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A imagem do labirinto na caetra
das estátuas de guerreiros
galaicos e as suas representações
iconográficas e simbólicas
Luís Magarinhos
luismaig@gmail.com
EINIACA USC - Julho 2016
Por qué usamos a denominação
de guerreiros galaicos?
- Todas as estátuas menos uma
apareceram ao norte do rio Douro
que é onde se conforma posteriormente
o território da Gallaecia Romana
- O mundo científico acostuma situar
o pópulus original dos galaicos no entorno
(ao norte) do rio Douro, na actual área da
cidade do Porto (Cale).
- A nomeação de guerreiros
Galaico-Lusitanos poderia ser
também adequada pois estamos a
falar de civitas emparentadas que
combateram juntas contra os romanos
tal como se indica nas fontes. E além disso
partilhavam a mesma panoplia guerreira.
A representação
e o simbolismo
do labirinto
Laberinto de Mogor
Márin, Galiza
Vartolomeo Veneto.
1502-1546
Os símbolos como representação itemporal de arquetipos
Quatrisquel tipo Minho
Sta. Trega
O simbolismo do labirinto
O labirinto é um símbolo que encontramos originariamente nas mais
diversas culturas, assim normalmente o centro do labirinto poderia
representar o centro do mundo o ponto central origem e fim de
tudo, o centro como lugar sagrado ao que só se poderia chegar
fazendo o duro e difícil percurso do labirinto (CHEVALIER 1986). O
labirinto tem sido usado também como sistema de defesa nas entradas
das cidades fortificadas para proteger a casa ou a cidade; isto é, o
centro do mundo.
Representa a proteção (símbolo apotropaico) não só contra
adversário ou enemigo mas também contra as influências
maléficas. O labirinto tal como nos diz CHEVALIER (1986) representa
um "símbolo de um sistema de defesa, que anuncia a presença de
algo precioso ou sagrado [o seu centro]. Pode ter uma função
militar ou guerreira para defender um território, uma aldeia, uma
cidade, um túmulo ou um tesouro: só permite acesso a aqueles
que conhecem os planos, os iniciados"
Mas também pode ter uma função religiosa de defesa contra o mal,
de defensa aquele que pretende entrometer-se e destruir os
segredos mais íntimos, o sagrado o divino. O centro do labirinto
está reservado ao iniciado, aquele que superou todos os ritos
iniciáticos e todas as provas para ser digno de aceder a ele.
Quem alcançar o centro, torna-se uma pessoa consagrada, vinculada à
verdade e conhecimentos secretos vez alcançado o centro. "O ritual
labiríntico em que se baseia o cerimonial do iniciado tem apenas por
assunto ensinar o neófito, no decurso da sua vida na terra, como chegar
sem se desviar nos territórios de morte, à porta de uma outra vida.
Assim "todas estas provas rituais no espaço do labirinto reduzem-
se a penetrar com sucesso num espaço dificilmente acessível, bem
defendido, no qual se encontra um símbolo mais ou menos
transparente da potência, a sacralidade e da imortalidade"
(CHEVALIER 1986).
O ethos guerreiro dos galaicos nas fontes
O ethos guerreiro dos galaicos nas fontes
Cognomina ex virtute.
Wikipedia It
Cognomina ex virtute.
Cognomina ex virtute.
DEGRASSI, A. Fasti Capitolini. pag. 71
Cognomina ex virtute.
DEGRASSI, A. Fasti Capitolini. pag. 71
Corpus Inscriptionum Latinarum (CIL I) Inscriptiones Latinae antiquissimae ad C. Caesaris mortem.1863.
pars I Fasti consulares ad a. u. c. DCCLXVI. Elogia clarorum virorum. Fasti anni Iuliani. Cura TH.
MOMMSEN, W. HENZEN, CHR. HUELSEN. 1893. p. 26
Ano 616 da fundação de Roma que corresponde ao 138 a.C.
PUBLIUS CORNELIUS SCIPIO NASICA SERAPIO E D. IUNIUS BRUTUS CALLAICUS cónsules nesse ano.
Fonte: EDR
Fasti Capitolini Consulares
Fasti Capitolini Consulares
R.R.R. Smith. “Simulacra gentium: the Ethne from the Sebasteion at Afrodisias”,
JRS, 78, 1988, págs. 57 e seg.
http://insaph.kcl.ac.uk/iaph2007/iAph090017.html
O escudo da caetra do NW penínsular
nas fontes antigas
SILIO ITALICO [28 – 103 d.C.]. Punica III 344-348
http://www.thelatinlibrary.com/silius/silius3.shtml
ESTRABÃO [64 a.C. – 24 d.C.]. Geografia III.3.6
DIODORO SICULO [Sec. I a.C] V. 34
http://remacle.org/bloodwolf/historiens/diodore/livre5b.htm
Reconstrucción de Carlos Fernández del
Castillo. Tomada de Ladislao Castro
Reconstrução experimental
de caetra do labirinto.
Por Paco Boluda
Shield. Celtic (Scotland), 950-750 BC
The National Museum of Scotland
Fonte Ladislao Castro
Estátuas com a caetra do labirinto
Guerreiros de Lezenho (Imagem A) e de Vizela (Imagem B,
esquerda)
Estátuas com a caetra do labirinto
Guerreiros de Lezenho (Coelho da Silva, 1986)
Guerreiro de Lezenho. Cat. 11-14
Museu Nacional de Arqueologia. Lisboa
Guerreiro de Lezenho. Cat. 11-14
Museu Nacional de Arqueologia. Lisboa
Proporção Aurea. Santos Estévez 2012
Estátuas com a caetra do labirinto
Guerreiros de Armeá, Ourense
Guerreiro de Cendufe. Cat. 8
Museu Nacional de Arqueologia. Lisboa
Guerreiro de Cendufe. Cat. 8
Museu Nacional de Arqueologia. Lisboa
Moeda romana da caetra
Castelo do Neiva. Viana do Castelo, 2016
Moeda romana da caetra
Museo Arqueológico de Lugo
Moeda romana da caetra
Castelo do Neiva. Viana do Castelo, 2016
Moeda romana da caetra
Moeda romana da caetra
José Paz Bernardez 2002
Moeda romana da caetra
José Paz Bernardez 2002
- Apareceram maiormente em todo o NW mas sobretudo no Norte de Portugal
e zona de Lugo.
- Mais de 150 exemplares aparecidos.
- Datadas na primeira metade do S. I a.C.
- Algumas, além da caetra do labirinto representam tambem Punhais, Falcatas…
- Acunhadas provavelmente na Gallaecia (Ceca em Lugo?)
- Numismáticos indicam que representa trofeus da guerra contra os galaicos.
- Poderiam ser usadas para compensar os soldados romanos que combateram
no NW
- Exaltação da victória contra os galaicos. Representação dos trofeus de guerra
e símbolo do poder romano.
Antonio Rodríguez Colmenero (2014)
Cesáreo Pérez González. Et al. (1995)
Cesáreo Pérez González. Et al. (1995)
Moeda da caetra
José Paz Bernardez 2002
Moeda da caetra
José Paz Bernardez 2002
Moeda da caetra
José Paz Bernardez 2002
Moeda da caetra
José Paz Bernardez 2002
A petrificação
romana das
Armas conquistadas
aos seus enemigos.
Polito 2011; Freijeiro 1971
A petrificação romana das armas conquistadas
aos seus enemigos.
Polito 2011; Freijeiro 1971
• Representação dos botíns de guerra
• Símbolo de poder universal frente aos bárbaros
• Celebração da guerra e da victória
• Função propagandística
• Normalmente são representadas em frisos.
http://capitolini.net/object.xql?urn=urn:collectio:0001:amb:14918
Collezioni dei Musei Capitolini ed è conservato presso il Giardino Caffarelli, inventario n. 2262,
http://capitolini.net/object.xql?urn=urn:collectio:0001:amb:14918
A petrificação das armas conquistadas.
Polito 2011; Freijeiro 1971
http://capitolini.net/object.xql?urn=urn:collectio:0001:amb:14918
A petrificação das armas conquistadas.
Polito 2011; Freijeiro 1971
http://capitolini.net/object.xql?urn=urn:collectio:0001:amb:14918
Collezioni dei Musei Capitolini ed è conservato presso il Giardino Caffarelli, inventario n. 2262,
misure alt. 0,58 mt.; largh. 1,33 mt.; spessore 0,20 mt. Il frammento è edito anche in BullCom 1880, p. 178, n. 3; D.
Mustilli, Il Museo Mussolini, Roma 1939, p. 186, n. 104.
http://capitolini.net/object.xql?urn=urn:collectio:0001:amb:14918
Decimus Iunius Brutus Callaicus
-Celebração do Trunfo em Roma 136-132 a.C.*
“Mars etiamnum est sedens colossiaeus
eiusdem manu in templo Bruti Callaeci”
"Ainda existe uma colosal estátua de Marte
sedente no templo de Bruto Galaico“ Pínio:
Hist. Nat. 36.26
Comemorações triunfais de Brutus Callaicus
Zevi, Fausto. "L'identificazione del tempio di Marte in Circo e altre osservazioni." Publications de l'École française
de Rome 27.1 (1976): 1047-1066. Ver: V. Vespignani (1983)
Comemorações triunfais de Brutus Callaicus
Zevi, Fausto. "L'identificazione del tempio di Marte in Circo e altre osservazioni." Publications de l'École française
de Rome 27.1 (1976): 1047-1066. Ver: V. Vespignani (1983)
<- Arquiteto Grego Hermodoro de Salamis.
Comemorações triunfais de Brutus Callaicus
Zevi, Fausto. "L'identificazione del tempio di Marte in Circo e altre osservazioni." Publications de l'École française
de Rome 27.1 (1976): 1047-1066. Ver: V. Vespignani (1983)
<- Arquiteto Grego Hermodoro de Salamis.
P
É esta a estátua que indica Plin.?
(Alessandra Bravi 2014; Ann M.
Nicgorski 2004)
Descoberta em 1622
Ares Ludovisi (cópia romana)
Ares Sedente
Museu Nacional Romano
Relevo representando armas no santuario romano de Pietrabbondante, Molise, Italia
https://www.academia.edu/3243774/La_pietrificazione_delle_armi_conquistate
Relevo representando armas no santuario romano de Pietrabbondante, Molise, Italia
https://www.academia.edu/3243774/La_pietrificazione_delle_armi_conquistate
Relevo representando armas no santuario romano de Pietrabbondante, Molise, Italia
https://www.academia.edu/3243774/La_pietrificazione_delle_armi_conquistate
Conclusões e hipóteses de trabalho:
- Caetra do labirinto como arma de combate (defensivo e ofensivo)
mais importante dum ponto de vista simbólico e provavelmemte
também a nivel operativo na guerra.
- Labirinto como símbolo complexo de larga tradição no NW e
de grande importancia para os galaicos.
- Pode ajudar-nos a entender melhor o ethos guerreiro e defensivo
dos povos galaicos.
- Difícil conquista do NW (mais dum século. 126 a.C. – 19 d.C.)
- Seria preciso fazer uma fotogrametria 3D para visualizar
mais claramente os motivos da caetra nas estátuas apontadas.
- Precisa estudo geral mais aprofundado.
Fim
Obrigado

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A imagem do labirinto na caetra das estátuas de guerreiros galaicose as suas representações iconográficas e simbólicas. Luís Magarinhos

  • 1. A imagem do labirinto na caetra das estátuas de guerreiros galaicos e as suas representações iconográficas e simbólicas Luís Magarinhos luismaig@gmail.com EINIACA USC - Julho 2016
  • 2. Por qué usamos a denominação de guerreiros galaicos? - Todas as estátuas menos uma apareceram ao norte do rio Douro que é onde se conforma posteriormente o território da Gallaecia Romana - O mundo científico acostuma situar o pópulus original dos galaicos no entorno (ao norte) do rio Douro, na actual área da cidade do Porto (Cale). - A nomeação de guerreiros Galaico-Lusitanos poderia ser também adequada pois estamos a falar de civitas emparentadas que combateram juntas contra os romanos tal como se indica nas fontes. E além disso partilhavam a mesma panoplia guerreira.
  • 3.
  • 4. A representação e o simbolismo do labirinto Laberinto de Mogor Márin, Galiza
  • 5. Vartolomeo Veneto. 1502-1546 Os símbolos como representação itemporal de arquetipos
  • 7. O simbolismo do labirinto
  • 8. O labirinto é um símbolo que encontramos originariamente nas mais diversas culturas, assim normalmente o centro do labirinto poderia representar o centro do mundo o ponto central origem e fim de tudo, o centro como lugar sagrado ao que só se poderia chegar fazendo o duro e difícil percurso do labirinto (CHEVALIER 1986). O labirinto tem sido usado também como sistema de defesa nas entradas das cidades fortificadas para proteger a casa ou a cidade; isto é, o centro do mundo. Representa a proteção (símbolo apotropaico) não só contra adversário ou enemigo mas também contra as influências maléficas. O labirinto tal como nos diz CHEVALIER (1986) representa um "símbolo de um sistema de defesa, que anuncia a presença de algo precioso ou sagrado [o seu centro]. Pode ter uma função militar ou guerreira para defender um território, uma aldeia, uma cidade, um túmulo ou um tesouro: só permite acesso a aqueles que conhecem os planos, os iniciados"
  • 9. Mas também pode ter uma função religiosa de defesa contra o mal, de defensa aquele que pretende entrometer-se e destruir os segredos mais íntimos, o sagrado o divino. O centro do labirinto está reservado ao iniciado, aquele que superou todos os ritos iniciáticos e todas as provas para ser digno de aceder a ele. Quem alcançar o centro, torna-se uma pessoa consagrada, vinculada à verdade e conhecimentos secretos vez alcançado o centro. "O ritual labiríntico em que se baseia o cerimonial do iniciado tem apenas por assunto ensinar o neófito, no decurso da sua vida na terra, como chegar sem se desviar nos territórios de morte, à porta de uma outra vida. Assim "todas estas provas rituais no espaço do labirinto reduzem- se a penetrar com sucesso num espaço dificilmente acessível, bem defendido, no qual se encontra um símbolo mais ou menos transparente da potência, a sacralidade e da imortalidade" (CHEVALIER 1986).
  • 10. O ethos guerreiro dos galaicos nas fontes
  • 11. O ethos guerreiro dos galaicos nas fontes
  • 12.
  • 13.
  • 14.
  • 17. Cognomina ex virtute. DEGRASSI, A. Fasti Capitolini. pag. 71
  • 18. Cognomina ex virtute. DEGRASSI, A. Fasti Capitolini. pag. 71
  • 19.
  • 20. Corpus Inscriptionum Latinarum (CIL I) Inscriptiones Latinae antiquissimae ad C. Caesaris mortem.1863. pars I Fasti consulares ad a. u. c. DCCLXVI. Elogia clarorum virorum. Fasti anni Iuliani. Cura TH. MOMMSEN, W. HENZEN, CHR. HUELSEN. 1893. p. 26 Ano 616 da fundação de Roma que corresponde ao 138 a.C. PUBLIUS CORNELIUS SCIPIO NASICA SERAPIO E D. IUNIUS BRUTUS CALLAICUS cónsules nesse ano.
  • 24.
  • 25.
  • 26.
  • 27. R.R.R. Smith. “Simulacra gentium: the Ethne from the Sebasteion at Afrodisias”, JRS, 78, 1988, págs. 57 e seg. http://insaph.kcl.ac.uk/iaph2007/iAph090017.html
  • 28. O escudo da caetra do NW penínsular nas fontes antigas
  • 29. SILIO ITALICO [28 – 103 d.C.]. Punica III 344-348 http://www.thelatinlibrary.com/silius/silius3.shtml
  • 30. ESTRABÃO [64 a.C. – 24 d.C.]. Geografia III.3.6
  • 31. DIODORO SICULO [Sec. I a.C] V. 34 http://remacle.org/bloodwolf/historiens/diodore/livre5b.htm
  • 32. Reconstrucción de Carlos Fernández del Castillo. Tomada de Ladislao Castro
  • 33. Reconstrução experimental de caetra do labirinto. Por Paco Boluda
  • 34. Shield. Celtic (Scotland), 950-750 BC The National Museum of Scotland Fonte Ladislao Castro
  • 35.
  • 36.
  • 37.
  • 38. Estátuas com a caetra do labirinto Guerreiros de Lezenho (Imagem A) e de Vizela (Imagem B, esquerda)
  • 39. Estátuas com a caetra do labirinto Guerreiros de Lezenho (Coelho da Silva, 1986)
  • 40. Guerreiro de Lezenho. Cat. 11-14 Museu Nacional de Arqueologia. Lisboa
  • 41. Guerreiro de Lezenho. Cat. 11-14 Museu Nacional de Arqueologia. Lisboa Proporção Aurea. Santos Estévez 2012
  • 42. Estátuas com a caetra do labirinto Guerreiros de Armeá, Ourense
  • 43.
  • 44. Guerreiro de Cendufe. Cat. 8 Museu Nacional de Arqueologia. Lisboa
  • 45. Guerreiro de Cendufe. Cat. 8 Museu Nacional de Arqueologia. Lisboa
  • 46. Moeda romana da caetra Castelo do Neiva. Viana do Castelo, 2016
  • 47. Moeda romana da caetra Museo Arqueológico de Lugo
  • 48. Moeda romana da caetra Castelo do Neiva. Viana do Castelo, 2016
  • 49. Moeda romana da caetra
  • 50.
  • 51. Moeda romana da caetra José Paz Bernardez 2002
  • 52. Moeda romana da caetra José Paz Bernardez 2002 - Apareceram maiormente em todo o NW mas sobretudo no Norte de Portugal e zona de Lugo. - Mais de 150 exemplares aparecidos. - Datadas na primeira metade do S. I a.C. - Algumas, além da caetra do labirinto representam tambem Punhais, Falcatas… - Acunhadas provavelmente na Gallaecia (Ceca em Lugo?) - Numismáticos indicam que representa trofeus da guerra contra os galaicos. - Poderiam ser usadas para compensar os soldados romanos que combateram no NW - Exaltação da victória contra os galaicos. Representação dos trofeus de guerra e símbolo do poder romano. Antonio Rodríguez Colmenero (2014)
  • 53. Cesáreo Pérez González. Et al. (1995)
  • 54. Cesáreo Pérez González. Et al. (1995)
  • 55.
  • 56. Moeda da caetra José Paz Bernardez 2002
  • 57. Moeda da caetra José Paz Bernardez 2002
  • 58. Moeda da caetra José Paz Bernardez 2002
  • 59. Moeda da caetra José Paz Bernardez 2002
  • 60. A petrificação romana das Armas conquistadas aos seus enemigos. Polito 2011; Freijeiro 1971
  • 61. A petrificação romana das armas conquistadas aos seus enemigos. Polito 2011; Freijeiro 1971 • Representação dos botíns de guerra • Símbolo de poder universal frente aos bárbaros • Celebração da guerra e da victória • Função propagandística • Normalmente são representadas em frisos.
  • 62. http://capitolini.net/object.xql?urn=urn:collectio:0001:amb:14918 Collezioni dei Musei Capitolini ed è conservato presso il Giardino Caffarelli, inventario n. 2262,
  • 64. A petrificação das armas conquistadas. Polito 2011; Freijeiro 1971 http://capitolini.net/object.xql?urn=urn:collectio:0001:amb:14918
  • 65. A petrificação das armas conquistadas. Polito 2011; Freijeiro 1971 http://capitolini.net/object.xql?urn=urn:collectio:0001:amb:14918
  • 66. Collezioni dei Musei Capitolini ed è conservato presso il Giardino Caffarelli, inventario n. 2262, misure alt. 0,58 mt.; largh. 1,33 mt.; spessore 0,20 mt. Il frammento è edito anche in BullCom 1880, p. 178, n. 3; D. Mustilli, Il Museo Mussolini, Roma 1939, p. 186, n. 104. http://capitolini.net/object.xql?urn=urn:collectio:0001:amb:14918
  • 67. Decimus Iunius Brutus Callaicus -Celebração do Trunfo em Roma 136-132 a.C.* “Mars etiamnum est sedens colossiaeus eiusdem manu in templo Bruti Callaeci” "Ainda existe uma colosal estátua de Marte sedente no templo de Bruto Galaico“ Pínio: Hist. Nat. 36.26
  • 68. Comemorações triunfais de Brutus Callaicus Zevi, Fausto. "L'identificazione del tempio di Marte in Circo e altre osservazioni." Publications de l'École française de Rome 27.1 (1976): 1047-1066. Ver: V. Vespignani (1983)
  • 69. Comemorações triunfais de Brutus Callaicus Zevi, Fausto. "L'identificazione del tempio di Marte in Circo e altre osservazioni." Publications de l'École française de Rome 27.1 (1976): 1047-1066. Ver: V. Vespignani (1983) <- Arquiteto Grego Hermodoro de Salamis.
  • 70. Comemorações triunfais de Brutus Callaicus Zevi, Fausto. "L'identificazione del tempio di Marte in Circo e altre osservazioni." Publications de l'École française de Rome 27.1 (1976): 1047-1066. Ver: V. Vespignani (1983) <- Arquiteto Grego Hermodoro de Salamis. P É esta a estátua que indica Plin.? (Alessandra Bravi 2014; Ann M. Nicgorski 2004) Descoberta em 1622 Ares Ludovisi (cópia romana) Ares Sedente Museu Nacional Romano
  • 71. Relevo representando armas no santuario romano de Pietrabbondante, Molise, Italia https://www.academia.edu/3243774/La_pietrificazione_delle_armi_conquistate
  • 72. Relevo representando armas no santuario romano de Pietrabbondante, Molise, Italia https://www.academia.edu/3243774/La_pietrificazione_delle_armi_conquistate
  • 73. Relevo representando armas no santuario romano de Pietrabbondante, Molise, Italia https://www.academia.edu/3243774/La_pietrificazione_delle_armi_conquistate
  • 74. Conclusões e hipóteses de trabalho: - Caetra do labirinto como arma de combate (defensivo e ofensivo) mais importante dum ponto de vista simbólico e provavelmemte também a nivel operativo na guerra. - Labirinto como símbolo complexo de larga tradição no NW e de grande importancia para os galaicos. - Pode ajudar-nos a entender melhor o ethos guerreiro e defensivo dos povos galaicos. - Difícil conquista do NW (mais dum século. 126 a.C. – 19 d.C.) - Seria preciso fazer uma fotogrametria 3D para visualizar mais claramente os motivos da caetra nas estátuas apontadas. - Precisa estudo geral mais aprofundado.
  • 75.