O filme trata de uma bailarina obcecada pela perfeição que sofre de distúrbios mentais como resultado da pressão para conseguir o papel principal em uma produção. Ela luta para equilibrar sua sanidade mental com os requisitos exigentes do papel, que exige que ela represente tanto a inocência quanto a perversidade. No final, as alucinações se tornam dominantes e sua condição mental desmorona completamente sob o estresse.
1. Escola
Secundária
Garcia
de
Orta
Psicologia-‐B
Ensaio
sobre
o
filme
O
Cisne
Negro
O
filme
trata
uma
bailarina
obcecada
pela
perfeição
na
expectativa
de
conseguir
um
papel
principal.
Nina,
tímida
e
insegura,
tem
como
aspiração
ascender
a
prima-‐ballerina.
Deduzi
que
a
bailarina
sofria
de
distúrbios
que,
dada
a
sua
profissão,
até
eram
considerados
banais,
como
a
anorexia
e
a
bulimia.
Deduzi
também
a
tendência
para
a
automutilação
e
torna-‐se
claro
que
tal
ocorre
perante
a
cumplicidade
e
atenção,
quase
sufocante,
da
mãe,
ex-‐bailarina
frustrada,
que
abdicou
de
uma
carreira
devido
à
gravidez,
projectando
na
filha
a
sua
própria
obsessão.
Esta
rapariga
tinha
objectivos
e
sonhos,
que
a
certa
altura
se
transformam
em
delírios,
em
alucinações,
e
dificilmente
se
distingue
a
vida
real
do
mundo
ilusivo
e
demoníaco
no
qual,
com
cada
vez
maior
frequência,
a
personagem
principal
se
refugia.
Voltando
ao
distúrbio
de
automutilação,
este
associa-‐se
a
uma
transtorno
de
personalidade
limítrofe
(borderline)
em
que
basicamente
os
indivíduos
quase
sempre
têm
um
ego
muito
incipiente
e
facilmente
se
deixam
desorganizar
pelas
pressões
provocadas
pelo
meio.
Estas
pessoas
encontram-‐se
entre
uma
organização
depressiva
e
uma
organização
psicótica.
Deste
traumatismo
muito
precoce
resulta
que
os
objectos
são
sempre
divididos
em
bons
e
maus,
não
havendo
objectos
inteiros,
passando
com
grande
facilidade
do
amor
ao
ódio.
Podem-‐se
distinguir
duas
linhagens
dentro
desta
patologia:
-‐
Esquizofrénica:
onde
os
afectos
e
as
coisas
estão
muito
divididos.
Sendo
os
traços
característicos
a
timidez,
intelectualidade,
dificuldade
de
intimidade,
relações
superficiais
e
grande
instabilidade
na
vida
em
geral.
-‐
Histérica:
onde
a
principal
queixa
existente
é
a
falta
de
afecto.
Uma
das
características
destes
sujeitos
é
o
elevado
grau
de
ansiedade.
Eles
normalmente
mentem
muito,
têm
baixa
auto-‐estima
e
falta
de
amor-‐
próprio.
Demonstram
quase
sempre
uma
enorme
agressividade
contra
os
objectos
internos.
Nos
dois
casos
está
sempre
presente
uma
grande
imaturidade
do
ego
e
o
recurso
à
projecção
como
principal
mecanismo
de
defesa,
acusando
os
outros
de
o
perseguirem,
no
caso
da
linhagem
esquizofrénica;
ou
de
falta
de
amor,
exibindo
grande
carência
afectiva,
no
caso
da
linhagem
histérica.
“Uma
patologia
que
se
caracteriza
por
um
narcisismo
doentio,
hipersensibilidade,
reacções
terapêuticas
negativas,
sentimentos
de
inferioridade,
masoquismo,
rigidez
psíquica
e
física,
estado
de
profunda
insegurança
orgânica
e
intensa
ansiedade”,
diz
o
psicanalista
Adolph
Stern.
As
pessoas
que
sofrem
deste
transtorno
debatem-‐se
com
problemas
de
identidade,
sensações
de
irrealidade
e
despersonalização.
É
precisamente
isto
que
acontece
com
Nina,
que
pelo
perfil
frágil
e
virginal
seria
ideal
para
cisne
branco,
mas
que
o
director
da
companhia
decide
que
vai
ter
o
privilégio
de
desempenhar
o
papel
de
“Rainha
dos
Cisnes”,
tendo
por
isso
de
ter
capacidade
para
desempenhar
ambos
os
papéis,
encarnando
em
simultâneo
o
bem
e
o
mal,
não
separados
mas
integrados
num
só.
Nina
esforça-‐se
ao
máximo
para
estar
ao
nível
do
papel.
Mas
o
cisne
negro,
sedutor
e
traiçoeiro,
não
surge
espontaneamente
nos
seus
movimentos,
apesar
da
sua
técnica
exacta
e
perfeita
e
da
sua
determinação.
Com
tanta
pressão
Nina
encontra-‐se
entre
o
real
e
a
loucura
estando
no
limite
da
sua
sanidade
mental.
2. Escola
Secundária
Garcia
de
Orta
Outro
distúrbio
de
personalidade
surge
também,
com
a
exigência
que
é
feita
sobre
Nina,
ao
ter
de
representar
em
simultâneo
a
inocência
e
a
perversidade,
desenvolvendo
uma
faceta
agressiva
e
sexual,
não
sendo
mais
do
que
uma
manipulação
de
personalidade,
que
acaba
por
ser
fatal
dada
a
sua
fragilidade.
Quando
o
director
grita
“a
perfeição
não
está
no
controlo”,
ele
tenta
que
a
bailarina
perceba
que
não
precisa
de
ter
controlo
absoluto
para
ser
perfeita
e,
tal
se
pode
ajustar
ao
dia-‐a-‐dia,
uma
vez
que
há
pessoas
que
pensam
que
ao
terem
a
vida
controlada,
esta
é
perfeita,
podendo
nem
estar
a
vivê-‐la
e
até
nem
ter
estabilidade
emocional.
As
alucinações
vão
estar
cada
vez
mais
presentes
ao
longo
do
filme
e
a
interpretação
da
personagem
melhora
e
torna-‐se
perfeita
graças
a
elas.
Ao
chegar
a
data
do
espectáculo
torna-‐se
evidente,
até
para
a
sua
mãe,
a
presença
do
demónio
e
do
descontrolo.
Finalmente
consegue
livrar-‐se
do
seu
único
obstáculo,
ela
própria,
como
diz
o
director,
que
é
ilusoriamente
representado
por
Lily,
que
acaba
por
matar,
sentindo-‐se
possuída
pelo
lado
negro.
Assim,
interpreta
na
perfeição
toda
a
sensualidade,
ousadia
e
malícia
do
cisne
negro,
conseguindo
causar
sensações
na
plateia.
Esta
bailarina
conseguiu,
por
fim,
conciliar
e
incorporar
as
duas
faces
opostas
da
perfeição,
a
introvertida
e
a
extrovertida,
a
controlada
e
a
descontrolada,
a
ousada
e
a
virginal,
custando-‐
lhe,
nem
mais
nem
menos,
a
sua
sanidade,
quer
mental,
quer
física,
de
forma
trágica
e
atroz.
Catarina
Nº1,
12ºB