por função avaliar principalmente peças de oratória de pregadores religiosos e políticos. Nos dias de hoje, a Análise Retórica permite identificar elementos de persuasão presentes em qualquer tipo de comunicação. A partir do conhecimento destes pensadores antigos e da sistematização dos conhecimentos até então produzidos, é Aristóteles quem desenvolve suas próprias reflexões, organizando um sistema retórico valorizado ainda hoje nos estudos sobre retórica e argumentação. Sua função é persuadir, levar a crer em algo.1 Primeiramente, vale ressaltar o que objetiva a retórica, que justamente é a técnica de convencer o interlocutor através da oratória, ou outros meios de comunicação e ainda não visa distinguir o que é verdadeiro ou certo, mas sim fazer com que o próprio receptor da mensagem chegue sozinho à conclusão, de que a ideia implícita no discurso representa o verdadeiro ou o certo. Classicamente, o discurso no qual se aplica a retórica é verbal, mas há também o discurso escrito e o discurso visual, no entanto, veremos simultaneamente os três modos ao longo desse trabalho, tendo como caso, o Discurso do Papa Francisco na Abertura da Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em julho de 2013. A retórica aristotélica, de certa forma herdeira daquela de Sócrates, procura fazer o interlocutor convencer-se de que o emissor está correto, através de seu próprio raciocínio. Retórica não visa distinguir o que é verdadeiro ou certo mas sim fazer com que o próprio receptor da mensagem chegue sozinho à conclusão de que a ideia implícita no discurso representa o verdadeiro ou o certo. 1 Luis Rohden, O poder da linguagem: A arte retórica de Aristóteles.
  • 2. 5 Em suma a retórica:  Visa provocar a adesão do auditório;  É do domínio do verosímil, do plausível, do provável;  As conclusões são sugeridas;  Caracteriza-se pela equivocidade própria da linguagem natural;  Permite uma pluralidade de interpretações pela riqueza da linguagem natural;  Apresenta razões pró ou contra uma determinada tese;  É dependente da matéria ou do conteúdo;  É pessoal, pois dirige-se a indivíduos em relação aos quais se esforça por obter adesão;  É contextualizada;  Domina a intersubjectividade;  É dependente do orador e do auditório.
  • 3. 6 2. Introdução A retórica sempre esteve presente nas civilizações. Desde a Grécia Antiga até os dias de hoje ela ainda é usada e estudada. Na religião, é uma formidável fonte de expressão. Foi através da retórica do Papa João Paulo II que conseguiu ganhar notoriedade e se envolver em casos muito além da religião no século XX, ele foi considerado um papa que se utilizou do político e consolidou um novo status para a Igreja Católica. As relações de poder internas na Santa Sé também apresentam caráter político e, conseqüentemente, refletem nas ações externas ao Vaticano. De diversas vezes, os fatos históricos – esse modo de o passado se fazer sempre presente – abandona o calendário. No caso do pontificado do papa Francisco é razoável falar em um descompasso dessa ordem. Sua escolha para exercer o ministério Petrino foi anunciada ao mundo no dia 13 de março deste ano. No entanto, não é exagero afirmar que a eleição do então arcebispo de Buenos Aires Jorge Mário Bergoglio, teve início numa prévia do conclave, a Congregação-Geral dos Cardeais. Como membro da Companhia de Jesus, a combativa ordem fundada por Inácio de Loyola (1491-1556), Bergoglio considera-se, antes de tudo, um missionário – assim, não surpreende sua insistência para que o sucessor de Bento XVI fortalecesse o caráter evangelizador e missionário da Igreja. Os brasileiros puderam ver de perto como Francisco segue o que pregara. E como faz isso com um misto de leveza e vigor, simplicidade e capacidade de convencimento. O alcance de suas palavras parece decorrer de uma soma de atributos: apoiadas numa linguagem coloquial, elas transmitem a certeza de estar sendo ditas por alguém honesto. É ao caráter moral que o discurso deve quase todo o seu poder de persuasão2. A construção de uma imagem de si capaz de garantir o êxito de um pronunciamento – aquilo que os gregos chamavam de ethos – não se distanciaria, portanto, da honestidade do orador. 2 Aristóteles na obra em que estuda a retórica, a arte da oratória
  • 4. 7 “Papa Francisco é o pontífice dos atos simples e da conversa cotidiana, diferente de João Paulo Il, papa de grandes gestos, como beijar o chão dos países que visitava, e de Bento XVI, mais contido, tímido, e intelectualizado”, diz o monsenhor Antonio Luiz Catelan Ferreira, assessor da CNBB e professor de teologia da PUC-PR. “Ele se dirige às pessoas como um amigo e, com isso, consegue trazê-las para perto de si – do ponto de vista afetivo e das idéias que defende.” Quando se olha a construção milenar da Igreja Católica, o papa dos pobres, com apenas pouco mais de sete meses de mandato, ganha contornos extraordinários. “Francisco representa uma síntese das duas grandes matrizes espirituais do catolicismo, a teologia da cruz, que vem de São Boaventura, inspirado em São Francisco, e a teologia da justiça, de São Tomás de Aquino, que insiste na ação sócio-política”, afirma o cientista da religião Afonso Soares, professor livre-docente da PUC de São Paulo. “Ele caminha nessas duas direções.”
  • 5. 8 3. Discurso de abertura - (MONS. GUIDO MARINI) Boa tarde, queridos irmãos e irmãs, agremiados e agremiadas dessa tão valiosa instituição de ensino! Com enorme alegria, vim de Roma para compartilhar esse momento com vocês, de grande estima intelectual e acadêmica. Nesta tarde, à convite da Excelentíssima Profa. Dra. Eleonoura Enoque da Silva, vamos adentrar na Retórica de sua Santidade, O Papa Francisco, cardeal latino-americano escolhido em março deste ano para suceder o Papa emérito Bento XVI no ministério Petrino. O meu envio aqui de sua parte, de forma até inesperada, tem por objetivo, conversarmos sobre o seu discurso realizado durante a abertura da 28ª Jornada Mundial da Juventude, realizada neste país em julho deste ano. "Francisco, vai e repara a minha casa". Foi uma das frases mais compartilhadas no Facebook, assim que houve a primeira aparição do pontífice. Parecia ser a eleição de mais um papa, até mesmo para os católicos mais fervorosos. Quando de repente, por um nome, tudo mudou. Francisco!! O perfeito marketing, num período de crise. Essa possibilidade foi excluída, quando o papa, de um passado até então desconhecido, continuou com o mesmo discurso, o mesmo olhar. Lançou sobre o mundo um olhar de esperança e convidou-nos a fazer o mesmo. Ficamos felizes em receber alguns colegas de vocês no vaticano nos últimos dias, diante de inúmeros compromissos, abrimos uma exceção para recebê-los e ajudá-los no que fosse possível para o bom êxito desde trabalho acadêmico, e assim fomos informados, que vocês aqui estavam com os corações ardentes e desejosos por este momento, almejavam ardentemente conhecer melhor a trajetória da vida de Francisco, o que ele viveu, como viveu e de que forma escutou a voz do Senhor para tornar-se um sacerdote de sua igreja. Antes de adentrarmos na retórica propriamente desempenhada por ele, nos deteremos por alguns instantes, nos principais fatos que delinearam a trajetória de vida do sumo pontífice.
  • 6. 9 4. Biografia de Jorge Mário Bergoglio Nascido em Buenos Aires, capital da Argentina, em 17 de dezembro de 1936, Jorge Mário Bergoglio estudou normalmente em sua adolescência antes de despertar sua vocação para a vida religiosa. Nasceu numa família de imigrantes italianos. O seu pai, Mário Bergoglio, nascido em Porta comaro, era um trabalhador ferroviário e sua mãe, nascida em Buenos Aires de pais genoveses, era dona de casa. O seu pai também jogava basquetebol no San Lorenzo, um dos cinco grandes do futebol argentino e cujas origens haviam sido impulsionadas por um padre. Jorge tornar-se-ia torcedor do San Lorenzo, já tendo afirmado que não perdeu nenhum jogo do título argentino de 1946, quando tinha então dez anos. Em carta aos dirigentes do clube que o visitaram uma semana após tornar-se Papa, relembrou: "Tem vindo à minha memória belas recordações, começando desde a minha infância. Segui, aos dez anos, a gloriosa campanha de 1946. Aquele gol de Pontoni!". Nascido e criado no bairro de Lores, atual sede do San Lorenzo, Jorge Bergoglio fez graduação e mestrado em química, na Universidade de Buenos Aires. Na juventude, teve uma doença respiratória que numa operação de remoção lhe fez perder um pulmão. Durante a sua adolescência, teve uma namorada, chamada Amália, e segundo ela, Bergoglio chegou a pedi-la em casamento durante uma época, tendo ele inclusive afirmado que, do contrário, se ela não aceitasse, se tornaria padre. Seus amigos de adolescência contam que, aos 17 anos, já perambulava pelo bairro onde morava, visitando áreas mais pobres. “Ele se interessava pelas causas sociais antes mesmo de se dar conta disso”, diz Pablo Romano, amigo de colégio. Francisco nunca deixou de andar a pé. “O fato de não usar carro permitia criar mais laços com a comunidade e enxergar questões que ele de outra forma não veria”, diz Evangelina. Nas palavras do próprio papa, “andar pela rua e misturar-se ao povo esclarece e humaniza”. Para as pessoas comuns, o exercício de caminhar e se misturar amplia o senso de realidade e
  • 7. 10 ajuda a tomar pulso da cidade e da sociedade em que se vive. Ainda é na rua que a vida pública acontece, com suas alegrias e contradições. Quem não quer se distanciar da maioria da sociedade em que vive deveria caminhar pelas ruas com frequência – ainda que elas não estejam na aprazível Buenos Aires. “Quando éramos crianças, Jorge nunca foi o líder do grupo. Mas sempre teve muitos amigos”, diz sua irmã Maria Helena. O papa Francisco manteve o hábito de infância na vida adulta. Para amigos próximos, telefona com frequência religiosa. Com outros, mantém contatos ao menos anuais, ou em época de campeonato de futebol. “A amizade é uma grande dádiva de Deus”, disse ele, em carta a jovens de um seminário argentino. “Com ela, podemos conhecer o amor da diferença, sem barreiras, da ternura permanente. Deus não é mesmo maravilhoso?” Para o papa Francisco, a amizade é uma relação transformadora, de profundo engajamento, que requer atenção e doação. Em tempos de enorme trivialidade, como o nosso, essa é uma lição transformadora. Amizade não é apenas uma forma de entretenimento. Amigo não é apenas quem ri com você, mas quem conhece suas fraquezas, divide suas dúvidas e partilha suas dificuldades. Ingressou no noviciado da Companhia de Jesus em março de 1958. Fez o juniorado em Santiago, Chile. Como jesuíta, Bergoglio fez dois votos: não aspirar cargos importantes e obedecer ao papa. “Prevaleceu o segundo, porque chegou ao Vaticano por convocação do papa”, diz o vice-provincial Andres Aguille. Graduou-se em Filosofia em 1960, na Universidade Católica de Buenos Aires. Entre os anos 1964 e 1966, ensinou Literatura e Psicologia, no Colégio Imaculada, na Província de Santa Fé, e no Colégio do Salvador, em Buenos Aires. Graduou-se em Teologia em 1969. Recebeu aordenação presbiteral no dia 13 de dezembro de 1969, pelas mãos de Dom Ramón José Castellano. Emitiu seus últimos votos na Companhia de Jesus em 1973. Em 1973 foi nomeado Mestre de Noviços, no Seminário da Villa Barilari, em San Miguel. No mesmo ano foi eleito superior provincial dos jesuítas, na Argentina. Em 1980, após o período do provincialato, retornou a San Miguel, para ensinar em uma escola dos jesuítas.
  • 8. 11 No período de 1980 a 1986 foi reitor da Faculdade de Filosofia e Teologia de San Miguel. Após seu doutorado na Alemanha, foi confessor e diretor espiritual em Córdoba. Além do espanhol, fala fluentemente italiano, alemão, francês e inglês, tendo razoáveis conhecimentos de português. Jorge Mario Bergoglio dividiu seu tempo entre vida religiosa e acadêmica. Foi reitor da Faculdade de San Miguel por seis anos e recebeu o título de Doutor na Alemanha. Em 1992, foi nomeado bispo. Em 1997, foi elevado a arcebispo e passou a chefiar a arquidiocese de Buenos Aires. Seu trabalho foi reconhecido pelo Papa João Paulo II que o nomeou cardeal em 2001. Perguntaram certa vez ao bispo Jorge Bergoglio, futuro papa Francisco, o que ele levaria correndo em caso de incêndio. Sem hesitar, ele respondeu “a agenda e o breviário”. No breviário, organizava suas obrigações como sacerdote. A agenda continha seu bem mais precioso, os dados de centenas de pessoas com quem ele se relacionava, de preferência pessoalmente. A vida do homem que viria a ser papa é marcada por uma relação intensa e generosa com todos ao seu redor. Isso fez com que ele deixasse marcas na vida de milhares de pessoas. Quando anunciou que seria padre, aos 19 anos, três amigas choraram, antecipando sua ausência do bairro e da turma. Uma mãe que perdeu a filha de 24 anos num acidente se lembra do e-mail, totalmente inesperado, que recebeu do cardeal Bergoglio. Um operário se lembra com orgulho de que ele se sentou a sua mesa para comer com sua família. Na agenda de Francisco há artistas, militantes, políticos, sindicalistas e empresários, assim como catadores de papel e imigrantes ilegais. A mensagem da vida voltada para os outros é que é possível, talvez necessário, envolver-se com aqueles que estão a nosso redor. Sair da zona de conforto da família e participar da vida de mais gente – e convidá-las a fazer parte de nossa vida. O Cardeal Jorge Mario Bergoglio foi membro da Congregação para o Culto Divino e para a Disciplina dos Sacramentos, membro da Congregação para o Clero e da Congregação para os Institutos da Vida Consagrada e das
  • 9. 12 Sociedades da Vida Apostólica e foi membro também do Conselho Pontifício para a Família e da Comissão Pontifícia para a América Latina. Jorge Mario Bergoglio foi eleito papa pelo conclave no dia 13 de março de 2013, no segundo dia do conclave, para ser o sucessor do Papa Bento XVI, que renunciou ao cargo no dia 28 de fevereiro. O cardeal argentino já era cotado para assumir o papado em 2005, no conclave que elegeu o cardeal Joseph Ratzinger, mas sua posse foi prorrogada. Em 2013, ele se tornou o primeiro papa latino-americano da história da Igreja Católica, assumindo o nome de Papa Francisco (será chamado de Francisco I apenas quando existir Francisco II, segundo o Vaticano). Francisco é o 266º (ducentésimo sexagésimo sexto) papa da história da Igreja Católica. Parece, contudo, que o Papa Francisco não oferecerá nenhuma mudança em relação às posturas mais conservadoras da Igreja Católica, motivo pelo qual alguns críticos a consideram uma instituição ultrapassada. Mas a devoção que apresenta por São Francisco de Assis deixa a esperança de que atue mais efetivamente no combate a pobreza.
  • 10. 13 5. Discurso Papa Francisco – UNICAP 06/11/2013 Queridos irmãos e irmãs, Boa tarde! Saúdo com estima o Reitor desta instituição de ensino, Prof. Dr. Pe. Pedro Rubens Ferreira Oliveira; e os pró-reitores Acadêmico, Aline Grego, e Administrativo, Luciano Pinheiro. Saúdo, também, com gratidão, o Coordenador deste curso, Prof. Danilo Vaz Curado Ribeiro de Menezes Costa, e a Professora de Retórica aqui presente, a Profa. Dra. Eleonoura Enoque da Silva, os agremiados, seminaristas e os demais irmãos e irmãs. Todos nós somos convidados a olhar o mundo com esperança, assemelhando-se ao semeador que saiu a semear sem escolher onde, todos os lugares poderiam ter sido terra boa. Hoje podemos nos questionar. Que tipo de terreno somos? E qual queremos ser? Inúmeras vezes somos o caminho que escuta o Senhor, mas na nossa vida não muda nada, pois nos deixamos intimidar por tantos apelos superficiais que escutamos. Ou pior, temos entusiasmo, porém não temos coragem de remar contra a corrente. E quantas vezes deixamos que a Palavra de Deus fosse sufocada pelas paixões negativas? Apesar de tudo, queremos ser terra boa, cristãos de verdade e não pela metade, "engomadinhos". Olhar significa oferecer ao Senhor o melhor que temos e que somos. Conta-se que, certa vez, perguntaram para Madre Tereza de Calcutá o que se devia fazer para mudar a Igreja. Por onde começar? Por qual parede? Ela virou-se e respondeu claramente: por ti e por mim. Hoje, a mídia condena a Igreja Católica por estar em uma crise de valores. Propõe-se grandes reformas em questões ideológicas. E agora eu pergunto: por onde começar? Partimos de onde? Vocês são convidados a estar aqui nesta agremiação todas as tardes, e pelo menos duas vezes na semana, praticando a arte da retórica e oratória, tão cara e tão rara nesta sociedade do subjetivismo e das frases curtas das redes sociais. Expor ideias, defender argumentos, discutir soluções, do
  • 11. 14 corriqueiro, tornou-se banal, tornou-se surpéfluo, isso sim, caracteriza um perda considerável de valores, de identidade, de personalidade, de caráter, de sentimentos. Sejamos nós os verdadeiros protagonistas de uma sociedade que reviva os verdadeiros valores que se insurgem através de um diálogo sincero, que olhe no olho e sinta com o coração as diferenças e as fraquezas do próximo. Na caminho da Retórica proposta por mim, somos conduzidos ao abraço. O amor é manifestado neste gesto concreto. O abraço de Jesus, realizado na cruz, é uma cena forte que leva a nós, cristãos, a uma profunda reflexão. Jesus, com sua cruz, atravessa nossos caminhos e carrega os nossos medos, os nossos problemas e sofrimentos. Abraçar é um gesto muito significativo, nos dias de ontem e de hoje. Na cruz, o abraço de Jesus, está o sofrimento, o pecado do homem, e o nosso também. E nos diz: "Eu venci a morte, para dar-lhes esperança, dar-lhe a vida!" (João 3,16). Por fim, quero falar-lhes do princípio do serviço. Devemos estar disponíveis e sensíveis ao chamado de Cristo. Caminhar, implica em deixar pegadas, para que outras pessoas encontrem o caminho, por isso a importância da coerência na vida. Partilhar a experiência de fé, testemunhar a fé, anunciar o Evangelho é o mandato que o Senhor nos confia, é a missão desta agremiação, de vós seminaristas! O Senhor não somente nos envia, mas nos acompanha, está sempre junto de nós, nesta missão de amor. Queridos irmãos agremiados, seminaristas e estimadas irmãs, seguindo estes passos, perceberemos que quem evangeliza é evangelizado, quem transmite a alegria da fé, recebe mais alegria ainda. Estimados! A Retórica abre-se para todos nós, é um caminho que pode e deve ser percorrido. Sejamos nós, esses protagonistas com esperança e entusiasmo. Recordemos agora através desse vídeo, o discurso proferido por mim, na ocasião da Abertura da Jornada Mundial da Juventude neste país tão rico na Fé, no qual analisaremos os trechos e as práticas retóricas que foram por mim inseridas. Trago grandes recordações e, até hoje, três meses depois, me
  • 12. 15 enriqueço no ministério e na missão que o Senhor me confiou, pelo o olhar brilhante de cada jovem que me encantou de maneira tal, e me fez voltar de forma inesperada, não programada, repentina, para estar aqui com vocês essa tarde. Aproveitemos então bem esse momento de considerável valor acadêmico para todos nós.
  • 13. 16 6. Análise Retórica do Discurso de Abertura da 28º JMJ Antes de tudo, vale ressaltar o que objetiva a retórica, que é justamente a técnica de convencer o interlocutor através da oratória, ou outros meios de comunicação e ainda não visa distinguir o que é verdadeiro ou certo, mas sim fazer com que o próprio receptor da mensagem chegue sozinho à conclusão, de que a ideia implícita no discurso representa o verdadeiro ou o certo. Classicamente, o discurso no qual se aplica a retórica é verbal, mas há também o discurso escrito e o discurso visual, no entanto, veremos simultaneamente os três modos ao longo desse trabalho, tendo como caso, o Discurso do Papa Francisco na Abertura da Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em julho de 2013. Inicialmente, devem-se levar em consideração os três gêneros do discurso (Judiciário, Deliberativo e Epidíctico) segundo Aristóteles, isso se dá justamento pelo fato da existência de três espécies de auditório3, é a necessidade de adaptar-se a eles que confere traços específicos a cada gênero, e que segundo (Reboul, 1998, p.45) o discurso epidíctico refere-se ao presente, pois o orador propõe-se à admiração dos espectadores, ainda que extraia argumentos do passado e do futuro. É o que nos vemos nesse discurso do Papa Francisco, no qual o exórdio do seu discurso epidíctico, inicia-se logo com um agradecimento “Primeiramente quero lhes agradecer pelo testemunho de fé que vocês estão dando ao mundo.” Dirigi-se aos jovens ali presente, o público alvo, principal ao qual ele irá dirigir as suas palavras, e que a Jornada Mundial da Juventude, não é mais do que um verdadeiro testemunho de Fé para o mundo através dos jovens. Em seguida ele profere um argumento do tipo falácia na denominação de generalização apressada, quando afirma: “Sempre ouvi dizer que as cariocas não gostam do frio e da chuva, mas vocês estão mostrando que a fé de vocês é mais forte que o frio e a chuva.” E ainda pode-se identificar uma comparação no qual ele fala que a Fé dos jovens é mais forte do que o frio e a chuva. Logo em seguida, ele dá um exemplo, no tipo de fato histórico: “Lembro-me da primeira Jornada Mundial da Juventude a nível internacional. Foi 3 Aristóteles, (Retórica, 1358 a)
  • 14. 17 celebrada em 1987 na Argentina, na minha cidade de Buenos Aires.”, justamente para trazer a tona a origem do evento, mostrar a inspiração de Deus que moveu o então Beato João Paulo II a realizar a primeira jornada mundial da juventude, um evento do coração de Deus. Ao fazer uma forte referência ao Beato João Paulo II, usando uma citação proferida pelo próprio beato na primeira jornada, no qual ele disse: “Tenho muita esperança em vocês, e espero que renovem a fidelidade de vocês a Jesus Cristo e à sua cruz redentora.” E assim, podemos concluir que ele utilizou a figura de pensamento Alusão, que é definida como uma referência a um fato, a uma pessoa real ou fictícia, conhecida do interlocutor 4, ou seja, ele fez questão de utilizar essa citação, devido o carinho e a popularidade que o Beato João Paulo II muito bem cativou os jovens do mundo inteiro durante o seu pontificado. Em seguida, ele lembra de um acidente ocorrido com uns jovens que estavam a caminho da Jornada, através do trecho: “Queria lembrar o trágico acidente na Guiana francesa, no qual a jovem Sophie Morinière perdeu a vida, e que deixou outros jovens feridos” , dessa forma, podemos considerar que essa afirmação figura um apelo falacioso Apelo à piedade, que é reconhecida quando se apela a piedade ou a compaixão para se conseguir que uma determinada conclusão seja aceita, esta podendo ser legítimo ou falacioso, dependendo se as circunstâncias atenuantes, seguindo se alega são realmente relevantes para o caso5, e nesse caso, é um apelo legítimo, pois o caso realmente aconteceu. Na maioria dos casos, vemos esse apelo ocorrer de maneira ridícula, que não é esse caso. E ainda quando ele afirma que a Jovem “Sophie Morinière perdeu a vida”, ele utiliza uma figura de linguagem chamada Eufemismo, que consiste em suavizar palavras ou expressões que são desagradáveis.6 Veremos em seguida no próximo parágrafo, que neste trecho prevalece o tipo do discurso o patos, é denominado um conjunto de emoções, paixões e Notas de aula, Tópicos em Teoria da Argumentação, pag. 14 Ib. id, pag. 07 6 Notas de aula, Figuras de Linguagem. 4 5
  • 15. 18 sentimentos que o orador deve suscitar no auditório com seu discurso.7 Evidencia-se, ainda mais, quando o Papa Francisco utiliza de forma significante, o recurso da psicologia para conquistar o seu público, a juventude. Uma prova intrínseca é usada quando ele sita que esteve com o Papa Emérito Bento XVI, e a reação dos jovens mostra-nos toda a confiabilidade as pessoas do Papa Francisco e a do Papa Emérito Bento XVI, como podemos presenciar através do vídeo, a alegria e a euforia de todos os jovens que ali estão. Sua linguagem simples e apropriada para o grande público jovem, conquista a todos, e a prova desta conquista é a resposta dos jovens que gritam: essa é a Juventude Papa! Essa é a juventude Papa!. Sua Santidade o Papa Francisco, usa uma figura de linguagem muito conhecida, a metáfora quando ele diz: “O Rio se transforma no centro da Igreja, em seu coração vivo e jovem...”, essa figura de linguagem é a palavra ou expressão que produz sentidos figurados por meio de comparações implícitas8. Essa frase, ainda, tem sinais de uma Hipérbole, que é um exagero intencional com a finalidade de tornar mais expressiva à ideia. Quando o Papa Afirma que: “O trem desta jornada mundial da Juventude veio de longe e atravessou nação brasileira seguindo as etapas do projeto Bote fé”, ele retoma a utilização da figura de linguagem Metáfora, que conforme já vimos, é o emprego de uma palavra com o significado de outra em vista de uma relação de semelhanças entre ambas e ainda como uma comparação abreviada. Segundo as definições de retórica estudada em sala de aula, podemos perceber que o Papa Francisco utiliza a metáfora, para enfatizar o fato de que os trabalhos de preparação da jornada mundial da juventude passou por vários pais, estados e cidades, que teve toda uma organização e um projeto para que acontecesse a jornada. “Do alto do Corcovado, o Cristo Redentor nos abraça e nos abençoa.”, com isso ele utiliza a figura de linguagem Prosopopéia, que é justamente uma figura que atribui características humanas a seres inanimados, também pode 7 8 Notas de aula, Figuras de linguagens Ib, Id
  • 16. 19 ser chamá-la de personificação9, neste momento o Papa Francisco utiliza uma prosopopeia quando se refere ao Cristo Redentor que abraça e abençoa os jovens que estava presente na jornada. “Vendo esse mar, a praia e todos vocês, me vem á mente o momento em que Jesus chamou a seus primeiros discípulos ás margens do lago de Tiberíades.”, ele utiliza a figura de linguagem Comparação, que é a figura que consiste em identificar dois objetos a partir de uma característica comum. Neste momento ele utiliza a figura de palavra comparação, quando ele ver o mar, a praia e todos os jovens, lembra-se da passagem do evangelho onde Jesus nas margens do lago Tiberíades, Chamou os seus primeiros discípulos para a missão, e assim ele compara a jornada mundial como um despertar nos jovens para serem discípulos de Jesus Cristo. E convida todos para continuar a missão de anuncia a boa nova. “Cristo cresceu em você.”, ele utiliza novamente a figura de linguagem Metáfora, cuja definição já vimos anteriormente. Segundo a retórica de Aristóteles, ele utiliza uma metáfora que tem como fundamento uma comparação, que diante da multidão que estava presente na jornada mundial, jovens de todas as partes do continente que descerão sim ao projeto de Deus e deixarão que cristo agisse neles. Portanto o cristo cresceu dentro dele, pois os jovens abrirão o coração para que Cristo podes se fazer morada. “É muito feio um bispo triste. É feio.”, ele utiliza a figura de construção Anáfora, no qual consiste na repetição de uma palavra ou expressão para reforçar o sentido, contribuindo para uma maior expressividade.10 Neste momento o papa Francisco, utiliza uma figura de construção á anáfora,quando ele diz é muito feio um bispo triste, é feio ele fala e depois reafirma reforçar a sua colocação para os jovens. “Hoje Jesus continua nos perguntando: Você quer ser meu discípulo? Você quer ser meu amigo? Você quer ser testemunha do Evangelho?”, ele utiliza a figura de Oratória Comunicação, que é definido quando o orador parece consultar os ouvintes, predispondo-os receber como justo o que vai 9 Notas de aulas, figuras de Linguagem Ib, Id 10
  • 17. 20 dizer.É quando o Papa Francisco, pergunta aos jovens se querer servir a Jesus Cristo, se então disposto a dar testemunho do evangelho, a dar a sua própria vida, a seguir corajosamente os passos de Jesus. “O trem desta jornada mundial da Juventude veio de longe e atravessou nação brasileira seguindo as etapas do projeto “Bote fé”. Hoje chegou ao Rio de Janeiro. Do alto do Corcovado, o Cristo Redentor nos abraça e nos abençoa.” Conforme as definições da retórica em Aristóteles estudadas em sala, neste momento o Papa Francisco utiliza o etos, que é o caráter que o orador deve assumir para inspirar confiança no auditório.11 E justamente neste contexto onde ele estava falando com os jovens ele quer passa confiança que bota fé na juventude católica e que esta do lado deles. “Vendo esse mar, a praia e todos vocês, me vem á mente o momento em que Jesus chamou a seus primeiros discípulos ás margens do lago de Tiberíades. Hoje Jesus continua nos perguntando: Você quer ser meu discípulo? Você quer ser meu amigo? Você quer ser testemunha do Evangelho? No centro do Ano da Fé, estas perguntas nos convidam a renovar o nosso compromisso de cristãos. Suas famílias e comunidades locais lhes transmitiram o grande dom da fé; Cristo cresceu em vocês. Hoje quer vir aqui para confirmá-los nesta fé, a fé no Cristo Vivo que habita em vocês, mas vim também para ser confirmado pelo entusiasmo da fé de vocês! Vocês sabem que na vida de um bispo há muitos problemas que exigem ser solucionados.” Segundo a retórica de Aristóteles neste momento o Papa Francisco utiliza o patos, definido como o conjuntos de emoções, paixões e sentimentos que o orador deve suscitar no auditório com o seu discurso.12 O gesto de humildade do papa é o que despertou sentimento e paixão em todos aqueles jovens que estavam presentes na jornada e principalmente quando ele convida os jovens a renovar o seu compromisso cristão. E quando ele se colocar como exemplo para os jovens e diz que ele estava ali para ser contagiado com o entusiasmo da multidão jovem. 11 12 Reboul Olivier, Introdução à retórica, pag. 48 Ib, Id
  • 18. 21 Saúdo a todos com muito carinho. A vocês aqui presentes, “vindo dos cinco Continentes,e por meio de vocês, saúdo a todos os jovens do mundo, em particular aqueles que queriam vir ao Rio de Janeiro e não puderam”. Na retórica de Aristóteles nesse trecho ele usa um tipo de argumento Dedução, que vai do universal para o particular, ou seja, quando ele se refere “a jovens do mundo.” Ele esta universalizando,e quando ele se refere “ aqueles que queriam vir ao Rio de janeiro e não puderam.” Ele entra no particular. “Aos que nos seguem por meio do rádio, da televisão e da internet,a todos lhe digo: Bem vindos a esta festa de fé! Em diversas partes do mundo,muitos jovens estão reunidos agora para viver conosco este momento: Sintamo-nos unidos uns com os outros na alegria,na amizade,na fé”. Nesse momento do discurso o papa desperta a emoção e a paixão de todos que acompanha por meio do rádio, da televisão e da internet e também aqueles que estavam ali presentes ,pois era um momento em que todos pararam para ouvir o seu primeiro pronunciamento uma frase que chamou atenção a nós que acompanhava pelos meios de comunicação foi “muitos jovens estão reunidos agora para viver conosco este momento: Sintamo-nos unidos uns com os outros na alegria,na amizade,na fé.” Ou seja mesmo não estando presente na cidade do Rio de janeiro também estava unidos na alegria,na amizade e na mesma fé, aqui ela usa o patos. E tenham certeza de que “meu coração os abraça a todos com o afeto universal”. Nessa frase ele apresenta uma ideia figuradamente através de figura humana, na qual na retórica é uma alegoria. Porque o mais importante hoje é esta reunião de vocês e a reunião de todos os jovens que nos estão seguindo pelos meios de comunicação. “O Cristo Redentor, de cima do monte corcovado,os acolhe e os abraça”, Nesse trecho segundo a retórica de Aristóteles é uma prosopopéia aqui ele atribui a uma característica humana a seres inanimados que também pode ser chamados de personificação, nesta belíssima cidade do Rio!
  • 19. 22 “Agradeço ao Monsenhor Orani João Tempesta, Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro.”, utiliza-se uma figura de linguagem metonímia, que é definido como a substituição de uma palavra por outra, ou seja, o emprego de um nome por outro, quando existe uma relação lógica, uma proximidade de sentidos que permite essa troca.13 O Papa usa a expressão “Arcebispo de São Sebastião” para designar a Arquidiocese que tem como padroeiro São Sebastião. Assim ele se dirige tanto a Arquidiocese como as suas Paróquias e todos os seus fiéis. “Aproveito para dizer aqui que os cariocas sabem receber bem, sabem dar uma grande acolhida.”, identificamos aqui uma Anáfora, definido como o ato de se elevar, de corrigir. É a repetição da mesma palavra no início de frases sucessivas,ou de membros sucessivos,em uma mesma frase. Ele a usa para enriquecer sua fala.Para destacar a boa acolhida recebida pelos cariocas.Embeleza a sua expressão. “Meu agradecimento também se dirige a todas as autoridades nacionais, estaduais e locais.’, nesse caso ele utiliza uma das mais conhecida figura de som, que é a paronomásia, que consiste em utilizar palavra de sonoridade parecida e sentidos diferentes.Quando ele se expressa destas palavras, elas soam como sons quase iguais, no termino de cada palavra, porém, elas se referem a diferentes tipos de governantes ou nomenclaturas de formas de governo. “E aos fiéis leigos que acompanham aos jovens, de diversas partes de nosso planeta.”, utiliza-se portanto um silogismo, sendo uma figura de linguagem usual que vai do universal para o universal. É empregado o silogismo quando ele está se referindo a todos os jovens vindos das diversas nacionalidades da terra. 13 Notas de aula, Figuras de Linguagem
  • 20. 23 7. Apêndice FESTA DE ACOLHIDA DOS JOVENS SAUDAÇÃO DO SANTO PADRE Praia de Copacabana, Rio de Janeiro Quinta-feira, 25 de Julho de 2013 DISCURSO DE SAUDAÇÃO Queridos jovens, Boa tarde! Primeiramente quero lhes agradecer pelo testemunho de fé que vocês estão dando ao mundo. Sempre ouvi dizer que as cariocas não gostam do frio e da chuva, mas vocês estão mostrando que a fé de vocês é mais forte que o frio e a chuva. Parabéns. Vocês são verdadeiros guerreiros!Vejo em vocês a beleza do rosto jovem de Cristo e meu coração se enche de alegria! Lembro-me da primeira Jornada Mundial da Juventude a nível internacional. Foi celebrada em 1987 na Argentina, na minha cidade de Buenos Aires. Guardo vivas na memória estas palavras do Bem-aventurado João Paulo II aos jovens: «Tenho muita esperança em vocês! Espero, sobretudo, que renovem a fidelidade de vocês a Jesus Cristo e à sua cruz redentora»(Discurso aos jovens (11 de abril de 1987): Insegnamenti, X/1 (1987), 1261). [En español:] Antes de continuar, quisiera recordar el trágico accidente en la Guyana francesa, que sufrieron los jóvenes que venían a esta Jornada, allí perdió la vida la joven Sophie Morinière, y otros jóvenes resultaron heridos. Los invito a hacer un instante de silencio y de oración a Dios, nuestro Padre, por Sophie, los heridos y sus familiares. Este año, la Jornada vuelve, por segunda vez, a América Latina. Y ustedes, jóvenes, han respondido en gran número a la invitación de Benedicto XVI, que los ha convocado para celebrarla. A él se lo agradecemos de todo corazón. Y a él, que nos convocó hoy aquí, le enviamos un saludo y un fuerte aplauso. Ustedes saben que, antes de venir a Brasil, estuve charlando con él. Y le pedí que me acompañara en el viaje, con la oración. Y me dijo: los acompaño con la oración, y estaré junto al televisor. Así que ahora nos está viendo. Mi mirada se extiende sobre esta gran muchedumbre: ¡Son ustedes tantos! Llegados de todos los continentes. Distantes, a veces no sólo geográficamente, sino también desde el punto de vista existencial,
  • 21. 24 cultural, social, humano. Pero hoy están aquí, o más bien, hoy estamos aquí, juntos, unidos para compartir la fe y la alegría del encuentro con Cristo, de ser sus discípulos. Esta semana, Río se convierte en el centro de la Iglesia, en su corazón vivo y joven, porque ustedes han respondido con generosidad y entusiasmo a la invitación que Jesús les ha hecho para estar con él, para ser sus amigos. El tren de esta Jornada Mundial de la Juventud ha venido de lejos y ha atravesado la Nación brasileña siguiendo las etapas del proyecto “Bota fe - Poned fe”. Hoy ha llegado a Río de Janeiro. Desde el Corcovado, el Cristo Redentor nos abraza y nos bendice. Viendo este mar, la playa y a todos ustedes, me viene a la mente el momento en que Jesús llamó a sus primeros discípulos a orillas del lago de Tiberíades. Hoy Jesús nos sigue preguntando: ¿Querés ser mi discípulo? ¿Querés ser mi amigo? ¿Querés ser testigo del Evangelio? En el corazón del Año de la fe, estas preguntas nos invitan a renovar nuestro compromiso cristiano. Sus familias y comunidades locales les han transmitido el gran don de la fe. Cristo ha crecido en ustedes. Hoy quiere venir aquí para confirmarlos en esta fe, la fe en Cristo vivo que habita en ustedes, pero he venido yo también para ser confirmado por el entusiasmo de la fe de ustedes. Ustedes saben que en la vida de un obispo hay tantos problemas que piden ser solucionados. Y con estos problemas y dificultades, la fe del obispo puede entristecerse, Qué feo es un obispo triste. Qué feo, que es. Para que mi fe no sea triste he venido aquí para contagiarme con el entusiasmo de ustedes. Los saludo con cariño. A ustedes aquí presentes, venidos de los cinco continentes y, a través de ustedes, saludo a todos los jóvenes del mundo, en particular a aquellos que querían venir a Río de Janeiro, y no han podido. A los que nos siguen por medio de la radio, y la televisión e internet, a todos les digo: ¡Bienvenidos a esta fiesta de la fe! En diversas partes del mundo, muchos jóvenes están reunidos ahora para vivir juntos con nosotros este momento: sintámonos unidos unos a otros en la alegría, en la amistad, en la fe. Y tengan certeza de que mi corazón los abraza a todos con afecto universal. Porque lo más importante hoy es ésta reunión de ustedes y la reunión de todos los jóvenes que nos están siguiendo a través de los medios. ¡El Cristo Redentor, desde la cima del monte Corcovado, los acoge y los abraza en esta bellísima ciudad de Río! Un saludo particular al Presidente del Pontificio Consejo para los Laicos, el querido e incansable Cardenal Stanislaw Rilko, y a cuantos colaboran con él. Agradezco a Monseñor Orani João Tempesta, Arzobispo de São Sebastião do Río de Janeiro, la cordial acogida que me ha dispensado, además quiero decir aquí que los cariocas saben recibir bien, saben dar una gran acogida, y agradecerle el gran trabajo para realizar esta Jornada Mundial de la Juventud, junto a sus obispos auxiliares, con las diversas diócesis de este inmenso Brasil. Mi agradecimiento también se dirige a todas las autoridades nacionales, estatales y locales, y a cuantos han contribuido para hacer posible este momento único de celebración de la unidad, de la fe y de la fraternidad. Gracias a los Hermanos Obispos, a los sacerdotes, a los seminaristas, a las personas consagradas y a los fieles laicos que acompañan a los jóvenes, desde diversas partes de nuestro planeta, en su peregrinación hacia Jesús. A todos y a cada uno, un abrazo afectuoso en Jesús y con Jesús.
  • 22. 25 [Em Português:] [Antes de continuar, queria lembrar o trágico acidente na Guiana francesa, no qual a jovem Sophie Morinière perdeu a vida, e que deixou outros jovens feridos. Convido-lhes a fazer um minuto de silêncio e dirigir ao Senhor a nossa oração por Sophie, pelos feridos e pelos familiares. Este ano, a Jornada volta, pela segunda vez, à América Latina. E vocês, jovens, responderam numerosos ao convite do Papa Bento XVI, que lhes convocou para celebrá-la. Agradecemos-lhe de todo coração! A ele que nos convocou hoje aqui, transmitimos uma saudação e fazemos um grande aplauso. Vocês sabem que antes de partir para o Brasil falei com ele e lhe pedi que me acompanhasse na Viagem com a oração. Ele me disse: acompanho vocês com a oração e vou assistir tudo através da televisão. Deste modo, neste momento, ele nos está vendo. O meu olhar se estende por esta grande multidão: vocês são muitíssimos! Vocês vêm de todos os continentes! Normalmente vocês estão distantes não somente do ponto de vista geográfico, mas também do ponto de vista existencial, cultural, social, humano. Mas hoje vocês estão aqui, ou melhor, hoje estamos aqui, juntos, unidos para partilhar a fé e a alegria do encontro com Cristo, de ser seus discípulos. Nesta semana, o Rio se torna o centro da Igreja, o seu coração vivo e jovem, pois vocês responderam com generosidade e coragem ao convite que Jesus lhes fez de permanecerem com Ele, de serem seus amigos. O «trem» desta Jornada Mundial da Juventude veio de longe e atravessou toda a Nação brasileira seguindo as etapas do projeto «Bote Fé». Hoje chegou ao Rio de Janeiro. Do Corcovado, o Cristo Redentor nos abraça e abençoa. Olhando para este mar, para a praia e todos vocês, me vem ao pensamento o momento em que Jesus chamou os primeiros discípulos a segui-lo nas margens do lago de Tiberíades. Hoje Jesus ainda pergunta: Você quer ser meu discípulo? Você quer ser meu amigo? Você quer ser testemunha do meu Evangelho? No coração doAno da Fé, estas perguntas nos convidam a renovar o nosso compromisso de cristãos. Suas famílias e comunidades locais transmitiram a vocês o grande dom da fé; Cristo cresceu em vocês. Hoje, vim para lhes confirmar nesta fé, a fé no Cristo Vivo que mora dentro de vocês; mas vim também para ser confirmado pelo entusiasmo da fé de vocês! Vocês sabem que na vida de um bispo existem muitos problemas que devem ser resolvidos. E com estes problemas e dificuldades a fé do bispo corre o risco de desanimar. Que tristeza é um bispo desanimado! Que tristeza! Para que a minha fé não seja desanimada vim aqui para ser contagiado pelo entusiasmo de todos vocês! Saúdo a todos com muito carinho. A vocês, aqui congregados dos cinco Continentes e, por meio de vocês, a todos os jovens do mundo, particularmente aqueles que não puderam vir ao Rio de Janeiro, mas estão em ligação conosco através do rádio, televisão e internet, digo: bem-vindos a esta grande festa da fé! Em várias partes do mundo, neste mesmo instante, muitos jovens estão reunidos para viver juntos este momento: sintamo-nos unidos uns com os outros, na
  • 23. 26 alegria, na amizade, na fé. E tenham a certeza: o meu coração de Pastor abraça a todos com afeto universal. Porque o mais importante hoje é esta reunião de todos os jovens que nos estão seguindo através dos meios de comunicação. O Cristo Redentor, do alto da montanha do Corcovado, lhes acolhe na Cidade Maravilhosa. Quero saudar o Presidente do Pontifício Conselho para os Leigos, estimado Cardeal Stanisław Ryłko, e todos aqueles que com ele trabalham. Agradeço a Dom Orani João Tempesta, Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro, pela cordialidade com que me recebeu — e desejo acrescentar que os cariocas sabem receber bem, sabem oferecer um bom acolhimento — e pelo grande trabalho realizado para preparar esta Jornada Mundial da Juventude, junto com as diversas dioceses desse imenso Brasil. Agradeço a todas autoridades nacionais, estaduais e locais, além de outros envolvidos, para concretizar esse momento único de celebração da unidade, da fé e da fraternidade. Obrigado aos Irmãos no Episcopado, aos sacerdotes, seminaristas, pessoas consagradas e fiéis que acompanham os jovens de diferentes partes do nosso planeta, na sua peregrinação rumo a Jesus. A todos e a cada um meu abraço afetuoso em Jesus e com Jesus. Irmãos e amigos, bem-vindos à vigésima oitava Jornada Mundial da Juventude, nesta cidade maravilhosa do Rio de Janeiro!]