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Introdução
As artes visuais na educação infantil ganham cada vez mais seu espaço, pois os
estudos apontam a necessidade da criança ser entendida como um ser biopsicossocial e a
arte clama pelo ser humano completo, que se entregue de corpo e alma, pois a arte para a
criança possibilita reconhecer-se e expressar-se.
Na sociedade contemporânea o tempo é outro, às vezes torna-se imperceptível, falta
tempo! As crianças já não recebem educação apenas de seus pais, essa educação é
compartilhada com a escola. A estrutura familiar não é homogênea, há muita diversidade
no Brasil e sob todos os aspectos: sociais, econômicos, culturais, etc. O tempo de “fazer
nada” não existe na escola, não é concebível. E como fica o aspecto emocional? Precisamos
de tempo para parar, para pensar, sentir, perceber-se. As crianças também. Elas passam por
diversos conflitos, estão conhecendo e tentando explorar o mundo que a cerca, há
dificuldades motoras, próprias de seu desenvolvimento, a aquisição da fala, o seu próprio
tamanho e a necessidade de aprender a cuidar de si é extremamente necessária. A influência
da tecnologia e da informação quase que instantânea afeta as suas “teorias”, as suas ideias.
E o desenho, a pintura, a escultura, o recorte, a colagem, para que servem, então? O
objetivo desse trabalho é demonstrar o impacto na vida de uma criança que tem
oportunidade de se expressar, de brincar com diversos materiais, de explorar o mundo, de
alfabetizar-se visualmente, e que nada está fragmentado, pois o processo único que as artes
visuais proporcionam, facilita o aprendizado de outros conhecimentos como o científico,
que experimenta, argumenta, expõe ideias, que usa a criatividade, reinventa, imita,
memoriza, aprende. Alguns autores como Moreira, Derdyk e Richter fizeram parte do
referencial teórico para esta reflexão.
O ser humano comunica-se e as artes visuais são mais uma forma de expressão e
manifestação de sua inteligência.
Desenho
O desenho é para criança uma forma natural de expressão. É brincadeira,
descoberta, admiração, prazer. É reconhecimento de mundo, é percepção de espaço.
Segundo Moreira (2010), o espaço do desenho é amplo, entendido não só pela sua
expressão gráfica, mas pelo desenho de seu espaço lúdico, pela maneira de se projetar e
pela necessidade de utilizá-lo como linguagem numa possibilidade de ver-se e rever-se
unindo pensamento e sentimento.
A criança passa por um processo de reconhecimento de si e do mundo e todas as
formas de expressão podem se tornar aliadas neste momento. “Desenhar objetos, pessoas,
situações, animais, emoções, ideias são tentativas de aproximação com o mundo. Desenhar
é conhecer, é apropriar-se”. Derdyk (2010, p.29). O desenho faz parte de um conjunto de
atividades plásticas e assume grande importância para o desenvolvimento emocional e
intelectual, pois, “é fonte original de criação e invenção é exercício da inteligência
humana”. Derdyk (2010, p.44).
Assim que o desenvolvimento motor permite às crianças bem pequenas manusear
objetos é possível oferecer materiais que possibilitem a marca no papel. A modificação, a
princípio sem intenção, torna-se um ato intencional quando ela percebe que pode fazer um
registro, isto é, visualizá-lo no papel ou em qualquer outro suporte. Surgem as garatujas,
prazer motor a partir de um jogo de repetição onde inicia o desenvolvimento gráfico da
criança repleto de significações que para nós pode não ser compreensível, mas como afirma
Derdyk:
A excitação motora conduz a outros gestos. Já está implícita aí uma
atividade mental, na medida em que a criança associa, relaciona, subtrai
ou adiciona um gesto a outro. O desenho é indecifrável para nós, mas
provavelmente, para a criança, naquele instante, qualquer gesto, qualquer
rabisco, além de ser uma conduta sensório-motora, vem carregado de
conteúdos e de significações simbólicas. (2010, p.55).
A consciência do papel do professor de educação infantil frente ao desenvolvimento
do grafismo poderá desencadear a posição de si mesmo, enquanto desenhista, reafirmando
uma crença de não conseguir desenhar, e da criança em relação ao desenho, tornando-se
meros copistas que não acreditarão que são capazes de aprender atrofiando o
desenvolvimento natural do mesmo, ou compreenderão que existe arte massificada que
caminha na contramão do ideal considerando que “A arte é separada da vida e não mais
manifestação da vida”. Moreira (2010, p.54).
Os desenhos pedagógicos prejudicam as crianças pequenas, eles a retiram do
processo de criação, proíbem o desenvolvimento da criação, da maneira de interpretar. Para
Moreira (2010, p.87), os desenhos pedagógicos são muito simplificados e atendem a uma
ideia abstrata do objeto e o que é compreensível para o adulto, muitas vezes não o é para a
criança, e assim, o desenho vai perdendo em significação para ela.
O professor deve oportunizar um espaço de vivências expressivas com uma grande
variedade de materiais, de acordo com a realidade de cada instituição, para que a criança
possa escolher e encontrar o seu próprio caminho, o que mais a satisfaz durante a criação
reconhecendo que “A vivência é a fonte do crescimento, o alicerce da construção de nossa
identidade. Fornece um leque de repertório, amplia a possibilidade expressiva”. Derdyk
(2010, p.17).
Infelizmente encontra-se ainda na educação concepções de ensino que não
concordam com a teoria citada acima e na prática: “A escola, porta-voz de uma visão do
mundo, pode subliminarmente aprisionar a capacidade de a criança perceber e compreender
o mundo por si mesma: este lhe é dado, apresentado e assinado”. Derdyk (2010, p.101).
Para a autora supracitada, o desenho é a projeção do espaço no papel da percepção
vivida pela criança (p.81) e que copiar é ensinar estereotipia, é esvaziar o sentido da
pesquisa natural (p. 105) e acrescenta:
O desenho não é mera cópia, reprodução mecânica do original. É sempre
uma interpretação, elaborando correspondências, relacionando,
simbolizando, significando, atribuindo novas configurações ao original.
O desenho traduz uma visão porque traduz um pensamento, revela um
conceito. Derdyk (2010, p.110).
O professor de educação infantil tem papel fundamental no desenvolvimento global
das crianças e em relação ao desenho pode-se dizer que: “As crianças são extremamente
vulneráveis aos comentários dos adultos, especialmente quando sabemos que o desenho
expressa a criança inteira”. Moreira (2010, p.87).
Para enriquecer alguns pontos, segue o relato de uma entrevista com Denis Garcia
Mandarino1
sobre artes visuais:
1
Denis Mandarino (nascido em São Paulo, em 7 de maio de 1964) é compositor, escritor, artista
plástico e geômetra.[10]
Discípulo do maestro Hans-Joachim Koellreutter em regência coral e Estética.[2]
Escreveu em 1995 uma teoria sobre a percepção quadridimensional[11]
, sob o nome de Crítica da Teoria das
Projeções, onde afirma que os conceitos por detrás da perspectiva renascentista envolvem quatro
dimensões, ao invés da tridimensionalidade que comumente lhe é atribuída.
[12]
Em 2007 propôs o
Versatilismo[13]
através do Manifesto Versatilista.[14]
Como você descreve o desenho?
O desenho é tudo (Gombrich – História da Arte). Desenho, numa abordagem mais
ampla, é o próprio projeto. Tanto é que a melhor tradução para a palavra design seria
“desenho enquanto projeto”. Um administrador desenha o organograma de uma empresa,
uma sinfonia é o desenho do roteiro musical, uma obra de arquitetura parte do desenho de
um espaço. Quando você planeja, você desenha. A boa organização, provavelmente partiu
de um desenho.
As linguagens visuais se comunicam entre si?
Não da forma de uma nota fá representar uma cor vermelha, por exemplo, mas as
linguagens têm correlações entre si. Existem elementos que são comuns às linguagens
artísticas, tais como: predomínio, contraste, pontos de interesse, tensão, monotonia, ritmo,
espaço...
E qual a relação da pintura com o desenho?
Vulgarmente as pessoas entendem o desenho como a fase que antecede a hora de
colorir, mas a pintura é mais que isso. Eu por exemplo já inicio com as manchas na tela
(algumas vezes, nem sempre) e o desenho é aquela imagem que está na minha mente, que
tento expressar através de linhas, configurações e cores. Todos os desenhistas e pintores
(digamos artistas plásticos) têm apenas as linhas, as configurações e as cores (incluindo-se
aqui as tonalidades que vão do mais claro, para o mais escuro).
O artista faz um esboço antes de criar uma pintura na tela ou em outro suporte?
Alguns fazem outros não. Mais é mais comum fazerem esboços e estudos.
Esboço seria o desenho de algo que eu quero visualizar para criar outra coisa, como
uma escultura?
Também pode ser. Tanto é que o desenho do Leonardo da Vinci é mais o de um
pintor, que se preocupa com luz e sombra. Já o desenho de Michelângelo é o de um escultor
que aperta mais o lápis nas partes em que a pedra seja mais desgastada. São abordagens
completamente diferentes. Tente perceber essas diferenças.
Pintura
"A pintura é uma importante forma de interação entre a criança e o mundo"
Richter, 2002
Na pintura assim como no desenho, que é uma linguagem única das crianças, muitas
vezes a mesma manuseia materiais artísticos e produz formas por puro prazer, não havendo
intencionalidade de representação, mas à medida que vai crescendo, o que se percebe é que
os gestos anteriormente desordenados e exagerados vão pouco a pouco dando forma a
expressões mais definidas, organizadas e controladas. A criança passa gradativamente a
gerir seus atos, comanda o traço e o desenho, aperfeiçoa cada vez mais seus gestos, sua
evolução gráfica e psicomotora perante a construção artística.
Para Richter (2002, p.11), é na interação da criança com os objetos de
conhecimento, (desenho, pintura, modelagem, etc) que o processo expressivo se constitui.
Sendo então, o caminho da construção gráfico-plástica pela criança pequena passa
necessariamente pela exploração livre dos materiais, pela construção das hipóteses sobre
estes e pela capacidade imaginativa e investigativa de cada uma. Por isso, é preciso
ambientes desafiadores e estimulantes, auxiliando as crianças nesse percurso, no qual elas
se utilizam dos recursos simbólicos do meio artístico para construir representações
significativas específicas que só a arte é capaz de proporcionar.
Sendo que, existem várias formas de trabalhar com a pintura: a leitura e a
releitura de obras de arte, a partir de histórias, fotos, etc; utilizando diversos materiais,
explorando gestos, linhas, claro e escuro, quente e frio, cores e misturas, tonalidades,
sensações, através de técnicas que devem ir de acordo com os objetivos propostos pelo
educador a ser alcançado pelos alunos.
Artes Visuais no contexto Escolar
Como não existe uma formula para ser aplicada em sala de aula, pois cada
realidade é única e suas necessidades tem que ser respeitadas, muitos profissionais da
educação pensa e se questionam sobre qual proposta em Artes será a melhor para a sua
turma de Educação Infantil?
Como citado anteriormente, não há receita, entretanto, o Referencial Curricular
Nacional de Ed. Infantil vol.3, trás indicadores que auxiliam a prática deste profissional.
O mesmo inicia narrando como os trabalhos das crianças eram pouco ou nada
valorizados e tratados como, passatempo, de cunho decorativo, para reforçar conteúdos
trabalhados em outros eixos temáticos, entre outros, mas que no início do século, com os
estudos e pesquisas, a mesma passa a ser valorizada em níveis psicológicos,
psicopedagógicos, filosóficos, etc, tendo em vista o desenvolvimento das crianças.
Mas essa valorização da produção e criação infantil evoluiu muito pouco,
passando a ver as expressões das crianças, como algo automático delas, necessitando de
uma mudança no ensino da arte, que considere a influência da cultura na arte da criança e
que a mesma, reflete e age sobre suas produções.
Sendo assim, as Artes Visuais devem ser concebidas, como uma linguagem que
tem estrutura e características próprias e sua aprendizagem se dá no âmbito prático e
reflexivo, articulando os aspectos: fazer artístico, apreciação e reflexão.
É necessário também pensar em outros aspectos como:
1 - Organização do Tempo: que pode ser organizado em;
- Atividade permanente - Que acontece regularmente, diária ou semanalmente, na
rotina das crianças.
- Sequência de atividades - Constitui em uma série planejada e orientada de tarefas,
que objetiva promover um aprendizado específico e definido.
- Projetos - Forma de trabalho que envolve diferentes conteúdos, em torno de um
produto final, este por sua vez, geram novas aprendizagens e projetos, lembrando que os
projetos partem das escolhas e com a participação dos alunos.
2 - Espaços: Adequado, confortável, com mobiliário, espaços fixos e moveis, locais
para guardar materiais e produções, torneiras, etc, tudo sempre ao alcance das crianças.
4 - Materiais: Os mais variados possíveis, adequados e tomando cuidado de não
oferecer riscos as crianças.
Quanto à atuação do professor entre outros o mesmo deve, estimular o
desenvolvimento da imaginação criadora; respeitar as peculiaridades de cada criança, já que
o percurso de criação e construção é individual; enriquecer a ação educativa intencional; e
nunca deixando de lado a observação - que visa conhecer melhor o aluno individualmente
e em grupo; o registro - como fonte de orientação de seu trabalho; e a avaliação formativa
- que mostra ao aluno suas conquistas e criação e ao professor uma reflexão e estruturação
do cotidiano.
Conclusão
Uma das maneiras de o adulto romper suas formas cristalizadas é
resgatar seu próprio processo expressivo, voltando a brincar com os
materiais, não tendo medo de mostrar suas próprias descobertas
formais, espaciais e coloristas, lançando se junto com as crianças na
aventura de criar o inusitado, acompanhando o processo expressivo
infantil junto com o seu próprio processo. (RICHTER, 2002, p.10)
Portanto, podemos concluir que com a escola sofre influência da sociedade. O
que ela considera, valoriza tem grande impacto na educação, mas como a sociedade nem
sempre age com sensibilidade para os que fazem parte dela, cabe a nós não ceder
completamente a esse pedido que vem de fora para dentro da escola. Devemos sim permitir
que nossas crianças conquistem liberdade de expressão com respeito ao próximo que
aprendam de forma global, através de múltiplas linguagens sem desfavorecer nem
supervalorizar nenhuma delas como já nos ocorre outros níveis de ensino, talvez a educação
infantil seja a única oportunidade de explorar, captar, ganhar, multiplicar, paralisar o seu
precioso tempo com dedicação total de corpo e alma, com sensibilidade e racionalidade
para que futuramente a criança se torne capacitada para resolver os problemas que
encontrar no caminho, pensando por si mesmo, buscando as mais variadas estratégias para
viver melhor, para se conhecer, para se respeitar e respeitar o outro com todas as
diversidades que existem, sensibilizando-se, sentindo, chocando-se, inventando, criando e
recriando modos de viver.
Com as artes visuais podemos oferecer as crianças oportunidade de criar a realidade.
Realidades de vivências diferenciadas.
Referências
CUNHA, Susana Rangel Vieira. Cor, som e movimento: a expressão plástica,
musical e dramática no cotidiano da criança. Porto Alegre: Mediação, 2002.
DERDYK, Edith. Formas de pensar o desenho: desenvolvimento do grafismo
infantil. Porto Alegre: ZouK, 2010.
MOREIRA, Ana Angélica Albano. O espaço do desenho: a educação do educador.
São Paulo: Loyola, 2010.
MCDONNELL, Patrick. Artur faz arte. São Paulo: Girafinha, 2007.
REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL
(1988). Brasília: Ministério da Educação e do Desporto, vol.3.
Mandarino, Denis Garcia. Entrevista realizada em setembro de 2012.

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Artes visuais: desenho e pintura

  • 1. Introdução As artes visuais na educação infantil ganham cada vez mais seu espaço, pois os estudos apontam a necessidade da criança ser entendida como um ser biopsicossocial e a arte clama pelo ser humano completo, que se entregue de corpo e alma, pois a arte para a criança possibilita reconhecer-se e expressar-se. Na sociedade contemporânea o tempo é outro, às vezes torna-se imperceptível, falta tempo! As crianças já não recebem educação apenas de seus pais, essa educação é compartilhada com a escola. A estrutura familiar não é homogênea, há muita diversidade no Brasil e sob todos os aspectos: sociais, econômicos, culturais, etc. O tempo de “fazer nada” não existe na escola, não é concebível. E como fica o aspecto emocional? Precisamos de tempo para parar, para pensar, sentir, perceber-se. As crianças também. Elas passam por diversos conflitos, estão conhecendo e tentando explorar o mundo que a cerca, há dificuldades motoras, próprias de seu desenvolvimento, a aquisição da fala, o seu próprio tamanho e a necessidade de aprender a cuidar de si é extremamente necessária. A influência da tecnologia e da informação quase que instantânea afeta as suas “teorias”, as suas ideias. E o desenho, a pintura, a escultura, o recorte, a colagem, para que servem, então? O objetivo desse trabalho é demonstrar o impacto na vida de uma criança que tem oportunidade de se expressar, de brincar com diversos materiais, de explorar o mundo, de alfabetizar-se visualmente, e que nada está fragmentado, pois o processo único que as artes visuais proporcionam, facilita o aprendizado de outros conhecimentos como o científico, que experimenta, argumenta, expõe ideias, que usa a criatividade, reinventa, imita, memoriza, aprende. Alguns autores como Moreira, Derdyk e Richter fizeram parte do referencial teórico para esta reflexão. O ser humano comunica-se e as artes visuais são mais uma forma de expressão e manifestação de sua inteligência. Desenho O desenho é para criança uma forma natural de expressão. É brincadeira, descoberta, admiração, prazer. É reconhecimento de mundo, é percepção de espaço. Segundo Moreira (2010), o espaço do desenho é amplo, entendido não só pela sua expressão gráfica, mas pelo desenho de seu espaço lúdico, pela maneira de se projetar e
  • 2. pela necessidade de utilizá-lo como linguagem numa possibilidade de ver-se e rever-se unindo pensamento e sentimento. A criança passa por um processo de reconhecimento de si e do mundo e todas as formas de expressão podem se tornar aliadas neste momento. “Desenhar objetos, pessoas, situações, animais, emoções, ideias são tentativas de aproximação com o mundo. Desenhar é conhecer, é apropriar-se”. Derdyk (2010, p.29). O desenho faz parte de um conjunto de atividades plásticas e assume grande importância para o desenvolvimento emocional e intelectual, pois, “é fonte original de criação e invenção é exercício da inteligência humana”. Derdyk (2010, p.44). Assim que o desenvolvimento motor permite às crianças bem pequenas manusear objetos é possível oferecer materiais que possibilitem a marca no papel. A modificação, a princípio sem intenção, torna-se um ato intencional quando ela percebe que pode fazer um registro, isto é, visualizá-lo no papel ou em qualquer outro suporte. Surgem as garatujas, prazer motor a partir de um jogo de repetição onde inicia o desenvolvimento gráfico da criança repleto de significações que para nós pode não ser compreensível, mas como afirma Derdyk: A excitação motora conduz a outros gestos. Já está implícita aí uma atividade mental, na medida em que a criança associa, relaciona, subtrai ou adiciona um gesto a outro. O desenho é indecifrável para nós, mas provavelmente, para a criança, naquele instante, qualquer gesto, qualquer rabisco, além de ser uma conduta sensório-motora, vem carregado de conteúdos e de significações simbólicas. (2010, p.55). A consciência do papel do professor de educação infantil frente ao desenvolvimento do grafismo poderá desencadear a posição de si mesmo, enquanto desenhista, reafirmando uma crença de não conseguir desenhar, e da criança em relação ao desenho, tornando-se meros copistas que não acreditarão que são capazes de aprender atrofiando o desenvolvimento natural do mesmo, ou compreenderão que existe arte massificada que caminha na contramão do ideal considerando que “A arte é separada da vida e não mais manifestação da vida”. Moreira (2010, p.54). Os desenhos pedagógicos prejudicam as crianças pequenas, eles a retiram do processo de criação, proíbem o desenvolvimento da criação, da maneira de interpretar. Para Moreira (2010, p.87), os desenhos pedagógicos são muito simplificados e atendem a uma
  • 3. ideia abstrata do objeto e o que é compreensível para o adulto, muitas vezes não o é para a criança, e assim, o desenho vai perdendo em significação para ela. O professor deve oportunizar um espaço de vivências expressivas com uma grande variedade de materiais, de acordo com a realidade de cada instituição, para que a criança possa escolher e encontrar o seu próprio caminho, o que mais a satisfaz durante a criação reconhecendo que “A vivência é a fonte do crescimento, o alicerce da construção de nossa identidade. Fornece um leque de repertório, amplia a possibilidade expressiva”. Derdyk (2010, p.17). Infelizmente encontra-se ainda na educação concepções de ensino que não concordam com a teoria citada acima e na prática: “A escola, porta-voz de uma visão do mundo, pode subliminarmente aprisionar a capacidade de a criança perceber e compreender o mundo por si mesma: este lhe é dado, apresentado e assinado”. Derdyk (2010, p.101). Para a autora supracitada, o desenho é a projeção do espaço no papel da percepção vivida pela criança (p.81) e que copiar é ensinar estereotipia, é esvaziar o sentido da pesquisa natural (p. 105) e acrescenta: O desenho não é mera cópia, reprodução mecânica do original. É sempre uma interpretação, elaborando correspondências, relacionando, simbolizando, significando, atribuindo novas configurações ao original. O desenho traduz uma visão porque traduz um pensamento, revela um conceito. Derdyk (2010, p.110). O professor de educação infantil tem papel fundamental no desenvolvimento global das crianças e em relação ao desenho pode-se dizer que: “As crianças são extremamente vulneráveis aos comentários dos adultos, especialmente quando sabemos que o desenho expressa a criança inteira”. Moreira (2010, p.87). Para enriquecer alguns pontos, segue o relato de uma entrevista com Denis Garcia Mandarino1 sobre artes visuais: 1 Denis Mandarino (nascido em São Paulo, em 7 de maio de 1964) é compositor, escritor, artista plástico e geômetra.[10] Discípulo do maestro Hans-Joachim Koellreutter em regência coral e Estética.[2] Escreveu em 1995 uma teoria sobre a percepção quadridimensional[11] , sob o nome de Crítica da Teoria das Projeções, onde afirma que os conceitos por detrás da perspectiva renascentista envolvem quatro dimensões, ao invés da tridimensionalidade que comumente lhe é atribuída. [12] Em 2007 propôs o Versatilismo[13] através do Manifesto Versatilista.[14]
  • 4. Como você descreve o desenho? O desenho é tudo (Gombrich – História da Arte). Desenho, numa abordagem mais ampla, é o próprio projeto. Tanto é que a melhor tradução para a palavra design seria “desenho enquanto projeto”. Um administrador desenha o organograma de uma empresa, uma sinfonia é o desenho do roteiro musical, uma obra de arquitetura parte do desenho de um espaço. Quando você planeja, você desenha. A boa organização, provavelmente partiu de um desenho. As linguagens visuais se comunicam entre si? Não da forma de uma nota fá representar uma cor vermelha, por exemplo, mas as linguagens têm correlações entre si. Existem elementos que são comuns às linguagens artísticas, tais como: predomínio, contraste, pontos de interesse, tensão, monotonia, ritmo, espaço... E qual a relação da pintura com o desenho? Vulgarmente as pessoas entendem o desenho como a fase que antecede a hora de colorir, mas a pintura é mais que isso. Eu por exemplo já inicio com as manchas na tela (algumas vezes, nem sempre) e o desenho é aquela imagem que está na minha mente, que tento expressar através de linhas, configurações e cores. Todos os desenhistas e pintores (digamos artistas plásticos) têm apenas as linhas, as configurações e as cores (incluindo-se aqui as tonalidades que vão do mais claro, para o mais escuro). O artista faz um esboço antes de criar uma pintura na tela ou em outro suporte? Alguns fazem outros não. Mais é mais comum fazerem esboços e estudos. Esboço seria o desenho de algo que eu quero visualizar para criar outra coisa, como uma escultura? Também pode ser. Tanto é que o desenho do Leonardo da Vinci é mais o de um pintor, que se preocupa com luz e sombra. Já o desenho de Michelângelo é o de um escultor que aperta mais o lápis nas partes em que a pedra seja mais desgastada. São abordagens completamente diferentes. Tente perceber essas diferenças. Pintura "A pintura é uma importante forma de interação entre a criança e o mundo" Richter, 2002
  • 5. Na pintura assim como no desenho, que é uma linguagem única das crianças, muitas vezes a mesma manuseia materiais artísticos e produz formas por puro prazer, não havendo intencionalidade de representação, mas à medida que vai crescendo, o que se percebe é que os gestos anteriormente desordenados e exagerados vão pouco a pouco dando forma a expressões mais definidas, organizadas e controladas. A criança passa gradativamente a gerir seus atos, comanda o traço e o desenho, aperfeiçoa cada vez mais seus gestos, sua evolução gráfica e psicomotora perante a construção artística. Para Richter (2002, p.11), é na interação da criança com os objetos de conhecimento, (desenho, pintura, modelagem, etc) que o processo expressivo se constitui. Sendo então, o caminho da construção gráfico-plástica pela criança pequena passa necessariamente pela exploração livre dos materiais, pela construção das hipóteses sobre estes e pela capacidade imaginativa e investigativa de cada uma. Por isso, é preciso ambientes desafiadores e estimulantes, auxiliando as crianças nesse percurso, no qual elas se utilizam dos recursos simbólicos do meio artístico para construir representações significativas específicas que só a arte é capaz de proporcionar. Sendo que, existem várias formas de trabalhar com a pintura: a leitura e a releitura de obras de arte, a partir de histórias, fotos, etc; utilizando diversos materiais, explorando gestos, linhas, claro e escuro, quente e frio, cores e misturas, tonalidades, sensações, através de técnicas que devem ir de acordo com os objetivos propostos pelo educador a ser alcançado pelos alunos. Artes Visuais no contexto Escolar Como não existe uma formula para ser aplicada em sala de aula, pois cada realidade é única e suas necessidades tem que ser respeitadas, muitos profissionais da educação pensa e se questionam sobre qual proposta em Artes será a melhor para a sua turma de Educação Infantil? Como citado anteriormente, não há receita, entretanto, o Referencial Curricular Nacional de Ed. Infantil vol.3, trás indicadores que auxiliam a prática deste profissional. O mesmo inicia narrando como os trabalhos das crianças eram pouco ou nada valorizados e tratados como, passatempo, de cunho decorativo, para reforçar conteúdos
  • 6. trabalhados em outros eixos temáticos, entre outros, mas que no início do século, com os estudos e pesquisas, a mesma passa a ser valorizada em níveis psicológicos, psicopedagógicos, filosóficos, etc, tendo em vista o desenvolvimento das crianças. Mas essa valorização da produção e criação infantil evoluiu muito pouco, passando a ver as expressões das crianças, como algo automático delas, necessitando de uma mudança no ensino da arte, que considere a influência da cultura na arte da criança e que a mesma, reflete e age sobre suas produções. Sendo assim, as Artes Visuais devem ser concebidas, como uma linguagem que tem estrutura e características próprias e sua aprendizagem se dá no âmbito prático e reflexivo, articulando os aspectos: fazer artístico, apreciação e reflexão. É necessário também pensar em outros aspectos como: 1 - Organização do Tempo: que pode ser organizado em; - Atividade permanente - Que acontece regularmente, diária ou semanalmente, na rotina das crianças. - Sequência de atividades - Constitui em uma série planejada e orientada de tarefas, que objetiva promover um aprendizado específico e definido. - Projetos - Forma de trabalho que envolve diferentes conteúdos, em torno de um produto final, este por sua vez, geram novas aprendizagens e projetos, lembrando que os projetos partem das escolhas e com a participação dos alunos. 2 - Espaços: Adequado, confortável, com mobiliário, espaços fixos e moveis, locais para guardar materiais e produções, torneiras, etc, tudo sempre ao alcance das crianças. 4 - Materiais: Os mais variados possíveis, adequados e tomando cuidado de não oferecer riscos as crianças. Quanto à atuação do professor entre outros o mesmo deve, estimular o desenvolvimento da imaginação criadora; respeitar as peculiaridades de cada criança, já que o percurso de criação e construção é individual; enriquecer a ação educativa intencional; e nunca deixando de lado a observação - que visa conhecer melhor o aluno individualmente e em grupo; o registro - como fonte de orientação de seu trabalho; e a avaliação formativa - que mostra ao aluno suas conquistas e criação e ao professor uma reflexão e estruturação do cotidiano.
  • 7. Conclusão Uma das maneiras de o adulto romper suas formas cristalizadas é resgatar seu próprio processo expressivo, voltando a brincar com os materiais, não tendo medo de mostrar suas próprias descobertas formais, espaciais e coloristas, lançando se junto com as crianças na aventura de criar o inusitado, acompanhando o processo expressivo infantil junto com o seu próprio processo. (RICHTER, 2002, p.10) Portanto, podemos concluir que com a escola sofre influência da sociedade. O que ela considera, valoriza tem grande impacto na educação, mas como a sociedade nem sempre age com sensibilidade para os que fazem parte dela, cabe a nós não ceder completamente a esse pedido que vem de fora para dentro da escola. Devemos sim permitir que nossas crianças conquistem liberdade de expressão com respeito ao próximo que aprendam de forma global, através de múltiplas linguagens sem desfavorecer nem supervalorizar nenhuma delas como já nos ocorre outros níveis de ensino, talvez a educação infantil seja a única oportunidade de explorar, captar, ganhar, multiplicar, paralisar o seu precioso tempo com dedicação total de corpo e alma, com sensibilidade e racionalidade para que futuramente a criança se torne capacitada para resolver os problemas que encontrar no caminho, pensando por si mesmo, buscando as mais variadas estratégias para viver melhor, para se conhecer, para se respeitar e respeitar o outro com todas as diversidades que existem, sensibilizando-se, sentindo, chocando-se, inventando, criando e recriando modos de viver. Com as artes visuais podemos oferecer as crianças oportunidade de criar a realidade. Realidades de vivências diferenciadas. Referências CUNHA, Susana Rangel Vieira. Cor, som e movimento: a expressão plástica, musical e dramática no cotidiano da criança. Porto Alegre: Mediação, 2002. DERDYK, Edith. Formas de pensar o desenho: desenvolvimento do grafismo infantil. Porto Alegre: ZouK, 2010. MOREIRA, Ana Angélica Albano. O espaço do desenho: a educação do educador. São Paulo: Loyola, 2010. MCDONNELL, Patrick. Artur faz arte. São Paulo: Girafinha, 2007. REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL
  • 8. (1988). Brasília: Ministério da Educação e do Desporto, vol.3. Mandarino, Denis Garcia. Entrevista realizada em setembro de 2012.