O documento discute gênero e sexualidade na educação infantil, definindo esses conceitos e abordando sua construção social e histórica. Também apresenta como esses temas são tratados no Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil e nas diretrizes curriculares nacionais, enfatizando a importância de evitar estereótipos de gênero e valorizar a diversidade. Por fim, discute desafios como lidar com diferentes sexualidades e a formação de cidadãos que respeitem todas as pessoas.
2. SEXUALIDADE: DEFINIÇÃO
OMS (1970)
Parte integral da personalidade.
Necessidade básica, aspecto que não pode
ser separado dos outros.
Não se limita ao ato sexual ou orgasmo.
Energia que motiva contato, intimidade e
amor.
Afeta sentimentos, o pensar e o agir.
Saúde mental: personalidade e
comunicação com os demais.
3. SEXUALIDADE:
FENÔMENO SOCIAL E HISTÓRICO
É uma CONSTRUÇÃO SOCIAL que varia de uma
sociedade para outra e em diferentes épocas.
Envolve relações de poder: domestica os corpos e as
mentes.
Há forças que a modelam: modelos, regras,
contextos...
(quem, quando e onde pode)
4. GÊNERO
Conceito analítico forjado pelas feministas
para
Compreender
Analisar
Criticar (superar)
as diferenças e contrastes entre
homens e mulheres
(hierarquias, desigualdades, poder)
5. Asdesigualdades sociais de classe não
dão conta das questões de gênero.
A dominação das mulheres é anterior
ao capitalismo e não acabou com o
advento das revoluções socialistas.
Atribuisignificados às diferenças
socialmente construídas entre os
sexos, resgatando sua autonomia
relativa (Scott, 1990).
6. Papéis, atribuições, expectativas,
direitos e deveres: demarca um
LUGAR SOCIAL a cada um dos
sexos.
Definem imagens - estética
corporal, seus adereços e gestual,
discursos e comportamentos.
Relação de poder – dominação
masculina sobre as mulheres.
8. A educação infantil atende
crianças de 0 a 6
anos e tem como finalidade
proporcionar desenvolvimento
integral das crianças,
envolvendo as
instituições e as famílias.
9. GÊNERO E SEXUALIDADE NO REFERENCIAL
CURRICULAR NACIONAL PARA
EDUCAÇÃO INFANTIL
É importante possibilitar diferentes movimentos
que aparecem em atividades como lutar, dançar,
subir e descer de árvores ou obstáculos, jogar bola,
rodar bambolê etc. Essas experiências devem ser
oferecidas sempre com o cuidado de evitar
enquadrar as crianças em modelos de
comportamentos estereotipados, associados ao
gênero masculino e feminino, como, por exemplo,
não deixar que as meninas joguem futebol ou que
os meninos rodem o bambolê (Brasil, RCNEI, 1998, vol.
III).
10. GÊNERO E SEXUALIDADE
NOS PCN
“combater relações autoritárias, questionar a
rigidez dos padrões de conduta estabelecidos para
homens e mulheres e apontar para sua
transformação” incentivando, nas relações
escolares, a “diversidade de comportamento de
homens e mulheres”, a “relatividade das
concepções tradicionalmente associadas ao
masculino e ao feminino”, o “respeito pelo outro
sexo” e pelas “variadas expressões do feminino e
do masculino” (PCN, vol. 10, p.144-146).
11. O processo de educação sexual
ocorre durante toda a vida do
indivíduo, desde o seu
nascimento e dele fazem parte
todas as pessoas que convivem
com a criança. Por isso a
discussão sobre sexualidade
precisa e deve ser
encaminhada como parte da
vida.
12. A sexualidade sempre foi um
tema de difícil discussão,
sobretudo para crianças: a
curiosidade, a percepção das
diferenças no próprio corpo e no
corpo do outro, a descoberta das
carícias e a fonte de prazer que o
sexo representa, fizeram do
assunto um tabu e algo que “não é
conversa para crianças”.
13. - É no lar que a criança deveria ter sua
primeira educação sexual. De acordo
com Marta Suplicy, uma criança
falante e curiosa pode começar a
mostrar interesse pelo sexo aos dois
ou três anos, mesmo sem o uso da
palavra.
- A sexualidade infantil estabelece as
bases para a sexualidade na
adolescência e para a sexualidade da
vida adulta.
14. Um dos objetivos da
educação sexual na
escola consiste em
disponibilizar
professores com um
preparo adequado para
desempenhar de forma
significativa seu papel,
ajudando os alunos a
superarem suas dúvidas,
ansiedades, angústias,
pois a criança chega na
escola com várias
indagações em relação à
sexualidade.
15. Educaçãosexual não significa apenas passar
informações sobre sexo.
O trabalho a ser realizado pela escola de
educação infantil deve encaminhar para uma
intervenção no sentido de modificar posturas,
desmistificar tabus e reformular
conhecimentos e valores trazidos pelas
crianças e adultos que interagem neste
espaço. Os pequenos costumam andar
pelados, tocar e acariciar colegas. Nenhuma
dessas ações deve ser repreendida.
16. Uma professora de Imperatriz – MA relata sobre um
aluno de 4 anos que não tirava a mão do pênis:
”Aproveitei a situação para contar à turma
uma história sobre corpo e prazer. Em seguida
disse que é gostoso tocar partes do corpo, mas
que isso não deve ser feito na escola, lugar de
estudar. Demorou um pouco e ele mudou o
comportamento”. Se, na maioria das vezes, o ato
tem a ver com a busca pelo prazer e a exploração do
corpo, em outras tudo não passa de imitação dos
adultos. É comum os pequenos verem atores se
beijando na televisão e quererem fazer o mesmo.
Nessas horas, é importante ressaltar que isso não é
coisa de criança. Uma atividade que explique que os
meninos têm pênis e as meninas vagina – e que
ambos nascem com órgãos sexuais diferentes –
dissipa muitas fantasias.
17. Portanto, o professor
necessita rever seus
próprios conceitos e posturas
em relação à sexualidade,
possibilitando a si mesmo
um entendimento maior e
atitudes mais abertas no
sentido de ouvir, observar,
não estabelecer julgamentos
e compreender as diferentes
formas de expressar-se que
as crianças utilizam.
18. A parceria com as
famílias é
fundamental, pois a
educação sexual passa
pelo diálogo e troca
entre escola, famílias e
comunidades que
devem estar cientes do
que se pensa a
respeito de
sexualidade.
19. Sigmundo Freud dividiu o
desenvolvimento sexual do ser
humano em diferentes fases,
conforme os órgãos, seres e
objetos que proporcionam prazer
e a relação que o indivíduo
estabelece com eles:
FASE ORAL: Até os 2 anos, o
órgão que concentra o prazer é a
boca. É opor meio dela que o bebê
descobre o mundo, explorando
objetos e partes do corpo.
20. FASE ANAL:Aprendendo a controlar
o esfíncter, a criança de 3 e 4 anos
sente prazer na eliminação e na
retenção das fezes e da urina. Por
isso, pressionar para que ela largue
as fraldas gera ansiedade e
angústia.
FASE FÁLICA OU GENITAL:Entre
os 3 e 5 anos, a atenção se volta para
o próprio órgão sexual e nasce o
prazer em manipulá-lo. Essa atitude
é também uma busca pelo auto-
conhecimento. Meninos e meninas
percebem que têm (ou não) pênis. A
vagina ainda é ignorada.
21. LATÊNCIA: A curiosidade sexual existe,
mas é canalizada em grande parte para o
desenvolvimento intelectual e social.
Apesar desse desvio da libido, dos 5 aos 11
anos a criança continua explorando as
diferenças para descobrir o que é ser
menino e ser menina.
PUBERDADE: Dos 12 aos 18 anos, o
adolescente volta à fase genital, mas dessa
vez o desejo vira vontade de fazer sexo. Os
fatores sociais e emocionais que se ligam ao
prazer ganham importância.
A ação dos hormônios se intensifica, e o
corpo amadurece. É comum o jovem se
masturbar, ter sonhos eróticos e fantasias.
Nas meninas, é tempo da primeira
menstruação.
22. COMO LIDAR COM SEXUALIDADES NO
ÂMBITO DAS RELAÇÕES DE GÊNERO?
1. Escola reproduz e reflete
concepções dominantes de
sexualidade e gênero na sociedade.
2. Escola produz formas próprias de
exclusão.
3. Escola resiste à produção e
reprodução dessas concepções.
23. TENSÕES E DESAFIOS
Ver a escola como um campo que
reproduz as concepções dominantes de
sexualidade e gênero na sociedade;
produz formas próprias de exclusão,
mas também resiste à produção e
reprodução dessas concepções.
24. SOCIEDADE JUSTA E
DEMOCRÁTICA
Importância da escola na formação
de cidadãos e cidadãs que respeitem
e VALORIZEM a diversidade.
Papel do/a professor/a no combate a
qualquer forma de discriminação.
Articulação de três eixos, além da
desigualdade econômica:
racismo / sexismo / homofobia
25. UM PENSAMENTO
DE FRANÇOIS DUBET
As verdadeiras diferenças não são coletivas, mas
individuais; todos os alunos são singulares
e o problema da escola é duplo e paradoxal.
Ela deve tratar cada aluno como um indivíduo
único,
e ao mesmo tempo, ela deve considerar cada um
como igual aos outros, um semelhante.
Isto é o que deveria fazer uma escola
democrática.
As meninas e os meninos não são idênticos, e
o papel da escola é de lhes ensinar a viver
juntos,
sem negá-los, nem separá-los.
Jornal Le Monde, fevereiro 2003