La Fura del Baus é uma companhia de teatro catalã fundada em 1979 que se especializa em teatro de rua, teatro digital e contemporâneo. Eles são conhecidos por grandes produções como a abertura dos Jogos Olímpicos de Barcelona em 1992. Sua peça D. Quixote mistura diferentes linguagens artísticas como uma ópera futurista sobre o personagem.
1. La Fura del Baus
La Fura del Baus é uma companhia de teatro
itinerante, com origem na Catalunha.
Fundado em 1979 atuam sobretudo na base
do teatro de rua, teatro digital e teatro
contemporâneo, focando-se sobretudo na
área mais dramática do teatro. Privilegiam
sobretudo grandes eventos, como é o caso da abertura dos Jogos Olímpicos de Verão,
em Barcelona, em 1992, entre outros.
A interdisciplinaridade de La Fura del Baus multiplica-se em diferentes campos como a
publicidade, cinema, internet, ópera, eventos públicos, apresentado os seus espetáculos
da mais diversas formas, seja ao ar livre, nas melhores salas de teatro, um pouco por
todo o mundo, em navios cargueiros ou cavernas pré históricas.
Com características muito próprias e muitos especificas, o trabalho dos Fura Del Baus é
mais ou menos comum em todas as suas produções. Uma mistura das mais diversas
técnicas de comunicação combinadas com um objeto cénico único, os Fura optam por
combinar som com imagem em movimento, reduzindo o texto ao mínimo.
Inspirado nas técnicas do Teatro Barroco, em que todas as artes se fundem através de
jogos cénicos, os Fura Del Baus partem do antigo para o futurista.
É este o caso de D. Quixote, uma ópera em que o tema central é o facto do cavaleiro D.
Quixote estar fechado numa cápsula de ar e tempo. Este representa a imaginação, a
honradez e o respeito pelos mais fracos, aparecendo no entanto como monstro no
primeiro ato. É portanto o protagonista desta obra em que é recriada uma série de
situações que não respeitam as conceções do espaço e do tempo.
D. Quixote não só integra a colaboração de criadores de diversas áreas, como uma
grande coerência, sendo um espetáculo eminentemente barroco. Temos por fim então o
argumento da obra – uma viagem no tempo, em que os espectros de D. Quixote
2. aparecem transformados e deformados pelas épocas e pelo diferente olhar que o mundo
dedica ao mito.
O Barroco, como atitude, não se circunscreve a um espaço e a um tempo determinado.
Os Fura Dels Baus fazem hoje um teatro/espetáculo barroco, utilizando todos os
mecanismos plásticos do Barroco, com a aplicação de tecnologias atuais que
transformam espaços comuns das cidades em grandes espaços de intervenção
espetacular.
Mas, afinal o que é que caracteriza a arte barroca? Barroco é o nome dado
ao estilo artístico que floresceu entre o final do século XVI e meados do século XVIII,
inicialmente na Itália, difundindo-se em seguida pelos países católicos da Europa e da
América, antes de atingir, em uma forma modificada, as áreas protestantes e alguns
pontos do Oriente.
Para diversos pesquisadores o Barroco constitui não apenas um estilo artístico, mas todo
um período histórico, todo um novo modo de entender o mundo, o homem e Deus. As
mudanças introduzidas pelo espírito barroco se originaram, pois, de um grande respeito
pela autoridade da tradição clássica, e de um desejo de superá-la com a criação de obras
originais, dentro de um contexto social e cultural que já se havia modificado
profundamente em relação ao período anterior.
Uma das características da arte barroca é o uso de alegorias, sobretudo na literatura para
teatro. A alegoria transporta os fatos concretos para uma esfera mais abstrata e mais
abrangente, possibilitando múltiplas interpretações. Por tais motivos, nas alegorias
dramáticas do Barroco abundam imagens de ruínas e da morte, mas abrindo a perspetiva
de um novo nascimento e de uma ação humana significativa.
O teatro barroco herdou os avanços renascentistas na construção de cenários com
perspetivas ilusionísticas, o que estava ligado à revivescência da arquitetura clássica.
Duas outras tendências influentes também floresceram no Barroco. A primeira foi a da
Commedia dell'Arte, um gênero popular e cômico de características heterogêneas,
derivado em parte dos jograis da Idade Média, das festividades e mascaradas populares
espontâneas do Carnaval e do folclore. A outra tendência de vasta repercussão foi o
teatro sacro desenvolvido pelos jesuítas, como parte de suas estratégias
contrarreformistas. Embora mantendo traços do drama clássico na forma, na técnica e
3. na linguagem, seus temas eram naturalmente religiosos e seu propósito, declaradamente
doutrinário.
Voltando aos Fura Del Baus e à sua busca de raízes no Teatro Barroco, do Século XVII,
vamos observar as características do Teatro Barroco em Espanha e a sua similaridade
com o trabalho deste grupo catalão, tomando por base o seu trabalho D. Quixote (2000).
Quando os Fura dels Baus recuperaram o Don
Quixote (1605) e procuraram com esse tema
consagrado fazer espetáculo, nele integraram as
mais variadas técnicas performativas e
linguagens gestuais para conseguir envolver
todos os sentidos e construir a ilusão.
Foi assim nos tempos de Don Quixote e da Corte, nos séculos XVII e XVIII. Tudo se
reduziu a jogos de sentido e para os sentidos, numa procura do total, em aliança estreita
de fé, sentimento e razão. O espetáculo era então tão variado quanto as procissões, o
levantar do Rei ou a ópera.
Trabalho Realizado por Lorredana Oliveira Pereira no âmbito de HCA
Curso Técnico de Comunicação Marketing, Relações publicas e publicidade.
2012/2013