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IMPRESSO ESPECIAL
CONTRATO
Nº 050200577-7
ECT/DR/RJ
CAPAX DEI EDIT. LTDA.
MSIA – Movimento de Solidariedade Ibero-americana
Março de 2007 | Edição Especial de Solidariedade Ibero-americana
2 | Solidariedade Ibero-americana
Editorial
O futuro da Civilização está em jogo. A Hu-
manidade enfrenta a terrível ameaça do aque-
cimento global, que a obrigará a uma drástica
mudança de hábitos e padrões de desenvolvi-
mento. Não, caro leitor, não nos referimos às
variações climáticas que têm caracterizado a
história geológica do planeta há centenas de
milhões de anos, mas à gigantesca articulação
internacional criada para atribuir às atividades
humanas o ligeiro (e natural) aquecimento at-
mosférico registrado nos últimos 150 anos e,
principalmente, às conseqüências dessa tra-
móia global – estas sim, potencialmente catas-
tróficas. Nesta edição especial de Solidariedade
Ibero-americana, pretendemos demonstrar que
a suposta ameaça da subida dos termômetros
nada tem a ver com o desenvolvimento huma-
no, mas com uma combinação de interesses
políticos e econômicos internacionalistas,
cientistas cooptados, ONGs engajadas, uma
mídia inclinada ao sensacionalismo e, não
menos, as deficiências educacionais (princi-
palmente nos países subdesenvolvidos) res-
ponsáveis pelo escasso conhecimento básico
de ciências da população.
Sejamos diretos. O que temos diante de
nós não é um fato cientificamente estabelecido,
como trombeteia o “Resumo para formulado-
res de políticas” do quarto relatório do Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climá-
ticas (IPCC) das Nações Unidas. Trata-se de
uma das maiores operações de manipulação de
opinião pública da história, a serviço de uma
maldisfarçada agenda de “governo mundial”,
a qual, se bem-sucedida, implicará em um vir-
tual congelamento do desenvolvimento socio-
econômico em todo o planeta. Isto, porque,
salvo por algum grande avanço tecnológico
antecipado, como o domínio da fusão nuclear,
não se vislumbram pelo menos para antes de
meados do século substitutos viáveis em grande
escala para o carvão, petróleo e gás natural,
que respondem por quase 80% da produção
mundial de energia, cujos usos se pretendem
restringir em nome da “salvação” do planeta
(enquanto se fazem grandes negócios com os
chamados créditos de carbono).
Ou seja, as velhas inclinações das oligarqui-
as internacionais – o malthusianismo, o colonia-
lismo e a especulação financeira, todos embru-
lhados sob o rótulo do ambientalismo.
Como temos reiterado, o ambientalismo é
uma ideologia obscurantista, anticivilizatória e,
ironicamente, antinatural, pois nega a vocação
inata do Homo sapiens para o progresso e a
hierarquia ontológica que o coloca na vanguar-
da do processo de evolução universal – a evo-
lução tornada consciente, na inspiradora formu-
lação do cientista francês Jean-Michel Dutuit.
A fraude do aquecimento global antropo-
gênico, o maior esforço já feito pelos mentores
do ambientalismo, não tem paralelo na histó-
ria da ciência, nem mesmo no tenebroso Caso
Lysenko, que atrasou em meio século o avanço
das ciências biológicas na Rússia Soviética,
inclusive com a eliminação física de grandes
cientistas russos. Hoje, porém, os efeitos po-
tenciais de tal tentativa de substituir à força a
busca da verdade pela ideologia e por uma po-
lítica de fatos consumados poderão, não ape-
nas atrasar alguns países, mas interromper o
progresso de toda a Humanidade. Portanto,
urge que essa agenda anti-humana seja devi-
damente desmascarada e neutralizada.
A fraude do aquecimento global
Publicado pelo
MSIA – Movimento de
Solidariedade Ibero-americana
Edição em português
Diretora: Silvia Palacios
Conselho editorial: Angel Palacios Zea, Geraldo Luís Lino,
Lorenzo Carrasco, Marivilia Carrasco e Nilder Costa
Traduções: Yára Müller
Rio de Janeiro:
Rua México, 31 s.202 CEP 20031-144 Rio de Janeiro-RJ
Telefax: + (21) 2532-4086
E-mail: msia@msia.org.br | Sítio: www.msia.org.br
Projeto Gráfico: Maurício Santos
Março de 2007 | 3
Embora esteja em andamento há décadas, a
presente histeria climática vem em uma es-
calada acelerada a partir de meados de 2006,
quando foi lançado em circuito mundial o
documentário sensacionalista Uma verdade
inconveniente, protagonizado pelo ex-vice-
presidente estadunidense Al Gore (convenien-
temente agraciado com um Oscar da Academia
de Hollywood). Em rápida sucessão, segui-
ram-se outros eventos destinados a reforçar
na opinião pública de todo o mundo a impres-
são de que estaríamos diante de uma verdadei-
ra emergência global, e não da tramóia que
pode ser desvendada seguindo-se as pistas de
certos personagens-chave, entre outros, o
próprio Gore e o magnata canadense Maurice
Strong, seu velho mentor de campanhas am-
bientalistas. Um dos principais articuladores
do ambientalismo internacional, Strong é tam-
bém a personificação da campanha “aqueci-
mentista”, que agora chega ao auge.
Em setembro, com grande publicidade, a
Real Sociedade britânica (a mais antiga asso-
ciação científica do mundo) enviou à compa-
nhia petrolífera Exxon/Mobil uma inacredi-
tável carta, instando-a a interromper os finan-
ciamentos a pesquisas científicas contrárias ao
suposto consenso em torno do aquecimento
global antropogênico. Evidentemente, a carta
ignorava os bilhões de dólares concedidos
por governos e fundações do Establishment
oligárquico às pesquisas contrárias, orientadas
para demonstrar a suposta responsabilidade
humana nas mudanças climáticas, ou às cen-
tenas de organizações não-governamentais
(ONGs) engajadas na campanha alarmista.
Em meados de outubro, o Fundo Mundial
para a Natureza (WWF) apresentou o Living
Planet Report (Relatório sobre o planeta
vivo), documento no qual a ONG favorita da
família real britânica volta a bater na surrada
tecla dos “limites ao crescimento”, afirmando
que, aos níveis atuais de consumo de recursos
naturais, por volta de 2050, seriam necessá-
rias três Terras para satisfazer às necessi-
dades da Humanidade. A mensagem nem tão
subliminar por trás de tal conclusão é a de
que inexistiriam meios de estender a todos os
habitantes do planeta os níveis de vida desfru-
tados pelos habitantes dos países industriali-
zados mais avançados.
No final do mês, novamente com o apoio
da Real Sociedade e um esquema de pro-
paganda mundial, foi divulgado o estudo
“A economia das mudanças climáticas”, en-
comendado pelo Governo Tony Blair ao ex-
economista do Banco Mundial sir Nicholas
Stern. A conclusão principal era a de que o
custo econômico das emissões de gases de
efeito estufa poderá chegar a 20% do PIB
mundial, até meados do século. Entre as reco-
mendações para solucionar o suposto proble-
ma, o relatório destaca o estabelecimento de
limites nacionais para as emissões de gases
de carbono (Stern fala em 30% até 2050) e a
consolidação dos já existentes mercados de
créditos de carbono.
A proposta é consolidar o chamado dis-
positivo cap-and-trade (limitar-e-comerciar),
com o qual as cotas de emissões são conver-
tidas em títulos negociáveis. Stern estima o
montante dos títulos hoje existentes em 28
bilhões de dólares, o qual poderá chegar a
40 bilhões de dólares até 2010. Porém, o
potencial desse mercado de “derivativos de
fumaça” será muito maior se os limites de
emissões forem tornados obrigatórios para
todos os países.
Fabricando uma
“emergência global”G.L. Lino, L. Carrasco, S. Palacios e N. Costa
4 | Solidariedade Ibero-americana
Oportunamente, Blair recrutou Al Gore
para assessorá-lo no esforço de difundir o
cenário de pesadelo imaginado por sir
Nicholas, enquanto o seu ministro do Meio
Ambiente, David Milliband, anunciava a in-
tenção de distribuir cópias de Uma verdade
inconveniente em toda a rede escolar secun-
dária do Reino Unido (a despeito de os argu-
mentos fraudulentos apresentados no filme
terem sido amplamente contestados por nu-
merosos cientistas).
Com a mídia mais preocupada com as
sombrias extrapolações do relatório, passou
quase despercebido o fato de que, desde 2004,
Gore é um dos sócios fundadores do fundo
de investimentos Generation Investment
Management, sediado em Londres e criado
para promover investimentos de longo prazo
“sustentáveis”, segundo os cânones ambien-
talistas. Em uma entrevista ao jornal The
Observer de 14 de novembro de 2004, Gore
deu uma pista do tipo de negócios preten-
didos: “A mudança climática é um proble-
ma que não será resolvido pelos políticos...
Os políticos têm um papel importante a cum-
prir, mas a realidade vai provocar os seus
efeitos no mercado, independentemente da
opinião pública e da ação dos governos.”
Para Gore, a “intensidade de carbono”
das atividades econômicas deverá ser um fator
cada vez mais relevante para a sua lucrativi-
dade, citando como exemplo a indústria auto-
mobilística. Evidentemente, os créditos de
carbono se encaixam perfeitamente no
portfólio contemplado por ele e seus sócios.
(Alguém mencionou conflito de interesses?)
Talvez, também não seja coincidência
que Maurice Strong esteja associado ao mega-
especulador George Soros em uma empreita-
da para introduzir no mercado dos EUA os
minicarros chineses Chery – muito menos
“intensivos em carbono” do que qualquer au-
tomóvel estadunidense ou europeu.
Embora o Governo Bush não tenha ratifi-
cado o Protocolo de Kyoto, em janeiro, uma
coalizão de grandes empresas e ONGs ambien-
talistas dos EUA (entre elas, o Natural Resour-
ces Defense Council e o World Resources Ins-
titute) fundou a Parceria de Ação Climática
(USCAP), para promover “uma abordagem
de mercado para a proteção climática, obri-
gatória e para toda a economia”, inclusive
junto ao Congresso e à Casa Branca.
A mensagem parece ser: Aí vem o apo-
calipse, mas vamos faturar com ele!
Ao mesmo tempo, a Comissão Européia
propôs uma redução de 20% nas emissões de
carbono sobre os níveis de 1990, até 2020
(acima dos 12% previstos no Protocolo de
Kyoto, que vários países da União Européia
já estão com dificuldades para cumprir, com
sérias implicações para vários setores indus-
triais do continente).
Ainda em janeiro, os editores do Bulletin
of the Atomic Scientists, revista que desde há
muito vem funcionando como veículo de
propaganda dos promotores das teses de “go-
verno mundial”, afirmaram que o aqueci-
mento global representaria para o mundo
uma ameaça tão ou mais grave que a possi-
bilidade de um conflito nuclear (simbolica-
mente representada no “Relógio do Apoca-
lipse” estampado na capa da revista, cuja
proximidade da meia-noite indica o risco de um
conflito nuclear em algum lugar do planeta).
Da mesma forma, ao lado da crise real de
liderança dos EUA pós-Iraque, a suposta
crise climática foi um dos principais desta-
ques da reunião anual do Fórum Econômico
Mundial, em Davos, ocorrida simultanea-
mente com o conclave do Painel Intergoverna-
mental sobre Mudanças Climáticas (IPCC),
em Paris. O parágrafo inicial do boletim de
imprensa final do evento ressalta a impor-
tância atribuída ao tema: “A Reunião Anual
do Fórum Econômico Mundial, em Davos,
fechou no domingo (29/01) com as mudan-
ças climáticas firmemente (colocadas) no
palco central do debate. Em 17 sessões rela-
cionadas ao aquecimento global, o Fórum
reuniu os principais acadêmicos, líderes
empresariais, representantes de ONGs,
chefes de agências da ONU e políticos do
mundo, além de muitos outros, para avan-
çar as discussões e explorar oportunidades
práticas para o progresso por meio de par-
cerias. O encontro ilustrou claramente o
compromisso cada vez mais profundo do
Março de 2007 | 5
empresariado em engajar outros grupos para
o encaminhamento desse tema.”
Como seria previsível, os esquemas cap-
and-trade foram as vedetes das discussões,
sendo defendidos, entre outros, pelo inevi-
tável sir Nicholas Stern e o físico brasileiro
José Goldemberg, um veterano ativista do
ambientalismo internacional.
Também presente, o ministro Milliband
afirmou que “mercados de carbono amplos,
longos e profundos são absolutamente essen-
ciais. Não existe preço para a poluição que pro-
duzimos nos últimos 150 anos... E, olhando
para a frente, nós precisamos projetar o merca-
do além de 2012, para manter a confiança em-
presarial engajada com um nível de certeza”.
Vale recordar que Milliband é o mesmo que
propôs recentemente a “privatização da
Amazônia”, para preservar a floresta como
um depósito de carbono mundial.
A escalada chegou ao auge em 2 de feve-
reiro, com a divulgação do “Resumo para
formuladores de políticas” (Summary for
Policymakers) do IPCC, o qual afirma que “a
maior parte do aumento observado nas tem-
peraturas médias globais desde meados do
século XX é muito provavelmente devida ao
aumento observado nas concentrações antro-
pogênicas de gases de efeito estufa” (grifos
no original). O documento define “muito
provavelmente” como um grau de certeza su-
perior a 90% – compreensivelmente, recebido
de forma generalizada como uma chancela
da comunidade científica ao fenômeno.
O impacto provocado pelo relatório pode
ser avaliado pela chamada de primeira pági-
na da Folha de S. Paulo de 3 de fevereiro:
“Cientistas prevêem futuro sombrio para a
Terra. A temperatura da Terra subirá até o
fim do século, diz o mais importante relatório
sobre o aquecimento global, produzido por
600 cientistas de 40 países. A geleira sobre a
Groenlândia pode sumir em milênios, os fu-
racões ficarão mais fortes e o nível do mar
subirá pelos próximos mil anos – de 18 cm a
59 cm até 2100. O relatório responsabiliza a
ação humana pelo aquecimento global.”
Ato contínuo, os porta-vozes do aparato
ambientalista internacional se apressaram em
endossar as conclusões do documento. O ubí-
quo ministro Milliband foi rápido no gatilho:
“Ele é outro prego no caixão dos negadores
das mudanças climáticas e representa o
quadro mais representativo até agora, mos-
trando que o debate sobre a ciência das
mudanças climáticas está bem e verdadei-
ramente encerrado.”
“O relatório do IPCC incorpora um extra-
ordinário consenso científico de que as mu-
danças climáticas já estão sobre nós e que as
atividades humanas são as responsáveis”,
disparou o diretor-geral do WWF Interna-
cional, James Leape.
O diretor-executivo do Programa das Na-
ções Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA),
Achim Steiner, completou dizendo que o
relatório “nos dá um alerta vigoroso de que
o impacto potencial será mais dramático,
rápido e mais drástico em termos de conse-
qüências do que se pensava antes. Os impac-
tos irão mudar de maneira fundamental os
modos de vida de algumas pessoas”.
Dias depois, em uma reunião em Washing-
ton, a Organização de Legisladores Globais
para um Meio Ambiente Equilibrado (Globe
International) divulgou um manifesto, apoi-
ando as conclusões alarmistas do IPCC e,
claro, o mecanismo cap-and-trade. Original-
mente fundado em 1989, por parlamentares
dos EUA e do Reino Unido, o grupo reúne
atualmente representantes dos países do G-8
e de cinco países-líderes do bloco subde-
senvolvido – China, Índia, África do Sul,
México e Brasil (os signatários brasileiros do
manifesto foram os senadores Renato Casa-
grande e Serys Shlessarenko e os deputados
Antônio Palocci Filho e Augusto Carvalho).
Entre os seus patrocinadores, destacam-se a
União Européia e empresas como a BP,
Anglo American, Bayer, American Electric
Power, Ernst & Young e outras.
Se tais planos forem bem-sucedidos, ao
contrário do que afirma o ecotecnocrata
Steiner, não serão os modos de vida de algu-
mas pessoas que mudarão, mas os de todo o
planeta – e para muito pior, exceto para os
próceres do big business adredemente posi-
cionados para aproveitar os novos tempos.
6 | Solidariedade Ibero-americana
Felizmente para a Humanidade, a trombe-
teada crise climática provocada pelo homem
simplesmente não existe. Na verdade, trata-
se da culminância de um vasto processo de
“engenharia social” (ou, em português claro,
manipulação) de caráter neocolonial e de
longo prazo, deflagrado há quatro décadas
por grupos oligárquicos hegemônicos do
Hemisfério Norte, com o objetivo geral de
reorientar o desenvolvimento socioeconô-
mico mundial de acordo com os seus propó-
sitos exclusivistas – enquanto, claro, fazem
grandes negócios.
Recorde-se que, em meados da década de
1960, a Humanidade como um todo experi-
mentava o mais alto ritmo de progresso de
sua história, com destaque para os países do
chamado Terceiro Mundo, muitos dos quais
implementavam ou contemplavam ambicio-
sos programas de industrialização. Contra
esse impulso positivo e otimista, que contra-
riava a sua visão negativa sobre o mundo e
as perspectivas humanas, o Establishment
oligárquico anglo-americano desfechou uma
ofensiva em várias frentes, visando, basica-
mente: 1) transferir o controle dos processos
de desenvolvimento, dos Estados nacionais
para entidades supranacionais e não-gover-
namentais, consolidando estruturas de “go-
verno mundial” (ou “governança global”,
como preferem alguns); 2) erradicar o “vírus
do progresso” entre os estratos educados das
sociedades de todo o mundo, com a difusão
do irracionalismo e da descrença nas conquis-
tas científico-tecnológicas como motores do
desenvolvimento; 3) reduzir o crescimento da
população mundial; e 4) controlar uma grande
proporção dos recursos naturais do planeta.
O movimento ambientalista internacional,
cuja criação por tais grupos hegemônicos
remonta àquele período, tem sido um dos
principais instrumentos dessa demonização
do progresso científico, tecnológico e indus-
trial e seus desdobramentos. Por trás da fa-
chada da proteção de uma natureza desuma-
nizada e transformada em entidade de direito
próprio, encontra-se a idéia-força – moral-
mente inaceitável e cientificamente insusten-
tável – de que o planeta não suportaria a
extensão dos benefícios da modernização
industrial a todos os povos e países.
Além disso, o alarmismo “aquecimen-
tista” está sendo exacerbado em um momento
de definições cruciais para o Establishment
oligárquico, no qual a sua agenda hegemô-
nica se encontra em xeque por conta da erosão
acelerada da ordem mundial pós-Guerra Fria,
devido a: 1) os limites da supremacia militar
e financeira dos EUA; 2) a crescente instabi-
lidade do sistema financeiro “globalizado”,
que necessita de novas fontes de liquidez e
instrumentos especulativos; e 3) a ressurgên-
cia de vários Estados nacionais importantes,
como a Federação Russa de Vladimir Putin, no
controle dos recursos naturais de seus terri-
tórios, especialmente os energéticos (90% das
Uma manipulação
planetária
Março de 2007 | 7
reservas mundiais de petróleo e gás natural
já se encontram sob controle estatal, contra
apenas 10% das multinacionais do setor).
Com a implosão do bloco socialista, em
1989-91, e a desmoralização da agenda polí-
tica do “choque de civilizações” como um
substituto plausível para o conflito ideológico
da Guerra Fria, a decretação de uma suposta
emergência climática planetária oferece a tais
círculos uma grande oportunidade para a ma-
nutenção e aprofundamento da agenda de
“governança global”.
As propostas em discussão contemplam o
estabelecimento de draconianos limites para
as emissões de carbono a partir de 2012,
quando expira o vigente Protocolo de Kyoto,
os quais seriam extensivos aos países subde-
senvolvidos, atualmente isentos deles. Como
quase 80% do consumo mundial de energia
dependem dos combustíveis fósseis, é fácil
perceber que os esforços de desenvolvimento
da grande maioria dos países ficariam umbi-
licalmente ligados aos florescentes – e alta-
mente especulativos – mercados de créditos
de carbono. Ou seja, em lugar do antigo “pa-
drão-ouro”, teríamos agora um “padrão-car-
bono” a limitar o progresso dos povos.
A União Européia tem um grande interesse
na oficialização dos limites de emissões, pois,
juntamente com o Japão e o Canadá (cuja per-
manência é incerta), é o único grande centro
econômico obrigado ao Protocolo de Kyoto –
não ratificado pelos EUA –, o que está provo-
cando um pesado óbice às suas indústrias, um
tanto debilitadas pela “globalização” finan-
ceira e a competição desigual com a mão-de-
obra ultrabarata das indústrias asiáticas.
Ademais, a despeito de todo o alarido so-
bre energias alternativas, não há substitutos
em grande escala para os combustíveis fós-
seis, nas próximas décadas. Sem falar no fato
de que, no caso da geração de eletricidade,
as fontes hidrelétricas e nucleares (que, jun-
tamente com as termelétricas alimentadas a
combustíveis fósseis, respondem por 99% da
geração mundial) também se encontram sob
o fogo cerrado do aparato ambientalista.
A grande ameaça que paira sobre o pla-
neta não é climática ou qualquer outra catás-
trofe imaginada pelos delírios ambientalistas,
mas o aprofundamento das injustiças e desi-
gualdades mundiais, que tem se acelerado
com a “globalização” financeira das últimas
décadas. A reversão desse processo e a reto-
mada do desenvolvimento e do otimismo
cultural em escala global irão requerer, entre
outros itens, uma considerável ampliação da
oferta e dos usos da energia em todo o plane-
ta (para 90% dos 700 milhões de africanos,
energia ainda é sinônimo de lenha, o combus-
tível mais primitivo utilizado pelo homem).
Portanto, qualquer proposta de redução do
uso de combustíveis fósseis, enquanto tecno-
logias mais eficientes não estiverem plena-
mente disponíveis, assume o caráter de um
crime de lesa-humanidade. As sugestões
mais extremadas, de reduções de até 60% das
emissões até meados do século, feitas por
ambientalistas – e até mesmo alguns cientistas
– mais delirantes, podem ser francamente ro-
tuladas como pró-genocidas.
Por último, para implementar semelhante
esquema, haveria a necessidade de estabele-
cimento de uma autoridade supranacional
para fiscalizar o cumprimento das metas de
emissões e, eventualmente, punir os infratores.
Quem estaria a cargo de uma tal entidade?
Como seriam nomeados e a quem responde-
riam os seus dirigentes? Poderia ela determi-
nar sanções econômicas e até militares contra
os países recalcitrantes? Como veremos adian-
te, tal agência já está sendo pensada.
8 | Solidariedade Ibero-americana
Para justificar os cenários catastrofistas ne-
cessários para “vilanizar” as atividades in-
dustriais e os modelos de desenvolvimento
baseados na industrialização, os mentores do
ambientalismo precisaram forjar um arremedo
de consenso científico sobre a suposta emer-
gência climática. Curiosamente, as primeiras
propostas para a limitação das emissões de
dióxido de carbono já surgiram na Conferên-
cia de Estocolmo, em 1972, em um momento
em que as temperaturas globais vinham cain-
do desde 1940. Na época, parte do discurso
alarmista se referia ao resfriamento global e
à ameaça de uma nova era glacial.
Nas décadas seguintes, a reversão da cur-
va de temperaturas, que voltaram a subir a
partir de 1975, facilitou a transformação da
climatologia em um instrumento político.
Começou, então, a litania para responsabili-
zar o dióxido de carbono antropogênico pelo
aumento das temperaturas, mesmo diante das
maciças evidências de que o aquecimento
registrado no século XX era um fenômeno
tão natural como o Período Quente Medieval,
entre os séculos IX e XII, quando as tempe-
raturas no Hemisfério Norte eram 1-2o
C su-
periores às atuais – mais de seis séculos antes
da Revolução Industrial.
Desde então, o alegado consenso vem
sendo construído a partir de uma criteriosa
seleção dos cientistas participantes de encon-
tros internacionais dedicados ao assunto e o
direcionamento preferencial de verbas para
as pesquisas favoráveis aos cenários catastro-
fistas. Em um depoimento publicado na edi-
ção de dezembro de 2000 do Weather Action
Bulletin, o meteorologista britânico Piers
Corbyn foi enfático: “O problema que estamos
enfrentando é que o Establishment meteoro-
lógico e o lobby dos grupos de pesquisa do
aquecimento global, que recebem grandes
financiamentos, estão aparentemente tão
corrompidos pela generosidade recebida,
que os cientistas que atuam neles venderam
a sua integridade.”
Em paralelo, os cientistas que questiona-
vam a ilação simplista “carbono-aquecimento”
passaram a ser pejorativamente rotulados
como “céticos”, agentes a soldo das empre-
sas de petróleo e carvão e outros epítetos do
gênero. Escusado dizer que raramente a mídia
(em geral propensa ao sensacionalismo) tem
se dado ao trabalho de consultá-los. No Brasil,
a longa série de reportagens alarmistas que a
Rede Globo de Televisão dedicou ao assunto
em seus programas jornalísticos de horário
nobre, desde o lançamento do “Relatório
Stern”, não ouviu um único cientista contrá-
rio ao cenário catastrofista (que, apesar de
tudo, constituem a grande maioria).
Nos últimos meses, os “céticos” passaram
a ser alvos de uma autêntica caça às bruxas.
Nos EUA, a apresentadora do Weather Chan-
nel, Heidi Cullen, sugeriu que os meteorolo-
gistas que não aceitassem o que chamou de
“visão científica aceita” sobre o aquecimen-
to global tivessem canceladas as suas licen-
ças profissionais. Pouco depois, o climatolo-
gista-chefe do estado de Oregon, George
Taylor, passou a ser ameaçado de demissão
por ter questionado publicamente o cenário
catastrofista. Na Inglaterra, o celebrado
colunista do The Guardian, George Monbiot,
propôs que tais cientistas fossem submetidos
a julgamentos como os do Tribunal de
Nuremberg, que condenou criminosos de
guerra nazistas após a II Guerra Mundial.
Quanto ao decantado Painel Intergover-
namental sobre Mudanças Climáticas
(IPCC), os seus relatórios e, em especial, os
“Resumos”, têm funcionado como os “diári-
os oficiais” da campanha. Para tanto, o órgão
não tem se furtado a recorrer a fraudes escan-
dalosas, como ocorreu com o notório “gráfico
Consenso forjado
e ciência engajada
Março de 2007 | 9
do taco de hóquei” do relatório de 2001, o
qual, simplesmente, suprimiu o Período
Quente Medieval, para implicar que o aque-
cimento ocorrido no século XX seria de res-
ponsabilidade humana (p. 10).
Da mesma forma, o IPCC tem ignorado
sistematicamente as evidências que não se
encaixam no cenário antropogênico, como
as cada vez mais numerosas pesquisas que
demonstram a influência determinante das
radiações cósmicas e solares sobre o clima
terrestre (p. 23).
Por outro lado, a grande maioria dos
prognósticos alarmistas se baseia em mode-
los climáticos computadorizados, que estão
muito longe de simular com precisão aceitá-
vel os processos do mundo real, pela simples
razão de que o clima da Terra é resultante de
uma ultracomplexa interação de fatores cós-
micos e terrestres, muitos dos quais ainda
pouco conhecidos da ciência. Portanto, por
mais avançados que sejam os supercomputa-
dores nos quais são rodados, tais modelos
não passam de ferramentas úteis para estudos
acadêmicos e não poderiam, em hipótese
alguma, ser utilizados para fundamentar
políticas de tão grande alcance para o futuro
da Humanidade.
A própria metodologia que privilegia o
uso de modelos matemáticos, em detrimento
das observações no mundo real, decorre da
hegemonia adquirida pelo enfoque mecani-
cista-reducionista nas ciências, o qual preten-
de compreender os fenômenos a partir do co-
nhecimento agregado das suas partes consti-
tuintes. Herança do Iluminismo, essa ótica
pode ser bem-sucedida com fenômenos menos
complexos e o desenvolvimento de projetos
tecnológicos, mas não favorece o entendi-
mento da dinâmica planetária e do contexto
cósmico no qual ela se insere (e, menos ainda,
do papel universal da espécie humana). Além
disso, é um obstáculo aos avanços dos novos
campos do conhecimento científico que, nas
décadas vindouras, serão necessários para
assegurar um progresso eqüitativo e sustenta-
do para toda a Humanidade. Por conseguinte,
é imperativo que a verdadeira ciência seja
reconduzida ao lugar que lhe cabe nas discus-
sões sobre o clima terrestre e as suas intera-
ções com as atividades humanas.
Um alerta do Canadá
Uma contundente manifestação de cientistas
de escol contra o “consenso” fabricado foi
uma carta aberta encaminhada em abril de
2006 ao primeiro-ministro do Canadá,
Stephen Harper, propondo uma rediscussão
da posição do país no Protocolo de Kyoto.
Encabeçada pelo Dr. Ian D. Clark, professor
de Hidrogeologia e Paleoclimatologia da
Universidade de Ottawa, a carta foi assinada
por outros 59 dos mais proeminentes cien-
tistas envolvidos em estudos climáticos, do
Canadá, EUA, Reino Unido, Austrália,
Nova Zelândia, Dinamarca, Suécia e
Polônia. Os dois parágrafos seguintes são
auto-explicativos:
“Embora os pronunciamentos confiantes
de grupos ambientais cientificamente des-
qualificados possam proporcionar manchetes
sensacionalistas, eles não são bases para
uma formulação de políticas amadurecida.
O estudo das mudanças climáticas globais é,
como o senhor tem dito, uma ‘ciência emer-
gente’, talvez a mais complexa jamais ence-
tada. Pode levar anos antes que entendamos
adequadamente o sistema climático da Terra.
Não obstante, avanços significativos foram
feitos desde a criação do protocolo, muitos
dos quais nos estão afastando de uma preo-
cupação com o aumento dos gases de efeito
estufa. Se, em meados da década de 1990,
nós soubéssemos o que sabemos hoje so-
bre o clima, quase certamente Kyoto não
existiria, porque teríamos concluído que
não era necessário.
“Nós entendemos a dificuldade que qual-
quer governo tem ao formular políticas razoá-
veis com base na ciência, quando as vozes mais
estridentes parecem estar levanto ao rumo
oposto. Entretanto, a convocação de consul-
tas abertas e não-tendenciosas permitirá aos
canadenses ouvir especialistas dos dois lados
da comunidade de ciências climáticas. Quando
o público vier a entender que não existe qual-
quer ‘consenso’ entre os cientistas climáticos,
no tocante à importância relativa das várias
causas das mudanças climáticas globais, o
governo estará em uma posição muito melhor
para elaborar planos que reflitam a realidade
e possam, portanto, beneficiar tanto o meio
ambiente como a economia.”
10 | Solidariedade Ibero-americana
Caro leitor, observe os dois gráficos da pági-
na seguinte. O primeiro (Fig. 1), apresentado
no primeiro relatório do Painel Intergoverna-
mental sobre Mudanças Climáticas (IPCC),
em 1990, retrata as variações relativas de tem-
peratura ocorridas ao longo do último milênio.
Mesmo sem maior precisão, ele mostra o Pe-
ríodo Quente Medieval, entre os séculos IX
e XII, com temperaturas mais altas que as
atuais, e a Pequena Idade do Gelo, entre os
séculos XVII e XIX, mais fria e da qual o
aquecimento registrado no século XX parece
não ser mais que uma recuperação. Ambos
os períodos são bastante conhecidos pelos
paleoclimatologistas, que estudam a história
climática do planeta. Como as medições di-
retas com termômetros tiveram início apenas
no final do século XVIII, as épocas anterio-
res são estudadas com métodos indiretos –
isótopos de oxigênio (O18
/O16
), pólen, anéis
de crescimento de árvores, formações geoló-
gicas características etc. –, os quais propor-
cionam um quadro suficientemente preciso
sobre o clima vigente em um dado período.
O segundo gráfico (Fig. 2), referente a
um estudo de anéis de árvores e outras fontes,
feito em 1999 pela equipe do paleoclimato-
logista Michael E. Mann, então na Universi-
dade de Massachussetts, foi apresentado no
relatório de 2001 do IPCC. Ele mostra um
ligeiro resfriamento de 0,2o
C para o Hemis-
fério Norte, no período 1000-1900, seguido
de uma brusca elevação de 0,6o
C, no período
1900-2000. Por sua forma, ficou conhecido
como o “taco de hóquei” e foi extensamente
alardeado pelo IPCC e a comunidade “aque-
cimentista” como uma evidência cabal da
ação humana no clima. O problema é que,
como foi prontamente demonstrado, ele era
simplesmente falso.
De início, chamou a atenção o fato de que
o gráfico do grupo de Mann eliminava suma-
riamente o Período Quente Medieval e a Pe-
quena Idade do Gelo. Pouco depois, dois
estatísticos canadenses da Universidade de
Guelph (Ontario), Stephen McIntyre e Ross
McKitrick, analisaram os dados e a metodo-
logia usados pela equipe de Mann e concluí-
ram que os algoritmos empregados sempre
produziam um gráfico em forma de taco de
hóquei, independentemente dos dados apli-
cados a eles. Posteriormente, por solicitação
do deputado Joe Barton, então presidente do
Comitê de Energia e Comércio da Câmara
dos Deputados dos EUA, o Dr. Edward J.
Wegman, da Universidade George Mason e
considerado um dos maiores especialistas em
modelos estatísticos computadorizados do
país, também revisou o trabalho de Mann e
chegou à mesma conclusão.
Ademais, Wegman fez uma crítica devas-
tadora à comunidade dos “aquecimentistas”,
que, segundo ele, formam um grupo tão fe-
chado em si próprio que impossibilita qual-
quer revisão independente de trabalhos como
o de Mann. Em suas palavras, “existe um
grupo estreitamente interligado de indivíduos
que acredita apaixonadamente em suas teses.
Entretanto, a nossa percepção é a de que este
grupo tem um mecanismo de retroalimentação
que se auto-reforça e, ademais, o trabalho
tem sido tão politizado que eles dificilmente
podem reavaliar as suas posições públicas
sem perder a credibilidade”.
O “taco de hóquei”:
retrato de uma fraude
Março de 2007 | 11
FIGURA 1
Curva de temperaturas do IPCC em 1990
FIGURA 2
Reconstrução das temperaturas no Hemisfério Norte (o “taco de hóquei”)
Fonte: Mann, Bradley e Hughes, 1999, Geophysical Research Letters, Vol. 26.
Diante da fraude comprovada, o IPCC
não fez qualquer retratação e, embora tenha
excluído o trabalho de Mann do “Resumo”
de 2007, manteve as suas conclusões no do-
cumento, a saber: “Informações paleoclimá-
ticas apóiam a interpretação de que o aqueci-
mento do último meio século é incomum,
pelo menos nos 1300 anos anteriores.”
Em respeito à inteligência do leitor, dis-
pensam-se maiores comentários.
Fonte: IPCC, 1990
12 | Solidariedade Ibero-americana
As três décadas que se seguiram à II Guerra
Mundial representaram o período de mais
rápida expansão do processo de desenvolvi-
mento socioeconômico para toda a Humani-
dade. Tal impulso foi proporcionado pela
reconstrução econômica do pós-guerra, espe-
cialmente na Europa e no Japão, o processo
de descolonização na Ásia e na África e o
arcabouço financeiro e monetário relativa-
mente estável proporcionado pelo Sistema de
Bretton Woods. Ao mesmo tempo, uma série
de conquistas científico-tecnológicas contri-
buía para disseminar um intenso otimismo
cultural: a “Revolução Verde” dos cultivos
de alto rendimento, os avanços da medicina
e da saúde pública, das telecomunicações, as
perspectivas de uso pacífico da energia nu-
clear, a corrida espacial e outras.
Naquele momento, a palavra de ordem era
industrialização, principalmente entre os países
subdesenvolvidos. Em 1957, o comércio mun-
dial de produtos industrializados superou
pela primeira vez o de produtos primários e
alimentos. Entre 1953 e 1963, a participação
dos países subdesenvolvidos na produção in-
dustrial mundial subiu de 6,5% para 9%, uma
alta de quase 50%, com tendência ascendente.
Foi nesse contexto que certos setores do
Establishment anglo-americano colocaram
em marcha o movimento ambientalista inter-
nacional, cuja criação já vinha sendo prepa-
rada desde o pós-guerra imediato. Em seu
livro Battling Wall Street: The Kennedy
Presidency (Combatendo Wall Street: a Pre-
sidência Kennedy), o sociólogo estaduni-
dense Donald Gibson descreve: “No final da
década de 1950 e início da de 1960, uma an-
tiga inclinação existente entre alguns mem-
bros da classe superior estava prestes a se
tornar um assunto nacional. Esta inclinação
ia redefinir as conquistas da ciência e da
tecnologia como ações malignas que amea-
çavam a natureza ou como fúteis tentativas
de reduzir o sofrimento humano que, diziam,
era o resultado da superpopulação. Essa ten-
dência, em parte articulada como uma visão
de mundo nos escritos de Thomas Malthus,
toma o que podem ser preocupações razoá-
veis sobre temas como a qualidade do ar e da
água e as reveste de uma ideologia profun-
damente hostil ao progresso econômico e à
maioria dos seres humanos.”
Desde as fases iniciais do movimento, o
potencial do dióxido de carbono (CO2
) como
“vilão ambiental” não passou despercebido
pelos seus mentores, com destaque para o
magnata canadense Maurice Strong, cuja tra-
jetória multifacetada é a demonstração viva
do controle do ambientalismo pelo Establi-
shment oligárquico. Já em 1972, como secre-
tário-geral da Conferência das Nações Unidas
sobre o Meio Ambiente Humano, em Esto-
colmo, ele apresentou uma agenda que anteci-
pava com grande “clarividência” o que estava
por vir. O relato é da sua compatriota, a com-
petente jornalista investigativa Elaine Dewar,
no livro Cloak of Green: The Links Between
Key Environmental Groups, Government and
Big Business (Capa de verde: os laços entre
grupos ambientais importantes, governos e
os grandes negócios): “Quando a Conferên-
cia de Estocolmo foi instalada, em 1972,
Strong advertiu urgentemente sobre o advento
do aquecimento global, a devastação das flo-
restas, a perda de biodiversidade, os oceanos
poluídos e a bomba-relógio populacional.
Ele sugeriu um imposto sobre a movimenta-
ção de cada barril de petróleo e o uso desses
fundos para criar uma grande burocracia da
ONU, para chamar a atenção sobre a poluição
História (quase) secreta
do aquecimento global
Março de 2007 | 13
onde quer que ela se encontrasse. Na medida
em que eu lia esse velho discurso, eu com-
preendia que ele quase poderia ser repetido
na Cúpula do Rio... Um documento do Green-
peace, que circulou antes do Rio, alegava que
a Conferência de Estocolmo fora um fra-
casso, por causa do que não fora discutido.
Certamente, para alguns, as discussões limi-
tadas foram um fracasso. Para outros interes-
ses, elas constituíram um sucesso.”
Um dos desdobramentos da Conferência
de Estocolmo foi a criação do Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente
(PNUMA), para o qual Strong foi nomeado
o primeiro diretor-executivo. A partir do car-
go, que ocupou até 1975, ele desempenhou
um ativo papel na popularização das supos-
tas ameaças para a atmosfera, representadas
pelo uso de combustíveis fósseis e produtos
químicos agressivos para a camada de ozô-
nio – esta última, uma teoria alarmista que
também dava os seus primeiros passos e se-
ria crucial para a agenda ambientalista, como
veremos adiante.
Além da Conferência de Estocolmo, o
ano de 1972 presenciou duas outras impor-
tantes iniciativas da campanha catastrofista.
O primeiro foi o lançamento do famigerado
relatório do Clube de Roma, Limites ao cres-
cimento, o qual introduziu as projeções com-
putadorizadas na metodologia alarmista, prog-
nosticando o esgotamento de vários recursos
naturais nas décadas seguintes. O segundo
foi a criação, em Laxemberg, Áustria, do Ins-
tituto Internacional de Análise de Sistemas
Aplicada (IIASA), um empreendimento con-
junto do Establishment ocidental e certos se-
tores da Nomenklatura soviética, que perce-
beram na causa ambientalista o potencial
para o estabelecimento de um “condomínio
de poder” Leste-Oeste (a posterior adesão de
Mikhail Gorbachov às causas “verdes” tem
aí as suas raízes). Até hoje, o IIASA tem de-
sempenhado um importante papel na promo-
ção do aquecimento global antropogênico.
Um marco decisivo da campanha contra
o dióxido de carbono foi a conferência “A at-
mosfera: ameaçada e ameaçadora”, realizada
em outubro de 1975, em Washington (EUA),
promovida pelo Centro Internacional Fogarty
para Estudos Avançados de Ciências da Saúde,
órgão do governo estadunidense. Curiosa-
mente, uma das organizadoras do evento foi
a antropóloga Margaret Mead, uma veterana
integrante de programas de “engenharia social”
do aparato de inteligência do Establishment.
As suas palavras não poderiam ser mais claras
sobre os rumos da campanha ambientalista:
“Estamos enfrentando um período em que a
sociedade deve tomar decisões em escala
planetária... A menos que os povos do mundo
possam começar a entender as conseqüências
imensas e de longo prazo do que parecem ser
pequenas escolhas imediatas – furar um
poço, abrir uma estrada, construir um grande
avião, fazer um teste nuclear, instalar um re-
ator regenerador, liberar produtos químicos
que se diluem na atmosfera ou descarregar
resíduos concentrados no mar –, todo o pla-
neta pode ficar em perigo.”
Em outro trecho, os anais da conferência
registram: “A Dra. Mead enfatizou que a
conferência foi baseada no pressuposto de
que decisões políticas de tremendo alcance
serão tomadas – com os cientistas provendo
elementos de julgamento ou não. Não há
meio de os cientistas evitarem afetar o proces-
so de tomada de decisões em assuntos rela-
cionados às suas disciplinas, mesmo se perma-
necerem publicamente em silêncio. Uma deci-
são dos formuladores de políticas no sentido
de não agir na ausência de informação ou co-
nhecimento científico é uma decisão política
por si mesma e, para os cientistas, não há a
possibilidade de inação, exceto a de deixa-
rem de ser cientistas.”
Juntamente com o outro organizador do
evento, o climatologista William Kellogg,
Mead propôs a adoção de uma “Lei da At-
mosfera” de âmbito mundial, a qual estabe-
lecesse limites para a quantidade de emissões
de dióxido de carbono que cada nação pode-
ria produzir. Não por acaso, entre os partici-
pantes da conferência, encontravam-se outros
dois climatologistas que, posteriormente, se
destacariam na promoção do aquecimento
14 | Solidariedade Ibero-americana
global antropogênico, Stephen Schneider e
George Woodwell.
A conferência também serviu como pla-
taforma de lançamento para a chamada Hi-
pótese Gaia, um esdrúxulo coquetel de pseu-
dociência e misticismo que considera a Terra
um ser vivo de direito próprio, idealizado pelo
biólogo inglês James Lovelock, que se torna-
ria um dos principais propagandistas do aque-
cimento global. Em seu último livro, A vin-
gança de Gaia, lançado em 2006, Lovelock
prognostica uma catástrofe planetária antes
do final do século, causada por aumentos de
temperatura de 5-8o
C, os quais provocariam
a expansão das áreas desérticas e a morte de
bilhões de pessoas. Segundo ele, apenas na
região ártica sobreviveriam alguns poucos ca-
sais em condições de acasalamento. (Embora
afirmando discordar de alguns dos seus funda-
mentos, Stephen Schneider se tornou um dos
principais propagandistas da Hipótese Gaia.)
O engajamento seletivo da comunidade
científica na campanha do dióxido de
carbono se deu crescentemente, ao longo da
década de 1980, a partir de uma série de
conferências internacionais promovidas pela
burocracia ambiental das Nações Unidas
(PNUMA e Organização Meteorológica
Mundial), em cooperação com o IIASA:
Villach, Áustria (1985); Villach e Bellaggio,
Itália (1987); e Toronto, Canadá (1988).
Em Toronto, pela primeira vez, a propos-
ta de redução das emissões de CO2
recebeu
uma meta numérica: um corte de 20% sobre
as emissões daquele ano, até 2005. Dali saiu
também a decisão de estabelecer um corpo
tecnocrático especificamente para conduzir a
campanha no meio científico, que viria a ser
o IPCC, oficialmente criado no ano seguinte.
“Desenvolvimento sustentado”:
Malthus de roupa nova
Um importante reforço para a campanha foi
a ampla divulgação, em 1987, do relatório
Nosso Futuro Comum, da Comissão Mundial
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, mais
conhecida pelo nome de sua principal coor-
denadora, a ex-primeira-ministra norueguesa
Gro-Harlem Brundtland. O principal objetivo
do documento era a introdução do conceito
de “desenvolvimento sustentado”, que se tor-
naria a pedra de toque da ideologia ambien-
talista. Em sua essência, o conceito não pas-
sa de uma nova roupagem para as idéias de
crescimento limitado popularizadas pelo
Clube de Roma, com uma manifesta inclina-
ção malthusiana. Veja-se, por exemplo, a se-
guinte passagem: “A cada ano, aumenta o
número de seres humanos, mas permanece
finita a quantidade de recursos naturais desti-
nados ao sustento dessa população, à melhoria
da qualidade de vida e à eliminação da po-
breza generalizada.”
Outro trecho explicita os pendores em
prol da “governança global”: “O conceito de
soberania nacional foi basicamente alterado
pela interdependência nos campos econômico,
ambiental e de segurança. Os bens comuns a
todos não podem ser geridos a partir de um
centro nacional; o Estado-nação não basta
quando se trata de lidar com ameaças a ecos-
sistemas que pertencem a mais de um país.
Só é possível lidar com ameaças à segurança
ambiental através de administração conjunta
e de processos e mecanismos multilaterais.”
Quanto aos problemas atmosféricos, o re-
latório afirma que “muito provavelmente, as
ameaças do aquecimento global e da acidifi-
cação do meio ambiente descartam até mesmo
uma duplicação do uso de energia baseado
nas atuais combinações de fontes primárias.
Portanto, qualquer nova era de crescimento
econômico deverá ser menos intensiva em
energia do que o crescimento no passado”.
Para lidar com tais ameaças, a Comissão
Brundtland recomendou a criação de uma
agência ambiental global com poderes supra-
nacionais, além de alertar para as possibili-
dades de futuros conflitos causados por dis-
putas por recursos naturais ou contenciosos
ambientais. Soa familiar?
Interregno: o “buraco” na
camada de ozônio
Em paralelo com a campanha “aquecimen-
tista”, as hostes ambientalistas se empenhavam
Março de 2007 | 15
para transformar outro fenômeno natural em
uma emergência global, atribuindo as varia-
ções das concentrações de ozônio na estra-
tosfera à ação de produtos químicos como os
clorofluorcarbonos (CFCs), halons, brometo
de metila e outros, utilizados em dúzias de
aplicações (elementos refrigerantes, prope-
lentes de aerossóis, pesticidas etc.). Em um
roteiro que se pretende replicar no caso das
variações de temperatura, discussões que não
deveriam extravasar do meio científico aca-
baram, por força do bem articulado lobby
ambientalista, ganhando foros de problema
planetário e se transformando em objeto de
uma legislação de âmbito internacional e res-
tritiva da fabricação e uso daqueles produtos.
A progressão foi extremamente rápida.
As primeiras teorias sobre os supostos im-
pactos humanos na camada de ozônio surgi-
ram juntamente com o início da escalada am-
bientalista, na primeira metade da década de
1970. Os suspeitos iniciais foram as emissões
de óxido de nitrogênio das turbinas de jatos
supersônicos de passageiros de vôo estra-
tosférico, como o Concorde franco-britânico
e o SST estadunidense (que nunca chegou a
ser construído). Mas, logo, as acusações se
transferiram para os CFCs e outros de
compostos de cloro. Segundo a teoria, tais
produtos, ao serem descartados, subiriam até
a estratosfera (mesmo sendo três a quatro
vezes mais densos que o ar e, em geral, des-
cartados em ambientes fechados e não-turbu-
lentos) e, ali, sob a ação das intensas radia-
ções ultravioleta, teriam as suas moléculas
dissociadas, libertando os mortais átomos de
cloro, que, por sua vez, se combinariam com
as moléculas de ozônio (O3
) e as dissocia-
riam. Em conseqüência da destruição do ozô-
nio, haveria um aumento da intensidade da
radiação ultravioleta na superfície terrestre,
aumentando a incidência de cânceres de pele
e outras enfermidades, tanto no homem como
em outros seres vivos.
Com a antecipação peculiar, antes de en-
cerrar a sua gestão no PNUMA, em 1975,
Maurice Strong já havia determinado a cria-
ção de um grupo de estudos no órgão para
lidar com a nova ameaça. Em 1985, a notícia
de que um “buraco” na camada de ozônio
havia sido detectado na Antártica causou furor
mundial e acelerou os trabalhos para o esta-
belecimento de um acordo internacional para
enfrentar o problema (poucos se deram ao
trabalho de consultar os registros das pesqui-
sas feitas na região durante o Ano Geofísico
Internacional, em 1957-58, quando o fenô-
meno já havia sido registrado). No mesmo
ano, realizou-se a Convenção de Viena para
a Proteção da Camada de Ozônio. Dois anos
depois, foi estabelecido o Protocolo de Mon-
treal sobre Substâncias que Desgastam a Ca-
mada de Ozônio, que entrou em vigor em
1989, tendo experimentado quatro revisões
desde então. Universalmente saudado como
o mais bem-sucedido tratado ambiental já es-
tabelecido, o Protocolo de Montreal determi-
na datas-limite para o encerramento dos usos
dos compostos de cloro aos quais foi atribuída
a pecha de “assassinos do ozônio”.
O alcance do acordo pode ser avaliado
pelas cândidas declarações do principal nego-
ciador estadunidense do Protocolo de Mon-
treal, o diplomata Richard Benedick, em seu
livro Ozone Diplomacy: New Directions in
Safeguarding the Planet (Diplomacia do
ozônio: novas direções na salvaguarda do
planeta), publicado em 1991: “O Protocolo
de Montreal... determinou significativas re-
duções no uso de vários produtos químicos
extremamente úteis... Pela sua ação, os países
signatários assinaram a sentença de morte
para uma importante parte da indústria quími-
ca internacional, com implicações de bilhões
de dólares em investimentos e centenas de
milhares de empregos em setores correlatos.
O protocolo, simplesmente, não prescreveu
limites para esses produtos com base na ‘me-
lhor tecnologia disponível’, que teria sido a
maneira tradicional de reconciliar objetivos
ambientais com os interesses econômicos.
Em vez disto, os negociadores estabeleceram
datas-limite para a substituição de produtos
que haviam se tornado sinônimos de padrões
de vida modernos, ainda que as tecnologias
requisitadas ainda não existissem.”
16 | Solidariedade Ibero-americana
Ademais, ele admite: “Na época das nego-
ciações e da assinatura, não existia nenhuma
evidência de problemas mensuráveis. Assim,
ao contrário de acordos ambientais do passado,
o tratado não foi uma resposta a aconteci-
mentos ou eventos prejudiciais, mas uma ação
preventiva em escala global.”
É significativo que, antes de ser destacado
para as negociações do Protocolo de Montreal,
Benedick chefiava o Gabinete de População
do Departamento de Estado, onde defendia a
aplicação de draconianas políticas de controle
demográfico nos países subdesenvolvidos.
Os principais fabricantes de CFCs e simi-
lares, na América do Norte, Europa e Japão
(cujas patentes estavam no fim), não foram
afetados pelas restrições aos seus produtos,
pois, prontamente, apresentaram uma nova
família de substitutos, os hidrofluorcarbonos
(HFCs). O problema, pelo menos para os
usuários, é que tais produtos não só custavam
20-30 vezes mais que os CFCs, como também
obrigariam a uma total substituição dos equi-
pamentos existentes, pois eram incompatíveis
com os compressores dos refrigeradoresem uso.
Além disso, ironicamente, os HFCs foram
logo apontados como poderosos gases de
efeito estufa, 10 mil vezes mais eficientes que
o CO2
, o que ensejou um adendo ao Protocolo
de Montreal, determinando que deixem de ser
usados até 2030 (e, possivelmente, substituídos
por novos produtos ainda mais caros).
Por outro lado, o banimento dos CFCs
nos países industrializados motivou o surgi-
mento de um ativo comércio ilegal oriundo
dos fabricantes sediados nos países em de-
senvolvimento, que receberam um prazo
maior para a adaptação das suas indústrias
(além de recursos de um fundo de compen-
sação estabelecido pelo protocolo). Nos EUA,
a estrutura policial criada para reprimir esse
contrabando se tornou inferior apenas à esta-
belecida para o combate ao narcotráfico, o
que denota as conseqüências do irraciona-
lismo ambientalista, conseguindo a façanha
de transformar uma das substâncias mais
úteis e versáteis já inventadas em objeto de
repressão policial.
E quanto ao “buraco” na camada de ozô-
nio? Na verdade, assim como ocorre com a
maioria dos fenômenos atmosféricos, as con-
centrações de ozônio na estratosfera são ex-
tremamente variáveis e dependentes de fato-
res totalmente alheios às ações humanas – no
caso, intensidade das radiações solares e cós-
micas, latitude, estação do ano, erupções vul-
cânicas etc. O mal denominado “buraco” não
passa de uma rarefação das concentrações do
gás abaixo de um certo nível, fenômeno que
já era registrado na região subártica da Norue-
ga desde a década de 1920, antes mesmo de
os CFCs, halons e congêneres serem inven-
tados. Na Antártica, quando tais variações
extremas foram constatadas, durante o Ano
Geofísico Internacional, os CFCs apenas co-
meçavam a entrar em uso comercial (os
halons, usados em extintores de incêndio, só
foram inventados na década seguinte).
Não obstante, como já advertia Margaret
Mead, em 1975, e corroborado por Richard
Benedick, “decisões políticas de tremendo
alcance serão tomadas” – independentemente
dos seus fundamentos científicos.
Como uma espécie de coroamento da
campanha do ozônio, o Prêmio Nobel de
Química de 1995 foi conferido ao estadu-
nidense F. Sherwood Rowland, seu pupilo
mexicano-estadunidense Mario Molina e o
holandês Paul Crutzen, autores da teoria
que serviu de pretexto para a investida con-
tra os compostos de cloro. Mais tarde, o ver-
sátil Molina viria a ser um dos redatores do
“Resumo” de 2007 do IPCC. Seu mentor
Rowland, por sua vez, juntamente com ou-
tros 40 cientistas (?) e ativistas ambientais
de 20 países, foi signatário de um dos mais
delirantes manifestos ambientalistas já pro-
duzidos, a Declaração de Morelia (1991),
que afirma em um de seus trechos: “Se a
metade final do século XX ficou marcada
por movimentos de libertação humana, a dé-
cada final do segundo milênio será caracte-
rizada por movimentos de libertação entre
espécies, de modo que algum dia possamos
atingir uma igualdade genuína entre todas
as coisas vivas.”
Março de 2007 | 17
O caminho para Kyoto e além
A facilidade com que o Protocolo de Mon-
treal foi aprovado emprestou um grande impul-
so à campanha “aquecimentista”, que entrou
na década de 1990 a pleno vapor, sempre
com o nosso velho conhecido Maurice
Strong à frente. Outra vez, a grande oportu-
nidade foi proporcionada pelo aparato ambien-
talista da ONU, onde, dividindo o tempo com
os seus múltiplos afazeres privados, Strong
ocupava o posto de subsecretário geral, no
qual já havia sido um dos mentores dos tra-
balhos da Comissão Brundtland. O palco foi
a Conferência das Nações Unidas para o
Meio Ambiente e o Desenvolvimento, mais
conhecida como Cúpula da Terra ou, simples-
mente, Rio-92, realizada no Rio de Janeiro,
em junho de 1992. Além da Convenção sobre
Diversidade Biológica e da Agenda 21, um
enorme conjunto de diretrizes destinado a in-
troduzir o fator ambiental em praticamente
todos os ramos de atividades humanas, a
conferência resultou na aprovação da Con-
venção Quadro de Mudanças Climáticas, que,
supervisionada diretamente por Strong, seria
o embrião do futuro Protocolo de Kyoto.
Uma vez mais, ouçamos Elaine Dewar:
“Propagandeada como A Maior Cúpula do
Mundo, a conferência do Rio era publica-
mente descrita como uma negociação global
para reconciliar a necessidade de proteção
ambiental com a necessidade de crescimento
econômico. Os bem informados entendiam
que havia outros objetivos, bem mais pro-
fundos. Estes envolviam a transferência de
poderes regulamentadores nacionais para
vastas autoridades regionais; a abertura de
todas as economias nacionais fechadas a inte-
resses multinacionais; o reforço de estruturas
de tomada de decisões muito acima e muito
abaixo do alcance de democracias nacionais
recém-estabelecidas; e, acima de tudo, a inte-
gração dos impérios soviético e chinês no
sistema de mercado global. Eu não havia ou-
vido ninguém usar qualquer nome para esta
agenda bastante grande, de modo que, mais
tarde, eu mesmo a batizei – a Agenda de Go-
vernança Global.”
Em outra passagem, a jornalista, que de-
dicou a Strong dois capítulos inteiros de seu
livro, afirma: “Ao final de 1991, eu havia me
tornado altamente cética sobre os motivos
dos participantes do circuito (ambientalista).
Eu havia chegado à conclusão de que a po-
luição transfronteiriça estava sendo usada
como um instrumento de mercado para ven-
der aos que ainda tinham dúvidas a necessi-
dade de adoção de níveis de governança re-
gionais e globais. O ‘pense globalmente, aja
localmente’ era apenas outro slogan propa-
gandístico. O público estava sendo persua-
dido a aceitar a proteção ambiental baseada
num modelo de mercado: regulamentações
seriam substituídas por leis que permitiriam
a comercialização de débitos e créditos de
poluição. Se os associados de Strong fossem
bem sucedidos, em breve, os créditos e débi-
tos de poluição seriam comercializados glo-
balmente como pernis de porco e derivativos
financeiros. Por volta do ano 2000, haveria
poucas entidades nacionais independentes
capazes de defender as comunidades locais
dos leviatãs internacionais. As comunidades
locais competiriam entre si pelos favores
dos grandes interesses. Aqueles de nós que
vivêssemos nas periferias brutais dessas
novas potências mundiais se veriam agra-
decidos por comercializar com qualquer
um, a qualquer preço.”
Em uma entrevista feita em 1991, um ano
antes da conferência do Rio, o próprio Strong
disse a Dewar: “Eu tenho dito durante anos
que o mundo precisa de um sistema mundial
de governança. Cada tema deveria ser traba-
lhado no nível em que possa ser trabalhado
com efetividade... O (problema do) ozônio
vem de refrigerantes. Você tem que ter um
acordo global para lidar com isso, mas as
ações têm que ser tomadas nacionalmente...
Eventualmente, a ONU vai precisar de um
acesso direto a um nível global de sistemas,
não o mais poderoso, mas crescente... Nós
recomendamos que haja uma espécie de im-
posto para lidar com as mudanças climáticas.
A ONU pode não aplicá-lo. A maneira
mais plausível é um governo concordar em
18 | Solidariedade Ibero-americana
consultas para impor o imposto nacional-
mente, em uma fórmula acertada em relação
ao PIB, e colocar uma parte dele em um fundo
administrado pela ONU.”
No mesmo ano, Strong foi um dos ideali-
zadores da Iniciativa de Estocolmo sobre Se-
gurança e Governança Global, que, em abril,
reuniu na capital sueca 30 personalidades
políticas internacionais para elaborar esse
emblemático manifesto, que ressalta a rele-
vância dos temas ambientais para a agenda
do “governo mundial”. Entre as suas propos-
tas, destacam-se:
“– a elaboração de um arranjo de aplica-
ção de lei global... enfocando o papel de san-
ções e medidas militares;
“– que sejam impostas taxas sobre a
emissão de poluentes que afetem o meio am-
biente global, em particular as emissões de
dióxido de carbono da queima de combustí-
veis fósseis;
“– um diálogo internacional sobre ener-
gia, que promova um uso mais eficiente dos
recursos energéticos mundiais, em particular,
o uso de recursos energéticos alternativos e
renováveis, como a energia solar;
“– que as Nações Unidas sejam encoraja-
das a colocar os assuntos ambientais ao nível
mais alto, em todos os foros apropriados;
“– que as nações decidam fazer da Confe-
rência das Nações Unidas sobre Meio Ambi-
ente e Desenvolvimento (no Brasil) um marco
para o desenvolvimento sustentado;
“– que líderes nacionais e culturais mobi-
lizem o compromisso político e os meios téc-
nicos para efetivar um avanço na limitação
do crescimento populacional.”
Aí estão, sem disfarce, as intenções dessa
casta de “globalistas” que pretende suplantar
os Estados nacionais soberanos e impor ao
mundo uma ordem malthusiana de pesadelo.
Além de Strong, assinaram o documento:
o então primeiro-ministro sueco Ingvar
Carlsson; a novamente primeira-ministra no-
rueguesa Gro-Harlem Brundtland; o ex-
chanceler alemão Willy Brandt; o ex-pri-
meiro-ministro britânico Edward Heath; o
ex-chanceler soviético Eduard Shevardnadze;
o então senador Fernando Henrique Cardo-
so; e outros.
Para promover as diretrizes da Iniciativa
de Estocolmo, foi criada a Comissão de Go-
vernança Global, em cujo conselho diretor
Strong permaneceu até 1996.
Assim, não constituiu qualquer surpresa
que Strong tenha sido o principal arquiteto
do Protocolo de Kyoto, no qual as suas anti-
gas propostas para as restrições ao uso de
combustíveis fósseis via mercados foram
formalmente introduzidas na agenda das
relações internacionais. O tratado foi nego-
ciado em dezembro de 1997 e entrou em vi-
gor em fevereiro de 2005, após a ratificação
da Federação Russa, com a qual foi preen-
chida a cláusula que determinava a necessi-
dade de os signatários responderem por pelo
menos 55% das emissões anuais de gases de
efeito estufa na atmosfera (além do dióxido
de carbono, metano, óxido nitroso, hexafluo-
reto de enxofre, hidrofluorcarbonos e perfluo-
carbonos). Como meta geral para os países
industrializados, foi prevista uma redução
geral de 5,2% das emissões até 2010, sobre
os níveis de 1990.
Entretanto, as grandes dificuldades que
algumas das principais economias industria-
lizadas estão encontrando para cumprir as
metas estabelecidas, além da exclusão dos
EUA (que sozinhos respondem por mais de
um quinto das emissões globais) e da Aus-
trália, que não ratificaram o acordo, estão
preocupando os “aquecimentistas”, que já
trabalham para o cenário pós-Kyoto, em
função de que as metas do tratado deverão
ser revistas em 2012. Para uma sondagem
das suas intenções, nada melhor do que re-
correr ao próprio “Mister Carbono”, Maurice
Strong. Em um artigo publicado no jornal
The Globe and Mail de Toronto (“Uma
super-agência?”), em 7 de março de 2007,
além de reclamar da crescente resistência às
metas de Kyoto no Canadá, ele fala franca-
mente sobre o seu papel na campanha
anticarbono e faz uma audaciosa proposta
para o futuro. Vale a pena transcrevê-lo em
certa extensão:
Março de 2007 | 19
“A pequenez com a qual a presente con-
trovérsia sobre a resposta do Canadá às mu-
danças climáticas está sendo tratada não é
nada para se orgulhar.
“Como alguém cujo papel na colocação
do tema das mudanças climáticas na agenda
pública está sendo alvo de críticas, me apresso
em confessá-lo. Como o primeiro diretor do
Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente, eu convoquei uma reunião de espe-
cialistas em mudanças climáticas há mais de
30 anos atrás. Em 1992, eu encabecei a Cú-
pula da Terra, que produziu a Convenção so-
bre Mudanças Climáticas, e estive envolvido
em Kyoto, quando foi acertado o contencioso
protocolo das metas. (...)
“Kyoto foi uma primeira etapa essencial,
mas bastante modesta, para se lidar com essa
crise, mas ela foi severamente enfraquecida
pela retirada dos EUA, a principal fonte de
emissões de gases de efeito estufa, e pela re-
tirada de outros, inclusive, lamentavelmente,
o Canadá. (...)
“Seria ilusório pensar que o Canadá
pode ir adiante sozinho. De fato, o tipo de
ações radicais agora requeridas só poderá
ser efetivo se elas forem tomadas por meio
de uma cooperação internacional numa es-
cala sem precedentes na nossa experiência.
Não devemos nos deixar iludir pelos nega-
dores que defendem que a ação deve esperar
pela certeza científica, que será uma carga
muito grande para a economia, o que sig-
nifica os seus próprios interesses especiais
(sic). (...)
“Não existe uma resposta rápida ou fácil.
Entretanto, os meios para efetuar as mudan-
ças fundamentais necessárias para colocar as
emissões de gases de efeito estufa em níveis
seguros envolvem tecnologias que já estão
disponíveis ou ao alcance. Mais e mais cor-
porações têm demonstrado que, longe de
ser uma ameaça para a economia, essas me-
didas proporcionam uma nova geração de
oportunidades econômicas... O que se neces-
sitam são mudanças na nossa cultura, nas
nossas atitudes e no sistema de incentivos e
penalidades às quais os indivíduos e corpo-
rações respondem. (...)
“Já está claro que o Canadá, como vários
outros países, não cumprirá as suas metas de
Kyoto. Isto não pode ser usado como pretexto
para abandonar Kyoto. Com todas as suas
imperfeições, é muito melhor usá-lo como base
para negociar um novo acordo quando as
metas existentes expirarem, em 2012. É claro
que a China, Índia e outros países em rápido
desenvolvimento, que agora respondem pela
maioria dos aumentos das emissões de gases
de efeito estufa, precisarão participar. (...)
“Eu proponho que seja estabelecido um
novo tipo de comissão – uma Comissão
Climática Mundial. Ela seria de natureza
permanente, ao contrário das comissões
anteriores que tratavam de assuntos mais
limitados e eram desfeitas depois de apre-
sentar os seus relatórios.
“A comissão seria delegada pelas Nações
Unidas e seria autônoma em suas operações.
Ela se basearia e reforçaria os esforços e de-
legações de outras organizações, especial-
mente, o Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas, como fonte primária
de assessoria científica, o PNUMA, a Orga-
nização Meteorológica Mundial e o secreta-
riado da ONU que atende à Convenção so-
bre Mudanças Climáticas. Ela procuraria e
responderia à assessoria de outras organiza-
ções e atores, proporcionando os canais por
meio dos quais estes poderiam contribuir
para o tipo de ações concertadas e enfocadas
que são essenciais e para as quais nenhum
órgão individual é hoje responsável. Ela
monitoraria todas as atividades envolvendo
as mudanças climáticas e se reportaria aos
governos e à ONU, avaliando os progressos
e os desempenhos de todos os atores, pro-
vendo recomendações específicas que, espe-
ra-se, tenham uma influência significativa
na opinião pública e nas ações de governos,
indústria e outros.”
Se o leitor ficou com uma impressão de
dejà vu, não está equivocado. Portanto,
preparemo-nos para os próximos capítulos.
20 | Solidariedade Ibero-americana
Uma grande parcela da presente histeria sobre
mudanças climáticas se deve ao generalizado
desconhecimento de ciências por uma gran-
de maioria da população mundial. Nos EUA,
um estudo recém-divulgado pela Universi-
dade Estadual de Michigan demonstrou que
mais de dois terços dos estadunidenses po-
dem ser considerados cientificamente analfa-
betos (20% deles acredita que o Sol gira em
torno da Terra). Tais níveis de ignorância,
que incluem os fenômenos da natureza, têm
facilitado sobremaneira a disseminação do
irracionalismo ambientalista entre os estratos
escolarizados das sociedades, os quais, em
última análise, atuam como caixas de resso-
nância das idéias prevalecentes. Por isso, os
“aquecimentistas” têm conseguido reduzir as
discussões sobre a extremamente complexa
teia de fenômenos que envolve as mudanças
climáticas ao fator quase irrelevante das
emissões antropogênicas de carbono (que
respondem, por exemplo, por menos de 5%
do CO2
atmosférico).
Para facilitar um entendimento correto
dos fatos, recorremos ao geólogo australiano
Ray Evans, membro do Grupo Lavoisier, um
dos vários grupos de cientistas e leigos que
têm se dedicado a recolocar as discussões
sobre as mudanças climáticas em termos
verdadeiramente científicos. Os tópicos des-
critos a seguir foram extraídos do seu didático
texto “Nove fatos sobre as mudanças climá-
ticas”, cujo texto integral em inglês pode ser
encontrado no sítio do Grupo Lavoisier (www.
lavoisier.com.au). A Fig. 3 integra o trabalho
de Evans; a Fig. 4 foi incluída pelos autores.
1. As mudanças climáticas são uma constante
na história geológica da Terra. As amostras
do gelo perfurado na Antártica (sítio
Vostok) mostram cinco breves períodos
interglaciais ocorridos desde 415 mil anos
atrás e o presente. As amostras do gelo
da Groenlândia revelam um Período
Quente Minoano (1450-1300 a.C.), um
Período Quente Romano (250-0 a.C.), o
Período Quente Medieval (800-1100), a
Pequena Idade do Gelo (1650-1850) e o
Período Quente do Século XX (1900-
2010) (Fig. 3).
2. O dióxido de carbono (CO2
) é necessário
para toda a vida na Terra e o aumento das
suas concentrações na atmosfera é bené-
fico para o crescimento vegetal, particu-
larmente em condições áridas. Como a
capacidade de o CO2
absorver e re-irra-
diar as radiações infravermelhas na atmos-
fera (ajudando a compor o efeito estufa)
está praticamente saturada, o aumento das
O que é preciso
saber sobre
mudanças climáticas
Março de 2007 | 21
concentrações do gás na atmosfera além
dos níveis atuais não terá qualquer efeito
discernível nas temperaturas globais.
3. O século XX foi quase tão quente como
os séculos do Período Quente Medieval,
uma era de grandes conquistas da civili-
zação européia. O recente período quente
1976-2000 parece ter chegado ao fim;
astrofísicos que estudam o comporta-
mento das manchas solares prognosticam
que os próximos 25-50 anos poderão ser
um período frio semelhante ao Mínimo
de Dalton, ocorrido entre as décadas de
1790 e 1820.
4. As evidências que vinculam as emis-
sões de CO2
antropogênicas ao presente
aquecimento se limitam a uma correla-
ção entre as concentrações de CO2
e as
temperaturas que só se verifica no perío-
do 1976-2000. As tentativas de se elabo-
rar uma teoria holística, pela qual o CO2
atmosférico controle o balanço de radia-
ção da Terra e, portanto, determine as
temperaturas médias globais, não foram
bem-sucedidas (Fig. 4).
5. Os “antropogenistas” afirmam que a es-
magadora maioria de cientistas estão de
acordo com a teoria de controle do clima
pelo CO2
antropogênico; que os fatos ci-
entíficos estão consolidados e o debate
está encerrado; e que os cientistas céticos
estão a soldo das indústrias de combus-
tíveis fósseis e, portanto, os seus argu-
mentos são fatalmente comprometidos.
Tais afirmativas são expressões de dese-
jo, e não da realidade.
FIGURA 3
Ciclos climáticos nos últimos 415.000 anos, registrados no perfil
de gelo do sítio Vostok
Fonte: Salamatin, A.N. et al., Journal of Geophysical Research, 1998, Vol. 103.
22 | Solidariedade Ibero-americana
6. Os “antropogenistas”, como o ex-vice-
presidente dos EUA Al Gore, culpam as
emissões antropogênicas de CO2
pelas
temperaturas altas, secas, derretimento
das capas de gelo polar, aumento do nível
do mar, recuo de geleiras e declínio da
população de ursos polares. Eles também
responsabilizam o CO2
antropogênico por
nevascas, neve fora de estação, tempera-
turas enregelantes em geral e furacões, ci-
clones e outros eventos meteorológicos
extremos. Não há qualquer evidência que
sustente tais afirmativas.
7. O aumento das concentrações de CO2
atmosférico terá um impacto desprezível no
balanço de radiações da Terra e, ao mes-
mo tempo, proporcionará o crescimento
da vida vegetal em toda parte. Não há
necessidade de emprego de métodos de
seqüestro de CO2
ou de subsidiar a ener-
gia nuclear ou outros métodos de produ-
ção de energia não baseados em carbono.
8. As doenças “tropicais”, como a malária e
a dengue, não são relacionadas às tempe-
raturas, mas à pobreza, falta de sanea-
mento básico e ausência de práticas de
controle de insetos transmissores.
9. Se fosse implementada, a descarbonização
da economia mundial provocaria vastos
problemas econômicos. Qualquer governo
democrático que procurasse seriamente
se comprometer com as metas de descar-
bonização colocaria a sua continuidade
em risco. O fechamento de centrais gera-
doras a carvão e a sua substituição por
fontes de energia renováveis, como gera-
dores eólicos e painéis solares, provocará
desemprego e privações econômicas.
Esta didática compilação, composta por Eduardo Ferreyra, da Fundação Argentina de Ecologia Científica (FAEC), a partir de artigos
de C. R. Sootese e R. A. Bemer, mostra as variações naturais das temperaturas e concentrações de dióxido de carbono (CO2), ao
longo dos últimos 550 milhões de anos. Observe-se que as duas curvas são relativamente independentes, o que descaracteriza as
teorias alarmistas sobre o CO2 antropogênico.
FIGURA 4
Fonte: FAEC (www.mitosyfraudes.org).
Março de 2007 | 23
Enquanto os “Resumos” do IPCC são emprega-
dos para promover um apocalipse climático, a ser
contido com restrições ao desenvolvimento e a
confiança nos mercados, cientistas comprome-
tidos com a busca da verdade se empenham para
conhecer os fatores reais que influenciam o cli-
ma, com uma perspectiva mais ampla do que o
limitado e reducionista enfoque “carbonífero”.
Desde a década passada, tem evoluído rapi-
damente o entendimento do papel exercido pela
interação entre os raios cósmicos e o campo
magnético do Sol, no que já pode ser conside-
rado uma nova disciplina científica, a cosmo-
climatologia. O impulso fundamental veio das
pesquisas de Eigil Friis-Christensen e Knud
Lassen, do Instituto Meteorológico Dinamarquês,
que, em 1991, conseguiram uma correlação
quase perfeita entre a evolução das temperaturas
no Hemisfério Norte desde 1860 e a extensão
dos ciclos de manchas solares. Pesquisas poste-
riores revelaram que o mecanismo de interferên-
cia é a penetração dos raios cósmicos na atmos-
fera terrestre, que ionizam as moléculas de ar e
ajudam a formar os núcleos de condensação
formadores das nuvens. Como se sabe, a cober-
tura de nuvens (geralmente, mal representada
nos modelos climáticos) exerce um fator fun-
damental no balanço energético da atmosfera
e, portanto, sobre as temperaturas.
A intensidade dos fluxos de raios cósmicos
é afetada pelo campo magnético do Sol (quanto
mais forte, menos raios chegam à atmosfera) e
pela migração do Sistema Solar através de áreas
da Via Láctea com diferentes concentrações de
poeira cósmica e atividades estelares.
A prova experimental foi proporcionada
pelo Dr. Henrik Svensmark, do Centro Espacial
Nacional dinamarquês. Ele e sua equipe simu-
laram a atmosfera terrestre em uma câmara
plástica e o Sol com raios ultravioleta, obser-
vando enquanto a interação com os raios cós-
micos produzia de imediato núcleos estáveis de
água e ácido sulfúrico, os elementos constituin-
tes dos núcleos de condensação das nuvens (por
ironia, o primeiro artigo de Svensmark comuni-
cando o feito foi publicado em outubro de 2006,
nos Proceedings da mesma Real Sociedade que
está apoiando a escalada “aquecimentista”).
Para divulgar os avanços da cosmoclimato-
logia, Svensmark se associou ao célebre
divulgador científico sir Nigel Calder, para es-
crever o livro The Chilling Stars: A New
Theory of Climate Change (As estrelas que
esfriam: uma nova teoria das mudanças climá-
ticas), que acaba de ser publicado pela editora
londrina Icon Books (esperemos que em breve
saia uma edição brasileira).
Como os estudos apontam que a atividade
solar deverá atingir um mínimo no próximo ci-
clo, em meados da década de 2020, Svensmark
e outros cientistas prevêem um resfriamento at-
mosférico nas próximas décadas. O Dr.
Habibullo Abudssamatov, diretor do Labora-
tório de Pesquisas Espaciais do Observatório de
Pulkovo (Rússia), afirma que as temperaturas
começarão a cair já em 2012-15 e atingirão um
mínimo em meados do século, em uma queda
comparável à Pequena Idade do Gelo, quando
as temperaturas caíram 1-2o
C.
Finalizamos com as palavras dos geólogos
Leonid Khilyuk e George Chilingar, da Uni-
versidade do Sul da Califórnia, em um con-
tundente artigo publicado em 2006 na revista
Environmental Geology: “Quaisquer tentativas
de mitigar mudanças climáticas indesejáveis
usando regulamentações restritivas estão con-
denadas ao fracasso, porque as forças naturais
globais são pelo menos 4-5 ordens de magni-
tude maiores que os controles humanos dis-
poníveis... Assim, as tentativas de alterar as
mudanças climáticas globais que estão ocor-
rendo – e as drásticas medidas prescritas pelo
Protocolo de Kyoto – têm que ser abandonadas,
por insignificantes e danosas. Em vez disto, a
obrigação moral e profissional de todos os cien-
tistas e políticos responsáveis é minimizar a
miséria humana potencial resultante das mu-
danças globais a caminho.”
Redimindo a ciência
24 | Solidariedade Ibero-americana
N Ã O D E I X E D E L E R
Máfia Verde 2 – ambientalismo, novo colonialismo
Continuação do best-seller que vendeu mais de 17.000 exemplares
Nome
End.
Cidade UF CEP
Tel.: E-mail
Opção de pagamento:
[ ] Cheque nominal de R$ 43,00 à Capax Dei Editora Ltda.
[ ] Assinatura anual do jornal Solidariedade Ibero-americana – R$ 100,00
[ ] Depósito bancário no Banco do Brasil, ag. 0392-1, c.c. 20.735-7
(enviar recibo pelo telefax (21) 2532-4086).
Envie seu pedido e cheque ou comprovante de pagameto ao MSIa
R E M E T E N T E
R. México, 31 s. 202 CEP 20031-144 – Rio de Janeiro – RJ telefax +(21) 2532-4086
O chamado Caso Lysenko, que obstaculizou
o progresso da biologia e da agricultura na
antiga URSS por quase meio século, é um
dos mais dramáticos exemplos do que a combina-
ção de uma ideologia estreita com o autorita-
rismo, o oportunismo e as ambições de indiví-
duos limitados pode acarretar para a ciência,
em particular, e a sociedade, em geral.
Trofim Denissovitch Lysenko (1898-
1976) era um agrônomo ucraniano cientifica-
mente medíocre, mas um grande oportunista
político, que soube aproveitar a consolidação
de Stálin no poder soviético, no final da dé-
cada de 1920, para assumir em pouco tempo
um literal poder de vida ou morte sobre a po-
lítica científica do regime, principalmente
entre as ciências biológicas. Entre os seus al-
vos prioritários, estavam os pesquisadores da
genética, considerada pelos ideólogos mar-
xistas do regime uma teoria “capitalista, bur-
guesa e idealista”, que não se encaixava no
ideário do materialismo dialético. Com o be-
neplácito da cúpula do regime, os pesquisa-
dores da genética eram acusados de reacio-
nários e contrarrevolucionários e os que se
atreviam a se opor a Lysenko e seus acólitos
passaram a ser perseguidos, demitidos, pro-
cessados e, com freqüência, encarcerados ou
executados. Sua vítima mais famosa foi o
geneticista vegetal Nikolai Vavilov, um cien-
tista de renome internacional, que morreu de
subnutrição na prisão, em 1943.
Surpreendentemente, a influência nefasta
de Lysenko prosseguiu após a morte de Stálin,
em 1953, e apenas começou a ser erradicada
com a queda de Nikita Kruvschov, em 1964.
O “lysenkoísmo” teve resultados catastrófi-
cos, pois a ciência e a agricultura soviéticas
ficaram afastadas da revolução agrícola mun-
dial ocorrida a partir da década de 1950, a
chamada “Revolução Verde”, em grande me-
dida baseada na introdução de cultivares ge-
neticamente selecionados. Ainda hoje, a ci-
ência na Rússia e nos antigos integrantes do
bloco soviético se ressente dos efeitos dessa
onda de obscurantismo e intolerância.
Os paralelos entre o “lysenkoísmo” e a
histeria “aquecimentista” não devem ser per-
didos de vista, pois a História não costuma
perdoar a desatenção com as suas lições.
O Caso Lysenko: quando a
ideologia destrói a ciência

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A fraude do aquecimento global

  • 1. IMPRESSO ESPECIAL CONTRATO Nº 050200577-7 ECT/DR/RJ CAPAX DEI EDIT. LTDA. MSIA – Movimento de Solidariedade Ibero-americana Março de 2007 | Edição Especial de Solidariedade Ibero-americana
  • 2. 2 | Solidariedade Ibero-americana Editorial O futuro da Civilização está em jogo. A Hu- manidade enfrenta a terrível ameaça do aque- cimento global, que a obrigará a uma drástica mudança de hábitos e padrões de desenvolvi- mento. Não, caro leitor, não nos referimos às variações climáticas que têm caracterizado a história geológica do planeta há centenas de milhões de anos, mas à gigantesca articulação internacional criada para atribuir às atividades humanas o ligeiro (e natural) aquecimento at- mosférico registrado nos últimos 150 anos e, principalmente, às conseqüências dessa tra- móia global – estas sim, potencialmente catas- tróficas. Nesta edição especial de Solidariedade Ibero-americana, pretendemos demonstrar que a suposta ameaça da subida dos termômetros nada tem a ver com o desenvolvimento huma- no, mas com uma combinação de interesses políticos e econômicos internacionalistas, cientistas cooptados, ONGs engajadas, uma mídia inclinada ao sensacionalismo e, não menos, as deficiências educacionais (princi- palmente nos países subdesenvolvidos) res- ponsáveis pelo escasso conhecimento básico de ciências da população. Sejamos diretos. O que temos diante de nós não é um fato cientificamente estabelecido, como trombeteia o “Resumo para formulado- res de políticas” do quarto relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climá- ticas (IPCC) das Nações Unidas. Trata-se de uma das maiores operações de manipulação de opinião pública da história, a serviço de uma maldisfarçada agenda de “governo mundial”, a qual, se bem-sucedida, implicará em um vir- tual congelamento do desenvolvimento socio- econômico em todo o planeta. Isto, porque, salvo por algum grande avanço tecnológico antecipado, como o domínio da fusão nuclear, não se vislumbram pelo menos para antes de meados do século substitutos viáveis em grande escala para o carvão, petróleo e gás natural, que respondem por quase 80% da produção mundial de energia, cujos usos se pretendem restringir em nome da “salvação” do planeta (enquanto se fazem grandes negócios com os chamados créditos de carbono). Ou seja, as velhas inclinações das oligarqui- as internacionais – o malthusianismo, o colonia- lismo e a especulação financeira, todos embru- lhados sob o rótulo do ambientalismo. Como temos reiterado, o ambientalismo é uma ideologia obscurantista, anticivilizatória e, ironicamente, antinatural, pois nega a vocação inata do Homo sapiens para o progresso e a hierarquia ontológica que o coloca na vanguar- da do processo de evolução universal – a evo- lução tornada consciente, na inspiradora formu- lação do cientista francês Jean-Michel Dutuit. A fraude do aquecimento global antropo- gênico, o maior esforço já feito pelos mentores do ambientalismo, não tem paralelo na histó- ria da ciência, nem mesmo no tenebroso Caso Lysenko, que atrasou em meio século o avanço das ciências biológicas na Rússia Soviética, inclusive com a eliminação física de grandes cientistas russos. Hoje, porém, os efeitos po- tenciais de tal tentativa de substituir à força a busca da verdade pela ideologia e por uma po- lítica de fatos consumados poderão, não ape- nas atrasar alguns países, mas interromper o progresso de toda a Humanidade. Portanto, urge que essa agenda anti-humana seja devi- damente desmascarada e neutralizada. A fraude do aquecimento global Publicado pelo MSIA – Movimento de Solidariedade Ibero-americana Edição em português Diretora: Silvia Palacios Conselho editorial: Angel Palacios Zea, Geraldo Luís Lino, Lorenzo Carrasco, Marivilia Carrasco e Nilder Costa Traduções: Yára Müller Rio de Janeiro: Rua México, 31 s.202 CEP 20031-144 Rio de Janeiro-RJ Telefax: + (21) 2532-4086 E-mail: msia@msia.org.br | Sítio: www.msia.org.br Projeto Gráfico: Maurício Santos
  • 3. Março de 2007 | 3 Embora esteja em andamento há décadas, a presente histeria climática vem em uma es- calada acelerada a partir de meados de 2006, quando foi lançado em circuito mundial o documentário sensacionalista Uma verdade inconveniente, protagonizado pelo ex-vice- presidente estadunidense Al Gore (convenien- temente agraciado com um Oscar da Academia de Hollywood). Em rápida sucessão, segui- ram-se outros eventos destinados a reforçar na opinião pública de todo o mundo a impres- são de que estaríamos diante de uma verdadei- ra emergência global, e não da tramóia que pode ser desvendada seguindo-se as pistas de certos personagens-chave, entre outros, o próprio Gore e o magnata canadense Maurice Strong, seu velho mentor de campanhas am- bientalistas. Um dos principais articuladores do ambientalismo internacional, Strong é tam- bém a personificação da campanha “aqueci- mentista”, que agora chega ao auge. Em setembro, com grande publicidade, a Real Sociedade britânica (a mais antiga asso- ciação científica do mundo) enviou à compa- nhia petrolífera Exxon/Mobil uma inacredi- tável carta, instando-a a interromper os finan- ciamentos a pesquisas científicas contrárias ao suposto consenso em torno do aquecimento global antropogênico. Evidentemente, a carta ignorava os bilhões de dólares concedidos por governos e fundações do Establishment oligárquico às pesquisas contrárias, orientadas para demonstrar a suposta responsabilidade humana nas mudanças climáticas, ou às cen- tenas de organizações não-governamentais (ONGs) engajadas na campanha alarmista. Em meados de outubro, o Fundo Mundial para a Natureza (WWF) apresentou o Living Planet Report (Relatório sobre o planeta vivo), documento no qual a ONG favorita da família real britânica volta a bater na surrada tecla dos “limites ao crescimento”, afirmando que, aos níveis atuais de consumo de recursos naturais, por volta de 2050, seriam necessá- rias três Terras para satisfazer às necessi- dades da Humanidade. A mensagem nem tão subliminar por trás de tal conclusão é a de que inexistiriam meios de estender a todos os habitantes do planeta os níveis de vida desfru- tados pelos habitantes dos países industriali- zados mais avançados. No final do mês, novamente com o apoio da Real Sociedade e um esquema de pro- paganda mundial, foi divulgado o estudo “A economia das mudanças climáticas”, en- comendado pelo Governo Tony Blair ao ex- economista do Banco Mundial sir Nicholas Stern. A conclusão principal era a de que o custo econômico das emissões de gases de efeito estufa poderá chegar a 20% do PIB mundial, até meados do século. Entre as reco- mendações para solucionar o suposto proble- ma, o relatório destaca o estabelecimento de limites nacionais para as emissões de gases de carbono (Stern fala em 30% até 2050) e a consolidação dos já existentes mercados de créditos de carbono. A proposta é consolidar o chamado dis- positivo cap-and-trade (limitar-e-comerciar), com o qual as cotas de emissões são conver- tidas em títulos negociáveis. Stern estima o montante dos títulos hoje existentes em 28 bilhões de dólares, o qual poderá chegar a 40 bilhões de dólares até 2010. Porém, o potencial desse mercado de “derivativos de fumaça” será muito maior se os limites de emissões forem tornados obrigatórios para todos os países. Fabricando uma “emergência global”G.L. Lino, L. Carrasco, S. Palacios e N. Costa
  • 4. 4 | Solidariedade Ibero-americana Oportunamente, Blair recrutou Al Gore para assessorá-lo no esforço de difundir o cenário de pesadelo imaginado por sir Nicholas, enquanto o seu ministro do Meio Ambiente, David Milliband, anunciava a in- tenção de distribuir cópias de Uma verdade inconveniente em toda a rede escolar secun- dária do Reino Unido (a despeito de os argu- mentos fraudulentos apresentados no filme terem sido amplamente contestados por nu- merosos cientistas). Com a mídia mais preocupada com as sombrias extrapolações do relatório, passou quase despercebido o fato de que, desde 2004, Gore é um dos sócios fundadores do fundo de investimentos Generation Investment Management, sediado em Londres e criado para promover investimentos de longo prazo “sustentáveis”, segundo os cânones ambien- talistas. Em uma entrevista ao jornal The Observer de 14 de novembro de 2004, Gore deu uma pista do tipo de negócios preten- didos: “A mudança climática é um proble- ma que não será resolvido pelos políticos... Os políticos têm um papel importante a cum- prir, mas a realidade vai provocar os seus efeitos no mercado, independentemente da opinião pública e da ação dos governos.” Para Gore, a “intensidade de carbono” das atividades econômicas deverá ser um fator cada vez mais relevante para a sua lucrativi- dade, citando como exemplo a indústria auto- mobilística. Evidentemente, os créditos de carbono se encaixam perfeitamente no portfólio contemplado por ele e seus sócios. (Alguém mencionou conflito de interesses?) Talvez, também não seja coincidência que Maurice Strong esteja associado ao mega- especulador George Soros em uma empreita- da para introduzir no mercado dos EUA os minicarros chineses Chery – muito menos “intensivos em carbono” do que qualquer au- tomóvel estadunidense ou europeu. Embora o Governo Bush não tenha ratifi- cado o Protocolo de Kyoto, em janeiro, uma coalizão de grandes empresas e ONGs ambien- talistas dos EUA (entre elas, o Natural Resour- ces Defense Council e o World Resources Ins- titute) fundou a Parceria de Ação Climática (USCAP), para promover “uma abordagem de mercado para a proteção climática, obri- gatória e para toda a economia”, inclusive junto ao Congresso e à Casa Branca. A mensagem parece ser: Aí vem o apo- calipse, mas vamos faturar com ele! Ao mesmo tempo, a Comissão Européia propôs uma redução de 20% nas emissões de carbono sobre os níveis de 1990, até 2020 (acima dos 12% previstos no Protocolo de Kyoto, que vários países da União Européia já estão com dificuldades para cumprir, com sérias implicações para vários setores indus- triais do continente). Ainda em janeiro, os editores do Bulletin of the Atomic Scientists, revista que desde há muito vem funcionando como veículo de propaganda dos promotores das teses de “go- verno mundial”, afirmaram que o aqueci- mento global representaria para o mundo uma ameaça tão ou mais grave que a possi- bilidade de um conflito nuclear (simbolica- mente representada no “Relógio do Apoca- lipse” estampado na capa da revista, cuja proximidade da meia-noite indica o risco de um conflito nuclear em algum lugar do planeta). Da mesma forma, ao lado da crise real de liderança dos EUA pós-Iraque, a suposta crise climática foi um dos principais desta- ques da reunião anual do Fórum Econômico Mundial, em Davos, ocorrida simultanea- mente com o conclave do Painel Intergoverna- mental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), em Paris. O parágrafo inicial do boletim de imprensa final do evento ressalta a impor- tância atribuída ao tema: “A Reunião Anual do Fórum Econômico Mundial, em Davos, fechou no domingo (29/01) com as mudan- ças climáticas firmemente (colocadas) no palco central do debate. Em 17 sessões rela- cionadas ao aquecimento global, o Fórum reuniu os principais acadêmicos, líderes empresariais, representantes de ONGs, chefes de agências da ONU e políticos do mundo, além de muitos outros, para avan- çar as discussões e explorar oportunidades práticas para o progresso por meio de par- cerias. O encontro ilustrou claramente o compromisso cada vez mais profundo do
  • 5. Março de 2007 | 5 empresariado em engajar outros grupos para o encaminhamento desse tema.” Como seria previsível, os esquemas cap- and-trade foram as vedetes das discussões, sendo defendidos, entre outros, pelo inevi- tável sir Nicholas Stern e o físico brasileiro José Goldemberg, um veterano ativista do ambientalismo internacional. Também presente, o ministro Milliband afirmou que “mercados de carbono amplos, longos e profundos são absolutamente essen- ciais. Não existe preço para a poluição que pro- duzimos nos últimos 150 anos... E, olhando para a frente, nós precisamos projetar o merca- do além de 2012, para manter a confiança em- presarial engajada com um nível de certeza”. Vale recordar que Milliband é o mesmo que propôs recentemente a “privatização da Amazônia”, para preservar a floresta como um depósito de carbono mundial. A escalada chegou ao auge em 2 de feve- reiro, com a divulgação do “Resumo para formuladores de políticas” (Summary for Policymakers) do IPCC, o qual afirma que “a maior parte do aumento observado nas tem- peraturas médias globais desde meados do século XX é muito provavelmente devida ao aumento observado nas concentrações antro- pogênicas de gases de efeito estufa” (grifos no original). O documento define “muito provavelmente” como um grau de certeza su- perior a 90% – compreensivelmente, recebido de forma generalizada como uma chancela da comunidade científica ao fenômeno. O impacto provocado pelo relatório pode ser avaliado pela chamada de primeira pági- na da Folha de S. Paulo de 3 de fevereiro: “Cientistas prevêem futuro sombrio para a Terra. A temperatura da Terra subirá até o fim do século, diz o mais importante relatório sobre o aquecimento global, produzido por 600 cientistas de 40 países. A geleira sobre a Groenlândia pode sumir em milênios, os fu- racões ficarão mais fortes e o nível do mar subirá pelos próximos mil anos – de 18 cm a 59 cm até 2100. O relatório responsabiliza a ação humana pelo aquecimento global.” Ato contínuo, os porta-vozes do aparato ambientalista internacional se apressaram em endossar as conclusões do documento. O ubí- quo ministro Milliband foi rápido no gatilho: “Ele é outro prego no caixão dos negadores das mudanças climáticas e representa o quadro mais representativo até agora, mos- trando que o debate sobre a ciência das mudanças climáticas está bem e verdadei- ramente encerrado.” “O relatório do IPCC incorpora um extra- ordinário consenso científico de que as mu- danças climáticas já estão sobre nós e que as atividades humanas são as responsáveis”, disparou o diretor-geral do WWF Interna- cional, James Leape. O diretor-executivo do Programa das Na- ções Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Achim Steiner, completou dizendo que o relatório “nos dá um alerta vigoroso de que o impacto potencial será mais dramático, rápido e mais drástico em termos de conse- qüências do que se pensava antes. Os impac- tos irão mudar de maneira fundamental os modos de vida de algumas pessoas”. Dias depois, em uma reunião em Washing- ton, a Organização de Legisladores Globais para um Meio Ambiente Equilibrado (Globe International) divulgou um manifesto, apoi- ando as conclusões alarmistas do IPCC e, claro, o mecanismo cap-and-trade. Original- mente fundado em 1989, por parlamentares dos EUA e do Reino Unido, o grupo reúne atualmente representantes dos países do G-8 e de cinco países-líderes do bloco subde- senvolvido – China, Índia, África do Sul, México e Brasil (os signatários brasileiros do manifesto foram os senadores Renato Casa- grande e Serys Shlessarenko e os deputados Antônio Palocci Filho e Augusto Carvalho). Entre os seus patrocinadores, destacam-se a União Européia e empresas como a BP, Anglo American, Bayer, American Electric Power, Ernst & Young e outras. Se tais planos forem bem-sucedidos, ao contrário do que afirma o ecotecnocrata Steiner, não serão os modos de vida de algu- mas pessoas que mudarão, mas os de todo o planeta – e para muito pior, exceto para os próceres do big business adredemente posi- cionados para aproveitar os novos tempos.
  • 6. 6 | Solidariedade Ibero-americana Felizmente para a Humanidade, a trombe- teada crise climática provocada pelo homem simplesmente não existe. Na verdade, trata- se da culminância de um vasto processo de “engenharia social” (ou, em português claro, manipulação) de caráter neocolonial e de longo prazo, deflagrado há quatro décadas por grupos oligárquicos hegemônicos do Hemisfério Norte, com o objetivo geral de reorientar o desenvolvimento socioeconô- mico mundial de acordo com os seus propó- sitos exclusivistas – enquanto, claro, fazem grandes negócios. Recorde-se que, em meados da década de 1960, a Humanidade como um todo experi- mentava o mais alto ritmo de progresso de sua história, com destaque para os países do chamado Terceiro Mundo, muitos dos quais implementavam ou contemplavam ambicio- sos programas de industrialização. Contra esse impulso positivo e otimista, que contra- riava a sua visão negativa sobre o mundo e as perspectivas humanas, o Establishment oligárquico anglo-americano desfechou uma ofensiva em várias frentes, visando, basica- mente: 1) transferir o controle dos processos de desenvolvimento, dos Estados nacionais para entidades supranacionais e não-gover- namentais, consolidando estruturas de “go- verno mundial” (ou “governança global”, como preferem alguns); 2) erradicar o “vírus do progresso” entre os estratos educados das sociedades de todo o mundo, com a difusão do irracionalismo e da descrença nas conquis- tas científico-tecnológicas como motores do desenvolvimento; 3) reduzir o crescimento da população mundial; e 4) controlar uma grande proporção dos recursos naturais do planeta. O movimento ambientalista internacional, cuja criação por tais grupos hegemônicos remonta àquele período, tem sido um dos principais instrumentos dessa demonização do progresso científico, tecnológico e indus- trial e seus desdobramentos. Por trás da fa- chada da proteção de uma natureza desuma- nizada e transformada em entidade de direito próprio, encontra-se a idéia-força – moral- mente inaceitável e cientificamente insusten- tável – de que o planeta não suportaria a extensão dos benefícios da modernização industrial a todos os povos e países. Além disso, o alarmismo “aquecimen- tista” está sendo exacerbado em um momento de definições cruciais para o Establishment oligárquico, no qual a sua agenda hegemô- nica se encontra em xeque por conta da erosão acelerada da ordem mundial pós-Guerra Fria, devido a: 1) os limites da supremacia militar e financeira dos EUA; 2) a crescente instabi- lidade do sistema financeiro “globalizado”, que necessita de novas fontes de liquidez e instrumentos especulativos; e 3) a ressurgên- cia de vários Estados nacionais importantes, como a Federação Russa de Vladimir Putin, no controle dos recursos naturais de seus terri- tórios, especialmente os energéticos (90% das Uma manipulação planetária
  • 7. Março de 2007 | 7 reservas mundiais de petróleo e gás natural já se encontram sob controle estatal, contra apenas 10% das multinacionais do setor). Com a implosão do bloco socialista, em 1989-91, e a desmoralização da agenda polí- tica do “choque de civilizações” como um substituto plausível para o conflito ideológico da Guerra Fria, a decretação de uma suposta emergência climática planetária oferece a tais círculos uma grande oportunidade para a ma- nutenção e aprofundamento da agenda de “governança global”. As propostas em discussão contemplam o estabelecimento de draconianos limites para as emissões de carbono a partir de 2012, quando expira o vigente Protocolo de Kyoto, os quais seriam extensivos aos países subde- senvolvidos, atualmente isentos deles. Como quase 80% do consumo mundial de energia dependem dos combustíveis fósseis, é fácil perceber que os esforços de desenvolvimento da grande maioria dos países ficariam umbi- licalmente ligados aos florescentes – e alta- mente especulativos – mercados de créditos de carbono. Ou seja, em lugar do antigo “pa- drão-ouro”, teríamos agora um “padrão-car- bono” a limitar o progresso dos povos. A União Européia tem um grande interesse na oficialização dos limites de emissões, pois, juntamente com o Japão e o Canadá (cuja per- manência é incerta), é o único grande centro econômico obrigado ao Protocolo de Kyoto – não ratificado pelos EUA –, o que está provo- cando um pesado óbice às suas indústrias, um tanto debilitadas pela “globalização” finan- ceira e a competição desigual com a mão-de- obra ultrabarata das indústrias asiáticas. Ademais, a despeito de todo o alarido so- bre energias alternativas, não há substitutos em grande escala para os combustíveis fós- seis, nas próximas décadas. Sem falar no fato de que, no caso da geração de eletricidade, as fontes hidrelétricas e nucleares (que, jun- tamente com as termelétricas alimentadas a combustíveis fósseis, respondem por 99% da geração mundial) também se encontram sob o fogo cerrado do aparato ambientalista. A grande ameaça que paira sobre o pla- neta não é climática ou qualquer outra catás- trofe imaginada pelos delírios ambientalistas, mas o aprofundamento das injustiças e desi- gualdades mundiais, que tem se acelerado com a “globalização” financeira das últimas décadas. A reversão desse processo e a reto- mada do desenvolvimento e do otimismo cultural em escala global irão requerer, entre outros itens, uma considerável ampliação da oferta e dos usos da energia em todo o plane- ta (para 90% dos 700 milhões de africanos, energia ainda é sinônimo de lenha, o combus- tível mais primitivo utilizado pelo homem). Portanto, qualquer proposta de redução do uso de combustíveis fósseis, enquanto tecno- logias mais eficientes não estiverem plena- mente disponíveis, assume o caráter de um crime de lesa-humanidade. As sugestões mais extremadas, de reduções de até 60% das emissões até meados do século, feitas por ambientalistas – e até mesmo alguns cientistas – mais delirantes, podem ser francamente ro- tuladas como pró-genocidas. Por último, para implementar semelhante esquema, haveria a necessidade de estabele- cimento de uma autoridade supranacional para fiscalizar o cumprimento das metas de emissões e, eventualmente, punir os infratores. Quem estaria a cargo de uma tal entidade? Como seriam nomeados e a quem responde- riam os seus dirigentes? Poderia ela determi- nar sanções econômicas e até militares contra os países recalcitrantes? Como veremos adian- te, tal agência já está sendo pensada.
  • 8. 8 | Solidariedade Ibero-americana Para justificar os cenários catastrofistas ne- cessários para “vilanizar” as atividades in- dustriais e os modelos de desenvolvimento baseados na industrialização, os mentores do ambientalismo precisaram forjar um arremedo de consenso científico sobre a suposta emer- gência climática. Curiosamente, as primeiras propostas para a limitação das emissões de dióxido de carbono já surgiram na Conferên- cia de Estocolmo, em 1972, em um momento em que as temperaturas globais vinham cain- do desde 1940. Na época, parte do discurso alarmista se referia ao resfriamento global e à ameaça de uma nova era glacial. Nas décadas seguintes, a reversão da cur- va de temperaturas, que voltaram a subir a partir de 1975, facilitou a transformação da climatologia em um instrumento político. Começou, então, a litania para responsabili- zar o dióxido de carbono antropogênico pelo aumento das temperaturas, mesmo diante das maciças evidências de que o aquecimento registrado no século XX era um fenômeno tão natural como o Período Quente Medieval, entre os séculos IX e XII, quando as tempe- raturas no Hemisfério Norte eram 1-2o C su- periores às atuais – mais de seis séculos antes da Revolução Industrial. Desde então, o alegado consenso vem sendo construído a partir de uma criteriosa seleção dos cientistas participantes de encon- tros internacionais dedicados ao assunto e o direcionamento preferencial de verbas para as pesquisas favoráveis aos cenários catastro- fistas. Em um depoimento publicado na edi- ção de dezembro de 2000 do Weather Action Bulletin, o meteorologista britânico Piers Corbyn foi enfático: “O problema que estamos enfrentando é que o Establishment meteoro- lógico e o lobby dos grupos de pesquisa do aquecimento global, que recebem grandes financiamentos, estão aparentemente tão corrompidos pela generosidade recebida, que os cientistas que atuam neles venderam a sua integridade.” Em paralelo, os cientistas que questiona- vam a ilação simplista “carbono-aquecimento” passaram a ser pejorativamente rotulados como “céticos”, agentes a soldo das empre- sas de petróleo e carvão e outros epítetos do gênero. Escusado dizer que raramente a mídia (em geral propensa ao sensacionalismo) tem se dado ao trabalho de consultá-los. No Brasil, a longa série de reportagens alarmistas que a Rede Globo de Televisão dedicou ao assunto em seus programas jornalísticos de horário nobre, desde o lançamento do “Relatório Stern”, não ouviu um único cientista contrá- rio ao cenário catastrofista (que, apesar de tudo, constituem a grande maioria). Nos últimos meses, os “céticos” passaram a ser alvos de uma autêntica caça às bruxas. Nos EUA, a apresentadora do Weather Chan- nel, Heidi Cullen, sugeriu que os meteorolo- gistas que não aceitassem o que chamou de “visão científica aceita” sobre o aquecimen- to global tivessem canceladas as suas licen- ças profissionais. Pouco depois, o climatolo- gista-chefe do estado de Oregon, George Taylor, passou a ser ameaçado de demissão por ter questionado publicamente o cenário catastrofista. Na Inglaterra, o celebrado colunista do The Guardian, George Monbiot, propôs que tais cientistas fossem submetidos a julgamentos como os do Tribunal de Nuremberg, que condenou criminosos de guerra nazistas após a II Guerra Mundial. Quanto ao decantado Painel Intergover- namental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), os seus relatórios e, em especial, os “Resumos”, têm funcionado como os “diári- os oficiais” da campanha. Para tanto, o órgão não tem se furtado a recorrer a fraudes escan- dalosas, como ocorreu com o notório “gráfico Consenso forjado e ciência engajada
  • 9. Março de 2007 | 9 do taco de hóquei” do relatório de 2001, o qual, simplesmente, suprimiu o Período Quente Medieval, para implicar que o aque- cimento ocorrido no século XX seria de res- ponsabilidade humana (p. 10). Da mesma forma, o IPCC tem ignorado sistematicamente as evidências que não se encaixam no cenário antropogênico, como as cada vez mais numerosas pesquisas que demonstram a influência determinante das radiações cósmicas e solares sobre o clima terrestre (p. 23). Por outro lado, a grande maioria dos prognósticos alarmistas se baseia em mode- los climáticos computadorizados, que estão muito longe de simular com precisão aceitá- vel os processos do mundo real, pela simples razão de que o clima da Terra é resultante de uma ultracomplexa interação de fatores cós- micos e terrestres, muitos dos quais ainda pouco conhecidos da ciência. Portanto, por mais avançados que sejam os supercomputa- dores nos quais são rodados, tais modelos não passam de ferramentas úteis para estudos acadêmicos e não poderiam, em hipótese alguma, ser utilizados para fundamentar políticas de tão grande alcance para o futuro da Humanidade. A própria metodologia que privilegia o uso de modelos matemáticos, em detrimento das observações no mundo real, decorre da hegemonia adquirida pelo enfoque mecani- cista-reducionista nas ciências, o qual preten- de compreender os fenômenos a partir do co- nhecimento agregado das suas partes consti- tuintes. Herança do Iluminismo, essa ótica pode ser bem-sucedida com fenômenos menos complexos e o desenvolvimento de projetos tecnológicos, mas não favorece o entendi- mento da dinâmica planetária e do contexto cósmico no qual ela se insere (e, menos ainda, do papel universal da espécie humana). Além disso, é um obstáculo aos avanços dos novos campos do conhecimento científico que, nas décadas vindouras, serão necessários para assegurar um progresso eqüitativo e sustenta- do para toda a Humanidade. Por conseguinte, é imperativo que a verdadeira ciência seja reconduzida ao lugar que lhe cabe nas discus- sões sobre o clima terrestre e as suas intera- ções com as atividades humanas. Um alerta do Canadá Uma contundente manifestação de cientistas de escol contra o “consenso” fabricado foi uma carta aberta encaminhada em abril de 2006 ao primeiro-ministro do Canadá, Stephen Harper, propondo uma rediscussão da posição do país no Protocolo de Kyoto. Encabeçada pelo Dr. Ian D. Clark, professor de Hidrogeologia e Paleoclimatologia da Universidade de Ottawa, a carta foi assinada por outros 59 dos mais proeminentes cien- tistas envolvidos em estudos climáticos, do Canadá, EUA, Reino Unido, Austrália, Nova Zelândia, Dinamarca, Suécia e Polônia. Os dois parágrafos seguintes são auto-explicativos: “Embora os pronunciamentos confiantes de grupos ambientais cientificamente des- qualificados possam proporcionar manchetes sensacionalistas, eles não são bases para uma formulação de políticas amadurecida. O estudo das mudanças climáticas globais é, como o senhor tem dito, uma ‘ciência emer- gente’, talvez a mais complexa jamais ence- tada. Pode levar anos antes que entendamos adequadamente o sistema climático da Terra. Não obstante, avanços significativos foram feitos desde a criação do protocolo, muitos dos quais nos estão afastando de uma preo- cupação com o aumento dos gases de efeito estufa. Se, em meados da década de 1990, nós soubéssemos o que sabemos hoje so- bre o clima, quase certamente Kyoto não existiria, porque teríamos concluído que não era necessário. “Nós entendemos a dificuldade que qual- quer governo tem ao formular políticas razoá- veis com base na ciência, quando as vozes mais estridentes parecem estar levanto ao rumo oposto. Entretanto, a convocação de consul- tas abertas e não-tendenciosas permitirá aos canadenses ouvir especialistas dos dois lados da comunidade de ciências climáticas. Quando o público vier a entender que não existe qual- quer ‘consenso’ entre os cientistas climáticos, no tocante à importância relativa das várias causas das mudanças climáticas globais, o governo estará em uma posição muito melhor para elaborar planos que reflitam a realidade e possam, portanto, beneficiar tanto o meio ambiente como a economia.”
  • 10. 10 | Solidariedade Ibero-americana Caro leitor, observe os dois gráficos da pági- na seguinte. O primeiro (Fig. 1), apresentado no primeiro relatório do Painel Intergoverna- mental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), em 1990, retrata as variações relativas de tem- peratura ocorridas ao longo do último milênio. Mesmo sem maior precisão, ele mostra o Pe- ríodo Quente Medieval, entre os séculos IX e XII, com temperaturas mais altas que as atuais, e a Pequena Idade do Gelo, entre os séculos XVII e XIX, mais fria e da qual o aquecimento registrado no século XX parece não ser mais que uma recuperação. Ambos os períodos são bastante conhecidos pelos paleoclimatologistas, que estudam a história climática do planeta. Como as medições di- retas com termômetros tiveram início apenas no final do século XVIII, as épocas anterio- res são estudadas com métodos indiretos – isótopos de oxigênio (O18 /O16 ), pólen, anéis de crescimento de árvores, formações geoló- gicas características etc. –, os quais propor- cionam um quadro suficientemente preciso sobre o clima vigente em um dado período. O segundo gráfico (Fig. 2), referente a um estudo de anéis de árvores e outras fontes, feito em 1999 pela equipe do paleoclimato- logista Michael E. Mann, então na Universi- dade de Massachussetts, foi apresentado no relatório de 2001 do IPCC. Ele mostra um ligeiro resfriamento de 0,2o C para o Hemis- fério Norte, no período 1000-1900, seguido de uma brusca elevação de 0,6o C, no período 1900-2000. Por sua forma, ficou conhecido como o “taco de hóquei” e foi extensamente alardeado pelo IPCC e a comunidade “aque- cimentista” como uma evidência cabal da ação humana no clima. O problema é que, como foi prontamente demonstrado, ele era simplesmente falso. De início, chamou a atenção o fato de que o gráfico do grupo de Mann eliminava suma- riamente o Período Quente Medieval e a Pe- quena Idade do Gelo. Pouco depois, dois estatísticos canadenses da Universidade de Guelph (Ontario), Stephen McIntyre e Ross McKitrick, analisaram os dados e a metodo- logia usados pela equipe de Mann e concluí- ram que os algoritmos empregados sempre produziam um gráfico em forma de taco de hóquei, independentemente dos dados apli- cados a eles. Posteriormente, por solicitação do deputado Joe Barton, então presidente do Comitê de Energia e Comércio da Câmara dos Deputados dos EUA, o Dr. Edward J. Wegman, da Universidade George Mason e considerado um dos maiores especialistas em modelos estatísticos computadorizados do país, também revisou o trabalho de Mann e chegou à mesma conclusão. Ademais, Wegman fez uma crítica devas- tadora à comunidade dos “aquecimentistas”, que, segundo ele, formam um grupo tão fe- chado em si próprio que impossibilita qual- quer revisão independente de trabalhos como o de Mann. Em suas palavras, “existe um grupo estreitamente interligado de indivíduos que acredita apaixonadamente em suas teses. Entretanto, a nossa percepção é a de que este grupo tem um mecanismo de retroalimentação que se auto-reforça e, ademais, o trabalho tem sido tão politizado que eles dificilmente podem reavaliar as suas posições públicas sem perder a credibilidade”. O “taco de hóquei”: retrato de uma fraude
  • 11. Março de 2007 | 11 FIGURA 1 Curva de temperaturas do IPCC em 1990 FIGURA 2 Reconstrução das temperaturas no Hemisfério Norte (o “taco de hóquei”) Fonte: Mann, Bradley e Hughes, 1999, Geophysical Research Letters, Vol. 26. Diante da fraude comprovada, o IPCC não fez qualquer retratação e, embora tenha excluído o trabalho de Mann do “Resumo” de 2007, manteve as suas conclusões no do- cumento, a saber: “Informações paleoclimá- ticas apóiam a interpretação de que o aqueci- mento do último meio século é incomum, pelo menos nos 1300 anos anteriores.” Em respeito à inteligência do leitor, dis- pensam-se maiores comentários. Fonte: IPCC, 1990
  • 12. 12 | Solidariedade Ibero-americana As três décadas que se seguiram à II Guerra Mundial representaram o período de mais rápida expansão do processo de desenvolvi- mento socioeconômico para toda a Humani- dade. Tal impulso foi proporcionado pela reconstrução econômica do pós-guerra, espe- cialmente na Europa e no Japão, o processo de descolonização na Ásia e na África e o arcabouço financeiro e monetário relativa- mente estável proporcionado pelo Sistema de Bretton Woods. Ao mesmo tempo, uma série de conquistas científico-tecnológicas contri- buía para disseminar um intenso otimismo cultural: a “Revolução Verde” dos cultivos de alto rendimento, os avanços da medicina e da saúde pública, das telecomunicações, as perspectivas de uso pacífico da energia nu- clear, a corrida espacial e outras. Naquele momento, a palavra de ordem era industrialização, principalmente entre os países subdesenvolvidos. Em 1957, o comércio mun- dial de produtos industrializados superou pela primeira vez o de produtos primários e alimentos. Entre 1953 e 1963, a participação dos países subdesenvolvidos na produção in- dustrial mundial subiu de 6,5% para 9%, uma alta de quase 50%, com tendência ascendente. Foi nesse contexto que certos setores do Establishment anglo-americano colocaram em marcha o movimento ambientalista inter- nacional, cuja criação já vinha sendo prepa- rada desde o pós-guerra imediato. Em seu livro Battling Wall Street: The Kennedy Presidency (Combatendo Wall Street: a Pre- sidência Kennedy), o sociólogo estaduni- dense Donald Gibson descreve: “No final da década de 1950 e início da de 1960, uma an- tiga inclinação existente entre alguns mem- bros da classe superior estava prestes a se tornar um assunto nacional. Esta inclinação ia redefinir as conquistas da ciência e da tecnologia como ações malignas que amea- çavam a natureza ou como fúteis tentativas de reduzir o sofrimento humano que, diziam, era o resultado da superpopulação. Essa ten- dência, em parte articulada como uma visão de mundo nos escritos de Thomas Malthus, toma o que podem ser preocupações razoá- veis sobre temas como a qualidade do ar e da água e as reveste de uma ideologia profun- damente hostil ao progresso econômico e à maioria dos seres humanos.” Desde as fases iniciais do movimento, o potencial do dióxido de carbono (CO2 ) como “vilão ambiental” não passou despercebido pelos seus mentores, com destaque para o magnata canadense Maurice Strong, cuja tra- jetória multifacetada é a demonstração viva do controle do ambientalismo pelo Establi- shment oligárquico. Já em 1972, como secre- tário-geral da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, em Esto- colmo, ele apresentou uma agenda que anteci- pava com grande “clarividência” o que estava por vir. O relato é da sua compatriota, a com- petente jornalista investigativa Elaine Dewar, no livro Cloak of Green: The Links Between Key Environmental Groups, Government and Big Business (Capa de verde: os laços entre grupos ambientais importantes, governos e os grandes negócios): “Quando a Conferên- cia de Estocolmo foi instalada, em 1972, Strong advertiu urgentemente sobre o advento do aquecimento global, a devastação das flo- restas, a perda de biodiversidade, os oceanos poluídos e a bomba-relógio populacional. Ele sugeriu um imposto sobre a movimenta- ção de cada barril de petróleo e o uso desses fundos para criar uma grande burocracia da ONU, para chamar a atenção sobre a poluição História (quase) secreta do aquecimento global
  • 13. Março de 2007 | 13 onde quer que ela se encontrasse. Na medida em que eu lia esse velho discurso, eu com- preendia que ele quase poderia ser repetido na Cúpula do Rio... Um documento do Green- peace, que circulou antes do Rio, alegava que a Conferência de Estocolmo fora um fra- casso, por causa do que não fora discutido. Certamente, para alguns, as discussões limi- tadas foram um fracasso. Para outros interes- ses, elas constituíram um sucesso.” Um dos desdobramentos da Conferência de Estocolmo foi a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), para o qual Strong foi nomeado o primeiro diretor-executivo. A partir do car- go, que ocupou até 1975, ele desempenhou um ativo papel na popularização das supos- tas ameaças para a atmosfera, representadas pelo uso de combustíveis fósseis e produtos químicos agressivos para a camada de ozô- nio – esta última, uma teoria alarmista que também dava os seus primeiros passos e se- ria crucial para a agenda ambientalista, como veremos adiante. Além da Conferência de Estocolmo, o ano de 1972 presenciou duas outras impor- tantes iniciativas da campanha catastrofista. O primeiro foi o lançamento do famigerado relatório do Clube de Roma, Limites ao cres- cimento, o qual introduziu as projeções com- putadorizadas na metodologia alarmista, prog- nosticando o esgotamento de vários recursos naturais nas décadas seguintes. O segundo foi a criação, em Laxemberg, Áustria, do Ins- tituto Internacional de Análise de Sistemas Aplicada (IIASA), um empreendimento con- junto do Establishment ocidental e certos se- tores da Nomenklatura soviética, que perce- beram na causa ambientalista o potencial para o estabelecimento de um “condomínio de poder” Leste-Oeste (a posterior adesão de Mikhail Gorbachov às causas “verdes” tem aí as suas raízes). Até hoje, o IIASA tem de- sempenhado um importante papel na promo- ção do aquecimento global antropogênico. Um marco decisivo da campanha contra o dióxido de carbono foi a conferência “A at- mosfera: ameaçada e ameaçadora”, realizada em outubro de 1975, em Washington (EUA), promovida pelo Centro Internacional Fogarty para Estudos Avançados de Ciências da Saúde, órgão do governo estadunidense. Curiosa- mente, uma das organizadoras do evento foi a antropóloga Margaret Mead, uma veterana integrante de programas de “engenharia social” do aparato de inteligência do Establishment. As suas palavras não poderiam ser mais claras sobre os rumos da campanha ambientalista: “Estamos enfrentando um período em que a sociedade deve tomar decisões em escala planetária... A menos que os povos do mundo possam começar a entender as conseqüências imensas e de longo prazo do que parecem ser pequenas escolhas imediatas – furar um poço, abrir uma estrada, construir um grande avião, fazer um teste nuclear, instalar um re- ator regenerador, liberar produtos químicos que se diluem na atmosfera ou descarregar resíduos concentrados no mar –, todo o pla- neta pode ficar em perigo.” Em outro trecho, os anais da conferência registram: “A Dra. Mead enfatizou que a conferência foi baseada no pressuposto de que decisões políticas de tremendo alcance serão tomadas – com os cientistas provendo elementos de julgamento ou não. Não há meio de os cientistas evitarem afetar o proces- so de tomada de decisões em assuntos rela- cionados às suas disciplinas, mesmo se perma- necerem publicamente em silêncio. Uma deci- são dos formuladores de políticas no sentido de não agir na ausência de informação ou co- nhecimento científico é uma decisão política por si mesma e, para os cientistas, não há a possibilidade de inação, exceto a de deixa- rem de ser cientistas.” Juntamente com o outro organizador do evento, o climatologista William Kellogg, Mead propôs a adoção de uma “Lei da At- mosfera” de âmbito mundial, a qual estabe- lecesse limites para a quantidade de emissões de dióxido de carbono que cada nação pode- ria produzir. Não por acaso, entre os partici- pantes da conferência, encontravam-se outros dois climatologistas que, posteriormente, se destacariam na promoção do aquecimento
  • 14. 14 | Solidariedade Ibero-americana global antropogênico, Stephen Schneider e George Woodwell. A conferência também serviu como pla- taforma de lançamento para a chamada Hi- pótese Gaia, um esdrúxulo coquetel de pseu- dociência e misticismo que considera a Terra um ser vivo de direito próprio, idealizado pelo biólogo inglês James Lovelock, que se torna- ria um dos principais propagandistas do aque- cimento global. Em seu último livro, A vin- gança de Gaia, lançado em 2006, Lovelock prognostica uma catástrofe planetária antes do final do século, causada por aumentos de temperatura de 5-8o C, os quais provocariam a expansão das áreas desérticas e a morte de bilhões de pessoas. Segundo ele, apenas na região ártica sobreviveriam alguns poucos ca- sais em condições de acasalamento. (Embora afirmando discordar de alguns dos seus funda- mentos, Stephen Schneider se tornou um dos principais propagandistas da Hipótese Gaia.) O engajamento seletivo da comunidade científica na campanha do dióxido de carbono se deu crescentemente, ao longo da década de 1980, a partir de uma série de conferências internacionais promovidas pela burocracia ambiental das Nações Unidas (PNUMA e Organização Meteorológica Mundial), em cooperação com o IIASA: Villach, Áustria (1985); Villach e Bellaggio, Itália (1987); e Toronto, Canadá (1988). Em Toronto, pela primeira vez, a propos- ta de redução das emissões de CO2 recebeu uma meta numérica: um corte de 20% sobre as emissões daquele ano, até 2005. Dali saiu também a decisão de estabelecer um corpo tecnocrático especificamente para conduzir a campanha no meio científico, que viria a ser o IPCC, oficialmente criado no ano seguinte. “Desenvolvimento sustentado”: Malthus de roupa nova Um importante reforço para a campanha foi a ampla divulgação, em 1987, do relatório Nosso Futuro Comum, da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, mais conhecida pelo nome de sua principal coor- denadora, a ex-primeira-ministra norueguesa Gro-Harlem Brundtland. O principal objetivo do documento era a introdução do conceito de “desenvolvimento sustentado”, que se tor- naria a pedra de toque da ideologia ambien- talista. Em sua essência, o conceito não pas- sa de uma nova roupagem para as idéias de crescimento limitado popularizadas pelo Clube de Roma, com uma manifesta inclina- ção malthusiana. Veja-se, por exemplo, a se- guinte passagem: “A cada ano, aumenta o número de seres humanos, mas permanece finita a quantidade de recursos naturais desti- nados ao sustento dessa população, à melhoria da qualidade de vida e à eliminação da po- breza generalizada.” Outro trecho explicita os pendores em prol da “governança global”: “O conceito de soberania nacional foi basicamente alterado pela interdependência nos campos econômico, ambiental e de segurança. Os bens comuns a todos não podem ser geridos a partir de um centro nacional; o Estado-nação não basta quando se trata de lidar com ameaças a ecos- sistemas que pertencem a mais de um país. Só é possível lidar com ameaças à segurança ambiental através de administração conjunta e de processos e mecanismos multilaterais.” Quanto aos problemas atmosféricos, o re- latório afirma que “muito provavelmente, as ameaças do aquecimento global e da acidifi- cação do meio ambiente descartam até mesmo uma duplicação do uso de energia baseado nas atuais combinações de fontes primárias. Portanto, qualquer nova era de crescimento econômico deverá ser menos intensiva em energia do que o crescimento no passado”. Para lidar com tais ameaças, a Comissão Brundtland recomendou a criação de uma agência ambiental global com poderes supra- nacionais, além de alertar para as possibili- dades de futuros conflitos causados por dis- putas por recursos naturais ou contenciosos ambientais. Soa familiar? Interregno: o “buraco” na camada de ozônio Em paralelo com a campanha “aquecimen- tista”, as hostes ambientalistas se empenhavam
  • 15. Março de 2007 | 15 para transformar outro fenômeno natural em uma emergência global, atribuindo as varia- ções das concentrações de ozônio na estra- tosfera à ação de produtos químicos como os clorofluorcarbonos (CFCs), halons, brometo de metila e outros, utilizados em dúzias de aplicações (elementos refrigerantes, prope- lentes de aerossóis, pesticidas etc.). Em um roteiro que se pretende replicar no caso das variações de temperatura, discussões que não deveriam extravasar do meio científico aca- baram, por força do bem articulado lobby ambientalista, ganhando foros de problema planetário e se transformando em objeto de uma legislação de âmbito internacional e res- tritiva da fabricação e uso daqueles produtos. A progressão foi extremamente rápida. As primeiras teorias sobre os supostos im- pactos humanos na camada de ozônio surgi- ram juntamente com o início da escalada am- bientalista, na primeira metade da década de 1970. Os suspeitos iniciais foram as emissões de óxido de nitrogênio das turbinas de jatos supersônicos de passageiros de vôo estra- tosférico, como o Concorde franco-britânico e o SST estadunidense (que nunca chegou a ser construído). Mas, logo, as acusações se transferiram para os CFCs e outros de compostos de cloro. Segundo a teoria, tais produtos, ao serem descartados, subiriam até a estratosfera (mesmo sendo três a quatro vezes mais densos que o ar e, em geral, des- cartados em ambientes fechados e não-turbu- lentos) e, ali, sob a ação das intensas radia- ções ultravioleta, teriam as suas moléculas dissociadas, libertando os mortais átomos de cloro, que, por sua vez, se combinariam com as moléculas de ozônio (O3 ) e as dissocia- riam. Em conseqüência da destruição do ozô- nio, haveria um aumento da intensidade da radiação ultravioleta na superfície terrestre, aumentando a incidência de cânceres de pele e outras enfermidades, tanto no homem como em outros seres vivos. Com a antecipação peculiar, antes de en- cerrar a sua gestão no PNUMA, em 1975, Maurice Strong já havia determinado a cria- ção de um grupo de estudos no órgão para lidar com a nova ameaça. Em 1985, a notícia de que um “buraco” na camada de ozônio havia sido detectado na Antártica causou furor mundial e acelerou os trabalhos para o esta- belecimento de um acordo internacional para enfrentar o problema (poucos se deram ao trabalho de consultar os registros das pesqui- sas feitas na região durante o Ano Geofísico Internacional, em 1957-58, quando o fenô- meno já havia sido registrado). No mesmo ano, realizou-se a Convenção de Viena para a Proteção da Camada de Ozônio. Dois anos depois, foi estabelecido o Protocolo de Mon- treal sobre Substâncias que Desgastam a Ca- mada de Ozônio, que entrou em vigor em 1989, tendo experimentado quatro revisões desde então. Universalmente saudado como o mais bem-sucedido tratado ambiental já es- tabelecido, o Protocolo de Montreal determi- na datas-limite para o encerramento dos usos dos compostos de cloro aos quais foi atribuída a pecha de “assassinos do ozônio”. O alcance do acordo pode ser avaliado pelas cândidas declarações do principal nego- ciador estadunidense do Protocolo de Mon- treal, o diplomata Richard Benedick, em seu livro Ozone Diplomacy: New Directions in Safeguarding the Planet (Diplomacia do ozônio: novas direções na salvaguarda do planeta), publicado em 1991: “O Protocolo de Montreal... determinou significativas re- duções no uso de vários produtos químicos extremamente úteis... Pela sua ação, os países signatários assinaram a sentença de morte para uma importante parte da indústria quími- ca internacional, com implicações de bilhões de dólares em investimentos e centenas de milhares de empregos em setores correlatos. O protocolo, simplesmente, não prescreveu limites para esses produtos com base na ‘me- lhor tecnologia disponível’, que teria sido a maneira tradicional de reconciliar objetivos ambientais com os interesses econômicos. Em vez disto, os negociadores estabeleceram datas-limite para a substituição de produtos que haviam se tornado sinônimos de padrões de vida modernos, ainda que as tecnologias requisitadas ainda não existissem.”
  • 16. 16 | Solidariedade Ibero-americana Ademais, ele admite: “Na época das nego- ciações e da assinatura, não existia nenhuma evidência de problemas mensuráveis. Assim, ao contrário de acordos ambientais do passado, o tratado não foi uma resposta a aconteci- mentos ou eventos prejudiciais, mas uma ação preventiva em escala global.” É significativo que, antes de ser destacado para as negociações do Protocolo de Montreal, Benedick chefiava o Gabinete de População do Departamento de Estado, onde defendia a aplicação de draconianas políticas de controle demográfico nos países subdesenvolvidos. Os principais fabricantes de CFCs e simi- lares, na América do Norte, Europa e Japão (cujas patentes estavam no fim), não foram afetados pelas restrições aos seus produtos, pois, prontamente, apresentaram uma nova família de substitutos, os hidrofluorcarbonos (HFCs). O problema, pelo menos para os usuários, é que tais produtos não só custavam 20-30 vezes mais que os CFCs, como também obrigariam a uma total substituição dos equi- pamentos existentes, pois eram incompatíveis com os compressores dos refrigeradoresem uso. Além disso, ironicamente, os HFCs foram logo apontados como poderosos gases de efeito estufa, 10 mil vezes mais eficientes que o CO2 , o que ensejou um adendo ao Protocolo de Montreal, determinando que deixem de ser usados até 2030 (e, possivelmente, substituídos por novos produtos ainda mais caros). Por outro lado, o banimento dos CFCs nos países industrializados motivou o surgi- mento de um ativo comércio ilegal oriundo dos fabricantes sediados nos países em de- senvolvimento, que receberam um prazo maior para a adaptação das suas indústrias (além de recursos de um fundo de compen- sação estabelecido pelo protocolo). Nos EUA, a estrutura policial criada para reprimir esse contrabando se tornou inferior apenas à esta- belecida para o combate ao narcotráfico, o que denota as conseqüências do irraciona- lismo ambientalista, conseguindo a façanha de transformar uma das substâncias mais úteis e versáteis já inventadas em objeto de repressão policial. E quanto ao “buraco” na camada de ozô- nio? Na verdade, assim como ocorre com a maioria dos fenômenos atmosféricos, as con- centrações de ozônio na estratosfera são ex- tremamente variáveis e dependentes de fato- res totalmente alheios às ações humanas – no caso, intensidade das radiações solares e cós- micas, latitude, estação do ano, erupções vul- cânicas etc. O mal denominado “buraco” não passa de uma rarefação das concentrações do gás abaixo de um certo nível, fenômeno que já era registrado na região subártica da Norue- ga desde a década de 1920, antes mesmo de os CFCs, halons e congêneres serem inven- tados. Na Antártica, quando tais variações extremas foram constatadas, durante o Ano Geofísico Internacional, os CFCs apenas co- meçavam a entrar em uso comercial (os halons, usados em extintores de incêndio, só foram inventados na década seguinte). Não obstante, como já advertia Margaret Mead, em 1975, e corroborado por Richard Benedick, “decisões políticas de tremendo alcance serão tomadas” – independentemente dos seus fundamentos científicos. Como uma espécie de coroamento da campanha do ozônio, o Prêmio Nobel de Química de 1995 foi conferido ao estadu- nidense F. Sherwood Rowland, seu pupilo mexicano-estadunidense Mario Molina e o holandês Paul Crutzen, autores da teoria que serviu de pretexto para a investida con- tra os compostos de cloro. Mais tarde, o ver- sátil Molina viria a ser um dos redatores do “Resumo” de 2007 do IPCC. Seu mentor Rowland, por sua vez, juntamente com ou- tros 40 cientistas (?) e ativistas ambientais de 20 países, foi signatário de um dos mais delirantes manifestos ambientalistas já pro- duzidos, a Declaração de Morelia (1991), que afirma em um de seus trechos: “Se a metade final do século XX ficou marcada por movimentos de libertação humana, a dé- cada final do segundo milênio será caracte- rizada por movimentos de libertação entre espécies, de modo que algum dia possamos atingir uma igualdade genuína entre todas as coisas vivas.”
  • 17. Março de 2007 | 17 O caminho para Kyoto e além A facilidade com que o Protocolo de Mon- treal foi aprovado emprestou um grande impul- so à campanha “aquecimentista”, que entrou na década de 1990 a pleno vapor, sempre com o nosso velho conhecido Maurice Strong à frente. Outra vez, a grande oportu- nidade foi proporcionada pelo aparato ambien- talista da ONU, onde, dividindo o tempo com os seus múltiplos afazeres privados, Strong ocupava o posto de subsecretário geral, no qual já havia sido um dos mentores dos tra- balhos da Comissão Brundtland. O palco foi a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, mais conhecida como Cúpula da Terra ou, simples- mente, Rio-92, realizada no Rio de Janeiro, em junho de 1992. Além da Convenção sobre Diversidade Biológica e da Agenda 21, um enorme conjunto de diretrizes destinado a in- troduzir o fator ambiental em praticamente todos os ramos de atividades humanas, a conferência resultou na aprovação da Con- venção Quadro de Mudanças Climáticas, que, supervisionada diretamente por Strong, seria o embrião do futuro Protocolo de Kyoto. Uma vez mais, ouçamos Elaine Dewar: “Propagandeada como A Maior Cúpula do Mundo, a conferência do Rio era publica- mente descrita como uma negociação global para reconciliar a necessidade de proteção ambiental com a necessidade de crescimento econômico. Os bem informados entendiam que havia outros objetivos, bem mais pro- fundos. Estes envolviam a transferência de poderes regulamentadores nacionais para vastas autoridades regionais; a abertura de todas as economias nacionais fechadas a inte- resses multinacionais; o reforço de estruturas de tomada de decisões muito acima e muito abaixo do alcance de democracias nacionais recém-estabelecidas; e, acima de tudo, a inte- gração dos impérios soviético e chinês no sistema de mercado global. Eu não havia ou- vido ninguém usar qualquer nome para esta agenda bastante grande, de modo que, mais tarde, eu mesmo a batizei – a Agenda de Go- vernança Global.” Em outra passagem, a jornalista, que de- dicou a Strong dois capítulos inteiros de seu livro, afirma: “Ao final de 1991, eu havia me tornado altamente cética sobre os motivos dos participantes do circuito (ambientalista). Eu havia chegado à conclusão de que a po- luição transfronteiriça estava sendo usada como um instrumento de mercado para ven- der aos que ainda tinham dúvidas a necessi- dade de adoção de níveis de governança re- gionais e globais. O ‘pense globalmente, aja localmente’ era apenas outro slogan propa- gandístico. O público estava sendo persua- dido a aceitar a proteção ambiental baseada num modelo de mercado: regulamentações seriam substituídas por leis que permitiriam a comercialização de débitos e créditos de poluição. Se os associados de Strong fossem bem sucedidos, em breve, os créditos e débi- tos de poluição seriam comercializados glo- balmente como pernis de porco e derivativos financeiros. Por volta do ano 2000, haveria poucas entidades nacionais independentes capazes de defender as comunidades locais dos leviatãs internacionais. As comunidades locais competiriam entre si pelos favores dos grandes interesses. Aqueles de nós que vivêssemos nas periferias brutais dessas novas potências mundiais se veriam agra- decidos por comercializar com qualquer um, a qualquer preço.” Em uma entrevista feita em 1991, um ano antes da conferência do Rio, o próprio Strong disse a Dewar: “Eu tenho dito durante anos que o mundo precisa de um sistema mundial de governança. Cada tema deveria ser traba- lhado no nível em que possa ser trabalhado com efetividade... O (problema do) ozônio vem de refrigerantes. Você tem que ter um acordo global para lidar com isso, mas as ações têm que ser tomadas nacionalmente... Eventualmente, a ONU vai precisar de um acesso direto a um nível global de sistemas, não o mais poderoso, mas crescente... Nós recomendamos que haja uma espécie de im- posto para lidar com as mudanças climáticas. A ONU pode não aplicá-lo. A maneira mais plausível é um governo concordar em
  • 18. 18 | Solidariedade Ibero-americana consultas para impor o imposto nacional- mente, em uma fórmula acertada em relação ao PIB, e colocar uma parte dele em um fundo administrado pela ONU.” No mesmo ano, Strong foi um dos ideali- zadores da Iniciativa de Estocolmo sobre Se- gurança e Governança Global, que, em abril, reuniu na capital sueca 30 personalidades políticas internacionais para elaborar esse emblemático manifesto, que ressalta a rele- vância dos temas ambientais para a agenda do “governo mundial”. Entre as suas propos- tas, destacam-se: “– a elaboração de um arranjo de aplica- ção de lei global... enfocando o papel de san- ções e medidas militares; “– que sejam impostas taxas sobre a emissão de poluentes que afetem o meio am- biente global, em particular as emissões de dióxido de carbono da queima de combustí- veis fósseis; “– um diálogo internacional sobre ener- gia, que promova um uso mais eficiente dos recursos energéticos mundiais, em particular, o uso de recursos energéticos alternativos e renováveis, como a energia solar; “– que as Nações Unidas sejam encoraja- das a colocar os assuntos ambientais ao nível mais alto, em todos os foros apropriados; “– que as nações decidam fazer da Confe- rência das Nações Unidas sobre Meio Ambi- ente e Desenvolvimento (no Brasil) um marco para o desenvolvimento sustentado; “– que líderes nacionais e culturais mobi- lizem o compromisso político e os meios téc- nicos para efetivar um avanço na limitação do crescimento populacional.” Aí estão, sem disfarce, as intenções dessa casta de “globalistas” que pretende suplantar os Estados nacionais soberanos e impor ao mundo uma ordem malthusiana de pesadelo. Além de Strong, assinaram o documento: o então primeiro-ministro sueco Ingvar Carlsson; a novamente primeira-ministra no- rueguesa Gro-Harlem Brundtland; o ex- chanceler alemão Willy Brandt; o ex-pri- meiro-ministro britânico Edward Heath; o ex-chanceler soviético Eduard Shevardnadze; o então senador Fernando Henrique Cardo- so; e outros. Para promover as diretrizes da Iniciativa de Estocolmo, foi criada a Comissão de Go- vernança Global, em cujo conselho diretor Strong permaneceu até 1996. Assim, não constituiu qualquer surpresa que Strong tenha sido o principal arquiteto do Protocolo de Kyoto, no qual as suas anti- gas propostas para as restrições ao uso de combustíveis fósseis via mercados foram formalmente introduzidas na agenda das relações internacionais. O tratado foi nego- ciado em dezembro de 1997 e entrou em vi- gor em fevereiro de 2005, após a ratificação da Federação Russa, com a qual foi preen- chida a cláusula que determinava a necessi- dade de os signatários responderem por pelo menos 55% das emissões anuais de gases de efeito estufa na atmosfera (além do dióxido de carbono, metano, óxido nitroso, hexafluo- reto de enxofre, hidrofluorcarbonos e perfluo- carbonos). Como meta geral para os países industrializados, foi prevista uma redução geral de 5,2% das emissões até 2010, sobre os níveis de 1990. Entretanto, as grandes dificuldades que algumas das principais economias industria- lizadas estão encontrando para cumprir as metas estabelecidas, além da exclusão dos EUA (que sozinhos respondem por mais de um quinto das emissões globais) e da Aus- trália, que não ratificaram o acordo, estão preocupando os “aquecimentistas”, que já trabalham para o cenário pós-Kyoto, em função de que as metas do tratado deverão ser revistas em 2012. Para uma sondagem das suas intenções, nada melhor do que re- correr ao próprio “Mister Carbono”, Maurice Strong. Em um artigo publicado no jornal The Globe and Mail de Toronto (“Uma super-agência?”), em 7 de março de 2007, além de reclamar da crescente resistência às metas de Kyoto no Canadá, ele fala franca- mente sobre o seu papel na campanha anticarbono e faz uma audaciosa proposta para o futuro. Vale a pena transcrevê-lo em certa extensão:
  • 19. Março de 2007 | 19 “A pequenez com a qual a presente con- trovérsia sobre a resposta do Canadá às mu- danças climáticas está sendo tratada não é nada para se orgulhar. “Como alguém cujo papel na colocação do tema das mudanças climáticas na agenda pública está sendo alvo de críticas, me apresso em confessá-lo. Como o primeiro diretor do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, eu convoquei uma reunião de espe- cialistas em mudanças climáticas há mais de 30 anos atrás. Em 1992, eu encabecei a Cú- pula da Terra, que produziu a Convenção so- bre Mudanças Climáticas, e estive envolvido em Kyoto, quando foi acertado o contencioso protocolo das metas. (...) “Kyoto foi uma primeira etapa essencial, mas bastante modesta, para se lidar com essa crise, mas ela foi severamente enfraquecida pela retirada dos EUA, a principal fonte de emissões de gases de efeito estufa, e pela re- tirada de outros, inclusive, lamentavelmente, o Canadá. (...) “Seria ilusório pensar que o Canadá pode ir adiante sozinho. De fato, o tipo de ações radicais agora requeridas só poderá ser efetivo se elas forem tomadas por meio de uma cooperação internacional numa es- cala sem precedentes na nossa experiência. Não devemos nos deixar iludir pelos nega- dores que defendem que a ação deve esperar pela certeza científica, que será uma carga muito grande para a economia, o que sig- nifica os seus próprios interesses especiais (sic). (...) “Não existe uma resposta rápida ou fácil. Entretanto, os meios para efetuar as mudan- ças fundamentais necessárias para colocar as emissões de gases de efeito estufa em níveis seguros envolvem tecnologias que já estão disponíveis ou ao alcance. Mais e mais cor- porações têm demonstrado que, longe de ser uma ameaça para a economia, essas me- didas proporcionam uma nova geração de oportunidades econômicas... O que se neces- sitam são mudanças na nossa cultura, nas nossas atitudes e no sistema de incentivos e penalidades às quais os indivíduos e corpo- rações respondem. (...) “Já está claro que o Canadá, como vários outros países, não cumprirá as suas metas de Kyoto. Isto não pode ser usado como pretexto para abandonar Kyoto. Com todas as suas imperfeições, é muito melhor usá-lo como base para negociar um novo acordo quando as metas existentes expirarem, em 2012. É claro que a China, Índia e outros países em rápido desenvolvimento, que agora respondem pela maioria dos aumentos das emissões de gases de efeito estufa, precisarão participar. (...) “Eu proponho que seja estabelecido um novo tipo de comissão – uma Comissão Climática Mundial. Ela seria de natureza permanente, ao contrário das comissões anteriores que tratavam de assuntos mais limitados e eram desfeitas depois de apre- sentar os seus relatórios. “A comissão seria delegada pelas Nações Unidas e seria autônoma em suas operações. Ela se basearia e reforçaria os esforços e de- legações de outras organizações, especial- mente, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, como fonte primária de assessoria científica, o PNUMA, a Orga- nização Meteorológica Mundial e o secreta- riado da ONU que atende à Convenção so- bre Mudanças Climáticas. Ela procuraria e responderia à assessoria de outras organiza- ções e atores, proporcionando os canais por meio dos quais estes poderiam contribuir para o tipo de ações concertadas e enfocadas que são essenciais e para as quais nenhum órgão individual é hoje responsável. Ela monitoraria todas as atividades envolvendo as mudanças climáticas e se reportaria aos governos e à ONU, avaliando os progressos e os desempenhos de todos os atores, pro- vendo recomendações específicas que, espe- ra-se, tenham uma influência significativa na opinião pública e nas ações de governos, indústria e outros.” Se o leitor ficou com uma impressão de dejà vu, não está equivocado. Portanto, preparemo-nos para os próximos capítulos.
  • 20. 20 | Solidariedade Ibero-americana Uma grande parcela da presente histeria sobre mudanças climáticas se deve ao generalizado desconhecimento de ciências por uma gran- de maioria da população mundial. Nos EUA, um estudo recém-divulgado pela Universi- dade Estadual de Michigan demonstrou que mais de dois terços dos estadunidenses po- dem ser considerados cientificamente analfa- betos (20% deles acredita que o Sol gira em torno da Terra). Tais níveis de ignorância, que incluem os fenômenos da natureza, têm facilitado sobremaneira a disseminação do irracionalismo ambientalista entre os estratos escolarizados das sociedades, os quais, em última análise, atuam como caixas de resso- nância das idéias prevalecentes. Por isso, os “aquecimentistas” têm conseguido reduzir as discussões sobre a extremamente complexa teia de fenômenos que envolve as mudanças climáticas ao fator quase irrelevante das emissões antropogênicas de carbono (que respondem, por exemplo, por menos de 5% do CO2 atmosférico). Para facilitar um entendimento correto dos fatos, recorremos ao geólogo australiano Ray Evans, membro do Grupo Lavoisier, um dos vários grupos de cientistas e leigos que têm se dedicado a recolocar as discussões sobre as mudanças climáticas em termos verdadeiramente científicos. Os tópicos des- critos a seguir foram extraídos do seu didático texto “Nove fatos sobre as mudanças climá- ticas”, cujo texto integral em inglês pode ser encontrado no sítio do Grupo Lavoisier (www. lavoisier.com.au). A Fig. 3 integra o trabalho de Evans; a Fig. 4 foi incluída pelos autores. 1. As mudanças climáticas são uma constante na história geológica da Terra. As amostras do gelo perfurado na Antártica (sítio Vostok) mostram cinco breves períodos interglaciais ocorridos desde 415 mil anos atrás e o presente. As amostras do gelo da Groenlândia revelam um Período Quente Minoano (1450-1300 a.C.), um Período Quente Romano (250-0 a.C.), o Período Quente Medieval (800-1100), a Pequena Idade do Gelo (1650-1850) e o Período Quente do Século XX (1900- 2010) (Fig. 3). 2. O dióxido de carbono (CO2 ) é necessário para toda a vida na Terra e o aumento das suas concentrações na atmosfera é bené- fico para o crescimento vegetal, particu- larmente em condições áridas. Como a capacidade de o CO2 absorver e re-irra- diar as radiações infravermelhas na atmos- fera (ajudando a compor o efeito estufa) está praticamente saturada, o aumento das O que é preciso saber sobre mudanças climáticas
  • 21. Março de 2007 | 21 concentrações do gás na atmosfera além dos níveis atuais não terá qualquer efeito discernível nas temperaturas globais. 3. O século XX foi quase tão quente como os séculos do Período Quente Medieval, uma era de grandes conquistas da civili- zação européia. O recente período quente 1976-2000 parece ter chegado ao fim; astrofísicos que estudam o comporta- mento das manchas solares prognosticam que os próximos 25-50 anos poderão ser um período frio semelhante ao Mínimo de Dalton, ocorrido entre as décadas de 1790 e 1820. 4. As evidências que vinculam as emis- sões de CO2 antropogênicas ao presente aquecimento se limitam a uma correla- ção entre as concentrações de CO2 e as temperaturas que só se verifica no perío- do 1976-2000. As tentativas de se elabo- rar uma teoria holística, pela qual o CO2 atmosférico controle o balanço de radia- ção da Terra e, portanto, determine as temperaturas médias globais, não foram bem-sucedidas (Fig. 4). 5. Os “antropogenistas” afirmam que a es- magadora maioria de cientistas estão de acordo com a teoria de controle do clima pelo CO2 antropogênico; que os fatos ci- entíficos estão consolidados e o debate está encerrado; e que os cientistas céticos estão a soldo das indústrias de combus- tíveis fósseis e, portanto, os seus argu- mentos são fatalmente comprometidos. Tais afirmativas são expressões de dese- jo, e não da realidade. FIGURA 3 Ciclos climáticos nos últimos 415.000 anos, registrados no perfil de gelo do sítio Vostok Fonte: Salamatin, A.N. et al., Journal of Geophysical Research, 1998, Vol. 103.
  • 22. 22 | Solidariedade Ibero-americana 6. Os “antropogenistas”, como o ex-vice- presidente dos EUA Al Gore, culpam as emissões antropogênicas de CO2 pelas temperaturas altas, secas, derretimento das capas de gelo polar, aumento do nível do mar, recuo de geleiras e declínio da população de ursos polares. Eles também responsabilizam o CO2 antropogênico por nevascas, neve fora de estação, tempera- turas enregelantes em geral e furacões, ci- clones e outros eventos meteorológicos extremos. Não há qualquer evidência que sustente tais afirmativas. 7. O aumento das concentrações de CO2 atmosférico terá um impacto desprezível no balanço de radiações da Terra e, ao mes- mo tempo, proporcionará o crescimento da vida vegetal em toda parte. Não há necessidade de emprego de métodos de seqüestro de CO2 ou de subsidiar a ener- gia nuclear ou outros métodos de produ- ção de energia não baseados em carbono. 8. As doenças “tropicais”, como a malária e a dengue, não são relacionadas às tempe- raturas, mas à pobreza, falta de sanea- mento básico e ausência de práticas de controle de insetos transmissores. 9. Se fosse implementada, a descarbonização da economia mundial provocaria vastos problemas econômicos. Qualquer governo democrático que procurasse seriamente se comprometer com as metas de descar- bonização colocaria a sua continuidade em risco. O fechamento de centrais gera- doras a carvão e a sua substituição por fontes de energia renováveis, como gera- dores eólicos e painéis solares, provocará desemprego e privações econômicas. Esta didática compilação, composta por Eduardo Ferreyra, da Fundação Argentina de Ecologia Científica (FAEC), a partir de artigos de C. R. Sootese e R. A. Bemer, mostra as variações naturais das temperaturas e concentrações de dióxido de carbono (CO2), ao longo dos últimos 550 milhões de anos. Observe-se que as duas curvas são relativamente independentes, o que descaracteriza as teorias alarmistas sobre o CO2 antropogênico. FIGURA 4 Fonte: FAEC (www.mitosyfraudes.org).
  • 23. Março de 2007 | 23 Enquanto os “Resumos” do IPCC são emprega- dos para promover um apocalipse climático, a ser contido com restrições ao desenvolvimento e a confiança nos mercados, cientistas comprome- tidos com a busca da verdade se empenham para conhecer os fatores reais que influenciam o cli- ma, com uma perspectiva mais ampla do que o limitado e reducionista enfoque “carbonífero”. Desde a década passada, tem evoluído rapi- damente o entendimento do papel exercido pela interação entre os raios cósmicos e o campo magnético do Sol, no que já pode ser conside- rado uma nova disciplina científica, a cosmo- climatologia. O impulso fundamental veio das pesquisas de Eigil Friis-Christensen e Knud Lassen, do Instituto Meteorológico Dinamarquês, que, em 1991, conseguiram uma correlação quase perfeita entre a evolução das temperaturas no Hemisfério Norte desde 1860 e a extensão dos ciclos de manchas solares. Pesquisas poste- riores revelaram que o mecanismo de interferên- cia é a penetração dos raios cósmicos na atmos- fera terrestre, que ionizam as moléculas de ar e ajudam a formar os núcleos de condensação formadores das nuvens. Como se sabe, a cober- tura de nuvens (geralmente, mal representada nos modelos climáticos) exerce um fator fun- damental no balanço energético da atmosfera e, portanto, sobre as temperaturas. A intensidade dos fluxos de raios cósmicos é afetada pelo campo magnético do Sol (quanto mais forte, menos raios chegam à atmosfera) e pela migração do Sistema Solar através de áreas da Via Láctea com diferentes concentrações de poeira cósmica e atividades estelares. A prova experimental foi proporcionada pelo Dr. Henrik Svensmark, do Centro Espacial Nacional dinamarquês. Ele e sua equipe simu- laram a atmosfera terrestre em uma câmara plástica e o Sol com raios ultravioleta, obser- vando enquanto a interação com os raios cós- micos produzia de imediato núcleos estáveis de água e ácido sulfúrico, os elementos constituin- tes dos núcleos de condensação das nuvens (por ironia, o primeiro artigo de Svensmark comuni- cando o feito foi publicado em outubro de 2006, nos Proceedings da mesma Real Sociedade que está apoiando a escalada “aquecimentista”). Para divulgar os avanços da cosmoclimato- logia, Svensmark se associou ao célebre divulgador científico sir Nigel Calder, para es- crever o livro The Chilling Stars: A New Theory of Climate Change (As estrelas que esfriam: uma nova teoria das mudanças climá- ticas), que acaba de ser publicado pela editora londrina Icon Books (esperemos que em breve saia uma edição brasileira). Como os estudos apontam que a atividade solar deverá atingir um mínimo no próximo ci- clo, em meados da década de 2020, Svensmark e outros cientistas prevêem um resfriamento at- mosférico nas próximas décadas. O Dr. Habibullo Abudssamatov, diretor do Labora- tório de Pesquisas Espaciais do Observatório de Pulkovo (Rússia), afirma que as temperaturas começarão a cair já em 2012-15 e atingirão um mínimo em meados do século, em uma queda comparável à Pequena Idade do Gelo, quando as temperaturas caíram 1-2o C. Finalizamos com as palavras dos geólogos Leonid Khilyuk e George Chilingar, da Uni- versidade do Sul da Califórnia, em um con- tundente artigo publicado em 2006 na revista Environmental Geology: “Quaisquer tentativas de mitigar mudanças climáticas indesejáveis usando regulamentações restritivas estão con- denadas ao fracasso, porque as forças naturais globais são pelo menos 4-5 ordens de magni- tude maiores que os controles humanos dis- poníveis... Assim, as tentativas de alterar as mudanças climáticas globais que estão ocor- rendo – e as drásticas medidas prescritas pelo Protocolo de Kyoto – têm que ser abandonadas, por insignificantes e danosas. Em vez disto, a obrigação moral e profissional de todos os cien- tistas e políticos responsáveis é minimizar a miséria humana potencial resultante das mu- danças globais a caminho.” Redimindo a ciência
  • 24. 24 | Solidariedade Ibero-americana N Ã O D E I X E D E L E R Máfia Verde 2 – ambientalismo, novo colonialismo Continuação do best-seller que vendeu mais de 17.000 exemplares Nome End. Cidade UF CEP Tel.: E-mail Opção de pagamento: [ ] Cheque nominal de R$ 43,00 à Capax Dei Editora Ltda. [ ] Assinatura anual do jornal Solidariedade Ibero-americana – R$ 100,00 [ ] Depósito bancário no Banco do Brasil, ag. 0392-1, c.c. 20.735-7 (enviar recibo pelo telefax (21) 2532-4086). Envie seu pedido e cheque ou comprovante de pagameto ao MSIa R E M E T E N T E R. México, 31 s. 202 CEP 20031-144 – Rio de Janeiro – RJ telefax +(21) 2532-4086 O chamado Caso Lysenko, que obstaculizou o progresso da biologia e da agricultura na antiga URSS por quase meio século, é um dos mais dramáticos exemplos do que a combina- ção de uma ideologia estreita com o autorita- rismo, o oportunismo e as ambições de indiví- duos limitados pode acarretar para a ciência, em particular, e a sociedade, em geral. Trofim Denissovitch Lysenko (1898- 1976) era um agrônomo ucraniano cientifica- mente medíocre, mas um grande oportunista político, que soube aproveitar a consolidação de Stálin no poder soviético, no final da dé- cada de 1920, para assumir em pouco tempo um literal poder de vida ou morte sobre a po- lítica científica do regime, principalmente entre as ciências biológicas. Entre os seus al- vos prioritários, estavam os pesquisadores da genética, considerada pelos ideólogos mar- xistas do regime uma teoria “capitalista, bur- guesa e idealista”, que não se encaixava no ideário do materialismo dialético. Com o be- neplácito da cúpula do regime, os pesquisa- dores da genética eram acusados de reacio- nários e contrarrevolucionários e os que se atreviam a se opor a Lysenko e seus acólitos passaram a ser perseguidos, demitidos, pro- cessados e, com freqüência, encarcerados ou executados. Sua vítima mais famosa foi o geneticista vegetal Nikolai Vavilov, um cien- tista de renome internacional, que morreu de subnutrição na prisão, em 1943. Surpreendentemente, a influência nefasta de Lysenko prosseguiu após a morte de Stálin, em 1953, e apenas começou a ser erradicada com a queda de Nikita Kruvschov, em 1964. O “lysenkoísmo” teve resultados catastrófi- cos, pois a ciência e a agricultura soviéticas ficaram afastadas da revolução agrícola mun- dial ocorrida a partir da década de 1950, a chamada “Revolução Verde”, em grande me- dida baseada na introdução de cultivares ge- neticamente selecionados. Ainda hoje, a ci- ência na Rússia e nos antigos integrantes do bloco soviético se ressente dos efeitos dessa onda de obscurantismo e intolerância. Os paralelos entre o “lysenkoísmo” e a histeria “aquecimentista” não devem ser per- didos de vista, pois a História não costuma perdoar a desatenção com as suas lições. O Caso Lysenko: quando a ideologia destrói a ciência