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A poética modernista de Mário de Andrade
               Manoel Neves
A PRIMEIRA GERAÇÃO DO MODERNISMO
a sedimentação da literatura e da identidade brasileiras
fase iconoclasta: quer romper com o passado literário-cultural;
        anarquismo: “não sabemos o que queremos”;
      eleição do moderno como um valor em si mesmo;
          busca de originalidade a qualquer preço;
                luta contra o tradicionalismo;
         juízos de valor sobre a realidade brasileira;
              valorização poética do cotidiano;
           nacionalismo xenófobo e intransigente.
LINHAS GERAIS
    primeira geração do modernismo brasileiro
IDEIAS	
  FUTURISTAS	
               TRADIÇÕES	
  POPULARES	
  
Pauliceia	
  desvairada	
                  Clã	
  do	
  jabu2	
  
DESDOBRAMENTOS DAS VANGUARDAS
                      na poesia
poesia hermética e que incorpora a civilização material;
      verso livre; metalinguagem e coloquialismo;
                dessacralização da arte;
                humor [poema-piada];
          cosmopolitismo do processo literário;
       antiacademicismo, anticonvercionalismo;
                humor [poema-piada];
 abolição da diferença entre temas poéticos e prosaicos;
                linguagem mais simples.
DESDOBRAMENTOS DAS VANGUARDAS
                              na prosa
                  o autor ausenta-se da narrativa;
              a ação e o enredo perdem importância;
  destacam-se emoções, estados mentais e reações das personagens;
             fala-se dos temas individuais e específicos;
aumenta o interesse pelos estados mentais, pela vida profunda do eu;
              antiacademicismo, anticonvercionalismo;
                        fluxo de consciência;
      a literatura torna-se subjetiva, interiorizada e abstrata;
       uso da sugestão, da associação, da expressão indireta.
ASPECTOS TEMÁTICO-FORMAIS
        a poética modernista de Mário de Andrade
                    versos livres e brancos;
 tentativa de conciliar a vida cotidiana com reflexões íntimas;
       meditações: poemas longos de caráter metafísico;
meditações: a experiência imediata se transforma em reflexão;
       reflexões: vida, pátria, nacionalismo, identidade;
discussão sobre nacionalismo e defesa de uma língua brasileira;
               pesquisador do folclore nacional.
INSPIRAÇÃO
                  Mário de Andrade
  São	
  Paulo!	
  comoção	
  da	
  minha	
  vida…	
  
  Os	
  meus	
  amores	
  são	
  flores	
  feitas	
  de	
  original…	
  
  Arlequinal!…	
  Traje	
  de	
  losangos…	
  Cinza	
  e	
  Ouro…	
  
  Luz	
  e	
  bruma…	
  Forno	
  e	
  inverno	
  morno…	
  
  Elegâncias	
  su2s	
  sem	
  escândalos,	
  sem	
  ciúmes…	
  
  Perfumes	
  de	
  Paris…	
  Arys!	
  
  Bofetadas	
  líricas	
  no	
  Trianon…	
  Algodoal!	
  
  São	
  Paulo!	
  comoção	
  de	
  minha	
  vida…	
  
  Galicismo	
  a	
  berrar	
  nos	
  desertos	
  da	
  América!	
  
        aspectos	
  formais:	
  versos	
  livres	
  e	
  brancos	
  
aspectos	
  temá2cos:	
  declaração	
  de	
  amor	
  a	
  São	
  Paulo.	
  
ODE AO BURGUÊS [fragmentos]
                       Mário de Andrade
Eu	
  insulto	
  o	
  burguês!	
  O	
  burguês-­‐níquel,	
  	
  
o	
  burguês-­‐burguês!	
  	
  
A	
  digestão	
  bem-­‐feita	
  de	
  São	
  Paulo!	
  	
  
O	
  homem-­‐curva!	
  o	
  homem-­‐nádegas!	
  	
  
O	
  homem	
  que	
  sendo	
  francês,	
  brasileiro,	
  italiano,	
  	
  
é	
  sempre	
  um	
  cauteloso	
  pouco-­‐a-­‐pouco!	
  
Eu	
  insulto	
  as	
  aristocracias	
  cautelosas!	
  	
  
Os	
  barões	
  lampiões!	
  os	
  condes	
  Joões!	
  os	
  duques	
  zurros!	
  	
  
que	
  vivem	
  dentro	
  de	
  muros	
  sem	
  pulos;	
  	
  
e	
  gemem	
  sangues	
  de	
  alguns	
  mil-­‐réis	
  fracos	
  	
  
para	
  dizerem	
  que	
  as	
  filhas	
  da	
  senhora	
  falam	
  o	
  francês	
  	
  
e	
  tocam	
  os	
  "Printemps"	
  com	
  as	
  unhas!	
  
Eu	
  insulto	
  o	
  burguês-­‐funesto!	
  	
  
O	
  indigesto	
  feijão	
  com	
  toucinho,	
  dono	
  das	
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Fora	
  os	
  que	
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  os	
  amanhãs!	
  	
  
Olha	
  a	
  vida	
  dos	
  nossos	
  setembros!	
  	
  
Fará	
  Sol?	
  Choverá?	
  Arlequinal!	
  	
  
Mas	
  à	
  chuva	
  dos	
  rosais	
  	
  
o	
  èxtase	
  fará	
  sempre	
  Sol!	
  
Morte	
  à	
  gordura!	
  	
  
Morte	
  às	
  adiposidades	
  cerebrais!	
  [...]	
  
ODE AO BURGUÊS [fragmentos]
                          Mário de Andrade
"–Ai,	
  filha,	
  que	
  te	
  darei	
  pelos	
  teus	
  anos?	
  	
  
–Um	
  colar...	
  –Conto	
  e	
  quinhentos!!!	
  	
  
Mas	
  nós	
  morremos	
  de	
  fome!"	
  
Come!	
  Come-­‐te	
  a	
  2	
  mesmo,	
  oh	
  gela2na	
  pasma!	
  	
  
Oh!	
  purée	
  de	
  batatas	
  morais!	
  	
  
Oh!	
  cabelos	
  nas	
  ventas!	
  oh!	
  carecas!	
  	
  
Ódio	
  aos	
  temperamentos	
  regulares!	
  	
  
Ódio	
  aos	
  relógios	
  musculares!	
  Morte	
  à	
  infâmia!	
  	
  
Ódio	
  à	
  soma!	
  Ódio	
  aos	
  secos	
  e	
  molhados!	
  	
  
Ódio	
  aos	
  sem	
  desfalecimentos	
  nem	
  arrependimentos,	
  	
  
sempiternamente	
  as	
  mesmices	
  convencionais!	
  	
  
De	
  mãos	
  nas	
  costas!	
  Marco	
  eu	
  o	
  compasso!	
  Eia!	
  	
  
Dois	
  a	
  dois!	
  Primeira	
  posição!	
  Marcha!	
  	
  
Todos	
  para	
  a	
  Central	
  do	
  meu	
  rancor	
  inebriante	
  	
  
Ódio	
  e	
  insulto!	
  Ódio	
  e	
  raiva!	
  Ódio	
  e	
  mais	
  ódio!	
  	
  
Morte	
  ao	
  burguês	
  de	
  giolhos,	
  	
  
cheirando	
  religião	
  e	
  que	
  não	
  crê	
  em	
  Deus!	
  	
  
Ódio	
  vermelho!	
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Ódio	
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Fora!	
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ODE AO BURGUÊS [fragmentos]
                                                Mário de Andrade
                                    aspectos	
  formais:	
  versos	
  livres	
  e	
  brancos	
  
aspectos	
  temá<cos:	
  condensação	
  do	
  ideal	
  modernista	
  de	
  crí2ca	
  ao	
  burguês	
  e	
  ao	
  senso	
  comum	
  
MEDITAÇÃO SOBRE O TIETÊ
                               Mário de Andrade
Porque	
  os	
  homens	
  não	
  me	
  escutam!	
  Por	
  que	
  os	
  governadores	
  
Não	
  me	
  escutam?	
  Por	
  que	
  não	
  me	
  escutam	
  
Os	
  plutocratas	
  e	
  todos	
  os	
  que	
  são	
  chefes	
  e	
  são	
  fezes?	
  
Todos	
  os	
  donos	
  da	
  vida?	
  	
  
Eu	
  lhes	
  daria	
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  impossível	
  e	
  lhes	
  daria	
  o	
  segredo,	
  
Eu	
  lhes	
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  que	
  fica	
  pra	
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  do	
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Metálico	
  dos	
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  e	
  tudo	
  
O	
  que	
  está	
  além	
  da	
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  da	
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E	
  palminhas,	
  e	
  mais	
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  e	
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MEDITAÇÃO SOBRE O TIETÊ
                                             Mário de Andrade
                                                  aspectos	
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                                              versos	
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  e	
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                                                  aspectos	
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nas	
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A poética modernista de mário de andrade

  • 1. A poética modernista de Mário de Andrade Manoel Neves
  • 2. A PRIMEIRA GERAÇÃO DO MODERNISMO a sedimentação da literatura e da identidade brasileiras fase iconoclasta: quer romper com o passado literário-cultural; anarquismo: “não sabemos o que queremos”; eleição do moderno como um valor em si mesmo; busca de originalidade a qualquer preço; luta contra o tradicionalismo; juízos de valor sobre a realidade brasileira; valorização poética do cotidiano; nacionalismo xenófobo e intransigente.
  • 3. LINHAS GERAIS primeira geração do modernismo brasileiro IDEIAS  FUTURISTAS   TRADIÇÕES  POPULARES   Pauliceia  desvairada   Clã  do  jabu2  
  • 4. DESDOBRAMENTOS DAS VANGUARDAS na poesia poesia hermética e que incorpora a civilização material; verso livre; metalinguagem e coloquialismo; dessacralização da arte; humor [poema-piada]; cosmopolitismo do processo literário; antiacademicismo, anticonvercionalismo; humor [poema-piada]; abolição da diferença entre temas poéticos e prosaicos; linguagem mais simples.
  • 5. DESDOBRAMENTOS DAS VANGUARDAS na prosa o autor ausenta-se da narrativa; a ação e o enredo perdem importância; destacam-se emoções, estados mentais e reações das personagens; fala-se dos temas individuais e específicos; aumenta o interesse pelos estados mentais, pela vida profunda do eu; antiacademicismo, anticonvercionalismo; fluxo de consciência; a literatura torna-se subjetiva, interiorizada e abstrata; uso da sugestão, da associação, da expressão indireta.
  • 6. ASPECTOS TEMÁTICO-FORMAIS a poética modernista de Mário de Andrade versos livres e brancos; tentativa de conciliar a vida cotidiana com reflexões íntimas; meditações: poemas longos de caráter metafísico; meditações: a experiência imediata se transforma em reflexão; reflexões: vida, pátria, nacionalismo, identidade; discussão sobre nacionalismo e defesa de uma língua brasileira; pesquisador do folclore nacional.
  • 7. INSPIRAÇÃO Mário de Andrade São  Paulo!  comoção  da  minha  vida…   Os  meus  amores  são  flores  feitas  de  original…   Arlequinal!…  Traje  de  losangos…  Cinza  e  Ouro…   Luz  e  bruma…  Forno  e  inverno  morno…   Elegâncias  su2s  sem  escândalos,  sem  ciúmes…   Perfumes  de  Paris…  Arys!   Bofetadas  líricas  no  Trianon…  Algodoal!   São  Paulo!  comoção  de  minha  vida…   Galicismo  a  berrar  nos  desertos  da  América!   aspectos  formais:  versos  livres  e  brancos   aspectos  temá2cos:  declaração  de  amor  a  São  Paulo.  
  • 8. ODE AO BURGUÊS [fragmentos] Mário de Andrade Eu  insulto  o  burguês!  O  burguês-­‐níquel,     o  burguês-­‐burguês!     A  digestão  bem-­‐feita  de  São  Paulo!     O  homem-­‐curva!  o  homem-­‐nádegas!     O  homem  que  sendo  francês,  brasileiro,  italiano,     é  sempre  um  cauteloso  pouco-­‐a-­‐pouco!   Eu  insulto  as  aristocracias  cautelosas!     Os  barões  lampiões!  os  condes  Joões!  os  duques  zurros!     que  vivem  dentro  de  muros  sem  pulos;     e  gemem  sangues  de  alguns  mil-­‐réis  fracos     para  dizerem  que  as  filhas  da  senhora  falam  o  francês     e  tocam  os  "Printemps"  com  as  unhas!   Eu  insulto  o  burguês-­‐funesto!     O  indigesto  feijão  com  toucinho,  dono  das  tradições!     Fora  os  que  algarismam  os  amanhãs!     Olha  a  vida  dos  nossos  setembros!     Fará  Sol?  Choverá?  Arlequinal!     Mas  à  chuva  dos  rosais     o  èxtase  fará  sempre  Sol!   Morte  à  gordura!     Morte  às  adiposidades  cerebrais!  [...]  
  • 9. ODE AO BURGUÊS [fragmentos] Mário de Andrade "–Ai,  filha,  que  te  darei  pelos  teus  anos?     –Um  colar...  –Conto  e  quinhentos!!!     Mas  nós  morremos  de  fome!"   Come!  Come-­‐te  a  2  mesmo,  oh  gela2na  pasma!     Oh!  purée  de  batatas  morais!     Oh!  cabelos  nas  ventas!  oh!  carecas!     Ódio  aos  temperamentos  regulares!     Ódio  aos  relógios  musculares!  Morte  à  infâmia!     Ódio  à  soma!  Ódio  aos  secos  e  molhados!     Ódio  aos  sem  desfalecimentos  nem  arrependimentos,     sempiternamente  as  mesmices  convencionais!     De  mãos  nas  costas!  Marco  eu  o  compasso!  Eia!     Dois  a  dois!  Primeira  posição!  Marcha!     Todos  para  a  Central  do  meu  rancor  inebriante     Ódio  e  insulto!  Ódio  e  raiva!  Ódio  e  mais  ódio!     Morte  ao  burguês  de  giolhos,     cheirando  religião  e  que  não  crê  em  Deus!     Ódio  vermelho!  Ódio  fecundo!  Ódio  cíclico!     Ódio  fundamento,  sem  perdão!   Fora!  Fu!  Fora  o  bom  burgês!...  
  • 10. ODE AO BURGUÊS [fragmentos] Mário de Andrade aspectos  formais:  versos  livres  e  brancos   aspectos  temá<cos:  condensação  do  ideal  modernista  de  crí2ca  ao  burguês  e  ao  senso  comum  
  • 11. MEDITAÇÃO SOBRE O TIETÊ Mário de Andrade Porque  os  homens  não  me  escutam!  Por  que  os  governadores   Não  me  escutam?  Por  que  não  me  escutam   Os  plutocratas  e  todos  os  que  são  chefes  e  são  fezes?   Todos  os  donos  da  vida?     Eu  lhes  daria  o  impossível  e  lhes  daria  o  segredo,   Eu  lhes  dava  tudo  aquilo  que  fica  pra  cá  do  grito   Metálico  dos  números,  e  tudo   O  que  está  além  da  insinuação  cruenta  da  posse.   E  si  acaso  eles  protestassem,  que  não!  que  não  desejam   A  borboleta  translúcida  da  humana  vida,  porque  preferem   O  retrato  a  ólio  das  inaugurações  espontâneas,   Com  bés2as  de  operário  e  do  oficial,  imediatamente  inferior.   E  palminhas,  e  mais  os  sorrisos  das  máscaras  e  a  profunda  comoção,   Pois  não!  Melhor  que  isso  eu  lhes  dava  uma  felicidade  deslumbrante   De  que  eu  consegui  me  despojar  porque  tudo  sacrifiquei.   Sejamos  generosíssimos.  E  enquanto  os  chefes  e  as  fezes   De  mamadeira  ficassem  na  creche  de  laca  e  lacinhos,   Ingênuos  brincando  de  felicidade  deslumbrante:   Nós  nos  iríamos  de  camisa  aberta  ao  peito,   Descendo  verdadeiros  ao  léu  da  corrente  do  rio,   Entrando  na  terra  dos  homens  ao  coro  das  quatro  estações.  
  • 12. MEDITAÇÃO SOBRE O TIETÊ Mário de Andrade aspectos  formais   versos  livres  e  brancos   aspectos  formais   nas  águas  do  Tietê  são  projetados  os  principais  mo2vos  da  obra  de  Mário  de  Andrade   amor,  sonhos  e  lutas  são  imagens  iluminadas