O documento discute a origem da observância do domingo no cristianismo. Afirma que a mudança do sábado para o domingo não tem fundamento bíblico, mas foi introduzida gradualmente pela Igreja Católica sob influência do paganismo romano ao longo dos séculos, culminando na lei de Constantino em 321 d.C. que oficializou o domingo. A Igreja Católica assume a responsabilidade por esta mudança em detrimento do sábado prescrito por Deus.
1. A ORIGEM DA OBSERVÂNCIA DO DOMINGO
Figuras de destaque no mundo religioso, bem como historiadores, concordam em
geral que seja o sétimo dia o único dia de guarda das Santas Escrituras; todavia a
grande maioria do mundo cristão observa o domingo. Como, quando, e por quem teve
lugar a mudança? A profecia bíblica dá-nos, em resposta, valiosas informações. Vinte
séculos atrás, o Deus do Céu deu a Daniel uma visão do aparecimento e queda de
grandes impérios – Babilônia, Medo-Pérsia, Grécia e Roma – e também da Igreja
Romana, que viria a dominar na cidade das sete colinas. Dessa igreja foi predito;
“Proferirá palavras contra o Altíssimo, e destruirá os santos do Altíssimo, e cuidará em
mudar os tempos e a lei.” Também o apóstolo Paulo delineou o futuro desse poder
religioso: “Não será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem
do pecado, o filho da perdição; o qual se opõe e se levanta contra tudo que se chama
Deus, ou se adora; de sorte que assentará como Deus no templo de Deus, querendo
parecer Deus.” II Tessalonicences, cap. 2 vs. 2 – 4.
Essas notáveis profecias foram exatamente cumpridas no erguimento e
desenvolvimento da Igreja Romana. Pouco a pouco, durante séculos, muitas heresias
se insinuaram na crença e observância, entre as quais o culto das imagens, a
veneração de relíquias, as orações aos santos, o batismo de crianças, a aspersão em
lugar da imersão, a doutrina do purgatório para atemorizar os crédulos, a glorificação
de Maria, a colocação da tradição em lugar da Escritura, de um homem em lugar de
Deus (papa), da penitência em lugar do arrependimento, das obras em lugar da fé, e
do domingo em lugar do sábado do sétimo dia.
Lembrar-se-á de que a nação judaica foi destruída no ano 70 depois de Cristo, e os
judeus eram tidos em desprezo através do Império Romano; de modo que os cristãos
buscavam distinguir-se positivamente dos judeus, parecendo-se com eles o menos
possível. Demais, em seu esforço de conciliar seus vizinhos pagãos e os ganhar para o
cristianismo, fácil era aos cristãos transigir. Daí, o sábado do sétimo dia, tido em
estima pelos judeus, encontrava poderoso rival no popular domingo pagão; e, durante
algum tempo, ambos os dias foram mais ou menos tidos em consideração por grande
número de professos cristãos.
Isso nos lega à “manchada origem” da observância do primeiro dia, origem que se
estende a milhares de anos antes do advento de Cristo. O domingo, segundo Webster,
“chamado assim (dia do Sol), porque era antigamente dedicado ao Sol ou a seu culto.”
Diz o historiador: “Ao dia dedicado à adoração especial do ídolo Sol, eles deram o
nome de dia do Sol (designação que ainda hoje encontramos em várias línguas, como
Sundey – Sun – Sol , e Day – dia, do inglês; e Sonntag – sonn – Sol e tag – dia, no
alemão.” – Verstegan’s Antiquities, pág. 68.
Uma revista inglesa classifica o domingo como “ o selvagem feriado solar de todos os
tempos pagãos”, e defende a introdução dessa festa pagã na igreja cristã, dizendo
“Esse mesmo dia era o dia do Sol de seus vizinhos pagãos, e respectivos compatriotas;
2. e o patriotismo de boa vontade deu a mão à conveniência para fazer desse dia o dia do
Senhor, e o sábado deles.” - North British Review, vol. 18, pág. 409.
O Sr. Chafie, crérigo da Igreja Anglicana, declara explicitamente que o temor do
“desprezo, da zombaria e do escárnio”, da parte dos pagãos, levou os primitivos
cristãos a desprezar o sábado bíblico em favor do festival do domingo.
Semelhantemente o imperador Constantino exerceu sua poderosa influência para
promover a transferência do culto do sábado para o domingo, promulgando no ano
321 AD a primeira lei dominical que dizia o seguinte: “ Todos os juízes e moradores de
cidades e todos operários devem descansar no dia venerável do Sol. Àqueles,porem,
que habitam nos campos, conceda-se plena liberdade para exercer a lavoura, visto
suceder muitas vezes não haver dia mais apropriado para a semeadura de cereais e
muda de plantas, para que não passe o momento crítico e o homem v enha a ficar
privado das bênçãos que Deus concede.” – Edito de 7 de Março de 321, AD, Corpus
Juris Civilis Cord., Liv. 3, Tit. 12,3.
A genealogia da observância do domingo cristão não é fornecida pela Palavra de Deus,
mas pelos duvidosos escritos dos Pais da Igreja. Disse Eusébio, padre e historiador do
quarto século depois de Cristo: “Tudo que constituía dever praticar no sábado, nós os
transferimos para o dia do Senhor (domingo).”
Sir William Domville declara igualmente: “Passaram-se séculos da era cristã antes de
o domingo haver sido observado pela igreja cristã como dia de repouso. A História não
nos fornece uma única prova ou indicação de que ele houvesse sido assim observado
em qualquer tempo anterior ao edito sabático de Constantino, em 321 AD”.
Diz D.Duarte Leopoldo: “Se devemos repelir a Tradição, e aceitar somente o que está
na Bíblia, como dizer os protestantes, por que aceitam eles a santificação do domingo,
o batismo das crianças, e outras práticas que não constam da Escritura Sagrada?” –
Concordâncias dos Santos Evangelhos, pág. 146.
Secunda o padre Dehaut: “O sábado, precedeu até a lei de Moisés; é tão antigo como o
mundo, foi estabelecido pelo próprio Deus lá no princípio; ora, só Deus pode desfazer
o que estabeleceu: só Deus é o Senhor do sábado e atribuir-se esse título é atribuir-se
a própria natureza divina.” – O Evangelho Explicado, Vol. 2, pág. 188.
“A instituição do domingo como dia de guarda,” diz o Ver. A. Teixeira Gueiros, “além
da praxe longa, constante e ininterrupta do sábado como dia de repouso, teve contra
si a própria lei mosaica que estabeleceu o sábado. Leve-se em conta que, sobre
insurgir-se conta a lei do sábado e a prática desse dia de descanso, o domingo não
logrou o favor de um preceito de Jesus, instituindo-o, o que lhe valeria, com certeza, a
adesão pelo menos, da parte daqueles que fossem jurando a bandeira do Mestre.
E, como é sabido, até ao momento de Seu retorno ao seio do Pai, esse mandamento
ainda não havia sido proferido... Antes de nada, diga-se com toda a franqueza, que
não há nenhum mandamento expresso no Novo Testamento, impondo a guarda do
domingo.” – A Questão do Sábado ou ou Dia de Descanso para Hoje, pág. 27-28.
3. A Igreja Romana assume a plena responsabilidade e honra desta mudança, segundo
revelam as seguintes declarações de vozes autorizadas da mesma igreja:
Padre Júlio Maria: “Nós, católicos, romanos, guardamos o domingo, em lembrança da
ressurreição de Cristo, e por ordem do chefe da nossa Igreja, que preceituou tal
ordem, pelo fato do sábado ser do Antigo Testamento, e não obrigar mais no Nôvo
Testamento .” – Ataques Protestantes, pág. 81.
Cônego Hugo Bressane de Araujo: Pergunta: “Que dia da semana a Bíblia manda
santificar?” Resposta: “O sábado.Eis as passagens da Bíblia: (o autor cita a seguir
Exodo 20:8-11, 31:14-15; Deuterenômio 5:12-14. Pergunta: “Mas a Bíblia manda
observar o domingo em vez do sábado?” Resposta: “Não”. Pergunta: “Quem mudou o
dia do Senhor de sábado para domingo?” Resposta: “A Igreja Católica.” Pergunta: “Mas
os protestantes observam o descanso do domingo.” Resposta: “Então, neste ponto
seguem a tradição católica.”
Padre Etienne Ignace Brasil: “O Decálogo preceitua guardar os sábados e não os
domingos. É a Igreja... que transmudou os dias.” – O Culto das Imagens, pág. 45.
Uma publicação paroquial: “A observância do domingo... não só não tem fundamento
na Bíblia, mas que está em contradição flagrante com a letra da Bíblia, que prescreve o
descanso do sábado. Foi a Igreja Católica que, por autoridade de Jesus Cristo,
transferiu esse descanso para o domingo, em memória da ressureição do nosso
Senhor.” - Monitor Paroquial, Socorro, 26-06-1926, Ano 1, nr.8
Quatro vezes na Bíblia o Senhor chama expressamente o sábado do sétimo dia Seu
sinal, ou selo. Exodo, cap. 31, VS, 12-17; Ezequiel, cap. 20, VS-13-20. Salientando-se
em oposição a isso, observai as seguintes palavras de um autorizado catecismo
católico, romano: “P- Como podeis provar que a igreja possui poder de ordenar festas
e dias santos? R- Pelo próprio ato de mudar o dia de descanso para o domingo, o que
todos os protestantes admitem e, portanto, eles se contradizem positivamente,
observando estritamente o domingo, e violando a maioria dos outros dias de festa
ordenados pela mesma igreja. P- Como provais isso? R – Porque, guardando o
domingo, reconhecem o poder que a igreja tem de ordenar dias de festa, impondo-os
sob pena de pecado.” An Abridgement of the Crhistian Doctrine, pág. 581
A Igreja Católica, portanto, instituiu a observância do domingo em sinal de seu poder,
em lugar do sétimo dia, que é o sinal ou selo do poder de Deus, como Criador.
Através da chamada era escura ou idade média, nos países dominados pela Igreja de
Roma a observância do domingo tornou-se quase universal; todavia, a História
demonstra que, em todas as gerações, houve fiéis testemunhas do sábado do sétimo
dia. Entre eles, podem-se mencionar os cristãos da Abissínia, da antiga Bretanha sob
os esforços de Columba, os nestorianos da China, os valdenses e albigenses, cristãos
no sul da India, das Indias Neerlandesas, na Rússia, na Pérsia, na Síria, na Suécia, na
Alemanha, na Polônia, na Áustria, na Turquia e nos dias coloniais do Rhode Island.
Muitos destes sofreram as mais cruéis perseguições, descendo ao sepulcro do martírio
de preferência a ceder sua preciosa herança como observadores do sábado. Hoje em
4. dia o chamado para a observância do sábado está soando em muitas terras, e muitas
almas se estão firmando no dia de repouso verdadeiro e original, cuja nobre
ascendência remonta, através de reformadores e apóstolos, patriarcas e profetas, à
própria aurora da criação.
Provem-se todas as coisas pela guia infalível da Santa Escritura. Mediante a mais
cuidadosa e exaustiva busca, verifica-se que o domingo, o filho ilegal do antigo
paganismo, é estranho aos ensinos da Bíblia, é um usurpador e um falsário, e não
possui direito algum a um lugar na linhagem apostólica.
A questão do dia de repouso é uma das últimas grandes provas, pela qual os homens
decidem seu destino eterno. Não é uma questão de dias, mas de obediência ou
desobediência. A quem seguireis – a Cristo, ou à tradição? Oxalá ouçamos nós a
chamada, e sejamos achados ente aqueles de quem está escrito: “Aquí estão os que
guardam os mandamentos de Deus e a fé de Jesus.” Apocalipse.