Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Distraídos Venceremos - Paulo Leminsni
1. PAULO LEMINSKI
DISTRAÍDOS VENCEREMOS
2!' edição
editorabrasiliense
2. TRANSMATÉRIA CONTRASENSO
Nas unidades de Distraídos Venoeremos
(1983-1987), resultado do impacto da poesia
de Capriohos e Relaxas (1983) sobre a fina e
grossa cútis da minha sensibilidade lírica,
oalmes bloos ioi-bas oh us d 'un désastre
obsour, cadeias de Markoff em direção a
I' uma frase absoluta, arrisco crer ter
atingido um horizonte longamente
almejado: a abolição (não da realidade,
evidentemente) da referência, através da
rarefação.
Seria demais, certamente, supor que eu
não precise mais da realidade.
Seria de menos, todavia, suspeitar
sequer que a realidade, essa velha senhora,
possa ser a verdadeira mãe destes dizeres
tão calares.
É qu~ndo a vida vase.
É quando como quase.'
Ou não, quem sabe.
Curitiba. janeiro de 1987
3. 1NDICE, ÍCONE E SÍMBOLO
Distraídos venceremos 13
Ais ou menos 65
Kawa cauim 99
9
4. r AVISO AOS NÁUFRAGOS
Esta página, por exemplo,
.. não nasceu para ser lida.
,Nasceu para ser pálida,
Ufi mero plágio da Ilíada,
alguma coisa que cala,
folha que volta pro galho,
muito depois de caída.
Nasceu para ser praia,
<1
uem sabe Andrômeda, Antártida,
Himalaia, sílaba sentida,
nasceu para ser última
a que' não nasceu ainda.
Palavras traz idas de longe
pulas águas do Nilo,
um dia, esta página, papiro,
V'0'1ter que ser traduzida,
para o símbolo, para o sânscrito,
para todos os dialetos da Índia,
vai ter que dizer bom-dia'
.tO que só se diz ao pé do ouvido,
vai ter que ser a brusca pedra
onde alguém deixou cair o vidro.
Não é assim que é a vida?
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5. A LEI DO QUÃO MINIFESTO
Deve ocorrer em breve ave a raiva desta noite
uma brisa que leve &I..
baita lasca fúria abrupta
um jeito de chuva louca besta vaca solta
à última branca de neve. ..uiva luz que contra o dia
tanto e tarde madrugastes
Até lá, observe-se
a mais estrita disciplina. morra a calma desta tarde
A sombra máxima morra em ouro
pode vir da luz mínima. enfim, mais seda .
l morte, essa fraude,
quando próspera
viva e morra sobretudo
oete dia, metal vil,
surdo, cego e mudo,
nele tudo foi e, se ser foi tudo,
já nem tudo nem sei
ne vai saber a primavera
ou se um dia saberei
que nem eu saber nem ser nem era
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6. ADMINIMISTÉRIO
Vim pelo caminho difícil, QUàndo o mistério chegar,
a linha que nunca termina, já vai me encontrar dormindo,
a linha bate na pedra, metade dando pro sábado,
a palavra quebra uma esquina, outra metade, domingo.
mínima linha vazia, Não haja som nem silêncio,
a linha, uma vida inteira, quando o mistério aumentar.
palavra, palavra minha. Silêncio é coisa sem senso,
não cesso de observar.
Mistério, algo que, penso,
mais tempo, menos lugar.
Quando o mistério voltar,
meu sono esteja tão solto,
nem haja susto no mundo
que possa me sustentar.
Meia-noite, livro aberto.
Mariposas e mosquitos
pousam no texto incerto.
Seria o branco da folha,
luz que parece objeto?
Quem sabe o cheiro do preto,
que cai ali como um resto?
Ou seria que os insetos
descobriram parentesco
com as letras do alfabeto?
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7. DISTÂNCIAS MÍNIMAS SAUDOSA AMNÉSIA
a um amigo que perdeu a memória
um texto morcego Memória é coisa recente;
se guia por ecos Até ontem, quem lembrava?
um texto texto cego A coisa veio antes,
um eco anti anti anti antigo ou, antes, foi a palavra?
um grito na parede rede rede Ao perder a lembrança,
volta verde verde verde grande coisa não se perde;
com mim com com consigo Nuvens, são sempre brancas.
ouvir é ver se se se se se O mar? Continua verde.
ou se se me lhe te sigo?
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8. ICEBERG POR UM LINDÉSIMO DE SEGUNDO
Uma poesia ártica, tudo em mim
claro, é isso que desejo. anda a mil
Uma prática pálida, tudo assim
três versos de gelo. tudo por um fio
Uma frase-superfície tudo feito
onde vida-frase alguma tudo estivesse. no cio
não seja mais possível. tudo pisando macio
Frase, não. Nenhuma. tudo psiu
Uma lira nula,
reduzida ao puro. mínimo, tudo em minha volta
um piscar do espírito, anda às tontas
a única coisa única. como se as coisas
Mas falo. E, ao falar, provoco fossem todas
nuvens de equívocos afinal de contas
(ou enxame de monólogos?).
Sim, inverno, estamos vivos.
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9. PASSE A EXPRESSÃO
Transar bem todas as ondas
Esses tais artefatos
a Papai do Céu pertence, que diriam minha angústia,
fazer as luas redondas
tem umas que vêm fácil,
ou me nascer paranaense.
tem muitas que me custa.
A nós, gent~, só foi dada
Tem horas que é caco de vidro,
essa maldita capacidade,
meses qua é feito um grito,
transformar amor em nada.
tem horas que eu nem duvido,
tem dias que eu acredito.
Então seremos todos gênios
quando as privadas do mundo
vomitarem de volta
todos os papéis higiê:q.icos.
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10. o MÍNIMO DO MÁXIMO ,'-SIGNO ASCENDENTE "-.,
Tempo lento, Nem todo espelho
espaço rápido, reflita este hieroglifo.
quanto mais pensá, Nem todo olho
menos capto. decifre esse ideograma.
Se não pego isso Se tudo existe
que me passa no íntimo, para acabar num livro,
importa muito? se tudo enigma
Rapto o ritmo. a alma de quem ama!
Espaçotempo ávido,
lento espaçodentro,
quando me aproximá,
simplesmente me desfaço,
apenas o mínimo
em matéria de máximo.
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11. ~
91
ALÉM ALMA + PLENA PAUSA
(UMA GRAMA DEPOIS)
Meu coração lá de longe Lugar onde se faz
faz sinal que quer voltar. o que já foi feito,
Já no peito trago em bronze: branco da página,
NÃO TEM VAGA NEM LUGAR. soma de todos os textos, I
Pra que me serve um negócio foi-se o tempo
que não cessa de bater? . quando, escrevendo,
Mais me parece um relógio era preciso
que acaba de enlouquecer. uma folha isenta.
Pra que é que eu quero quem chora,
se estou tão bem assim, Nenhuma página
e o vazio que vai lá fora jamais foi limpa.
cai macio dentro de mim? Mesmo a mais Saara, I
ártica, significa.
Nunca houve isso,
uma página em branco. 1
No fundo, todas grita!m,
pálidas de tanto. I
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12. MERD:A E OURO O PAR QUE ME PARECE
Merdaé veneno. Pesa dentro de mim
No entanto, não há nada o idioma que nã.o fiz,
que seja mais bonito aquela língua sem. fim
que uma bela cagada. feita de ais e de aquis.
Cagam ricos, cagam padres, Era uma língua bonita,
cagam reis e cagam fadas. música, mais que palavra,
Não há merda que se compare alguma coisa de hitita,
à bosta da pessoa amada. praia do mar de Java.
Um idioma perfeito,
quase não tinha objeto.
Pronomes do caso reto,
nunca acabavam sujeitos.
Tu40 era seu múltiplo,
verbo, triplo, prolixo.
Gritos eram os únicos.
O resto, ia pro lixo.
Dois leos em cada pardo,
dois saltos em cada pulo,
eu que só via a metade,
silêncio, está tudo duplo.
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13. ARTE DO CHÁ t PROEMA
ainda ontem Não há verso,
convidei um amigo tudo é prosa,
para ficar em silêncio passos de luz
co:rnigo num espelho,
verso, ilusão
ele veio de ótica,
meio a esmo verde,
praticamente não disse nada o sinal vermelho.
e ficou por isso mesmo
Coisa
feita de brisa,
de mágoa
e de calmaria,
dentro
de um tal poema,
qual poesia
pousaria?
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14. DESENCONTRÁRIOS
Eu, hoje, aoordei mais oedo Mandei a palavra rimar,
e, azul, tive uma idéia olara. ela não me obedeoeu.
Só existe um segredo. Falou em mar, em oéu, em rosa,
Tudo está na oara. em grego, emsilênoio, em prosa.
Pareoia fora de si,
a sílaba silenoiosa.
Mandei a frase sonhar,
e ela se foi num labirinto.
Fazer poesia, eu sinto, apenas isso.
Dar ordens a um exéroito,
para oonquistar um império extinto.
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15. 1
o QUE ,QUER DIZER UM METRO DE GRITO
(MÁQUINAS LÍQUIDAS)
lIara Haroldo de Campos,
translator maximus
O que quer dizer, diz. Leiam-se índices,
Não fica fazendo mil olhos de lince,
o que, um dia, eu sempre fiz. entre meus filmes,
Não fica só querendo, querendo, leonardos da vinci.
coisa que eu nunca quis. Abri-vos, arcas, arquivos,
O que quer dizer, diz. súmulas de equívocos,
Só se dizendo num outro fechados,
o que, um dia, se disse, para que servem os livros?
um dia, vai ser feliz.
Livros de vidro,
discos, issos, aquilos,
coisas que eu vendo a metro,
eles me compram aos quilos.
Líquidas lâminas,
linhas paralelas,
quanto me dão
por minhas idéias?
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16. CLARO CALAR SOBRE
UMA CIDADE SEM RUÍNAS
(R UINOGRAMAS)
sorte no jogo Em Brasília, admirei.
azar no amor Não a niemeyer lei,
de que me serve a vida das pessoas
sorte no amor penetrando nos esquemas
se o amor é um jogo como a tinta sangue
e o jogo não é meu forte, no mata borrão,
meu amor? crescendo o vermelho gente,
entre pedra e pedra,
pela terra a dentro.
Em Brasília, admirei.
O pequeno restaurante clandestino,
criminoso por estar
fora da quadra permitida.
Sim, Brasília.
Admirei o tempo
que já cobre de anos
tuas impecáveis matemáticas.
Adeus, Cidade.
O erro, claro, não a lei.
Muito me. admirastes,
muito te admirei.
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17. NOMES A MENOS
Nome mais nome igual a nome,
Carrego o peso da lua,
uns nomes menos; uns nomes mais.
Três paixões mal curadas,
Menos é mais ou menos,
Um saara de páginas,
nem todos os nomes são iguais.
Essa infinita. madrugada.
Viver de noite Uma coisa é a coisa, PaI.' ou ímpar,
outra coisa é o nome, par e par,
Me fez senhor do fogo.
retrato da coisa quando límpida,
A vocês, eu deixo o sono.
coisa que as coisas deixam ao passar.
O sonho, não.
Esse, eu mesmo carrego.
Nome de bicho, nome de mês,
nome de estrela,
nome dos meus amores, nomes animais,
a soma de todos os nomes,
nunca vai dar uma coisa, nunca mais.
Cidades passam. Só os nomes vão ficar.
Que coisa dói dentro do nome
que não tem nome que conte
nem coisa pra se contar?
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18. VOLTA EM ABERTO O NÁUFRAGO NÁUGRAFO
Ambígua volta a letra A a
em torno da ambígua ida, funda no A
quantas ambigüidades tlântioo
se pode oometer na vida? e paoífioo oom
Quem parte leva um jeito templo a luta
de quem traz a alma torta. entre a rápida letra
Quem bate mais .na porta? e o ooeano
Quem parte ou quem torna? lento
assim
fundo e me afundo
de todos os náufragos
ná ugrafo
o náufrago
mais
profundo
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19. BEM NO FUNDO SEM BUDISMO
no fundo,. no fundo, Poema que é bom
bem lá no fundo, a.oaba zero a zero.
a gente gostaria Acaba com.
de ver nossos problemas Não como eu quero.
resolvidos por decreto Começa sem.
Com, digamos, certo verso,
a partir desta data, veneno de letra,
aquela mágoa sem remédio bolero. Ou menos.
é considerada nula Tira daqui, bota dali,
e sobre ela - silêncio perpétuo um lugar, não caminho.
Prossegue de si.
extinto por lei todo o remorso, Heguro morreu de velho,
maldito seja quem olhar pra trás, e sozinho.
lá pra trás não há nada,
e nada mais
mas problemas não se resolvem,
problemas têm família grande,
e aos domingos saem todos passear
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminhas
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20. J
o HÓSPEDE DESPERCEBIDO
o amor, esse sufoco, Deixei alguém nesta sala
agora há pouco era muito, . que muito se distinguia
agora, apenas um sopro de alguém que ninguém se chamava,
quando eu desaparecia.
ah, troço de louco, Comigo se assemelhava,
corações trocando rosas, mas só na superfície.
e socos Bem lá no fundo, eu, palavra,
não passava de um pastiche.
Uns restos, uns traços, um dia,
meus tios, minhas mães e meus pais
me chamarem de volta pra dentro,
nu ainda não volte jamais.
Mas ali, logo ali, nesse espaço,
In.Ae vai, exemplo de mim,
algo, alguém, mil pedaços,
"lUla início, meio a meio, sem fim.
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21. AÇO EM FLOR A LUA NO CINEMA
para Xoji Sakaguchi,
portal amigo entre o
Japão 'eo Brasü
A lua foi ao cinema,
Quem nunca viu passava :um filme engraçado,
que a flor, a faca e a fera a história de uma estrela
tanto fez como tanto faz, que não tinha namorado.
e a forte flor que a faca faz
na fraca carne, Não tinha porque.era apenas
um pouco menos, um pouco mais, uma estrela bem pequena,
quem nunca viu dessas que, quando apagam,
a ternura que vai ninguém vai dizer, que penal
no fio da lâmina samurai,
esse, nunca vai ser capaz. Era uma estrela sozinha,
ninguém olhava pra ela,
e toda a luz que ela tinha
cabia numa janela.
A lua ficou tão triste
com aquela história de amor,
que até hoje a lua insiste:
- Amanheça, por favor I
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22. l
ANCH'IO SON PITTORE
fra angélico podem ficar com a realidade
quando pintava esse baixo astral
uma madona cal bambino em que tudo entra pelo cano
se ajoelhava e rezava
como se fosse um menino eu quero viver de verdade
eu fico com o cinema americano
orava diante da obra
como se fosse pecado
pintar aquela senhora
sem estar ajoelhado
orava como se a obra
fosse de deus não do homem
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23. LITOGRA VURA .RIMAS DA MODA l
Mão de estátua. 1930 1960 1980
Templo. Coluna. Arco de triunfo.
amor homem ama
Mil duzentos e cinqüenta.
dor come cama
Qualquer pedra na Europa
fome
é suspeita de ser
mais do que aparenta.
Felizes as pedras da minha terra
que nunca foram senão pedras.
Pedras, a lua esfria
e o sol esquenta.
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24. 300.000 KMS POR SEGUNDO
eu ontem tive a impressão De que música gostam
que deus quis falar comigo os pernilongos?
não lhe dei ouvidos De Schubert., de Wagner,
de Debussy?
quem sou eu para falar com deus? Não gostam de nada,
ele que cuide dos seus assuntos a julgar por este aqui.
eu cuido dos meus Apenas um solo de silêncio,
tsso sim,
eu ouvi.
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25. PARADA CARDÍACA
Essa minha secura
essa falta de sentimento como se eu fosse Júlio plaza
não tem ninguém que segure
vem de dentro prazer
da pura percepção
Vem da. zona escura .-0S sentidos
donde vem o que sinto sejam a crítica
sinto muito da razão
sentir é muito lento
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26. SORTES E CORTES IMPRECISA PREMISSA
(quantas curitibas cabem numa s6 Curitiba?)
a linha clara a tesoura traça na folha branca Cidades pequenas,
como dói esse silêncio,
separa a folha a folha da forma a -forma cantilenas, ladainhas,
tudo aquilo que nem penso,
um diabo habita o branco do olho da página esse excesso
que me faz ver todo o senso,
claro oculto entre as claridades ~mprecisa premissa,
definitiva preguiça
o vazio passa e deixa uma saudade com que sobe, indeciso,
o mais ou menos do incenso.
Vila de Nossa Senhora
da Luz dos Pinhais,
tende piedade de nós.
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27. HARD FEELINGS . SUJEITO INDIRETO
(a riddle for Manha)
Oceans, Quem dera eu achasse um jeito
emotions, de fazer tudo perfeito,
ships, ships, feito a coisa fosse o projeto
and other relationships, e tudo já nascesse satisfeito.
keep us going Quem dera eu visse o outro lado,
through thefog o lado de lá, lado meio,
and wandering mist. onde o triângulo é quadrado
e o torto parece direito.
What is it Quem dera um ângulo reto.
that I missed? Já começo a ficar cheio
de não saber quando eu falto,
de ser, mim, indireto sujeito.
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28. PAREÇA E DESAPAREÇA
para que Ieda me leia Parece que foi ontem.
precisa papel de seda Tudo parecia alguma coisa.
precisa pedra e areia O dia parecia noite.
para que leia me Ieda E o vinho parecia rosas.
. Até parece mentira,
precisa lenda e certeza tudo parecia algu:ma coisa.
precisa ser e sereia O tempo parecia pouco,
para que apenas me veja e a gente se parecia muito.
A dor, sobretudo,
pena que seja Ieda parecia prazer.
quem quer você que me leia Parecer era tudo
que as coisas sabiam fazer.
O próximo, eu mesmo. .
Tão fácil ser semelhante,
quando eu tinha um espelho
pra me servir de exemplo.
Mas vice versa e vide a. vida.
Nada se parece com nada.
A fita não coincide
Com a tragédia encenada.
Parece que foi ontem.
O resto, as próprias coisas contem.
Esse poema já f01 mus1cado duas vezes. Uma por Moraes
Moreira, outra por Itamar Assumpção. Que tal você?
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30. AIS OU MENOS
(oração pela descrença)
Senhor,
.peço poderes sobre o sono,
esse sol em que me ponho
a sofrer meus ais ou menos,
sombra, quem sabe, dentro de um sonho.
Quero forças para o salto
do abismo onde me encontro
ao hiato onde me falto.
Por dentro de mim, a pedra,
e, aos pés da pedra,
essa sombra, pedra que se esfalfa.
Pedra, letra, estrela à solta,
sim, quero, viver sem fé,
levar a vida que falta
sem nunca saber quem é.
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31. VOLÁTEIS ~ COMO PODE?
Anos andando no mato, Soa estranho, esta manhã,
nunca vi um passarinho morto, tudo o que sempre foi meu, como pode?
como vi um passarinho nato. Como pode que esse som lá fora,
os sons da vida, a voz de todo dia,
Onde acabam esses vôos? pareça ficção científica?
Dissolvem-se no ar, na brisa, no ato?
São solúveis em água ou em vinho? Como pode que ,esta palavra,
que já vi mil vezes e mil_vezes disse,
Quem sabe, uma doença dos olhos. . não signifique mais nada,
Ou serão eternos os passarinh"os? a não ser que o dia, a noite, a madrugada,
a não ser que tudo. não é nada disso?
Pode que eu já não seja mais o mesmo.
Pode a luz, pode ser, pode céu e pode quanto.
Pode tudo o que puder poder.
Só não pode ser tanto.
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32. ROSA RILKE RAIMUNDO CORREIA
Marginal é quem escreve à margem, Uma pálpebra,
deixando branca a página mais uma, mais outras,
para que a paisagem passe enfim, dezenas
e deixe tudo claro à sua passagem. de pálpebras sobre pálpebras
tentando fazer
Marginal, escrever na entrelinha, das minhas trevas
sem nunca saber direito alguma coisa a mais
quem veio primeiro, que lágrimas
o ovo ou a galin;b.a.
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33. TRÊS METADES
Meio dia, impuro. espírito
um dia e me~o, raro respiro
meio dia, meio noite, o ar que aqui tenta
metade deste poema arquiteto
não sai na fotografia,
um yago vôo
metade, metade foi-se.
vampiro
Mas eis que a terça metade,
aquela que é menos dose
de matemática verdade
do que soco, tiro, ou coice,
vai e vem como coisa
de ou, de nem, ou de quase.
Como se a gente tivesse
metades que não combinam,
três partes, destempestades,
três vezes ou vezes três,
como se quase, existindo,
só nos faltasse o talvaz.
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34. o ATRASO PONTUAL
ai daqueles Ontens e hojes, amores e ódio,
que se amaram sem nenhuma briga adianta consultar o relógio?
aqueles que deixaram Nada poderia ter sido feito,
que a mágoa nova a não ser no tempo em que foi lógico.
virasse a chaga antiga Ninguém nunca chegou atrasado.
Bênçãos e desgraças
ai. daqueles que se amaram vêm sempre no horário.
sem saber que amar é pão feito em casa Tudo o mais é plágio.
e que a pedra só não voa Acaso é este encontro
porque não quer entre o tempo e o espaço
não porque não. tem asa mais do que um sonho que eu conto
ou mais um poema que eu faço?
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35. SEGUNDO CONSTA
Nem tudo envelhece. O mundo acabando,
O brilho púrpura, pOdem ficar tranqüilos.
sob a água pura, Acaba voltando
ah, se eu pudesse. tudo aquilo.
Nem tudo, Reconstruam tudo
sentir fica. segundo a planta do~ meus versos.
Fica como fica a magnólia, Vento, eu disse como.
magnífica. Nuvem, eu disse quando.
Sol, casa, rua,
reinos, ruínas, anos,
disse como éramos.
Amor, eu disse como.
E como era mesmo?
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77
36. ASAS E AZARES
peguei as oinoo estrelas Voar oom asa ferida?
do oéu uma a uma Abram alas quando eu falo.
elas estrelas não vieram Que mais foi que fiz na vida?
mas na minha mão .
Fiz, pequeno, quando o tempo
todas elas estava ~odo do meu lado
ainda me perfuma e o que se ohama passado,
passatempo, pesadelo,
só me existia nos livros.
Fiz, depois, donQ de mim,
quando tive que esoolher
entre um abismo, o oomeço,
e essa história sem fim.
Asa ferida, asa
ferida,
meu espaço, meu herói.
A asa arde . Voar, isso não dói.
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37. RAZÃO DE SER
DESAP ARECENÇA
Escrevo. E pronto. Nada com nada se assemelha.
Escrevo porque preciso, Qual seria a diferença
preciso porque estou tonto. entre o fogo do meu sangue
Ninguém tem nada com isso. e esta rosa vermelha?
Escrevo porque amanhece, Cada coisa com seu peso,
e as estrelas lá no céu cada quilômetro, seu quilo.
lembram letras no papel, De que é que adianta dizê-Ia,
quando o poema me anoitece. isto, sim, é como aquilo?
A aranha tece teias. Tudo o mais que acontece,
O peixe beija e morde o que vê. nunca antes sucedeu.
Eu escrevo apenas. E mesmo que sucedesse,
Tem que ter por quê? acontece que esqueceu.
Coisas não são. parecidas,
nenhum paralelo possível.
Estamos todos sozinhos.
Eu estou, tu estás, eu estive.
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38. DIVERSONAGENS SUSPERSAS
Parece coisa da pedra, Meu verso, temo, vem do berço.
alguma pedra preciosa, Não versejo porque eu quero,
vidro capaz de treva, versejo quando converso
névoa capaz de prosa. e converso por conversar.
Pela pele, .é lírio, Pra que sirvo senão pra isto,
aquela pura delícia. pra ser vinte e pra ser visto,
Mas, por ela, a vida, pra ser versa e pra ser vice,
a mancha horrível, desliza. pra ser a'super-superfície
onde o verbo vem ser mais?
Não sirvo pra observar.
Verso, persevero e conservo
um susto de quem se perde
no exato lugar onde está.
Onde estará meu verso?
Em algum lugar de um lugar,
onde o avesso do inverso
começa a ver e ficar.
Por mais prosas que eu perverta,
não permita Deus que eu perca
meu jeito de versej~r.
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39. NARÁJOW PERGUNTE AO PÓ
Uma mosca pouse no mapa cresce a viaa
e me pouse em Narájow, cresce o tempo
a aldeia donde veio cresce tudo
o pai do meu pai, ;,
e vira sempre
o que veio fazer a América, esse momento
o que vai fazer o contrário,
a Polônia na memória, cresce o ponto
o Atlântico na frente, bem no meio
o Vístula na veia. do amor seu centro
assim como
Que sabe a mosca da ferida o que a gente sente
que a distância faz na carne viva, e não diz
quando um navio sai do porto cresce dentro
jogando a última partida?
Onde andou esse mapa
que só agora estende a palma
para receber essa mosca,
que nele cai, matemática?
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40. V, DE VIAGEM LER PELO NÃO
Viajar me deixa Ler pelo não, quem deral
a alma rasa, . . Em cada ausência, sentir o cheiro forte
perto de tudo, do corpo que. se foi,
longe de casa. a coisa que se espera.
Ler pelo não, além da letra,
Em casa, estava a vida, ver, em cada rima vera, a prima pedra,
aquela que, na viagem, onde a forma perdida
viajava, bela procura seus etcéteras.
e adormecida. Desler, tresler, contraler,
enlear-se nos ritmos da matéria,
A vida viajava no fora, ver o dentro e, no dentro, o fora,
mas não viajava eu, navegar em direção às Índias
que toda viagem e descobrir a América.
.
é feita só de partida.
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41. ÚLTIMO AVISO
Adeus, coisas que nunca tive, caso alguma coisa me acontecer,
dívidas externas, vaidades terrenas, informem a família,
lupas de detetive, adeus. foi assim, assim tinha que ser
Adeus, plenitudes inesperadas,
sustos, ímpetos e espetáculos, adeus. tinha que ser dor e dor
Adeus, que lá se vão meus ais. esse processo de crescer
Um dia, quem sabe, sejam seus,
como um dia foram dos meus pais. tinha que vir dobrado
Adeus, mamãe, adeus, papai, adeus, esse medo de não ser
adeus, meus filhos, quem sabe um dia
todos os filhos serão meus. tinha que ser mistério
Adeus, mundo cruel, fábula de papel, esse meu modo de desaparecer
sopro de vento, torre de babeI,
adeus, coisas ao léu, adeus. um poema, por exemplo,
caso alguma coisa me suceder,
vá que seja um indício
quem sabe ainda não acabei de escrever
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42. DESPROPÓSITO GERAL M, DE MEMÓRIA
t
Esse estranho hábito, Os livros sabem de cor
escrever obras-primas, milhares de poemas.
não me veio rápido. Que memórial
Custou-me rimas. Lembrar, assim, vale a pena.
Umas, paguei caro, Vale a pena o desperdício,
liras, vidas, preços máximos. Ul1sses voltou de Tróia,
Umas, foi fácil. assim como Dante disse,
Outras, nem falo. o céu não vale uma história.
Me lembro duma Um dia, o diabo veio
que" desfiz a socos. seduzir um doutor Fausto.
Duas, em suma. Byron era verdadeiro.
Bati mais um pouco. Fernando, pessoa, era falso.
Esse estranho abuso, Mallarmé era tão pálido,
adquiri, faz séculos. mais parecia uma página.
Aos outros, as músicas. Rimbaud se mandou pra África,
Eu, senhor, sou todo ecos. Hemingway de miragens.
Os livros sabem de tudo.
Já sabem deste dilema.
Só não sabem que, no fundo,
ler não passa de uma lenda.
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43. ATÉ MAIS INCENSO FOSSE MÚSICA
Até tu, matéria bruta, isso de querer
até tu, madeira, massa e músculo, ser exatamente aquilo
vodka, fígado e soluço, que a gente é
luz de vela, papel, carvão e nuvem, ainda vai
pedra, carne de abacate, água de chuva, nos levar além
unha, montanha, ferro em brasa,
até vocês sentem saudade,
queimadura de primeiro grau,
vontade de voltar pra casa?
Argila, esponja, mármore, borracha,
cimento, aço, vidro, vapor, pano e cartilagem,
tinta, cinza, casca de ovo, grão de areia,
primeiro dia de outono, a palavra primavera,
número cinco, o tapa na cara, a rima rica,
a vida nova, a idade média, a força velha,
até tu, minha cara matéria,
lembra quando a gente era apenas uma idéia?
93
92
44. ,
gardênias e hortênsias À glória sucede
não façam nada o que sucede à água:
que me lembre por mais água que beba,
que a este mundo eu pertença . qual lhe sacia a sede?
Diverso o sucesso,
deixem-me pensar basta-lhe. um verso
que tudo não passa para essa desgraça
de uma terrível coincidên,cia que se chama dar certo.
94
95
45. OBJETO SUJEITO POESIA: 1970
~I
você nunca vai saber Tudo o que eu faço
quanto custa uma saudade alguém em mim que eu desprezo
o peso agudo no peito sempre acha o máximo.
de carregar uma cidade
pelo lado de dentro Mal rabisco,
como fazer de um verso não dá mais pra mudar nada.
um objeto sujeito Já é um clássico.
como passar do presente
para o pretérito perfeito
nunca saber direito
você nunca vai saber
o que vem depois de sábado
quem sabe um século
muito mais lindo e mais sábio
quem sabe apenas
mais um domingo
você nunca vai saber
e isso é sabedoria
nada que valha a pena
a passagem pra pasárgada
xanadu ou shangrilá
quem sabe a chave
de um poema
e olha lá
96 97
47. KAWA
o ideograma de kawa, "rio", em japonês, pictograma de um
fluxo de água corrente, sempre me pareceu representar (na
vertical) o esquema do haikai, o sangue dos três versos
escorrendo na parede da página...
litx
,..,
~
(' 101
48. - HAI
Eis que nasce completo
e, ao morrer, morre germe,
o desejo, analfabeto,
de saber como reger-me,-
ah, saber como me ajeito
para que eu seja quem fui,
eis o que nasce perfeito
e, ao crescer , diminui.
10~
49. -- KAI
Mínimo templo
para um deus pequeno,
aqui vos guarda,
em vez da dor que peno,
meu extremo anjo de vanguarda.
De que máscara
se gaba sua lástima,
de que vaga
se vangloria sua história,
DESARRANJOS FLORAIS
saiba quem saiba.
A mim me basta
a sombra que se deixa,
o corpo que se afasta. ,
'n
104
51. pelos caminhos que ando meiodia três cores
um dia vai ser eu disse vento
só não sei quando e caíram todas as flores
108 109
52. I
abrindo um antigo caderno o mar o azul o sábado
foi que eu descobri liguei pro céu
antigamente eu era eterno mas dava sempre ocupado
110 111
53. ~I
enfim,
viu-me,
nu,
e passou,
como vim
como um filme
112
54. 11
era uma vez noite sem sono
o cachorro late
o sol nascente um sonho sem dono
me fecha os olhos
até eu virar japonês
114 11"
55. rio do mistério choveu
que seria de mim na carta que você mandou
se me levassem a sério?
quem mandou?
116 117
56. praias praias sinais entre os garotos de bicicleta
um olhar tão longe o primeiro vagal ume
esse olhar ninguém olha de mil novecentos e oitenta e sete
jamais
[.
118 119
57. sombras primeiro frio do ano
derrubam fui feliz
sombras se não me engano
quando atreva
está madura
sombras
o vento leva
sombra
nenhuma
dura
120 121
58. retrato de lado na torre da igreja
retrato de frente o passarinho pausa
de mim me faça pousa assim feito pousasse
ficar diferente o efeito na causa
122 123
59. entre ano novo
a água anos buscando
e o chá um ânimo novo
desab
rocha
o maracujá
124
125
1
'I
-- --
60. alvorada temporal
alvoroço
troco minha alma fazia tempo
por um almoço que eu não me sentia
tão sentimental
126 127
61. cortinas de seda 1ua à vista
o vento entra brilhavas assim
sem pedir licença sobre auschwitz?
128 129
62. hoje à noite tudo dito,
lua alta nada feito,
faltei fito e deito
e ninguem sentiu
a minha falta
130 131
63. tudo claro +
tarde de vento
até as árvores ainda não era o dia
querem vir para dentro era apenas o raio
132 133
64. Sobre o AutQ.r
Paulo Leminski Filho, nascido em Curitiba, Paraná, em 1944. (24 de
agosto, Virgo). Mestiço de polaca com negro, sempre t1veu no Paraná (in-
fância no interior de Santa. Catarina).
Publicou: Catatau (prosa experimental), em 1976, Curitiba, ed. do au-
tor. Não Fosse Isso e Era Menos / Não Fosse Tanto e Era Quase e Polonaise
(poemas, 1980, Curitiba, ed. do autor). Publicou poemas, com fotos de Ja-
que Pires, no álbum Quarenta Cl1ques, Curitiba, 1979, ed. Etcetera.
Ex-professor de História e Redação em cursos pré-vestibulares, foi
diretor de criaçãoe redator de publicidade, colaborou no "Folhetim" da Folha
de S. Paulo, resenhou livros de poesia na Veja.
Poemas e textos publicados em inúmeros órgãos (CorpoEstranho, Mu-
da, Código, Raposa, ete.) de Curitiba, São Paulo, Rio e Ba.h1a.
Teve seus primeiros poemas publicados na revista Invenção, em 1964,
então, porta-voz da poesia concreta paulista.
Faixa-preta e professor de judô, viveu em Curitiba com a poeta Alice
Ruiz, com a qual teve duas filhas.
Foram publicados pela Bras1l1ense: Cruz é Souza (Enca.nto Radical),
1985; Caprichos e Relaxos (Cantadas Literárias), 1985; Matsuó Bashõ (En-
canto Radic81), 1985; Jesus a.C. (Encanto Radical), 1984; Agora é que são
elas (Circo de Letras), 1984; Leon Trotsltl- A paixão segundo a revolução,
1986; todos de sua autoria. Além das traduções de Folhas das folhas da rel-
va, de Wh1tman, 1985; Supermacho, de Alfred Jarry, 1988; Satyricom, de
Petrônio, 1988; Sol e Aço, de Mishima, 1988 e Ma.loneMorre, de Samuel Bec-
kett, 1986. Pela Criar Edições, o livro Anseios Crípticos, 1986 e pela Scipio-
ne, Guerra dentro da gente (infanto-juvenil), além de muitos textos disper-
sos.
Paulo Leminski morreu no dia 7 de junho de 1989.