1. Narra a lenda da origem do povo brasileiro através do romance entre o guerreiro português Martim e a índia Iracema. 2. Iracema se apaixona por Martim, mas não pode se casar com ele segundo os costumes de sua tribo. 3. Iracema guia Martim em sua fuga e morre de tristeza ao ver Martim se afastar dela cultural e emocionalmente.
2. O romantismo brasileiro
encontrou no índio a sua mais Rousseau
autêntica expressão de
nacionalidade. O mito do “bom
selvagem” de Rousseau estava
vivo nas matas brasileiras,
identificadas como o “paraíso
perdido”.
O romance indianista celebra
tanto o estado de pureza e
inocência do índio quanto a
formação mestiça da raça
brasileira.
V orM el
it eir es
3. O romantismo europeu valorizava o
passado medieval, no qual se
buscava reencontrar as raízes
históricas e culturais de cada povo e
de cada nação.
O romantismo brasileiro recorreu
ao período anterior ao nosso
descobrimento, no qual o índio
corresponde à figura do cavaleiro
medieval.
4. Na tentativa de definir a etnia brasileira, os escritores
constataram que o índio era o verdadeiro representante
da raça brasileira, mais que o branco e o negro. A
simpatia pelo índio era resultado também do trabalho de
conscientização feito pelos jesuítas, no sentido de
preservar a liberdade dos silvícolas.
5. Cearense, principal romancista
romântico brasileiro, escreveu
romances indianistas, históricos,
urbanos e regionalistas.
Sua produção literária estava
voltada para o projeto de construção
da cultura brasileira, no qual o
romance indianista, buscando um
tema nacional e uma linguagem mais
brasileira, ganhou papel de destaque.
Seus três romances indianistas são:
O guarani (1857), Iracema (1865) e
Ubirajara (1874).
6. Comprometido com o nacionalismo e o
americanismo do movimento romântico, o
romance narra a lenda (criada pelo próprio
Alencar) da origem do Ceará e da civilização
brasileira, fruto do amor proibido entre o
português Martim e a virgem Iracema, uma
jovem índia.
IRACEMA
AMÉRICA
c e ma é u m a n a g r a ma d e A mé r ic a
7. 1.Trata-se de um poema
em prosa, com uma série
de ingredientes próprios de
contos de fadas.
8. 2. Alencar parte de um
argumento histórico e o associa
à lenda da fundação do Ceará:
Martim Soares Moreno, guerreiro
português, apaixona-se pela
índia Iracema.
No enredo existe uma das
teses fundamentais do
Romantismo: a origem do povo
brasileiro, cuja bravura e honra
derivam da miscigenação do
indígena com o branco.
9. 3. Com relação ao estilo e à linguagem , destacam-se três
processos construtivos:
• Adjetivação abundante: O adjetivo é empregado por Alencar
para colorir a linguagem, enfeitar a frase, trabalhar a
melodia, enriquecida pelo termo mais sonoro, mais de
acordo com o nível poético que o escritor pretende alcançar.
b. Uso da comparação e da prosopopéia ou personificação:
Alencar utiliza mais a comparação do que a metáfora.
Através da prosopopéia, a natureza reflete sensações e
sentimentos humanos.
c. Pontuação excessiva e coordenação abundante: o autor
parece imitar o processo primitivo de pensar do indígena.
10. 4. O processo
narrativo é rico em
incidentes, situações
que prendem a
atenção do leitor até o
final.
11. 5. A descrição do cenário é
esplêndida, minuciosa,
correspondendo ao
deslumbramento do povo
português diante da
paisagem brasileira.
Alencar procurou
descrever os costumes
indígenas, apoiado em
longos e contínuos estudos
sobre a vida primitiva dos
primeiros habitantes do
Brasil.
12. Diferentes tribos indígenas
habitavam o Ceará. Uma delas era a
dos tabajaras que dominavam o
interior e a qual pertencia Iracema.
Outra era a dos pitiguaras, inimiga
dos primeiros, que habitava o litoral.
Iracema era filha de Araquém, pajé
dos tabajaras.
Um dia Iracema, sentada à sombra
de uma palmeira, brincava com sua
ará, quando ouviu um ruído entre as
folhagens e viu diante de si um
guerreiro branco, Martim.
Iracema atirou-lhe uma flecha,
ferindo-lhe levemente o rosto.
13. Ele sorri e a jovem corre para
estancar-lhe o sangue e quebra a
flecha em sinal de paz.
O guerreiro é levado à cabana
de Araquém, sendo recebido com
hospitalidade, embora viesse de
uma tribo inimiga, pois era amigo
dos pitiguaras.
Combinaram esperar a volta de
Caubi, irmão de Iracema, para
guiar Martim de volta à sua tribo.
14. Iracema se enamorou de Martim e
foi por ele correspondida, mas ela não
podia se casar, porque era a guardiã
da jurema, bebida sagrada. Irapuã,
chefe dos tabajaras e apaixonado por
Iracema, jura matar Martim.
Enquanto isso Poti, irmão das armas
de Martim, descobre seu paradeiro.
Combina com Iracema a fuga de
Martim. Antes da partida, porém,
Iracema torna-se mulher de Martim.
15. Iracema guiava
Martim e Poti, que
propõe que Martim
devolvesse a jovem à
cabana do pai, mas ela
recusa-se a abandonar
o esposo, deixando
para trás o lar, a
família, os irmãos, sua
cultura e sua posição
diante da tribo.
Quando já estavam em terras pitiguaras, foram alcançados pelos
guerreiros tabajaras liderados por Irapuã. Trava-se uma luta
sangrenta da qual os tabajaras saem derrotados. Iracema chora por
seus irmãos, mas segue Martim.
16. Iracema, Martim e Poti mudam-se
para um lugar paradisíaco. Iracema
espera um filho e, durante algum
tempo, vivem plenamente felizes.
Porém, logo depois, Martim passa a
sentir saudades da civilização e da
noiva que deixara em Portugal.
Iracema percebe e definha.
Martim e Poti partem para a guerra contra os brancos
tapuias (franceses) - que se aliaram aos tabajaras contra
os pitiguaras, amigos dos portugueses.
Partem sem se despedir de Iracema, que a partir de
então passa os dias esperando o regresso de Martim, cada
vez mais fraca.
17. Um dia recebe a visita
de sua ará, que passa a
lhe fazer companhia.
Poti e Martim voltam
triunfantes, pois haviam
vencido a luta.
O coração de Iracema
renasce, mas logo se
entristece novamente, já
que Martim está sempre
com o pensamento
longe dela.
Novamente Martim e Poti se ausentam para
novas batalhas. No mesmo momento em que
celebravam a vitória, nascia Moacir, filho da dor e
do sofrimento de Iracema. Caubi a visita e
pretende ficar para ajudá-la, mas Iracema pede
que ele retorne para junto do pai.
18. Muito fraca, Iracema
não consegue
amamentar o filho, pois
o leite secara.
Para salvar o filho, a
índia coloca os filhotes
de uma cadela para
mamar em seus seis a
fim de estimular a
produção de leite.
Assim consegue
devolver o alimento ao
filho Moacir.
19. No retorno ao lar, Martim
vem apreensivo. Ao chegar
encontra Iracema com os
filhos nos braços, à morte, já
sem poder amamentar o filho.
Embora Martim a cerque de
atenções e carícias, já era
tarde. Martim enterra seu
corpo sob uma palmeira onde
a ará fica a gritar o nome
Iracema.
Martim parte com o filho e fica quatro anos fora. Algum tempo
depois retorna com muitos guerreiros brancos, que têm por missão
transformar os índios em cristãos e dar início ao efetivo processo de
colonização. Poti é batizado e recebe o nome do santo do dia.
20. Muitas vezes Martim voltou às terras onde
viveu com Iracema para matar a saudade.
O pássaro ainda cantava na palmeira, mas
já não repetia o nome de Iracema.
“ Tudo passa sobre a terra.”