3. TEXTO
Redação, UFMG-2000
Carta de Pero Vaz de Caminha (Adaptação de Jaime Cortesão)
Parece-me gente de tal inocência que, se homem os entendesse e eles a nós, seriam logo
cristãos, porque eles, segundo parece, não têm nem entendem em nenhuma crença.
E portanto, se os degredados que aqui hão-de ficar, aprenderem bem a sua fala e os
entenderem, não duvido que eles, segundo a santa intenção de Vossa Alteza, se hão-de fazer
cristãos e crer em nossa santa fé, à qual praza a Nosso Senhor que os traga, porque, certo, essa
gente é boa e de boa simplicidade. E imprimir-se-á ligeiramente neles qualquer cunho, que se
lhes quiserem dar. E pois Nosso Senhor que lhes deu bons corpos e bons rostos, como a bons
homens, por aqui nos trouxe, creio que não foi sem causa.
5. TEXTO
Redação, UFMG-2000
Folha de S. Paulo, ago.1994. Caderno 1, p.3.
No começo, quando havia nessas terras somente os povos indígenas, nossos antepassados
receberam portugueses, ingleses, holandeses e africanos, acreditando no amor ao próximo e na
formação de um grande país mul,rracial. Ao longo do tempo, no entanto, fomos traídos,
perseguidos e mortos, quase que exterminados depois que algum “expert” propagou sua tese
de que éramos seres sem alma. [...]
Não admi,mos olhar para o Brasil, terra de nossos antepassados, como uma nação subjugada
por um “desenvolvimento” que enriquece uns poucos e empobrece a grande maioria.
Nós, os índios, queremos falar, mas queremos ser escutados na nossa língua, nos nossos
costumes. E também quando formos às escolas, porque é preciso aprender a ler, a escrever.
Não para que deixemos de ser índios, mas para que tenhamos igualdade de condições na defesa
dos nossos direitos e da nossa vida.
8. A DISSERTAÇÃO TRADICIONAL
estrutura do gênero
introdução tema + tese o locutor já se posiciona [em um §apenas]
desenvolvimento exposição-ampliação discute-se o problema
conclusão retomada resumida peroração [faculta,va] [em apenas um §]
[dois ou mais §§]
locutor de terceira pessoa, objetivo e distanciado
[o que interessa é a capacidade de discutir o assunto e se posicionar sobre ele]
alguns tipos de introdução: frase tópico, citação, interrogação, subdivisão
tipos de desenvolvimento: causa e consequência, confronto, subdivisão
tipos de conclusão: advertência, questionamento, sugestão
[explicite articuladores; não copie trechos da coletânea; procure usar a terceira pessoa]
título resumo do texto curto, sinté,co não é frase!
11. TRECHO 02
Redação, UFMG-2000
Veja, Rio de Janeiro, 9 de abr. 1997. p. 124,
João da Silva teve um dia estressante. Enfrentou um rush danado e chegou atrasado ao mee,ng
com o sales manager da empresa onde trabalha. Antes do workshop com o expert em top
marke,ng foi servido um brunch, mas a comida era muito light para a sua fome. À tarde plugou-
se na rede e conseguiu dar um donwload em alguns sopwares que precisava para preparar seu
paper do dia seguinte. Deletou uns tantos arquivos, pegou sua pick-up e seguiu para o point
onde estava marcada uma happy hour. Mais tarde no flat, ligou para o delivery e traçou um
milkshake e um hambúrguer, enquanto assis,a ao Non Stop na MTV. À noite, pôs sua camisa
mais fashion, comprada num sale do shopping, e foi assis,r ao Shine no cinema. Voltou para o
apart-hotel a tempo de ver um pedaço de seu talk-show preferido na TV.
13. A par,r dessa leitura, REDIJA um texto disserta,vo, posicionando-se quanto à presença do
inglês no uso co,diano da língua portuguesa.
Para tanto: a) apoie-se em uma das posições presentes no Trecho 3; e b) apresente
considerações sobre as palavras aportuguesadas em destaque no Trecho 2.
QUESTÃO 02
Redação, UFMG-2000
14. SOLUÇÃO COMENTADA
Redação, UFMG-2000
analisando os textos
O primeiro texto aborda o problema da colonização linguís,ca que tem como efeito nocivo, na
visão do autor, promover a adoção de termos ingleses em detrimento da criação de palavras no
português.
O segundo exemplifica, de forma parodís,ca, a colonização linguís,ca que se dissemina no
Brasil, ultrapassando o âmbito da terminologia ciensfica e invadindo todos os espaços
linguís,cos da vida co,diana.
O terceiro apresenta algumas reflexões sobre a relação língua/cultura, chamando a atenção
para a possibilidade de uma relação de inferioridade e superioridade no uso da língua
estrangeira.
o gênero textual
O obje,vo da questão é que o candidato, a par,r da leitura e análise dos textos seja capaz de se
posicionar sobre o problema, redigindo um texto disserta,vo e argumentando, de forma
consistente, apoiando-se em uma das posições presentes no trecho 3.
15. SOLUÇÃO COMENTADA
Redação, UFMG-2000
posicionamento contrário à língua inglesa
devemos preservar nossa iden,dade cultural e linguís,ca;
devemos valorizar nossa cultura e nossa língua.
posicionamento favorável à língua inglesa
a língua inglesa possibilita acesso às culturas de pressgio;
a língua inglesa é garan,a de acesso ao conhecimento.
acerca das palavras aportuguesadas
Em relação às palavras aportuguesadas, o candidato deverá revelar que entende o
aportuguesamento como uma aceitação tácita da cultura estrangeira, mas, ao mesmo tempo,
como uma reelaboração da mesma.
17. O CORVO E A RAPOSA
Redação, UFMG-2000
Carta de Pero Vaz de Caminha (Adaptação de Jaime Cortesão)
O Corvo, pousado numa árvore, segurava no bico um queijo. E a Raposa, atraída pelo cheiro que
de lá vinha, respondeu rapidamente à força desse essmulo e se pôs a jogar uma conversa cheia
de agrados e ar,manhas para cima do Corvo.
─ Olá, Corvo! Bom dia! Como você é bonito! Que penas lindas! Falando sério, se seu canto tem
alguma semelhança com a sua plumagem, você é uma figura rara, sem igual, entre os
moradores destes bosques.
Ao som dessas palavras, o Corvo, quase que sufocado pela vaidade, não cabe em si de tão
alegre. E, para mostrar sua bela voz, abre o bico até atrás e deixa cair ao chão o queijo que a
Raposa, ávida, logo, logo dele toma posse.
─ Oh, Corvo! Meu jovem corvo! Fique sabendo que todo adulador vive à custa daquele que o
escuta. Não há dúvida de que esta lição vale, certamente, um queijo.
A raposa se re,ra e deixa o Corvo lamentando-se da trapaça de que fora ví,ma. Depois de
muito pensar, envergonhado, ele jurou, mas um pouco tarde, que noutra arapuca nunca mais o
apanhariam.
18. QUESTÃO 03
Redação, UFMG-2000
Muito se tem discu,do, nos dias atuais, a questão da publicidade, das inúmeras "trapaças"
publicitárias de que as pessoas têm sido ví,mas no dia-a-dia.
REDIJA um texto narra,vo, contando uma experiência pessoal em que, à maneira do Corvo,
você tenha sido seduzido por estratégias publicitárias.
Como conclusão, faça considerações sobre a vaidade humana.
20. A CRÔNICA
estrutura do gênero
introdução ambienta história elementos da narra,va apresenta o assunto
desenvolvimento detonador obstáculo a ser superado
conclusão desenlace solução do conflito repouso da ação
clímax
locutor de primeira ou terceira pessoa
a crônica pode ser irônica, lírica, jornalística [esportiva, política, social] ou filosófica
o objetivo discursivo é fazer uma reflexão sobre um fato relevante
espera-se o uso de uma linguagem mais próxima da conotação [figuras e/ou lirismo]
título resumo do texto curto, sinté,co pode ter verbo conjugado