SlideShare ist ein Scribd-Unternehmen logo
1 von 17
Downloaden Sie, um offline zu lesen
Prof. Wagno Oliveira de Souza
Prof. Wagno Oliveira de Souza




Período Pré-Socrático (anterior ao século V a.C.):
Impera a preocupação do filósofo pela cosmologia (réu,
éter, astros, fenômenos meteorológicos...), pela natureza
(causas das ocorrências naturais...) e pela religiosidade
(mística, culto, reverência, práticas grupais, iniciação à
sabedoria oculta...).
Rompendo com toda essa herança cultural, com toda essa
tradição pré-socrática é que surge o movimento sofístico
no século V a.C.
Prof. Wagno Oliveira de Souza




O homem grego, ávido de independência em face dos
fenômenos naturais sentia e das crenças naturais, vê-se,
historicamente, investido de condições de alforriar-se
dessa tradição. É um dizer sofístico, de autoria de
Protágoras, esse que diz, “o homem é a medida de todas as
coisas”
Prof. Wagno Oliveira de Souza



Somente no século V a.C. solidificam-se
condições que facultam que as atenções
humanas         estejam     completamente
voltadas para as coisas humanas
(comércio, problemas sociais, discussões
políticas, guerras intracitadinas, expansão
de território...).

Eis aí o mérito da sofistica: principiar a
fase na qual o homem é colocado no
centro das atenções, com todas as suas
ambigüidades e contraditórias posturas
(psicológicas, morais, sociais, políticas,
jurídicas...).
Prof. Wagno Oliveira de Souza



É esse o contexto de florescimento do movimento
sofístico, muito mais ligado que está, portanto, à
discussão de interesses comunitários, a discursos e
elocuções públicas, à manifestação e à deliberação em
audiências políticas, ao convencimento dos pares, ao
alcance da notoriedade no espaço da praça pública, à
demonstração pelo raciocínio dos ardis do homem em
interação social...



Sofistas: especialistas na arte do discurso.
Prof. Wagno Oliveira de Souza

Provenientes de diversas
partes (Protágoras –
Abdera; Górgias –
Leontinos; Trasímaco -
Calcedônia; Pródico —
Ceos; Hípias — Élide), e
não somente de Atenas
(Antífonte e Crítias), os
sofistas notabilizaram-se
por encontrar nas
multidões e nos
auditórios ávidos de
conhecimentos retóricos
seu público
Prof. Wagno Oliveira de Souza


A difusão da expressão do movimento dos sofistas nos meios
filosóficos, bem como a criação de uma espécie de menosprezo
pelo modus essendi, pelo profissionalismo do saber e pela forma
do raciocínio dos sofistas, adveio, sobretudo, com a escola
socrática.7




De fato, Sócrates destaca-se como declarado antagonista dos
sofistas, e dedica boa parte de seu tempo a provar que nada
sabem, apesar de se intitularem expertos em determinados
assuntos e cobrarem pelos ensinos que proferem.
Prof. Wagno Oliveira de Souza

Platão incorpora esse antagonismo intelectual e o
transforma em compromisso filosófico, e lega
para a posteridade uma visão dicotômica que
opõe diretamente as pretensões da filosofia
(essência,    conhecimento,    sabedoria...)   às
pretensões da sofística (aparência, opinião,
retórica...).


Aristóteles dá continuidade ao mesmo
entendimento, sedimentando-o no contexto do
pensamento filosófico, de modo que se incorpora
ao mundo ocidental a leitura socrático-platônica
da sofística.
Prof. Wagno Oliveira de Souza


A Importância do Discurso.
Alguns motivos teriam induzido à formação dessa fase de pensamento na
Grécia clássica (século V a.C.), e não coincidentemente em pleno século de
ouro da civilização grega, o chamado Século de Péricles
Os motivos mais próximos:
    •Estruturação da democracia ateniense;
    •Esquematização da participação popular nos instrumentos de exercício
    do poder, sem necessidade de provar riqueza, nobreza ou ascendência;
    •Sedimentação de um longo processo de reorganização social e política de
    Atenas;
    •Expansão das fronteiras gregas;
    •Necessidade de domínio de conhecimentos gerais, para o uso retórico;
    necessidade de domínio da técnica de falar, para o uso assemblear; entre
    outros.
Prof. Wagno Oliveira de Souza


A Importância do Discurso.
Respondendo a uma necessidade da democracia grega é que os sofistas
tiveram seu aparecimento; o preparo dos jovens, a dinamização dos
auditórios, o fornecimento de técnica aos pretendentes de funções públicas
notáveis, o fornecimento de instrumentos oratórios e retóricos para o cuidado
das próprias causas e dos próprios negócios
Prof. Wagno Oliveira de Souza


Retórica e Prática Judiciária.
A liberdade de expressão, matiz característico do século de Péricles, aliada ao
amor pelo cultivo da oratória e da retórica, ensejou a possibilidade de
questionamento da posição particular do homem perante a physis e como
membro participante do corpo político.

                                                            physis
Prof. Wagno Oliveira de Souza


Retórica e Prática Judiciária.
Além da praça pública, a muitos interessava o domínio da linguagem (pense-
se que os discursos forenses eram encomendados a homens que se
incumbiam de escrevê-los para serem lidos perante os juízes – este é o
trabalho dos logógraphos) para estar diante da tribuna, perante os
magistrados.
Prof. Wagno Oliveira de Souza


Retórica e Prática Judiciária.
As palavras tornaram-se o elemento primordial para a definição do justo e do
injusto. A técnica argumentativa faculta ao orador, por mais difícil que seja
sua causa jurídica, suplantar as barreiras dos preconceitos sobre o justo e o
injusto e demonstrar aquilo que aos olhos vulgares não é imediatamente
visível.




                  palavra               palavra
Prof. Wagno Oliveira de Souza


Retórica e Prática Judiciária.
O discurso judiciário, pois, conquanto que bem
articulado, pela força da expressão oral, e bem
defendido perante os magistrados, o efeito a ser
produzido pode favorecer aquele que deseja por
ele ver-se beneficiado.
Prof. Wagno Oliveira de Souza


Justiça a serviço dos interesses.
O resultado dessa mudança de eixo da cultora grega, com relação à tradição
anterior ao século V a.C. (Homero, Hesíodo...), não foi senão a relativização da
justiça. Os sofistas foram mesmo radicais opositores da tradição, e grande
parte dos esforços teóricos e epistemológicos dos solistas recaiu exatamente
sobre definições absolutas, sobre conceitos fixos e eternos, sobre tradições
inabaláveis.
No lugar desses, para os sofistas, surgia o relativo, o provável, o possível, o
instável, o convencional. Um dos destaques na proliferação de idéias e
pensamentos acerca da relatividade das coisas foi Protágoras. A assunção
dessa posição diante dos fatos e valores desencadeou, no plano da reflexão
acerca do justo e do injusto, a relativização da justiça.
Prof. Wagno Oliveira de Souza


Justiça a serviço dos interesses.
Isso porque, no debate entre o prevalecimento da natureza das leis (phýsis) e o
prevalecimento da arbitrariedade das leis (nómos), os sofistas optaram, em
geral, pela segunda hipótese


A lei (nómos) seria responsável pela libertação
humana dos laços da barbárie

Isso porque, coerentemente com seus princípios,
diziam ser o homem o princípio e a causa de si
mesmo, e não a natureza
Prof. Wagno Oliveira de Souza


Justiça a serviço dos interesses.
A natureza (physis) faria com que as leis fossem idênticas em todas as partes,
tendo-se em vista que o fogo arde em todas as partes da mesma forma, como
posteriormente dirá Aristóteles.




No entanto, pelo contrário, o que se vê é que homens de culturas diferentes
vivem legislações e valores jurídicos diferentes, na medida em que se encontra
em seu poder definir o que é o justo e o que é o injusto.

O que é o justo senão o que está na lei?
É a lei natural ou convencional?

Weitere ähnliche Inhalte

Was ist angesagt?

Para que serve a filosofia
Para que serve a filosofiaPara que serve a filosofia
Para que serve a filosofia
superego
 
Bases histórico filosóficas da educação
Bases histórico filosóficas da educaçãoBases histórico filosóficas da educação
Bases histórico filosóficas da educação
Danielle Mesquita
 
A República de Platão - resumo
A República de Platão - resumoA República de Platão - resumo
A República de Platão - resumo
Katia Monteiro
 
Argumentação, retórica e filosofia (de acordo com manual "Pensar Azul")
Argumentação, retórica e filosofia (de acordo com manual "Pensar Azul")Argumentação, retórica e filosofia (de acordo com manual "Pensar Azul")
Argumentação, retórica e filosofia (de acordo com manual "Pensar Azul")
Jorge Barbosa
 
Patristica e escolastica
Patristica e escolasticaPatristica e escolastica
Patristica e escolastica
Over Lane
 

Was ist angesagt? (20)

Para que serve a filosofia
Para que serve a filosofiaPara que serve a filosofia
Para que serve a filosofia
 
Aula de filosofia antiga, tema: Sofistas
Aula de filosofia antiga, tema: SofistasAula de filosofia antiga, tema: Sofistas
Aula de filosofia antiga, tema: Sofistas
 
Bases histórico filosóficas da educação
Bases histórico filosóficas da educaçãoBases histórico filosóficas da educação
Bases histórico filosóficas da educação
 
Filosofia modulo i
Filosofia modulo iFilosofia modulo i
Filosofia modulo i
 
Sócrates, platão e os sofistas
Sócrates, platão e os sofistasSócrates, platão e os sofistas
Sócrates, platão e os sofistas
 
Direito romano
Direito romanoDireito romano
Direito romano
 
A República de Platão - resumo
A República de Platão - resumoA República de Platão - resumo
A República de Platão - resumo
 
Argumentação, retórica e filosofia (de acordo com manual "Pensar Azul")
Argumentação, retórica e filosofia (de acordo com manual "Pensar Azul")Argumentação, retórica e filosofia (de acordo com manual "Pensar Azul")
Argumentação, retórica e filosofia (de acordo com manual "Pensar Azul")
 
Mito e filosofia
Mito e filosofiaMito e filosofia
Mito e filosofia
 
A reflexão filosófica
A reflexão filosóficaA reflexão filosófica
A reflexão filosófica
 
Patristica e escolastica
Patristica e escolasticaPatristica e escolastica
Patristica e escolastica
 
História da filosofia antiga
História da filosofia antigaHistória da filosofia antiga
História da filosofia antiga
 
Os pré-socráticos
Os pré-socráticosOs pré-socráticos
Os pré-socráticos
 
Introdução aos diálogos
Introdução aos diálogosIntrodução aos diálogos
Introdução aos diálogos
 
Filosofia política em Platão e Aristóteles
Filosofia política em Platão e AristótelesFilosofia política em Platão e Aristóteles
Filosofia política em Platão e Aristóteles
 
Paulo freire
Paulo freire Paulo freire
Paulo freire
 
Os persas
Os persasOs persas
Os persas
 
Introdução à filosofia
Introdução à filosofiaIntrodução à filosofia
Introdução à filosofia
 
A Filosofia no Período Clássico
A Filosofia no Período ClássicoA Filosofia no Período Clássico
A Filosofia no Período Clássico
 
História da universidade
História da universidadeHistória da universidade
História da universidade
 

Andere mochten auch

Sofistas e socrates
Sofistas e socratesSofistas e socrates
Sofistas e socrates
UNESC
 
2. sócrates, sofistas, platão e aristóteles
2. sócrates, sofistas, platão e aristóteles2. sócrates, sofistas, platão e aristóteles
2. sócrates, sofistas, platão e aristóteles
Tiago Kestering Pereira
 
Os pré socráticos
Os pré socráticosOs pré socráticos
Os pré socráticos
Marina Leite
 
ARGUMENTAÇÃO E FILOSOFIA
ARGUMENTAÇÃO E FILOSOFIAARGUMENTAÇÃO E FILOSOFIA
ARGUMENTAÇÃO E FILOSOFIA
norberto faria
 
O século de péricles
O século de périclesO século de péricles
O século de péricles
Ana Barreiros
 
Sócrates, Platão e Aristóteles
Sócrates, Platão e AristótelesSócrates, Platão e Aristóteles
Sócrates, Platão e Aristóteles
Erizon Júnior
 
A Guide to SlideShare Analytics - Excerpts from Hubspot's Step by Step Guide ...
A Guide to SlideShare Analytics - Excerpts from Hubspot's Step by Step Guide ...A Guide to SlideShare Analytics - Excerpts from Hubspot's Step by Step Guide ...
A Guide to SlideShare Analytics - Excerpts from Hubspot's Step by Step Guide ...
SlideShare
 
Historia da educação 3 40 cópias fv
Historia da educação 3   40 cópias fvHistoria da educação 3   40 cópias fv
Historia da educação 3 40 cópias fv
Otávio Sales
 
Retórica, Filosofia e democracia
Retórica, Filosofia e democraciaRetórica, Filosofia e democracia
Retórica, Filosofia e democracia
mluisavalente
 

Andere mochten auch (20)

Sofistas 21
Sofistas 21Sofistas 21
Sofistas 21
 
Sofistas e socrates
Sofistas e socratesSofistas e socrates
Sofistas e socrates
 
2. sócrates, sofistas, platão e aristóteles
2. sócrates, sofistas, platão e aristóteles2. sócrates, sofistas, platão e aristóteles
2. sócrates, sofistas, platão e aristóteles
 
Os pré socráticos
Os pré socráticosOs pré socráticos
Os pré socráticos
 
ARGUMENTAÇÃO E FILOSOFIA
ARGUMENTAÇÃO E FILOSOFIAARGUMENTAÇÃO E FILOSOFIA
ARGUMENTAÇÃO E FILOSOFIA
 
Sócrates platão e aristóteles
Sócrates platão e aristótelesSócrates platão e aristóteles
Sócrates platão e aristóteles
 
O século de péricles
O século de périclesO século de péricles
O século de péricles
 
Relativismo e Subjetivismo Moral
Relativismo e Subjetivismo MoralRelativismo e Subjetivismo Moral
Relativismo e Subjetivismo Moral
 
A pólis de atenas
A pólis de atenasA pólis de atenas
A pólis de atenas
 
Sócrates, Platão e Aristóteles
Sócrates, Platão e AristótelesSócrates, Platão e Aristóteles
Sócrates, Platão e Aristóteles
 
A Guide to SlideShare Analytics - Excerpts from Hubspot's Step by Step Guide ...
A Guide to SlideShare Analytics - Excerpts from Hubspot's Step by Step Guide ...A Guide to SlideShare Analytics - Excerpts from Hubspot's Step by Step Guide ...
A Guide to SlideShare Analytics - Excerpts from Hubspot's Step by Step Guide ...
 
Getting Started With SlideShare
Getting Started With SlideShareGetting Started With SlideShare
Getting Started With SlideShare
 
Безопасный интернет
Безопасный интернетБезопасный интернет
Безопасный интернет
 
O ataque ..
O ataque ..O ataque ..
O ataque ..
 
Lascrael 21 mp
Lascrael 21 mpLascrael 21 mp
Lascrael 21 mp
 
Historia da educação 3 40 cópias fv
Historia da educação 3   40 cópias fvHistoria da educação 3   40 cópias fv
Historia da educação 3 40 cópias fv
 
Minicurso Enletrarte 2015
Minicurso Enletrarte 2015Minicurso Enletrarte 2015
Minicurso Enletrarte 2015
 
Retórica, Filosofia e democracia
Retórica, Filosofia e democraciaRetórica, Filosofia e democracia
Retórica, Filosofia e democracia
 
Filo 24
Filo 24Filo 24
Filo 24
 
Ceti.jpg
Ceti.jpgCeti.jpg
Ceti.jpg
 

Ähnlich wie Sofistas discurso e relativismo da justiça

Filosofia, Retórica e Democracia
Filosofia, Retórica e DemocraciaFilosofia, Retórica e Democracia
Filosofia, Retórica e Democracia
atamenteesas
 
Filosofia Grega Clássica ao Helenismo
Filosofia Grega Clássica ao HelenismoFilosofia Grega Clássica ao Helenismo
Filosofia Grega Clássica ao Helenismo
Carson Souza
 
Filosofia Grega Clássica ao Helenismo-Prof.Altair Aguilar.
Filosofia Grega Clássica ao Helenismo-Prof.Altair Aguilar.Filosofia Grega Clássica ao Helenismo-Prof.Altair Aguilar.
Filosofia Grega Clássica ao Helenismo-Prof.Altair Aguilar.
Altair Moisés Aguilar
 
Material de filosofia i (1)
Material de filosofia i (1)Material de filosofia i (1)
Material de filosofia i (1)
gabriela_eiras
 
Material de filosofia i (1)
Material de filosofia i (1)Material de filosofia i (1)
Material de filosofia i (1)
gabriela_eiras
 
Filosofia
FilosofiaFilosofia
Filosofia
mafas_
 

Ähnlich wie Sofistas discurso e relativismo da justiça (20)

Guião de aula dia 14 de jan.
Guião de aula   dia 14 de jan.Guião de aula   dia 14 de jan.
Guião de aula dia 14 de jan.
 
APRESENTAÇÃO SOBRE OS SOFISTAS E SOCRÁTES - ANTENAS NO SÉCULO V - UMA ÉPOCA D...
APRESENTAÇÃO SOBRE OS SOFISTAS E SOCRÁTES - ANTENAS NO SÉCULO V - UMA ÉPOCA D...APRESENTAÇÃO SOBRE OS SOFISTAS E SOCRÁTES - ANTENAS NO SÉCULO V - UMA ÉPOCA D...
APRESENTAÇÃO SOBRE OS SOFISTAS E SOCRÁTES - ANTENAS NO SÉCULO V - UMA ÉPOCA D...
 
APRESENTAÇÃO SOBRE OS SOFISTAS E SOCRÁTES - ANTENAS NO SÉCULO V - UMA ÉPOCA D...
APRESENTAÇÃO SOBRE OS SOFISTAS E SOCRÁTES - ANTENAS NO SÉCULO V - UMA ÉPOCA D...APRESENTAÇÃO SOBRE OS SOFISTAS E SOCRÁTES - ANTENAS NO SÉCULO V - UMA ÉPOCA D...
APRESENTAÇÃO SOBRE OS SOFISTAS E SOCRÁTES - ANTENAS NO SÉCULO V - UMA ÉPOCA D...
 
Filosofia, Retórica e Democracia
Filosofia, Retórica e DemocraciaFilosofia, Retórica e Democracia
Filosofia, Retórica e Democracia
 
O movimento sofista capítulo 6
O movimento sofista capítulo 6O movimento sofista capítulo 6
O movimento sofista capítulo 6
 
O movimento sofista capítulo 6
O movimento sofista capítulo 6O movimento sofista capítulo 6
O movimento sofista capítulo 6
 
FILOSOFIA SOCRÁTICA
FILOSOFIA SOCRÁTICA FILOSOFIA SOCRÁTICA
FILOSOFIA SOCRÁTICA
 
O conhecimento na Grécia antiga
O conhecimento na Grécia antigaO conhecimento na Grécia antiga
O conhecimento na Grécia antiga
 
Passagem do pensamento mítico ao filosófico
Passagem do pensamento mítico ao filosóficoPassagem do pensamento mítico ao filosófico
Passagem do pensamento mítico ao filosófico
 
Filosofia Grega Clássica ao Helenismo
Filosofia Grega Clássica ao HelenismoFilosofia Grega Clássica ao Helenismo
Filosofia Grega Clássica ao Helenismo
 
Filosofia Grega Clássica ao Helenismo-Prof.Altair Aguilar.
Filosofia Grega Clássica ao Helenismo-Prof.Altair Aguilar.Filosofia Grega Clássica ao Helenismo-Prof.Altair Aguilar.
Filosofia Grega Clássica ao Helenismo-Prof.Altair Aguilar.
 
Aula de filosofia
Aula de filosofia Aula de filosofia
Aula de filosofia
 
Aula de filosofia
Aula de filosofia Aula de filosofia
Aula de filosofia
 
Material de filosofia i (1)
Material de filosofia i (1)Material de filosofia i (1)
Material de filosofia i (1)
 
Material de filosofia i (1)
Material de filosofia i (1)Material de filosofia i (1)
Material de filosofia i (1)
 
O que é filosofia
O que é filosofiaO que é filosofia
O que é filosofia
 
Plano de aula reg. nº 7 e 8 corrigido
Plano de aula   reg. nº 7 e 8 corrigidoPlano de aula   reg. nº 7 e 8 corrigido
Plano de aula reg. nº 7 e 8 corrigido
 
Filosofia
FilosofiaFilosofia
Filosofia
 
Sofistas
SofistasSofistas
Sofistas
 
Filosofia do Direito - Programa e base geral
Filosofia do Direito - Programa e base geralFilosofia do Direito - Programa e base geral
Filosofia do Direito - Programa e base geral
 

Mehr von Mara Rodrigues Pires

Mehr von Mara Rodrigues Pires (6)

Pensamentomiticologico
PensamentomiticologicoPensamentomiticologico
Pensamentomiticologico
 
Kant criticismo e deontologia
Kant criticismo e deontologiaKant criticismo e deontologia
Kant criticismo e deontologia
 
Formas de conhecer o mundo
Formas de conhecer o mundoFormas de conhecer o mundo
Formas de conhecer o mundo
 
Cultura ocidental
Cultura ocidentalCultura ocidental
Cultura ocidental
 
Aristóteles
AristótelesAristóteles
Aristóteles
 
05 a 08 aula períodos da historia da filosofia ocidental
05 a 08 aula   períodos da historia da filosofia ocidental05 a 08 aula   períodos da historia da filosofia ocidental
05 a 08 aula períodos da historia da filosofia ocidental
 

Sofistas discurso e relativismo da justiça

  • 2. Prof. Wagno Oliveira de Souza Período Pré-Socrático (anterior ao século V a.C.): Impera a preocupação do filósofo pela cosmologia (réu, éter, astros, fenômenos meteorológicos...), pela natureza (causas das ocorrências naturais...) e pela religiosidade (mística, culto, reverência, práticas grupais, iniciação à sabedoria oculta...). Rompendo com toda essa herança cultural, com toda essa tradição pré-socrática é que surge o movimento sofístico no século V a.C.
  • 3. Prof. Wagno Oliveira de Souza O homem grego, ávido de independência em face dos fenômenos naturais sentia e das crenças naturais, vê-se, historicamente, investido de condições de alforriar-se dessa tradição. É um dizer sofístico, de autoria de Protágoras, esse que diz, “o homem é a medida de todas as coisas”
  • 4. Prof. Wagno Oliveira de Souza Somente no século V a.C. solidificam-se condições que facultam que as atenções humanas estejam completamente voltadas para as coisas humanas (comércio, problemas sociais, discussões políticas, guerras intracitadinas, expansão de território...). Eis aí o mérito da sofistica: principiar a fase na qual o homem é colocado no centro das atenções, com todas as suas ambigüidades e contraditórias posturas (psicológicas, morais, sociais, políticas, jurídicas...).
  • 5. Prof. Wagno Oliveira de Souza É esse o contexto de florescimento do movimento sofístico, muito mais ligado que está, portanto, à discussão de interesses comunitários, a discursos e elocuções públicas, à manifestação e à deliberação em audiências políticas, ao convencimento dos pares, ao alcance da notoriedade no espaço da praça pública, à demonstração pelo raciocínio dos ardis do homem em interação social... Sofistas: especialistas na arte do discurso.
  • 6. Prof. Wagno Oliveira de Souza Provenientes de diversas partes (Protágoras – Abdera; Górgias – Leontinos; Trasímaco - Calcedônia; Pródico — Ceos; Hípias — Élide), e não somente de Atenas (Antífonte e Crítias), os sofistas notabilizaram-se por encontrar nas multidões e nos auditórios ávidos de conhecimentos retóricos seu público
  • 7. Prof. Wagno Oliveira de Souza A difusão da expressão do movimento dos sofistas nos meios filosóficos, bem como a criação de uma espécie de menosprezo pelo modus essendi, pelo profissionalismo do saber e pela forma do raciocínio dos sofistas, adveio, sobretudo, com a escola socrática.7 De fato, Sócrates destaca-se como declarado antagonista dos sofistas, e dedica boa parte de seu tempo a provar que nada sabem, apesar de se intitularem expertos em determinados assuntos e cobrarem pelos ensinos que proferem.
  • 8. Prof. Wagno Oliveira de Souza Platão incorpora esse antagonismo intelectual e o transforma em compromisso filosófico, e lega para a posteridade uma visão dicotômica que opõe diretamente as pretensões da filosofia (essência, conhecimento, sabedoria...) às pretensões da sofística (aparência, opinião, retórica...). Aristóteles dá continuidade ao mesmo entendimento, sedimentando-o no contexto do pensamento filosófico, de modo que se incorpora ao mundo ocidental a leitura socrático-platônica da sofística.
  • 9. Prof. Wagno Oliveira de Souza A Importância do Discurso. Alguns motivos teriam induzido à formação dessa fase de pensamento na Grécia clássica (século V a.C.), e não coincidentemente em pleno século de ouro da civilização grega, o chamado Século de Péricles Os motivos mais próximos: •Estruturação da democracia ateniense; •Esquematização da participação popular nos instrumentos de exercício do poder, sem necessidade de provar riqueza, nobreza ou ascendência; •Sedimentação de um longo processo de reorganização social e política de Atenas; •Expansão das fronteiras gregas; •Necessidade de domínio de conhecimentos gerais, para o uso retórico; necessidade de domínio da técnica de falar, para o uso assemblear; entre outros.
  • 10. Prof. Wagno Oliveira de Souza A Importância do Discurso. Respondendo a uma necessidade da democracia grega é que os sofistas tiveram seu aparecimento; o preparo dos jovens, a dinamização dos auditórios, o fornecimento de técnica aos pretendentes de funções públicas notáveis, o fornecimento de instrumentos oratórios e retóricos para o cuidado das próprias causas e dos próprios negócios
  • 11. Prof. Wagno Oliveira de Souza Retórica e Prática Judiciária. A liberdade de expressão, matiz característico do século de Péricles, aliada ao amor pelo cultivo da oratória e da retórica, ensejou a possibilidade de questionamento da posição particular do homem perante a physis e como membro participante do corpo político. physis
  • 12. Prof. Wagno Oliveira de Souza Retórica e Prática Judiciária. Além da praça pública, a muitos interessava o domínio da linguagem (pense- se que os discursos forenses eram encomendados a homens que se incumbiam de escrevê-los para serem lidos perante os juízes – este é o trabalho dos logógraphos) para estar diante da tribuna, perante os magistrados.
  • 13. Prof. Wagno Oliveira de Souza Retórica e Prática Judiciária. As palavras tornaram-se o elemento primordial para a definição do justo e do injusto. A técnica argumentativa faculta ao orador, por mais difícil que seja sua causa jurídica, suplantar as barreiras dos preconceitos sobre o justo e o injusto e demonstrar aquilo que aos olhos vulgares não é imediatamente visível. palavra palavra
  • 14. Prof. Wagno Oliveira de Souza Retórica e Prática Judiciária. O discurso judiciário, pois, conquanto que bem articulado, pela força da expressão oral, e bem defendido perante os magistrados, o efeito a ser produzido pode favorecer aquele que deseja por ele ver-se beneficiado.
  • 15. Prof. Wagno Oliveira de Souza Justiça a serviço dos interesses. O resultado dessa mudança de eixo da cultora grega, com relação à tradição anterior ao século V a.C. (Homero, Hesíodo...), não foi senão a relativização da justiça. Os sofistas foram mesmo radicais opositores da tradição, e grande parte dos esforços teóricos e epistemológicos dos solistas recaiu exatamente sobre definições absolutas, sobre conceitos fixos e eternos, sobre tradições inabaláveis. No lugar desses, para os sofistas, surgia o relativo, o provável, o possível, o instável, o convencional. Um dos destaques na proliferação de idéias e pensamentos acerca da relatividade das coisas foi Protágoras. A assunção dessa posição diante dos fatos e valores desencadeou, no plano da reflexão acerca do justo e do injusto, a relativização da justiça.
  • 16. Prof. Wagno Oliveira de Souza Justiça a serviço dos interesses. Isso porque, no debate entre o prevalecimento da natureza das leis (phýsis) e o prevalecimento da arbitrariedade das leis (nómos), os sofistas optaram, em geral, pela segunda hipótese A lei (nómos) seria responsável pela libertação humana dos laços da barbárie Isso porque, coerentemente com seus princípios, diziam ser o homem o princípio e a causa de si mesmo, e não a natureza
  • 17. Prof. Wagno Oliveira de Souza Justiça a serviço dos interesses. A natureza (physis) faria com que as leis fossem idênticas em todas as partes, tendo-se em vista que o fogo arde em todas as partes da mesma forma, como posteriormente dirá Aristóteles. No entanto, pelo contrário, o que se vê é que homens de culturas diferentes vivem legislações e valores jurídicos diferentes, na medida em que se encontra em seu poder definir o que é o justo e o que é o injusto. O que é o justo senão o que está na lei? É a lei natural ou convencional?