2. TEXTO
segunda aplicação do ENEM-2012
CEGUEIRA
Afastou-‐me
da
escola,
atrasou-‐me;
enquanto
os
filhos
de
seu
José
Galvão
se
internavam
em
grandes
volumes
coloridos,
a
doença
de
olhos
me
perseguia
na
meninice.
Torturava-‐me
semanas
e
semanas,
eu
vivia
na
treva,
o
rosto
oculto
num
pano
escuro,
tropeçando
nos
móveis,
guiando-‐me
às
apalpadelas,
ao
longo
das
paredes.
As
pálpebras
inflamadas
colavam-‐se.
Para
descerrá-‐las,
eu
ficava
tempo
sem
fim
mergulhando
a
cara
na
bacia
de
água,
lavando-‐me
vagarosamente,
pois
o
contato
dos
dedos
era
doloroso
em
excesso.
Finda
a
operação
extensa,
o
espelho
da
sala
de
visitas
mostrava-‐me
dois
bugalhos
sangrentos,
que
se
molhavam
depressa
e
queriam
esconder-‐se.
Os
objetos
surgiam
empastados
e
brumosos.
Voltava
a
abrigar-‐me
sob
o
pano
escuro,
mas
isto
não
atenuava
o
padecimento.
Qualquer
luz
me
deslumbrava,
feria-‐me
como
pontas
de
agulha.
[...]
Sem
dúvida
o
meu
espectro
era
desagradável,
inspirava
repugnância.
E
a
gente
da
casa
se
impacientava.
Minha
mãe
Unha
a
franqueza
de
manifestar-‐me
viva
anUpaUa.
Dava-‐me
dois
apelidos:
bezerro-‐encourado
e
cabra-‐cega.
RAMOS,
G.
Infância.
Rio
de
Janeiro:
Record,
1984.
(fragmento)
3. QUESTÃO 01
segunda aplicação do ENEM-2012
O
impacto
da
doença,
na
infância,
revela-‐se
no
texto
memorialista
de
Graciliano
Ramos
através
de
uma
aUtude
marcada
por
uma
tentaUva
de
esquecer
os
efeitos
da
doença.
preservar
a
sua
condição
de
víUma
da
negligência
materna.
apontar
a
precariedade
do
tratamento
médico
no
sertão.
registrar
a
falta
de
solidariedade
dos
amigos
e
familiares.
recompor,
em
minúcias
e
sem
autopiedade,
a
sensação
de
dor.
4. SOLUÇÃO COMENTADA
segunda aplicação do ENEM-2012
A
alternaUva
que
se
aproxima
do
que
leva
o
locutor
a
reconstruir
sua
memória
é
a
letra
“e”.
5. TEXTO
segunda aplicação do ENEM-2012
ERA
UMA
VEZ
Um
rei
leão
que
não
era
rei.
um
pato
que
não
fazia
quá-‐quá.
Um
cão
que
não
laUa.
Um
peixe
que
não
nadava.
Um
pássaro
que
não
voava.
Um
Ugre
que
não
comia.
Um
gato
que
não
miava.
Um
homem
que
não
pensava...
E,
enfim,
era
uma
natureza
sem
nada.
Acabada.
Depredada.
Pelo
homem
que
não
pensava.
CUNHA,
L.
A.
In.:
KOCH,
I.;
ELIAS,
V.
M.
Ler
e
escrever:
estratégias
de
produção
textual.
São
Paulo
Contexto,
2011.
6. QUESTÃO 02
segunda aplicação do ENEM-2012
São
as
relações
entre
os
elementos
e
as
partes
do
texto
que
promovem
o
desenvolvimento
das
ideias.
No
poema,
a
estratégia
linguísUca
que
contribui
para
esse
desenvolvimento,
estabelecendo
a
conUnuidade
do
texto,
é
a
escolha
de
palavras
de
diferentes
campos
semânUcos.
negação
contundente
das
ações
praUcadas
pelo
homem.
intertextualidade
com
o
gênero
textual
fábula
infanUl.
repeUção
de
estrutura
sintáUca
com
novas
informações.
uUlização
de
ponto
final
entre
termos
de
uma
mesma
oração.
7. SOLUÇÃO COMENTADA
segunda aplicação do ENEM-2012
O
principal
recurso
linguísUco
presente
no
poema
é
o
paralelismo
sintáUco:
todos
os
versos
apresentam
a
mesma
estrutura
gramaUcal
[arUgo,
substanUvo,
pronome
relaUvo,
advérbio,
verbo].
Marque-‐se,
pois,
a
alteranUva
“d”.
8. TEXTO 01
segunda aplicação do ENEM-2012
A
CANÇÃO
DO
AFRICANO
Lá
na
úmida
senzala,
Sentado
na
estreita
sala,
Junto
ao
braseiro,
no
chão,
entoa
o
escravo
o
seu
canto,
E
ao
cantar
correm-‐lhe
em
pranto
Saudades
do
seu
torrão...
De
um
lado,
uma
negra
escrava
Os
olhos
no
filho
crava,
Que
tem
no
colo
a
embalar...
E
à
meia-‐voz
lá
responde
Ao
canto,
e
o
filhinho
esconde,
Talvez
p’ra
não
o
escutar!
“Minha
terra
é
lá
bem
longe,
Das
bandas
de
onde
o
sol
vem;
Esta
terra
é
mais
bonita,
Mas
à
outra
eu
quero
bem.”
ALVES,
C.
Poesias
completas.
Rio
de
Janeiro:
Ediouro,
1995.
(fragmento)
9. TEXTO 02
segunda aplicação do ENEM-2012
No
caso
da
Literatura
Brasileira,
se
é
verdade
que
prevalecem
as
reformas
radicais,
elas
têm
acontecido
mais
no
âmbito
de
movimentos
literários
do
que
de
gerações
literárias.
A
poesia
de
Castro
Alves
em
relação
à
de
Gonçalves
Dias
não
é
a
de
negação
radical,
mas
de
superação,
dentro
do
mesmo
espírito
românUco.
MELO
NETO,
J.
C.
Obra
completa.
Rio
de
Janeiro:
Nova
Aguilar,
2003.
(fragmento)
10. QUESTÃO 03
segunda aplicação do ENEM-2012
O
fragmento
do
poema
de
Castro
Alves
exemplifica
a
afirmação
de
João
Cabral
de
Melo
neto
porque
exalta
o
nacionalismo,
embora
lhe
imprima
um
fundo
ideológico
retórico.
canta
a
paisagem
local,
no
entanto,
defende
ideais
do
liberalismo.
mantém
o
canto
saudosista
da
terra
pátria,
mas
renova
o
tema
amoroso.
explora
a
subjeUvidade
do
eu
lírico,
ainda
que
temaUze
a
injusUça
social.
inova
na
abordagem
de
aspecto
social,
mas
mantém
a
visão
lírica
da
pátria.
11. SOLUÇÃO COMENTADA
segunda aplicação do ENEM-2012
“A
canção
do
africano”
é
uma
peça
de
lirismo
social,
em
que
se
denunciam
as
atrocidades
da
escravidão.
Há,
no
trecho
em
análise,
uma
contraposição
entre
a
terra
em
que
se
está
e
a
terra
de
que
se
tem
saudade.
Tal
qual
Gonçalves
Dias,
em
Castro
Alves,
nota-‐se
a
presença
de
um
nacionalismo
de
cunho
ufanista
[Esta
terra
é
mais
bonita,/
Mas
à
outra
eu
quero
bem].
Como
a
críUca
que
se
faz
à
escravidão
não
possui
um
estofo
real
[não
se
apresentam
dados,
tampouco
se
apresenta
uma
alternaUva
que
vise
à
inserção
social
do
elemento
africano],
pode-‐
se
afirmar
que
ela
seja
retórica:
é
mais
discurso
e
emoUvidade
do
que
razão
e
pensamento
voltado
para
a
ação].
Posto
isso,
deve-‐se
assinalar
a
alternaUva
“e”,
pois
é
em
Castro
Alves
que
a
escravidão
do
africano
é
vista
como
um
problema
social,
entretanto,
os
dois
úlUmos
versos
se
inserem
na
corrente
do
nacionalismo
ufanista
da
primeira
geração
do
romanUsmo
brasileiro.
12. TEXTO
segunda aplicação do ENEM-2012
SAMBINHA
Vêm
duas
costureirinhas
pela
rua
das
Palmeiras.
Afobadas
braços
dados
depressinha
Bonitas,
Senhor!
que
até
dão
vontade
pros
homens
da
rua.
As
costureirinhas
vão
explorando
os
perigos...
VesUdo
é
de
seda.
Roupa-‐branca
é
de
morim.
Falando
conversas
fiadas
As
duas
costureirinhas
passam
por
mim.
–
Você
vai?
–
Não
vou
não.
Parece
que
a
rua
parou
para
escutá-‐las.
Nem
trilhos
sapecas
Jogam
mais
bondes
um
pro
outro.
E
o
Sol
da
tardinha
de
abril
Espia
entre
as
pálpebras
sapiroquentas
de
duas
nuvens.
As
nuvens
são
vermelhas
A
tardinha
cor-‐de-‐rosa.
13. TEXTO
segunda aplicação do ENEM-2012
SAMBINHA
Fiquei
querendo
bem
aquelas
duas
costureirinhas...
Fizeram-‐me
peito
batendo
Tão
bonitas,
tão
modernas,
tão
brasileiras!
Isto
é...
Uma
era
ítalo-‐brasileira.
Outra
era
áfrico-‐brasileira.
Uma
era
branca.
Outra
era
preta.
ANDRADE,
M.
Os
melhores
poemas.
São
Paulo:
Global,
1988.
14. QUESTÃO 04
segunda aplicação do ENEM-2012
Os
poetas
do
Modernismo,
sobretudo
em
sua
primeira
fase,
procuraram
incorporar
a
oralidade
ao
fazer
poéUco,
como
parte
de
seu
projeto
de
configuração
de
uma
idenUdade
linguísUca
e
nacional.
No
poema
de
Mário
de
Andrade,
esse
projeto
revela-‐se,
pois
o
poema
capta
uma
cena
do
coUdiano
–
o
caminhar
de
duas
costureirinhas
pela
rua
das
Palmeiras
–
mas
o
andamento
dos
versos
é
truncado,
o
que
faz
com
que
o
evento
perca
a
naturalidade.
a
sensibilidade
do
eu
poéUco
parece
captar
o
movimento
dançante
das
costureirinhas
–
depressinha
–
que,
em
úlUma
instância,
representam
um
Brasil
“de
todas
as
cores”.
o
excesso
de
liberdade
usado
pelo
poeta
ao
desrespeitar
as
regras
gramaUcais,
como
as
de
pontuação,
prejudica
a
compreensão
do
poema.
a
sensibilidade
do
arUsta
não
escapa
do
viés
machista
que
marcava
a
sociedade
do
início
do
século
XX,
machismo
expresso
em
“que
até
dão
vontade
pros
homens
da
rua”.
o
eu
poéUco
usa
de
ironia
ao
dizer
da
emoção
de
ver
moças
“tão
modernas,
tão
brasileiras”,
pois
faz
questão
de
afirmar
as
origens
africana
e
italiana
das
mesmas.
15. SOLUÇÃO COMENTADA
segunda aplicação do ENEM-2012
O
poema
celebra
[o
locutor
deslumbra-‐se
com
o
bulício
da
cidade
–
trilhos
sapecas
–
e
com
a
beleza
das
costureirinhas
–
tão
bonitas,
tão
modernas,
tão
brasileiras!
–]
tanto
o
coUdiano
da
cidade
grande
quanto
a
consUtuição
mulUrracial
da
nação
brasileira.
O
andar
apressado
das
moças
[Afobadas
braços
dados
depressinha]
é
sugerido
principalmente
pelos
versos
curtos
e
pelos
encadeamentos
semânUcos
[o
senUdo
de
um
verso
conUnua
em
outro].
Posto
isso
e
consideradas
as
opções
fornecidas
pelos
distratores
da
questão,
assinale-‐se
a
letra
“b”.
16. TEXTO
segunda aplicação do ENEM-2012
A
escolha
de
uma
forma
teatral
implica
a
escolha
de
um
Upo
de
teatralidade,
de
um
estatuto
de
ficção
com
relação
à
realidade.
A
teatralidade
dispõe
de
meios
específicos
para
transmiUr
uma
cultura-‐fonte
a
um
público-‐alvo;
é
sob
esta
única
condição
que
temos
o
direito
de
falar
em
interculturalidade
teatral.
PAVIS,
P.
O
teatro
no
cruzamento
de
culturas.
São
Paulo:
PerspecUva,
2008.
17. QUESTÃO 05
segunda aplicação do ENEM-2012
A
parUr
do
texto,
o
meio
especificamente
cênico
uUlizado
para
transmiUr
uma
cultura
estrangeira
implica
buscar
nos
gestos,
compreender
e
explicitar
conceitos
ou
comportamentos.
procurar
na
filosofia
a
tradução
verdadeira
daquela
cultura.
apresentar
o
vídeo
documentário
sobre
a
cultura-‐fonte
durante
o
espetáculo.
eliminar
a
distância
temporal
ou
espacial
entre
o
espetáculo
e
a
cultura-‐fonte.
empregar
um
elenco
consUtuído
de
atores
provenientes
da
cultura-‐fonte.
19. TEXTO
segunda aplicação do ENEM-2012
–
É
o
diabo!...
preguejava
entre
dentes
o
brutalhão,
enquanto
atravessava
o
corredor
ao
lado
do
Conselheiro,
enfiando
às
pressas
o
seu
inseparável
sobretudo
de
casimira
alvadia.
–
É
o
diabo!
Esta
menina
já
devia
ter
casado!
–
Disso
sei
eu...
balbuciou
o
outro.
–
E
não
é
por
falta
de
esforços
de
minha
parte;
creia!
–
Diabo!
Faz
lásUma
que
um
organismo
tão
rico
e
tão
bom
para
procriar
se
sacrifique
desse
modo!
Enfim
–
ainda
não
é
tarde;
mas,
se
ela
não
se
casar
quanto
antes
–
hum...
hum!...
Não
respondo
pelo
resto!
–
Então
o
Doutor
acha
que...?
Lobão
inflamou-‐se:
Oh!
o
Conselheiro
não
podia
imaginar
o
que
eram
aqueles
temperamentozinhos
impressionáveis!...
eram
terríveis,
eram
violentos,
quando
alguém
tentava
contrariá-‐los!
Não
pediam
–
exigiam
–
reclamavam!
AZEVEDO,
A.
O
homem.
Belo
Horizonte:
UFMG,
2003.
20. QUESTÃO 06
segunda aplicação do ENEM-2012
O
romance
O
homem,
de
Aluísio
Azevedo,
insere-‐se
no
contexto
do
Naturalismo,
marcado
pela
visão
do
CienUficismo.
No
fragmento,
essa
concepção
aplicada
à
mulher
define-‐se
por
uma
conivência
com
relação
à
rejeição
feminina
de
assumir
um
casamento
arranjado
pelo
pai.
caracterização
da
personagem
feminina
como
um
estereóUpo
da
mulher
sensual
e
misteriosa.
convicção
de
que
a
mulher
é
um
organismo
frágil
e
condicionado
por
seu
ciclo
reproduUvo.
submissão
da
personagem
feminina
a
um
processo
que
a
infanUliza
e
limita
intelectualmente.
incapacidade
de
resisUr
às
pressões
socialmente
impostas,
representadas
pelo
pai
e
pelo
médico.
21. SOLUÇÃO COMENTADA
segunda aplicação do ENEM-2012
O
trecho
transcrito
apresenta
uma
discussão
entre
o
doutor
Lobão
e
o
Conselheiro
Pinto
Marques.
Em
consonância
com
as
teorias
cienUficistas
do
final
do
século
XIX,
o
médico
sugere
que
Magdá
se
case,
pois
ela
deveria
atender
às
necessidades
de
seu
corpo
e
procriar.
De
acordo
com
o
médico,
o
útero
é
um
monstro
que
precisa
ter
suas
necessidades
saUsfeitas,
caso
contrário
ele
subiria
para
a
cabeça
e
a
mulher
enlouqueceria.
Tais
considerações
permitem
assinalar
a
alternaUva
“c”,
na
medida
em
que
o
que
se
infere
dessas
teorias
cien>ficistas
é
que
o
homem
é
fruto
tanto
dos
aspectos
sociais
quanto
das
determinações
biológicas.
22. TEXTO
segunda aplicação do ENEM-2012
POEMA
DE
SETE
FACES
Mundo
mundo
vasto
mundo,
Se
eu
me
chamasse
Raimundo
seria
uma
rima,
não
seria
uma
solução.
Mundo
mundo
vasto
mundo
mais
vasto
é
o
meu
coração.
ANDRADE,
C.
D.
Antologia
poéNca.
Rio
de
Janeiro:
Record,
2001.
(fragmento)
23. TEXTO
segunda aplicação do ENEM-2012
CDA
(IMITADO)
Ó
vida,
triste
vida!
Se
eu
me
chamasse
Aparecida
dava
na
mesma.
FONTELA,
O.
Poesia
reunida.
Rio
de
Janeiro:
7Letras,
2008.
24. QUESTÃO 07
segunda aplicação do ENEM-2012
Orides
Fontela
inUtula
seu
poema
CDA,
sigla
de
Carlos
Drummond
de
Andrade,
e
entre
parênteses
indica
“imitado”
porque,
como
nos
versos
de
Drummond,
apresenta
o
receio
de
colocar
os
dramas
pessoais
no
mundo
vasto.
expõe
o
egocentrismo
de
senUr
o
coração
maior
que
o
mundo.
aponta
a
insuficiência
da
poesia
para
solucionar
os
problemas
da
vida.
adota
tom
melancólico
para
evidenciar
a
desesperança
coma
vida.
invoca
a
triste
da
vida
par
potencializar
a
ineficácia
da
rima.
25. SOLUÇÃO COMENTADA
segunda aplicação do ENEM-2012
O
gabarito
sugerido
pelo
INEP,
letra
“c”,
contraria
a
visão
que
os
críUcos
literários
têm
acerca
da
obra
de
Drummond.
26. TEXTO
segunda aplicação do ENEM-2012
A
RUA
Bem
sei
que,
muitas
vezes,
O
único
remédio
É
adiar
tudo.
É
adiar
a
sede,
a
fome,
a
viagem,
A
dívida,
o
diverUmento,
O
pedido
de
emprego,
ou
a
própria
alegria.
A
esperança
é
também
uma
forma
De
conynuo
adiamento.
Sei
que
é
preciso
presUgiar
a
esperança,
Numa
sala
de
espera.
Mas
sei
também
que
espera
significa
luta
e
não,
apenas,
Esperança
sentada.
Não
abdicação
diante
da
vida.
A
esperança
Nunca
é
a
forma
burguesa,
sentada
e
tranquila
da
espera.
Nunca
é
figura
de
mulher
Do
quadro
anUgo.
Sentada,
dando
milho
aos
pombos.
RICARCO,
C.
Disponível
em:
www.revista.agulha.com.br.
Acesso
em:
2
jan.
2012.
27. QUESTÃO 08
segunda aplicação do ENEM-2012
O
poema
de
Cassiano
Ricardo
insere-‐se
no
Modernismo
brasileiro.
O
autor
metaforiza
a
crença
do
sujeito
lírico
numa
relação
entre
o
homem
e
seu
tempo
marcada
por
um
olhar
de
resignação
perante
as
dificuldades
materiais
e
psicológicas
da
vida.
uma
ideia
de
que
a
esperança
do
povo
brasileiro
está
vinculada
ao
sofrimento
e
às
privações.
uma
posição
em
que
louva
a
esperança
passiva
para
que
ocorram
mudanças
sociais.
um
estado
de
inércia
e
de
melancolia
moUvado
pelo
tempo
passado
numa
sala
de
espera.
uma
aUtude
de
perseverança
e
de
coragem
no
contexto
de
estagnação
histórica
e
social.
28. SOLUÇÃO COMENTADA
segunda aplicação do ENEM-2012
As
ideias
de
resignação,
passividade
e
melancolia
são
totalmente
dissociadas
do
conceito
de
esperança
exposto
pelo
locutor,
na
medida
em
que
se
afirma
que
a
esperança
não
é
tranquila,
tampouco
abdicação.
Importante,
ainda,
é
perceber
que
a
esperança
a
que
se
refere
o
lutor
diz
respeito
a
toda
humanidade
e
não
apenas
à
realidade
brasileira.
Posto
isso,
o
comentário
mais
adequado
ao
poema
é
o
fornecido
na
alternaUva
“e”,
pois
o
locutor
associa
a
esperança
a
duas
aUtudes
–
a
de
espera
[adiamento]
e
a
de
luta.
29. TEXTO
segunda aplicação do ENEM-2012
Todo
bom
escritor
tem
o
seu
instante
de
graça,
possui
a
sua
obra-‐prima,
aquela
que
congrega
numa
estrutura
perfeita
os
seus
dons
mais
pessoais.
Para
Dias
Gomes
essa
hora
de
inspiração
veio-‐lhe
no
dia
que
escreveu
O
pagador
de
promessas.
Em
torno
de
Zé-‐do-‐Burro
–
herói
ideal,
por
unir
o
máximo
de
caráter
ao
mínimo
de
inteligência,
naquela
zona
fronteiriça
entre
o
idiota
e
o
santo
–
o
enredo
espalha
a
malícia
e
a
maldade
de
uma
capital
como
Salvador,
miUficada
pela
música
popular
e
pela
literatura,
na
qual
o
explorador
de
mulheres
se
chama
inevitavelmente
Bonitão,
o
poeta
popular,
Dedé
Cospe-‐Rima,
e
o
mestre
de
capoeira,
Manuelzinho
Sua
Mãe.
O
colorido
do
quadro
contrasta
fortemente
com
a
simplicidade
da
ação,
que
caminha
numa
linha
reta
da
chegada
de
Zé-‐do-‐Burro
à
sua
entrada
trágica
e
triunfal
na
Igreja
–
não
sob
a
cruz,
conforme
prometera,
mas
sobre
ela,
carregado
pelos
capoeiras,
como
um
crucificado.
PRADO,
D.
D.
O
teatro
brasileiro
contemporâneo.
São
Paulo:
PerspeUva,
2008.
30. QUESTÃO 09
segunda aplicação do ENEM-2012
A
avaliação
críUca
de
Décio
de
Almeida
Prado
destaca
as
qualidades
de
O
pagador
de
promessas.
Com
base
nas
ideias
defendidas
por
ele,
uma
boa
obras
teatral
deve
um
olhar
de
resignação
perante
as
dificuldades
materiais
e
psicológicas
da
vida.
uma
ideia
de
que
a
esperança
do
povo
brasileiro
está
vinculada
ao
sofrimento
e
às
privações.
uma
posição
em
que
louva
a
esperança
passiva
para
que
ocorram
mudanças
sociais.
um
estado
de
inércia
e
de
melancolia
moUvado
pelo
tempo
passado
numa
sala
de
espera.
uma
aUtude
de
perseverança
e
de
coragem
no
contexto
de
estagnação
histórica
e
social.
31. SOLUÇÃO COMENTADA
segunda aplicação do ENEM-2012
Esta
é
mais
uma
questão
na
qual
não
há
muita
relação
entre
o
texto
base
e
o
comando.
Se
se
considerar
que
os
dramas
tratados
por
Dias
Gomes
em
O
pagador
de
promessas
são
de
ordem
universal
–
o
preconceito,
a
intolerância
religiosa,
o
sincreUsmo
e
a
pureza
dos
fiéis
–
e
que
eles
aparecem
ambientados
em
um
ambiente
pitoresco
[a
Bahia],
é
possível
assinalar
a
alternaUva
“c”.
32. TEXTO
segunda aplicação do ENEM-2012
O
bonde
abre
viagem,
No
banco
ninguém,
Estou
só,
stou
sem.
Depois
sobe
um
homem,
No
banco
sentou,
Companheiro
vou.
O
bonde
está
cheio,
De
novo
porém
Não
sou
mais
ninguém.
ANDRADE,
M.
Poesias
completas.
Belo
Horizonte:
ItaUaia,
2008.
33. QUESTÃO 10
segunda aplicação do ENEM-2012
Em
um
texto
literário,
é
comum
que
os
recursos
poéUcos
e
linguísUcos
parUcipem
do
significado
do
texto,
isto
é,
forma
e
conteúdo
se
relacionam
significaUvamente.
Com
relação
ao
poema
de
Mário
de
Andrade,
a
correlação
entre
um
recurso
formal
e
um
aspecto
da
significação
do
texto
é
a
sucessão
de
orações
coordenadas,
que
remete
à
sucessão
de
cenas
e
sensações
senUdas
pelo
eu
lírico
ao
longo
da
viagem.
a
elisão
dos
verbos,
recurso
esUlísUco
constante
no
poema,
que
acentua
o
ritmo
acelerado
da
modernidade.
o
emprego
de
versos
curtos
e
irregulares
em
sua
métrica,
que
reproduzem
uma
viagem
de
bonde,
com
suas
paradas
e
retomadas
de
movimento.
a
sonoridade
do
poema,
carregada
de
sons
nasais,
que
representa
a
tristeza
do
eu
lírico
ao
longo
de
toda
a
viagem.
a
ausência
de
rima
nos
versos,
recurso
muito
uUlizado
pelos
modernistas,
que
aproxima
a
linguagem
do
poema
da
linguagem
coUdiana.
34. SOLUÇÃO COMENTADA
segunda aplicação do ENEM-2012
No
poema
de
Mário
de
Andrade,
os
versos
são
metrificados
em
cinco
sílabas
métricas.
Nota-‐se
a
presença
de
rimas
e
o
pouco
uso
de
conjunções
coordenaUvas
e
subordinaUvas.
O
texto
apresenta
uma
cena
ypica
da
cidade
grande
na
qual
o
sujeito
gravita
entre
os
polos
da
solidão,
da
interação
e
da
solidão.
O
poema
começa
focalizando
a
solidão
do
sujeito
poéUco
[estou
só,
stou
sem];
instantes
depois,
entretanto,
senta-‐se
alguém
a
seu
lado
–
esse
alguém
parece
que
interage
com
o
eu
lírico,
o
que
aparece
sugerido
no
verso
Companheiro
vou.
Tempos
depois,
o
bonde
lota,
e
a
persona
poé>ca
volta
a
se
senUr
solitária
[seu
companheiro
de
viagem
pode
ter-‐se
calado
ou
descido?].
Se
se
considerar
que
as
sensações
vivenciadas
pelo
sujeito
poéUco,
ao
longo
da
viagem,
são
díspares,
é
possível
assinalar
a
alteranUva
“a”.