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SANEAMENTO TOTAL LIDERADO
PELA COMUNIDADE (SANTOLIC)




                             1
Conteúdos
•   Breve Historial do SANTOLIC
•   Princípio do SANTOLIC
•   Etapas de Implementação
•   Diferentes respostas do despertar
•   Elaboração do plano de actividades
•   Criação do Comité de Saneamento
•   Monitoria
•   Desafios
•   Conclusão
                                         2
Breve Historial do SANTOLIC
O SANTOLIC foi introduzido entre 1999-2000 no Bangladesh
por Kamal Kar.

Dada rapidêz de obtenção de resultados imprimido por esta
metodologia, ela está a ter muita aderência e actualmente para
além de Moçambique está a ser implementado em vários
países da América do Sul, Ásia e África, incluindo Moçambique.

O SANTOLIC permite a comunidade apreciar e analisar as suas
práticas, cria choque, nojo e vergonha nas pessoas e resigna
quaisquer subsídios para as infra-estruturas de saneamento.




                                                               3
Princípios do SANTOLIC

 Nenhum ser humano gostaria de comer cocó;
 Todo ser humano tem o poder e capacidade de resolver os
  seus problemas;
 Não há subsídio para a construção de latrinas mesmo
  para os mais pobres;
 Não há tecnologia pré definida, isto é, não se define o
  modelo de latrina por construir na comunidade;
 Facilita a análise colectiva de comportamento e não ensina
  as pessoas.



                                                           4
Líderes Naturais (LNs) ou
        Espontâneos


Designam-se Líderes Naturais ou Espontâneos os
membros da comunidade que se revelam durante o
despertar e tomam o protagonismo e liderança dos
processos de SANTOLIC. Podem ser:
homens, mulheres ou mesmo crianças.




                                                   5
Equipa de facilitação

 Facilitador chefe – é a pessoa que toma a dianteira do processo
  despertar
 Co-Facilitador – apoia o facilitador chefe, e nos casos em que o
  facilitador chefe não fala a língua local recomenda-se que os co-
  facilitadores estejam em número de dois;
 Ambientadores – são reguladores do ambiente, responsáveis
  por assegurar um ambiente facilitador, garantir que não haja
  confusão, não se usem telemóveis, assegurar que não se esteja
  lá para dar lições, organizar as pessoas;
 Relator/Secretário – toma nota de todo processo incluindo
  registo de imagens.

                                                                6
Etapas de implementação do SANTOLIC


    A implementação do SANTOLIC comporta 3
       etapas:
     Pré – despertar: preparação;
     Despertar: aplicação das técnicas do SANTOLIC;
     Pós despertar: Monitoria e/ acompanhamento




                                                       7
Pré – despertar

Esta etapa é de reconhecimento e
levantamento da situação geral da
aldeia, nomeadamente, as práticas
sociais, culturais, condições físicas do
solo, dimensão da comunidade, situação
de saneamento e higiene na
comunidade, entre outras.


                                     8
Despertar

A fase do despertar reserva-se a aplicação de
todas técnicas, nomeadamente:
        i) Mapeamento comunitário;
        ii) Caminhada transversal – ou da vergonha;
        iii) Cálculo de cocó;
        iv) Contaminação feco-oral (comida-cocó e água-cocó);
        v) Elaboração do plano de actividades e;
        vi) Criação do Comité de Saneamento.



                                                                9
Mapeamento comunitário

            A população desenha o
            mapa da sua
            povoação/aldeia/comunida
            de com recurso a pós
            coloridos.
            Nesse mapa cada família
            coloca-se na posição da sua
            casa e com uma cor
            aproximadamente amarela
            indica os locais de
            fecalismo.

                                      10
Caminhada transversal – ou da vergonha
                   Esta é a mais importante
                   ferramenta individualizada de
                   motivação. Depois do
                   mapeamento identifica-se a zona
                   de maior foco de fecalismo a céu
                   aberto e todos membros da
                   comunidade junto a equipa de
                   facilitação dirigem-se àquele
                   ponto.

                   O objectivo da caminhada é ver
                   in-loco o cocó, criar nojo nas
                   pessoas e tirar parte deste para a
                   aplicação da técnica
                   contaminação feco-oral.


                                                 11
Cálculo do cocó e das despesas médicas

    O cálculo de cocó ilustra a comunidade a dimensão do
     problema de saneamento e a quantidade de
     excrementos humanos que está a ser produzida por cada
     membro da comunidade ou agregado familiar por
     dia, semana, mês e até ano. As quantidades
     determinadas podem perfazer toneladas, o que pode
     surpreender a comunidade.
    A quantidade de cocó produzida por cada família é
     calculada assumindo como base 0,5 kg de cocó por
     defecação. Geralmente, depois do cálculo pergunta-se
     qual é a família que mais produz cocó. Essa família deve
     merecer aplausos e felicitação por contribuir para mais
     cocó na aldeia.

                                                            12
Contaminação feco-oral
                                  Antes: os facilitadores abrem a
                                  tigela de comida e convidam um
                                  membros da comunidade para
                                  juntos comerem parte da comida.
                                  Em seguida o facilitador abre a água
                                  selada, bebe um pouco e convida
                                  um membro da comunidade para
                                  beber;




Depois: a tigela que contém a comida é aberta completamente e
é introduzido na água um pauzinho depois de tocar no cocó cruo
recolhido na caminhada transversal.
                                                                  13
Momento de ignição
É o momento em que os membros da comunidade se
apercebem de que devido ao fecalismo a céu aberto todos
estão a COMER COCÓ uns dos outros e que isso prevalecerá
enquanto a prática continuar.
Após a ignição a comunidade começa a discutir como acabar
com o fecalismo a céu aberto. A equipa de facilitação não
deve interromper a discussão nem sugerir, muito menos
prescrever o tipo de latrina a ser adoptada pela comunidade.




                                                               14
Diferentes respostas do despertar

                              O despertar
                           produz diferentes
                               respostas




Caixa de fósforo                                          Caixa de fósforo
                     Chamas           Faíscas Dispersas       Húmido
 em bomba de
                   Promissoras
    gasolina




                                                                        15
Forma de manifestação de cada resposta
 Caixa de fósforo em bomba de gasolina: a comunidade toda
  sente-se revoltada com as suas práticas e toma atitude
  imediata de acabar com o fecalismo a céu aberto na sua
  aldeia/bairro;
 Chamas Promissoras: quando a maioria tiver despertado mas
  haver parte da comunidade ainda indecisa;
 Faíscas Dispersas: Quando há muita gente indecisa e apenas
  parte da comunidade toma atitude de acabar com o fecalismo
  a céu aberto;
 Caixa de fósforo Húmido: Quando toda comunidade não
  está, nem pouco, interessada para acabar com o fecalismo a
  céu aberto.

                                                               16
Monitoria

Esta é a fase em que a equipa de facilitação passa pela
aldeia/Bairro para verificar o cumprimento do plano
elaborado pela comunidade para a eliminação do fecalismo a
céu aberto. Dependendo do tipo de ignição da comunidade
durante     o    despertar,  o    trabalho    pode     ser
rápido, demorado, ou mesmo não ser realizado.
A equipa de verificação deve ser constituída por
Activista, membros do Comité de Saneamento e Líder
Comunitário.




                                                        17
Elaboração do plano de actividades

 Após o despertar a comunidade elabora um plano comunitário
 de             construção       de          infra-estruturas
 sanitárias,      nomeadamente, latrinas,  copas,     aterros
 sanitário, etc...

 O plano é feito imediatamente depois do momento sublime do
 despertar, a contaminação feco-oral. Nessa altura a comunidade
 fica com nojo e extremamente revoltada com suas más práticas
 de higiene. Geralmente, a comunidade adere a elaboração do
 plano comunitário. Nesse plano, por sua iniciativa, a comunidade
 esboça o modelo de infra-estruturas por construir, elabora o
 cronograma de actividades indicando claramente os prazos das
 actividades.



                                                               18
5. Desafios



  a) Replicar as experiências positivas do Programa noutros distritos; esta
  acção já estão em curso nos distritos em que está sendo implementado o
  PAARSS III;
  b) Transferência de responsabilidades das ONGs para as estruturas locais;
  c) Ascensão das coberturas de abastecimento de água, saneamento e
  boas práticas higiénicas traduzida em diminuição das distâncias para busca
  de água e práticas higiénicas e de saneamento;
  d) Subida na escada de saneamento comunitário;
  e) Enquadramento dos activistas de água no âmbito do OGE (orçamento
  geral do Estado).




                                                                         19

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Saneameto liderado pela comunidade

  • 1. SANEAMENTO TOTAL LIDERADO PELA COMUNIDADE (SANTOLIC) 1
  • 2. Conteúdos • Breve Historial do SANTOLIC • Princípio do SANTOLIC • Etapas de Implementação • Diferentes respostas do despertar • Elaboração do plano de actividades • Criação do Comité de Saneamento • Monitoria • Desafios • Conclusão 2
  • 3. Breve Historial do SANTOLIC O SANTOLIC foi introduzido entre 1999-2000 no Bangladesh por Kamal Kar. Dada rapidêz de obtenção de resultados imprimido por esta metodologia, ela está a ter muita aderência e actualmente para além de Moçambique está a ser implementado em vários países da América do Sul, Ásia e África, incluindo Moçambique. O SANTOLIC permite a comunidade apreciar e analisar as suas práticas, cria choque, nojo e vergonha nas pessoas e resigna quaisquer subsídios para as infra-estruturas de saneamento. 3
  • 4. Princípios do SANTOLIC  Nenhum ser humano gostaria de comer cocó;  Todo ser humano tem o poder e capacidade de resolver os seus problemas;  Não há subsídio para a construção de latrinas mesmo para os mais pobres;  Não há tecnologia pré definida, isto é, não se define o modelo de latrina por construir na comunidade;  Facilita a análise colectiva de comportamento e não ensina as pessoas. 4
  • 5. Líderes Naturais (LNs) ou Espontâneos Designam-se Líderes Naturais ou Espontâneos os membros da comunidade que se revelam durante o despertar e tomam o protagonismo e liderança dos processos de SANTOLIC. Podem ser: homens, mulheres ou mesmo crianças. 5
  • 6. Equipa de facilitação  Facilitador chefe – é a pessoa que toma a dianteira do processo despertar  Co-Facilitador – apoia o facilitador chefe, e nos casos em que o facilitador chefe não fala a língua local recomenda-se que os co- facilitadores estejam em número de dois;  Ambientadores – são reguladores do ambiente, responsáveis por assegurar um ambiente facilitador, garantir que não haja confusão, não se usem telemóveis, assegurar que não se esteja lá para dar lições, organizar as pessoas;  Relator/Secretário – toma nota de todo processo incluindo registo de imagens. 6
  • 7. Etapas de implementação do SANTOLIC A implementação do SANTOLIC comporta 3 etapas:  Pré – despertar: preparação;  Despertar: aplicação das técnicas do SANTOLIC;  Pós despertar: Monitoria e/ acompanhamento 7
  • 8. Pré – despertar Esta etapa é de reconhecimento e levantamento da situação geral da aldeia, nomeadamente, as práticas sociais, culturais, condições físicas do solo, dimensão da comunidade, situação de saneamento e higiene na comunidade, entre outras. 8
  • 9. Despertar A fase do despertar reserva-se a aplicação de todas técnicas, nomeadamente: i) Mapeamento comunitário; ii) Caminhada transversal – ou da vergonha; iii) Cálculo de cocó; iv) Contaminação feco-oral (comida-cocó e água-cocó); v) Elaboração do plano de actividades e; vi) Criação do Comité de Saneamento. 9
  • 10. Mapeamento comunitário A população desenha o mapa da sua povoação/aldeia/comunida de com recurso a pós coloridos. Nesse mapa cada família coloca-se na posição da sua casa e com uma cor aproximadamente amarela indica os locais de fecalismo. 10
  • 11. Caminhada transversal – ou da vergonha Esta é a mais importante ferramenta individualizada de motivação. Depois do mapeamento identifica-se a zona de maior foco de fecalismo a céu aberto e todos membros da comunidade junto a equipa de facilitação dirigem-se àquele ponto. O objectivo da caminhada é ver in-loco o cocó, criar nojo nas pessoas e tirar parte deste para a aplicação da técnica contaminação feco-oral. 11
  • 12. Cálculo do cocó e das despesas médicas  O cálculo de cocó ilustra a comunidade a dimensão do problema de saneamento e a quantidade de excrementos humanos que está a ser produzida por cada membro da comunidade ou agregado familiar por dia, semana, mês e até ano. As quantidades determinadas podem perfazer toneladas, o que pode surpreender a comunidade.  A quantidade de cocó produzida por cada família é calculada assumindo como base 0,5 kg de cocó por defecação. Geralmente, depois do cálculo pergunta-se qual é a família que mais produz cocó. Essa família deve merecer aplausos e felicitação por contribuir para mais cocó na aldeia. 12
  • 13. Contaminação feco-oral Antes: os facilitadores abrem a tigela de comida e convidam um membros da comunidade para juntos comerem parte da comida. Em seguida o facilitador abre a água selada, bebe um pouco e convida um membro da comunidade para beber; Depois: a tigela que contém a comida é aberta completamente e é introduzido na água um pauzinho depois de tocar no cocó cruo recolhido na caminhada transversal. 13
  • 14. Momento de ignição É o momento em que os membros da comunidade se apercebem de que devido ao fecalismo a céu aberto todos estão a COMER COCÓ uns dos outros e que isso prevalecerá enquanto a prática continuar. Após a ignição a comunidade começa a discutir como acabar com o fecalismo a céu aberto. A equipa de facilitação não deve interromper a discussão nem sugerir, muito menos prescrever o tipo de latrina a ser adoptada pela comunidade. 14
  • 15. Diferentes respostas do despertar O despertar produz diferentes respostas Caixa de fósforo Caixa de fósforo Chamas Faíscas Dispersas Húmido em bomba de Promissoras gasolina 15
  • 16. Forma de manifestação de cada resposta  Caixa de fósforo em bomba de gasolina: a comunidade toda sente-se revoltada com as suas práticas e toma atitude imediata de acabar com o fecalismo a céu aberto na sua aldeia/bairro;  Chamas Promissoras: quando a maioria tiver despertado mas haver parte da comunidade ainda indecisa;  Faíscas Dispersas: Quando há muita gente indecisa e apenas parte da comunidade toma atitude de acabar com o fecalismo a céu aberto;  Caixa de fósforo Húmido: Quando toda comunidade não está, nem pouco, interessada para acabar com o fecalismo a céu aberto. 16
  • 17. Monitoria Esta é a fase em que a equipa de facilitação passa pela aldeia/Bairro para verificar o cumprimento do plano elaborado pela comunidade para a eliminação do fecalismo a céu aberto. Dependendo do tipo de ignição da comunidade durante o despertar, o trabalho pode ser rápido, demorado, ou mesmo não ser realizado. A equipa de verificação deve ser constituída por Activista, membros do Comité de Saneamento e Líder Comunitário. 17
  • 18. Elaboração do plano de actividades Após o despertar a comunidade elabora um plano comunitário de construção de infra-estruturas sanitárias, nomeadamente, latrinas, copas, aterros sanitário, etc... O plano é feito imediatamente depois do momento sublime do despertar, a contaminação feco-oral. Nessa altura a comunidade fica com nojo e extremamente revoltada com suas más práticas de higiene. Geralmente, a comunidade adere a elaboração do plano comunitário. Nesse plano, por sua iniciativa, a comunidade esboça o modelo de infra-estruturas por construir, elabora o cronograma de actividades indicando claramente os prazos das actividades. 18
  • 19. 5. Desafios a) Replicar as experiências positivas do Programa noutros distritos; esta acção já estão em curso nos distritos em que está sendo implementado o PAARSS III; b) Transferência de responsabilidades das ONGs para as estruturas locais; c) Ascensão das coberturas de abastecimento de água, saneamento e boas práticas higiénicas traduzida em diminuição das distâncias para busca de água e práticas higiénicas e de saneamento; d) Subida na escada de saneamento comunitário; e) Enquadramento dos activistas de água no âmbito do OGE (orçamento geral do Estado). 19