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PALESTRA NO CENOL
DIA: 25 de março de 2008.
Tema – Do Evangelho Segundo o Espiritismo – capítulo VIII – Bem aventurados os
puros de coração - item 20 - Bem aventurados os que têm os olhos fechados.
Dirigente: Milton
Queridos irmãos, boa noite.
Que Deus, Nosso pai, possa nos abençoar hoje e sempre!
Disse Jesus:
“ Eu sou a porta: Se alguém entrar por mim,
salvar-se-á.” (JO – 10-09)
Não existissem as portas, não poderíamos
passar de um compartimento a outro. Mas, sem
a chave que abre a porta, permaneceríamos
também, sem poder atravessar os
compartimentos, estando presos nas celas
estagnadas da ignorância.
Ali permaneceríamos, sucumbindo de fome
espiritual, não fosse a porta e a chave que o
Pai nos concedeu em Jesus e Kardec.
Muitas vezes, repetiu o Meigo Nazareno:
“Quem tem olhos de ver que veja; quem tem
ouvidos de ouvir que ouça.”
Para aqueles que não se contentam com
análises menos profundas, a frase é de alto
significado. A princípio pode parecer
pleonasmo, mas não é. Na verdade, muitos dos
conceitos ditos por Jesus, atravessaram os
1
séculos sem que as criaturas lhes percebessem
o significado real.
Só agora, mais de 2000 anos depois da
passagem de Jesus entre nós, com as luzes
ofertadas pela Doutrina Espírita, temos as
condições necessárias para entender todas as
palavras de Mestre.
Afirma Allan Kardec que o “Espiritismo não
institui nenhuma nova moral; apenas facilita
aos homens a inteligência e a prática da moral
do Cristo, facultando fé inabalável, esclarecida
e raciocinada aos que duvidam ou vacilam.”
Jesus, ao saber, após a pregação, que a massa
que o ouvira tinha fome, não apresentou
nenhuma dificuldade ou impedimento algum
para que todos se alimentassem.
Mas, repartiu pães e peixes que, não obstante a
farta distribuição, excedeu aos que
necessitavam.
Assim, também, na atualidade, a Doutrina
Espírita está ofertando o “Pão e os Peixes” do
conhecimento para a multidão que se acerca
numa distribuição farta e acessível a todos.
Os famintos e sedentos de conhecimento
encontram no Espiritismo o necessário para
mitigar-lhes a fome e ainda as sobras desse
2
banquete continuarão a acalmar o apetite da
humanidade para sempre.
Jesus é a porta do celeiro de bênçãos e luzes
que até hoje permaneciam fechadas para a
multidão pela ferrugem de dogmas e interesses
subalternos de líderes religiosos que se
compraziam na escravidão mental de seus
tutelados.
Porém, Kardec é a chave que descerrou de vez
essa porta aos famintos e sedentos que agora
não mais sofrerão as angústias das incertezas e
nem padecerão a fome espiritual a que foram
condenados pelos maus dispensadores das
verdades eternas, os infiéis que se locupletam
pela ignorância de todos.
“Eu sou a porta – mais tarde virá o
Consolador – Dizia Jesus.
Ele sabia que a porta não dispensaria a chave.
Jesus e Kardec, portanto, apontam-nos a senda
da fartura, abundância e plenitude, bem como
a felicidade sem mescla e da segurança sem
limite.
Jesus é a porta.
Kardec é a chave.
O Espiritismo é a chave com o auxílio da qual
tudo se explica de modo fácil.
3
Baseando-nos nessa certeza é que vamos
estudar o tema dessa noite.
Ao abrirmos o Evangelho segundo o
Espiritismo no capítulo em questão,
encontraremos a seguinte mensagem com este
título: BEM AVENTURADOS OS QUE TÊM
OS OLHOS FECHADOS.
Meus bons amigos, para que me chamastes?
Terá sido para que eu imponha as mãos sobre a
pobre sofredora que está aqui e a cure? Ah! que
sofrimento, bom Deus! Ela perdeu a vista e as
trevas a envolveram. Pobre filha! Que ore e
espere.
Oh! Bem-aventurado o cego que quer viver
com Deus. Mais ditoso do que vós que aqui
estais ele sente a felicidade, toca-a, vê as almas
e pode alçar-se com elas às esferas espirituais
que nem mesmo os predestinados da Terra
logram divisar. Abertos, os olhos estão sempre
prontos a causar a falência da alma; fechados,
estão prontos sempre, ao contrário, a fazê-la
subir para Deus.
Crede-me, bons e caros amigos, a cegueira dos
olhos é, muitas vezes, a verdadeira luz do
coração, ao passo que a vista é, com freqüência,
4
o anjo tenebroso que conduz à morte. Agora,
algumas palavras dirigidas a ti, minha pobre
sofredora. Espera e tem ânimo! Se eu te
dissesse: Minha filha, teus olhos vão abrir-se,
quão jubilosa te sentirias! Mas, quem sabe se
esse júbilo não ocasionaria a tua perda! Confia
no bom Deus, que fez a ventura e permite a
tristeza. Farei tudo o que me for consentido a
teu favor; mas, a teu turno, ora e, ainda mais,
pensa em tudo quanto acabo de te dizer. Antes
que me vá, recebei todos vós, que aqui vos
achais reunidos, a minha bênção.
Em lendo esta lição, algumas questões podem
ficar sem entendimento.
Ou até mesmo, podem surgir outras dúvidas
em nossas mentes.
Tem-se a impressão que estamos fazendo
apologia ao sofrimento. Que estamos dizendo
que é bom sofrer. Claro que não é bom sofrer e
ninguém gosta de sofrer
Aliás, algumas pessoas pensam que os Espíritas
gostam de sofrer.
Dizem que a Doutrina Espírita prega o
sofrimento.
Antes de continuarmos, gostaria de tecer alguns
comentários a respeito do nosso comportamento
5
frente a Doutrina Espírita, frente à Casa
Espírita, de maneira geral.
Muitas vezes, comparecemos ao Centro
Espírita, como necessitados de auxílio:
buscamos o tratamento espiritual, por exemplo,
por que estamos doentes, estamos enfrentando
determinados problemas, obssessões,
relacionamentos difíceis, enfim
E passamos pelo tratamento, recebemos alta e
continuamos sentindo aqueles sintomas que nos
trouxeram à Casa espírita.
Então reclamamos que o tratamento não surtiu
efeito.
Porque não surtiu efeito?
Muitas pessaos comparecem ao Centro Espírita
em busca do passe, do tratamento espiritual e
da água fluidificada e saem como chegaram,
apenas naturalmente beneficiados pela
importante tarefa do passe, do tratamento de da
água que contém o remédio necessitado. Não
percebem, contudo, que as jóias do bem estar,
da fraternidade e também da cura ou saúde que
buscam estão justamente nas ponderações
claras trazidas pelos expositores que estudam
para oferecer ao público o melhor de seus
esforços.
6
Ouvir a palestra com atenção, raciocinar em
seus fundamentos e seqüência de
argumentações já predispõe o ouvinte a mudar a
maneira de pensar, a ver a vida com mais
alegria e disposição, a entender a proposta
cristã, a compreender os princípios do
Espiritismo, e isto tudo lhe abrirá horizontes
novos para nortear o próprio caminho, evitando
as causas de perturbações.
É muitas vezes, nas palestras que entenderemos
as razões e os porquês da existência, do
sofrimento, das dificuldades. É também nas
palestras que encontraremos roteiro de trabalho
que pode mudar nossos passos, radicalmente
muitas vezes, da estagnação aflita para o
trabalho vibrante que garante a paz!
É nas palestras que poderemos sentir a vibração
amorosa dos Espíritos presentes no ambiente,
dispostos e preocupados, sim, com nossa
condição mental, procurando tudo fazer para
que nos sintamos mais felizes e receptivos.
É também nas palestras que compreenderemos
o papel do Centro Espírita, a função do passe,
os mecanismos do tratamento espiritual e é nas
palestras que assimilaremos, com muito mais
7
facilidade, os ensinamentos de Jesus e a
maneira de usar isso com mais objetividade.
É no ambiente das palestras que vamos, aos
poucos, conhecendo novos amigos, integrando-
nos com os trabalhos do Centro e afastando, por
conseqüência, a solidão e seus companheiros,
como a depressão, a angústia, a aflição...
É na palestra proferida antes do passe ou nesta
proferida durante o tratamento espiritual que já
vamos curando nossas enfermidades físicas e
morais, no contato com um ambiente muito
preparado para nos atender, posteriormente,
com os magníficos recursos espirituais do passe
em si..., e dos recursos terapêuticos por nós
recebidos quando do tratamento.
Portanto, amigos, busquemos, sim, o passe,
busquemos o tratamento espiritual, a água
fluidificada. Mas, venhamos mais cedo.
Tenhamos interesse pelas palestras. Ouçamos
com atenção, reflitamos sobre seu conteúdo,
conversemos depois com o expositor sobre
dúvidas que ficaram.
E procuremos colocar em prática os
ensinamentos ali colhidos, buscando a nossa
transformação, que é o objetivo principal da
Doutrina Espírita – o melhoramento do ser
humano.
8
Fazendo isto, entenderemos muito mais coisas.
Compreenderemos as razões de nossa
existência.
Ficaremos mais próximos dos ensinamentos do
Cristo e, entenderemos, por fim que a Doutrina
Espírita, ao contrário do que se pensa e se diz,
não é a favor, não ensina e nem prega o
sofrimento.
A Doutrina Espírita como religião é uma das
que mais trabalham pra a felicidade do ser
Humano, lembrando a este a todo o momento
que fomos criados para a felicidade e que esta
felicidade só depende de nós.
E nos mostra o exemplo do mestre Jesus, que
veio à terra exatamente para nos servir de
modelo e guia, como o Espírito mais puro que
já esteve encarnado entre nós, a nos convidar
incessantemente: Vinde a mim todos vós que
andais cansados e oprimidos, eu vos aliviareis.
Tomai sobre vós o meu julgo e aprendei de
mim que sou manso e humilde de coração e
achareis descanso para as vossas almas. Porque
o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.
Mas, voltando à lição, é necessário que
entendamos: o sofrimento existe. Que saibamos
então, lhe dar com ele.
9
Quando uma aflição não é conseqüência dos
atos da vida presente, devemos buscar as suas
causas numa vida anterior. Tudo aquilo a que se
dá o nome de caprichos da sorte mais não é do
que efeito da justiça de Deus, que não inflige
punições arbitrárias, pois quer que a pena esteja
sempre em correlação com a falta.
Se, por sua bondade, lançou um véu sobre os
nossos atos passados, por outro lado nos aponta
o caminho, dizendo: '“Quem matou à espada,
pela espada perecerá", palavras que se podem
ser traduzidas assim: "A criatura é sempre
punida por aquilo em que pecou." Se,
portanto, alguém sofre o tormento da perda da
vista, é que esta lhe foi causa de queda.
Talvez tenha sido também causa de que outro
perdesse a vista; de que alguém haja perdido a
vista em conseqüência do excesso de trabalho
que aquele lhe impôs, ou de maus-tratos, de
falta de cuidados, etc. Nesse caso, passa ele
pela pena de talião. É possível que ele próprio,
tomado de arrependimento, haja escolhido essa
expiação, aplicando a si estas palavras de Jesus:
"Se o teu olho for motivo de escândalo,
arranca-o."
10
(1) Esta comunicação foi dada com relação a
uma pessoa cega, a cujo favor se evocara o
Espírito de J. B. Vianney, cura d’Ars.
Vemos na lição que o que chamamos ou
pensamos ser infortúnio, azar, má formação
genética ou doenças de nascença seja qual for o
nome dado, são expiações para as criaturas que
a possuem.
Não! Não é um castigo uma punição, muito
pelo contrário é uma lição que serve para
valorizar o que em passado remoto não demos
muita importância com o mal uso que fizemos.
Ë fácil colocarmos a culpa na genética, em
Deus, mas é quase impossível nos resignarmos
com o fato que foi provocado por nós mesmos.
Sabemos que nos infinitos graus de evolução
em que se encontra a humanidade cada um
possui sua má formação genética, seja no
campo físico ou no campo moral que é sem
dúvida a forma em que a grande maioria da
humanidade se enquadra.
Entendamos, primeiramente a questão da ação e
da reação.
Para cada ação praticada corresponde uma em
igual proporção.
11
Os movimentos que executamos em nosso dia-
a-dia caracterizam as nossas ações. Fazer ou
deixar de fazer, escrever ou não escrever,
obedecer ou mandar são atitudes corriqueiras
em nossa ocupação diária.
Geralmente, a palavra reação vem impregnada
de dor e de sofrimento: é como o pecador
ardendo no fogo do inferno. No meio espírita,
toma-se como sinônimo de carma, que implica
em sofrer e resgatar as dívidas do passado. A
reação, por seu turno, nada mais é do que uma
resposta – boa ou má –, em razão de nossas
ações. A reação é simplesmente uma resposta,
nada mais. Suponha que estejamos praticando
boas ações. Por que aguardar o sofrimento? Não
seria melhor confiar na Vontade de Deus, na
execução de sua justiça, que nos quer trazer a
felicidade?
É aquela velha frase muito conhecida nossa –
quem planta vento, colhe tempestade.
Como é fácil jogarmos os nossos infortúnios
sobre Deus, sobre o acaso mas nunca sobre
nossos atos e atitudes. Em nosso dia a dia
praticamos atos insanos, como brigas no
transito, brigas em casa por bobagens,
12
desarmonias no trabalho, ajudamos em uma
fofoquinha ali, outras vezes prejudicamos com
um comentário a uma pessoa com quem não
simpatizamos entre muito outros atos que
praticamos.
Nesse momento muitos os dos que estão nos
ouvindo dirão: “eu não, nunca fiz isso”.
Perguntamos: Será?
Puxemos pela nossa consciência. Outros dirão:
“mas vou ter que esquecer para me
rearmonizar?” Sim e sabemos por quê ? Pelo
simples fato de não estarmos preparados ainda
psicologicamente, porque se possuíssemos tal
preparo a rearmonização viria de imediato.
“Mas isso não seria mais lógico?” Não, porque
por muito menos que esse fato que nós
pensamos, nosso campo emocional se
desequilibrou.
Deus prepara cada um de nós para o
aprendizado, para como dizem no Evangelho,
nos prepara para “o fardo”, aliás o próprio
Evangelho nos mostra Jesus dizendo “A cada
um segundo suas obras” e completa
amenizando dizendo “Deus não dá um fardo
maior do que podemos carregar”. Por isso, os
irmãos que reencarnam com certas digamos
“imperfeições no campo físico” podem se sentir
13
seres fortalecidos pelo AMOR de Deus, pois
possuem a maturidade, a capacidade
psicológica de se rearmonizarem com esse
“passado pretérito”.
“A porque ele ficou assim,..., porque ele ficou
assado”... Olha os motivos são o que menos
importam o mais importante para esses irmãos é
o agora, a capacidade de resignação, de se
amarem, de compreenderem que não são
vítimas, que o momento que atravessam é de
aprendizado e resignação, isso contribuirá para
sua elevação moral e espiritual.
Já que estamos nesse assunto, melhor
aprofundarmos um pouquinho mais, não é
mesmo?
A dor – quem é ela e por que este sempre em
nosso caminho?
Qual é a razão da dor?
O homem não é criação de Deus?
Não dispõe então do concurso abençoado dos
anjos?
Não vela o céu sobre os destinos da
Humanidade/
Então por que tanto sofrimento no caminho
dessa mesma Humanidade?
Será que sofremos para pagar nossos erros?
14
São as perguntas que nos fazemos.
E recorremos ao auxílio dos Espíritos para
encontrarmos as respostas tão necessárias.
Todos nós somos filhos de Deus, que quer
apenas o nosso bem.
Tudo o que Deus faz para nós, é o mais certo, o
mais justo, o melhor.
E nós, ingratos que somos, não percebemos o
bem ao nosso redor.
Espinhos, sombras, dores, em nossos caminhos,
significam testemunhos e só os eleitos são
convidados a eles.
Apenas os fortes são testados nos valores.
E só aquele que produz, periodicamente, passa
pela avaliação que precede as promoções.
Quantos de nós não nos revoltando diante dos
testemunhos, diante dos testes da vida?
Para responder às perguntas que formulamos
com referência à dor, buscaremos o auxílio de
o Livro dos Espíritos, na questão nº 76:
Questão 76 – Como podemos definir os
Espíritos?
Resposta – Os Espíritos são os seres
inteligentes da criação.
15
Continuando os nossos estudos, ainda em o
Livro dos Espíritos, vamos descobrir que os
Espíritos foram criados simples e ignorantes,
foram dotados de livre-arbítrio e destinados à
perfeição e o caminho para este fim, passa
automaticamente pela reencarnação.
E na questão 132, encontraremos a seguinte
pergunta:
Questão 132 – Qual é a finalidade da
encarnação dos Espíritos?
Resposta – Deus a impõe com o fim de levá-los
à perfeição. Para uns é prova, para outros
uma expiação e ainda para outros uma missão.
Para chegar à perfeição todos devem sofrer as
vicissitudes da vida material ou corpórea.
E a pergunta 167, também do Livro dos
Espíritos:
Questão 167 – Qual é a finalidade da
Reencarnação?
16
Resposta – Expiação – melhoramento
progressivo da Humanidade. Sem isso, onde
estaria a justiça?
E Emmanuel, no Livro O Consolador, vem em
nosso socorro, na questão 246 –
Qual é a diferença entre Provação e Expiação?
A provação é a luta que ensina ao discípulo
rebelde e preguiçoso a estrada do trabalho e
da edificação espiritual. A expiação é a pena
imposta ao malfeitor que comete um crime.
No Livro – Jesus no Lar, de Néio Lucio, vamos
encontrar as seguintes afirmativas:
A razão da dor humana procede da proteção
divina. Os povos são famílias de Deus, que à
maneira de grandes rebanhos, são chamados
ao aprisco do alto. A Terra é o caminho. A luta
que ensina é a marcha.
O sofrimento é sempre o aguilhão que desperta
as ovelhas distraídas à margem da senda
verdadeira.
- o excesso do poder favorece o abuso;
17
- a demasia de conforto, não raro, traz o
relaxamento, e o pão que se amontoa, de
sobra, costuma servir de pasto aos vermes
que se alegram no mofo.
-
- Quando tudo está bem, conforme já foi
dito, nós nos descuidamos das
responsabilidades e aí, surge a dor como
chamamento para as realidades da vida,
senão, vejamos:
Nós só descobrimos que o fogo queima
quando colocamos nossa mão para queimar
e aprendemos, pela dor causada, a respeitar
a chama.
Nós só damos valor à saúde quando estamos
doentes, e aí, tomamos todos os cuidados
para que a doença não volte a nos atacar. É
o aprendizado pela dor.
Nós só damos valor às pessoas queridas,
quando estamos na iminência de perdê-las ou
quando, efetivamente, as perdemos.
Nós só lembramos Deus quando uma dor
profunda nos visita, nos busca e nos
encontra.
O Homem é um ser ingrato daí que só se
volta para a necessidade das grandezas
espirituais pelo amor ou pela dor,
18
geralmente e a maioria é assim, prefere ir
pela dor.
A razão da dor
Raquel, antiga servidora da residência de Cusa,
ergueu a voz para indagar do Mestre por que
motivo a dor se convertia em aflição nos
caminhos do mundo.
Não era o homem criação de Deus? Não dispõe
a criatura do abençoado concurso dos anjos?
Não vela o Céu sobre os destinos da
Humanidade?
Jesus fitou na interlocutora o olhar firme e
considerou:
— A razão da dor humana procede da proteção
divina. Os povos são famílias de Deus que, à
maneira de grandes rebanhos, são chamados ao
Aprisco do Alto. A Terra é o caminho.
A luta que ensina e edifica é a marcha. O
sofrimento é sempre o aguilhão que desperta as
ovelhas distraídas à margem da senda
verdadeira.
Alguns instantes se escoaram mudos e o Mestre
voltou a ponderar:
19
— O excesso de poder favorece o abuso, a
demasia de conforto, não raro, traz o
relaxamento, e o pão que se amontoa, de sobra,
costuma servir de pasto aos vermes que se
alegram
no mofo...
Reparando, porém, que a assembléia de amigos
lhe reclamava explicação mais ampla, elucidou
fraternalmente:
— Um anjo, por ordem do Eterno Pai, tomou à
própria conta um homem comum, desde o
nascimento. Ensinou-lhe a alimentar-se, a
mover os membros e os músculos, a sorrir, a
repousar
e a asilar-se nos braços maternos. Sem afastar-
se do protegido, dia e noite, deu-lhe as
primeiras lições da palavra e, em seguida,
orientou-lhe os impulsos novos, favorecendo-
lhe o ensejo de aprender a raciocinar, a ler, a
escrever e a contar.
Afastava-o, hora a hora, de influências
perniciosas ou mortíferas de Espíritos infelizes
que o arrebatariam, por certo para o sorvedouro
da morte.
Soprando-lhe ao pensamento idéias iluminadas
aos clarões do Infinito Bem, através de mil
20
modos de socorro imperceptível, garantiu-lhe a
saúde e o equilíbrio do corpo.
Dava-lhe medicamentos invisíveis, por
intermédio do ar e da água, da vestimenta e das
plantas.
Vezes sem conta, salvou-o do erro, do crime e
dos males sem remédio que atormentam os
pecadores.
Ao amanhecer, o Pajem Celestial acorria,
atento, preparando-lhe dia calmo e proveitoso,
defendendo-lhe a respiração, a alimentação e o
pensamento, vigiando-lhe os passos, com amor,
para melhor preservar-lhe os dons; ao anoitecer,
postava-se-lhe à cabeceira, amparando- lhe o
corpo contra o ataque de gênios infernais,
aguardando-o, com maternal cuidado, para as
doces instruções espirituais nos momentos de
sono.
No transcurso da vida, guiou-lhe os ideais,
auxiliou-o a selecionar as emoções e a situar-se
em trabalho digno e respeitável; clareou- lhe o
cérebro jovem, insuflou-lhe entusiasmo santo,
rumo à vida superior, e estimulou-o a formar
um reino de santificação e serviço, progresso e
aperfeiçoamento, num lar... O homem, todavia,
que nunca se lembrara de agradecer as bênçãos
que o cercavam, fez-se orgulhoso e cruel, diante
21
dos interesses alheios. Ele, que retinha
tamanhas graças do Céu, jamais se animou a
estendê-las na Terra e passou simplesmente a
humilhar os outros com a glória de que fora
revestido por seu devotado e invisível benfeitor.
Quando experimentou o primeiro desgosto, que
ele mesmo provocou menosprezando a lei do
amor universal, que determina a fraternidade e
o respeito aos semelhantes, gesticulou,
revoltado, contra o Céu, acusando o Supremo
Senhor de injusto e indiferente. Aflito, o anjo
guardião procurava levantar-lhe o ideal de
bondade, quando um Anjo Maior se aproximou
dele e ordenou que o primeiro dissabor do
tutelado endurecido por excesso de regalias se
convertesse em aflição.
Rolando, mentalmente, de aflição em aflição, o
homem começou a recolher os valores da
paciência, da humildade, do amor e da paz com
todos, fazendo-se, então, precioso colaborador
do Pai, na Criação.
Finda a historieta, esperou Jesus que Raquel
expusesse alguma dúvida, mas emudecendo
a servidora, dominada pela meditação que os
ensinamentos da noite lhe sugeriam, o culto da
Boa Nova foi encerrado com ardente oração de
júbilo indefinível.
22
Tudo o que vive neste mundo; natureza,
animal, homem, sofre.
O animal está sujeito à luta ardente pela vida.
Entre as ervas do prado, as folhas e a ramaria
dos bosques, nos ares, no seio das águas, por
toda parte desenrolam-se dramas ignorados.
Quanto à Humanidade, sua história não é mais
que um martirológio.
Através dos tempos, por cima dos séculos rola a
triste melopéia dos sofrimentos humanos.
A dor segue todos os nossos passos; espreita-
nos em todas as voltas do caminho. E diante
dessa esfinge que o fita com o seu olhar
estranho, o homem faz a eterna pergunta: Por
que existe a dor?
No Livro A Gênese – capítulo III – item 04 –
vamos encontrar a seguinte assertiva de
Kardec:
A dor é o aguilhão que impele o homem,
na senda do bem
Tendo o homem que progredir, os males
a que se acha exposto são um estimulante
para o exercício da sua inteligência, de
todas as suas faculdades físicas e morais,
inclusive, incitando-o a procurar os
meios de evitá-los. Se ele nada houvesse
23
de temer, nenhuma necessidade o
induziria a procurar o melhor.
O Espírito se entorpeceria na inatividade; nada
inventaria, nem descobriria.
Para nos esclarecermos melhor, podemos
afirmar que Deus não castiga ninguém. Quem
diz isto é por que não conhece Deus.
Deus é força criadora, fonte inesgotável de
amor. Não podemos imaginá-lo transformado
numa figura humana, grave e austera,
franzindo o Senhor e arregaçando as mangas
para nos dar boas palmadas.
Deus, que é inteligência suprema e causa
primária de todas as coisas, estabeleceu leis,
chamadas de naturais ou divinas. Elas
englobam todas as ações do homem: para
consigo mesmo, para com o próximo e para
com o meio ambiente.
Numa fase mais rudimentar, funciona o
determinismo divino; com o desenvolvimento
do ser, Deus faculta-lhe o livre-arbítrio, a fim
de que sinta responsabilidade pelos atos
praticados.
24
Assim, o homem tem uma lei, uma diretriz, um
modelo colocado por Deus na sua consciência,
no sentido de nortear-lhe os seus atos.
A reação nada mais é do que uma resposta da
natureza às nossas ações. Reações estas
baseadas na lei natural.
A filosofia hindu chama essa cadeia de Carma,
ou seja, o somatório do mérito e do demérito de
todas as ações praticadas pelo indivíduo.
A finalidade dessa cadeia de ação e reação é a
perfeição do Espírito.
Podemos classificar os males que atingem o ser
humano em três aspectos:
Os primeiros correspondem aos produzidos por
acidentes, frutos de um despreparo vibratório.
São as agressões, os crimes, os suicídios, pois
a rigor, ninguém traz como programação a
agressão a quem quer que seja e nem tão
pouco a autodestruição.
O segundo aspecto – trata-se do mal
necessário – o mal despertamento.
Como já falamos, o homem acomoda-se com
grande facilidade, quando tudo vai bem.
E a dor serve como uma sacudidela.
Aí, por uma doença física ou mental, busca-se
ligar ao Plano Espiritual, por meio da prece,
25
faz-se uma reavaliação do seu modo de vida e
fica bonzinho.
O terceiro aspecto é o mal cármico.
É o que semeardes, colhereis.
A ordem é o amor – o mal causado pelo homem
causa o desequilíbrio, e assim, como um
bumerangue, para que a paz restabeleça-se, o
homem após lançar o mal ao seu redor também
o receberá de retorno.
E só há uma maneira de acabar com o mal,
sem passar, pelo mesmo processo.
Conforme nos diz Pedro:
“Apenas a caridade expressão máxima do
amor, tem o poder de anular a multidão dos
nossos pecados.”
Quando o Cristo nos disse:
“ Bem aventurados os aflitos, porque deles é o
Reino dos Céus.” Não se referia aos sofredores
em geral, porque todos os que estão nesse
mundo sofrem.
Quer estejam num trono ou na miséria extrema,
mas, ah!
Poucos sofrem bem, poucos compreendem que
somente as provas bem suportadas podem
conduzir ao reino de Deus. O desânimo é uma
falta. Deus vos nega consolações, se não
tiverdes coragem.
26
A prece é um sustentáculo da alma, mas não é
suficiente por si só: É necessário que se apóie
numa fé ardente na bondade de Deus.
Tendes ouvido freqüentemente que Ele não
coloca um fardo pesado em ombros frágeis. O
fardo e proporcional às forças, como a
recompensa será proporcional à resignação e à
coragem.
A recompensa será tanto mais esplendente,
quanto mais penosa tiver sido a aflição. Mas
essa recompensa deve ser merecida, e é por
isso que a vida está cheia de tribulações.
Ficai satisfeitos quando Deus vos envia à luta.
Essa luta são as amarguras onde muitas vezes
necessitamos de mais coragem que um
combate.
Quando vos atingir um motivo de dor ou de
contrariedade, tratai de elevar-vos acima das
circunstâncias.
E quando chegardes a dominar os impulsos da
impaciência, da cólera ou do desespero, dizei
com justa satisfação: “ Eu fui o mais forte.”
Bem aventurados os aflitos, pode, portanto, ser
assim traduzido: Bem aventurados os que têm a
oportunidade de provar a sua fé, a sua
perseverança e a sua submissão á vontade de
27
Deus, levando também em consideração que às
bênçãos na verdade, são maiores que as dores.
Porque eles terão centuplicadas as alegrias
que lhes faltam na Terra, e após o trabalho
vira o repouso e serão chamados filhos de
Deus.
5.2. LEI DE DEUS
Qual o móvel que determina uma reação? É a
Lei de Deus. Se a prática de uma ação não for
concernente com a Lei de Deus, ou seja, se ela
não expressar o bem ao próximo, ela não foi
praticada em função da vontade de Deus. Qual
será a reação com relação à Lei? Dor e
sofrimento.
Qual deve ser a nossa atitude para com a dor?
Quem gosta de sofrer? Acontece que sem ela
não conseguiremos nos amoldar eficazmente à
Lei de Deus. Se, por outro lado,
interpretássemos a dor e o sofrimento como um
ganho, um aprendizado das coisas úteis da vida,
quem sabe não viveríamos melhores.
5.3. A INEXORABILIDADE DA LEI
A Lei de Deus é justa e sábia. É por isso que
dizemos que o acaso não existe. Isso quer dizer
que tudo o que se nos acontece deveria nos
28
acontecer. Nesse sentido, Deus não perdoa e
nem premia. Faz, simplesmente, cumprir a sua
Lei.
Como é que deveríamos agir com relação ao
sofrimento? Verificar onde erramos. Caso
tenhamos cometido algum crime, algum
deslize, deveríamos nos arrepender. Basta
apenas o arrependimento? Não. É preciso sofrer
de forma educada. Ainda mais: temos que
reparar o mal que fizemos. Deus se vale das
pessoas, mas o nosso problema é com relação à
radicalidade de sua Lei. E não adianta adiar
porque, mais cedo ou mais tarde, a nossa
consciência nos indicará o erro e teremos que
refazer o mal praticado.
6.3. PERDA DO DEDO E NÃO DO BRAÇO
Esta história foi retratada pelo Espírito Hilário
Silva, no capítulo 20 do livro A Vida Escreve,
psicografada por F. C. Xavier e Waldo Vieira,
no qual descreve o fato de Saturnino Pereira
que, ao perder o dedo junto à máquina de que
era condutor, se fizera centro das atenções:
como Saturnino, sendo espírita e benévolo para
com todas as pessoas, pode perder o dedo?
Parecia um fato que ia de encontro com a
justiça divina. Contudo, à noite, em reunião
29
íntima no Centro Espírita que freqüentava, o
orientador espiritual revelou-lhe que numa
encarnação passada havia triturado o braço do
seu escravo num engenho rústico. O orientador
espiritual assim lhe falou: “Por muito tempo, no
Plano Espiritual, você andou perturbado,
contemplando mentalmente o caldo de cana
enrubescido pelo sangue da vítima, cujos gritos
lhe ecoavam no coração. Por muito tempo, por
muito tempo... E você implorou existência
humilde em que viesse a perder no trabalho o
braço mais útil. Mas, você, Saturnino, desde a
primeira mocidade, ao conhecer a Doutrina
Espírita, tem os pés no caminho do bem aos
outros. Você tem trabalhado, esmerando-se no
dever... Regozije-se, meu amigo! Você está
pagando, em amor, seu empenho à justiça...”
7. CONCLUSÃO
A prática da caridade tem valor científico, ou
seja, ajuda-nos a reparar os danos que causamos
à Lei Divina. Assim, se soubermos viver
sóbrios e sem muitos agravos à Lei, certamente
faremos uma passagem tranqüila ao outro plano
de vida.
Deus nunca erra
30
Há muito tempo, num reino distante, havia um
rei que não acreditava nos desígnios e na
bondade de DEUS.
Tinha, porém, um súbdito que sempre lhe
lembrava dessa verdade.
- Meu rei, não desanime... Tudo que DEUS faz
é perfeito. ELE nunca erra.
Um dia, o rei saiu para caçar, juntamente com
seu súbdito, e uma fera da floresta o atacou. O
súdito conseguiu matar o animal, porém, não
evitou que sua majestade perdesse o dedo
mínimo da mão direita.
O rei, furioso pelo que havia acontecido, e sem
mostrar agradecimento por ter sua vida salva
pelos esforços de seu servo, perguntou a este:
- E agora, o que você me diz ? DEUS é bom ?
Se DEUS fosse bom eu não teria sido atacado e
não teria perdido o meu dedo.
- Meu rei, apesar de todas essas coisas, somente
posso dizer-lhe que DEUS é bom, e que mesmo
isso, perder um dedo, é para o seu bem. Tudo
31
que DEUS faz é perfeito. ELE nunca erra.
O rei, indignado com a resposta do súbdito,
mandou que o mesmo fosse preso na cela mais
escura e fedida do calabouço.
Após algum tempo, o rei saiu novamente para
caçar e aconteceu dele ser atacado, desta vez
por uma tribo de índios que vivia na selva.
Esses índios eram temidos por todos, pois
sabia-se que faziam sacrifícios humanos, para
seus deuses. Mal prenderam o rei, passaram a
preparar o ritual do sacrifício.
Quando já estava tudo pronto, e o rei já estava
diante do altar, o sacerdote indígena, ao
examinar a vítima, observou furioso:
- Este homem não pode ser sacrificado, é
defeituoso !!! Falta-lhe um dedo !!!
E o rei foi libertado.
Ao voltar para o palácio,muito alegre e
aliviado, mandou libertar seu súbdito e pediu
que o mesmo viesse em sua presença. Ao ver o
servo, abraçou-o afetuosamente dizendo-lhe:
32
- Meu caro, DEUS foi realmente bom comigo.
Você já deve estar sabendo que escapei da
morte justamente porque não tinha um dos
dedos. Mas ainda tenho em meu coração uma
grande dúvida:
» Se DEUS é tão bom, porque permitiu que
você fosse preso da maneira como foi ? Logo
você, que tanto o defendeu?
- Meu rei, se eu estivesse junto contigo nessa
caçada, certamente seria sacrificado em teu
lugar, pois não me falta dedo algum.
Portanto lembre-se sempre: tudo que DEUS faz
é perfeito. Ele nunca erra.
E por fim, que possamos nos lembrar sempre de
Jesus, o mestre querido, quando, pensando em
nossa felicidade, nos dizia amoroso: “Eu vim
pra que tenham vida e a tenham em
abundância.”
Que a paz do Mestre continue em nossos
corações.
Uma boa noite a todos e muito obrigado pela
atenção.
33
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  • 1. PALESTRA NO CENOL DIA: 25 de março de 2008. Tema – Do Evangelho Segundo o Espiritismo – capítulo VIII – Bem aventurados os puros de coração - item 20 - Bem aventurados os que têm os olhos fechados. Dirigente: Milton Queridos irmãos, boa noite. Que Deus, Nosso pai, possa nos abençoar hoje e sempre! Disse Jesus: “ Eu sou a porta: Se alguém entrar por mim, salvar-se-á.” (JO – 10-09) Não existissem as portas, não poderíamos passar de um compartimento a outro. Mas, sem a chave que abre a porta, permaneceríamos também, sem poder atravessar os compartimentos, estando presos nas celas estagnadas da ignorância. Ali permaneceríamos, sucumbindo de fome espiritual, não fosse a porta e a chave que o Pai nos concedeu em Jesus e Kardec. Muitas vezes, repetiu o Meigo Nazareno: “Quem tem olhos de ver que veja; quem tem ouvidos de ouvir que ouça.” Para aqueles que não se contentam com análises menos profundas, a frase é de alto significado. A princípio pode parecer pleonasmo, mas não é. Na verdade, muitos dos conceitos ditos por Jesus, atravessaram os 1
  • 2. séculos sem que as criaturas lhes percebessem o significado real. Só agora, mais de 2000 anos depois da passagem de Jesus entre nós, com as luzes ofertadas pela Doutrina Espírita, temos as condições necessárias para entender todas as palavras de Mestre. Afirma Allan Kardec que o “Espiritismo não institui nenhuma nova moral; apenas facilita aos homens a inteligência e a prática da moral do Cristo, facultando fé inabalável, esclarecida e raciocinada aos que duvidam ou vacilam.” Jesus, ao saber, após a pregação, que a massa que o ouvira tinha fome, não apresentou nenhuma dificuldade ou impedimento algum para que todos se alimentassem. Mas, repartiu pães e peixes que, não obstante a farta distribuição, excedeu aos que necessitavam. Assim, também, na atualidade, a Doutrina Espírita está ofertando o “Pão e os Peixes” do conhecimento para a multidão que se acerca numa distribuição farta e acessível a todos. Os famintos e sedentos de conhecimento encontram no Espiritismo o necessário para mitigar-lhes a fome e ainda as sobras desse 2
  • 3. banquete continuarão a acalmar o apetite da humanidade para sempre. Jesus é a porta do celeiro de bênçãos e luzes que até hoje permaneciam fechadas para a multidão pela ferrugem de dogmas e interesses subalternos de líderes religiosos que se compraziam na escravidão mental de seus tutelados. Porém, Kardec é a chave que descerrou de vez essa porta aos famintos e sedentos que agora não mais sofrerão as angústias das incertezas e nem padecerão a fome espiritual a que foram condenados pelos maus dispensadores das verdades eternas, os infiéis que se locupletam pela ignorância de todos. “Eu sou a porta – mais tarde virá o Consolador – Dizia Jesus. Ele sabia que a porta não dispensaria a chave. Jesus e Kardec, portanto, apontam-nos a senda da fartura, abundância e plenitude, bem como a felicidade sem mescla e da segurança sem limite. Jesus é a porta. Kardec é a chave. O Espiritismo é a chave com o auxílio da qual tudo se explica de modo fácil. 3
  • 4. Baseando-nos nessa certeza é que vamos estudar o tema dessa noite. Ao abrirmos o Evangelho segundo o Espiritismo no capítulo em questão, encontraremos a seguinte mensagem com este título: BEM AVENTURADOS OS QUE TÊM OS OLHOS FECHADOS. Meus bons amigos, para que me chamastes? Terá sido para que eu imponha as mãos sobre a pobre sofredora que está aqui e a cure? Ah! que sofrimento, bom Deus! Ela perdeu a vista e as trevas a envolveram. Pobre filha! Que ore e espere. Oh! Bem-aventurado o cego que quer viver com Deus. Mais ditoso do que vós que aqui estais ele sente a felicidade, toca-a, vê as almas e pode alçar-se com elas às esferas espirituais que nem mesmo os predestinados da Terra logram divisar. Abertos, os olhos estão sempre prontos a causar a falência da alma; fechados, estão prontos sempre, ao contrário, a fazê-la subir para Deus. Crede-me, bons e caros amigos, a cegueira dos olhos é, muitas vezes, a verdadeira luz do coração, ao passo que a vista é, com freqüência, 4
  • 5. o anjo tenebroso que conduz à morte. Agora, algumas palavras dirigidas a ti, minha pobre sofredora. Espera e tem ânimo! Se eu te dissesse: Minha filha, teus olhos vão abrir-se, quão jubilosa te sentirias! Mas, quem sabe se esse júbilo não ocasionaria a tua perda! Confia no bom Deus, que fez a ventura e permite a tristeza. Farei tudo o que me for consentido a teu favor; mas, a teu turno, ora e, ainda mais, pensa em tudo quanto acabo de te dizer. Antes que me vá, recebei todos vós, que aqui vos achais reunidos, a minha bênção. Em lendo esta lição, algumas questões podem ficar sem entendimento. Ou até mesmo, podem surgir outras dúvidas em nossas mentes. Tem-se a impressão que estamos fazendo apologia ao sofrimento. Que estamos dizendo que é bom sofrer. Claro que não é bom sofrer e ninguém gosta de sofrer Aliás, algumas pessoas pensam que os Espíritas gostam de sofrer. Dizem que a Doutrina Espírita prega o sofrimento. Antes de continuarmos, gostaria de tecer alguns comentários a respeito do nosso comportamento 5
  • 6. frente a Doutrina Espírita, frente à Casa Espírita, de maneira geral. Muitas vezes, comparecemos ao Centro Espírita, como necessitados de auxílio: buscamos o tratamento espiritual, por exemplo, por que estamos doentes, estamos enfrentando determinados problemas, obssessões, relacionamentos difíceis, enfim E passamos pelo tratamento, recebemos alta e continuamos sentindo aqueles sintomas que nos trouxeram à Casa espírita. Então reclamamos que o tratamento não surtiu efeito. Porque não surtiu efeito? Muitas pessaos comparecem ao Centro Espírita em busca do passe, do tratamento espiritual e da água fluidificada e saem como chegaram, apenas naturalmente beneficiados pela importante tarefa do passe, do tratamento de da água que contém o remédio necessitado. Não percebem, contudo, que as jóias do bem estar, da fraternidade e também da cura ou saúde que buscam estão justamente nas ponderações claras trazidas pelos expositores que estudam para oferecer ao público o melhor de seus esforços. 6
  • 7. Ouvir a palestra com atenção, raciocinar em seus fundamentos e seqüência de argumentações já predispõe o ouvinte a mudar a maneira de pensar, a ver a vida com mais alegria e disposição, a entender a proposta cristã, a compreender os princípios do Espiritismo, e isto tudo lhe abrirá horizontes novos para nortear o próprio caminho, evitando as causas de perturbações. É muitas vezes, nas palestras que entenderemos as razões e os porquês da existência, do sofrimento, das dificuldades. É também nas palestras que encontraremos roteiro de trabalho que pode mudar nossos passos, radicalmente muitas vezes, da estagnação aflita para o trabalho vibrante que garante a paz! É nas palestras que poderemos sentir a vibração amorosa dos Espíritos presentes no ambiente, dispostos e preocupados, sim, com nossa condição mental, procurando tudo fazer para que nos sintamos mais felizes e receptivos. É também nas palestras que compreenderemos o papel do Centro Espírita, a função do passe, os mecanismos do tratamento espiritual e é nas palestras que assimilaremos, com muito mais 7
  • 8. facilidade, os ensinamentos de Jesus e a maneira de usar isso com mais objetividade. É no ambiente das palestras que vamos, aos poucos, conhecendo novos amigos, integrando- nos com os trabalhos do Centro e afastando, por conseqüência, a solidão e seus companheiros, como a depressão, a angústia, a aflição... É na palestra proferida antes do passe ou nesta proferida durante o tratamento espiritual que já vamos curando nossas enfermidades físicas e morais, no contato com um ambiente muito preparado para nos atender, posteriormente, com os magníficos recursos espirituais do passe em si..., e dos recursos terapêuticos por nós recebidos quando do tratamento. Portanto, amigos, busquemos, sim, o passe, busquemos o tratamento espiritual, a água fluidificada. Mas, venhamos mais cedo. Tenhamos interesse pelas palestras. Ouçamos com atenção, reflitamos sobre seu conteúdo, conversemos depois com o expositor sobre dúvidas que ficaram. E procuremos colocar em prática os ensinamentos ali colhidos, buscando a nossa transformação, que é o objetivo principal da Doutrina Espírita – o melhoramento do ser humano. 8
  • 9. Fazendo isto, entenderemos muito mais coisas. Compreenderemos as razões de nossa existência. Ficaremos mais próximos dos ensinamentos do Cristo e, entenderemos, por fim que a Doutrina Espírita, ao contrário do que se pensa e se diz, não é a favor, não ensina e nem prega o sofrimento. A Doutrina Espírita como religião é uma das que mais trabalham pra a felicidade do ser Humano, lembrando a este a todo o momento que fomos criados para a felicidade e que esta felicidade só depende de nós. E nos mostra o exemplo do mestre Jesus, que veio à terra exatamente para nos servir de modelo e guia, como o Espírito mais puro que já esteve encarnado entre nós, a nos convidar incessantemente: Vinde a mim todos vós que andais cansados e oprimidos, eu vos aliviareis. Tomai sobre vós o meu julgo e aprendei de mim que sou manso e humilde de coração e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve. Mas, voltando à lição, é necessário que entendamos: o sofrimento existe. Que saibamos então, lhe dar com ele. 9
  • 10. Quando uma aflição não é conseqüência dos atos da vida presente, devemos buscar as suas causas numa vida anterior. Tudo aquilo a que se dá o nome de caprichos da sorte mais não é do que efeito da justiça de Deus, que não inflige punições arbitrárias, pois quer que a pena esteja sempre em correlação com a falta. Se, por sua bondade, lançou um véu sobre os nossos atos passados, por outro lado nos aponta o caminho, dizendo: '“Quem matou à espada, pela espada perecerá", palavras que se podem ser traduzidas assim: "A criatura é sempre punida por aquilo em que pecou." Se, portanto, alguém sofre o tormento da perda da vista, é que esta lhe foi causa de queda. Talvez tenha sido também causa de que outro perdesse a vista; de que alguém haja perdido a vista em conseqüência do excesso de trabalho que aquele lhe impôs, ou de maus-tratos, de falta de cuidados, etc. Nesse caso, passa ele pela pena de talião. É possível que ele próprio, tomado de arrependimento, haja escolhido essa expiação, aplicando a si estas palavras de Jesus: "Se o teu olho for motivo de escândalo, arranca-o." 10
  • 11. (1) Esta comunicação foi dada com relação a uma pessoa cega, a cujo favor se evocara o Espírito de J. B. Vianney, cura d’Ars. Vemos na lição que o que chamamos ou pensamos ser infortúnio, azar, má formação genética ou doenças de nascença seja qual for o nome dado, são expiações para as criaturas que a possuem. Não! Não é um castigo uma punição, muito pelo contrário é uma lição que serve para valorizar o que em passado remoto não demos muita importância com o mal uso que fizemos. Ë fácil colocarmos a culpa na genética, em Deus, mas é quase impossível nos resignarmos com o fato que foi provocado por nós mesmos. Sabemos que nos infinitos graus de evolução em que se encontra a humanidade cada um possui sua má formação genética, seja no campo físico ou no campo moral que é sem dúvida a forma em que a grande maioria da humanidade se enquadra. Entendamos, primeiramente a questão da ação e da reação. Para cada ação praticada corresponde uma em igual proporção. 11
  • 12. Os movimentos que executamos em nosso dia- a-dia caracterizam as nossas ações. Fazer ou deixar de fazer, escrever ou não escrever, obedecer ou mandar são atitudes corriqueiras em nossa ocupação diária. Geralmente, a palavra reação vem impregnada de dor e de sofrimento: é como o pecador ardendo no fogo do inferno. No meio espírita, toma-se como sinônimo de carma, que implica em sofrer e resgatar as dívidas do passado. A reação, por seu turno, nada mais é do que uma resposta – boa ou má –, em razão de nossas ações. A reação é simplesmente uma resposta, nada mais. Suponha que estejamos praticando boas ações. Por que aguardar o sofrimento? Não seria melhor confiar na Vontade de Deus, na execução de sua justiça, que nos quer trazer a felicidade? É aquela velha frase muito conhecida nossa – quem planta vento, colhe tempestade. Como é fácil jogarmos os nossos infortúnios sobre Deus, sobre o acaso mas nunca sobre nossos atos e atitudes. Em nosso dia a dia praticamos atos insanos, como brigas no transito, brigas em casa por bobagens, 12
  • 13. desarmonias no trabalho, ajudamos em uma fofoquinha ali, outras vezes prejudicamos com um comentário a uma pessoa com quem não simpatizamos entre muito outros atos que praticamos. Nesse momento muitos os dos que estão nos ouvindo dirão: “eu não, nunca fiz isso”. Perguntamos: Será? Puxemos pela nossa consciência. Outros dirão: “mas vou ter que esquecer para me rearmonizar?” Sim e sabemos por quê ? Pelo simples fato de não estarmos preparados ainda psicologicamente, porque se possuíssemos tal preparo a rearmonização viria de imediato. “Mas isso não seria mais lógico?” Não, porque por muito menos que esse fato que nós pensamos, nosso campo emocional se desequilibrou. Deus prepara cada um de nós para o aprendizado, para como dizem no Evangelho, nos prepara para “o fardo”, aliás o próprio Evangelho nos mostra Jesus dizendo “A cada um segundo suas obras” e completa amenizando dizendo “Deus não dá um fardo maior do que podemos carregar”. Por isso, os irmãos que reencarnam com certas digamos “imperfeições no campo físico” podem se sentir 13
  • 14. seres fortalecidos pelo AMOR de Deus, pois possuem a maturidade, a capacidade psicológica de se rearmonizarem com esse “passado pretérito”. “A porque ele ficou assim,..., porque ele ficou assado”... Olha os motivos são o que menos importam o mais importante para esses irmãos é o agora, a capacidade de resignação, de se amarem, de compreenderem que não são vítimas, que o momento que atravessam é de aprendizado e resignação, isso contribuirá para sua elevação moral e espiritual. Já que estamos nesse assunto, melhor aprofundarmos um pouquinho mais, não é mesmo? A dor – quem é ela e por que este sempre em nosso caminho? Qual é a razão da dor? O homem não é criação de Deus? Não dispõe então do concurso abençoado dos anjos? Não vela o céu sobre os destinos da Humanidade/ Então por que tanto sofrimento no caminho dessa mesma Humanidade? Será que sofremos para pagar nossos erros? 14
  • 15. São as perguntas que nos fazemos. E recorremos ao auxílio dos Espíritos para encontrarmos as respostas tão necessárias. Todos nós somos filhos de Deus, que quer apenas o nosso bem. Tudo o que Deus faz para nós, é o mais certo, o mais justo, o melhor. E nós, ingratos que somos, não percebemos o bem ao nosso redor. Espinhos, sombras, dores, em nossos caminhos, significam testemunhos e só os eleitos são convidados a eles. Apenas os fortes são testados nos valores. E só aquele que produz, periodicamente, passa pela avaliação que precede as promoções. Quantos de nós não nos revoltando diante dos testemunhos, diante dos testes da vida? Para responder às perguntas que formulamos com referência à dor, buscaremos o auxílio de o Livro dos Espíritos, na questão nº 76: Questão 76 – Como podemos definir os Espíritos? Resposta – Os Espíritos são os seres inteligentes da criação. 15
  • 16. Continuando os nossos estudos, ainda em o Livro dos Espíritos, vamos descobrir que os Espíritos foram criados simples e ignorantes, foram dotados de livre-arbítrio e destinados à perfeição e o caminho para este fim, passa automaticamente pela reencarnação. E na questão 132, encontraremos a seguinte pergunta: Questão 132 – Qual é a finalidade da encarnação dos Espíritos? Resposta – Deus a impõe com o fim de levá-los à perfeição. Para uns é prova, para outros uma expiação e ainda para outros uma missão. Para chegar à perfeição todos devem sofrer as vicissitudes da vida material ou corpórea. E a pergunta 167, também do Livro dos Espíritos: Questão 167 – Qual é a finalidade da Reencarnação? 16
  • 17. Resposta – Expiação – melhoramento progressivo da Humanidade. Sem isso, onde estaria a justiça? E Emmanuel, no Livro O Consolador, vem em nosso socorro, na questão 246 – Qual é a diferença entre Provação e Expiação? A provação é a luta que ensina ao discípulo rebelde e preguiçoso a estrada do trabalho e da edificação espiritual. A expiação é a pena imposta ao malfeitor que comete um crime. No Livro – Jesus no Lar, de Néio Lucio, vamos encontrar as seguintes afirmativas: A razão da dor humana procede da proteção divina. Os povos são famílias de Deus, que à maneira de grandes rebanhos, são chamados ao aprisco do alto. A Terra é o caminho. A luta que ensina é a marcha. O sofrimento é sempre o aguilhão que desperta as ovelhas distraídas à margem da senda verdadeira. - o excesso do poder favorece o abuso; 17
  • 18. - a demasia de conforto, não raro, traz o relaxamento, e o pão que se amontoa, de sobra, costuma servir de pasto aos vermes que se alegram no mofo. - - Quando tudo está bem, conforme já foi dito, nós nos descuidamos das responsabilidades e aí, surge a dor como chamamento para as realidades da vida, senão, vejamos: Nós só descobrimos que o fogo queima quando colocamos nossa mão para queimar e aprendemos, pela dor causada, a respeitar a chama. Nós só damos valor à saúde quando estamos doentes, e aí, tomamos todos os cuidados para que a doença não volte a nos atacar. É o aprendizado pela dor. Nós só damos valor às pessoas queridas, quando estamos na iminência de perdê-las ou quando, efetivamente, as perdemos. Nós só lembramos Deus quando uma dor profunda nos visita, nos busca e nos encontra. O Homem é um ser ingrato daí que só se volta para a necessidade das grandezas espirituais pelo amor ou pela dor, 18
  • 19. geralmente e a maioria é assim, prefere ir pela dor. A razão da dor Raquel, antiga servidora da residência de Cusa, ergueu a voz para indagar do Mestre por que motivo a dor se convertia em aflição nos caminhos do mundo. Não era o homem criação de Deus? Não dispõe a criatura do abençoado concurso dos anjos? Não vela o Céu sobre os destinos da Humanidade? Jesus fitou na interlocutora o olhar firme e considerou: — A razão da dor humana procede da proteção divina. Os povos são famílias de Deus que, à maneira de grandes rebanhos, são chamados ao Aprisco do Alto. A Terra é o caminho. A luta que ensina e edifica é a marcha. O sofrimento é sempre o aguilhão que desperta as ovelhas distraídas à margem da senda verdadeira. Alguns instantes se escoaram mudos e o Mestre voltou a ponderar: 19
  • 20. — O excesso de poder favorece o abuso, a demasia de conforto, não raro, traz o relaxamento, e o pão que se amontoa, de sobra, costuma servir de pasto aos vermes que se alegram no mofo... Reparando, porém, que a assembléia de amigos lhe reclamava explicação mais ampla, elucidou fraternalmente: — Um anjo, por ordem do Eterno Pai, tomou à própria conta um homem comum, desde o nascimento. Ensinou-lhe a alimentar-se, a mover os membros e os músculos, a sorrir, a repousar e a asilar-se nos braços maternos. Sem afastar- se do protegido, dia e noite, deu-lhe as primeiras lições da palavra e, em seguida, orientou-lhe os impulsos novos, favorecendo- lhe o ensejo de aprender a raciocinar, a ler, a escrever e a contar. Afastava-o, hora a hora, de influências perniciosas ou mortíferas de Espíritos infelizes que o arrebatariam, por certo para o sorvedouro da morte. Soprando-lhe ao pensamento idéias iluminadas aos clarões do Infinito Bem, através de mil 20
  • 21. modos de socorro imperceptível, garantiu-lhe a saúde e o equilíbrio do corpo. Dava-lhe medicamentos invisíveis, por intermédio do ar e da água, da vestimenta e das plantas. Vezes sem conta, salvou-o do erro, do crime e dos males sem remédio que atormentam os pecadores. Ao amanhecer, o Pajem Celestial acorria, atento, preparando-lhe dia calmo e proveitoso, defendendo-lhe a respiração, a alimentação e o pensamento, vigiando-lhe os passos, com amor, para melhor preservar-lhe os dons; ao anoitecer, postava-se-lhe à cabeceira, amparando- lhe o corpo contra o ataque de gênios infernais, aguardando-o, com maternal cuidado, para as doces instruções espirituais nos momentos de sono. No transcurso da vida, guiou-lhe os ideais, auxiliou-o a selecionar as emoções e a situar-se em trabalho digno e respeitável; clareou- lhe o cérebro jovem, insuflou-lhe entusiasmo santo, rumo à vida superior, e estimulou-o a formar um reino de santificação e serviço, progresso e aperfeiçoamento, num lar... O homem, todavia, que nunca se lembrara de agradecer as bênçãos que o cercavam, fez-se orgulhoso e cruel, diante 21
  • 22. dos interesses alheios. Ele, que retinha tamanhas graças do Céu, jamais se animou a estendê-las na Terra e passou simplesmente a humilhar os outros com a glória de que fora revestido por seu devotado e invisível benfeitor. Quando experimentou o primeiro desgosto, que ele mesmo provocou menosprezando a lei do amor universal, que determina a fraternidade e o respeito aos semelhantes, gesticulou, revoltado, contra o Céu, acusando o Supremo Senhor de injusto e indiferente. Aflito, o anjo guardião procurava levantar-lhe o ideal de bondade, quando um Anjo Maior se aproximou dele e ordenou que o primeiro dissabor do tutelado endurecido por excesso de regalias se convertesse em aflição. Rolando, mentalmente, de aflição em aflição, o homem começou a recolher os valores da paciência, da humildade, do amor e da paz com todos, fazendo-se, então, precioso colaborador do Pai, na Criação. Finda a historieta, esperou Jesus que Raquel expusesse alguma dúvida, mas emudecendo a servidora, dominada pela meditação que os ensinamentos da noite lhe sugeriam, o culto da Boa Nova foi encerrado com ardente oração de júbilo indefinível. 22
  • 23. Tudo o que vive neste mundo; natureza, animal, homem, sofre. O animal está sujeito à luta ardente pela vida. Entre as ervas do prado, as folhas e a ramaria dos bosques, nos ares, no seio das águas, por toda parte desenrolam-se dramas ignorados. Quanto à Humanidade, sua história não é mais que um martirológio. Através dos tempos, por cima dos séculos rola a triste melopéia dos sofrimentos humanos. A dor segue todos os nossos passos; espreita- nos em todas as voltas do caminho. E diante dessa esfinge que o fita com o seu olhar estranho, o homem faz a eterna pergunta: Por que existe a dor? No Livro A Gênese – capítulo III – item 04 – vamos encontrar a seguinte assertiva de Kardec: A dor é o aguilhão que impele o homem, na senda do bem Tendo o homem que progredir, os males a que se acha exposto são um estimulante para o exercício da sua inteligência, de todas as suas faculdades físicas e morais, inclusive, incitando-o a procurar os meios de evitá-los. Se ele nada houvesse 23
  • 24. de temer, nenhuma necessidade o induziria a procurar o melhor. O Espírito se entorpeceria na inatividade; nada inventaria, nem descobriria. Para nos esclarecermos melhor, podemos afirmar que Deus não castiga ninguém. Quem diz isto é por que não conhece Deus. Deus é força criadora, fonte inesgotável de amor. Não podemos imaginá-lo transformado numa figura humana, grave e austera, franzindo o Senhor e arregaçando as mangas para nos dar boas palmadas. Deus, que é inteligência suprema e causa primária de todas as coisas, estabeleceu leis, chamadas de naturais ou divinas. Elas englobam todas as ações do homem: para consigo mesmo, para com o próximo e para com o meio ambiente. Numa fase mais rudimentar, funciona o determinismo divino; com o desenvolvimento do ser, Deus faculta-lhe o livre-arbítrio, a fim de que sinta responsabilidade pelos atos praticados. 24
  • 25. Assim, o homem tem uma lei, uma diretriz, um modelo colocado por Deus na sua consciência, no sentido de nortear-lhe os seus atos. A reação nada mais é do que uma resposta da natureza às nossas ações. Reações estas baseadas na lei natural. A filosofia hindu chama essa cadeia de Carma, ou seja, o somatório do mérito e do demérito de todas as ações praticadas pelo indivíduo. A finalidade dessa cadeia de ação e reação é a perfeição do Espírito. Podemos classificar os males que atingem o ser humano em três aspectos: Os primeiros correspondem aos produzidos por acidentes, frutos de um despreparo vibratório. São as agressões, os crimes, os suicídios, pois a rigor, ninguém traz como programação a agressão a quem quer que seja e nem tão pouco a autodestruição. O segundo aspecto – trata-se do mal necessário – o mal despertamento. Como já falamos, o homem acomoda-se com grande facilidade, quando tudo vai bem. E a dor serve como uma sacudidela. Aí, por uma doença física ou mental, busca-se ligar ao Plano Espiritual, por meio da prece, 25
  • 26. faz-se uma reavaliação do seu modo de vida e fica bonzinho. O terceiro aspecto é o mal cármico. É o que semeardes, colhereis. A ordem é o amor – o mal causado pelo homem causa o desequilíbrio, e assim, como um bumerangue, para que a paz restabeleça-se, o homem após lançar o mal ao seu redor também o receberá de retorno. E só há uma maneira de acabar com o mal, sem passar, pelo mesmo processo. Conforme nos diz Pedro: “Apenas a caridade expressão máxima do amor, tem o poder de anular a multidão dos nossos pecados.” Quando o Cristo nos disse: “ Bem aventurados os aflitos, porque deles é o Reino dos Céus.” Não se referia aos sofredores em geral, porque todos os que estão nesse mundo sofrem. Quer estejam num trono ou na miséria extrema, mas, ah! Poucos sofrem bem, poucos compreendem que somente as provas bem suportadas podem conduzir ao reino de Deus. O desânimo é uma falta. Deus vos nega consolações, se não tiverdes coragem. 26
  • 27. A prece é um sustentáculo da alma, mas não é suficiente por si só: É necessário que se apóie numa fé ardente na bondade de Deus. Tendes ouvido freqüentemente que Ele não coloca um fardo pesado em ombros frágeis. O fardo e proporcional às forças, como a recompensa será proporcional à resignação e à coragem. A recompensa será tanto mais esplendente, quanto mais penosa tiver sido a aflição. Mas essa recompensa deve ser merecida, e é por isso que a vida está cheia de tribulações. Ficai satisfeitos quando Deus vos envia à luta. Essa luta são as amarguras onde muitas vezes necessitamos de mais coragem que um combate. Quando vos atingir um motivo de dor ou de contrariedade, tratai de elevar-vos acima das circunstâncias. E quando chegardes a dominar os impulsos da impaciência, da cólera ou do desespero, dizei com justa satisfação: “ Eu fui o mais forte.” Bem aventurados os aflitos, pode, portanto, ser assim traduzido: Bem aventurados os que têm a oportunidade de provar a sua fé, a sua perseverança e a sua submissão á vontade de 27
  • 28. Deus, levando também em consideração que às bênçãos na verdade, são maiores que as dores. Porque eles terão centuplicadas as alegrias que lhes faltam na Terra, e após o trabalho vira o repouso e serão chamados filhos de Deus. 5.2. LEI DE DEUS Qual o móvel que determina uma reação? É a Lei de Deus. Se a prática de uma ação não for concernente com a Lei de Deus, ou seja, se ela não expressar o bem ao próximo, ela não foi praticada em função da vontade de Deus. Qual será a reação com relação à Lei? Dor e sofrimento. Qual deve ser a nossa atitude para com a dor? Quem gosta de sofrer? Acontece que sem ela não conseguiremos nos amoldar eficazmente à Lei de Deus. Se, por outro lado, interpretássemos a dor e o sofrimento como um ganho, um aprendizado das coisas úteis da vida, quem sabe não viveríamos melhores. 5.3. A INEXORABILIDADE DA LEI A Lei de Deus é justa e sábia. É por isso que dizemos que o acaso não existe. Isso quer dizer que tudo o que se nos acontece deveria nos 28
  • 29. acontecer. Nesse sentido, Deus não perdoa e nem premia. Faz, simplesmente, cumprir a sua Lei. Como é que deveríamos agir com relação ao sofrimento? Verificar onde erramos. Caso tenhamos cometido algum crime, algum deslize, deveríamos nos arrepender. Basta apenas o arrependimento? Não. É preciso sofrer de forma educada. Ainda mais: temos que reparar o mal que fizemos. Deus se vale das pessoas, mas o nosso problema é com relação à radicalidade de sua Lei. E não adianta adiar porque, mais cedo ou mais tarde, a nossa consciência nos indicará o erro e teremos que refazer o mal praticado. 6.3. PERDA DO DEDO E NÃO DO BRAÇO Esta história foi retratada pelo Espírito Hilário Silva, no capítulo 20 do livro A Vida Escreve, psicografada por F. C. Xavier e Waldo Vieira, no qual descreve o fato de Saturnino Pereira que, ao perder o dedo junto à máquina de que era condutor, se fizera centro das atenções: como Saturnino, sendo espírita e benévolo para com todas as pessoas, pode perder o dedo? Parecia um fato que ia de encontro com a justiça divina. Contudo, à noite, em reunião 29
  • 30. íntima no Centro Espírita que freqüentava, o orientador espiritual revelou-lhe que numa encarnação passada havia triturado o braço do seu escravo num engenho rústico. O orientador espiritual assim lhe falou: “Por muito tempo, no Plano Espiritual, você andou perturbado, contemplando mentalmente o caldo de cana enrubescido pelo sangue da vítima, cujos gritos lhe ecoavam no coração. Por muito tempo, por muito tempo... E você implorou existência humilde em que viesse a perder no trabalho o braço mais útil. Mas, você, Saturnino, desde a primeira mocidade, ao conhecer a Doutrina Espírita, tem os pés no caminho do bem aos outros. Você tem trabalhado, esmerando-se no dever... Regozije-se, meu amigo! Você está pagando, em amor, seu empenho à justiça...” 7. CONCLUSÃO A prática da caridade tem valor científico, ou seja, ajuda-nos a reparar os danos que causamos à Lei Divina. Assim, se soubermos viver sóbrios e sem muitos agravos à Lei, certamente faremos uma passagem tranqüila ao outro plano de vida. Deus nunca erra 30
  • 31. Há muito tempo, num reino distante, havia um rei que não acreditava nos desígnios e na bondade de DEUS. Tinha, porém, um súbdito que sempre lhe lembrava dessa verdade. - Meu rei, não desanime... Tudo que DEUS faz é perfeito. ELE nunca erra. Um dia, o rei saiu para caçar, juntamente com seu súbdito, e uma fera da floresta o atacou. O súdito conseguiu matar o animal, porém, não evitou que sua majestade perdesse o dedo mínimo da mão direita. O rei, furioso pelo que havia acontecido, e sem mostrar agradecimento por ter sua vida salva pelos esforços de seu servo, perguntou a este: - E agora, o que você me diz ? DEUS é bom ? Se DEUS fosse bom eu não teria sido atacado e não teria perdido o meu dedo. - Meu rei, apesar de todas essas coisas, somente posso dizer-lhe que DEUS é bom, e que mesmo isso, perder um dedo, é para o seu bem. Tudo 31
  • 32. que DEUS faz é perfeito. ELE nunca erra. O rei, indignado com a resposta do súbdito, mandou que o mesmo fosse preso na cela mais escura e fedida do calabouço. Após algum tempo, o rei saiu novamente para caçar e aconteceu dele ser atacado, desta vez por uma tribo de índios que vivia na selva. Esses índios eram temidos por todos, pois sabia-se que faziam sacrifícios humanos, para seus deuses. Mal prenderam o rei, passaram a preparar o ritual do sacrifício. Quando já estava tudo pronto, e o rei já estava diante do altar, o sacerdote indígena, ao examinar a vítima, observou furioso: - Este homem não pode ser sacrificado, é defeituoso !!! Falta-lhe um dedo !!! E o rei foi libertado. Ao voltar para o palácio,muito alegre e aliviado, mandou libertar seu súbdito e pediu que o mesmo viesse em sua presença. Ao ver o servo, abraçou-o afetuosamente dizendo-lhe: 32
  • 33. - Meu caro, DEUS foi realmente bom comigo. Você já deve estar sabendo que escapei da morte justamente porque não tinha um dos dedos. Mas ainda tenho em meu coração uma grande dúvida: » Se DEUS é tão bom, porque permitiu que você fosse preso da maneira como foi ? Logo você, que tanto o defendeu? - Meu rei, se eu estivesse junto contigo nessa caçada, certamente seria sacrificado em teu lugar, pois não me falta dedo algum. Portanto lembre-se sempre: tudo que DEUS faz é perfeito. Ele nunca erra. E por fim, que possamos nos lembrar sempre de Jesus, o mestre querido, quando, pensando em nossa felicidade, nos dizia amoroso: “Eu vim pra que tenham vida e a tenham em abundância.” Que a paz do Mestre continue em nossos corações. Uma boa noite a todos e muito obrigado pela atenção. 33
  • 34. 34