O documento descreve a história da Praça General Valadão em Aracaju, Sergipe. Inicialmente aborda a biografia do General Manuel Prisciliano de Oliveira Valadão, em homenagem a quem a praça recebeu o nome. Em seguida, detalha a configuração da praça ao longo do tempo, desde suas primeiras construções no século XIX até as reformas realizadas nos séculos XX e XXI.
1. PRAÇA GENERAL VALADÃO
1. PATRONO/BIOGRAFIA
Manuel Prisciliano de Oliveira Valadão, mais conhecido como Oliveira
Valadão é sergipano de Vila Nova, atual Neópolis. Nasceu nodia 4 de janeiro de 1849.
Faleceu em 10 de novembro de 1921, aos 72 anos na cidade do Rio de Janeiro. Filho do
também militar Tenente José Manuel de Oliveira e Maria José de Oliveira Valadão.
Como militar inicia sua trajetória ao 15 anos de idade, ainda no verdor da
sua adolescência, assentando praça voluntariamente a 1 de março de 1864.Foi Alferes,
promoçao em 18 de janeiro de 1868; promovido a Tenente em 15 de outubro do ano
seguinte, por atos de bravura nos campos do Paraguai; Em 21 de fevereiro de 1880 foi
promovido a capitão por estudos a Capitão; e a 7 de janeiro de 1890 a Major por
serviços relevantes; por decretos de 22 do mesmo mês e ano foi nomeado Tenente
Coronel Comandante do Primeiro Batalhão do Regimento Policial da Capital Federal e
por decreto de 17 de abril seguinte publicado em Ordem do Dia do Exército promovido
ao posto de Tenente Coronel por merecimento. A graduação a Coronel veio a 7 de abril
de 1892. Em 7 de dezembro de 1900 é reformado, a seu pedido, no posto de General de
Brigada com a graduação de General de Divisão1. Em sua vida militar fez cursos das
três armas; teve ativa participação na Guerra do Paraguai; pelos seus serviços militares
recebeu as medalhas de Mérito Militar, a Geral da Campanha do Paraguai com o
passador de prata, a de prata da República Argentina, comemorativa da guerra contra o
1 GUARANÁ, Armindo. Dicionário Biobibliográfico Sergipano, p. 412-415.
2. Solano Lopes e mais as condecorações de Cavaleiro e Oficial da Ordem da Rosa e
Cavaleiro da Ordem de S. Bento de Aviz.2
Na opinião de Firmo Freire, Oliveira Valadão “Sergipano e modesto (...)
velho soldado que na atividade de militar foi sempre soldado, contendo os desmandos
revolucionários, contendo o estrangeiro invasor (...). Além de ser general e ter lutado
contra forças estrangeiras, ele atuou também contra as revoluções e seus desmandos, ou
seja, tinha sufocado os movimentos sociais que ocorreram no Brasil entre o final do
Império e início da República. (....) O soldado de outrora ao invés de buscar o descanso
foi governar Sergipe com tolerância e bondade.3
Como político ocupou o cargo de “Secretário” da Presidencia da República
na gestão Floriano e Chefe de Polícia do Rio de Janeiro. Foi eleito Deputado
Constituite por Sergipe, tomando parte da “Comissão dos 21”, como membro,
incumbida de elaborar a Constituição da República., “Presidente do Estado de Sergipe”
em duas oportunidades – entre 1894 e 18964, depois de um golpe perpetrado contra o
Presidente Eleito José Calazans e se legitimar no poder e; entre 1914 a 1918; Também
exerceu mandato de de Deputado Federal no biênio 1903-1904 e reeleito para o biênio
1906-1908, mandato interrompido para assumir a Senatoria no lugar de Olympio
Campos e reeleito em 1912. Em 2 de fevereiro de 1919, foi mais uma vez eleito senador
federal, cargo em que o veio surpreender a morte, terminando assim a sua carreira
política.
Em sua segunda passagem pelo governo do Estado autorizou a construção
de vários Grupos Escolares, dois deles situados na Capital de Sergipe – o Grupo Escolar
General Valadão e o Grupo Escolar Barão de Maruim. O primeiro estabelecimento
funcionou, até certo tempo, no prédio onde se encontra instalado, atualmente, a
Secretaria de Segurança Pública, na praça Tobias Barreto. O outro grupo escolar
também de estilo arquitetônico eclético, localizava-se na Avenida Ivo do Prado,
funcionando até 1950 no prédio onde se instalou depois a antiga Faculdade de Direito.5
No fim de sua vida pública, em sua segunda passagem pelo governo do
Estado de Sergipe, o general Oliveira Valadão tentou constituir o novo perfil de cidadão
sergipano, edificando escolas que teriam como atribuição preparar a juventude para a
labuta e luta em defesa da pátria.
2 GUARANÁ, Armindo. Dicionário Biobibliográfico Sergipano, p. 412-415.
3 FREIRE, Firmo. Pronunciamento na Inauguração do Grupo Escolar Barão de Maroim. In: Correio de
Aracaju. Aracaju. 10-07-1917, n° 2083. Citado por Magno F. de J. Santos. O quartel infantil:
representações dos grupos escolares sergipanos. SCIENTIA PLENA; VOL. 7, NUM. 7; 2011 p. 5. Para
alguns, essa “assertiva foi uma tentativa de desvencilhar o governante da imagem construída no
decorrer de sua primeira gestão (1894-1896), marcada fortemente pelos atos de violência contra os
opositores”.
4 No campo educacional, merece destaque a publicação da Lei n.º 107, de cinco de fevereiro de 1895, que
determinava que a instrução secundária ministrada no Atheneu passasse “a ser regulamentada pelo
programa do Ginásio Nacional”. Cf. Maria Thetis Nunes, História da Educação em Sergipe, p. 183-
184. Luiz Eduardo Meneses de Oliveira. A HISTORIOGRAFIA BRASILEIRA DA LITERATURA
INGLESA: uma história do ensino de inglês no Brasil (1809-1951, P.59
5 Ver Miguel André Berger. Grupo Escolar – o Ingresso da Instrução Pública na Era da Modernidade in
http://www.faced.ufu.br/nephe/images/arq-ind-nome/eixo8/completos/grupo-escolar-o-ing.pdf.
Segundo o autor, tais iniciativas, contudo, pouco contribuíram para atender às necessidades de
instrução, já que o sistema primário não acompanhava o ritmo de crescimento demográfico do Estado.
3. Segundo Armindo Guaraná, “o velho militar e político experimentado não
desdenhou a literatura, confabulou com as musas e terçou armas na imprensa como
poeta e prosador. Quando aluno da Escola Militar estreou, colaborando na “Revista
Fênix Literária”, de que foi depois redator em substituição a Urbano Duarte. Entre os
seus escritos aplaudidos pelos colegas de estudos teve grande voga, diz Carvalho Lima
Júnior, a poesia humorística”.6
Colaborou ainda na imprensa da Paraíba, Alagoas, Sergipe, Rio de Janeiro e
Rio Grande do Sul. O seu nome figura no quadro de honra dos poucos sócios
beneméritos do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe.
Escreveu “O Realismo mal interpretado”7 e “Entre a espada e a parede”8,
Eleição de Sergipe9, Política de Sergipe10, O 15 de novembro. Papéis Velhos11, Carta
aberta aos amigos e correligionários. O que nos cumpre fazer12, Eleições de Sergipe.
Contestação de diplomas13 e uma série de “Mensagens” dirigida à Assembléia
Legislativa de Sergipe.
Segundo o Jornal Diário de Sergipe, o General Valadão quando esteve “a
frente dos negócios do seu Estado Natal, pelo seu caráter, sem jaça, pela sua honradez,
pelo patriotismo e pelo amor à Democracia, o General Valadão, deixou no coração dos
seus conterrâneos um marco indelével da sua individualidade de varão de Plutarco.
Poeta mimoso, estilista de escol, o general Valadão uniu para a grandeza do seu nome
e orgulho do seu estado, à espada do militar a pena do intelectual festejado”.14
2. A PRAÇA
O nome da Praça – “General Valadão”, é uma homenagem ao ex-presidente
do Estado de Sergipe Manuel Prisciliano de Oliveira Valadão.
Nessa localidade foi erguida uma das primeiras construções de Aracaju, o
edifício da Cadeia Pública, hoje o prédio é conhecido por Palácio Serigy, onde funciona
a Secretaria de Estado da Saúde; o antigo prédio da Alfândega, onde funcionou a
Delegacia da Receita Federal; prédio onde funcionou a Agencia do Banco do Brasil15 e
Agencia do HSBC e o antigo Hotel Palace.16
6 GUARANÁ, Armindo. Dicionário Biobibliográfico Sergipano, p. 412-415.
7 Série de artigos no “O Orbe”, editado em Maceió. 1882.
8 Publicado em “Jornal do Comércio” de Porto Alegre de 10 de julho de 1881. Transcrito no “Correio de
Aracaju” de 30 de maio de 1910.
9 Série de artigos no “Diário Oficial do Estado de Sergipe” de 12 a 15 de maio de 1897, extraído dos
jornais do Rio de Janeiro.
10 Série de artigos no “O Tempo” de Aracaju, de 20 a 30 de novembro de 1898.
11 Série de artigos publicados no “Jornal do Comércio”, Rio de Janeiro, de 28 de julho a 5 de agosto de
1904.
12 Publicado no “O Estado de Sergipe” de 5 de março de 1905.
13 Rio de Janeiro, 1906, 47 págs. in. 8.. gr. Tipografia Leuzinger.
14 Diário de Sergipe; nº 1876, 04.jan.1949, p. 1 e 4.
15 Hoje abriga a Secretaria de Finanças de Aracaju
16 Ver http://alinedearaujo.blogspot.com.br/2008/05/praa-general-valado.html
4. A configuração atual da Praça General Valadão, considerada um dos mais
antigos logradouros de Aracaju, tem perdido, ao longo dos anos, sua feição. Reformada
constantemente pelo poder público, a primitiva Praça da Alfândega ou da Cadeia, uma
nítida alusão aos dois principais edifícios construídos no entorno da praça; passou a ser
conhecida por 24 de outubro a partir de 187317.
Na década de 1920, com a prematura morte do governador eleito Cyro
Azevedo, foi proposta a mudança no nome da praça para Praça Cyro Azevedo18. Na
década seguinte, numa homenagem ao General Manuel Prisciliano de Oliveira Valadão,
a praça passou a ser denominada de “Praça General Valadão”19.
Na gestão do presidente do Estado Josino Menezes (1902-1905), o
logradouro começa a receber seus primeiros e reais melhoramentos. Nela foi edificado
um catavento e um deposito de água para abastecer a Cadeia e para o jardim que estava
sendo construído.
No inicio do século XX, a praça foi palco das primeiras competições
esportivas entre agremiações formadas por oficiais inferiores de linha do 26º Batalhão
de infantaria (atual 28 BC), bem como as crianças, que disputavam espaço com o
Catavento. No correto, construído na gestão do Valadão, a banda do Batalhão do
Exército executava suas retretas20. Era comum a concentração de pessoas em dias
festivos para assistirem as comemorações cívicas e grupos folclóricos.
No ano de 1918 a praça sofre a interferência do poder público. A mesma
passa por uma reforma, sendo retirado do centro do logradouro um gradil, sob o
argumento de alinhar o prédio da Cadeia, “corrigindo as reentrâncias do mesmo
edifício”21.
No ano seguinte a praça recebe calçamento, são colocados os meios-fios de
granito e calçamento de trottoir. Tais melhoramentos são complementados na gestão do
Intendente Antonio Batista Bittencourt, pois “a obra estava incompleta”22. No final da
década de 1920, a praça recebe iluminação artificial. São colocados os poste de ferro em
substituição aos anteriores, bem como a conclusão das obras do correto.
É nos anos vinte que a Praça Valadão sofre a sua mais profunda reforma.
Antigas construções/prédios desaparecem da feição urbana da referida praça. São
retirados o Catavento, o Depósito de Água e a Fonte Luminosa23. Era o vento da
modernidade que chegava a Sergipe como parte das reformas para as comemorações do
Centenário da Emancipação Política de Sergipe.
17 SOBRINHO, Sebrão. Laudas da História de Aracaju. Aracaju, Imprensa Oficial, 1955
18 SERGIPE. Leis de Sergipe. Lei nº 350 de 22 de janeiro de 1927.
19 Ver ato nº 24 de 8 de junho de 1931. Diário Oficial do Estado de Sergipe: 9.jun.1931.
20 Além do correto, encontramos referencia sobre a construção de uma fonte luminosa na referida praça.
21 Mensagem apresentada a Assembléia Legislativa pelo General Manuel P. de Oliveira Valadão, em 7 de
setembro de 1917. Aracaju, Imprensa Oficial, 1918.
22 Mensagem Apresentada ao Conselho Municipal por Antonio Baptista Bittencourt, Intendente
Municipal em 1 de janeiro de 1920. Aracaju, Imprensa Oficial, 1921.
23 TOPICOS E TYPICOS in Sergipe Jornal: 10.jul.1925.
5. Em 1924, no dia 24 de outubro, o presidente do Estado inaugura o
monumento em homenagem ao General Valadão. Esse empreendimento seria uma
“carinhosa lembrança e um justo preito de veneração e saudade à memória do
inesquecível batalhador do bem, o primeiro que praticou em Sergipe a política da
tolerância e moderação, hasteou no governo o lábaro do congraçamento e a união de
todos os conterrâneos da boa vontade”24.
Antiga Cadeia Antiga Cadeia
Somente nos anos setenta a Praça Valadão sofre novas modificações, desta
vez cuidando-se para que nada da feição inicial ficasse para a posterioridade. Sua
configuração original foi completamente alterada. Seu contorno “quadrado” ganha
formato arredondado e em sua volta são criados espaços para estacionamento de
veículos. O monumento ao General Valadão é removido do centro para uma das
extremidades, em frente ao edifício da Delegacia da Receita Federal, ganhando nova
base e perdendo dois degraus de granito branco.
No local onde se encontrava o monumento é construída uma fonte luminosa
de forma arredondada com canteiros aquáticos, cinco jardineiras arredondadas e seis
bancos circundando os canteiros. Os antigos postes de iluminação cedem lugar a postes
mais modernos com lâmpadas de vapor de mercúrio.
Completando a “limpeza” da praça, os antigos fotógrafos ali instalados são
transferidos para uma outra área. Vale ressaltar que os “Fotos Oitis”, conhecido também
por lambe-lambe, permaneceram até os finais da década de sessenta neste local25.
Segundo o jornal Gazeta de Sergipe, “Sendo uma tradição entre nós, a
presença do foto oiti, devemos manter esta atividade profissional na praça, pois a
urgência dos documentos exige presença desses fotógrafos, como também os turistas
que passam apenas pelas cidades tem maiores tempos de tirar fotos de lembrança. O
papel desses fotos populares é conhecido e por Isso mesmo não precisa mais ser
24 Mensagem apresentada a Assembléia Legislativa em 7 de setembro de 1925. Aracaju, Imprensa Oficial,
1926.
25 Na gestão de Aloísio de Campos, a Praça Valadão sofre nova intervenção do poder público. Nessa nova
reforma, “os tradicionais fotos oitis vão desaparecer daquele local, devendo ser alojados em outra
artéria a ser determinada pela municipalidade”. De acordo com o projeto de reforma que estar sendo
elaborado pela municipalidade, essa ideia de transferência dos foto-oiti é a concretização de velho
sonho da Prefeitura e, “o que tudo indica, ela será concretizada” Gazeta de Sergipe, 29.mar.1970, p.2.
Quando a transferência se concretizou, os fotos oiti foram levados para a Avenida Coelho e Campos.
6. evidenciado. As autoridades precisam proteger essa atividade entre nós, dotando o
local onde há a concentração de melhores condições”26.
Monumento à Valadão
No mês de agosto de 1972, a Gazeta comenta a situação da Praça Valadão:
“Quando da visita do Presidente Médici a Sergipe os fotógrafos que
habitavam a praça àquela época cederam o seu lugar para que as
árvores fossem pintadas. Na ocasião anunciou-se que aquela raça
seria transformada numa moderna e belíssima praça pública (...)
Aracaju perdeu uma praça ... Os carros tomaram conta do passeio e
de toda a quadra, deixando uma paisagem feia dentro da cidade (...)
Hoje a imagem é mais real do que qualquer promessa, a praça está
acabada, cheia e carros”.27
Durante esta grande reforma, o calçamento, em pedra portuguesa, se estende
até o prédio da Delegacia da Receita Federal, incorporando-o ao seu interior.
No entorno da praça, encontramos grandes exemplares arquitetônicos. Na
face norte da praça, localizamos o “Palácio Serigy”, espaço onde anteriormente
funcionou a Cadeia Pública, desativada nos anos vinte do século vinte, quando é
construída a “Penitenciária Modelo” nos arredores do Bairro América. A antiga Cadeia,
26 Gazeta de Sergipe, 09.jul.1972, p. 3. Essa transferência ocorreu para atender às recomendações do
esquema de segurança durante a visita que o presidente da República, General Garrastazu Médici.
Quando da transferência, os fotos oitis, totalizavam 26. Ao longo dos anos muitos deles foram
transferidos para perto do Mercado “Antonio Franco”, e às vezes, estiveram levados à Praça “Jackson
de Figueiredo”, por trás da Delegacia da Receita Federal. Vivem a fornecer cópias das imagens visuais
dos fregueses em tempo recorde é ocupando uma área ao abrigo dos conhecidos fícus benjamins, são
conhecidos tradicionalmente por Foto Oiti, designação genérica que os diferencia dos outros
profissionais. Ver também Gazeta de Sergipe, 11 novembro de 1971, p. 1.
27 Gazeta de Sergipe, 15.out.1972, p.3.
7. velho casarão de pedra, construído nos anos finais do império, com dois pavimentos e
janelas em estilo ogival, com grades negras, é totalmente reformada, reconstruída28.
Palácio Serigy
Durante o governo de Eronides Ferreira de Carvalho (1935-1941) é
construído um novo prédio, em estilo Art Déco, cujo projeto original foi modificado
tendo em vista a inclusão de mais um pavimento.
Em um primeiro momento, o prédio abriga vários órgãos do governo
estadual ligados à agricultura e à policia. Posteriormente, na década de 1990 passa a
abrigar repartições ligadas à área da saúde – Dispensário de Tuberculose, Centro de
Saúde e, atualmente, a Secretaria Estadual da Saúde. Anexo ao prédio, funcionou por
longos anos a Rádio Difusora, primeira emissora de rádio de Sergipe e uma Secção dos
Ex-combatentes (Os Pracinhas) da Segunda Guerra Mundial.
Palácio Serigy Palácio Serigy
No lado oeste da praça encontrados o prédio onde funcionou o Hotel Palace
de Sergipe. Edifício de doze andares, construído e inaugurado no governo de Luis
Garcia. No seu pavimento térreo funcionaram diversas lojas comerciais e uma Agencia
Bancária. Nos dois primeiros andares funcionava a administração do prédio, o
restaurante, bar, escritórios de representações e profissionais liberais. Até 1943 no local
funcionou o Quartel do 28º Batalhão de Caçadores, quando é transferido para o Bairro
Joaquim Távora, hoje Dezoito do Forte.
28 WYNNE, J. Pires. Aracaju de outros e passados tempos in História de Sergipe (1930-1972). Rio de
Janeiro, Pongetti, 1973. Vol. 2.
8. Quartel do 28º - Hoje Hotel Palace Hotel Palace
No lado sul, dois modernos edifícios. O primeiro erguido no ano de 1967,
esquina com a rua João Pessoa, formado por cinco andares, por vários anos abrigou a
Agencia do Banco do Brasil, quando foi transferida da Avenida Rio Branco.
Atualmente, este edifício abriga a Secretaria Municipal de Finanças. No ao de 1990, em
virtude das necessidades do Banco do Brasil, foi construído um anexo, mais alto que o
anterior e que vem abrigando a administração do referido banco. Neste espaço, nas
década de 1950 e 1960, funcionaram as lojas comerciais ligadas ao Grupo Ribeiro &
Cia.
O segundo edifício, lado sul, onde funcionou a Agencia do Banco Nacional
de Crédito Cooperativo – BNCC, onde anteriormente funcionou a Casa H. Dantas, hoje
é um estacionamento privativo dos funcionários dos dois bancos.
No lado leste, encontra-se imponente a velha Alfândega. No local funcionou
por muito tempo a Delegacia da Receita Federal. Prédio que remete a fundação da
própria cidade de Aracaju.
Prédio da Alfândega. Prédio da Alfândega.
9. Foto atual da Praça Valadão
No lado oeste da praça destaca-se o imponente prédio onde atualmente
funciona a Agencia da Caixa Econômica Federal. Prédio construído na década de 1972,
como noticia o Jornal Gazeta de Sergipe:
Podemos informar em primeira mão que na próxima segunda feira,
dia 12 do corrente a Caixa Econômica Federal de Sergipe estará
funcionando provisoriamente na Praça General Valadão, no prédio
onde durante muitos anos funcionou a firma Cabral Machado e Cia.
No antigo Prédio da Caixa Econômica, será erguido um majestoso
edifício de seis pavimentos, dotado de toda técnica moderna inclusive
com sistema de ar condicionado central, para conforto de
funcionários e usuários.29
Vale ressaltar que, com o rápido crescimento da cidade, o logradouro vai
aos poucos perdendo o seu encantamento secular, cede espaço para o comercio
ambulante, bem como para novas construções – quiosques, bancas de revistas. No seu
interior, ganha força o comércio de produtos importados, local que ficou conhecido
como “paraguaizinho”. Essa prática permaneceu no local até a última reforma, quando
são transferidos para um trecho da Avenida Otoniel Dória, em 1994, na administração
do Prefeito José Almeida Lima. Nessa nova reforma, o local ganha uma banca de revista
de estrutura moderna em substituição a anterior, um quiosque, seguindo a mesma
estrutura da banca de revista, onde funciona um bar com música ao vivo – um “point”
no centro da cidade nos fins de tarde.
Com o projeto de revitalização do centro histórico de Aracaju, a praça
General Valadão sofre uma nova mudança em sua feição. Com exceção do busto do
homenageado, os demais artefatos da praça desaparecem.
O piso da praça obedece o mesmo padrão do Calçadão da João Pessoa. São
adicionadas no interior da mesma uma alameda de palmeiras imperiais – cinco de cada
29 Gazeta de Sergipe, 09.mar.1972, p.4. No local também funcionou a Agencia do Banco Nacional de
Minas Gerais.
10. lado, bem em frente ao prédio da Receita Federal. Criou-se vagas para ônibus de
turismo. Manteve-se o ponto de taxis e as vagas de estacionamento rotativo foram
redesenhadas sem avançar sobre as laterais do edifício da Receita Federal.
Hoje é um espaço aberto, tendo apenas como artefato mobiliário, sis
conjuntos de mesas – em marmorite, para jogos, sobre estrutura em forma de tubos de
aço escovado e cadeiras30. Foi inserido no espaço jardineiras, com espécie forrageira e
arbustiva, recriando uma característica da antiga praça, que era muito flórida. Esta nova
reforma foi inaugurada em dezembro de 1999.
3. DENOMINAÇÕES
Praça da Cadeia, até 1873;
Praça da Alfândega, 1873;
Praça 24 de Outubro, 1873 até 1927;
Praça Cyro Azevedo, 1927 até 1932;
Praça General Valadão, 1932 até os nossos dias.
30 Relatório Final – Projeto de Revitalização do Centro Histórico de Aracaju. Trama Urbanismo, Aracaju,
1997.