Este documento discute diferentes tipos de poesias, incluindo haicai, soneto, vilancete e balada. Ele fornece a história e origens do haicai japonês e discute como ele foi introduzido e interpretado de diferentes maneiras no Brasil. Também explica as características e estrutura tradicional do vilancete, um tipo de poema popular na Península Ibérica durante a Renascença.
3. História do Haicai Haikai ( 俳句 , Haiku ou Haicai ) é um forma poética de origem japonesa , que valoriza a concisão e a objetividade. Os poemas consistem em três linhas, contendo na primeira e na última cinco letras japonesas , e sete letras na segunda linha. O principal haicaísta foi Matsuô Bashô ( 1644 - 1694 ), que se dedicou a fazer desse tipo de poesia uma prática espiritual.
4. Haicai no Brasil O primeiro autor a popularizar o haikai no Brasil foi Guilherme de Almeida , com sua própria interpretação da rígida estrutura de métrica, rimas e título. No esquema proposto por Almeida, o primeiro verso rima com o terceiro, e o segundo verso possui uma rima interna (A 2ª sílaba rima com a 7ª sílaba). A forma de haikai de Guilherme de Almeida ainda tem muitos praticantes no Brasil.
5. Haicai no Brasil Outra corrente do haikai brasileiro é a tradicionalist, promovida inicialmente por imigrantes ou descendentes de imigrantes japoneses, como H. Masuda Goga e Teruko Oda . Esta corrente define haikai como um poema escrito em linguagem simples, sem rima, estruturado em três versos que somem dezessete sílabas poéticas; aonde cinco sílabas no primeiro verso, sete no segundo e cinco no terceiro. Além disso, o haikai tradicional deve conter sempre uma kigo . Estas são palavras ou frases, utilizadas na poesia japonesa, que têm uma associação com uma estação do ano. (Ex.: "sakura", "flor de cerejeira", é associada à Primavera).
6. Haicai no Brasil Uma terceira forma de praticar o haikai no Brasil é a que não julga necessária a métrica nem o uso sistemático de uma referência à estação do ano em que o poema foi composto. Aqui, os principais nomes são Paulo Leminski , Millôr Fernandes e Alice Ruiz .
7. Vilancete Vilancete (ou Vilancico ) era uma forma poética comum na Península Ibérica , na época da Renascença . Os vilancetes podiam também ser adaptados para música: muitos compositores ibéricos dos séculos XV e XVI , como Juan del Encina ou o português Pedro de Escobar compuseram vilancetes musicais.
8. Vilancete Este tipo de poema tem um mote - o início do poema que, na música, funciona como refrão - seguido de uma ou mais estrofes - as voltas , coplas ou glosas - cada uma com 7 versos. A diferença entre o vilancete e a cantiga depende do número de versos no mote: se houver 2 ou 3 é um vilancete , se houver 4 ou mais é uma cantiga . Cada verso de um vilancete está normalmente dividido em cinco ou sete sílabas métricas ("medida velha"). Se o último verso do mote se repetir no fim da estrofe, diz-se que o vilancete é perfeito.
9. Vilancete Como se pode ver, o esquema rimático é: abb cddc cbb, que era o mais comum. O tema dos vilancetes era normalmente a saudade , o campo e os pastores, a 'mulher perfeita' e amor não-correspondido e consequente sofrimento. Os poetas ibéricos foram fortemente influenciados por Francesco Petrarca , um poeta italiano. Eis um exemplo de um vilancete, escrito por Luís de Camões : (Mote:)
10. Exemplo de Vilancete. Foto de uma cantiga em vilancete. Camões (Mote:) Enforquei minha Esperança; Mas Amor foi tão madraço, Que lhe cortou o baraço. (Volta:) Foi a Esperança julgada Por setença da Ventura Que, pois me teve à pendura, Que fosse dependurada: Vem Cupido com a espada, Corta-lhe cerce o baraço. Cupido, foste madraço.