Este documento resume um estudo que investigou a relação entre o consumo máximo de oxigênio (VO2 máximo) e a distância percorrida em um teste de esteira em homens e mulheres entre 40-55 anos. Os resultados mostraram uma forte correlação entre VO2 máximo e distância percorrida nos homens, mas uma correlação fraca nas mulheres, sugerindo que outros fatores afetam o desempenho feminino além do VO2 máximo.
1. Anais 26ª JAI
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Relação Entre VO2 máximo & Desempenho em TEM
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JORGE LUIZ DOS SANTOS DE SOUZA
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LUIZ OSORIO CRUZ PORTELA
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ELIANE FERREIRA UMPIERRE
Resumo
Introdução: O consumo máximo de oxigênio é referido por alguns autores como o melhor índice de aptidão
aeróbia e sua validade como indicador de performance é comprovada por diferentes estudos que demonstram a
existência de uma forte relação entre o VO2máx, o tempo e a distância de corrida, pesquisas e artigos de revistas
científicas nacionais e internacionais utilizam-se desta variável com a finalidade de compor grupos similares, como
por exemplo, na demonstração da igualdade de desempenho entre grupo de controle e experimental, todavia
atualmente surgem na literatura algumas pesquisas que demonstram o contrário e outras ainda vão além, pois
buscam uma diferente variável fisiológica de explique melhor por que dentro de uma mesma faixa de classificação
de VO2máx ocorrem diferenças em relação ao tempo e distância de corrida . Objetivo: O objetivo deste estudo foi
demonstrar a relação entre VO2máx e distância percorrida no teste de esteira em um grupo de homens e
mulheres com idade entre 40 a 55 anos, participantes de programa de atividades físicas. Metodologia: Foram
incluídos nas análises 52 sujeitos com média de idade 47,43±5,78 anos (46,93±5,36 para mulheres, n=30 e
47,06±4,71 nos homens, n=22) VO2 máx 35,04±7,49 ml.kg/min-1 (30,39±4,90 ml.kg/min-1 no grupo feminino e
40,60±7,13 ml.kg/min-1 nos homens). O teste ergoespirométrico até a exaustão (TEM) foi realizado no analisador
de gases VMax 229 da Sensormedics com o auxílio de uma esteira rolante marca Imbramed 1020. O protocolo
utilizado para coleta de dados foi o protocolo de Mader onde há um aumento da velocidade de esteira de 1,8 km/h
a cada estágio de 5 minutos com inclinação constante de 1 grau na esteira. Todos avaliados começaram na
velocidade de 5,4 km/hr sendo os batimentos cardíacos monitorados minuto a minuto com auxilio do
2. freqüêncímetro Polar juntamente com avaliação da sensação subjetiva de esforço no fim de cada estágio até a
exaustão máxima voluntária e após recuperação caminhada a 5 km/h por 3 minutos e mais 2 minutos em repouso.
Para explicar a relação entre o VO2máx e a distância percorrida foi feito uma equação de regressão afim de
encontrar o coeficiente de determinação que a explique. Após os testes os sujeitos foram separados em 6 grupos
conforme sua faixa de VO2máx segundo a AHA (20,1 a 25, 25,1 a 30, 30,1 a 35, 35,1 a 40, 40,1 a 45 e 45,1 a 50
ml.kg/min-1 ) para fins de análises. Análise Estatística: foram realizadas estatística descritiva e equações de
regressão para verificar o índice de determinação entre o VO2máx e a distância para cada indivíduo e com a
média a cada faixa de VO2máx, foi verificada a correlação entre as variáveis. Resultados: Os valores aqui
apresentados referem-se as médias. No grupo masculino encontramos: 1º) VO2máx 27,5 ml.kg/min-1 ; distância
1070,5 metros, n= 3. 2º) VO2máx 37,5 ml.kg/min-1 ; distância 2364,81m , n= 7. 3º) VO2máx 42,5 ml.kg/min-1 ;
distância 3118,81m, n= 8. 4º) VO2máx 47,5 ml.kg/min-1 ; distância 3805,50 m, n= 5. 5º) VO2máx 52,5 ml.kg/min-1
; distância: 5524,25 m. O resultado da regressão y= 0,00 51x+25,812 entre o VO2máx e distância mostra um alto
coeficiente de determinação R2 = 0,809 indicando que em apenas 19 % dos casos a variação da distância
percorrida não pode ser explicada pelo VO2máx. No grupo feminino encontramos: 1º) VO2máx 22,5 ml.kg/min-1 ;
distância 1374,30m, n= 5. 2º) VO2máx 27,5 ml.kg/min-1 ; distância 1413,64 m, n= 8. 3º) VO2máx 32,5 ml.kg/min-1
; distância 1950,72, n= 11. 4º) VO2máx 37,5 ml.kg/min-1 ; distância 2146,42 m, n= 6. O coeficiente de
determinação foi baixo, R2 = 0,35 para a regressão y= 0,00 51x+21,48. Isso significa que em 65% dos casos a
distância percorrida não pode ser explicada através do VO2máx. Conclusões: Sob o ponto de vista da capacidade
de corrida, muitos fatores interagem e fazem com que a performance se diferencie, a eficiência de corrida já vem
recebendo destaque a muitos anos como variável interveniente. As diferenças de eficiência de movimentos podem
viabilizar a corrida em menor percentual do VO2máx e a economia decorrente do gasto energético possibilita o
aumento do tempo de atividade, da mesma forma a massa corporal. A variável e a metodologia de medição
possibilitam diferenciação da capacidade de desempenho de corrida dos homens por meio do VO2máx. Já no
grupo feminino, este resultado demonstra que outros fatores influenciam e interferem na relação, como exemplo
as relacionadas ao nível de treinamento, idade e massa corporal. Fatores relativos a metodologia de medição, tipo
de protocolo utilizado, podem ser os responsáveis pelo coeficiente encontrado. No grupo das mulheres o VO2máx
não permite diferenciar adequadamente, não é um bom indicador do desempenho de corrida. A maior parte das
pessoas deste estudo não era treinada e possuíam diferentes níveis psicológicos de resistência ao desconforto de
corrida. Esse é mais um dos fatores que interferem e que não podem não se manifestar através do VO2máx.
Conforme conteúdo dos livros de fisiologia do exercício, a divisão do consumo de oxigênio pela massa corporal
seria suficiente para possibilitar a comparação entre diferentes indivíduos e sexos. Todos os aspectos discutidos
reforçam o fato de que se deve usar a performance de corrida em termos de distância, tempo, velocidade, pois as
mesmas permitem uma melhor diferenciação que o VO2máx para este fim. Há a necessidade de revisar os
procedimentos para as testagens dos grupos femininos. Não se pode esperar que a medida de consumo máximo
de oxigênio isoladamente seja suficiente para fornecer uma boa percepção da capacidade de desempenho em
endurance. Se for importante a diferenciação desta capacidade por finalidade investigativa ou prática, sugere-se
3. também o uso da distância ou tempo de corrida. Referências Bibliográficas Lehance, C. ? Bury, T. Testing Aerobic
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apresentador, 2 orientador, 3 co-autor
http://portal.ufsm.br/jai/anais/trabalhos/trabalho_1001252474.htm