[1] O documento discute a semiologia do recém-nascido, incluindo a anamnese, exame físico e medições antropométricas essenciais para avaliar o desenvolvimento e saúde do bebê.
[2] É destacada a importância de uma anamnese completa com os pais e de um exame físico sistemático, avaliando todos os sistemas como pele, crânio, face, tórax, abdome e extremidades.
[3] O documento fornece detalhes sobre os a
1. SEMIOLOGIA DO RECÉM-
NASCIDO
Nivia Maria Rodrigues Arrais
Departamento de Pediatria – UFRN
MEJC - UFRN
Liga Acadêmica de Pediatria da UFRN – LAPED
UFRN
2. SEMIOLOGIA DO RECÉM-NASCIDO
Grego – Semeyon = sinal e logos = discurso.
Estudo dos sinais das doenças.
É a arte e a ciência metodizada do diagnóstico
médico, requisito indispensável para a
terapêutica e prognóstico.
Anamnese e Exame Físico
Recém-nascido – zero a 28 dias
3. SEMIOLOGIA DO RECÉM-NASCIDO
Informações dos pais
O mais completa possível em linguagem acessível
Ordenada
Paciência e tempo (interesse)
4. SEMIOLOGIA DO RECÉM-NASCIDO
• Identificação – Nome, idade, cor, sexo,
naturalidade e nacionalidade, endereço, idade,
profissão e ocupação materna.
• História Clínica – Queixa principal, história da
doença atual, antecedentes patológicos,
antecedentes pessoais (gestação, parto e
nascimento), história alimentar,
desenvolvimento neuropsicomotor, vacinação,
antecedentes familiares, história social
6. SEMIOLOGIA DO RECÉM-NASCIDO
Exame Físico
Etapas distintas mas complementares
Ideal seria uma sequência de exame físico, que em
pediatria nem sempre é possível.
Deitada, sentada, no colo, em pé.
Deixar áreas de desconforto para o final.
7. SEMIOLOGIA DO RECÉM-NASCIDO
Balança bebê
Régua (até 2 anos), estadiômetro de parede, fita
métrica, termômetro, lanterna, abaixador de
língua, martelo, oto e oftalmoscópio, aparelho de
PA com manguito apropriados, estetoscópio.
8. SEMIOLOGIA DO RECÉM-NASCIDO
Ectoscopia – atitude como um todo (ritmo
respiratório, palidez, cianose, tremores, gemidos,
hipo ou hipertonia, malformações, tipo de choro),
medidas antropométricas, temperatura.
Exame dos sistemas – inspeção, palpação,
percussão, ausculta.
10. SEMIOLOGIA DO RECÉM-NASCIDO
Peso ao Nascer
< 2.500g – Baixo Peso
1000 a 1499 g – Muito baixo peso
< 1000 g – Extremo baixo peso
11. SEMIOLOGIA DO RECÉM-NASCIDO
Adequação Peso X Idade Gestacional
Curva de Peso X Idade Gestacional
Bataglia e Lubchenco – Classificação do RN
12. 12
CLASSIFICAR POR PESO E
IDADE GESTACIONAL
Pedro nasceu com
34 semanas pela
data da última
menstruação
(DUM).
Ele pesou 2.400g.
13. MEDIDA DO COMPRIMENTO
Deitado
Corpo reto
Superfície rígida
Cabeça reta com apoio
na placa superior da
régua
Ambos os pés retos com
apoio na placa inferior
da régua
14. MEDIDA DO PERÍMETRO CEFÁLICO
(PC)
Perímetro cefálico
máximo.
Para a sua medida,
SMITH, 1977(8),
recomenda que a fita
seja posicionada
sobre a proeminência
occipital e sobre o
arco das
sobrancelhas
15. SEMIOLOGIA DO RECÉM-NASCIDO
Perímetro Torácico
Medido ao nível dos
mamilos com a criança
deitada com
respiração normal.
Perímetro Abdominal
Medido pela
circunferência a nível
da cicatriz umbilical.
16. SEMIOLOGIA DO RECÉM-NASCIDO
Métodos de avaliação da Idade Gestacional
DUM
Ultrassonografia (primeiro trimestre)
Avaliações clínicas (Capurro somático e Capurro
somático neurológico, Ballard, Dubowitz)
Caso a diferença entre a DUM e a idade gestacional clínica
seja menos que duas semanas, considerar a idade
gestacional pela DUM.
18. Formação mamilo
A
Mamilo pouco visível
sem aréola
0
Mamilo nítido; aréola
lisa diâmetro < 0,75
cm
5
Mamilo puntiforme aréola
de borda não elevada >
0,75 cm
10
Mamilo puntiforme
aréola de borda elevada
> 0,75 cm
15
Textura da pele
B
Fina, gelatinosa
0
Fina e lisa
5
Algo mais grossa, com
discreta descamação
Superficial
20
Grossa, com sulcos
superficiais, descamação
de mãos e pés
15
Grossa, apergaminhada
com sulcos profundos
20
Forma da orelha
C
Chata, disforme
pavilhão não
encurvado
0
Pavilhão parcialmente
encurvado na borda
8
Pavilhão parcialmente
encurvado em toda borda
superior
16
Pavilhão totalmente
encurvado
24
Tamanho da glândula
mamária
D
Ausência deTecido
mamário
0
Diâmetro
< 5 mm
5
Diâmetro
5 mm a 10 mm
10
Diâmetro
> 10 mm
15
Sulcos plantares
E
Ausentes
0
Marcas mal definidas
na metade anterior da
planta
5
Marcas bem definidas na
metade anterior e no terço
anterior
10
Sulcos na metade
anterior da planta
15
Sulcos em mais da
metade anterior da
planta
20
Sinal do Xale (posição do
cotovelo)
F
Na linha axilar do lado
oposto
0
Entre a linha axilar
anterior do lado
oposto e a linha média
6
Ao nível da linha média
12
Entre a linha média e a
linha axilar anterior do
mesmo lado
18
Posição da cabeça ao
levantar o RN: Ângulo
(Â) cérvico torácico)
G
Totalmente
deflexionada  = 270º
0
 entre 180º - 270º
4
 = 180º
8
 < 180º
12
19. EXAME FÍSICO
Atenção especial para o padrão respiratório:
ritmo, profundidade, utilização de músculos
acessórios (tiragens), batimento de asa de nariz
(BAN), sons emitidos (gemência). Caso
necessário, determinar o Boletim de Silverman
Anderson (descrito adiante).
Sinais vitais – FR, FC, PA, TEMP
20. PELE
Descamação fisiológica em pós-maturos (pés e mãos).
-Epidermólise bolhosa: bolhas disseminadas, que se
originam a partir de qualquer lesão por pressão.
-Eritema tóxico: rash cutâneo com lesões eritemato-
papulosas, regride espontaneamente.
-Escleredema: edema endurecido, mais
frequentemente observado em infecções neonatais
graves e cardiopatias com débito cardíaco diminuído.
Não depressível.
-Hemangioma: manchas vermelho-violáceas mais
comumente observadas na nuca, região frontal e
pálpebras superiores. Desaparecem em alguns meses.
-Lanugem: são pelos finos sobre o corpo.
21. PELE
-Millium sebáceo: pontos claros em face,
especialmente no nariz, devido à hiperplasia de
glândulas sebáceas.
-Nevos pigmentosus (mancha mongólica):
assemelha-se à pequena equimose. Mais comum
na região sacra. Desaparece na segunda infância.
-Petéquias e púrpuras: não desaparecem a digito-
pressão. São de etiologia mecânica
(tocotraumatismo), fragilidade capilar (infecção)
e plaquetopenia.
-Icterícia: Zonas de Krammer
-Pletora.
25. CRÂNIO
Circunferência varia entre 32 e 36 cm. – Gráficos.
Simetria do crânio, na palpação se há cavalgamento de suturas
(sagital, coronárias, bregmáticas e lambdóide)
Craniossinostose: fechamento precoce das suturas cranianas →
assimetrias cranianas. São a escafocefalia, turricefalia,
braquicefalia e a plagiocefalia.
Cefalohematoma: coleção sanguínea sub-periostal, de consistência
endurecida, delimitada pelas linhas de suturas cranianas.
-Bossa serossanguínea (ou caput succedaneum): coleção de líquido
e sangue no subcutâneo, não respeitam as linhas de sutura, de
limites imprecisos, cacifo positivo.
-Craniotabes: diminuição da consistência dos ossos do crânio. À
palpação assemelha-se a compressão de uma bola de ping-pong.
-Encefalocele: Tumoração sob a pele que representa a
exteriorização de tecido nervoso por defeitos nas linhas de sutura
dos ossos crânio, com dimensões variáveis.
Fontanelas: Bregmática, lambdóide.
26. FACE
Observar simetria, aparência sindrômica,
implantação das orelhas, distância entre os olhos
(hiper ou hipotelorismo), leucocorias, teste do
olhinho=reflexo pupilar, tamanho do queixo
(micrognatia), nariz (coanas), língua, pálato e
lábios, dentes, pérolas de Epstein, orelhas
(implantação).
27.
28.
29. PESCOÇO
Pesquisar massas, fístulas, mobilidade, excesso de pele.
-Torcicolo congênito: contratura do músculo
esternocleidomastóideo. Resolução espontânea na maioria
dos casos, podendo evoluir para assimetria facial e posição
viciosa da cabeça.
-Teratoma cervical: grande tumoração na porção mediana
do pescoço. Possibilidade para malignização. Pode causar
obstrução respiratória.
-Higroma cístico: tumoração cística de tamanho variado,
com rápido crescimento, invadindo o assoalho da boca, o
mediastino a as axilas; também pode obstruir a respiração.
-Bócio congênito: de causa idiopática ou ocasionada por
ingesta materna de iodo na gestação. Consistência elástica
em forma de colar cervical, pouco móvel.
30. TÓRAX E CLAVÍCULAS
Observar simetria e formato (geralmente
arredondado)
Respiração em torno de 40-60 movimentos por
minuto.
Discretas retrações sub e intercostais são comuns
em RN sadios pela elasticidade das paredes
torácicas.
Fraturas de clavículas.
31. EXAME CARDIOVASCULAR
Inspeção: cianose, padrão respiratório (taquipneia, dispénia,
BAN), abaulamento precordial, turgência jugular, ictus cordis
(mais propulsivo na PCA).
Palpação: realizar palpação de pulsos nos quatro membros (CoAo),
precórdio.
Frequência cardíaca entre 120-160 batimentos por minuto.
Pressão arterial (PA): com manguito apropriado, neonatal.
O valor normal da PA sistólica e diastólica: Tabelas.
Consideramos o valor normal da pressão arterial média quando
maior ou igual à idade gestacional.
Ausculta: Bulhas – Hiperfonese e desdobramentos, ritmo.
Identificar como sendo sistólico, diastólico ou contínuo. Quanto ao
timbre, observar se é suave, rude ou aspirativo.
Sopros poderão estar ausentes ao nascimento mesmo em
cardiopatias graves; 60% dos RN normais terão sopro nas
primeiras 48 h de vida, em decorrência do fechamento do ducto
arterial e do forame oval.
32. EXAME PULMONAR
Inspeção: avaliar o padrão respiratório quanto à frequência
(40-60 movimentos por minuto), amplitude dos
movimentos, presença de tiragens e retração xifoidiana,
batimentos de asas do nariz, estridor expiratório, gemido
(BSA).
Ausculta: deve ser bilateral e comparativa. Auscultar as
regiões axilares. Avaliar a presença de creptos, sibilos,
roncos e diminuição do murmúrio vesicular.
A palpação para checar a expansibilidade e
distensibilidade torácica também é realizada.
A percussão nos espaços intercostais identifica o som claro
pulmonar.
36. ABDOME
Inspeção: forma: geralmente globoso. Escavado (hérnia diafragmática), com
abaulamento supra-umbilical (atresia duodenal ou distensão gástrica),
abaulamento infra-umbilical (distensão de bexiga), presença de circulação
colateral e ondas peristálticas.
Pesquisar presença de hérnias umbilicais e inguinais.
Malformações do tipo onfalocele (defeito da parede abdominal com
exteriorização de vísceras recobertas por âmnio, cordão e peritônio parietal) e
gastrosquise (defeito da parede abdominal com exteriorização e exposição de
alças e vísceras, à direita do cordão umbilical).
O coto umbilical deve ser cuidadosamente avaliado, em busca de hiperemia,
exsudato purulento e, posteriormente, granuloma.
RHA
Palpação: diástase de músculos reto-abdominais (separação habitual da
musculatura, na linha média; desaparece no primeiro ano de vida), presença de
ascite, aumento no fígado (normal se em torno de 2cm do rebordo costal), baço,
rins, bexiga, massas abdominais.
Hidronefrose, nefroblastoma, cisto solitário, rins policísticos e trombose de veia
renal. No fígado, hematoma, hemangioma, cisto hepático, de colédoco, de
ovário. No trato gastrointestinal, duplicação de duodeno, de jejuno, ou de íleo,
volvo, teratoma e neuroblastoma.
37.
38.
39. GENITÁLIA
Masculina
Observar comprimento do pênis (normal maior do
que 3 cm), posição do orifício uretral centralizado
na glande (hipospádia, epispádia), fimose
(aderência do prepúcio à glande), posição dos
testículos na bolsa escrotal (criptorquidia:
testículos locados fora da bolsa: canal inguinal,
abdome), presença de hérnia escrotal. A descida
testicular para a bolsa escrotal ocorre por volta
do 3º trimestre.
Hidrocele escrotal (acúmulo de líquido em volume
anormal) – transiluminação.
40. GENITÁLIA
Feminina
Tamanho do clitóris, fusão dos grandes lábios (sinéquia
labial), posicionamento do orifício da vagina e da uretra,
distância anovulvar e fístulas. Comum o excesso de tecido
himenal ao nascimento que desaparece em semanas.
O tamanho final do clítoris é adquirido bem antes da
deposição de gordura nas estruturas vizinhas e por isso
aparenta-se falsamente hipertrofiado.
Genitália externa com morfologia suspeita (genitália
ambígua) necessita de investigação com ultrassonografia,
genótipo, etc.
41. COLUNA
Em decúbito ventral, inspeciona-se e palpa-se região da coluna
vertebral. Procura-se desvios, tumorações e malformações
ósseas, presença de tufos de pelos, hemangiomas e manchas
hipercrômicas.
-Espinha bífida: falha no fechamento dos ossos, principalmente da
coluna lombo-sacra. Podemos observar a exposição do tecido
nervoso. Pode apresentar-se de duas formas: Meningocele e
Mielomeningocele.
-Meningocele: Lesão cística composta por líquor, meninges e pele.
Causas maternas: deficiência de ácido fólico e uso de álcool.
-Mielomeningocele: Lesão da linha média contendo líquor,
meninges e elementos da medula. Podendo ser aberta ou rota.
Fossetas ou hipertricose podem indicar espinha bífida oculta,
onde algumas vértebras estão ausentes, mas o tecido nervoso está
protegido.
-Teratoma sacrococcígeo: tumoração arredondada, de tamanho
variado podendo ser gigante. Pele que o recobre é, em geral,
íntegra. Passível de malignização.
42.
43. OSTEO-ARTICULAR
Membros: Simetria e proporções do braço e
antibraço, articulações (luxações).
Paralisias braquiais.
Paralisia em membros inferiores é rara e se deve
a tocotraumatismos ou anomalia congênita da
medula espinhal.
Artrogripose (imobilidade articular): pode ser
congênita, devido a déficits musculares e a
compressão fetal por oligoidrâmnio, os distúrbios
neurológicos parecem ser uma causa comum.
Pé torto congênito: é a anomalia congênita de
membros inferiores mais comum. Diferenciar
entre pé torto congênito e posicional.
44. OSTEO-ARTICULAR
Displasia Congênita de quadril (ou Luxação congênita
do quadril): diagnóstico precoce → boa resposta ao
tratamento. Pesquisá-lo em todas as oportunidades
do exame físico do RN, pois poderá estar ausente em
alguns momentos. Verificar simetria das pregas
cutâneas. É mais frequente em meninas.
As manobras de Ortolani e Barlow identificam
anomalias no quadril:
Manobra de Ortolani: realizada com o bebê em
decúbito dorsal; mobilizar as articulações coxo-
femurais, em rotação, aduzindo e abduzindo-as, com
os joelhos em flexão. O sinal é positivo quando se
percebe o deslocamento da articulação e um “click”
com os movimentos.
45. MECÔNIO E DIURESE
Aproximadamente 99% dos RN urinam nas primeiras 48 h de
vida. O volume urinário nas primeiras 24 h de vida é de cerca
de 15 ml.
Causas de ausência de diurese no primeiro dia de vida:
prepúcio imperfurado, estenose de uretra, valva de uretra
posterior, bexiga neurogênica, ureterocele, tumores renais,
rins multicísticos, hipovolemia, baixa ingesta líquida, agenesia
renal bilateral (Síndrome de Potter), necrose tubular
(secundária a hipóxia), trombose de veia renal, síndrome
nefrótica congênita e pielonefrite congênita.
A primeira evacuação, em 90% das vezes, também ocorre nas
primeiras 24 h de vida, sob a forma de mecônio que é composto
por muco, bile, líquido amniótico, lanugo.
Causas de atraso na eliminação são: obstrução intestinal,
mucoviscidose, hipermagnesemia, doença de
Hirschsprung/megacólon congênito (denervação do cólon, em
decorrência à falha de migração crânio-podálica da crista
neural do nervo vago).
46.
47. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Semiologia Pediátrica. Yvon Toledo Rodrigues;
Pedro Paulo Bastos Rodrigues. 3ª edição, 2009.
Ed Guanabara Koogan.
Exame físico neonatal e avaliação neurológica.
Fabiana Moreira Pontes; Sérgio Henrique Veiga.
Filmes Curso AIDPI MS
48. Feliz Dia da Mulher!
Bom final de semana a todos.