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através de campanhas e cooperação com parceiros
e fóruns regionais, nacionais e internacionais.
Reconhecida como órgão consultivo no Conselho
Europeu, a WSPA colabora também com governos
de vários países e com as Nações Unidas.

Se para você os animais importam, acesse o
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Sociedade Mundial de Proteção Animal



Leishmaniose Visceral Canina
Um manual para o clínico veterinário
Leishmaniose Visceral Canina
    Um manual para o clínico veterinário




2
A Leishmaniose Visceral Canina           Além do cão e do homem muitas
(LVC) é uma doença sistêmica,            outras espécies de mamíferos,
crônica e grave causada pelo             como o gato, canídeos silvestres,
protozoário Leishmania infantum.(*)      marsupiais, roedores e bovinos
O protozoário é um parasita bifásico     também podem ser naturalmente
e intracelular obrigatório das células   infectadas                        © CDC/Frank Collins


do sistema fagocítico mononuclear        por L.
(SFM) do hospedeiro vertebrado           infantum.
(principalmente macrófagos). No          Porém,
hospedeiro vertebrado se encontra na     em áreas
forma amastigota enquanto que, no        endêmicas,
invertebrado, principalmente na forma    os cães são    “Mosquito-palha” –
promastigota.                            considerados Lutzomyia longipalpis
                                         os mais importantes reservatórios
É uma zoonose cujo principal vetor
                                         do parasito, devido a sua relação
são insetos dípteros, conhecidos
                                         de proximidade com o homem,
como flebótomos, predominando
                                         sua alta carga parasitária cutânea
no Brasil a espécie Lutzomyia
                                         quando sintomáticos ou por serem o
longipalpis, também conhecida
                                         reservatório mais estudado.
como mosquito-palha. A transmissão
entre os mamíferos susceptíveis
ocorre pela picada da fêmea
                                         * Recentemente pesquisadores
hematófaga do inseto contendo as         demonstraram que Leishmania chagasi e
formas infectantes.                      Leishmania infantum são a mesma espécie.




                                                                                            3
Ciclo biológico
                                                                                       2




         1




    O ciclo se inicia quando durante o repasto sanguíneo no hospedeiro vertebrado
    infectado, o inseto ingere as formas amastigotas de L. infantum. No trato
    digestivo do vetor as amastigotas se diferenciam em promastigotas,
    multiplicam intensamente e se diferenciam em promastigotas metacíclicas,
    que são as formas infectantes (1).

    E completa-se quando o flebótomo (L. longipalpis) infectado pica um hospedeiro
    vertebrado, inoculando as formas infectantes (promastigotas metacíclicas)
    na pele (2). As formas infectantes são fagocitadas por células do SFM (3). No
    interior dessas células o protozoário se diferencia em amastigota (4). As formas
    amastigotas se multiplicam intensamente, rompem o macrófago, infectam novas

4
3




                                                                       4




             5




células e pela via linfática ou sanguínea atingem outros tecidos (medula óssea,
baço, fígado, linfonodos) ricos em células do SFM (5).
As amastigotas ingeridas pelos insetos transmissores levam, em média,
oito a 20 dias para se transformarem em promastigotas e se multiplicarem
no intestino, migrando depois para as probóscides e evoluírem para as
formas infectantes, promastigotas metacíclicas. Portanto, um flebotomíneo
infectado demora em média, oito a 20 dias para poder transmitir a L. infantum
para outro hospedeiro vertebrado.
Durante novo repasto sanguíneo, as promastigotas metacíclicas
são inoculadas no hospedeiro susceptível completando o ciclo biológico.

                                                                                  5
Sinais clínicos nos cães
    A Leishmaniose Visceral Canina          Onicogrifose (crescimento anormal
    é doença crônica e lentamente            das unhas);
    progressiva. Em alguns cães, os         Emagrecimento progressivo;
    sinais clínicos não aparecem até um
                                            Anorexia, febre e apatia;
    ou dois anos após a infecção, mas
    podem variar de animal para animal,     Atrofia muscular (principalmente
    alcançando a média de três a sete        músculos da cabeça);
    meses. Mais de 50% dos animais          Anemia, trombocitopenia e/ou
    permanecem assintomáticos durante        leucopenia;
    este período, alguns podem nunca        Alteração no proteinograma
    apresentar sinais clínicos, chegando     (hipoalbuminemia e
    até mesmo a eliminar o parasito.         hiperglobulinemia);

    Em relação à manifestação de            Diáteses hemorrágicas (melena,
    sinais clínicos, os cães podem ser       epistaxe, equimoses, sufusões e
    classificados em dois grupos:            hematomas);
                                            Hepatite e hepatomegalia;
    Assintomáticos
                                            Esplenomegalia;
    Ausência de sinais clínico-
    patológicos sugestivos de infecção      Linfadenomegalia localizada ou
    por L. infantum.                         generalizada;
                                            Icterícia;
    Sintomáticos
                                            Alterações oculares
    Apresentam sinais clínico-
                                             (Ceratoconjuntivite, blefarite,
    patológicos comuns à doença, em
                                             uveíte, retinopatia, hifema);
    graus variados:
                                            Insuficiência renal;
     Alterações cutâneas: alopecias,       Alterações gastroentéricas
      úlceras, hiperqueratose                crônicas: diarréias persistentes e
      (especialmente no focinho, ao          vômitos;
      redor dos olhos, nas orelhas
                                            Claudicação (poliartrite,
      e extremidades), descamação
                                             reabsorção ou proliferação óssea);
      furfurácea, feridas de difícil
      cicatrização, reação local da         Alterações neurológicas: paresia
      infecção após picada (“Cancro          de membros, ataxia, convulsão;
      de inoculação”);                      Pneumonite e miocardite.

6
© Ferrer, LL                            © Nogueira, FS                     © IFAW-WSPA/M.Booth




Úlceras e lesões de difícil                  Atrofia em face, secreção ocular,          Emagrecimento severo
cicatrização                                 descamação
                      © André S. Azevedo                              © Nogueira, FS                           © Tabanez, PCR




Onicogrifose                                 Lesões e descamação em                    Hiperqueratose e lesões
                                             pontas de orelhas                         perioculares
                         © Tabanez, PCR                              © Tabanez, PCR                             © Nogueira, FS




Hifema                                       Icterícia e diátese hemorrágica           Alopecia periocular e
                                                                                       em orelhas

  Pode se concluir que os sinais clínicos                   crônica e doenças oportunistas devido
  da LVC são inespecíficos e podem                          ao comprometimento do sistema
  mimetizar várias doenças sistêmicas.                      imunitário. Febre pode ou não estar
  Portanto, a observação cuidadosa                          presente durante o curso da doença.
  dos sinais deve vir acompanhada
                                                            Pequena porcentagem dos cães
  sempre de exames confirmatórios.
                                                            infectados (10%) parece ser
  Somente a observação de sinais
                                                            naturalmente resistente à infecção e
  como a linfadenomegalia, alterações
                                                            não desenvolve a doença. Isto parece
  dermatológicas, hiporexia, onicogrifose
                                                            ocorrer devido à forte resposta imune
  e emaciação não pode concluir o
                                                            celular destes indivíduos. Tem sido
  diagnóstico de Leishmaniose.
                                                            sugerido que determinadas raças
  Na fase terminal da doença a maioria                      possam ser resistentes, como o cão
  dos cães apresenta insuficiência renal                    Mediterrâneo Ibizan Hound.

                                                                                                                          7
Diagnóstico
    O diagnóstico é difícil, pois existe     exame é realizado em material obtido
    grande variedade de sinais clínicos,     preferencialmente de aspirado de
    semelhança desses sinais com os de       medula óssea ou de linfonodo, baço
    outras doenças e grande número de        ou esfregaço de pele, observados
    animais infectados assintomáticos.       diretamente por microscopia óptica
    Por isso, é importante que,              em 200 campos (corado pelas
    associado ao histórico e ao exame        técnicas de Giemsa, Wright ou
                                                                                © Tabanez, PCR
    clínico detalhado do animal, sejam       Leishman).
    realizados exames laboratoriais e
                                             Também se
    parasitológicos específicos, para
                                             podem observar
    confirmar a infecção, doença e o seu
                                             parasitos em
    prognóstico.
                                             material de
    Ainda não existe método diagnóstico      biópsias de pele Amastigota intra e extracelular
    100% específico e sensível para a        (especialmente      em medula óssea de cão

    Leishmaniose Visceral Canina. Por esta   colhidas de bordo de pavilhão
    razão, recomenda-se a associação         auricular interno ou parte superior do
    de vários métodos disponíveis            focinho, áreas com alta concentração
    para aprimorar o diagnóstico,            de parasitos). O material também
    aumentando a sensibilidade e             pode ser isolado em meio de cultura
    especificidade e diminuindo os falsos    de materiais como sangue, medula
    positivos e negativos. Dentre os         óssea e pele.
    inúmeros métodos diagnósticos, o
                                             Obs.: Esfregaços de sangue
    mais específico é o parasitológico
                                             periférico não são recomendados por
    (observação do parasita no tecido do
                                             apresentarem baixa sensibilidade.
    hospedeiro).
                                             O método parasitológico possui
    Abaixo estão os métodos                  100% de especificidade e,
    mais utilizados para diagnóstico         aproximadamente, 80% de
    da LVC:                                  sensibilidade, podendo variar em
                                             cães assintomáticos, dependendo do
    Diagnóstico parasitológico               grau de parasitismo, local da biópsia
    Considerado o teste padrão ouro
                                             (pois a distribuição dos parasitas
    para confirmar a infecção, é realizado
                                             no organismo não é homogênea),
    através da visualização direta do
                                             tipo de material biológico coletado
    parasito em sua forma amastigota. O
                                             para exame, tempo entre a coleta
8
do material e a leitura da lâmina e da   Os testes sorológicos hoje
experiência e tempo despendido para      empregados no Brasil não são 100%
o exame pelo profissional que lê a       sensíveis e específicos. Portanto,
lâmina.                                  ocorrem muitos falsos positivos
                                         e negativos quando se usam
Métodos imunológicos de pesquisa
                                         estes testes como única forma de
parasitária têm sido empregados
                                         diagnóstico. Falsos positivos podem
com o objetivo de diagnóstico e
                                         ocorrer por reação cruzada oriunda
acompanhamento da terapia. O
                                         de anticorpos produzidos por outras
uso de anticorpos marcados nos
                                         infecções comumente causadas por
mais variados tecidos, como por
                                         Erhlichia sp, Babesia sp, Neospora
exemplo pele, linfonodo, baço entre
                                         sp, Trypanosoma cruzi, T. caninum e
outros, aumentam a sensibilidade da
                                         espécies de Leishmania Tegumentar.
pesquisa parasitária nestes tecidos
                                         Apesar de serem exames relevantes
ou células (imunohostoquímica).
                                         para inquéritos epidemiológicos,
Sugere-se que a imunohistoquímica
                                         alguns tipos de testes utilizam
de fragmento de pele (face interna
                                         antígenos que não possibilitam a
do pavilhão auricular) possa
                                         diferenciação entre Leishmaniose
acompanhar o parasitismo cutâneo,
                                         Visceral e Tegumentar. Resultados
pré e pós tratamento, com intuito de
                                         falsos negativos podem ocorrer, pois
se correlacionar a infectividade do
                                         a janela imunológica para a produção
hospedeiro para o vetor.
                                         de anticorpos é muito ampla na LVC
Diagnóstico sorológico                   e, portanto, no momento do teste
(ELISA e RIFI)                           o animal pode ainda não ter soro
Esses dois métodos são os utilizados     convertido. Alguns animais nunca
atualmente pelo Ministério da Saúde      produzirão anticorpos detectáveis.
(MS) nos inquéritos epidemiológicos e
                                         Alguns cuidados devem ser
são testes que detectam anticorpos
                                         tomados na colheita: o sangue deve
anti-Leishmania circulantes.
                                         ser acondicionado em tubo sem
A simples detecção de anticorpos
                                         anticoagulante (tampa vermelha),
não significa que o animal esteja
                                         devendo-se em seguida separar o
doente, mas que apenas teve
                                         soro, que será utilizado para os testes.
contato com o parasita em algum
                                         Lembre-se que a hemólise é mais um
momento de sua vida e que
                                         fator de interferência nos resultados.
produziu anticorpos contra ele.
                                                                                    9
Diagnóstico
     ELISA (Enzyme-Linked                      igual ou superior a 1:40 e, portanto,
     Immunoabsorbent Assay)                    passível de eutanásia. Contudo,
     É um teste imunoenzimático que            a literatura científica mundial
     permite a detecção de anticorpos          estabelece que apenas títulos
     específicos no soro sanguíneo. Possuiui   iguais ou superiores a 1:160 sejam
     71% a 100% de sensibilidade e 85% a       confirmatórios. No diagnóstico
     100% de especificidade dependendo         humano, o MS redefiniu a titulação
     do antígeno utilizado. É muito útil       de 1:40 para 1:80, considerando
     para rastreamento dos animais             doentes apenas os indivíduos que
     soropositivos. Se o teste ELISA der       apresentarem sintomas da doença.
     positivo deve-se invariavelmente fazer
                                               Portanto, cães deveriam ser
     contraprova com exame parasitológico
                                               considerados suspeitos quando
     de medula óssea, ou outros órgãos
                                               as amostras fossem reagentes
     linfóides como linfonodo ou baço.
                                               com titulações superiores a 1:80. E
     RIFI (Reação de                           mesmo com tal sorologia, sempre
     Imunofluorescência Indireta)              deve-se correlacionar o quadro
     É considerado, no Brasil, como            clínico patológico e epidemiológico
     confirmatório para o resultado do         e, preferencialmente, confirmar a
     teste ELISA. Apresenta algumas            infecção com o exame parasitológico.
     características como fácil execução,
                                        o
                                               Obs.: Atualmente há duas vacinas
     rapidez, baixo custo, mas possui
                                               licenciadas pelo Ministério da
     sensibilidade (68% a 100%) e
                                               Agricultura, Pecuária e Abastecimento
     especificidade (74% a 100% – 80%
                                               (MAPA), a Leishmune® (Fort Dodge),
     teste Bio-Manguinhos). Também
                                               que é produzida a partir de uma
     devemos ter cuidado com sua
                                               glicoproteína, o FML (Fucose Manose
     interpretação, pois é um teste
                                               Ligante), sendo considerada como
     subjetivo que depende da experiência
                                               vacina de subunidade e a Leishtec®
     do observador e não é confirmatório
                                               (Hertape-Calier) que é produzida
     para a titulação/diluição preconizada
                                               com tecnologia recombinante, tendo
     no Brasil (1:40).
                                               como antígeno a proteína A2. Ambas
     Obs.: Atualmente o Ministério da          utilizam o adjuvante de imunidade
     Saúde (MS) estabelece oficialmente        saponina, importante na produção
     que um animal é considerado               da resposta imune do tipo celular,
     reagente quando apresenta titulação       indutora de proteção e ambas não

10
interferem com os testes sorológicos        Um único resultado negativo do PCR
licenciados (ELISA e RIFI), tanto os        de um animal clinicamente suspeito
utilizados atualmente nos inquéritos        não é suficiente para descartar a
epidemiológicos, quanto os utilizados       infecção, pois podem ocorrer falsos
em laboratórios particulares.               negativos, já que, dependendo da
                                            carga parasitária do animal, não será
Em pesquisa com 5.860 cães
                                            obviamente encontrado o DNA dos
vacinados, apenas 1,3% apresentaram
                                            parasitos no tecido utilizado.
sorologia positiva no teste oficial
ELISA (kit Bio-Manguinhos – MS),            O PCR possui 38% a 76% de
provavelmente por reação cruzada ou         sensibilidade (depende do tipo de
erro durante a colheita das amostras,       amostra coletada para o exame)
ou ainda por estarem realmente              e 100% de especificidade. Não
doentes, o que pode acontecer por           é utilizado normalmente como
erros de diagnóstico.                       exame de rotina ou de triagem
                                            epidemiológica por ser oneroso e
Obs.: No presente momento está sendo
                                            exigir laboratórios bem equipados e
utilizado de forma experimental, um
                                            técnicos preparados. Mas pode ser
kit diagnóstico imunocromatográfico,
                                            usado como teste confirmatório.
de fácil e rápida leitura (produzido pelo
Instituto Bio-Manguinhos), que deverá       Outro fator que corrobora para
substituir a RIFI em breve.                 interferir na especificidade dos
                                            métodos laboratoriais tradicionalmente
Diagnóstico molecular (PCR –                empregados (os que não utilizam
Reação em Cadeia da Polimerase)             antígenos recombinantes de
Permite a identificação do DNA da L.
                                            Leishmania) é a diversidade endêmica
infantum, e o prévio contato do animal
                                            encontrada nas regiões brasileiras.
com este, mas não confirma presença
                                            Algumas regiões podem ser endêmicas
de parasita viável ou doença. Pode ser
                                            também para L. braziliensis, o agente
feito com amostra de sangue, biópsia
                                            causador da Leishmaniose Tegumentar
de medula óssea, pele superficial (ex.
                                            Americana (LTA).
ponta de pavilhão auricular), aspirados
de linfonodos ou swab de conjuntiva.        Nesse caso, o diagnóstico
                                            laboratorial deve contemplar também
Não se indica fazer o PCR de
                                            a determinação da espécie de
amostra de sangue por apresentar
                                            Leishmania.
baixa sensibilidade.
                                                                                     11
Fluxograma de atendimento e diagnóstico
         de Leishmaniose Visceral Canina

                                 Cão sintomático
                                ou assintomático


                                 Exame sorológico
                                    ELISA e RIFI
                                   diluição plena



     Não reagente para           Reagente em pelo
                                                              RIFI > 1:640
          ambos                   menos um teste



     Assintomático       Sintomático



                                             Exames parasitológicos:
                                               citologia de medula
     Métodos preventivos                      óssea, linfonodo e/ou
                                               imunohistoquímica



                                           Negativo          Positivo



                                                             Diagnóstico de
                                                                infecção



                      • Acompanhar o animal e              • Considerar sinais
                     repetir exames em um mês;             clínico-patológicos
                                                              e sorológicos
                     • Reconsiderar diagnósticos             (estadiamento);
                            diferenciais;
                                                            • Tratamento e
                       • Métodos preventivos              métodos preventivos

12
Tabela: tipos de exames e métodos de colheita
Exame            Coleta                               Prazo      Sensibilidade Especificidade

ELISA            • Soro em tubo coletor de tampa      4 dias     ELISA:        ELISA:
RIFI             vermelha (mínimo 0,5 ml).                       71% a 100%    85 a 100%
                 • Refrigerar entre 2° e 8° Celsius
                 por no máximo 24h ou congelar.                  RIFI:         RIFI:
                 • Tempo máximo entre coleta e                   68% a 100%    74 a 100%
                 entrega no laboratório: 7 dias.
                 • Nunca enviar hemolizado!

Exame            • Punção de medula óssea,            1 dia útil / 30% a 60%   100%
parasitológico   linfonodo ou lesão cutânea.          10 minutos
direto           • Confeccionar mínimo 2 lâminas      no caso do
                 (imprints de biópsia de pele         Panótico
(exame           ou esfregaços de aspirado de         rápido
citológico)      linfonodo ou medula óssea).          realizado
                 • Secar as lâminas ao ar, depois     na clinica
Colorações       imergir em metanol P.A. por 5 a 10
Giemsa           minutos e secar novamente ao ar.
ou Panótico      • Identificar as lâminas antes
                 de enviar ao laboratório para
                 coloração Giemsa e observação.
                 • Panótico rápido e observar em
                 microscópio

Histopatólógico • Fragmento de pele                 15 dias      70% a 80%     100%
/ Imuno-        (recomendado a coleta da região úteis
histoquímica    auricular ou plano nasal).
                • Enviar fragmentos em formol
                tamponado a 10% na proporção de
                um (fragmento) para vinte (formol).
                • Lavar o material com solução
                salina ou soro fisiológico para
                eliminar excesso de sangue.
                • Tamanho fragmentos: 1 a 2 cm³.
                • O fragmento pode ser mantido
                indefinidamente nesse fixador, à
                temperatura ambiente.
                • Vedar e identificar
                cuidadosamente o frasco

PCR              Biópsia de linfonodo, medula      8 dias        38% a 76%     100%
                 óssea, baço, evitar uso de sangue úteis
                 periférico (baixa sensibilidade)

Perfil hepático   Realizar todo perfil hematológico
e renal,         e bioquímico antes de iniciar
hemograma        qualquer terapia, obter parâmetros
completo,        iniciais e a cada 3 meses para
proteinograma    controle


                                                                                               13
Diagnóstico                             Tratamento
     Diagnóstico diferencial                 Como outras doenças causadas
     Várias doenças podem mimetizar          por protozoários, não existe até
     os sinais clínicos da Leishmaniose,     o momento, cura parasitológica,
     como as doenças imunomediadas           mas sim clínica com remissão dos
     (Lúpus eritematoso sistêmico,           sinais, manutenção da qualidade
     Pênfigos, Anemia Hemolítica auto-       de vida do animal e diminuição da
     imune) enfermidades cutâneas            carga parasitária, com consequente
     (demodiciose, escabiose, seborréias     diminuição ou supressão da
     crônicas, atopias, adenites sebáceas,   capacidade de transmissão.
     dermatofitoses, micoses profundas),
                                             No Brasil, o tratamento de
     enfermidades endócrinas, neoplasias
                                             cães com a utilização de drogas
     (linfomas), etc. Portanto, nunca
                                             da terapêutica humana ou drogas
     deve-se concluir um diagnóstico
                                             não registradas no Ministério
     baseado apenas nos sinais clínicos
                                             da Agricultura, Pecuária e
     do animal, por mais característicos
                                             Abastecimento (MAPA) está
     que estes possam parecer.
                                             proibido através da Portaria
     Co-infecções com erliquiose e/ou        Interministerial nº 1.426, de 11 de
     babesiose podem ocorrer causando        julho de 2008, do Ministério da
     reação cruzada com a Leishmania         Saúde (MS) e MAPA.
     nos principais exames sorológicos,
                                             Os tratamentos para Leishmaniose
     por esta razão uma investigação
                                             Visceral Canina são bem
     mais aprofundada destas doenças
                                             variados e utilizam protocolos
     infecciosas se faz necessária.
                                             que combinam drogas
                                             leishmanicidas, leishmaniostáticas
                                             e imunomoduladoras. Por se
                                             tratar de doença que depende da
                                             resposta imunitária, estudos têm
                                             demonstrado importante papel dos
                                             imunomoduladores no controle da
                                             Leishmaniose canina. Drogas como
                                             levamizol, domperidona, cimetidina
                                             e a própria vacina Leishmune®
                                             em doses duplas, em combinação

14
ou não com leishmaniostáticos,         O tratamento depende da adesão
como o alopurinol, tem demonstrado     e responsabilidade do proprietário
excelentes resultados no controle      que deve ser informado
desta enfermidade. Outros estudos      detalhadamente sobre a doença
apontam efeitos leishmanicidas         em todos os seus aspectos:
do metronidazol, enrofloxacina,        gravidade, potencial zoonótico,
cetoconazol, flouconazol, levamizol    cronicidade, improbabilidade de
e marbofloxacina. Portanto, existem    cura parasitológica, custo variável do
várias opções terapêuticas com         tratamento, manutenção e controle
drogas que não são utilizadas          por toda vida do animal.
no tratamento humano ou
                                       O paciente antes de iniciar qualquer
exclusivamente utilizadas parta
                                       tentativa terapêutica deve passar
animais.
                                       por avaliação clínica completa, que
O tratamento clínico, dada             inclui hemograma, perfil bioquímico
sua complexidade, deve ser             completo, proteinograma, bem como
criterioso e sua indicação             a confirmação diagnóstica sorológica
avaliada individualmente,              e parasitológica.
dependendo de fatores como:
                                       Deve-se sempre enfatizar a adoção
 Quadro clínico do animal no          de medidas profiláticas no cão
  momento do diagnóstico;              portador, bem como análises
 Status hematológico;                 periódicas do parasitismo cutâneo.
 Perfil renal e hepático;
 Avaliação de co-morbidades;
 Responsabilidade do proprietário
  e do veterinário na manutenção do
  tratamento e/ou controle por toda
  a vida do animal;
 Compromisso do proprietário em
  adotar as medidas preventivas
  (uso constante de coleiras e/ou
  soluções repelentes, telas, manejo
  ambiental, etc.).

                                                                                15
Prevenção e controle
     A prevenção e controle da                 de fezes e acúmulo de restos de
     Leishmaniose Visceral Canina envolve      alimentos, frutas e folhagens;
     o manejo do ambiente, vetor e animal.    Manter a grama e o mato sempre
                                               cortados, com retirada de
     O controle da Leishmaniose Visceral
                                               entulhos, lixo e fezes animais,
     tem como objetivo, interromper a
                                               evitando a formação de fonte de
     cadeia de transmissão entre o cão
                                               umidade e de matéria orgânica
     e o homem no ambiente urbano.
                                               em decomposição;
     Por isso é importante estabelecer
     medidas de controle do flebótomo         Como forma repelente ao inseto,
     e medidas que evitem o contato do         utilizar spray de saneantes
     inseto com os cães e o homem.             desinfetantes (inseticidas) ou
                                               cultivar plantas repelentes como a
     Medidas de controle ao vetor              Citronela ou Neem.
     O flebótomo costuma se reproduzir
     em locais com muita umidade e           Medidas para proteger o cão
     matéria orgânica em decomposição.        Recomendar o uso de coleiras
     Portanto, como medidas de                 impregnadas com deltametrina a
     controle do vetor, o veterinário pode     4% (trocar a cada seis meses)
     recomendar aos proprietários:             ou produtos repelentes do tipo
                                               pour-on de ação prolongada
      Evitar acúmulos de lixo de casa         (reaplicar a cada 21 dias), nos
       e destinar o lixo adequadamente:
                            q                  animais, inclusive ao transportar os
       é uma maneira de contribuir para        animais para outras regiões, para
       a saúde do meio ambiente e ao           evitar que ele se infecte ou que
       mesmo tempo evitar a proliferação       transmita para um flebótomo caso
       dos insetos;                            esteja infectado;
      Manter o ambiente do cão, quintal      Aconselhar os proprietários a
       ou varanda, sempre limpos, livre        evitar passeios com o seu cão no
                                               final da tarde e início da noite;




16
 Recomendar o proprietário             Entre os fatores que levam à baixa
  a vacinar o seu cão anualmente,       eficiência da medida de sacrifício de
  contra a Leishmaniose, como           cães infectados estão a dificuldade
  medida preventiva segura e eficaz.    de realização de um teste que
                                        identifique o cão transmissor, o
Sabe-se que há um grande número         grande espaço de tempo entre o
de cães assintomáticos infectados,      diagnóstico e a eliminação do cão
o que é um dos fatores que dificulta    no programa oficial, alta incidência
o controle da LVC, pois os animais      de infecção e infectividade dos cães,
assintomáticos também são               alto índice de reposição de cães,
reservatórios dos protozoários e são    que às vezes já estão infectados,
capazes de infectar flebotomíneos.      presença de outros hospedeiros
Por isso é importante que, como         como gambás, gatos e até o homem,
veterinário, você esteja atento         e a manutenção do ciclo de infecção
às possíveis alterações clínico-        do inseto e do homem, devido
patológicas de seus pacientes, na       ao pouco controle sobre o vetor,
tentativa de diagnosticar a doença      resistência da população em efetivar
precocemente.                           esta política de eliminação, fuga
A eliminação do cão soropositivo é      dos pacientes para outras áreas,
medida duvidosa enquanto estratégia     endêmicas ou não.
de controle da Leishmaniose Visceral,   O combate ao vetor é considerado,
pois não há evidências científicas      pela Fundação Nacional de Saúde
que comprovem que essa ação             e pela Organização Mundial de
tenha, realmente, eficácia sobre o      Saúde, a melhor opção na luta contra
controle da doença.                     a Leishmaniose Visceral, sendo
                                        por isso recomendada como
                                        estratégia importante de controle
                                        dessa doença.




                                                                                17
Recomendações finais
     Diante de animais com suspeita            transmissão para outros indivíduos
     de Leishmaniose Visceral Canina,          susceptíveis;
     orientamos como medidas                  É importante lembrar que
     profiláticas e terapêuticas:              existe um período de janela
                                               imunológica que pode durar de
     Cães aparentemente saudáveis
                                               um a quatro meses, portanto, em
      Os cães que parecem saudáveis
                                               áreas endêmicas deve repetir o
       e sorologicamente não reagentes
                                               teste após este período e/ou se
       (ELISA e RIFI) devem ser
                                               suspeito, associar outros métodos
       vacinados com Vacina contra
                                               de diagnóstico.
       a LVC (licenciadas pelo MAPA)
       e deve-se recomendar o uso            Cães clinicamente doentes
       contínuo de colar repelente à base    com comprometimento renal
       de deltametrina 4% (que evita até     e/ou hepático
       95% das picadas) ou aplicações         Se o cão está mostrando
       periódicas de produto pour-on           sinais graves decorrentes da
       com ação repelente ao flebótomo         Leishmaniose e o bem-estar
       (trocar o colar a cada seis meses       do animal está seriamente
       e reaplicar o pour-on a cada            comprometido, deve-se realizar
       21 dias);                               uma análise individualizada
      Os cães infectados (assintomáticos      e criteriosa do caso e decidir
       ou sintomáticos), que estão sob         conjuntamente com o tutor
       tratamento, também devem usar o         ou responsável pelo animal
       colar ou pour-on durante toda vida,     pela tentativa de tratamento ou
       reduzindo assim as chances de           eutanásia. Sempre levar em conta




18
que muitos animais apresentam            que o tratamento e o controle são
  uma melhora significativa                por toda a vida do animal. Deve-se
  após início do tratamento,               utilizar protocolos já testados
  surpreendendo o prognóstico              em doses corretas, evitando-se
  previamente estabelecido. Portanto       assim a possibilidade do
  deve-se sempre priorizar a               desenvolvimento de parasitos
  tentativa de tratamento e a análise      resistentes, e deve-se acompanhar
  da resposta individual do animal,        sua eficácia com repetidos testes
  antes de optar pela eutanásia.           diagnósticos;
                                          Se o tratamento completo e/ou
Cães clinicamente doentes
                                           a realização de testes periódicos
sem comprometimento renal
                                           não for possível devido às
e/ou hepático
                                           condições socioeconômicas do
 Se o tratamento for possível, os
                                           tutor, o cão deve ser eutanasiado
  proprietários devem receber todas
                                           para evitar a progressão da
  as informações sobre a doença
                                           doença, sofrimento animal e
  (capacidade de transmissão
                                           risco de transmissão da LVC para
  aos seres humanos através do
                                           outros animais e pessoas;
  vetor; gravidade e complexidade
  do tratamento; custos –                 Informar o proprietário que nunca
  medicação, serviços veterinários;        se deve interromper o tratamento
  responsabilidade em adotar               ou viajar com o animal sem
  medidas profiláticas no animal para      informar ao médico veterinário
  o resto da vida, proibição do uso        responsável e nunca viajar com o
  de medicamentos humanos, etc.).          animal sem as devidas precauções.
  E este deve assinar um termo de          Os proprietários e/ou tutores
  compromisso;                             informados devem assinar um termo
                                           de responsabilidade se optarem
 O veterinário que optar em tratar
                                           por tratar seus animais, visto que a
  deve estar familiarizado com o
                                           LVC é uma doença vetorial grave e o
  tratamento e ser atualizado com os
                                           cão deve receber acompanhamento
  protocolos seguros e efetivos. Tanto
                                           para o resto da vida.
  o proprietário quanto o veterinário
  devem ter em mente que este
  tratamento é de responsabilidade       Referências e Bibliografia complementar –
  de ambos, devendo ter consciência      acesse o site www.wspabrasil.org


                                                                                     19

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Manual leishmaniose

  • 1. A WSPA – Sociedade Mundial de Proteção Animal visa construir um mundo onde o bem-estar animal importe e os maus-tratos contra os animais tenham fim através de campanhas e cooperação com parceiros e fóruns regionais, nacionais e internacionais. Reconhecida como órgão consultivo no Conselho Europeu, a WSPA colabora também com governos de vários países e com as Nações Unidas. Se para você os animais importam, acesse o site da WSPA www.wspabrasil.org e ajude também a construir essa história. Apoio e Revisão Técnica: www.anclivepabrasil.com.br www.brasileish.com.br WSPA BRASIL Av. Princesa Isabel, 323 / 8° andar Copacabana • Rio de Janeiro • 22011-901 • Brasil T: +55 21 3820 8200 F: +55 21 3820 8229 E: wspabrasil@wspabr.org W: www.wspabrasil.org
  • 2. Sociedade Mundial de Proteção Animal Leishmaniose Visceral Canina Um manual para o clínico veterinário
  • 3. Leishmaniose Visceral Canina Um manual para o clínico veterinário 2
  • 4. A Leishmaniose Visceral Canina Além do cão e do homem muitas (LVC) é uma doença sistêmica, outras espécies de mamíferos, crônica e grave causada pelo como o gato, canídeos silvestres, protozoário Leishmania infantum.(*) marsupiais, roedores e bovinos O protozoário é um parasita bifásico também podem ser naturalmente e intracelular obrigatório das células infectadas © CDC/Frank Collins do sistema fagocítico mononuclear por L. (SFM) do hospedeiro vertebrado infantum. (principalmente macrófagos). No Porém, hospedeiro vertebrado se encontra na em áreas forma amastigota enquanto que, no endêmicas, invertebrado, principalmente na forma os cães são “Mosquito-palha” – promastigota. considerados Lutzomyia longipalpis os mais importantes reservatórios É uma zoonose cujo principal vetor do parasito, devido a sua relação são insetos dípteros, conhecidos de proximidade com o homem, como flebótomos, predominando sua alta carga parasitária cutânea no Brasil a espécie Lutzomyia quando sintomáticos ou por serem o longipalpis, também conhecida reservatório mais estudado. como mosquito-palha. A transmissão entre os mamíferos susceptíveis ocorre pela picada da fêmea * Recentemente pesquisadores hematófaga do inseto contendo as demonstraram que Leishmania chagasi e formas infectantes. Leishmania infantum são a mesma espécie. 3
  • 5. Ciclo biológico 2 1 O ciclo se inicia quando durante o repasto sanguíneo no hospedeiro vertebrado infectado, o inseto ingere as formas amastigotas de L. infantum. No trato digestivo do vetor as amastigotas se diferenciam em promastigotas, multiplicam intensamente e se diferenciam em promastigotas metacíclicas, que são as formas infectantes (1). E completa-se quando o flebótomo (L. longipalpis) infectado pica um hospedeiro vertebrado, inoculando as formas infectantes (promastigotas metacíclicas) na pele (2). As formas infectantes são fagocitadas por células do SFM (3). No interior dessas células o protozoário se diferencia em amastigota (4). As formas amastigotas se multiplicam intensamente, rompem o macrófago, infectam novas 4
  • 6. 3 4 5 células e pela via linfática ou sanguínea atingem outros tecidos (medula óssea, baço, fígado, linfonodos) ricos em células do SFM (5). As amastigotas ingeridas pelos insetos transmissores levam, em média, oito a 20 dias para se transformarem em promastigotas e se multiplicarem no intestino, migrando depois para as probóscides e evoluírem para as formas infectantes, promastigotas metacíclicas. Portanto, um flebotomíneo infectado demora em média, oito a 20 dias para poder transmitir a L. infantum para outro hospedeiro vertebrado. Durante novo repasto sanguíneo, as promastigotas metacíclicas são inoculadas no hospedeiro susceptível completando o ciclo biológico. 5
  • 7. Sinais clínicos nos cães A Leishmaniose Visceral Canina  Onicogrifose (crescimento anormal é doença crônica e lentamente das unhas); progressiva. Em alguns cães, os  Emagrecimento progressivo; sinais clínicos não aparecem até um  Anorexia, febre e apatia; ou dois anos após a infecção, mas podem variar de animal para animal,  Atrofia muscular (principalmente alcançando a média de três a sete músculos da cabeça); meses. Mais de 50% dos animais  Anemia, trombocitopenia e/ou permanecem assintomáticos durante leucopenia; este período, alguns podem nunca  Alteração no proteinograma apresentar sinais clínicos, chegando (hipoalbuminemia e até mesmo a eliminar o parasito. hiperglobulinemia); Em relação à manifestação de  Diáteses hemorrágicas (melena, sinais clínicos, os cães podem ser epistaxe, equimoses, sufusões e classificados em dois grupos: hematomas);  Hepatite e hepatomegalia; Assintomáticos  Esplenomegalia; Ausência de sinais clínico- patológicos sugestivos de infecção  Linfadenomegalia localizada ou por L. infantum. generalizada;  Icterícia; Sintomáticos  Alterações oculares Apresentam sinais clínico- (Ceratoconjuntivite, blefarite, patológicos comuns à doença, em uveíte, retinopatia, hifema); graus variados:  Insuficiência renal;  Alterações cutâneas: alopecias,  Alterações gastroentéricas úlceras, hiperqueratose crônicas: diarréias persistentes e (especialmente no focinho, ao vômitos; redor dos olhos, nas orelhas  Claudicação (poliartrite, e extremidades), descamação reabsorção ou proliferação óssea); furfurácea, feridas de difícil cicatrização, reação local da  Alterações neurológicas: paresia infecção após picada (“Cancro de membros, ataxia, convulsão; de inoculação”);  Pneumonite e miocardite. 6
  • 8. © Ferrer, LL © Nogueira, FS © IFAW-WSPA/M.Booth Úlceras e lesões de difícil Atrofia em face, secreção ocular, Emagrecimento severo cicatrização descamação © André S. Azevedo © Nogueira, FS © Tabanez, PCR Onicogrifose Lesões e descamação em Hiperqueratose e lesões pontas de orelhas perioculares © Tabanez, PCR © Tabanez, PCR © Nogueira, FS Hifema Icterícia e diátese hemorrágica Alopecia periocular e em orelhas Pode se concluir que os sinais clínicos crônica e doenças oportunistas devido da LVC são inespecíficos e podem ao comprometimento do sistema mimetizar várias doenças sistêmicas. imunitário. Febre pode ou não estar Portanto, a observação cuidadosa presente durante o curso da doença. dos sinais deve vir acompanhada Pequena porcentagem dos cães sempre de exames confirmatórios. infectados (10%) parece ser Somente a observação de sinais naturalmente resistente à infecção e como a linfadenomegalia, alterações não desenvolve a doença. Isto parece dermatológicas, hiporexia, onicogrifose ocorrer devido à forte resposta imune e emaciação não pode concluir o celular destes indivíduos. Tem sido diagnóstico de Leishmaniose. sugerido que determinadas raças Na fase terminal da doença a maioria possam ser resistentes, como o cão dos cães apresenta insuficiência renal Mediterrâneo Ibizan Hound. 7
  • 9. Diagnóstico O diagnóstico é difícil, pois existe exame é realizado em material obtido grande variedade de sinais clínicos, preferencialmente de aspirado de semelhança desses sinais com os de medula óssea ou de linfonodo, baço outras doenças e grande número de ou esfregaço de pele, observados animais infectados assintomáticos. diretamente por microscopia óptica Por isso, é importante que, em 200 campos (corado pelas associado ao histórico e ao exame técnicas de Giemsa, Wright ou © Tabanez, PCR clínico detalhado do animal, sejam Leishman). realizados exames laboratoriais e Também se parasitológicos específicos, para podem observar confirmar a infecção, doença e o seu parasitos em prognóstico. material de Ainda não existe método diagnóstico biópsias de pele Amastigota intra e extracelular 100% específico e sensível para a (especialmente em medula óssea de cão Leishmaniose Visceral Canina. Por esta colhidas de bordo de pavilhão razão, recomenda-se a associação auricular interno ou parte superior do de vários métodos disponíveis focinho, áreas com alta concentração para aprimorar o diagnóstico, de parasitos). O material também aumentando a sensibilidade e pode ser isolado em meio de cultura especificidade e diminuindo os falsos de materiais como sangue, medula positivos e negativos. Dentre os óssea e pele. inúmeros métodos diagnósticos, o Obs.: Esfregaços de sangue mais específico é o parasitológico periférico não são recomendados por (observação do parasita no tecido do apresentarem baixa sensibilidade. hospedeiro). O método parasitológico possui Abaixo estão os métodos 100% de especificidade e, mais utilizados para diagnóstico aproximadamente, 80% de da LVC: sensibilidade, podendo variar em cães assintomáticos, dependendo do Diagnóstico parasitológico grau de parasitismo, local da biópsia Considerado o teste padrão ouro (pois a distribuição dos parasitas para confirmar a infecção, é realizado no organismo não é homogênea), através da visualização direta do tipo de material biológico coletado parasito em sua forma amastigota. O para exame, tempo entre a coleta 8
  • 10. do material e a leitura da lâmina e da Os testes sorológicos hoje experiência e tempo despendido para empregados no Brasil não são 100% o exame pelo profissional que lê a sensíveis e específicos. Portanto, lâmina. ocorrem muitos falsos positivos e negativos quando se usam Métodos imunológicos de pesquisa estes testes como única forma de parasitária têm sido empregados diagnóstico. Falsos positivos podem com o objetivo de diagnóstico e ocorrer por reação cruzada oriunda acompanhamento da terapia. O de anticorpos produzidos por outras uso de anticorpos marcados nos infecções comumente causadas por mais variados tecidos, como por Erhlichia sp, Babesia sp, Neospora exemplo pele, linfonodo, baço entre sp, Trypanosoma cruzi, T. caninum e outros, aumentam a sensibilidade da espécies de Leishmania Tegumentar. pesquisa parasitária nestes tecidos Apesar de serem exames relevantes ou células (imunohostoquímica). para inquéritos epidemiológicos, Sugere-se que a imunohistoquímica alguns tipos de testes utilizam de fragmento de pele (face interna antígenos que não possibilitam a do pavilhão auricular) possa diferenciação entre Leishmaniose acompanhar o parasitismo cutâneo, Visceral e Tegumentar. Resultados pré e pós tratamento, com intuito de falsos negativos podem ocorrer, pois se correlacionar a infectividade do a janela imunológica para a produção hospedeiro para o vetor. de anticorpos é muito ampla na LVC Diagnóstico sorológico e, portanto, no momento do teste (ELISA e RIFI) o animal pode ainda não ter soro Esses dois métodos são os utilizados convertido. Alguns animais nunca atualmente pelo Ministério da Saúde produzirão anticorpos detectáveis. (MS) nos inquéritos epidemiológicos e Alguns cuidados devem ser são testes que detectam anticorpos tomados na colheita: o sangue deve anti-Leishmania circulantes. ser acondicionado em tubo sem A simples detecção de anticorpos anticoagulante (tampa vermelha), não significa que o animal esteja devendo-se em seguida separar o doente, mas que apenas teve soro, que será utilizado para os testes. contato com o parasita em algum Lembre-se que a hemólise é mais um momento de sua vida e que fator de interferência nos resultados. produziu anticorpos contra ele. 9
  • 11. Diagnóstico ELISA (Enzyme-Linked igual ou superior a 1:40 e, portanto, Immunoabsorbent Assay) passível de eutanásia. Contudo, É um teste imunoenzimático que a literatura científica mundial permite a detecção de anticorpos estabelece que apenas títulos específicos no soro sanguíneo. Possuiui iguais ou superiores a 1:160 sejam 71% a 100% de sensibilidade e 85% a confirmatórios. No diagnóstico 100% de especificidade dependendo humano, o MS redefiniu a titulação do antígeno utilizado. É muito útil de 1:40 para 1:80, considerando para rastreamento dos animais doentes apenas os indivíduos que soropositivos. Se o teste ELISA der apresentarem sintomas da doença. positivo deve-se invariavelmente fazer Portanto, cães deveriam ser contraprova com exame parasitológico considerados suspeitos quando de medula óssea, ou outros órgãos as amostras fossem reagentes linfóides como linfonodo ou baço. com titulações superiores a 1:80. E RIFI (Reação de mesmo com tal sorologia, sempre Imunofluorescência Indireta) deve-se correlacionar o quadro É considerado, no Brasil, como clínico patológico e epidemiológico confirmatório para o resultado do e, preferencialmente, confirmar a teste ELISA. Apresenta algumas infecção com o exame parasitológico. características como fácil execução, o Obs.: Atualmente há duas vacinas rapidez, baixo custo, mas possui licenciadas pelo Ministério da sensibilidade (68% a 100%) e Agricultura, Pecuária e Abastecimento especificidade (74% a 100% – 80% (MAPA), a Leishmune® (Fort Dodge), teste Bio-Manguinhos). Também que é produzida a partir de uma devemos ter cuidado com sua glicoproteína, o FML (Fucose Manose interpretação, pois é um teste Ligante), sendo considerada como subjetivo que depende da experiência vacina de subunidade e a Leishtec® do observador e não é confirmatório (Hertape-Calier) que é produzida para a titulação/diluição preconizada com tecnologia recombinante, tendo no Brasil (1:40). como antígeno a proteína A2. Ambas Obs.: Atualmente o Ministério da utilizam o adjuvante de imunidade Saúde (MS) estabelece oficialmente saponina, importante na produção que um animal é considerado da resposta imune do tipo celular, reagente quando apresenta titulação indutora de proteção e ambas não 10
  • 12. interferem com os testes sorológicos Um único resultado negativo do PCR licenciados (ELISA e RIFI), tanto os de um animal clinicamente suspeito utilizados atualmente nos inquéritos não é suficiente para descartar a epidemiológicos, quanto os utilizados infecção, pois podem ocorrer falsos em laboratórios particulares. negativos, já que, dependendo da carga parasitária do animal, não será Em pesquisa com 5.860 cães obviamente encontrado o DNA dos vacinados, apenas 1,3% apresentaram parasitos no tecido utilizado. sorologia positiva no teste oficial ELISA (kit Bio-Manguinhos – MS), O PCR possui 38% a 76% de provavelmente por reação cruzada ou sensibilidade (depende do tipo de erro durante a colheita das amostras, amostra coletada para o exame) ou ainda por estarem realmente e 100% de especificidade. Não doentes, o que pode acontecer por é utilizado normalmente como erros de diagnóstico. exame de rotina ou de triagem epidemiológica por ser oneroso e Obs.: No presente momento está sendo exigir laboratórios bem equipados e utilizado de forma experimental, um técnicos preparados. Mas pode ser kit diagnóstico imunocromatográfico, usado como teste confirmatório. de fácil e rápida leitura (produzido pelo Instituto Bio-Manguinhos), que deverá Outro fator que corrobora para substituir a RIFI em breve. interferir na especificidade dos métodos laboratoriais tradicionalmente Diagnóstico molecular (PCR – empregados (os que não utilizam Reação em Cadeia da Polimerase) antígenos recombinantes de Permite a identificação do DNA da L. Leishmania) é a diversidade endêmica infantum, e o prévio contato do animal encontrada nas regiões brasileiras. com este, mas não confirma presença Algumas regiões podem ser endêmicas de parasita viável ou doença. Pode ser também para L. braziliensis, o agente feito com amostra de sangue, biópsia causador da Leishmaniose Tegumentar de medula óssea, pele superficial (ex. Americana (LTA). ponta de pavilhão auricular), aspirados de linfonodos ou swab de conjuntiva. Nesse caso, o diagnóstico laboratorial deve contemplar também Não se indica fazer o PCR de a determinação da espécie de amostra de sangue por apresentar Leishmania. baixa sensibilidade. 11
  • 13. Fluxograma de atendimento e diagnóstico de Leishmaniose Visceral Canina Cão sintomático ou assintomático Exame sorológico ELISA e RIFI diluição plena Não reagente para Reagente em pelo RIFI > 1:640 ambos menos um teste Assintomático Sintomático Exames parasitológicos: citologia de medula Métodos preventivos óssea, linfonodo e/ou imunohistoquímica Negativo Positivo Diagnóstico de infecção • Acompanhar o animal e • Considerar sinais repetir exames em um mês; clínico-patológicos e sorológicos • Reconsiderar diagnósticos (estadiamento); diferenciais; • Tratamento e • Métodos preventivos métodos preventivos 12
  • 14. Tabela: tipos de exames e métodos de colheita Exame Coleta Prazo Sensibilidade Especificidade ELISA • Soro em tubo coletor de tampa 4 dias ELISA: ELISA: RIFI vermelha (mínimo 0,5 ml). 71% a 100% 85 a 100% • Refrigerar entre 2° e 8° Celsius por no máximo 24h ou congelar. RIFI: RIFI: • Tempo máximo entre coleta e 68% a 100% 74 a 100% entrega no laboratório: 7 dias. • Nunca enviar hemolizado! Exame • Punção de medula óssea, 1 dia útil / 30% a 60% 100% parasitológico linfonodo ou lesão cutânea. 10 minutos direto • Confeccionar mínimo 2 lâminas no caso do (imprints de biópsia de pele Panótico (exame ou esfregaços de aspirado de rápido citológico) linfonodo ou medula óssea). realizado • Secar as lâminas ao ar, depois na clinica Colorações imergir em metanol P.A. por 5 a 10 Giemsa minutos e secar novamente ao ar. ou Panótico • Identificar as lâminas antes de enviar ao laboratório para coloração Giemsa e observação. • Panótico rápido e observar em microscópio Histopatólógico • Fragmento de pele 15 dias 70% a 80% 100% / Imuno- (recomendado a coleta da região úteis histoquímica auricular ou plano nasal). • Enviar fragmentos em formol tamponado a 10% na proporção de um (fragmento) para vinte (formol). • Lavar o material com solução salina ou soro fisiológico para eliminar excesso de sangue. • Tamanho fragmentos: 1 a 2 cm³. • O fragmento pode ser mantido indefinidamente nesse fixador, à temperatura ambiente. • Vedar e identificar cuidadosamente o frasco PCR Biópsia de linfonodo, medula 8 dias 38% a 76% 100% óssea, baço, evitar uso de sangue úteis periférico (baixa sensibilidade) Perfil hepático Realizar todo perfil hematológico e renal, e bioquímico antes de iniciar hemograma qualquer terapia, obter parâmetros completo, iniciais e a cada 3 meses para proteinograma controle 13
  • 15. Diagnóstico Tratamento Diagnóstico diferencial Como outras doenças causadas Várias doenças podem mimetizar por protozoários, não existe até os sinais clínicos da Leishmaniose, o momento, cura parasitológica, como as doenças imunomediadas mas sim clínica com remissão dos (Lúpus eritematoso sistêmico, sinais, manutenção da qualidade Pênfigos, Anemia Hemolítica auto- de vida do animal e diminuição da imune) enfermidades cutâneas carga parasitária, com consequente (demodiciose, escabiose, seborréias diminuição ou supressão da crônicas, atopias, adenites sebáceas, capacidade de transmissão. dermatofitoses, micoses profundas), No Brasil, o tratamento de enfermidades endócrinas, neoplasias cães com a utilização de drogas (linfomas), etc. Portanto, nunca da terapêutica humana ou drogas deve-se concluir um diagnóstico não registradas no Ministério baseado apenas nos sinais clínicos da Agricultura, Pecuária e do animal, por mais característicos Abastecimento (MAPA) está que estes possam parecer. proibido através da Portaria Co-infecções com erliquiose e/ou Interministerial nº 1.426, de 11 de babesiose podem ocorrer causando julho de 2008, do Ministério da reação cruzada com a Leishmania Saúde (MS) e MAPA. nos principais exames sorológicos, Os tratamentos para Leishmaniose por esta razão uma investigação Visceral Canina são bem mais aprofundada destas doenças variados e utilizam protocolos infecciosas se faz necessária. que combinam drogas leishmanicidas, leishmaniostáticas e imunomoduladoras. Por se tratar de doença que depende da resposta imunitária, estudos têm demonstrado importante papel dos imunomoduladores no controle da Leishmaniose canina. Drogas como levamizol, domperidona, cimetidina e a própria vacina Leishmune® em doses duplas, em combinação 14
  • 16. ou não com leishmaniostáticos, O tratamento depende da adesão como o alopurinol, tem demonstrado e responsabilidade do proprietário excelentes resultados no controle que deve ser informado desta enfermidade. Outros estudos detalhadamente sobre a doença apontam efeitos leishmanicidas em todos os seus aspectos: do metronidazol, enrofloxacina, gravidade, potencial zoonótico, cetoconazol, flouconazol, levamizol cronicidade, improbabilidade de e marbofloxacina. Portanto, existem cura parasitológica, custo variável do várias opções terapêuticas com tratamento, manutenção e controle drogas que não são utilizadas por toda vida do animal. no tratamento humano ou O paciente antes de iniciar qualquer exclusivamente utilizadas parta tentativa terapêutica deve passar animais. por avaliação clínica completa, que O tratamento clínico, dada inclui hemograma, perfil bioquímico sua complexidade, deve ser completo, proteinograma, bem como criterioso e sua indicação a confirmação diagnóstica sorológica avaliada individualmente, e parasitológica. dependendo de fatores como: Deve-se sempre enfatizar a adoção  Quadro clínico do animal no de medidas profiláticas no cão momento do diagnóstico; portador, bem como análises  Status hematológico; periódicas do parasitismo cutâneo.  Perfil renal e hepático;  Avaliação de co-morbidades;  Responsabilidade do proprietário e do veterinário na manutenção do tratamento e/ou controle por toda a vida do animal;  Compromisso do proprietário em adotar as medidas preventivas (uso constante de coleiras e/ou soluções repelentes, telas, manejo ambiental, etc.). 15
  • 17. Prevenção e controle A prevenção e controle da de fezes e acúmulo de restos de Leishmaniose Visceral Canina envolve alimentos, frutas e folhagens; o manejo do ambiente, vetor e animal.  Manter a grama e o mato sempre cortados, com retirada de O controle da Leishmaniose Visceral entulhos, lixo e fezes animais, tem como objetivo, interromper a evitando a formação de fonte de cadeia de transmissão entre o cão umidade e de matéria orgânica e o homem no ambiente urbano. em decomposição; Por isso é importante estabelecer medidas de controle do flebótomo  Como forma repelente ao inseto, e medidas que evitem o contato do utilizar spray de saneantes inseto com os cães e o homem. desinfetantes (inseticidas) ou cultivar plantas repelentes como a Medidas de controle ao vetor Citronela ou Neem. O flebótomo costuma se reproduzir em locais com muita umidade e Medidas para proteger o cão matéria orgânica em decomposição.  Recomendar o uso de coleiras Portanto, como medidas de impregnadas com deltametrina a controle do vetor, o veterinário pode 4% (trocar a cada seis meses) recomendar aos proprietários: ou produtos repelentes do tipo pour-on de ação prolongada  Evitar acúmulos de lixo de casa (reaplicar a cada 21 dias), nos e destinar o lixo adequadamente: q animais, inclusive ao transportar os é uma maneira de contribuir para animais para outras regiões, para a saúde do meio ambiente e ao evitar que ele se infecte ou que mesmo tempo evitar a proliferação transmita para um flebótomo caso dos insetos; esteja infectado;  Manter o ambiente do cão, quintal  Aconselhar os proprietários a ou varanda, sempre limpos, livre evitar passeios com o seu cão no final da tarde e início da noite; 16
  • 18.  Recomendar o proprietário Entre os fatores que levam à baixa a vacinar o seu cão anualmente, eficiência da medida de sacrifício de contra a Leishmaniose, como cães infectados estão a dificuldade medida preventiva segura e eficaz. de realização de um teste que identifique o cão transmissor, o Sabe-se que há um grande número grande espaço de tempo entre o de cães assintomáticos infectados, diagnóstico e a eliminação do cão o que é um dos fatores que dificulta no programa oficial, alta incidência o controle da LVC, pois os animais de infecção e infectividade dos cães, assintomáticos também são alto índice de reposição de cães, reservatórios dos protozoários e são que às vezes já estão infectados, capazes de infectar flebotomíneos. presença de outros hospedeiros Por isso é importante que, como como gambás, gatos e até o homem, veterinário, você esteja atento e a manutenção do ciclo de infecção às possíveis alterações clínico- do inseto e do homem, devido patológicas de seus pacientes, na ao pouco controle sobre o vetor, tentativa de diagnosticar a doença resistência da população em efetivar precocemente. esta política de eliminação, fuga A eliminação do cão soropositivo é dos pacientes para outras áreas, medida duvidosa enquanto estratégia endêmicas ou não. de controle da Leishmaniose Visceral, O combate ao vetor é considerado, pois não há evidências científicas pela Fundação Nacional de Saúde que comprovem que essa ação e pela Organização Mundial de tenha, realmente, eficácia sobre o Saúde, a melhor opção na luta contra controle da doença. a Leishmaniose Visceral, sendo por isso recomendada como estratégia importante de controle dessa doença. 17
  • 19. Recomendações finais Diante de animais com suspeita transmissão para outros indivíduos de Leishmaniose Visceral Canina, susceptíveis; orientamos como medidas  É importante lembrar que profiláticas e terapêuticas: existe um período de janela imunológica que pode durar de Cães aparentemente saudáveis um a quatro meses, portanto, em  Os cães que parecem saudáveis áreas endêmicas deve repetir o e sorologicamente não reagentes teste após este período e/ou se (ELISA e RIFI) devem ser suspeito, associar outros métodos vacinados com Vacina contra de diagnóstico. a LVC (licenciadas pelo MAPA) e deve-se recomendar o uso Cães clinicamente doentes contínuo de colar repelente à base com comprometimento renal de deltametrina 4% (que evita até e/ou hepático 95% das picadas) ou aplicações  Se o cão está mostrando periódicas de produto pour-on sinais graves decorrentes da com ação repelente ao flebótomo Leishmaniose e o bem-estar (trocar o colar a cada seis meses do animal está seriamente e reaplicar o pour-on a cada comprometido, deve-se realizar 21 dias); uma análise individualizada  Os cães infectados (assintomáticos e criteriosa do caso e decidir ou sintomáticos), que estão sob conjuntamente com o tutor tratamento, também devem usar o ou responsável pelo animal colar ou pour-on durante toda vida, pela tentativa de tratamento ou reduzindo assim as chances de eutanásia. Sempre levar em conta 18
  • 20. que muitos animais apresentam que o tratamento e o controle são uma melhora significativa por toda a vida do animal. Deve-se após início do tratamento, utilizar protocolos já testados surpreendendo o prognóstico em doses corretas, evitando-se previamente estabelecido. Portanto assim a possibilidade do deve-se sempre priorizar a desenvolvimento de parasitos tentativa de tratamento e a análise resistentes, e deve-se acompanhar da resposta individual do animal, sua eficácia com repetidos testes antes de optar pela eutanásia. diagnósticos;  Se o tratamento completo e/ou Cães clinicamente doentes a realização de testes periódicos sem comprometimento renal não for possível devido às e/ou hepático condições socioeconômicas do  Se o tratamento for possível, os tutor, o cão deve ser eutanasiado proprietários devem receber todas para evitar a progressão da as informações sobre a doença doença, sofrimento animal e (capacidade de transmissão risco de transmissão da LVC para aos seres humanos através do outros animais e pessoas; vetor; gravidade e complexidade do tratamento; custos –  Informar o proprietário que nunca medicação, serviços veterinários; se deve interromper o tratamento responsabilidade em adotar ou viajar com o animal sem medidas profiláticas no animal para informar ao médico veterinário o resto da vida, proibição do uso responsável e nunca viajar com o de medicamentos humanos, etc.). animal sem as devidas precauções. E este deve assinar um termo de Os proprietários e/ou tutores compromisso; informados devem assinar um termo de responsabilidade se optarem  O veterinário que optar em tratar por tratar seus animais, visto que a deve estar familiarizado com o LVC é uma doença vetorial grave e o tratamento e ser atualizado com os cão deve receber acompanhamento protocolos seguros e efetivos. Tanto para o resto da vida. o proprietário quanto o veterinário devem ter em mente que este tratamento é de responsabilidade Referências e Bibliografia complementar – de ambos, devendo ter consciência acesse o site www.wspabrasil.org 19