1. UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO
Faculdade de Humanidades e Direito
Licenciatura em Ciências Sociais
O Bloqueio a Cuba
Alcione Fátima da Silva Jurigan1
São Bernardo do Campo – Pólo Campinas (EAD)
2010
Resumo
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Discente do 5ºperíodo de Ciências Sociais
RA: 155630
2. O bloqueio econômico imposto a Cuba por parte dos Estados Unidos
desde os anos 60, demonstra o que um país dotado de maior poderio militar, economia
fortalecida por uma moeda substancial no mundo todo, porém, há que se lembrar, que
depois de algumas crises financeiras, atualmente o dólar não é mais a moeda
hegemônica no mundo, como outrora já fora. O poderio estadunidense vai além do
poder que a organização das nações unidas possui, visto que, apesar de ser composta
por vários países com nível de infra-estrutura econômica e de desenvolvimento
equiparado ao dos Estados Unidos da América, mesmo assim, a hegemonia norte-
americana, impera nas decisões e na condução da política e da economia de um país
como Cuba que ousou desafiar com um novo modelo de governo esquerdista, advindo
da deposição de um ditador, Batista, com a revolução cubana e instaurando-se um novo
governo na figura de Fidel Castro como presidente que adota políticas econômicas que
divergem do capitalismo instaurado por vários países da América - latina e que são
apoiados pela influência estadunidense por essa opção; ao contrário de Cuba que obteve
apoio por muito tempo da Ex- União Soviética que contrapunha o capitalismo com o
socialismo.
3. SUMÁRIO
IntroduÁão
Segundo pesquisas realizadas em diversos sites e bibliotecas on line , que
tratam do assunto sobre o embargo a Cuba, pode-se observar a filosofia adotada pelos
Estados Unidos da América na condução da sua estratégia econômica e política para
pressionar todo um povo a submeter-se as suas imposições e influências sob outros
países nos reflexos desse embargo que já dura mais de 40 anos. Diante da resistência
dos cubanos que através do sofrimento da sua população que paga o preço por tal
4. resistência, bem como, não pode desfrutar das benesses que outros países possuem nas
trocas econômicas comerciais através de acordos que sempre privilegiam o povo
americano através da subserviência de outros países latino-americanos que permitem
essa exploração da sua mão de obra e de seu território em função dos benefícios
provenientes “ainda que mínimos” desses acordos comerciais, acordos esses que um
pequeno país da América Latina , ousou se rebelar contra a potência imperialista e
hegemônica, ainda que atualmente isso pode-se observar mas no poderio militar do que
na economia e na tecnologia, onde atualmente já existem novos atores que detém
também esse poder tecnológico e econômico como forma de fazer frente a grande
potência americana. Como exemplo , pode-se citar a China, Japão, Europa Ocidental
dentre outros.
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1. Bloqueio a Cuba
A posição soberana dos cubanos os transformou em potenciais parceiros
de países que podem exercer com o exemplo da sua postura diante dos norte-
americanos, a mesma influência no continente, em contraposição aos EUA e essa
ameaça é um grande temor para os Estados Unidos da América, que com seu discurso
democrático através do capitalismo, querem por todos os meios impor essa condição
socioeconômica num país que decide romper com essa forma de gerenciar sua economia
e opta pelo socialismo como forma de enfrentar o império norte-americano. Diante
disso, os Estados Unidos da América impõe o bloqueio econômico a Cuba, cortando as
relações comerciais e de qualquer outro meio político e econômico, com Cuba,
disseminando essa orientação e exigência, para que outros países fizessem o mesmo. O
embargo norte-americano precisa ser compreendido desde suas origens no início dos
anos 1960 no contexto da Revolução Cubana, onde um grupo de guerrilheiros se
formou com a intenção de tomar o governo pela força de armas. Entre 1956 e 1959,
cerca de 80 homens comandados por Fidel Castro, Camilo Cienfuegos e Ernesto “Che”
Guevara conquistaram várias cidades de Cuba.
1.2 História do Bloqueio
No início, os Estados Unidos justificaram sua reação, como defesa das
propriedades norte-americanas expropriadas pelo governo cubano, em 1960, e como
contenção da ameaça comunista, situada a 145 quilômetros do seu território. Mas,
depois de 1991, e do fim da URSS e da Guerra Fria, os Estados Unidos mantiveram e
ampliaram sua ofensiva contra Cuba, só que agora, em nome da democracia, apesar de
que mantenham relações amistosas com o Vietnã e a China. No auge da crise
econômica provocada pelo fim de suas relações preferenciais com a economia soviética,
entre 1989 e 1993, os governos de George Bush e Bill Clinton, tentaram um xeque-mate
contra Cuba, proibindo as empresas transnacionais norte-americanas, instaladas no
exterior, de negociarem com os cubanos e, depois, impondo penalidades às empresas
estrangeiras que tivessem negócios com a ilha, através da Lei Helms-Burton, de 1996.
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1.2.1 Linha do Tempo do Bloqueio
A partir do site Brasil de fato , pôde-se obter uma cronologia sobre os
principais acontecimentos sobre o bloqueio a Cuba por parte dos norte-americanos.
Janeiro de 1961 - os Estados Unidos rompem relações diplomáticas e consulares com
Cuba e restringem as viagens de seus cidadãos à ilha.
MarÁo de 1961 - Washington ordena a redução das compras de açúcar da ilha, dias
antes da invasão a Playa Girón.
Fevereiro de 1962 - John F. Kennedy impõe formalmente o embargo comercial.
Setembro de 1962 - Washington proíbe que embarcações de quaisquer países que
façam comércio com Cuba ancorem em portos norte-americanos.
Fevereiro de 1963 - Entram em vigor restrições de viagens de norte-americanos a
Cuba, após a crise dos mísseis.
Julho de 1963 - os Estados Unidos congelam todos os bens de Cuba por meio das
medidas para o controle de ativos cubanos.
Maio de 1966 - o Congresso dos Estados Unidos aprova uma resolução para proibir o
embarque de alimentos para países que vendem artigos para Cuba.
Julho de 1972 - Cuba entra como membro pleno do Conselho de Ajuda Mútua
Econômica (Came), integrado pelos países comunistas.
MarÁo de 1977 - o presidente Jimmy Carter elimina as restrições para viagens a Cuba.
Setembro de 1977 - Carter abre a Seção de Interesses Americanos em Havana.
Abril de 1982 - O presidente Ronald Reagan restabelece as limitações de viagens a
Cuba. As viagens se limitam exclusivamente a pessoas que visitarem parentes próximos
e a estadias relacionadas a atividades profissionais ou acadêmicas.
Dezembro de 1991 - a Assembléia Geral das Nações Unidas condena a manutenção do
embargo. A condenação é reiterada a partir de então a cada ano nas sessões desse
fórum.
Outubro de 1992 - o governo de George Bush (pai) aprova a Lei Torricelli para
reforçar o embargo.
MarÁo de 1996 - a lei Helms-Burton é aprovada para intensificar o embargo.
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Maio de 2004 - o presidente George W. Bush anuncia novas disposições para limitar as
viagens a uma vez a cada três anos e remessas de dinheiro de cubano-americanos à ilha,
fortalecer o apoio financeiro à dissidência e aumentar a potência das emissoras de
oposição a Fidel Castro que transmitem para Cuba.
Outubro de 2004 - Cuba anuncia o fim das transações comerciais em dólares devido às
políticas dos Estados Unidos contra seus ativos financeiros nessa moeda.
Dezembro de 2008 - os países da América Latina e do Caribe pedem o fim do embargo.
O Grupo do Rio, que é um fórum de consultas políticas dos países latino-americanos,
incorpora Cuba como membro.
1. 3 Cuba Hoje
Segundo, site da embaixada cubana , a crise econômica da última década
vem sendo responsável por mudanças no comportamento sócio-econômico, que
lentamente diminuem as bases políticas do regime socialista. Grande parte da
população, vê sua condição de vida piorar a cada dia, sem meios que sejam possíveis de
se fazer atualmente comparações com a situação de antes da Revolução, visto que,
poucos habitantes cubanos hoje conheceram a ditatura de Fulgêncio Batista e o controle
do imperialismo norte-americano. As conquistas sociais, principalmente no campo da
habitação e da saúde se perdem, somando isso à liberdade já há muito perdida.
O desenvolvimento do turismo criou na Ilha uma economia informal,
dolarizada e que foge ao controle do governo, disseminando a idéia de que a melhora do
nível de vida somente será possível por meios ilegais, que coloca em xeque inclusive a
fidelidade partidária e ideológica do país. A prostituição volta a aumentar, assim como
os índices de criminalidade.
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1.4 Estados Unidos e o Bloqueio atualmente
O novo presidente dos Estados Unidos da América, Barak Obama,
gradativamente pretende fazer concessões ao governo cubano , o que já pode ser
observado na abertura para viagens quanto a freqüência e a permanência de cubanos
residentes nos Estados Unidos a Cuba. Outra liberação por parte do governo norte-
americano é para que, quem tenha família em Cuba, possa enviar-lhes sem restrições de
vezes e quantidades, produtos para higiene pessoal, dinheiro, roupas, bem como,
materiais de pesca. Contudo, para os membros do governo cubano ou do partido
comunista essas remessas ainda estão proibidas. O presidente dos Estados Unidos
também permitiu que a empresa de telecomunicação norte-americana fizesse negócios
com Cuba, o que significa que poderão vender telefonia fixa e celular, rádio, internet e
TV por satélite. Uma possibilidade de instalar voos comerciais regulares entre os países
também está sendo estudada.
Conclusão
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Conclui-se que, o bloqueio econômico imposto a Cuba por parte dos
Estados Unidos desde os anos 60, demonstra o que um país dotado de maior poderio
militar, economia fortalecida por uma moeda substancial no mundo todo, porém, há que
se lembrar, que depois de algumas crises financeiras, atualmente o dólar não é mais a
moeda hegemônica no mundo, como outrora já fora. O poderio estadunidense vai além
do poder que as Organizações das Nações Unidas possuem, visto que, apesar de ser
composta por vários países com nível de infra-estrutura econômica e de
desenvolvimento equiparado ao dos Estados Unidos da América, mesmo assim, a
hegemonia norte-americana, impera nas decisões e na condução da política e da
economia de um país como Cuba que, ousou desafiar com um novo modelo de governo
esquerdista, advindo da deposição de um ditador, Batista, com a revolução cubana e
instaurando-se um novo governo na figura de Fidel Castro como presidente que adota
políticas econômicas que divergem do capitalismo instaurado por vários países da
América - latina e que são apoiados pela influência estadunidense por essa opção. Na
medida em que Cuba adota um novo sistema de governo fundamentado no socialismo e
apoiada pela ex-União Soviética, sendo que essa nova forma de política e de governar
existe apenas um partido político que vai deliberar sobre os rumos de um país que
apesar de pequeno dentro da América Latina, incomoda a adoção esquerdista diante de
uma nação poderosa e influente como os Estados Unidos da América. Dessa forma o
embargo, a Cuba se faz, e apesar de vários países membros da Organização das Nações
Unidas aprovarem esse desembargo que já dura, mas de 40 anos, os Estados Unidos
continuam firmes na sua decisão de continuar o embargo e desde então, o povo cubano
vive num país onde tudo o que eles necessitam para o seu desenvolvimento econômico,
social, médico, educacional, turístico dentre outros possíveis desenvolvimentos
necessários a qualquer país da América Latina que tem sua economia dependente dos
Estados Unidos da América na forma de exportações e importações, esses meios
econômicos são impedidos de serem exercidos pelo povo cubano, que carece de
habitações, de remédios e novas tecnologias que não podem ser negociadas com os
estadunidenses, uma vez que, existe o embargo. Castigo, imposto ou não, a um país que
resolve ter sua própria forma de governo, e que desafia os Estados Unidos desde então,
porque esse mesmo país não deixou sua ideologia de lado por causa do embargo, e o
interessante nisso tudo é que esse fenômeno que apesar de refletir negativamente na
população, uma forma de governo apoiado em um modelo que atualmente sabe-se que
não deu certo em outros países que adotaram a forma socialista e comunista como
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oposição ao capitalismo de produção. O fato intrigante diante desse bloqueio é isso
mesmo gerador de reflexões, porque um país pequeno na América Latina ousou desafiar
o imperialismo estadunidense, e porque ousou desafiá-los sofre as conseqüências
econômicas desse bloqueio até os dias atuais, porém, há que se reconhecer que Cuba
não manifestou interesse em mudar sua forma de governar, mas mostrou-se interessada
em prol da sua população que o embargo estadunidense cesse para que possa haver
trocas comerciais e de tecnologias, mas que os Estados Unidos respeitem a forma de
governo que esse país adotou e que independente disso trate comercialmente com Cuba,
respeitando seus direitos e opções ideológicas dentro da diversidade que existe diante de
outros países os quais os Estados Unidos mantêm acordos comerciais, respeitando sua
forma de governar, sua cultura, etc. como exemplo, cita-se a China, Arábia Saudita.
Existe interesses claros por parte dos Estados Unidos nesses países? Obviamente que
existe, e Cuba? Um país na América Latina desafiou continuar por tantos anos apesar do
embargo à sua economia, manteve-se firme na opção escolhida, claro que existe pouca
liberdade num país que existe um único partido e um presidente Fidel Castro , que
ficou no governo por mais de 40 anos, deixando esse poder atualmente para seu irmão
Rui Castro, por motivo de doença. O fato é que se os Estados Unidos respeitam a forma
de governo de outros países da Ásia, da África e do Oriente Médio, porque não
poderiam respeitar a opção de governar de Cuba? Independente da opinião, conjecturas
que possam se fazer a respeito se isso é bom ou não ! . Cuba, não tem nada a oferecer
aos Estados Unidos? Ou o “medo” estadunidense é tão forte quanto à disseminação da
opção esquerdista de Cuba em outros países da América Latina, impedindo assim o
avanço imperialista estadunidense sobre a hegemonia de outros países da América
Latina. Cuba seria um exemplo de “castigo” para ser observado pelos outros países da
América Latina? É o mais provável, que se pode concluir até o momento atual.
Referencias Bibliográficas