John wesley explicacao-clara_da_perfeicao_crista (5)
20.jo15,9 17
1. Jo 15, 9-17
Na Rota do Espírito
“Do mesmo modo que o Pai me ama, eu vos amo a vós. E vós, amai-vos uns aos outros como eu
vos amo!”
Esta é a Boa Notícia do Evangelho, a certeza de que a intimidade amorosa da própria Família
Divina está ao alcance da Humanidade desde a Ressurreição de Jesus Cristo. Somos amados com o
mesmo Amor que o Pai ama o Filho, esse Amor que se chama Espírito Santo…
Por Graça de Deus, fomos alcançados pelo Espírito, fomos assumidos como membros da Família
Divina. Já somos da “Raça de Deus” pois “o Amor foi derramado nos nossos Corações pelo Espírito Santo
que nos foi dado” (Rom 5, 5). O Espírito Santo é como que o “Sangue de Deus” que nos faz membros da
Santíssima Trindade, “clamando no nosso interior: Abba! Papá! Já não somos escravos [de um “deus da
Lei”] mas somos filhos [de um Deus-Abba], e se somos filhos também somos herdeiros [da Vida Divina], por
Graça de Deus!” (Gal 4, 4-7)
Jesus de Nazaré é a máxima revelação e realização do Projecto de Deus para a Humanidade, que
era a sua Divinização. Este mistério da Salvação acontece porque Jesus nos amou [“derramou em nós”]
com o mesmo Amor que recebeu do Pai, o Espírito Santo. A Rota do Espírito era a concretização do Sonho
Eterno de Deus para nos assumir na Sua Família. Em Jesus, o Cristo, acontece a Humanização da Filiação
Divina, que até então era uma relação divina entre Deus-Pai e Deus-Filho animada por Deus-Espírito Santo.
A Boa Nova da Encarnação é a certeza de que o Espírito Santo “alargou as fronteiras” da Sua acção e a
Filiação Divina passou a ser uma relação Humano-Divina! Mas, durante cerca de 33 anos, apenas um
Homem podia chamar a Deus-Pai seu Abba, na intimidade do Espírito Santo. Por isso, a Encarnação não é
o fim do Projecto de Deus. Na sua morte-ressurreição, liberto já das coordenadas espacio-temporais do
Homem Exterior, o Espírito Santo de Jesus difunde-se por toda a Humanidade, e a Filiação Divina torna-se
dom universal. Agora, na Nova Aliança do Espírito, toda a Humanidade pode chamar a Deus-Pai seu Abba
e a Deus-Filho seu Irmão na consanguinidade de Deus-Espírito Santo.
Este Projecto de Deus que traça até nós o seu Rasto e nos alcança pelo Espírito, é a Boa Nova de
um Amor que salva, que assume em Si, que Diviniza. Sim, seremos eternamente a Divinização da nossa
Humanização. Seremos eternamente a Plenitude Divinizada do nosso Coração! Por isso é que Jesus nos
manda amar como ele ama, para que construamos o Coração, para que vivamos já com critérios de
Ressurreição, ou seja, gastando e desgastando os nossos dias naquilo que pode ser eternizado. Amar
como Jesus ama, implica amar o que ele ama!
E é quando chegamos aqui que percebemos verdadeiramente que a Vida é feita de decisões…
A Alegria de conhecer o mistério…
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2. “Manifestei-vos estas coisas para que a minha Alegria esteja em vós, e a vossa Alegria seja
completa!”
Conhecer o Projecto de Deus como Desígnio Amoroso que se dirige permanentemente na nossa
direcção é motivo de júbilo e gozo de viver. No dom do Espírito Santo, Jesus partilha connosco a sua
Alegria para plenificar a nossa. Mas, qual é a sua Alegria?!
“Naquele momento, Jesus exultou de Alegria por acção do Espírito Santo e exclamou: Eu te
bendigo, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e grandes, e as
revelaste aos simples!” (Lc 10, 21) Fomos alcançados pela Alegria do Espírito, que é o júbilo de Reconhecer
a Sua acção viva e eficaz no quotidiano da nossa Vida. A Alegria de Jesus em nós brota da Sabedoria, da
capacidade de saborear a realidade nos seus acontecimentos e encontros com o próprio “paladar de Deus”.
A Alegria de Jesus em nós é irmã gémea da Gratidão pelo Amor que Deus nos tem. Sim, a “Alegria
Completa” dos discípulos de Jesus é um Reconhecimento das maravilhas de Deus, uma Sabedoria de ver a
Vida com os olhos do mestre e uma Gratidão imensa pela “Vida que a Vida ganha” quando a vivemos
segundo a unção do Espírito.
A Alegria de Jesus é a Alegria do Bom Pastor que exulta quando encontra a ovelha perdida e a
coloca aos ombros para a conduzir a casa (Lc 15, 4-7). A Alegria de Jesus em nós é a Alegria de sermos
amados por um Amor maior que nós, um Amor Não-Desistente que nos procura até aos confins de nós
próprios, até ao mais longínquo da nossa história para não nos perder de vista. Um Amor que “dá a Vida
pelas suas ovelhas” (Jo 10, 11), que as conduz aos pastos verdejantes da Palavra e às nascentes
cristalinas do Espírito. Um Amor mais forte que a morte!
A Alergia de Jesus em nós brota da nossa História de Amizade com Jesus “que já não nos chama
servos, mas amigos, porque nos dá a conhecer tudo do Pai”. A nós chama-nos amigos, para a si próprio se
chamar servo: “Eu vim para servir, e não para ser servido!” (Mt 20, 28).
Os amigos deste Sábio, que é o Filho da própria Sabedoria, têm a possibilidade de conhecer os
Mistérios… O Mistério não é o desconhecido, o que não se sabe, mas sim o que se conhece por Revelação
de Deus. Ninguém espreita pelo “buraco da fechadura” do Céu! O que conhecemos de Deus conhecemo-lo
por Graça e Bondade de Deus que se dá a conhecer. A Palavra de Deus é a Revelação do Seu Mistério.
Jesus é a plena e definitiva Palavra-Revelação-Mistério!
Entrar na amizade de Jesus é entrar na intimidade da Família Divina pelo Espírito Santo que nos faz
conhecer e compreender todos os Mistérios. Por isso é que Jesus aos seus amigos prometia o Espírito
Santo como “Paráclito”, que significa “Defensor” da Verdade no nosso Coração e “Intérprete” de todos os
mistérios da Vida de Deus e do Homem (Jo 16, 12-15)
A Alegria de Jesus em nós é introduzir-nos na Familiaridade Divina da sua Casa (Jo 14, 2-3) e na
docilidade á acção do Paráclito.
A Missão dos Amigos
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3. “Eu vos destinei a ir e a dar fruto. É isto que vos mando: amai-vos uns aos outros!”
O Mandamento Novo de Jesus, o centro da Nova Aliança, não é uma Acção, mas um Critério. Os
mandamentos da Nova Aliança não são leis moralistas, mas critérios. Desde as bem-aventuranças às
Parábolas do Reino de Deus… “A Lei perfeita é a Lei da Liberdade que torna Felizes todos os que a põem
em prática!” (Tg 1, 25).
Jesus não precisa de funcionários, mas de Amigos que dêem testemunho de Amizade, que sejam
capazes de amar como ele os amou, com o Amor do Pai, que sejam capazes de contar o que ele lhes
disse, que foi o que ouviu do Pai… A Missão dos Amigos de Jesus é continuar a Rota do Espírito e da
Alegria de conhecer os Mistérios!
Jesus nunca sonhou a Igreja como uma enorme multinacional com os seus cargos de chefia, os
seus burocratas, gestores, funcionários e a maior rede mundial de voluntários! Esta inventámo-la nós,
século após século…
Jesus sonhou a Igreja dos seus Amigos, os discípulos reunidos em comunidade para saborear e
celebrar o Amor do Pai revelado e realizado em Jesus pelo dom do Espírito Santo. Jesus precisa de nós
para esta Missão de Amizade que é o Testemunho.
Somos os “ramos da Videira da qual Cristo é o tronco e o Espírito Santo é a seiva” (Jo 15, 1-8). A
nossa Missão é continuar a Missão de Cristo, é tornarmo-nos passagem do Rasto do Espírito para os
irmãos, é testemunhar a Alegria de saborear o Mistério Familiar e Salvador do nosso Deus, é amar com a
mesma ousadia e liberdade de Cristo!
Construir quotidianamente esta História de Amizade com Cristo que nos transforma a Vida em
Testemunho é a Conversão Fundamental da nossa Fé!
Eis o desafio… Eis o caminho…
Sim, é um caminho, não um momento. As coisas verdadeiramente importantes da Vida não são um
“click”, mas uma construção paciente. Mesmo quando sentires que o chão falha debaixo dos pés, como
Pedro quando caminhava sobre as águas, não te esqueças de que o grande inimigo é sempre o Medo (Mt
14, 22-33). Não te esqueças de que Jesus repetia continuamente aos seus Amigos: “Não tenhais medo!”
(Jo 6, 20)
E, acima de tudo, lembra-te que o Amor de Deus é Maio que tu! Deus não se assusta com os teus
falhanços e fragilidades. Não te deixes nunca mergulhar na angústia da culpa, porque estás a dificultar a
acção libertadora de Deus em ti: “Mesmo quando o meu Coração me acusa, eu permaneço sereno, porque
Deus, que conhece tudo, é maior que o meu Coração!” (1Jo 3, 20)
E, um dia, tudo acaba… mas “o Amor jamais acabará!” (1Cor 13, 8)
Rui Santiago cssr
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