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O design urbano no contexto da interdisciplinaridade.

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O design urbano no contexto da interdisciplinaridade.

  1. 1. O Design Urbano no contexto da interdisciplinaridade BUGLIANE, Raquel de Oliveira Mestre e Professora do Curso Superior em Tecnologia de Design de Produto, IF-SC raquelbugliani@gmail.com JORGE, Letícia Pinto Acadêmica do Curso Superior em Tecnologia de Design de Produto, IF-SC leticiapjorge@gmail.com OLIVEIRA, Lais Acadêmica do Curso Superior em Tecnologia de Design de Produto, IF-SC lauisoliver@gmail.com SIELSKI, Isabela Mendes Doutora e Professora do Curso Superior em Tecnologia de Design de Produto, IF-SC belasielski@gmail.com Resumo- O presente artigo visa apresentar o resultado do projeto de pesquisa “O Design Urbano no contexto da interdisciplinaridade”, desenvolvido no Curso Superior de Tecnologia em Design de Produto do IF-SC através do CNPQ. O projeto surgiu a partir de questões levantadas em um Projeto Integrador do CSTDP do IF-SC, o qual abordou sobre a relação do Design com o meio urbano, propondo então explorar sobre o Design Urbano, sua concepção, seus elementos e qual a influência desses no âmbito da atualidade. Palavras-Chave: Design Urbano. Espaços Públicos. Interdisciplinaridade. Abstract- This article presents the results of the research project "Urban Design in the context of interdisciplinarity," developed in the course of Technology in Product Design by CNPQ. The project arose from issues raised in an integrated project of CSTDP IF- SC, which addressed the relationship between design with the urban environment, then explore on the proposed term Urban Design, it’s conception, it’s elements and the influence of these in the present. Keywords: Urban Design. Public Spaces. Interdisciplinarity. 1 Introdução Propondo realizar um estudo sobre o design e sua relação com o meio urbano, buscaram-se referências que abordassem conceitos sobre o design, a cidade e a interlocução entre os meios que participam da configuração urbana. De acordo com tais estabeleceu-se o termo design urbano a fim de caracterizar a temática abordada.
  2. 2. O design urbano cria-se a partir dos diversos elementos que compõe uma cidade, cidade esta, que envolve a arquitetura, as ruas, as vias, o mobiliário, assim como as pessoas que nela habitam e transitam. Quando se tem em mente o espaço „cidade‟, deve-se refletir como um conjunto de partes que se complementam e permeiam uma população. Cada elemento possui seu valor e contribui para a construção de um ambiente no qual a comunidade e a estrutura citadina funcionem de maneira social (FERREIRA, appud BERALDO et all, 2010). Definir o design urbano, como área de atuação que participa da configuração dos espaços urbanos é de suma importância, pois de acordo com Basso (2010, p. 10) “[...] o designer, sendo um idealizador de objetos e um criador de tendências, tem um papel fundamental na formação de espaços públicos funcionais, diferenciados e representativos que trata da natureza dos elementos urbanos e suas inter-relações.” Portanto, visando a definição do conceito e a sua participação na configuração do espaço urbano junto a outras áreas, realizou-se um estudo aprofundado acerca da arquitetura e do design no que tange a área, a fim de promover reflexões interdisciplinares que auxiliem nas delimitações e aplicações deste conceito; desenvolvendo-o, a partir de etapas que se apresentam como: a) coleta de dados indireta, com a realização de revisão de literatura; b) coleta de dados direta, com o registro de equipamentos na cidade de Florianópolis e realização de entrevista com o arquiteto responsável pelo Setor de Planejamento e Projeto – GSP do IPUF (Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis). Assim, o presente artigo apresenta a compilação de dados e informações de tais etapas realizadas ao longo do projeto, buscando esclarecer a pertinência do assunto quanto ao posicionamento do design hoje. 2 Design urbano Tendo em vista a busca pela definição e posicionamento do termo design urbano hoje, desenvolveu-se um levantamento bibliográfico a partir de referências sobre a arquitetura, a arte, a semiótica e a epistemologia do design, verificando assim, as suas atuações no espaço público e ambiente urbano. 2.1 A definição do espaço público e do conceito de urbano Para a melhor compreensão do contexto de atuação do design urbano, pesquisou-se sobre seu meio e o ambiente urbano, que de acordo com Bernardi e Garcias (2008, p. 4), pode ser caracterizado da seguinte forma:
  3. 3. O termo cidade vem do latim, civitas, que dá origem, entre outras, a palavras como cidadania, cidadão, civismo. Também latina a palavra urbe. É hoje um sinônimo de cidade, que por sua vez, gerou outros termos relacionados a vida em coletividade como urbanismo, urbano, urbanidade. Tendo em vista sua abrangência, explorou-se também o que é este espaço, sendo ele definido como: Espaço público é entendido como áreas de apropriação pública. São espaços públicos aqueles com certa restrição de uso, muitas vezes funcionalizados ou que se destinam a um determinado grupo social, como escolas, hospitais, creches, instituições etc. Há ainda aqueles de acesso sem restrições à população e de livre circulação, como são os espaços de lazer, recreação (parques, ginásios poliesportivos, etc.) ou aqueles destinados aos movimentos de veículos e pessoas, como os logradouros públicos (ruas, praças, etc.). (LAURENTINO, 2006, p.307) Deve-se levar em consideração que a importância dos objetos urbanos se relaciona não apenas com a participação e utilização dos usuários, mas também com a relação com o espaço. Neste espaço o produto se depara com uma grande diversidade de elementos, os quais Ferrara (1988, p.45) discorre: [...] o ambiente urbano é um complexo de signos: os formais (a própria forma do objeto construído), os lingüísticos (nome das ruas), os de propaganda (cartazes), os indicadores de direção, os estéticos (os materiais empregados, as características estilísticas de fachadas, jardins, iluminação etc.), os contextuais (a situação urbana em que se localiza), e os signos usuários (a especificidade dos comportamentos humanos tomados como signo). Assim, verifica-se que a cidade além de uma estrutura, se apresenta como um organismo que não distingue partes e relaciona-se como um todo. Deve-se refletir como a cidade é um conjunto de partes que se complementam e permeiam uma população. Cada elemento possui seu valor e contribui para a construção de um ambiente no qual a comunidade e a estrutura citadina funcionem de maneira social (FERREIRA, apud BERALDO et all, 2010). Logo, vê-se a necessidade de os objetos urbanos contribuírem para melhor funcionalidade deste organismo. 2.2 O conceito de design Com o intuito de esclarecer a definição do termo design urbano, buscou-se a terminologia do design como uma forma de traçar parâmetros, contextualizar seu conceito e estabelecer as possíveis relações deste com o meio urbano e as áreas que o permeiam. O conceito de design ainda se apresenta indefinido, pois a etimologia da palavra (principalmente no Brasil a qual é de origem exterior) ainda gera confusões e
  4. 4. imprecisões, fato que resulta em debates recorrentes, que discutem desde a significação da palavra até os campos de atuação da mesma. Para NIEMEYER (apud Queiróz, 1961, p.26) “A palavra do idioma inglês design, é de origem latina, de designo, -as, -are, -avi, -atum, com os sentidos de designar, indicar, representar, marcar, ordenar, dispor, regular.” Segundo Bürdek (2006), a pluralidade de definições e a indefinição que gera discutições sobre o conceito de design é uma necessidade que não se atém à busca por uma definição, mas sim aos problemas que surgem e o design deverá atender, (como o próprio design urbano). O autor finaliza, e enfatiza que a procura hoje está associada não a definição terminológica, mas sim a preocupação de se adequar aos novos progressos tecnológicos; à boa utilização e ao fácil manejo; à clareza do processo produtivo, de consumo e reutilização; à boa comunicação e à significação dos produtos. Logo, o conceito de design, se apresenta muito abrangente, e não designa apenas a concepção de um produto ou objeto, mas, sobretudo, o seu caráter projetual, um processo de configuração de produtos e sistemas que podem solucionar inúmeros problemas do ambiente humano e suprir suas mais distintas necessidades (LÖBACH, 2001, p. 16). Considerando a especificidade do design como um fenômeno que afeta vários aspectos da sociedade, podemos visualizar sua prática como sendo um suporte para manifestações visuais e culturais de grupos sociais diversos, dando forma industrial ao imaginário, percebido como uma atividade criadora de novas realidades. (CERBINO, 2001, p. 10) Dessa forma, o design visa atender os interesses econômicos, sociais e culturais de cada época, atuando como mediador entre o indivíduo, o objeto e o espaço, por meio do desígnio de formas e características que correlacionem o contexto do entorno com as necessidades do homem, possibilitando a vivência de experiências estéticas que geram situações intensificadas de encontro e socialização. 2.3 Mobiliário urbano Atualmente a produção e composição de elementos urbanos estão geralmente relacionadas à arquitetura e ao urbanismo. O design urbano sendo um termo pouco utilizado aponta o design, principalmente para o desenvolvimento do mobiliário urbano, ou seja, à micro escala da configuração urbana. Segundo Mourthé (1998): ...o termo mobiliário urbano tem sido cada vez mais usado e difundido. A conscientização da importância de suas peças em uma cidade tem aumentado e é um novo campo que se expande para os designers. Os projetos de peças de mobiliário urbano passam a
  5. 5. diferenciar e a valorizar o espaço público, definindo padrões de qualidade. O conceito de mobiliário urbano é abrangente, e varia de acordo com diferentes autores e disciplinas, como afirma Araújo (2008, p.2), “O termo mobiliário é definido na maioria dos dicionários como um conjunto de móveis, mobília [...]”; a partir da definição encontrada no Dicionário de Urbanismo tem-se a seguinte ressalva: Mobiliário urbano (urban furniture, mobilier urbain, mobilaje urbana). Conjunto de elementos materiais localizados em logradouros públicos ou em locais visíveis desses logradouros e que complementam as funções urbanas de habitar, trabalhar, recrear e circular: cabinas telefônicas, anúncios, idealizações horizontal, vertical e aérea; postes, torres, hidrantes, abrigos e pontos de parada de ônibus, bebedouros, sanitários públicos, monumentos, chafarizes, fontes luminosas etc. (FERRARI, 2004) Por fim, Serra (apud ARAUJO, 2008, p.3) classifica o mobiliário urbano como um conjunto de elementos pertencentes a uma escala de microarquitetura urbana, que são instalados no espaço público com o intuito de atender ao cidadão por meio de um serviço, com usos e funções distintas, que se adéquam de acordo com as mudanças e as novas necessidades que surgem na cidade. Sobretudo, o mobiliário urbano tem como principal função auxiliar o cidadão nas suas mais variadas atividades cotidianas no meio público, assim, esses elementos que equipam a cidade, ultrapassam o caráter puramente funcional, e podem interagir com o usuário por meio de fatores estéticos e simbólicos neles presentes, atuando assim como “sintetizadores da imagem urbana de um lugar [...]”. (MUMFORD apud BASSO, 2010, p.5). Dessa forma, Basso (2009, p.4) afirma que o mobiliário urbano contribui para o conforto e lazer da comunidade, fornecendo conforto, proteção, serviços, informação, lazer, cultura, etc. De acordo com Águas, (2009 p.58) a maior parte dos projetos de mobiliário urbano implantado no espaço público, geralmente não consegue satisfazer as necessidades dos seus usuários e apresenta-se apenas como uma solução pontual, o pode ser trabalhado por meio do design já que, “O designer através da prática projetual pode contribuir com o desenvolvimento de novos elementos urbanos e assim proporcionar a requalificação espacial de uma cidade. A valorização dos espaços públicos através de interferências urbanísticas [...]” (BASSO, 2010, p.6) De facto, os designers que projectam estes sistemas de mobiliário urbano são confrontados com a escassez de material sobre o tema, tanto a nível técnico como a nível sociocultural, histórico, urbano e económico e as suas correspondências com o ambiente e a paisagem urbana. (ÁGUAS, 2009, p. 58)
  6. 6. 2.4 Uma breve definição A partir de tais apontamentos, pode-se refletir que o design urbano, ou design para a cidade é aquele o qual diz respeito ao ambiente urbano bem como seus equipamentos. Enquanto a arquitetura concretiza projetos e reflete acerca do planejamento urbano e edificações em uma macro escala, o design se atenta a um recorte de tal, podendo solucionar problemas e necessidades da micro escala espacial, bem como servir de suporte para o desenvolvimento de equipamentos com foco nos usuários (como por exemplo utilizando a prática do DCU – Design Centrado no Usuário). Assim como a sua atuação, o termo design urbano é relativamente novo devido às confusões na sua tradução da língua inglesa – urban design, para a portuguesa – desenho urbano. Há contradições e reflexões acerca deste conflito como apresenta Barbosa (2008, p. 3470): De acordo com as conceituações e práticas do design e do desenho urbano discutidas anteriormente, observa-se que existe certa confusão de definições das áreas no Brasil. Para Del Rio (1990:51) o termo design possui conotações muito mais amplas que mera representação gráfica como o seu correlato em nossa língua, desenho. Como a expressão desenho urbano já é corrente na língua portuguesa, o campo tende a ser tratado de forma limitadora, onde deve ser uma atividade multidisciplinar, interessada tanto no processo de transformação da forma urbana, quanto no espaço resultante de tal processo. Segundo Barbosa (2008, p. 3470), “O compromisso do Design Urbano caracteriza-se pelo estudo do espaço urbano não como um objeto isolado, mas integrado a todas as atividades existentes relacionadas à configuração do espaço estudado”. Logo, o design como prática no espaço público se apresenta como mediador entre o espaço, o indivíduo e os objetos que ali se apresentam, compondo uma teia de relações sociais e culturais que segundo Ferrara (2002, p. 17), é simultaneamente princípio de sentido para aqueles que o habitam, e princípio de inteligibilidade para quem o observa. 3 A interlocução disciplinar em meio ao urbano Pode-se dizer que o meio público está sujeito a influência direta dos fatores que o permeiam, a estrutura, a política, a cultura, a sociedade, entre tantos que podem ser citados. Tais fatores implicam na convergência e tangência de saberes e diferentes experiências, bem como a do design, da arquitetura, ou da arte. Porém ao mesmo tempo em que existe a abertura para tais encontros, há a necessidade de afirmação, e delimitação, fazendo com que se criem divergências
  7. 7. entre as disciplinas. Segundo Morin (2005, p. 105) vivemos numa época de saberes isolados uns dos outros, o que faz esquecer a comunicação entre eles e que os grandes problemas são multidimensionais. Assim, questiona-se, a relação com as outras áreas, a questão da profissão e dos limites e fronteiras que permeiam o design, bem como seus correlatos. Todavia a contemporaneidade perante esses encontros se mostra hábil a desestabilizar as fronteiras entre as disciplinas, fazendo as profissões se apresentarem cada vez mais flexíveis, realizando inúmeras tarefas partindo de suas respectivas perspectivas, ampliando a possibilidade de atuação das diferentes áreas do conhecimento. Assim, se faz relevante a opinião de Bueno (2003, p. 197) “A partir do momento em que o arquiteto desenha dentro de um contexto local, ele passa a ser o designer.” Em meio às confusões terminológicas, passa-se a refletir sobre o designer tornando-se um mediador, estabelecendo conexões e aproximando os usuários dos objetos, espaços e disciplinas que cabem ao espaço público. Sobre isto, Costa (2004, p.1) discorre: Produção e recepção são duas facetas de uma mesma experiência, então como tornar o usuário reativo para experimentar o produto da arquitetura? O caminho escolhido perpassa a discussão em torno dos atributos do design, de onde se investigou o papel do objeto como instrumento mediador entre sujeito e espaço. Sendo a arquitetura uma manifestação artística, a reflexão refere-se à arte como uma condição, entendida sobretudo como fazer e como transformação da realidade, compartilhando do conceito de Luigi Pareyson, e o design como uma essência que guia o processo produtivo de arquitetos, artistas e designers em geral. Partindo do contexto do design urbano verifica-se então, que da arquitetura utiliza-se o planejamento urbanístico, as edificações, o paisagismo e as vias; da arte cria-se intervenções, ornamentos, diálogos e descontinuidades de e para o cotidiano; do design desenvolve-se o contexto, o uso e as formas; entre outras áreas como a antropologia ou a sociologia que passam a estabelecer relações entre tais a partir do estudo de questões acerca do homem. Logo, verifica-se a necessidade de realizar projetos colaborativos, entre designers, arquitetos e artistas, tendo em vista a relação entre tais áreas, promovendo a reflexão acerca da contextualização e intervenção nos lugares a partir das diferentes perspectivas de atuação e flexibilização de olhares e práticas, visando a reestruturação dos equipamentos até a concepção simbólica de produtos e mobiliário com foco na revitalização do espaço.
  8. 8. 4 Pesquisa de campo – (ou abordagem prática?) Como complemento ao levantamento teórico e a fim de verificar a participação do design no contexto urbano, desenvolveu-se uma coleta de dados direta por meio de registros fotográficos na cidade de Florianópolis a cerca dos equipamentos de mobiliário urbano das praças do centro da cidade. Devido a fatores de proximidade, a pesquisa de campo foi desenvolvida na cidade de Florianópolis, considerando como critério, lugares de grande circulação e participação de pessoas, importância cultural e histórica do espaço, pois como afirma Emmendoerfer (2010, p.99): De modo geral as áreas centrais das cidades possuem uma forte concentração de equipamentos públicos e de instituições públicas; a marcante presença de atividades comerciais; uma alta densidade de edificações onde coexistem edifícios antigos com outros novos e uma grande variedade e diversidade de usos. O centro de Florianópolis é um sítio dotado de lugares tradicionais, repletos de simbolismo, consagrado como palco de manifestações culturais desde seus primórdios. Atualmente, o espaço ainda conserva sua função original de principal espaço de comunicação da cidade. Procurou-se também, por meio de uma entrevista no IPUF, entender como são desenvolvidos os projetos de configuração do ambiente, e como se dá a inserção do mobiliário urbano e se há a participação do design neste processo em meio aos órgãos públicos. 4.1 Registro do mobiliário urbano nas praças do centro de Florianópolis Considerando os conceitos encontrados acerca do design urbano, e ressaltando que sua participação na configuração dos espaços da cidade se dá em uma escala micro, teve-se como critério para o registro, a seleção de elementos do mobiliário urbano das praças do Centro de Florianópolis. Para isso, foram registrados 15 tipos de mobiliário urbano (Figura 1), de caracteres e funções diferentes nos seguintes locais: Praça XV de Novembro, Praça Celso Ramos, Largo da Alfândega, Praça Amaro Seixas Neto.
  9. 9. Figura 1: Registro dos Mobiliários Urbanos do centro de Florianópolis Fonte: Acervo Próprio As fotos tiradas tiveram o propósito de levantar dados para uma futura análise e verificação da existência e participação do design no equipamento urbano de Florianópolis, segundo os parâmetros estabelecidos como „design urbano‟ na primeira etapa. O termo de design urbano, assim como o próprio design, apresenta indefinições de conceituação, porém o design urbano, diferentemente de outras áreas de atuação do design como o gráfico ou o industrial, por exemplo, não oferece uma definição clara, e estudos plausíveis que possam desenvolver métodos de pesquisa e bibliografia suficiente de apoio a novos estudos. Dessa forma, o intuito de desenvolver um estudo mais aprofundado sobre a participação do design urbano na cidade de Florianópolis, por meio de uma análise do espaço e seus elementos constituintes, ficou limitado apenas à coleta dos dados. Contudo Barbosa (2009, p.4) apresenta em sua obra, a metodologia de análise visual do equipamento urbano proposta por João Batista Guedes (2005) em sua tese de doutorado, e enfatiza que: [...] o resultado é uma técnica que procura ordenar e explicitar os diversos níveis de complexidade que envolve a análise da forma dos equipamentos urbanos: uma abordagem em que o meio urbano é tratado como parte integrante da configuração geral dos mobiliários nele presentes. (GUEDES, appud BARBOSA, 2009 p.4.)
  10. 10. O apontamento da autora sobre a metodologia desenvolvida para análise do mobiliário urbano é de suma importância para o desenvolvimento de novos conceitos e estudos, porém a indisponibilidade e inacessibilidade aos documentos existentes é um fator que dificultou e impossibilitou uma análise teórica acerca dos equipamentos registrados. 4.2 Visita ao IPUF Após o registro dos equipamentos urbanos, procurou-se por meio de uma entrevista com o arquiteto responsável pelo Setor de Planejamento e Projeto – GSP do IPUF (Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis), obter informações sobre o desenvolvimento e implantação do mobiliário atual da cidade, bem como os critérios de avaliação, para seleção de tais equipamentos e projetos terceirizados. Dentre as questões abordadas, ressaltou-se sobre: o objetivo do Instituto, os profissionais que nele atuam, a sua participação na configuração do espaço urbano, o desenvolvimento interno de projetos para o mobiliário urbano, os critérios de avaliação para a escolha dos projetos, o papel do usuário nos projetos e a se há participação de designers no IPUF. O IPUF tem como principal objetivo à normatização e regulamentação da ocupação do solo urbano, atuando assim, como responsável pelas diretrizes do Plano Diretor de Florianópolis. Segundo o diretor do GSP, entre os profissionais que atuam hoje no Instituto, estão principalmente: arquitetos, geógrafos, geólogos, engenheiros civis, sociólogos entre outros. Acerca dos projetos e mobiliários urbanos desenvolvidos atualmente na cidade, apenas parte destes passam pelo IPUF, isso, pois de acordo com o arquiteto, há uma segregação de projetos entre órgãos e secretarias, e o Instituto que seria o principal responsável por este processo acaba por não ter acesso a todos os projetos. Questionado sobre os critérios de seleção para o mobiliário urbano o arquiteto diz que o objetivo principal é priorizar o usuário e cita como exemplo o projeto desenvolvido por ele na revitalização da Rua Vidal Ramos (Figura 2). No projeto em questão ele afirma que para facilitar a passagem do usuário pela rua, medidas como o alargamento das calçadas e adequação da estrutura aos deficientes visuais foram tomadas, além da criação de algum mobiliário seguindo uma unidade estética em floreiras, bancos, marquises e placas de sinalização (Figura 3).
  11. 11. Figura 2: Revitalização Vidal Ramos Figura 3: Revitalização Vidal Ramos O arquiteto relata: “Mas essa questão do mobiliário é muito assim, pontual, emergencial, então há realmente um plano pra se executar esse tipo de tarefa. Então o que se faz aí, quando se precisa fazer uma praça, em determinada comunidade, se faz um projeto de mobiliário, mas não existe definido, um plano de mobiliário para a cidade, isso não existe.” Ainda sobre a revitalização da Rua Vidal Ramos, afirma que, por mais que o projeto tenha sido desenvolvido no interior do Instituto, e por ele em parceria com os comerciantes, o projeto é executado por empresas terceirizadas em parcerias com os proprietários das lojas. Questionado sobre as principais necessidades da cidade, ele diz que a grande carência de hoje está realmente na necessidade de se desenvolver um plano específico para o mobiliário, que não fosse baseado na cópia, mas que tivesse a identidade da cidade, para que ela fosse melhor percebida pelos turistas e valorizada pelos moradores, que contribuiriam com a participação e cuidado do espaço e seus equipamentos. Atualmente não existem designers atuando no IPUF, mas o arquiteto considera interessante a participação do design, ressaltando os pontos positivos e possíveis diálogos, pois ambas as profissões de arquiteto e designer são interligadas e semelhantes. Atualmente, junto ao IPUF, atua a COMAP, (Conselho Municipal de Arte Pública), e aparentemente não há uma preocupação vigente em se trabalhar os projetos arquitetônicos e parceria com os de arte, o que evidencia que a atuação interdisciplinar hoje não acontece ou é limitada, fato este que fortalece a necessidade de se ter o design como participante dos projetos e integrador dessas áreas. Fonte:http://www.acif.org.br/novidades/revi talizao-da-vidal-ramos-ser-concluda-em- agosto Fonte:http://www.acif.org.br/novidade s/revitalizao-da-vidal-ramos-ser- concluda-em-agosto
  12. 12. 5 Resultados e Discussões Após a reflexão acerca dos diversos dados e informações coletados ao longo da pesquisa optou-se por apresentar as considerações por meio de discussões levantadas, que se mostram pertinentes a continuação do estudo do tema. 5.1 Resultados preliminares Como resultados preliminares: a) descobriu-se a não atuação de designers em órgãos públicos, eliminando a possível prática e reflexão interdisciplinar no espaço público atual de Florianópolis – a política hoje reflete diretamente na atuação dos diferentes órgãos (IPUF, Secretaria de Obras, FLORAN), e estes órgãos possuem divergências que impossibilitam a flexibilização tanto profissional, quanto prática, desde a não-unidade do mobiliário urbano até a comunicação entre os setores; b) percebeu-se a falta de atrativos no mobiliário urbano atual, levantando-se a questão se o mobiliário urbano que existe hoje pode ser considerado design urbano; c) verificou-se, portanto, a falta da aplicação do design na configuração dos espaços da cidade, necessitando de espaços e equipamentos que promovam a interação da sociedade com o ambiente urbano, pensando o melhor funcionamento do sistema cidade; d) a escassez de bibliografias a cerca do tema é um impasse que dificulta o desenvolvimento de novos estudos; e) sinalizou-se a necessidade de desenvolver novos estudos sobre o tema, pois atualmente não existem parâmetros consistentes para que se possa desenvolver uma análise semiótica, ergonômica ou estética dos produtos inseridos no espaço urbano. 5.2 Perspectivas para o Design Urbano A pesquisa compreendeu uma abordagem através de teorias sobre a arquitetura, o design, a semiótica e a arte, porém podem-se realizar estudos particulares a partir de cada uma, ou verificar outras perspectivas como a sócio-política ou a antropológica para a obtenção de novos apontamentos. O espaço público urbano contemporâneo, assim como a sociedade, é marcado por mudanças e avanços tecnológicos, fazendo assim com que surjam novos anseios e necessidades, que refletem no planejamento da cidade, pois, “As mudanças ocorridas na sociedade através dos séculos se refletem na evolução das cidades e no conceito de design, seja ele voltado para o espaço urbano ou não.” (BARROS, 2006, p.1).
  13. 13. Dessa forma, o design como atividade dinâmica projetual, pode participar desse processo juntamente com outras áreas e suprir inúmeros impasses que surgem neste ambiente, pois equipamentos e ambientes mal projetados podem surtir em diversos problemas que resultam no abandono e inutilização de diversos espaços públicos. Surgem assim novas necessidades que podem ser supridas por novos equipamentos, como o mobiliário urbano. Essa parte, que cabe aos designers industriais, exige em seu projeto o máximo de integração com outras áreas de conhecimento como o urbanismo, a arquitetura e o paisagismo. (BARROS, 2006, p.1) Portanto, pode-se concluir que o design, pode se apresentar como importante ferramenta na configuração do espaço e desenvolvimento de seus equipamentos assim e de acordo com Faria (2009, p. 163), “Uma proposta interessante de organização urbana reside na elaboração do Planejamento Estratégico de Cidades, que tem o objetivo básico de se planejá-las, baseando-se no processo participativo.” [...] a cidade pode ser entendida como um ecossistema, por tratar- se, no dizer de LOPES (1998, p. 14), de "uma unidade ambiental, dentro da qual todos os elementos e processos do ambiente são inter-relacionados e interdependentes, de modo que uma mudança em um deles resultará em alterações em outros componentes"2. Dessa forma, é importante que se cuide bem da cidade, porque se há um desequilíbrio nesse meio, o comprometimento atingirá áreas bem maiores e em grande escala. (FARIA, 2009, p. 163) Referências ÁGUAS, S. I. R. G. V. S. DESIGN DE CANDEEIROS DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA para a Sustentabilidade do Espaço Público. Tese (presentada per a la defensa del grau de doctor.) Trabalho co-financiado pelo POCI 2010 e pelo FSE – Fundo Social Europeu. ARAÚJO, A. S. de; et all. Diálogo: Espaço, design, cultura. Revista Galáxia n.6, p. 191-209. PUC, São Paulo, outubro, 2003. Disponível em <revistas.pucsp.br/index.php/galaxia/article/download/1343/831>. Acesso em 22 de maio de 2011. ARAÚJO, R. G. O MOBILIÁRIO URBANO AO LONGO DOS TEMPOS. In: I colóquio sobre historia e historiografia da arquitetura brasileira. 2008. BARBOSA, A. C. M. Design na cidade - Relação conceitual entre o design e o espaço urbano. In: Anais do 8º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design. 2008. BARBOSA, A. C. M., GÓMES, L. A.; DANTAS, N. B. O Produto do Espaço Urbano. In: Anais do 9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design.2008. BARROS, Laura Xavier. DESIGN E CIDADE O PAPEL DO DESIGN COMO MEDIADOR DA RELAÇÃO ENTRE O ESPAÇO PÚBLICO E SEUS USUÁRIOS. Dissertação (Trabalho de conclusão do curso de Design Industrial da Universidade do
  14. 14. Estado de Santa Catarina) UDESC - Universidade do Estado de Santa Catarina. Florianópolis, 2006. BASSO, L.; VAN DER LINDEN, J.C.S. Mobiliário Urbano: Origem, Forma e Função. In: Anais do 9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design.2010. BERALDO, L.; et all. Design nos espaços públicos: um presente para a cidade. In: Anais do 9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design. 2010. BERNARDI, J. L.; GARCIAS, C. M.. AS FUNÇÕES SOCIAIS DA CIDADE. In: Revista Direitos Fundamentais & Democracia. Vol.4, 2008. Disponível em <http://revistaeletronicardfd.unibrasil.com.br/index.php/rdfd/article/viewFile/158/118>. Acesso em 10 de junho de 2011. BONSIEPE, Gui. Design do material ao digital. 1ª ed. Florianópolis: FIESC/IEL,1997. BRANDÃO, Pedro. Ética e Profissões no Design Urbano. Convicção, Responsabilidades e Interdisciplinaridade. Tese (Doutorado). Universidade de Barcelona. 2005. Disponível em <http://tdx.cat/bitstream/handle/10803/1541/LIBRO_1.pdf?sequence=1>. Acesso em 21 de setembro de 2010. BURDEK, Bernhard E. Design: história, teoria e prática do design de produtos. São Paulo: E. Blucher, 2006. CASTELLO, L.; ANDRADE, L. O Lógico e o Psicológico no Desenho da Cidade. In: Estudos em Design. Rio de Janeiro. 2001. CERBINO, A. L. F. O Espaço Urbano: Reflexos no Design. In: Estudos em Design. Rio de Janeiro. 2001. COSTA, Flávia Nacif da. Uma reflexão sobre o design como reativador da experiência espacial. In: Textos Especiais - Vitruvius. 2004. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/assunto/assunto_design.asp>. Acesso em 5 de setembro de 2010. EMMENDOERFER, Luana. DINÂMICA NA ÁREA CENTRAL DE FLORIANÓPÓLIS: REFLEXÃO SOBRE SEU PAPEL E SUA INSERÇÃO COMO LOCAL TURÍSTICO. In: INTRATEXTOS, Rio de Janeiro. vol.2, nº 1, PP. 97 – 109, 2010. Disponível em: < http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/intratextos/article/view/1763/1360>. Acesso em 10 de junho de 2011. FARIA, Leonardo. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO, ESTATUTO DA CIDADE E PLANO DIRETOR: métodos e instrumentos de organização e gestão do espaço urbano. In: CAMINHOS DE GEOGRAFIA - Revista on line, Dez/2009, Vol.10, nº32, p.162-170. Disponível em: <http://www.ig.ufu.br/revista/caminhos.html>. Acesso em 10 de junho de 2011. FERRARA, Lucrécia. Design em Espaços. São Paulo. Rosari. 2002. FERRARA, Lucrecia D‟Aléssio. Ver a cidade. São Paulo: Nobel, 1988. FERRARI, Celson. Dicionário de Urbanismo: Disal Editora, 2004 FERREIRA, William Rodrigues. O espaço público nas áreas centrais: a rua como referência - um estudo de caso em Uberlândia-MG. Tese de doutorado. Universidade de São Paulo, 2002. Disponível em <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-28042006-103725/>. Acesso em 22 de setembro de 2010. FLÜSSER, Vilém. O mundo codificado. São Paulo: Cosac & Naify, 2007. LÖBACH, Bernard. Design Industrial: Base para a configuração dos produtos industriais. São Paulo: Edgar Blücher, 2001. LYNCH, Kevin. A imagem da cidade. Lisboa: Martins Fontes, Ed. 70, 1980. MORIN, Edgar. Introdução ao pensamento complexo. Porto Alegre: Sulina, 2005. MOURTHÉ, Cláudia. Mobiliário Urbano. Rio de Janeiro: 2AB Editora, 1998. NIEMEYER, Lucy. Design no Brasil: origens e instalação. 2ª ed. Rio de Janeiro: 2AB, 1998.

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