1. “CRISTO É A NOSSA SUFICIÊNCIA”
“Mas vós sois dele (de Deus), em Cristo Jesus, o qual (Cristo Jesus) se nos tornou da parte de Deus
sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (I Co 1:30)
Cristo é a suficiência de Deus para a nossa completa deficiência. Stanley Jones já disse que “Cristianismo é
Cristo, e Cristo é a revelação final e absoluta de Deus”. Podemos contemplar em nosso texto meditativo quatro
bênçãos específicas que Cristo é para o Seu povo.
1º SABEDORIA. Existem, biblicamente, dois tipos de sabedoria: a humana (animal e diabólica) e a celestial (a
sabedoria do alto). Concernente à sabedoria humana em contraste com a divina, podemos ler em Tiago 3:13-18
o seguinte: “Quem dentre vós é sábio e entendido? Mostre pelo seu bom trato as suas obras
em mansidão de sabedoria. Mas, se tendes amarga inveja, e sentimento faccioso em vosso
coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. Essa não é a sabedoria que vem do
alto, mas é terrena, animal e diabólica. Porque onde há inveja e espírito faccioso aí há
perturbação e toda a obra perversa. Mas a sabedoria que do alto vem é, primeiramente pura,
depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade,
e sem hipocrisia. Ora, o fruto da justiça semeia-se na paz, para os que exercitam a paz.”
A sabedoria mundana está divorciada da vontade divina. O veredicto de Deus para tal
sabedoria está expressamente registrado nas Sagradas Escrituras. “Ninguém se engane a
si mesmo: se alguém dentre vós se tem por sábio neste século, faça-se estulto para se
tornar sábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois está
escrito: Ele apanha os sábios na sua própria astúcia. E outra vez: O Senhor conhece os
pensamentos dos sábios, que são vãos.” (I Co 3:18-20) Alguém já disse que “você pode
pegar um tolo e educá-lo, mas tudo o que consegue obter com seus esforços é um tolo
educado! Adolf Hitler vivia cercado de homens bem instruídos — vários deles tinham
diplomas em cursos avançados — mas a história provou que todos eles juntos não
possuíam senso comum suficiente para se igualar a um idiota mediano! Grande
conhecimento sem a necessária sabedoria para usá-lo apropriadamente é uma maldição,
não uma vantagem. A sabedoria humana deriva conclusões sem levar Deus em conta e,
portanto, está condenada à eventual exposição como uma total inutilidade na melhor das
hipóteses, e destrutiva, na pior.” Não é o que o homem julga sobre a sabedoria
humana que a valida; é o que Deus atribui a ela. O pregador do Reino Unido Dr.
Martyn Lloyd-Jones (20/12/1899 – 01/03/1981) disse com muita propriedade: “Certamente a
essência da sabedoria está em, antes de começarmos a agir ou de tentar agradar a Deus,
descobrir o que Deus tem a dizer sobre o assunto.” “Porque está escrito: Destruirei a
sabedoria dos sábios, E aniquilarei a inteligência dos inteligentes. Onde está o sábio?
Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura não tornou
Deus louca a sabedoria deste mundo? Visto como na sabedoria de Deus o mundo não
conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da
pregação.” (I Co 1:19-21) Somos admoestados repetidas vezes pelo SENHOR a buscar a
verdadeira sabedoria. Vejamos o que diz o Pregador: “E apliquei o meu coração a
esquadrinhar, e a informar-me com sabedoria de tudo quanto sucede debaixo do céu; esta
enfadonha ocupação deu Deus aos filhos dos homens, para nela os exercitar. Atentei para todas as
obras que se fazem debaixo do sol, e eis que tudo era vaidade e aflição de espírito. Aquilo que é
torto não se pode endireitar; aquilo que falta não se pode calcular. Falei eu com o meu coração,
dizendo: Eis que eu me engrandeci, e sobrepujei em sabedoria a todos os que houve antes de mim
em Jerusalém; e o meu coração contemplou abundantemente a sabedoria e o conhecimento. E
apliquei o meu coração a conhecer a sabedoria e a conhecer os desvarios e as loucuras, e vim a
saber que também isto era aflição de espírito.” (Ec 1:13-17) Após a consideração de Salomão sobre
cada aspecto da vida; os prazeres, aquilo que se produz, ele chegou-se à conclusão: tudo é vaidade.
“Vaidade de vaidades, diz o pregador, vaidade de vaidades! Tudo é vaidade.” (Ec 1:2) “Salomão,
de todo o coração, procurou perscrutar com sabedoria as coisas terrenas, mas, como logo confessa,
debalde, pois só o Espírito de Deus penetra todas as coisas”. A conclusão de todo o seu discurso pode-
se ver claramente em Eclesiastes 12:13; “De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e
guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem.” Alguém ponderou:
2. “sabedoria, como a encontramos expressa na Bíblia, é "ver as coisas do modo
como Deus as vê".
No que se refere à sabedoria divina aprecio o que William S. Plumer disse: “A maior sabedoria desta
terra é a santidade”. “Por Deus no trono da vida é a essência da sabedoria”. De fato, compreender o
caminho de Deus, reconhecer o nosso dever diante dEle; submetermo-nos a Ele para sermos
moldados segundo a Sua palavra e propósitos, indica-nos ser o princípio da sabedoria. “O temor do
Senhor é o princípio da sabedoria e o conhecimento do Santo é prudência” (Pv 9:10). J. I.
Packer endossa o assunto com muita propriedade: “Só depois que nos tornamos humildes e
ensináveis, boquiabertos com a santidade e a soberania de Deus... reconhecendo nossa própria
pequenez, desconfiando de nossos pensamentos e dispondo-nos a permitir que nossa mente seja
completamente transformada, é que a sabedoria divina se torna nossa”. Na epístola de Paulo aos
Corintios podemos aprender algo da sabedoria divina. “Porque os judeus pedem sinal, e os gregos
buscam sabedoria; Mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura
para os gregos. Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a Cristo, poder
de Deus, e sabedoria de Deus.” (I Co 1:22-24) Aqui podemos ter o discernimento da essência da verdadeira
sabedoria: Cristo. Irmãos e irmãs, um homem ou mulher pode ser dotado de faculdades científicas, medicinais,
biológicas, tecnológicas, teológicas, etc..; porém, se não for regenerado por Deus em Cristo, se não tiver a vida
de Cristo em seu interior pela fé, nada disto poderá ajudá-lo no dia do juízo; daí a urgente necessidade de Cristo
como sua sabedoria para a salvação. O pastor Tom Ascol expôs o ponto da seguinte maneira: “Qual é a
sabedoria divina? O que é a sabedoria divina? É um compreender correto das verdadeiras questões
importantes da vida. É a compreensão de que há um Deus no céu, que Ele requer retidão dos homens. É a
compreensão que de fato existe um céu, que sem sombra de dúvida há um inferno, que pecado é uma coisa
séria diante de Deus. Que há um dia de julgamento que está por vir. Que se nós estivermos retos diante de
Deus, se quisermos viver assim, precisamos alcançar o seu perdão. A sabedoria que vem do alto é aquela que é
dada aos homens através da fé em Cristo Jesus. Os homens nunca serão sábios neste caminho até que Deus
pessoalmente revele a estas pessoas Cristo Jesus. Paulo nos diz que Deus tornou Cristo para nós sabedoria de
Deus para nos mostrar a nossa necessidade, e para vir de encontro às nossas necessidades. É a primeira
benção quando Deus nos traz um relacionamento adequado com o Seu Filho Jesus. Ele se tornou da parte de
Deus; sabedoria.” É necessário Cristo como sabedoria para a compreensão das realidades espirituais, porque
sem Ele é impossível a revelação das coisas divinas. “Cristo é a chave que abre o entendimento de toda a
Escritura”, disse o irmão Romeu Borneli. “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de
Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem
espiritualmente...Todas as coisas me foram entregues por meu Pai, e ninguém conhece o Filho,
senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser
revelar.” (I Co 2:14 ; Mt 11:27) Aleluia! Cristo é a nossa sabedoria.
2º JUSTIÇA. A segunda benção que Cristo é para o seu povo é justiça. Este tema é inerente ao evangelho.
Como já foi dito, “é o coração do evangelho”. Ninguém poderá entender o cristianismo se antes não entender a
realidade espiritual da justificação. “Onde esta verdade bíblica é ignorada ou não compreendida,
necessariamente haverá um conceito errôneo quanto à aceitação diante de Deus. Perde-se o verdadeiro
conhecimento da salvação quando a verdade a respeito da justificação é perdida” (H.J.Appleby). Em primeira
instância devemos verificar que a justificação independe de nossos atos meritórios ou de justiça própria. Por
melhor que possa parecer, todas as nossas justiças, as melhores obras que possamos fazer concernentes à nossa
aceitabilidade diante de Deus são totalmente insuficientes e consideradas imundas perante o SENHOR. Foi
assim que o profeta expressou-se; “Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas
justiças como trapo da imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e as nossas
iniqüidades como um vento nos arrebatam... Quem do imundo tirará o puro? Ninguém.” (Is
64:6 ; Jó 14:4) Observem irmãos, o profeta não diz que nossos pecados ou iniqüidades são como
trapo da imundícia; mas nossas justiças. Aqui, parece-nos estarmos diante de um dilema. Vejam;
para sermos aceitos por Deus há necessidade de uma justiça perfeita, imaculada, pois o SENHOR
isto requer. O Seu padrão é absoluto. De modo algum Ele poderá aceitar alguém maculado diante
de Sua presença; isto seria minimizar a Sua santidade. O SENHOR é três vezes Santo. “Tu és tão
puro de olhos, que não podes ver o mal...Santo, Santo, Santo, é o Senhor Deus, o Todo-
Poderoso, que era, e que é, e que há de vir.” (Hc 1:13ª ; Ap 4:8) Porém, como vimos, não podemos
ser justos por nós mesmos diante de Deus. A própria Escritura declara-nos: “Como está escrito:
3. Não há um justo, nem um sequer.” (Rm 3:10) Nem mesmo se pudéssemos guardar “todos” os
preceitos da Lei, isto não poderia assegurar nossa aceitação diante de Deus. Está escrito: “Sabendo
que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos
também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pelas obras
da lei; porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada.” (Gl 2:16, ver Rm 8:3) Além
disso, o registro de nossa história levanta-se condenavelmente contra nós por todos os nossos atos perversos
praticados. Como então poderemos ser aceitos diante de Deus? O pastor Charles Haddon Spurgeon, deixou-nos
algo muito importante sobre este aspecto. Disse ele: “Aprendei, amigos meus, a considerar a Deus tão
severo em Sua justiça como se nEle não houvesse amor, e tão amoroso como se nEle não
houvesse severidade. Seu amor não diminui Sua justiça, nem Sua justiça, no mínimo grau,
faz guerra ao Seu amor. As duas coisas estão docemente unidas na expiação de Cristo.
Porém, notai que nunca poderemos compreender a plenitude da expiação, até que tenhamos
primeiro captado a verdade escriturística da imensa justiça de Deus. Nunca houve uma má
palavra dita, nem um mau pensamento concebido ou uma má ação cometida que Deus não
tenha punido um ou outro. Ele quer uma satisfação de vocês, ou senão de Cristo. Se não tens
expiação por meio de Cristo, você deverá pagar para sempre a dívida que não pode pagar
nunca, na miséria eterna; porque tão certo como Deus é Deus, Ele perderá antes a Sua
Deidade do que deixar um só pecado sem castigo, ou uma partícula de rebelião sem
vingança. Podeis dizer que este caráter de Deus é frio, austero e severo. Não posso impedir
que faleis assim; não obstante, o que disse é verdade. Tal é o Deus da Bíblia; e embora
repitamos como certo que Ele é amor, não é menos verdade que, além de amor, Ele é repleto
de justiça, porque todo o bem se encontra em Deus, e estes elevados à perfeição, de forma
que o amor alcança a sua consumada amabilidade e a justiça se torna severamente inflexível
nEle. Não há aberração nem distorção em Seu caráter; nenhum de Seus atributos predomina
demais a ponto de lançar uma sombra sobre o outro. O amor tem seu pleno domínio, e a
justiça não está mais limitada do que Seu amor... Amados irmãos, a gloriosa declaração do
evangelho é que em Cristo há uma plena justiça que é imputada a todo o que nele crê, e
esta é absolutamente gratuita. “Mas agora se manifestou sem a lei a justiça de Deus, tendo o
testemunho da lei e dos profetas; Isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre todos
os que crêem; porque não há diferença. Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus;
Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus. Ao qual Deus
propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados
dantes cometidos, sob a paciência de Deus; Para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para
que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus.” (Rm 3:21-26) Nestes versos podemos
contemplar dois sentidos do termo “justiça de Deus”. 1) É a justiça que Deus tem e manifesta, sendo
perfeitamente consistente com tudo o que Ele mesmo é (3:5), 2) Noutros casos, é um dom que Ele dá (1:17).
Nos versos 21,22, significa a justiça que Ele nos dá, enquanto que o primeiro sentido se encontra no v.25.
Ambas as idéias estão unidas no v.26.* Tudo o que Cristo é e tudo o que Ele realizou em nosso benefício,
compreende-se a essência da justiça divina. “O meio necessário para a justificação é a fé pessoal em
Jesus Cristo como Salvador crucificado e como Senhor ressurreto (Rm 4.23-25; 10.8-13). A fé é
necessária porque o fundamento meritório de nossa justificação está totalmente em Cristo. Ao
nos entregarmos a Jesus, em fé, ele nos concede seu dom da justiça, de modo que no próprio
ato de “fechar com Cristo” como os mais antigos mestres Reformados diziam -, recebemos o
perdão e a aceitação divinos, que não podemos encontrar em nenhum outro lugar (Gl 2.15-16;
3.24)².” Irmãos, todavia precisamos atentar ao fato de que não é a fé que nos justifica; mas
sim, a justiça de Cristo, sendo a fé necessária para a sua obtenção. James Buchanan nos
ajuda neste raciocínio. Disse ele: “Fé é o instrumento pelo qual a justiça é adquirida. O comer
é necessário para a nutrição de nossos corpos, porém o que nutre é o alimento que comemos.
E de modo semelhante, a fé é necessária para receber a justiça, todavia, é a justiça de Cristo
que efetivamente nos justifica”. Muitos se gloriam na fé para a salvação; porém os salvos
gloriam-se no Senhor através do qual receberam a fé para a salvação, porquanto Jesus é o
autor e consumador da fé (Hb 12:2). O homem sem justificação é um morto espiritualmente, logo está
destituído da verdadeira fé que justifica, pois, “a fé que salva não é oferecida por Deus ao homem; é
lhe conferida”. Há uma seguinte observação: “A fé salvadora, da mesma forma que o
arrependimento, é o fruto da regeneração; não é um presente do homem a Deus, mas, em essência,
4. um presente de Deus ao homem.” Podemos colocar ainda da seguinte forma: Deus opera mediante
a Sua palavra a fé e o arrependimento. Atentemo-nos aos seguintes textos: “Visto como na
sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar
os crentes pela loucura da pregação... de sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de
Deus... Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus...
E os gentios, ouvindo isto, alegraram-se, e glorificavam a palavra do Senhor; e creram todos
quantos estavam ordenados para a vida eterna... Porque Deus é o que opera em vós tanto o
querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade...Pois, segundo o seu querer, ele nos
gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como que primícias das suas criaturas. ”
Irmãos, ponto pacífico, a nossa glória está no Senhor. “Porque dele e por meio dele e para ele são
todas as cousas. A ele pois, a glória eternamente. Amém.” (Rm 11: 36) Graças a Deus irmãos, pois
tudo na vida cristã é pela graça, do começo ao fim. “Merecíamos a condenação, mas Ele nos justificou,
merecíamos o inferno, mas Ele nos livrou. Graça, absolutamente graça!” (Tomaz Germanovix) “TENDO
sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5:1)
“A justiça de Cristo declarada na alta corte de justiça, é nossa absolvição completa e final”. Em II Corintios
5:21 lemos: “Aquele (Cristo) que não conheceu pecado, ele (Deus) o fez pecado por nós; para que nele (em
Cristo) fôssemos feitos justiça de Deus.” Irmãos e irmãs, aqui jaz a esperança do evangelho: Cristo é a nossa
retidão, Ele é a nossa justiça. Aleluia! Cristo viveu a vida que Deus requer e que nenhum de nós havíamos
vivido. Ele observou todos os preceitos da Lei de Deus, magnificando-a e tornando-a honrosa. Não obstante,
Ele também padeceu o castigo que a Lei de Deus exigia por causa do pecado. Ele tornou-se tão completamente
responsável pelo pecado como se fosse totalmente culpado por ele. Nosso amado irmão Gino Iafrancesco disse
com muita propriedade: “Deus não vai cobrar de você o que aceitou cobrar do Cordeiro”. Jesus morreu como
se tivesse pecado, não obstante ser reto e justo. “O qual não cometeu pecado, nem na sua boca se
achou engano.” (I Pe 2:22) “O juízo justificador de Deus parece estranho, pois declarar
justificados os pecadores parece ser exatamente o tipo de ação injusta praticada por um juiz,
que a própria lei de Deus o proíbe (Dt 25.1; Pv 17.15). Contudo, é um julgamento justo, porque
sua base é a justiça de Jesus Cristo. Como o último Adão “(1Co 15.45), agindo em nosso favor,
como nosso Cabeça representativo, Cristo cumpriu a lei que nos prendia e suportou o castigo
que merecíamos pela desobediência à lei e, assim, mereceu” a nossa justificação. Por isso,
nossa justificação tem base justa (Rm 3.25-26; 1Jo 1.9), com a justiça de Cristo creditada em
nosso favor (Rm 5.18-19).”² Assim, a justiça imputada significa o “cumprimento das exigências
de um relacionamento correto com ele, apagando a culpa deles (dos que crêem) e lhes creditando
justiça (Rm 3.21,22), ajudando-os assim a dedicar-se em prol daquilo que ele declara justo (Rm 6.11-
13).” ³
Vejamos uma declaração final de Spurgeon sobre este ponto. Ele disse: “Oh! então, amados, pensai,
pois, quão grande deve ter sido a substituição de Cristo, quando satisfez a Deus por todos os pecados de Seu
povo. Porque o pecado do homem exige de Deus castigo eterno, e Deus preparou um Inferno para lançar nele
todos os que morram impenitentes. Oh! meus irmãos, podeis pensar sobre qual deve ter sido a grandeza da
expiação que foi feita em lugar de todos os eleitos, contemplando esta eterna aflição que Deus deveria lançar
sobre nós, se Ele não a tivesse derramado sobre Cristo. Olhai! Olhai! Olhai com solene olhar através das
trevas que nos separam do mundo dos espíritos, e vede aquela casa da miséria que os homens chamam Inferno!
Não podeis suportar o espetáculo. Lembre-se que naquele lugar há espíritos pagando para sempre a dívida à
justiça divina; mas embora alguns deles tenham estado durante os últimos quatro mil anos abrasando-se nas
chamas, eles não estão mais pertos da libertação do que quando começaram; e quando dez mil vezes dez mil
anos tiverem passado, continuarão sem ter feito satisfação a Deus por sua culpa, como não a tem feito até
agora. E agora, podeis captar o pensamento da grandeza da mediação de vosso Salvador quando Ele pagou a
vossa dívida, e a pagou de uma vez por todas; de forma que agora não há um só centavo de dívida do povo de
Cristo ao seu Deus, exceto a dívida de amor. Para a justiça, o crente não deve nada; embora ele devesse
originalmente tanto que nem toda a eternidade seria suficiente para o pagamento de sua dívida, todavia, num
momento Cristo a pagou toda, de forma que aquele que crê está inteiramente justificado de toda culpa, e livre
de todo castigo, através do que Jesus fez. Considerai, pois, quão grande foi a Sua expiação por tudo quanto Ele
fez.”¹
“Sendo justificados (sendo considerados, declarados, pronunciados justos) gratuitamente pela
sua graça, pela redenção (resgate) que há em Cristo Jesus. Ao qual Deus propôs para
propiciação pela fé no seu sangue..” (Rm 3:34-25ª ) Graças a Deus, Cristo se nos tornou da parte
de Deus “justiça”.
5. 3º SANTIFICAÇÃO. Irmãos e irmãs, partimos agora para a terceira benção que Cristo é para o seu povo:
santificação. Tendo considerado a importância do assunto anterior, sem a qual não poderíamos ser aceitos
diante de Deus, dirigimos-nos agora àquilo que é a conseqüência inevitável decorrente da justificação; a
santificação. Assim como é verdade inquestionável que sem justificação não há absolutamente salvação, é
igualmente verdade que sem santificação ninguém poderá ver o Senhor. “Segui a paz com todos, e a
santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor.” (Hb 12:14) O Senhor Jesus não apenas perdoa os nossos
pecados, como também nos purifica dos mesmos, pois, o pecado não é apenas uma ofensa que necessita de
perdão; é uma poluição que necessita de purificação. “A justificação nos torna seguros, enquanto a santificação
nos faz sãos”. Observem irmãos; não podemos fazer separação entre justificação e santificação; elas são
diferenciáveis, porém, não separáveis. Lemos em Romanos 5:18 o seguinte: “Pois assim como por uma só
ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a
graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida.” Esta expressão “que dá vida”, entendemos
que é a conseqüência inevitável da justificação. O Senhor não apenas faz Sua obra “por nós”(justificação),
como também faz Sua obra “em nós”(santificação). “Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós
começou a boa obra (passado) a aperfeiçoará (presente contínuo) até ao dia de Jesus Cristo” (Fp 1:6) “A
santificação é gradual; se ela não aumentar, é porque não está viva”, dizia Thomas Watson. O mínimo
irredutível que se pode atribuir a um cristão é que ele é santo. A igreja portanto, é um agrupamento de santos.
Disse o Dr. William Temple: “Ninguém é crente, se não é santo, e ninguém é santo, se não é crente”. Isto não
quer dizer impecabilidade, inerrância ou perfeccionismo. Em seu sentido neotestamentário, “santo” significa
“pessoa separada”, “posto à parte”, em suma, quer dizer; “povo separado por Deus para o Seu propósito”.
Podemos ver esta declaração lendo a epístola de I Pedro 2:9 que diz: “Mas vós sois a geração eleita, o
sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou
das trevas para a sua maravilhosa luz” Oswald Chambers foi muito feliz em sua colocação dizendo: “O fim
destinado ao homem não é felicidade nem saúde, mas, sim, santidade. O único objetivo de Deus é a produção
de santos”. “Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e
irrepreensíveis diante dele em amor” (Ef 1:4) Notem irmãos, “o apóstolo tem o cuidado de dizer-nos que é
“em Cristo” que fomos escolhidos; não fomos apenas escolhidos, mas fomos escolhidos em Cristo”, disse
M.Loyd-Jones. Enquanto “santidade” é o estado de ser santo, “santificação” é o processo de se tornar santo; é
um processo de crescimento. Podemos ver estes dois exemplos nos seguintes textos: “Para confirmar os
vossos corações, para que sejais irrepreensíveis em santidade diante de nosso Deus e Pai, na vinda de
nosso SENHOR Jesus Cristo com todos os seus santos... Porque esta é a vontade de Deus, a vossa
santificação; que vos abstenhais da prostituição” (I Ts 3:13 ; 4:3) Conforme o dicionário bíblico Ebenezer,
santificação é “ato divino mediante o qual os crentes cada vez mais se amoldam à imagem de Cristo”. Um
cristão anônimo refletiu com muita precisão : “Cristo vem com uma bênção em cada mão - perdão em uma e
santidade na outra; ele nunca dá nenhuma delas a quem não aceitar as duas”. E John Flavel, expressou-se nos
seguintes termos: “O que a saúde é para o coração, a santidade é para a alma”. Irmãos e irmãs, a verdade
acerca de nossa regeneração anuncia-nos que fomos unidos em Cristo na sua morte e ressurreição. Logo, a vida
que hoje temos, vivemos pela fé do Filho de Deus. Ora, “não mais eu, mas Cristo” (Gl 2:20), constitui-se a
essência da vida cristã. Disto depreendemos que a santificação é mais de Cristo em nós, dia a dia, e menos de
nós pelos efeitos operantes da cruz. “É necessário que ele cresça e que eu diminua. Trazendo sempre por
toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste
também nos nossos corpos; E assim nós, que vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor de
Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na nossa carne mortal.” (Jo 3:30 ; II Co 4:10-11).
“Precisamos ter como objetivo um cristianismo que, à semelhança da seiva de uma árvore, percorra todos os
ramos e folhas do nosso caráter, a tudo santificando”, dizia J.C.Ryle. Penso que não há nenhuma discrepância
em considerarmos o crescimento da vida cristã a partir deste ângulo, isto é, sob o patrocínio da graça de Deus,
pois, se faz necessário repetirmos; tudo na vida cristã é pela graça, do princípio ao fim. Desse modo, assim
como recebemos a Cristo, devemos prosseguir nele, em tudo dependentes dEle, pois sem Ele nada podemos
fazer. Cristo enviou-nos o Seu Espírito para guiar-nos à toda verdade, através do qual somos santificados e
transformados de glória em glória, na Sua própria imagem. “Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a
verdade. Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos
transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor.” (Jo17:17 ; II Co 3:18)
“A justificação é aquilo que Deus faz por nós através da pessoa de Jesus Cristo, enquanto a santificação é
quase exclusivamente aquilo que Deus faz em nós, por meio do Espírito Santo...O Pai planejou, o Filho a pôs
em operação e o Espírito Santo a aplica”. Graças a Deus Pai, pois Ele escolheu um povo em Cristo Jesus, a fim
6. de serem conformados à imagem Dele pelo Espírito Santo. “Entretanto, devemos sempre dar graças
a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o
princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade, para o que
também vos chamou mediante o nosso evangelho, para alcançardes a glória de nosso
Senhor Jesus Cristo”(2 Ts 2:13-14). Aleluia! Cristo é a nossa santificação.
4º REDENÇÃO. Entramos agora ao último ponto de nossa reflexão: Cristo é a Redenção de
Deus para o Seu povo. Esta palavra sugere-nos completa libertação. De certa forma
compreende toda a obra da salvação, do princípio ao fim. Nosso irmão Romeu Borneli
expressou-se assim: “A salvação abrange a regeneração do espírito, a santificação da alma e
a redenção do corpo”. A redenção é uma realidade espiritual que compreende a nossa
libertação por Cristo de um outro reino em que éramos cativos. Não poderíamos conhecer
nenhuma graça à parte da redenção. Podemos reunir tudo o que foi exposto até aqui com
este selo de autenticação da verdade: redenção. W. Stanford Reid, nos ajuda a expressar este
enfoque dizendo: “Justificação e santificação são dois aspectos ou dois lados da mesma moeda da
redenção divina”. Nesta expressão, “redenção”, compreendemos que se trata de nossa “libertação
pelo pagamento de um resgate”. Há uma história que ilustra bem esta benção. Refere-se a uma
escrava africana que seria leiloada. “Dois homens disputavam os lances para ver quem a compraria,
e ambos eram homens perversos. A escrava sabia que sua vida seria miserável se ela caísse nas
mãos de qualquer um deles, de forma que chorava muito. Foi quando um terceiro homem entrou na
disputa. Os lances foram aumentando, até que os dois primeiros homens já não podiam mais
comprá-la. Assim, ela foi comprada pelo terceiro homem. Ele imediatamente chamou um ferreiro
para quebrar as correntes que a prendiam e anunciou a sua liberdade, dizendo: “não comprei você
para ser uma escrava, mas para lhe dar a liberdade”. Dizendo isto, ele se foi. A moça ficou perplexa
por uns dois minutos. Quando ela “voltou a si”, correu atrás do homem, declarando que dali em
diante ela seria sua escrava até o dia da sua morte.” Amados, primeiramente vejam a quem
pertencíamos, depois considerem o preço que fomos avaliados, considerando atentamente quem foi
o nosso Resgatador e a quem pertencemos agora por direito de redenção. “O qual nos tirou da
potestade das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do seu amor; Em quem temos a
redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados;... E cantavam um novo cântico,
dizendo: Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque foste morto, e com o teu
sangue compraste para Deus homens de toda a tribo, e língua, e povo, e nação” (Cl 1:13-14 ; Ap
5:9) “Divino amor, tão admirável ! Requer minha alma, minha vida, meu tudo”. Em virtude do pecado,
éramos escravos do império das trevas, mas Cristo veio para nos comprar, e pagou um alto preço: o
seu precioso sangue. Concernente a isto, também expressou o apóstolo Pedro em sua primeira
epístola: “Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes
resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais, Mas
com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado, O qual,
na verdade, em outro tempo foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo, mas
manifestado nestes últimos tempos por amor de vós,” (I Pe 1:18-20) Agora somos escravos do
Senhor Jesus Cristo. Éramos escravos de Satanás, mas Cristo nos comprou “no mercado”. Somos
sua propriedade, pertencemos a Ele. Não fomos nós mesmos que nos redimimos – porque nenhum
escravo pode por si mesmo se libertar (ver Jo 8:34 -36) - ; Cristo é a nossa redenção. “O qual se deu
a si mesmo em preço de redenção por todos, para servir de testemunho a seu tempo” (I Tm
2:6) Nosso irmão Martin Lloyd -Jones considerou: “O Senhor não veio para dizer-nos o que temos de
fazer para salvar-nos; Ele veio para salvar-nos. Ser salvo é estar em Cristo; não simplesmente crer
no Seu ensino, mas estar nEle, e ser participante da Sua vida, da Sua morte, do Seu sepultamento,
da Sua ressurreição, da Sua ascensão”. P. T. Forsyth também foi oportuno em seu raciocínio:
“Como raça, não somos nem ovelhas desviadas nem meramente pródigos errantes: somos rebeldes
com armas nas mãos. Portanto, nossa suprema necessidade da parte de Deus não é a educação de
nossa consciência... é a nossa redenção.” Amados irmãos, igualmente, esta redenção também tem
implicância na nossa salvação futura, pois o mesmo Senhor que pagou o preço pelo Seu povo,
também assegura esta salvação com eficácia até o dia de Sua volta onde a salvação estará
completada. Nosso Senhor Jesus Cristo é tudo: é tanto a propiciação, como o propiciatório, também
a oferta como o Sumo Sacerdote de nossa confissão, “Portanto, pode também salvar
perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.” (Hb
7. 7:25)
“Assim, a justificação dá ao crente a garantia da sua santificação, para esperar com toda a alegria a
glorificação final, onde a salvação estará realizada”. Irmãos e irmãs, resumindo tudo o que até aqui temos
compartilhado, podemos afirmar indubitavelmente, que a menos que alguém receba o Filho de Deus como sua
suficiência, nenhuma destas bênçãos acima poderá ser-lhe apropriada. Nas palavras de Martin Lloyd-Jones
“qualquer coisa que se apresente como cristianismo, mas que não insista na absoluta e essencial necessidade
de Cristo, não é cristianismo. Se Ele não for o coração, a alma e o centro, o princípio e o fim do que é
oferecido como salvação, não é a salvação cristã, seja lá o que for.” Para compreendermos o propósito da
salvação, precisamos de Cristo como nossa sabedoria; para sermos libertos da condenação do pecado,
precisamos de Cristo como nossa justiça; para sermos santificados – pois sem santificação ninguém verá o
Senhor-, precisamos de Cristo como nossa santificação; e para sermos libertos de nossa condição corporal e
implicações do pecado, precisamos de Cristo como nossa redenção. “...o próprio Cristo se revela a nós como
resposta a todas as exigências de Deus...Quando Cristo lhe pertence, tudo quanto se acha nEle também é seu”.
Cristo é a tua suficiência?
¹ (Trecho do livro “Redenção Particular” C.H.Spurgeon, editora PES )
² (Bíblia de estudo de Genebra)
³ (Conforme dicionário bíblico Ebenezer)
* (Comentário Bíblia Vida Nova)
Levi Cândido
Barueri, 01 fevereiro de 2009