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BIBLIOTECA PÚBLICA, DESAFIOS, PERSPECTIVAS E
                  (DES)CAMINHOS NA INCLUSÃO DIGITAL
                                     VANDA A. DA CUNHA*
                                          avangeli@ufba.br
                                    ELANE C. DAMASCENO**
                                      laninhadc@yahoo.com.br
                                   LEVI ALÃ N. DOS SANTOS***
                                            levis @ufba.br
                                  JANDIRA SANTOS DOS REIS ****
                                       jandira.reis@bol.com.br

A sociedade contemporânea se caracteriza pelo volume de produção e velocidade do fluxo de
informações e conhecimento, facilitados pelo desenvolvimento de tecnologias de informação e de
comunicação que produzem profundas mudanças e alteram a forma de pensar, estudar, trabalhar,
se comunicar. O fenômeno gerou a sociedade digital, fruto do que se convencionou chamar
sociedade da informação, que de um lado aproxima pessoas, organizações, idéias, conhecimento
e, por outro, cria ou aprofunda enorme fosso entre as camadas que têm acesso a esses bens e
serviços e às que permanecem marginalizadas. O estudo analisa desafios e perspectivas
enfrentados pelas bibliotecas públicas na responsabilidade social de promover na sua comunidade
de usuários o desenvolvimento da capacidade de utilizar a informação e a informática como
forma de ampliar seu universo de informação e conhecimento. Discute a contribuição que essa
categoria de biblioteca pode oferecer na redução do índice de exclusão digital. Compartilha
experiência pioneira da Fundação João Fernandes da Cunha, entidade sem fins lucrativos que
oferece o serviço de acesso à Internet na biblioteca pública mantida pela instituição, o que
conduziu à realização de pesquisa com o objetivo de avaliar na comunidade de usuários o
interesse e necessidade de informação e o nível de facilidade ou dificuldade, no acesso e uso da
Internet, o que pressupõe, aferir, também, o grau de habilidade dos recursos humanos no uso da
ferramenta considerando seu papel de mediador nesse processo. O estudo avalia se os usuários
têm se beneficiado do serviço para ampliar seu universo de informação, em contraponto à
preferência pelo suporte papel que leva à redução do horizonte de conhecimentos. A pesquisa de
campo compreende dois momentos, o da observação direta e o da escuta da fala dos usuários num
total de 395 pessoas. Neste universo identifica-se um perfil de categorias de usuários, seu
comportamento em relação à preferência por suporte e fontes de informação, habilidade e
processos de uso da Internet, preferência por assuntos. O estudo mostra o impacto dos resultados
no estabelecimento de diretrizes da instituição e de políticas públicas de ciência e tecnologia com
vistas à busca da ampliação de estratégias de inclusão digital. Oferece um aporte à ciência da
informação através da forma e conteúdo do estudo.

*
  Mestre em Ciência da Informação. Professor Assistente do Departamento de Biblioteconomia do Instituto de
Ciência da Informação
**
   Aluna do Curso de Biblioteconomia e Documentação do Instituto de Ciência da Informação/Ufba. Pesquisadora
bolsista CNPq no projeto de pesquisa objeto deste estudo
***
    Bibliotecário Chefe da Biblioteca da Escola de Nutrição/Ufba. Pesquisador voluntário no projeto de pesquisa
objeto deste estudo
****
     Aluna do Curso de Biblioteconomia e Documentação do Instituto de Ciência da Informação/Ufba. Pesquisadora
voluntária no projeto de pesquisa objeto deste estudo
Palavras-chave: Internet e bibliotecas públicas, Sociedade da informação, Sociedade do
conhecimento, Inclusão digital.
INTRODUÇÃO
       A trajetória histórica da humanidade revela a força de três revoluções que mudaram
substancialmente o indivíduo e a sociedade. Essas revoluções ocorreram na área agrícola, fixando
o homem à terra depois de dominar conhecimentos de sua fase nômade. Na área industrial,
levando-o a produzir bens de forma coletiva, em contraponto à sua cultura de produção artesanal,
familiar e a revolução atual, no campo da informação e da comunicação que lhe permite alargar,
de modo veloz e infinito o seu universo de informação e conhecimento.
       Percebe-se, a partir daí, mudanças profundas, aceleradas e diversificadas. O homem se
vê, perplexo, diante de tecnologias que se de um lado facilitam a vida, por outro lhe exigem
maior capacidade intelectual e econômica para acompanhar a evolução e a convergente utilização
da variada gama de recursos de informação e de comunicação.
       A Internet surge nesse contexto favorecendo a ampliação de produção de conteúdos,
acelerando a disseminação da informação, possibilitando a ampliação do conhecimento.
       Do uso para fins militares à utilização pela academia na produção e compartilhamento do
conhecimento, pela indústria do lazer, do comércio consolidando sua investida como visto em
Eisenberg (2005), na atualidade observa-se o predomínio no interesse pela Internet para a
ampliação do conhecimento e exercício da cidadania.
       O Programa Sociedade da Informação no Brasil se propõe a articular o desenvolvimento e
utilização de produtos e serviços, conteúdos e suas aplicações, visando a universalização do
acesso à informação e a inclusão de todos os brasileiros.
       As bibliotecas públicas precisam perceber o seu nível de participação na
operacionalização desse programa, sobretudo nas questões de conteúdo e identidade cultural e no
aspecto da democratização do acesso à informação, incluídas que estão, na linha de ação–
universalização de serviços para a cidadania. (CUNHA, 2002)
       A Sociedade da Informação por um lado aproxima pessoas, organizações, idéias e
conhecimento e, por outro, cria um fosso entre as camadas que têm acesso à informação e ao uso
dos espaços com produtos e serviços de informação, incluindo acesso à Internet e os desprovidos
dessa condição.
       Espera-se da biblioteca pública brasileira contribuição na inserção de uma cultura digital
que promova a inclusão das camadas ainda excluídas. Para atingir essa meta terá de conhecer e
administrar os seus desafios e oportunidades.
Destacam-se entre os desafios:
       a) ausência de políticas públicas comprometidas com a inserção dessa categoria de
biblioteca na sociedade da informação; b) falta de infra-estrutura física, equipamentos, recursos
tecnológicos; c) ausência generalizada de cultura digital; d) carência de recursos humanos
capacitados para a adequada utilização das tecnologias disponíveis e para treinamento dos
usuários na busca e uso da informação de que necessitam; e) visão estratégica para o atual
modelo de ordenação social em que se vê o aumento do número de PCs conectados e as
bibliotecas públicas dissociadas desta realidade; f) necessidade da instituição manter postura
proativa nas discussões e decisões de governo para o setor; g) inexistência de estudos de
necessidades e demandas por informação de usuários para subsidiar políticas públicas e planos
estratégicos de ação nas bibliotecas.
       De igual modo se espera que        as bibliotecas públicas conheçam e se utilizem das
oportunidades que se lhes apresentam:
       a) motivação dos usuários para usufruir dos benefícios das tecnologias de informação e de
comunicação; b) possibilidade de desenvolver ações de letramento digital ampliando o número de
cidadãos aptos a usar e se beneficiar da informação, não apenas no uso do equipamento; c) o
estímulo de entidades supranacionais como Unesco e Ifla; d) relevante produção de
conhecimento no campo das TICs nos cursos de pós-graduação; e) a realidade da globalização da
informação e seu aspecto de aumento de fluxo e disseminação de informação e conhecimento; f)
o momento atual da política do governo federal nas áreas de leitura e ciência e tecnologia
       Este ensaio traz os resultados de estudo efetuado na Biblioteca Pública da Fundação João
Fernandes da Cunha, que oferece o acesso à Internet como forma de ampliação do universo de
informação e conhecimento de seus usuários.
       Para melhor entender a problemática que envolve o fenômeno estudado dois eixos são
estabelecidos. O primeiro busca compreender o significado da sociedade da informação no
Brasil, seus desafios, os aspectos de volume, fluxo, uso da informação e impactos na ampliação
do conhecimento. O segundo se refere à função da biblioteca pública como instituição voltada
para a educação permanente dos indivíduos e a responsabilidade social em contribuir para
minimizar a exclusão digital.
INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO TRILHAS PARA A INCLUSÃO SOCIAL
        Perceber e se apropriar do sentido da informação, ser capaz de fazer associações,
transformar a informação em conhecimento é um processo de aprendizado a ser iniciado, de
modo sistematizado, na escola de ensino fundamental e complementado durante toda a sua
existência nos diferentes espaços de finalidade semelhante representados pela família, escola em
todos os níveis, bibliotecas e demais unidades de informação.
        A biblioteca pública, particularmente, tem a responsabilidade de manter essa formação do
leitor-cidadão crítico. Na sociedade digital a ausência desse seu papel contribui par aumentar a
cisão, o hiato digital.
        A questão da inclusão social, em que se insere a inclusão digital é, na atualidade, tema
recorrente no discurso de políticas públicas do governo, nas pesquisas em universidades, na
literatura especializada da área das ciências humanas e sociais, nos debates da sociedade civil.
        No âmago da questão da exclusão social se encontra o fenômeno da pobreza, de natureza
multidimensional, posto que envolve os fatores de baixos níveis de renda, analfabetismo,
precárias condições de saúde , oportunidades desiguais de ascensão social, degradação ambiental
dos ambientes de moradia, como enfatiza Silva e outros (2004, p. 41).
        A alfabetização, a capacitação no uso de tecnologias de informação e de comunicação em
meio digital, incluindo a Internet, são apenas o primeiro passo para possibilitar a inserção do
indivíduo na cultura digital. Sua inserção definitiva, eficaz, só se dará quando ele também for
capaz de apreender o sentido da informação, se revelar apto a fazer associações de significados,
interpreta-los e transformá-los em conhecimento a ser utilizado para promover mudanças na
realidade que o cerca.
        Barreto e Porcaro (2003) assinalam que "[...] a informatização/digitalização da economia
e da sociedade vem acentuando as defasagens sociais e espaciais existentes".       Na tentativa de
evitar ou reduzir as conseqüências da não inserção da sociedade no mundo digital governos
buscam implantar seus programas específicos.
        Silveira (2005) se refere a essa cisão digital e à necessidade do governo brasileiro intervir
no processo. O autor reflete que o Programa Sociedade da Informação admite que " [...]parte das
desigualdades entre pessoas e instituições é resultado da assimetria no acesso e entendimento da
informação disponível, o que "define a capacidade de agir e reagir de forma a usufruir seus
benefícios".
       A exclusão digital não é um problema específico do Brasil e se revela um fenômeno
mundial. A inclusão universal à sociedade digital é anseio de todos os países que, a partir de suas
características particulares, buscam encontrar soluções próprias ajustadas a cada contexto
econômico e social.
       O discurso da inclusão digital traz, subjacente, a necessidade da democratização da
informação através da Internet e a universalização do seu acesso e uso. A Internet representa um
impacto na ampliação do conhecimento, sendo importante a atuação da biblioteca pública nesse
sentido.
       Sobre o impacto da Internet na sociedade, Eisenberg (2005) considera consolidado o uso
nas interações privadas que estabelecem um nível significativo de comunicação entre as pessoas,
bem como no comércio eletrônico, necessitando ser explorada a capacidade do uso para a
cidadania.
       A questão levantada pelo autor é acerca dos efeitos da Internet "sobre a vida política das
sociedades contemporâneas? Como ela afetará a organização do Estado e da sociedade civil e as
atividades de representação e participação cívica associadas a esses espaços políticos?
       Eis aqui outro espaço a ser ocupado pela biblioteca pública utilizando os recursos da
Internet e seu papel de mediadora de informação e conhecimento.
       Na questão da interatividade pessoal é importante o levantamento, organização e
disponibilização de sites com informações que possam gerar conhecimento, bem como de
páginas que discutem causas sociais, de interesse coletivo e de estímulo à cidadania.
       Para a consecução desse serviço, mais uma vez se torna visível a urgência de políticas
públicas que promovam a inserção da sociedade no mundo digital. Políticas públicas que
contemplem essas bibliotecas mantidas pelo governo e dos demais espaços de informação não
governamentais que servem a toda a população.


BIIBLIOTECA PÚBLICA: ESPAÇO DE INFORMAÇÃO, CONHECIMENTO E
APRENDIZAGEM
       A literatura especializada registra, historicamente, quatro funções básicas da biblioteca
pública: educação, informação, cultura e lazer. São funções         que permanecem inerentes à
instituição, sendo, entretanto, alteradas em conteúdo, forma e estratégias, na medida em que se
modifica o contexto social onde se situam.
       O panorama hoje, no Brasil, situação compartilhada por outros países da América Latina,
permanece com a predominância na função educação, entendida como apoio ao ensino formal da
qual a instituição não deve abdicar. Entretanto, por força da inexistência ou precariedade da
biblioteca escolar, a biblioteca pública vem assumindo, com prejuízos, o papel não somente de
apoio mas de substituta para cobrir essa ausência. Entretanto, convém ressaltar que sua função
educativa extrapola essa linha e se consolida com responável pela educação permanente dos
cidadãos.
       Há, no entanto, o constante esforço de dar à função informação maior destaque, para se
manter sintonizada com o paradigma atual do foco na natureza dinâmica da informação, em
contraponto ao caráter estático dos acervos. (CUNHA, 2002a).
       Na contemporaneidade uma outra demanda se instala com a sociedade marcada pela
permanente necessidade, busca e uso da informação. A biblioteca pública há de estar preparada
para oferecer não apenas a informação registrada na forma impressa mas incluir a eletrônica e a
digital em especial a Internet, pela amplitude de recursos que representa.
       Nesse contexto a Internet representa profundas alterações no organismo social e uma
revolução no conceito de fronteiras geográficas e de tempo, exigindo o estabelecimento de
espaços de aprendizagem que facilitem a inclusão digital.
       Como assinala Moura (2003) "[...] em virtude dessas alterações, tornou-se possível, por
exemplo, a ampliação dos espaços dedicados à formação humana o que redimensionou
significativamente as formas de difusão e apreensão do conhecimento".
       Dentre os espaços de formação humana que podem se beneficiar da Internet como
ferramenta de ampliação do conhecimento destaca-se a biblioteca pública como instituição
destinada a apoiar a educação permanente seja daqueles que tiveram a chance de completar a
educação formal, seja os que a interromperam ou não foram atingidos por esse direito humano
fundamental.
       A biblioteca pública pode contribuir para o bom uso dessa ferramenta, que ao longo de
sua história vem mostrando utilidades diferentes e despertando acirradas disputas por sua posse,
como mostra a reflexão:
                        Como ocorreu com todos os outros meios de comunicação que antecederam a
                        Internet, o que existe é uma batalha política em curso pela definição dos padrões
de apropriação do meio. E ainda não sabemos se será a soberania do consumidor
                         ou a soberania do cidadão que será privilegiada nesse processo. Nos casos do
                         rádio e, particularmente, da televisão, nós sabemos o que aconteceu.
                         (EISENBERG, 2005)

          Há que se levar em consideração, ainda, o respaldo de dois organismos supranacionais de
que dispõe a biblioteca pública.
          A Unesco em seu Manifesto (2005) ao se referir às missões-chave da biblioteca pública,
destaca: " facilitar o desenvolvimento da capacidade de utilizar a informação e a informática",
para o que recomenda, em seu funcionamento e gestão que se formule " [...] uma política clara,
definindo objetivos, prioridades e serviços, relacionados com as necessidades da comunidade
local".
          A Federação Internacional de Associações de Bibliotecários – Ifla. aprovou em 2002 o
Manifesto da IFLA sobre a Internet, em que declara o direito do cidadão de ter acesso à
informação, o que representa a base da democracia e a essência do serviço bibliotecário; o livre
acesso à Internet, oferecido pelas bibliotecas e demais serviços de informação, que contribui para
que indivíduos e comunidades atinjam a liberdade, a prosperidade e o desenvolvimento; as
barreiras para a circulação. Sugere ainda que barreiras à informação devem ser removidas,
especialmente aquelas que favorecem a desigualdade, e a pobreza. (FEDERAÇÃO, 2005).


BIBLIOTECA PÚBLICA E INTERNET: A REALIDADE BRASILEIRA -
          Ainda se considera incipiente a presença das bibliotecas públicas brasileiras na web. Um
estudo de Blattmann e Rados, (2005),1 veiculado em 1999 apresenta o panorama indicando as
características do tipo de informações então veiculadas, sendo que se evidencia a prevalência de
informações institucionais.
          Os autores reforçam a importância dessa categoria de bibliotecas na Internet oferecendo
produtos e serviços de informações através desse meio digital "para possibilitar o acesso aos
"sem-tela", de participarem dos avanços significativos que ocorrem na Web"
          O Programa Telecentros/Biblioteca a serem criados com recursos do Fust para contemplar
entidades como as bibliotecas públicas, foi inspirado nesse objetivo. Sofreu recuo e              sua
instalação vem acontecendo de forma pulverizada, em cidades brasileiras, na dependência de
raras iniciativas de governo e entidades privadas.
FUNDAÇÃO JOÃO FERNANDES DA CUNHA: ESTUDO DE CASO
           A Fundação João Fernandes da Cunha é uma instituição de direito privado, sem fins
lucrativos, voltada para o apoio ao desenvolvimento cultural da sociedade. Funciona em
Salvador-Ba e para atingir esse objetivo coloca à disposição do usuário uma biblioteca pública,
com um acervo que oferece, no próprio recinto, livros, jornais e revistas para leitura e consulta
de informações de caráter geral. Outro serviço oferecido é o de empréstimo de livros para leitura
em domicílio.
           Com o objetivo de ampliar o universo de informações de seus usuários a biblioteca
oferece o acesso a Internet, possibilitando assim o contato com essa tecnologia de informação e
comunicação o que resulta, também, em desenvolver habilidades que preparam o cidadão para
sua inserção no mundo do trabalho.
           A partir de uma pesquisa com bolsa de Iniciação Científica concedida, na primeira etapa
pela Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia — Fapesb, e pelo CNPq na etapa final buscou-se
entender as razões do fenômeno e a utilização de estratégias que resultem na autonomia do
usuário na busca da informação na Internet, com a conseqüente capacitação dos recursos
humanos da biblioteca e dos usuários para que a utilização da Internet se faça de modo produtivo
           A pesquisa se desenvolveu com base no objetivo geral de avaliar a natureza do interesse e
necessidade de informação e o nível de facilidade ou dificuldade no acesso e uso da Internet. Foi
norteada também pelos objetivos específicos: a) investigar a preferência por tipo de suporte em
que a informação se encontra; b) examinar o grau de utilização da Internet e sua vinculação com
o uso de outros serviços da biblioteca; c) examinar o grau de habilidade no uso da Internet pelos
recursos humanos que atendem a esse serviço na biblioteca.


METODOLOGIA, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
           A partir do referencial teórico e análise de documentos gerenciais que deram sustentação
aos pressupostos do estudo, ocorreu a pesquisa de campo em dois momentos: observação direta e
aplicação de questionários.




1
    Em fase de atualizaçao
A observação direta de um total de 195 usuários analisou a preferência pelo tipo de
suporte mais utilizado e a provável mobilidade no recinto da biblioteca, na direção da busca do
acesso a Internet, como forma de complementar a informação.
       Sua elaboração teve como base conhecimento das áreas de psicologia, educação e
metodologia da pesquisa.

              Tabela 1 - Preferência dos usuários em relação às fontes consultadas
                          Material bibliográfico                            75%
                      Material bibliográfico e Internet                      5%
                                  Internet                                  20%
                                    Total                                  100%

        Os resultados da observação apontam para a confirmação da hipótese de que os usuários
fazem pouco uso dessa ferramenta de informação, considerando que 75% só se utilizam de
acervo bibliográfico. Apenas 5% buscam os setores circulante, de referência e periódicos e
também utilizam a Internet, fazendo a articulação da busca da informação de forma mais
ampliada. Enquanto isso 20% só se utilizam do acesso à Internet, não demonstrando interesse
pelo acervo bibliográfico o que também revela a auto-limitação e suas conseqüências na busca da
informação, do conhecimento.
        O questionário aplicado a 200 usuários foi elaborado com base em conceitos e princípios
das áreas de biblioteconomia, ciência da informação, tecnologia da informação e metodologia da
pesquisa.
       A análise dos resultados revelam o perfil de usuários, um elemento de utilidade para o
planejamento e decisões gerenciais e mostram informações de interesse para conhecer o
fenômeno estudado e facilitar a formulação de diretrizes na instituição.


                          Tabela 2- Perfil de categoria de usuários
                         Sujeitos           Quant.              %
                         Crianças              16             8,21%
                          Jovens              105            53,85%
                         Adultos              46             23,58%
                          Idosos              28             14,36%
                           Total              195         99,99025641
Percebe-se um maior atendimento a jovens, no percentual de 53,85%, o que deve ser
considerado comum tendo em vista ser essa parcela da população a que normalmente mais utiliza
as bibliotecas, em busca de conhecimento para melhores oportunidades de estudo e de inserção
no mundo de trabalho. No entanto, julga-se o percentual de 14,36% de idosos, um índice
significativo considerando que esse segmento necessita de espaço nas bibliotecas públicas. Os
dados configuram, então, os jovens e idosos como aqueles nos quais a biblioteca deve investir.
       Para a melhor compreender o grau de utilização da Internet os dados foram classificados
em três categorias: a) usuários em diversos locais; b) usuários na biblioteca objeto de estudo; c)
não usuários

                                   Gráfico 1- Usuários da Inte rne t


                            70     65
                                             59                                Residência
                            60                                                 Trabalho
                            50                                                 Esco la/Fac.
                            40          28                 31                  Outra B ibli.
                            30                        21        20             Na B iblio teca
                            20                                                 Quio sque

                            10                    5                  2         Outro

                             0                                                 Não resp.




       O gráfico 1 apresenta dados de utilização em vários locais, incluindo a biblioteca em
estudo. Os entrevistados puderam assinalar mais de uma alternativa para que se conhecesse quais
são esses locais. A análise demonstra que 74,5% utilizam a Internet em diversos locais sendo que
10,0% incluem o uso na biblioteca. Os 25,5% restantes de entrevistados se restringiram a
assinalar uma alternativa. Os outros locais apontados, por ordem de maior prevalência foram:
32,5% na residência, 29,5% na escola ou faculdade, 15,5% em quiosques, 14,0% no trabalho,
10,5% nesta biblioteca, 10,0% na residência de parentes e amigos, e 2,5% em outras bibliotecas
                                   Gráfico 2 - Frequência de utilização da Internet na
                                                       Biblioteca
                                                      5%
                                                       0%
                                                            10%             não respondeu
                                                                            diariamente
                                                                     19%    de 2 a 4 vezes
                                                                            uma vez
                                                                            raramente
                                 66%
Sobre a frequência de uso da Internet na Fundação o gráfico 2 mostra que, 10% usam de
2 a 4 vezes por semana, 19% uma vez por semana, 5% não responderam e 66% assinalaram que
utilizam a Internet raramente. Não houve resposta para a opção diariamente. Confirma-se então o
baixo grau de utilização do serviço oferecido, que resulta em limitação do universo de
informação absorvida pelos usuários.
       Os motivos apresentados pelos que raramente utilizam foram: a) falta de tempo; b) não
dispor de acesso a Internet em outros locais, a exemplo de residência, trabalho e etc.; c) questões
                                                                                          de   ordem

                            Gráfico 3- Sistema de orientação na biblioteca
                                                                                          financeira.

                                                            37%
                             8
                             7                                        29%
                             6
                             5                                                    19%

                             4
                             3         10%
                             2                     5%
                             1
                             0
                                    não há     regular   bo a     ó tima    não preciso
                                 o rientação




       Na categoria dos que usam o serviço de Internet na biblioteca da Fundação, solicitados a
informar como consideram a orientação oferecida para o seu uso, 3,5% responderam ser regular,
29% julgam ótima, 37% afirmam que é boa, 19% informam não precisar de orientação 10%
responderam que não há orientação. Mesmo sendo observado que algumas respostas deixam
margem a questionamentos, por exemplo, de que não há orientação, pois de fato há podendo não
ser satisfatória, o que caberia a resposta de regular, e da não necessidade de orientação, quando
não se sabe a razão, há o reconhecimento dos autores do estudo da necessidade de treinamento
do usuário, vez que a soma das opções regular, boa e não há orientação somam 50,5%.
       A terceira categoria, a dos não usuários de Internet é composta por 24%, dos
entrevistados, um número elevado, quase 1/4 do total da população estudada que se constitui de
candidatos naturais a treinamento.
Gráfico 4- Motivos pelos quais não utilizam a Internet


                                                                               não
                                                                               gosto
                                                                               não sei
                                                                               usar
                                                                               não disponho de
                                                                               acesso
                                              6%                               não
                                       2%                 8%                   respondeu
                                                                               outra




                                                                             38%
                         46%




       O gráfico 4 aponta os motivos apresentados para não utilizar essa ferramenta de
informação. A escala de motivos mostra que 8% não gostam da Internet, 38% não sabem usa-la,
46% não dispõem de acesso a Internet, 2% não opinaram e 6% apontam outros motivos.
                                       Gráfico 5- Não utilização da Internet na Biblioteca
                                4%
                            2%
                            0%
                                                                                não gosto
                                             13%
                            0%                                                  não sei usar
                                                               10%
                            0%                                                  Preço Caro
                                                                                Tempo
                         13%                                                    Lentidão
                                                                                Equip. Antigo
                                                                                Não disquete
                                                                                Não impresão
                                                                                não respondeu
                          17%                                                   Desconheço serviço
                                                                 41%




       Questionados sobre o motivo de não utilizarem a Internet na biblioteca da Fundação,
como mostra o gráfico 6 , 41% informam que o motivo é não saberem manusear essa tecnologia.
17% assinalaram que o preço cobrado pelo acesso é elevado, 13% é a falta de tempo, 10% não
gostam da Internet, 2% por não permitir impressão, 13% desconhecem o serviço de Internet. Não
houve respostas para as opções, lentidão, equipamento antigo e proibição de disquete como se
supunha antes de iniciar o estudo.
        Mais uma vez se confirma à indicação de se manter um treinamento permanente dos
usuários posto que é significativo o percentual dos que assinalam que não sabem fazer uso dessa
ferramenta e dos que afirmam não gostar da ferramenta, talvez motivado pelo desconhecimento
do potencial. Esses dois motivos somam 51%, índice elevado dos que permanecem se auto-
limitando no uso desse recurso. Por outro lado, a instituição percebe a necessidade de investir na
divulgação do serviço oferecido, posto que 13% o desconhecem.
Convém ressaltar que em face da cobrança pelo acesso, 17% afirmam deixar de usar pelo
fato do serviço não ser gratuito. Esse fato reforça antigos questionamentos e ações da Fundação
João Fernandes da Cunha em prol da necessidade de políticas públicas que resultem em subsídio
governamental para a implantação de ambientes com recursos tecnológicos para uso gratuito, a
exemplo do Programa Fust, indicado pelo Programa Sociedade da Informação, quando a
instituição teve o seu projeto aprovado pelo referido programa, não se consumando por mudanças
recentes de rumos na política de ciência e tecnologia no país.
       Para a capacitação dos usuários da biblioteca, a análise dos resultados foi importante, vez
que possibilitou conhecer e analisar o perfil do usuário, demandas e necessidades. O estudo
previu, a partir dos resultados apresentados e de referência à demanda dos usuários por
treinamento no acesso e uso da Internet, a capacitação da equipe da biblioteca, a partir de suas
próprias demandas expressas e das necessidades citadas pelos usuários.. Como instrumento de
capacitação foi construído o AVA - ambiente virtual de aprendizagem que se encontra em fase de
teste pela equipe.


CONSIDERAÇÕES FINAIS
       A literatura especializada oferece contribuição aos estudos sobre o significado da Internet
como propulsora de desenvolvimento, para os países que elegem a informação como bem social
cuja produção, circulação e uso devem ser estimulados num esforço conjunto entre governo,
academia e sociedade civil.
       O Programa Sociedade da Informação no Brasil vem sofrendo avanços e recuos em sua
implementação. Carece de adequação aos contextos regionais da realidade brasileira, desigual nos
aspectos econômicos, culturais e sociais. Espera-se uma definição de políticas públicas com
características de sustentabilidade e voltadas para o interesse coletivo, de forma a possibilitar aos
cidadãos, à academia e às organizações públicas e privadas dispor das atuais tecnologias de
informação e de comunicação, com ênfase para a Internet a serviço dos que dela necessitam.
       Apesar da dissociação observada entre a sociedade da informação e a biblioteca pública
espera-se a apropriação, uso e disseminação das atuais tecnologias de informação e de
comunicação, com ênfase para a Internet, numa perspectiva que reconheça sua importância como
ferramenta para a ampliação do universo do conhecimento, sem, contudo, assumir um caráter
hegemônico.
O estudo realizado em uma organização não governamental que mantém uma biblioteca
pública, assim considerada por seu acervo, serviços e diretrizes de ação consegue revelar a
carência dos usuários por instituições que ofereçam o acesso a Internet e o grau de demanda por
estímulo ao seu uso como fonte de ampliação do seu universo de informação e de conhecimento.


REFERÊNCIAS
BARRETO, Arnaldo Lyrio, PORCARO, Rosa Maria. Aspectos da Divisão Digital no Brasil.
Enancib, 5., 2003. Belo Horizonte. Anais..., Belo Horizonte: Escola de Ciência da Informação da
UFMG, 2003. 1 CD-ROM
BLATTMANN, Ursula; GREGÓRIO, J. Varvakis. Bibliotecas Públicas na Internet: Serviços e
Possibilidades. Disponível em: <em:http://www.ced.ufsc.br/~ursula/papers/publica_net.html>
Acesso em: 23 jan. 2005.
CUNHA, Vanda A. da. A biblioteca pública no cenário da sociedade da informação. Revista
Biblios,, ano 4, n. 15, 2002a Disponível em: <http:quelcas.rcp.net.pe/biblios/ > Acesso em: 20
abr. 2005.
CUNHA, Vanda A. da. Profissional da Informação na Biblioteca Pública Contemporânea: o
bibliotecário e a demanda por educação continuada.. 2002b. 230 f. Dissertação (Mestrado em
Ciência da Informação) – Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2002.
EISENBERG, José. Internet, democracia e República. Disponível em:
<http://www.scielo.br/>. Acesso em: 10 maio 2005.
FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE ASSOCIAÇÕES DE BIBLIOTECÁRIOS (Ifla). O
Manifesto da Ifla sobre a Internet. Disponível em: < http://www.ifla.org/III/misc/im-pt.htm>
Acesso: 20 abr. 2005
MIRANDA, Antonio et al. Sociedade da informação: globalização, identidade cultural e
conteúdos. Ciência da Informação, Brasília, v. 29, n.2, p. 78-88, maio/ago.2000.
MOURA, Maria Aparecida. Ler e Navegar: reflexões sobre a formação de leitores na era digital.
Enancib, 5., 2003. Belo Horizonte. Anais..., Belo Horizonte: Escola de Ciência da Informação da
UFMG, 2003. 1 CD-ROM
SILVA, Antonio B. O. E et al. Inclusão Digital, Política de Software Livre e Outras Políticas de
Inclusão. CINFORM Encontro Nacional de Ciência da Informação, 5, 2004. Salvador, Anais...
Salvador: Edufba, 2004, p, 41.
SUAIDEN, Emir José. A biblioteca pública no contexto da sociedade da informação. Ciência da
Informação, Brasília, v. 29, n. 2, p. 52-60, maio/ago. 2000.
SILVEIRA, Henrique Flávio Rodrigues da. Internet, governo e cidadania. Disponível em:
<http://www.scielo.br/>. Acesso em: 5 maio 2005.
UNESCO. Manifesto da Unesco para bibliotecas públicas (1994). Disponível
em:<http://www.sdum.uminho.pt> Acesso em 20 abr. 2005.

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Desafios da inclusão digital

  • 1. BIBLIOTECA PÚBLICA, DESAFIOS, PERSPECTIVAS E (DES)CAMINHOS NA INCLUSÃO DIGITAL VANDA A. DA CUNHA* avangeli@ufba.br ELANE C. DAMASCENO** laninhadc@yahoo.com.br LEVI ALÃ N. DOS SANTOS*** levis @ufba.br JANDIRA SANTOS DOS REIS **** jandira.reis@bol.com.br A sociedade contemporânea se caracteriza pelo volume de produção e velocidade do fluxo de informações e conhecimento, facilitados pelo desenvolvimento de tecnologias de informação e de comunicação que produzem profundas mudanças e alteram a forma de pensar, estudar, trabalhar, se comunicar. O fenômeno gerou a sociedade digital, fruto do que se convencionou chamar sociedade da informação, que de um lado aproxima pessoas, organizações, idéias, conhecimento e, por outro, cria ou aprofunda enorme fosso entre as camadas que têm acesso a esses bens e serviços e às que permanecem marginalizadas. O estudo analisa desafios e perspectivas enfrentados pelas bibliotecas públicas na responsabilidade social de promover na sua comunidade de usuários o desenvolvimento da capacidade de utilizar a informação e a informática como forma de ampliar seu universo de informação e conhecimento. Discute a contribuição que essa categoria de biblioteca pode oferecer na redução do índice de exclusão digital. Compartilha experiência pioneira da Fundação João Fernandes da Cunha, entidade sem fins lucrativos que oferece o serviço de acesso à Internet na biblioteca pública mantida pela instituição, o que conduziu à realização de pesquisa com o objetivo de avaliar na comunidade de usuários o interesse e necessidade de informação e o nível de facilidade ou dificuldade, no acesso e uso da Internet, o que pressupõe, aferir, também, o grau de habilidade dos recursos humanos no uso da ferramenta considerando seu papel de mediador nesse processo. O estudo avalia se os usuários têm se beneficiado do serviço para ampliar seu universo de informação, em contraponto à preferência pelo suporte papel que leva à redução do horizonte de conhecimentos. A pesquisa de campo compreende dois momentos, o da observação direta e o da escuta da fala dos usuários num total de 395 pessoas. Neste universo identifica-se um perfil de categorias de usuários, seu comportamento em relação à preferência por suporte e fontes de informação, habilidade e processos de uso da Internet, preferência por assuntos. O estudo mostra o impacto dos resultados no estabelecimento de diretrizes da instituição e de políticas públicas de ciência e tecnologia com vistas à busca da ampliação de estratégias de inclusão digital. Oferece um aporte à ciência da informação através da forma e conteúdo do estudo. * Mestre em Ciência da Informação. Professor Assistente do Departamento de Biblioteconomia do Instituto de Ciência da Informação ** Aluna do Curso de Biblioteconomia e Documentação do Instituto de Ciência da Informação/Ufba. Pesquisadora bolsista CNPq no projeto de pesquisa objeto deste estudo *** Bibliotecário Chefe da Biblioteca da Escola de Nutrição/Ufba. Pesquisador voluntário no projeto de pesquisa objeto deste estudo **** Aluna do Curso de Biblioteconomia e Documentação do Instituto de Ciência da Informação/Ufba. Pesquisadora voluntária no projeto de pesquisa objeto deste estudo
  • 2. Palavras-chave: Internet e bibliotecas públicas, Sociedade da informação, Sociedade do conhecimento, Inclusão digital.
  • 3. INTRODUÇÃO A trajetória histórica da humanidade revela a força de três revoluções que mudaram substancialmente o indivíduo e a sociedade. Essas revoluções ocorreram na área agrícola, fixando o homem à terra depois de dominar conhecimentos de sua fase nômade. Na área industrial, levando-o a produzir bens de forma coletiva, em contraponto à sua cultura de produção artesanal, familiar e a revolução atual, no campo da informação e da comunicação que lhe permite alargar, de modo veloz e infinito o seu universo de informação e conhecimento. Percebe-se, a partir daí, mudanças profundas, aceleradas e diversificadas. O homem se vê, perplexo, diante de tecnologias que se de um lado facilitam a vida, por outro lhe exigem maior capacidade intelectual e econômica para acompanhar a evolução e a convergente utilização da variada gama de recursos de informação e de comunicação. A Internet surge nesse contexto favorecendo a ampliação de produção de conteúdos, acelerando a disseminação da informação, possibilitando a ampliação do conhecimento. Do uso para fins militares à utilização pela academia na produção e compartilhamento do conhecimento, pela indústria do lazer, do comércio consolidando sua investida como visto em Eisenberg (2005), na atualidade observa-se o predomínio no interesse pela Internet para a ampliação do conhecimento e exercício da cidadania. O Programa Sociedade da Informação no Brasil se propõe a articular o desenvolvimento e utilização de produtos e serviços, conteúdos e suas aplicações, visando a universalização do acesso à informação e a inclusão de todos os brasileiros. As bibliotecas públicas precisam perceber o seu nível de participação na operacionalização desse programa, sobretudo nas questões de conteúdo e identidade cultural e no aspecto da democratização do acesso à informação, incluídas que estão, na linha de ação– universalização de serviços para a cidadania. (CUNHA, 2002) A Sociedade da Informação por um lado aproxima pessoas, organizações, idéias e conhecimento e, por outro, cria um fosso entre as camadas que têm acesso à informação e ao uso dos espaços com produtos e serviços de informação, incluindo acesso à Internet e os desprovidos dessa condição. Espera-se da biblioteca pública brasileira contribuição na inserção de uma cultura digital que promova a inclusão das camadas ainda excluídas. Para atingir essa meta terá de conhecer e administrar os seus desafios e oportunidades.
  • 4. Destacam-se entre os desafios: a) ausência de políticas públicas comprometidas com a inserção dessa categoria de biblioteca na sociedade da informação; b) falta de infra-estrutura física, equipamentos, recursos tecnológicos; c) ausência generalizada de cultura digital; d) carência de recursos humanos capacitados para a adequada utilização das tecnologias disponíveis e para treinamento dos usuários na busca e uso da informação de que necessitam; e) visão estratégica para o atual modelo de ordenação social em que se vê o aumento do número de PCs conectados e as bibliotecas públicas dissociadas desta realidade; f) necessidade da instituição manter postura proativa nas discussões e decisões de governo para o setor; g) inexistência de estudos de necessidades e demandas por informação de usuários para subsidiar políticas públicas e planos estratégicos de ação nas bibliotecas. De igual modo se espera que as bibliotecas públicas conheçam e se utilizem das oportunidades que se lhes apresentam: a) motivação dos usuários para usufruir dos benefícios das tecnologias de informação e de comunicação; b) possibilidade de desenvolver ações de letramento digital ampliando o número de cidadãos aptos a usar e se beneficiar da informação, não apenas no uso do equipamento; c) o estímulo de entidades supranacionais como Unesco e Ifla; d) relevante produção de conhecimento no campo das TICs nos cursos de pós-graduação; e) a realidade da globalização da informação e seu aspecto de aumento de fluxo e disseminação de informação e conhecimento; f) o momento atual da política do governo federal nas áreas de leitura e ciência e tecnologia Este ensaio traz os resultados de estudo efetuado na Biblioteca Pública da Fundação João Fernandes da Cunha, que oferece o acesso à Internet como forma de ampliação do universo de informação e conhecimento de seus usuários. Para melhor entender a problemática que envolve o fenômeno estudado dois eixos são estabelecidos. O primeiro busca compreender o significado da sociedade da informação no Brasil, seus desafios, os aspectos de volume, fluxo, uso da informação e impactos na ampliação do conhecimento. O segundo se refere à função da biblioteca pública como instituição voltada para a educação permanente dos indivíduos e a responsabilidade social em contribuir para minimizar a exclusão digital.
  • 5. INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO TRILHAS PARA A INCLUSÃO SOCIAL Perceber e se apropriar do sentido da informação, ser capaz de fazer associações, transformar a informação em conhecimento é um processo de aprendizado a ser iniciado, de modo sistematizado, na escola de ensino fundamental e complementado durante toda a sua existência nos diferentes espaços de finalidade semelhante representados pela família, escola em todos os níveis, bibliotecas e demais unidades de informação. A biblioteca pública, particularmente, tem a responsabilidade de manter essa formação do leitor-cidadão crítico. Na sociedade digital a ausência desse seu papel contribui par aumentar a cisão, o hiato digital. A questão da inclusão social, em que se insere a inclusão digital é, na atualidade, tema recorrente no discurso de políticas públicas do governo, nas pesquisas em universidades, na literatura especializada da área das ciências humanas e sociais, nos debates da sociedade civil. No âmago da questão da exclusão social se encontra o fenômeno da pobreza, de natureza multidimensional, posto que envolve os fatores de baixos níveis de renda, analfabetismo, precárias condições de saúde , oportunidades desiguais de ascensão social, degradação ambiental dos ambientes de moradia, como enfatiza Silva e outros (2004, p. 41). A alfabetização, a capacitação no uso de tecnologias de informação e de comunicação em meio digital, incluindo a Internet, são apenas o primeiro passo para possibilitar a inserção do indivíduo na cultura digital. Sua inserção definitiva, eficaz, só se dará quando ele também for capaz de apreender o sentido da informação, se revelar apto a fazer associações de significados, interpreta-los e transformá-los em conhecimento a ser utilizado para promover mudanças na realidade que o cerca. Barreto e Porcaro (2003) assinalam que "[...] a informatização/digitalização da economia e da sociedade vem acentuando as defasagens sociais e espaciais existentes". Na tentativa de evitar ou reduzir as conseqüências da não inserção da sociedade no mundo digital governos buscam implantar seus programas específicos. Silveira (2005) se refere a essa cisão digital e à necessidade do governo brasileiro intervir no processo. O autor reflete que o Programa Sociedade da Informação admite que " [...]parte das desigualdades entre pessoas e instituições é resultado da assimetria no acesso e entendimento da
  • 6. informação disponível, o que "define a capacidade de agir e reagir de forma a usufruir seus benefícios". A exclusão digital não é um problema específico do Brasil e se revela um fenômeno mundial. A inclusão universal à sociedade digital é anseio de todos os países que, a partir de suas características particulares, buscam encontrar soluções próprias ajustadas a cada contexto econômico e social. O discurso da inclusão digital traz, subjacente, a necessidade da democratização da informação através da Internet e a universalização do seu acesso e uso. A Internet representa um impacto na ampliação do conhecimento, sendo importante a atuação da biblioteca pública nesse sentido. Sobre o impacto da Internet na sociedade, Eisenberg (2005) considera consolidado o uso nas interações privadas que estabelecem um nível significativo de comunicação entre as pessoas, bem como no comércio eletrônico, necessitando ser explorada a capacidade do uso para a cidadania. A questão levantada pelo autor é acerca dos efeitos da Internet "sobre a vida política das sociedades contemporâneas? Como ela afetará a organização do Estado e da sociedade civil e as atividades de representação e participação cívica associadas a esses espaços políticos? Eis aqui outro espaço a ser ocupado pela biblioteca pública utilizando os recursos da Internet e seu papel de mediadora de informação e conhecimento. Na questão da interatividade pessoal é importante o levantamento, organização e disponibilização de sites com informações que possam gerar conhecimento, bem como de páginas que discutem causas sociais, de interesse coletivo e de estímulo à cidadania. Para a consecução desse serviço, mais uma vez se torna visível a urgência de políticas públicas que promovam a inserção da sociedade no mundo digital. Políticas públicas que contemplem essas bibliotecas mantidas pelo governo e dos demais espaços de informação não governamentais que servem a toda a população. BIIBLIOTECA PÚBLICA: ESPAÇO DE INFORMAÇÃO, CONHECIMENTO E APRENDIZAGEM A literatura especializada registra, historicamente, quatro funções básicas da biblioteca pública: educação, informação, cultura e lazer. São funções que permanecem inerentes à
  • 7. instituição, sendo, entretanto, alteradas em conteúdo, forma e estratégias, na medida em que se modifica o contexto social onde se situam. O panorama hoje, no Brasil, situação compartilhada por outros países da América Latina, permanece com a predominância na função educação, entendida como apoio ao ensino formal da qual a instituição não deve abdicar. Entretanto, por força da inexistência ou precariedade da biblioteca escolar, a biblioteca pública vem assumindo, com prejuízos, o papel não somente de apoio mas de substituta para cobrir essa ausência. Entretanto, convém ressaltar que sua função educativa extrapola essa linha e se consolida com responável pela educação permanente dos cidadãos. Há, no entanto, o constante esforço de dar à função informação maior destaque, para se manter sintonizada com o paradigma atual do foco na natureza dinâmica da informação, em contraponto ao caráter estático dos acervos. (CUNHA, 2002a). Na contemporaneidade uma outra demanda se instala com a sociedade marcada pela permanente necessidade, busca e uso da informação. A biblioteca pública há de estar preparada para oferecer não apenas a informação registrada na forma impressa mas incluir a eletrônica e a digital em especial a Internet, pela amplitude de recursos que representa. Nesse contexto a Internet representa profundas alterações no organismo social e uma revolução no conceito de fronteiras geográficas e de tempo, exigindo o estabelecimento de espaços de aprendizagem que facilitem a inclusão digital. Como assinala Moura (2003) "[...] em virtude dessas alterações, tornou-se possível, por exemplo, a ampliação dos espaços dedicados à formação humana o que redimensionou significativamente as formas de difusão e apreensão do conhecimento". Dentre os espaços de formação humana que podem se beneficiar da Internet como ferramenta de ampliação do conhecimento destaca-se a biblioteca pública como instituição destinada a apoiar a educação permanente seja daqueles que tiveram a chance de completar a educação formal, seja os que a interromperam ou não foram atingidos por esse direito humano fundamental. A biblioteca pública pode contribuir para o bom uso dessa ferramenta, que ao longo de sua história vem mostrando utilidades diferentes e despertando acirradas disputas por sua posse, como mostra a reflexão: Como ocorreu com todos os outros meios de comunicação que antecederam a Internet, o que existe é uma batalha política em curso pela definição dos padrões
  • 8. de apropriação do meio. E ainda não sabemos se será a soberania do consumidor ou a soberania do cidadão que será privilegiada nesse processo. Nos casos do rádio e, particularmente, da televisão, nós sabemos o que aconteceu. (EISENBERG, 2005) Há que se levar em consideração, ainda, o respaldo de dois organismos supranacionais de que dispõe a biblioteca pública. A Unesco em seu Manifesto (2005) ao se referir às missões-chave da biblioteca pública, destaca: " facilitar o desenvolvimento da capacidade de utilizar a informação e a informática", para o que recomenda, em seu funcionamento e gestão que se formule " [...] uma política clara, definindo objetivos, prioridades e serviços, relacionados com as necessidades da comunidade local". A Federação Internacional de Associações de Bibliotecários – Ifla. aprovou em 2002 o Manifesto da IFLA sobre a Internet, em que declara o direito do cidadão de ter acesso à informação, o que representa a base da democracia e a essência do serviço bibliotecário; o livre acesso à Internet, oferecido pelas bibliotecas e demais serviços de informação, que contribui para que indivíduos e comunidades atinjam a liberdade, a prosperidade e o desenvolvimento; as barreiras para a circulação. Sugere ainda que barreiras à informação devem ser removidas, especialmente aquelas que favorecem a desigualdade, e a pobreza. (FEDERAÇÃO, 2005). BIBLIOTECA PÚBLICA E INTERNET: A REALIDADE BRASILEIRA - Ainda se considera incipiente a presença das bibliotecas públicas brasileiras na web. Um estudo de Blattmann e Rados, (2005),1 veiculado em 1999 apresenta o panorama indicando as características do tipo de informações então veiculadas, sendo que se evidencia a prevalência de informações institucionais. Os autores reforçam a importância dessa categoria de bibliotecas na Internet oferecendo produtos e serviços de informações através desse meio digital "para possibilitar o acesso aos "sem-tela", de participarem dos avanços significativos que ocorrem na Web" O Programa Telecentros/Biblioteca a serem criados com recursos do Fust para contemplar entidades como as bibliotecas públicas, foi inspirado nesse objetivo. Sofreu recuo e sua instalação vem acontecendo de forma pulverizada, em cidades brasileiras, na dependência de raras iniciativas de governo e entidades privadas.
  • 9. FUNDAÇÃO JOÃO FERNANDES DA CUNHA: ESTUDO DE CASO A Fundação João Fernandes da Cunha é uma instituição de direito privado, sem fins lucrativos, voltada para o apoio ao desenvolvimento cultural da sociedade. Funciona em Salvador-Ba e para atingir esse objetivo coloca à disposição do usuário uma biblioteca pública, com um acervo que oferece, no próprio recinto, livros, jornais e revistas para leitura e consulta de informações de caráter geral. Outro serviço oferecido é o de empréstimo de livros para leitura em domicílio. Com o objetivo de ampliar o universo de informações de seus usuários a biblioteca oferece o acesso a Internet, possibilitando assim o contato com essa tecnologia de informação e comunicação o que resulta, também, em desenvolver habilidades que preparam o cidadão para sua inserção no mundo do trabalho. A partir de uma pesquisa com bolsa de Iniciação Científica concedida, na primeira etapa pela Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia — Fapesb, e pelo CNPq na etapa final buscou-se entender as razões do fenômeno e a utilização de estratégias que resultem na autonomia do usuário na busca da informação na Internet, com a conseqüente capacitação dos recursos humanos da biblioteca e dos usuários para que a utilização da Internet se faça de modo produtivo A pesquisa se desenvolveu com base no objetivo geral de avaliar a natureza do interesse e necessidade de informação e o nível de facilidade ou dificuldade no acesso e uso da Internet. Foi norteada também pelos objetivos específicos: a) investigar a preferência por tipo de suporte em que a informação se encontra; b) examinar o grau de utilização da Internet e sua vinculação com o uso de outros serviços da biblioteca; c) examinar o grau de habilidade no uso da Internet pelos recursos humanos que atendem a esse serviço na biblioteca. METODOLOGIA, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS A partir do referencial teórico e análise de documentos gerenciais que deram sustentação aos pressupostos do estudo, ocorreu a pesquisa de campo em dois momentos: observação direta e aplicação de questionários. 1 Em fase de atualizaçao
  • 10. A observação direta de um total de 195 usuários analisou a preferência pelo tipo de suporte mais utilizado e a provável mobilidade no recinto da biblioteca, na direção da busca do acesso a Internet, como forma de complementar a informação. Sua elaboração teve como base conhecimento das áreas de psicologia, educação e metodologia da pesquisa. Tabela 1 - Preferência dos usuários em relação às fontes consultadas Material bibliográfico 75% Material bibliográfico e Internet 5% Internet 20% Total 100% Os resultados da observação apontam para a confirmação da hipótese de que os usuários fazem pouco uso dessa ferramenta de informação, considerando que 75% só se utilizam de acervo bibliográfico. Apenas 5% buscam os setores circulante, de referência e periódicos e também utilizam a Internet, fazendo a articulação da busca da informação de forma mais ampliada. Enquanto isso 20% só se utilizam do acesso à Internet, não demonstrando interesse pelo acervo bibliográfico o que também revela a auto-limitação e suas conseqüências na busca da informação, do conhecimento. O questionário aplicado a 200 usuários foi elaborado com base em conceitos e princípios das áreas de biblioteconomia, ciência da informação, tecnologia da informação e metodologia da pesquisa. A análise dos resultados revelam o perfil de usuários, um elemento de utilidade para o planejamento e decisões gerenciais e mostram informações de interesse para conhecer o fenômeno estudado e facilitar a formulação de diretrizes na instituição. Tabela 2- Perfil de categoria de usuários Sujeitos Quant. % Crianças 16 8,21% Jovens 105 53,85% Adultos 46 23,58% Idosos 28 14,36% Total 195 99,99025641
  • 11. Percebe-se um maior atendimento a jovens, no percentual de 53,85%, o que deve ser considerado comum tendo em vista ser essa parcela da população a que normalmente mais utiliza as bibliotecas, em busca de conhecimento para melhores oportunidades de estudo e de inserção no mundo de trabalho. No entanto, julga-se o percentual de 14,36% de idosos, um índice significativo considerando que esse segmento necessita de espaço nas bibliotecas públicas. Os dados configuram, então, os jovens e idosos como aqueles nos quais a biblioteca deve investir. Para a melhor compreender o grau de utilização da Internet os dados foram classificados em três categorias: a) usuários em diversos locais; b) usuários na biblioteca objeto de estudo; c) não usuários Gráfico 1- Usuários da Inte rne t 70 65 59 Residência 60 Trabalho 50 Esco la/Fac. 40 28 31 Outra B ibli. 30 21 20 Na B iblio teca 20 Quio sque 10 5 2 Outro 0 Não resp. O gráfico 1 apresenta dados de utilização em vários locais, incluindo a biblioteca em estudo. Os entrevistados puderam assinalar mais de uma alternativa para que se conhecesse quais são esses locais. A análise demonstra que 74,5% utilizam a Internet em diversos locais sendo que 10,0% incluem o uso na biblioteca. Os 25,5% restantes de entrevistados se restringiram a assinalar uma alternativa. Os outros locais apontados, por ordem de maior prevalência foram: 32,5% na residência, 29,5% na escola ou faculdade, 15,5% em quiosques, 14,0% no trabalho, 10,5% nesta biblioteca, 10,0% na residência de parentes e amigos, e 2,5% em outras bibliotecas Gráfico 2 - Frequência de utilização da Internet na Biblioteca 5% 0% 10% não respondeu diariamente 19% de 2 a 4 vezes uma vez raramente 66%
  • 12. Sobre a frequência de uso da Internet na Fundação o gráfico 2 mostra que, 10% usam de 2 a 4 vezes por semana, 19% uma vez por semana, 5% não responderam e 66% assinalaram que utilizam a Internet raramente. Não houve resposta para a opção diariamente. Confirma-se então o baixo grau de utilização do serviço oferecido, que resulta em limitação do universo de informação absorvida pelos usuários. Os motivos apresentados pelos que raramente utilizam foram: a) falta de tempo; b) não dispor de acesso a Internet em outros locais, a exemplo de residência, trabalho e etc.; c) questões de ordem Gráfico 3- Sistema de orientação na biblioteca financeira. 37% 8 7 29% 6 5 19% 4 3 10% 2 5% 1 0 não há regular bo a ó tima não preciso o rientação Na categoria dos que usam o serviço de Internet na biblioteca da Fundação, solicitados a informar como consideram a orientação oferecida para o seu uso, 3,5% responderam ser regular, 29% julgam ótima, 37% afirmam que é boa, 19% informam não precisar de orientação 10% responderam que não há orientação. Mesmo sendo observado que algumas respostas deixam margem a questionamentos, por exemplo, de que não há orientação, pois de fato há podendo não ser satisfatória, o que caberia a resposta de regular, e da não necessidade de orientação, quando não se sabe a razão, há o reconhecimento dos autores do estudo da necessidade de treinamento do usuário, vez que a soma das opções regular, boa e não há orientação somam 50,5%. A terceira categoria, a dos não usuários de Internet é composta por 24%, dos entrevistados, um número elevado, quase 1/4 do total da população estudada que se constitui de candidatos naturais a treinamento.
  • 13. Gráfico 4- Motivos pelos quais não utilizam a Internet não gosto não sei usar não disponho de acesso 6% não 2% 8% respondeu outra 38% 46% O gráfico 4 aponta os motivos apresentados para não utilizar essa ferramenta de informação. A escala de motivos mostra que 8% não gostam da Internet, 38% não sabem usa-la, 46% não dispõem de acesso a Internet, 2% não opinaram e 6% apontam outros motivos. Gráfico 5- Não utilização da Internet na Biblioteca 4% 2% 0% não gosto 13% 0% não sei usar 10% 0% Preço Caro Tempo 13% Lentidão Equip. Antigo Não disquete Não impresão não respondeu 17% Desconheço serviço 41% Questionados sobre o motivo de não utilizarem a Internet na biblioteca da Fundação, como mostra o gráfico 6 , 41% informam que o motivo é não saberem manusear essa tecnologia. 17% assinalaram que o preço cobrado pelo acesso é elevado, 13% é a falta de tempo, 10% não gostam da Internet, 2% por não permitir impressão, 13% desconhecem o serviço de Internet. Não houve respostas para as opções, lentidão, equipamento antigo e proibição de disquete como se supunha antes de iniciar o estudo. Mais uma vez se confirma à indicação de se manter um treinamento permanente dos usuários posto que é significativo o percentual dos que assinalam que não sabem fazer uso dessa ferramenta e dos que afirmam não gostar da ferramenta, talvez motivado pelo desconhecimento do potencial. Esses dois motivos somam 51%, índice elevado dos que permanecem se auto- limitando no uso desse recurso. Por outro lado, a instituição percebe a necessidade de investir na divulgação do serviço oferecido, posto que 13% o desconhecem.
  • 14. Convém ressaltar que em face da cobrança pelo acesso, 17% afirmam deixar de usar pelo fato do serviço não ser gratuito. Esse fato reforça antigos questionamentos e ações da Fundação João Fernandes da Cunha em prol da necessidade de políticas públicas que resultem em subsídio governamental para a implantação de ambientes com recursos tecnológicos para uso gratuito, a exemplo do Programa Fust, indicado pelo Programa Sociedade da Informação, quando a instituição teve o seu projeto aprovado pelo referido programa, não se consumando por mudanças recentes de rumos na política de ciência e tecnologia no país. Para a capacitação dos usuários da biblioteca, a análise dos resultados foi importante, vez que possibilitou conhecer e analisar o perfil do usuário, demandas e necessidades. O estudo previu, a partir dos resultados apresentados e de referência à demanda dos usuários por treinamento no acesso e uso da Internet, a capacitação da equipe da biblioteca, a partir de suas próprias demandas expressas e das necessidades citadas pelos usuários.. Como instrumento de capacitação foi construído o AVA - ambiente virtual de aprendizagem que se encontra em fase de teste pela equipe. CONSIDERAÇÕES FINAIS A literatura especializada oferece contribuição aos estudos sobre o significado da Internet como propulsora de desenvolvimento, para os países que elegem a informação como bem social cuja produção, circulação e uso devem ser estimulados num esforço conjunto entre governo, academia e sociedade civil. O Programa Sociedade da Informação no Brasil vem sofrendo avanços e recuos em sua implementação. Carece de adequação aos contextos regionais da realidade brasileira, desigual nos aspectos econômicos, culturais e sociais. Espera-se uma definição de políticas públicas com características de sustentabilidade e voltadas para o interesse coletivo, de forma a possibilitar aos cidadãos, à academia e às organizações públicas e privadas dispor das atuais tecnologias de informação e de comunicação, com ênfase para a Internet a serviço dos que dela necessitam. Apesar da dissociação observada entre a sociedade da informação e a biblioteca pública espera-se a apropriação, uso e disseminação das atuais tecnologias de informação e de comunicação, com ênfase para a Internet, numa perspectiva que reconheça sua importância como ferramenta para a ampliação do universo do conhecimento, sem, contudo, assumir um caráter hegemônico.
  • 15. O estudo realizado em uma organização não governamental que mantém uma biblioteca pública, assim considerada por seu acervo, serviços e diretrizes de ação consegue revelar a carência dos usuários por instituições que ofereçam o acesso a Internet e o grau de demanda por estímulo ao seu uso como fonte de ampliação do seu universo de informação e de conhecimento. REFERÊNCIAS BARRETO, Arnaldo Lyrio, PORCARO, Rosa Maria. Aspectos da Divisão Digital no Brasil. Enancib, 5., 2003. Belo Horizonte. Anais..., Belo Horizonte: Escola de Ciência da Informação da UFMG, 2003. 1 CD-ROM BLATTMANN, Ursula; GREGÓRIO, J. Varvakis. Bibliotecas Públicas na Internet: Serviços e Possibilidades. Disponível em: <em:http://www.ced.ufsc.br/~ursula/papers/publica_net.html> Acesso em: 23 jan. 2005. CUNHA, Vanda A. da. A biblioteca pública no cenário da sociedade da informação. Revista Biblios,, ano 4, n. 15, 2002a Disponível em: <http:quelcas.rcp.net.pe/biblios/ > Acesso em: 20 abr. 2005. CUNHA, Vanda A. da. Profissional da Informação na Biblioteca Pública Contemporânea: o bibliotecário e a demanda por educação continuada.. 2002b. 230 f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) – Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2002. EISENBERG, José. Internet, democracia e República. Disponível em: <http://www.scielo.br/>. Acesso em: 10 maio 2005. FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE ASSOCIAÇÕES DE BIBLIOTECÁRIOS (Ifla). O Manifesto da Ifla sobre a Internet. Disponível em: < http://www.ifla.org/III/misc/im-pt.htm> Acesso: 20 abr. 2005 MIRANDA, Antonio et al. Sociedade da informação: globalização, identidade cultural e conteúdos. Ciência da Informação, Brasília, v. 29, n.2, p. 78-88, maio/ago.2000. MOURA, Maria Aparecida. Ler e Navegar: reflexões sobre a formação de leitores na era digital. Enancib, 5., 2003. Belo Horizonte. Anais..., Belo Horizonte: Escola de Ciência da Informação da UFMG, 2003. 1 CD-ROM SILVA, Antonio B. O. E et al. Inclusão Digital, Política de Software Livre e Outras Políticas de Inclusão. CINFORM Encontro Nacional de Ciência da Informação, 5, 2004. Salvador, Anais... Salvador: Edufba, 2004, p, 41. SUAIDEN, Emir José. A biblioteca pública no contexto da sociedade da informação. Ciência da Informação, Brasília, v. 29, n. 2, p. 52-60, maio/ago. 2000. SILVEIRA, Henrique Flávio Rodrigues da. Internet, governo e cidadania. Disponível em: <http://www.scielo.br/>. Acesso em: 5 maio 2005. UNESCO. Manifesto da Unesco para bibliotecas públicas (1994). Disponível em:<http://www.sdum.uminho.pt> Acesso em 20 abr. 2005.