3. Intoxicações exógenas
• Existem duas classes de intoxicações
exógenas ou envenenamentos:
– Intencionais (tentativas de suicídio)
– Acidentais
• Crianças
• Adultos
• Os cuidados são semelhantes nas duas
classes de intoxicações exógenas.
4. Intoxicações exógenas
• Principais produtos envolvidos em intoxicações:
– medicamentos,
– plantas,
– produtos químicos,
– Álcool,
– substâncias corrosivas.
• Vias de contato mais comuns e que são capazes
de gerar intoxicações:
– Ingestão,
– inalação,
– exposição cutânea,
– contato ocular.
5. Intoxicações exógenas
• Outras causas de intoxicação:
– Abuso de um medicamento. Consiste em utilizar dose
mais alta de um produto, para obter um efeito mais
rápido.
• Ex: benzodiazepínicos, para dormir mais rápido.
– Intoxicação aguda em pacientes que usam múltiplas
medicações ou que tem metablização diminuída.
• Ex: digoxina, em pacientes com insuficiência renal.
– Inalação de monóxido de carbono.
• Ex: incêndio.
6. Intoxicações exógenas
• Sintomas mais comuns:
– queimaduras nos lábios e boca,
– hálito da substância ingerida,
– vômitos, alteração da pulsação,
– perda da consciência,
– parada cárdio-respiratória.
• Situações mais comuns: tentativas de suicídio,
através de ingestão de medicamentos por via
oral.
7. Intoxicações exógenas
• Se a vítima estiver inconsciente ou com convulsões,
NUNCA provocar vômitos.
• NUNCA provocar vômitos se a vítima estiver
consciente e a substância ingerida for:
– corrosiva ou derivada de petróleo (gasolina, querosene,
óleo diesel, querosene, etc.)
– ácida ou básica
– polidores,
– graxas,
– amônia,
– água sanitária,
– soda cáustica, etc.
8. Intoxicações exógenas
• Porque não provocar vômito nas situações
citadas:
– Esse produtos causam queimadura e corrosão quando
são ingeridos e podem provocar novas lesões durante
o vômito ou liberar gases tóxicos para os pulmões.
• Nas demais intoxicações, só provocar o vômito se
não houver assistência médica disponível nas
proximidades.
– Estimular a garganta com o dedo
– Ministrar 1 colher de sopa de ipeca em 1 copo de 100
ml de água.
9. Intoxicações exógenas
• Importante:
– Sempre tentar identificar o tipo e quantidade de veneno
ingerido, com o paciente ou sua família:
• nome da droga e dosagem,
• número de cartelas vazias.
– Identificar todos os medicamentos disponíveis na casa do
paciente, líquidos e outras substâncias suspeitas.
– Descobrir hora e dia da ingestão, os mais precisos possíveis.
– Descobrir se a ingestão acidental ou intencional
– Lembrar que frequentemente existe mais de uma
substância química envolvida.
10. Intoxicações exógenas
• Mais importante ainda:
– As medidas anteriores não devem nunca retardar o
encaminhamento do paciente para o serviço de
pronto socorro mais próximo.
– As intoxicações exógenas são potencialmente letais!
– Algumas vezes nada se sabe do histórico do paciente,
que pode estar confuso, agitado ou em coma.
– Iniciar antes da chegada ao pronto socorro as medidas
de suporte à vida (RCP).
12. Intoxicações exógenas
• Prevenção de absorção dos tóxicos: são medidas
que visam a diminuir a absorção dos tóxicos.
• Pele:
– retirar toda a roupa do paciente,
– retirar quaisquer resíduos do tóxico,
– lavar abundantemente a pele.
• Olhos:
• lavar olhos com SF.
13. Intoxicações exógenas
• A maior parte dos casos que chegam ao PS
se deu por via gastrointestinal.
• Podem ser utilizados os seguintes recursos
para minimizar os danos:
– carvão ativado,
– lavagem gástrica,
– irrigação intestinal.
• Raramente a diálise é necessária.
14. Intoxicações exógenas
• Lavagem gástrica
– Sonda orogástrica de grosso calibre.
– Administrar pequenos volumes de SF (100 a 250 ml) e
esperar o retorno do líquido.
– Parar quando o SF voltar limpo.
• Eficácia depende do tempo de ingestão:
– após 5’, recupera-se 90%,
– após 10’, recupera-se 45%,
– Após 19’, recupera-se 30%.
• Após 60’ raramente indica-se a lavagem gástrica.
15. Intoxicações exógenas
• Não se indica a lavagem gástrica de rotina,
por risco de complicações:
– aspiração,
– lesão esofágica,
– mediastinite, etc.
• Usa-se mais com intoxicações recentes, de
substâncias muito tóxicas ou
desconhecidas
16. Intoxicações exógenas
• Carvão ativado
– tem grande capacidade de adsorver várias
substâncias e diminuir a sua absorção sistêmica.
• Eficácia:
– ministrado após 5’, reduziu absorção em 73%,
– ministrado após 30, reduziu em 51%,
– ministrado após 60’, reduziu em em 36%.
• Após 2 horas geralmente é ineficaz.
– Complicações:
– vômitos, obstrução intestinal.
• Apresenta o mesmo nível de eficiência que a
lavagem gástrica.
17. Intoxicações exógenas
• Carvão ativado: indicado para:
– fenobarbital,
– ácido valpróico,
– carbamazepina,
– teofilina,
– substâncias de liberação entérica ou
– substâncias de liberação prolongada.
18. Intoxicações exógenas
• Irrigação intestinal:
– Administrar uma solução por sonda nasogástrica no
intestino.
– Utiliza-se também uma sonda retal para recuperação
do material.
– Objetivo: limpeza “mecanica”do trato gastrointestinal.
• Pouco indicada para diminuir absorção de
tóxicos.
– Útil para expelir pacotes ingeridos por pessoas para o
tráfico de drogas ou
– após ingestão de grandes doses de ferro ou outros
metais pesados.
19. Intoxicações exógenas
• Outras medidas terapêuticas:
– Diálise
– Manter o doente bem hidratado aumenta a excreção renal
de muitas substâncias.
• Indicado em intoxicações graves ou potencialmente graves.
• Lembrar dos tóxicos com início de ação retardado:
– o indivíduo está bem mas em poucas horas evolui mal,
podendo ir a óbito.
– Isso ocorre com tóxicos de liberação prolongada ou que
necessitam ser metabolizados antes de produzir uma
sindrome.
20. Intoxicações exógenas
– Principais agentes tóxicos
após metabolização:
• antitumorais,
• digoxina,
• metais pesados,
• paracetamol,
• tetracloreto de carbono,
• colchicina,
• etilenoglicol,
• metamol,
• salicilatos.
– Principais agentes
tóxicos de liberação
lenta:
• teofilina,
• carbamazepina,
• fenitoína,
• lítio.
21. Intoxicações exógenas
• Intoxicação alcoólica
• No Brasil taxa de dependência é de 24% em
homens jovens (18 a 24 anos).
• Cidades brasileiras com mais de 200 mil
habitantes: 11% de dependentes (pop. geral).
• Na cidade de São Paulo, mais de 50% das vítimas
fatais de acidentes de trânsito apresentavam
álcool no sangue.
22. Intoxicações exógenas
• O álcool é absorvido rapidamente no estomago
e intestino.
• O ritmo de absorção depende do teor alcoólico
da bebida, da presença de alimentos no
estômago.
• O pico de concentração no sangue ocorre 30
minutos após a ingestão.
• O álcool é muito difusível, distribuindo-se de
forma semelhante à água corporal.
• 10% do álcool é excretado sem sofrer
metabolização, pelo suor, respiração, urina.
• Fisiopatologia: o álcool reduz a gliconeogênese
23. Intoxicações exógenas
• Sintomas da intoxicação alcoólica: da agitação até o
coma. Pode ocorrer amnésia.
• Casos leves e moderados:
– manifestações cerebelares (ataxia, nistagmo, alteração da
fala),
– naúseas,
– taquicardia,
– labilidade do humor.
• Casos graves;
– estupor, altenando com agressividade,
– discurso incoerente,
– olhar não conjugado.
24. Intoxicações exógenas
• Hipoglicemia
• Ocorre quando o jejum é associado ao álcool.
– Há alteração do nível de consciência,
– liberação simpática (ansiedade, tremores, sudorese,
palpitações),
– podendo haver hipotermia.
• Glicemia capilar menor que 40 mg/dl.
• Ministrar glicose a 50%, 100 ml.
• Importante: o uso indiscriminado da glicose na
intoxicação alcoólica é questionável.
– Se o paciente estiver consciente, é melhor oferecer
alimentação oral (glicose).
25. Intoxicações exógenas
• No Brasil existe uma rede de Centros de
Assistência Toxicológica.
• Esses Centros fornecem informações de
como proceder frente às intoxicações.
• Seguem-se os endereços de alguns desses
Centros.
27. Acidentes com animais
peçonhentos
• São os acidentes produzidos por picadas,
mordeduras ou contato com animais produtores
de substâncias venenosas.
• O que NÃO deve ser feito:
– Torniquetes no membro acometido
• Favorece necrose e gangrena, infecções e amputações
– Colocar produtos diversos no local da picada
• Pó de café, terra, fezes, fumo, etc.
– Cortar o local da picada
• Alguns venenos podem provocar hemorragias
– Ministrar bebidas alcoólicas à vítima
• Altera o estado de consciência e dificulta o diagnóstico do
tipo de acidente.
– Sucção do local da lesão
28. Acidentes por animais
peçonhentos
• Primeiros socorros
• Manter o paciente deitado, em repouso e evitar que
ele ande ou corra
– A locomoção favorece a absorção do veneno e, em alguns
casos, os ferimentos podem se agravar.
• Acalmar o paciente.
– O stress favorece a absorção do veneno.
• Administrar analgésicos. Ex: paracetamol 750 mg ou
ibuprofeno 600 mg (adulto)
– Evitar drogas que deprimam o SNC (compromete o
diagnóstico diferencial entre acidente botrópico e crotálico
29. Acidentes com animais
peçonhentos
• Lavar cuidadosamente o local com água e sabão.
• Manter o paciente hidratado.
• Tentar capturar o animal agressor, para posterior
identificação no centro de atendimento
especializado.
• Levar o acidentado imediatamente para o serviço
de saúde mais próximo.
• Retirar anéis, pulseiras ou qualquer outro objeto
que possa impedir a circulação do sangue
– Mais tarde a retirada pode ficar dificultada, em
decorrência de edema.
30. Acidentes com animais
peçonhentos
• Pode ocorrer uma acidente ofídico e não se
identificar na pele uma lesão característica pelo
animal.
• O próprio paciente pode não ter visto uma
cobra ou inseto picá-lo.
• É importante o profissional da saúde, a partir da
epidemiologia e do quadro clínico do paciente,
lembrar da possibilidade de se tratar de um
acidente ofídico.
• O quadro clínico é muito importante na
identificação do animal causador do acidente.
31. Acidentes por animais
peçonhentos
• Programa Nacional de Ofidismo: criado
em 1987.
– Aperfeiçoamento do diagnóstico e terapias
por acidentes com animais peçonhentos
– Padronização da produção de antivenenos
– Educação e comunicação a profissionais da
saúde e população
– Mapeamento e identificação de serpentes e
outros animais peçonhentos.
32. Acidentes por animais
peçonhentos
• Desde então, a notificação desses
acidentes é compulsória.
• A distribuição de soros pelo Ministério da
Saúde às Secretarias de Saúde dos estados
é vinculada à troca por informações
epidemiológicas.
• Após a implantação desse Programa, a
taxa de letalidade por ofidismo no Brasil
caiu em mais de 50%.
33. Acidentes ofídicos
• As 70 espécies de serpentes peçonhentas
do Brasil estão distribuidas em 2 famílias:
– Viperidae
– Elapidae.
• Família Viperidae
• São melhores inoculadoras de veneno
(mais eficazes).
34. Acidentes ofídicos
• Família Viperidae
– Gênero Bothrops (jararaca, jararacuçu, urutu e outras).
• 90% dos acidentes.
– Gênero Crotalus (cascavel, maracambóia e outras).
• Mais comuns no cerrado e regiões de clima quente e seco.
– Gênero Lachesis (surucucu, pico-de-jaca e outras).
• Animais de grande porte, causam poucos acidentes.
• Podem inocular grande quantidade de veneno numa só picada.
• Vivem em regiões de floresta úmida tropical e Mata Atlântica).
40. Acidentes ofídicos
• Família Elapidae
– Conhecidas popularmente como corais
verdadeiras.
– Isso porquê suas representantes do gênero
Micrurus são serpentes pequenas e de cor
vermelho forte.
– São menos eficientes para inocular veneno que
as da família Viperidae.
42. Acidentes escorpiônicos
• No Brasil, há três espécies de escorpiões do
gênero Tityus, responsabilizadas pela maioria
dos acidentes humanos:
– T. serrulatus (escorpião amarelo),
• maior parte dos casos mais graves
– T. bahiensis (escorpião marrom),
– T. stigmurus.
44. Acidentes escorpiônicos
• 97 a 99% dos casos são de quadro clínico leve
– Até os 7 anos de idade, 80% dos casos são leves.
• Quadro clinico:
– Dor local de início imediato e intensidade variável.
– A dor é em queimação, agulhadas ou latejante, podendo
irradiar para o membro acometido.
– Podem haver parestesias.
– O ponto de inoculação do veneno pode não ser visível,
ou pode haver edema local.
45. Acidentes escorpiônicos
• Casos graves: a liberação de acetilcolina
causa aumento das secreções das
glândulas lacrimais, nasais, sudoríparas,
mucosa gástrica e pâncreas, provocando:
– lacrimejamento,
– rinorréia,
– sudorese,
– vômitos.
46. Acidentes escorpiônicos
• Podem haver também, nos casos mais graves:
– tremores,
– espamos musculares,
– bradicardia,
– hipotensão arterial,
– priapismo e
– hipotermia.
• Pela liberação de catecolaminas podem ocorrer:
– midríase,
– arritmias (respiratória e/ou cardíaca)
– taquicardia,
– falência cardiocirculatória e edema agudo de pulmões.
47. Acidentes escorpiônicos
• Tratamento
• Todos os casos pedem internação por 4 a 6
horas após o acidente, principalmente crianças.
– Casos mais graves, 24 a 48 horas de observação.
• Tratar a dor.
– Analgésicos via oral ou EV.
– Anestésico (licodaína), no local da picada ou como
bloqueio regional
• Infiltrações locais repetidas de hora em hora, até 3 vezes.
• Soro antiescorpiônico.
– Somente nos casos graves.
– Nos caso moderados, apenas em crianças abaixo de
7 anos.
48. Acidentes por outros insetos
• Lagartas: taturana, mandarová, lagarta-de-fogo,
• Sintomas: ardência ou edema local.
– Pode haver febre ou cefaléia.
• No Sul e Sudeste as lagartas do gênero Lonomia
são responsáveis por graves acidentes.
– Sintomas do acidente por Lonomia:
• hemorragias após algumas horas (pele, gengivas, urina),
• insuficiencia renal,
• sangramentos graves (pulmões, cérebro).
– Tratamento: soro antilonômico.
– Sempre tratar dor local (para Lonomia e outras
lagartas).
50. Acidentes por outros insetos
• Uma só picada de um inseto pode provocar um
choque anafilático.
• Picadas múltiplas e simultâneas são perigosas.
– Mais de 100 picadas por formigas, abelhas, vespas:
• Síndrome do envenenamento:
– taquicardia,
– distúrbio da coagulação,
– Insuficiência renal.
• Tratamento geral
• Compressas frias.
51. Acidentes por outros insetos
• IMPORTANTE
• Nos acidentes provocados por animais que deixam o
ferrão no corpo (abelhas, por exemplo), NÃO usar
pinça para retirar os ferrões (pode inocular mais
veneno)
• Retirar os ferrões usando um aparelho de barbear!