Análise de Conteúdo: Uma Técnica para Condensar Ideias
1. ANÁLISE DE CONTEÚDO
Prof. Dr. João Alberto da Silva
joaosilva@furg.br
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE
2. O que é?
• Referência em Laurence Bardin
• É uma TÉCNICA DE ANÁLISE DE DADOS.
• Serve para condensar ideias e construir
CATEGORIAS.
• Precisa estar alinhada com a metodologia
ANÁLISE DE CONTEÚDO É ……
um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter por
procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens
indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos
relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) dessas
mensagens (BARDIN, 2011, p. 48).
3. O que é uma categoria?
Categoria é um conjunto de dados semelhantes em conteúdo
e que representam dados que aparecem em diferentes
contextos, situações ou entrevistas.
CRITÉRIOS:
- 1º critério: as categorias necessitam ser válidas, pertinentes
ou adequadas.
- 2º critério (da exaustividade ou inclusividade): as categorias
devem ter a possibilidade de enquadrar todo o conteúdo.
- 3º critério (da homogeneidade): todo o conjunto deve ser
estruturado em uma única dimensão de análise.
- 4º critério (de exclusividade ou exclusão mútua): cada
elemento pode ser classificado em apenas uma categoria.
- 5º critério: de objetividade, consistência ou fidedignidade.
4. Seleção dos Materiais
• Documentos
• Diário de Campo
• Entrevista
• Vídeo
• PREPARAÇÃO DE MATERIAL (CONTEÚDOS)
• CONSTITUIÇÃO DO CORPUS (ESGOTAMENTO)
COMPROMETIMENTO!!!!
6. Validade dos estudos
• Exclusividade dos conteúdos
• Validade interna (esgotamento do dado
interno)
• Acordo interjuízes
• Processo recursivo
7. Construção das categorias
• Agrupamento dos dados do corpus de análise
• As primeiras criações tendem a ter muitas
categorias
• Processo recursivo
• Categorias tendem a incluir outras,
condensando a análise
• Categorias fortes e categorias fracas
8. Quando se acha que está tudo bem….
• Pequena lista das categorias existentes.
• Escreve-se o que é o resumo de cada
categoria
• Escolhe-se de três a cinco palavras-chaves
• Processo recursivo
9. SEGUNDO BARDIN…..
1. PRÉ-ANÁLISE
•Universo de análise (corpus)
•Preparação dos dos documentos
•Leitura flutuante
2. EXPLORAÇÃO DO MATERIAL
•Primeiras aproximações
•Categorizações
•Recursividade
3. TRATAMENTO DOS RESULTADOS
•Inferência
•Interpretação
•Conclusões
11. EXEMPLO DE FALA COLETADA EM GF
• P1: Eu acho que eles têm que fazer a alavanca. Eu acho que eles terão o
interesse de querer fazer. Pelo menos os meus gostam. Ai a gente
poderia, nesse momento, dividir a turma, ficaria a minha e a turma da
Marisa, um dia com um e no outro dia com outro. Ai a gente faz em
pequenos grupos dentro da sala de aula mesmo, faz grupinhos de
quatro ou cinco. Ai eles vão construir a alavanca, com régua, tentar
pedir os tipos né!?
• P1: Mas como eles fariam? Acho que a gente poderia ter na manga os
roteiros prontos. Caso eles não chegue a nenhuma conclusão a gente
usa os roteiros. A gente faz questionamentos. A gente deixa eles
explorarem, mas se percebermos que eles não estão se atinando, ai a
gente vai perguntando: “e se a gente colocasse o peso em tal lugar?
Como ficaria a situação das alavancas aqui?” A gente vai ter que ter na
mão o roteiro. É bem provável que eles vão testar. A gente faz um
roteiro nosso e vê o que sai deles. Cada grupo deve ter sua ideia, alguma
coisa né!?
12. EXEMPLOS DE DOCUMENTO
Os currículos brasileiros devem voltar-se para a
construção da cidadania, com o
desenvolvimento de habilidades, e
competênciais em dimensões conceituais,
procedimentais e atitudinais. As avaliações
devem privilegiar uma dimensão qualitativa
sobre a quantitativa.
13. EXEMPLO DE OBSERVAÇÃO
Observação (7a série, Língua Portuguesa) A professora trabalha com análise sintática de
orações. Está explicando para os alunos que os verbos dentro do predicado podem ser de 3
tipos: intransitivos,
transitivos e de ligação. Ocorre o seguinte diálogo4:
- Profe, o que é um predicado?
- É o resto da frase que não é o sujeito.
- Mas tipo assim, como eu sei o que é o sujeito? - Expliquei isso ontem
- Tudo bem, mas eu não estou entendendo.
-Fulano (Chama-o pelo nome de forma brusca)! Terça eu faço uma revisão, mas agora não dá
senão o negócio não anda! (Mostra-se impaciente)
O aluno volta a escrever distraído. A professora segue feliz a sua aula. E seguem-se muitos
exemplos de predicados e sujeitos. Surge uma oração sem sujeito. O mesmo aluno traz outra
questão.
Tenta-se reproduzir o diálogo:
- Profe, tu não disseste que o predicado era o que sobrava quando eu tiro o sujeito?
-Sim.
- E quando não tem sujeito então não tem predicado?
- É que aqui é uma oração sem sujeito.
- Então não tem predicado?
- Tem, mas tu não vais ver muitas dessas.
Volta o aluno a distrair-se com amenidades. A turma prossegue com os exercícios.
14. COMO APRESENTAR UMA ANÁLISE DE DADOS
• TÍTULO DO CAPÍTULO
• Breve introdução da análise (lista de
categorias. A técnica se apresenta na
metodologia)
• Cada categoria como um subitem
LEMBRETE: ANÁLISE É ANÁLISE. NÃO É
CONCLUSÃO
15. Apresentando as categorias
• Pequeno resumo: Essa categoria versa sobre
tal e tal coisa, fundamenta-se nas crenças de
que isso, isso e aquilo
• Passa-se a criar um texto de cunho
DESCRITIVO, que se proponha a convencer o
leitor da importância e abrangência da
categoria
16. Por onde começar????
• Sempre pelo DADO. A análise deve derivar
do DADO e não do estudo teórico.
• ERRO HABITUAL: apresentar o dado
processado
• É importante apresentar o dado bruto e então
comentá-lo.
• Depois se procede a interlocução teórica
daquele dado
17. EXEMPLO: DADO BRUTO
Entrevista (Professora de Matemática): E tu te sentes
presa a essa questão do conteúdo em relação ao
tempo? Muito. É a eterna briga do professor porque,
ao mesmo tempo, que a gente sabe, pois eu com
meus 25 anos de magistério, ainda sou daquelas
antigas. Meu curso superior foi totalmente teórico,
nada de prática, na Matemática não tive prática no
curso superior e eu sei que hoje em dia isso é
importante, mas ao mesmo tempo, se tu fores fazer
todas as práticas tu não vences o conteúdo. Daí eles te
cobram. O aluno foi para o vestibular, “Ai professora,
nunca vi falar naquela coisa, a senhora não passou
para mim”, mas para passar tudo isso eu não posso
perder tempo.
18. EXEMPLO: COMENTÁRIO DE DADO
O que se pode observar é que o conteúdo
programático domina completamente o tempo
desta professora. Sabe-se que a prática da
educação matemática é importante, mas vê-se que
o vestibular e os conteúdos a vencer superam em
importância qualquer outra opção. A reflexão ou a
tomada de consciência podem até surgir durante o
processo de ensino da entrevistada, mas em nada
serão intencionais. O objetivo da aula é passar
informação, pois, em suas próprias palavras, “para
passar tudo isso eu não posso perder tempo”.
19. EXEMPLO DE INTERLOCUÇÃO DE DADOS
Na perspectiva construtivista, o tempo em nada é
determinado pelo sistema legal e, sim, pela
aprendizagem do aluno. Surgem daí muitas críticas à
idéia construtivista, por não dar conta do que a lei exige,
mas parece que sem ela também não há alternativa
viável de se fazer cumprir inúmeras tarefas da educação
que não sejam apenas a execução da listagem dos
conteúdos. Segundo Ferreiro (2001, p. 80), “o
construtivismo não privilegia particularmente a
velocidade. Antes, sacrifica a velocidade à consolidação
das aquisições. Sabe que há momentos de mudança
rápida no desenvolvimento cognitivo, mas não pretende
acelerar o processo”.