O documento discute as diferenças entre notícia e reportagem, e como a reportagem fornece mais detalhes sobre os acontecimentos. Também analisa como a cobertura da mídia sobre escândalos políticos é influenciada pela ideologia das elites brasileiras.
2. REPORTAGEM E NOTÍCIA
a notícia
Enquanto
a
no)cia
nos
diz
no
mesmo
dia
ou
no
seguinte
se
o
acontecimento
entrou
para
a
história,
a
reportagem
nos
mostra
como
é
que
isso
se
deu.
Tomada
como
método
de
registro,
a
no)cia
se
esgota
no
anúncio;
a
reportagem,
porém
só
se
esgota
no
desdobramento,
na
pormenorização,
no
amplo
relato
dos
fatos.
O
salto
da
no)cia
para
a
reportagem
se
dá
no
momento
em
que
é
preciso
ir
além
da
noCficação,
em
que
a
no)cia
deixa
de
ser
sinônimo
de
nota
–
e
se
situa
no
detalhamento,
no
quesConamento
de
causa
e
efeito,
na
interpretação
e
no
impacto,
adquirindo
uma
nova
dimensão
narraCva
e
éCca.
Porque
com
essa
ampliação
de
âmbito,
a
reportagem
atribui
à
no)cia
uma
conteúdo
que
privilegia
a
versão.
Se
a
nota
é
geralmente
a
história
de
uma
só
versão
[...],
a
reportagem
é,
por
dever
do
método,
a
soma
das
diferentes
versões
de
um
mesmo
acontecimento.
BAHIA,
Juarez.
Jornal,
história
e
técnica:
as
técnicas
do
jornalismo.
Rio
de
Janeiro:
Mauad,
2010.
3. REPORTAGEM E IDEOLOGIA
aspectos gerais
A
seguir,
apresento
reportagem
de
três
páginas
da
Folha
de
S.
Paulo,
de
28
de
setembro
de
2012,
que
trata
do
que
a
imprensa
vem
chamando
de
“julgamento
do
mensalão”.
4.
5.
6.
7. REPORTAGEM E IDEOLOGIA
aspectos gerais
a reeleição de FHC, 1997
Em
1997,
de
acordo
com
a
própria
Folha
de
S.
Paulo,
FHC
pagou
R$145.000,00
para
os
deputados
votarem
a
favor
de
uma
emenda
consCtucional
que
aprovava
a
reeleição.
o mensalão mineiro
A
campanha
de
Eduardo
Azeredo,
de
1998,
foi
financiada
fraudulentamente
por
doações
irregulares
com
recursos
públicos
e
doações
ilegais.
8. REPORTAGEM E IDEOLOGIA
aspectos gerais
mídia, elites brasileiras e ideologia
O
episódio
da
compra
de
deputados
por
FHC
[e
do
mensalão
mineiro]
não
foi
noCciado
por
Veja.
Não
houve
repercussão.
Não
houve
CPI
no
Congresso.
Não
houve
julgamento
no
Supremo.
Evidentemente,
os
meios
de
comunicação
hegemônicos
[Rede
Globo,
Veja
e
Folha
de
S.
Paulo]
não
só
“ecoam”
ideologicamente
os
valores
da
“elite
liberal
brasileira”,
mas
também
acabam
por
conformar
[moldar]
um
modo
de
pensar,
de
agir
e
de
ver
o
mundo.
Posto
isso,
é
fácil
entender
por
que
o
episódio
de
1997
não
veio
à
tona
nem
teve
nenhuma
implicação
judicial.
9. REPORTAGEM E IDEOLOGIA
aspectos gerais
por que tanta sede de “justiça”?
Diferentemente
dos
desdobramentos
dos
episódios
envolvendo
a
compra
da
reeleição
de
FHC,
o
suposto
“mensalão”
teria
sido
protagonizado
por
um
setor
da
sociedade
brasileira
cujos
valores
ideológicos
[e
cujas
práCcas
de
governo]
não
só
põem
em
xeque
o
projeto
de
manutenção
no
poder
de
alguns
grupos
econômicos
mas
também
vão
de
encontro
aos
seus
projetos
de
concentração
de
renda,
de
exclusão
social
e
de
manutenção
de
privilégios
para
poucos.
10. REPORTAGEM E IDEOLOGIA
aspectos gerais
para que tanto alarde?
Eleições
2012!
A
intenção
é
claramente
tentar
influenciar
as
eleições
municipais
e
exCrpar
“as
práCcas”,
“os
autores”
e
“quem
pensa
assim”.
O
“Batman”
já
tem
quem
defenda
sua
campanha
para
a
presidência
em
2014.
O
que
falta
aos
cidadãos
cuja
consciência
políCca
deriva
do
que
se
publica
na
Folha
de
S.
Paulo,
na
Veja
ou
se
noCcia
nas
Organizações
Globo
é
tão
somente
senso
críCco
para
disCnguir
o
que
é
real
do
que
interesse
econômico
das
elites.