O texto descreve um minuto de prece dedicado aos suicidas em reuniões mediúnicas. Uma jovem que tentou suicídio agradece pelo minuto de oração, que trouxe conforto a ela e outros internados em um hospital psiquiátrico. Ela relata como as palavras do salmo trazem luz e consolo aos pacientes. O autor vê o episódio como confirmação dos benefícios de pequenos atos de bondade.
2. Há muitos anos, compadecido de um jovem
que se jogara de um edifício devido a alguém
que o deixara, iniciei um trabalho de preces pelos
suicidas.
3. Para toda reunião mediúnica que eu dirigisse a
partir daquele dia, o primeiro minuto seria para
eles. A principio fiquei pensando o que dizer
para alguém que, magoado, busca na morte a
solução do seu problema e acorda enlouquecido
de dor e de espanto com sua indestrutibilidade.
4. Quais palavras seriam capazes de gerar esperança,
amenizar a dor, minimizar a decepção, evitar
a loucura total e o embrutecimento?
5. Intimamente perguntei ao meu guia espiritual
sobre este minuto que se repetiria milhares de
vezes na minha vida, posto que dirijo reuniões
mediúnicas já fazem mais de quarenta anos.
6. Então ele fez soar em minha mente as palavras
do salmo que, de tanto repetir, trago gravado na
memória: o Senhor é meu Pastor. Nada me
faltará. ...
7. Certa feita, no Natal, estava eu na reunião e
preparava-me para a prece final quando uma
jovem, utilizando-se da palavra de uma médium
disse: professor! Não se assuste com o meu gesto.
Eu tenho permissão dos dirigentes da casa para
agir.
8. Então a médium se levantou sob a influência
da comunicante e beijou a mão de todos os
componentes do grupo, dizendo a cada um:
Deus lhe pague. Eu não tenho como.
9. Depois disso, ela contou que estivera internada
em um hospital de amparo aos suicidas e que o
seu nome estava escrito no livro, ali sobre a
mesa, junto com outros sofredores.
10. Em seguida descreveu o que ocorre no hospital
no minuto da prece: abre-se na parede um
grande painel luminoso e nele surgem cenas e
palavras do salmo, impregnadas de luz, que se
desloca da parede encharcando o perispírito dos
enfermos que esperavam ansiosos por aquele
momento.
11. Disse-nos, também que muitos enfermos
se recuperam e se alegram através daquele
minuto e que alguns, sabendo que ela obtivera
a permissão para nos visitar, lhe pediram
que colocássemos seus nomes no referido livro.
12. Finalmente, agradeceu em nome de todos
os desesperados, enfatizando: este minuto
dedicado a nós é mais importante do
que anos de conversa vã sobre o que fizemos.
13. E voltou, agora na condição de enfermeira,
para junto dos seus irmãos internos, deixando-nos
o agradecimento em nome e em louvor
da Mãe dos Sofredores, Maria de Nazaré.
14. Aquilo, para nós, foi a confirmação do óbvio: o
bem que fazemos hoje é nosso advogado em
qualquer tempo ou lugar.