O artigo discute os gastos excessivos do governo regional dos Açores nos transportes marítimos nos últimos 10 anos, totalizando 96 milhões de euros. Apesar deste investimento, o serviço continua precário e insuficiente, com atrasos, avarias e falta de informação. O autor critica a incompetência demonstrada e questiona se esta foi a política pretendida para os transportes na região.
1. ATITUDE LARANJA
WW W. CA L H E T A LA R A NJA . B L O G S PO T . CO M SE T E M BR O 0 9
EDITORIAL
Política a mais!
Voltamos a comunicar com a popula-
ção, desta feita com os residentes no
Cristiano Ronaldo podia ter vindo para os Açores
concelho da Calheta. Aos jovens nos euros em transportes marítimos: 55 milhões
dirigimos com particular atenção. Por de euros gastos em barcos velhos (aluguer),
isso somos JSD. Esta é uma forma de 32 milhões em barcos novos (Atlântida e
lançar perspectivas, críticas, propos- Atlanticoline) e 320 mil euros em projectos
tas, de ouvir mas também fazer mal elaborados, entre tantas outras trapalha-
reflectir quem escreve e quem lê. Não das que acrescem a estes números. Que
há aqui vaidade alguma, nem assumi-
palavra usar para descrever este estado caó-
mos este como um projecto pioneiro
tico a que chegou este tema tão sensível e
(quase) à escala planetária. Somos o Foto do Cais do Pico onde se encontram dezenas de
ao mesmo tempo importante para todos os
que somos. Não há aqui nenhuma jovens à espera de um barco que se atrasou.
açorianos, em especial os jovens, quando
conjura do destino. Há uma necessi-
O Governo gastou, nos últimos estamos em tempo de Verão, de férias e de
dade que nós JSD sentimos para fazer
chegar aos jovens o que pensamos e o dez anos, 96 milhões de euros nos transpor- festas? Incompetência, seguramente.
que propomos. Nada mais. tes marítimos. O suficiente para trazer, por É muito dinheiro e muito dinheiro
Há política a mais. Digo-o porque exemplo, o Cristiano Ronaldo para o Santa mal gasto. Vários são os episódios que aqui
entendo que em São Jorge (como nas Clara. Ou, se preferirmos assuntos mais poderíamos enumerar para comprovar esta
restantes ilhas), e falando apenas na sérios, para construir a Marina da Calheta situação. Desde as dezenas de pessoas que
Calheta, existe um ambiente político dezasseis vezes, ampliar cerca de cinco ficaram em terra nas festas do Pico por não
minado em todas (ou quase todas) as vezes o Aeródromo de São Jorge, construir existirem ligações suficientes para respon-
estruturas sociais. Em qualquer colec- cerca de duas Portas do Mar na Calheta e der à procura (mais do que prevista), ao
tividade, grupo, organização, associa- gastar dois milhões de euros na sua inaugu- facto da filosofia do cartão Interjovem ficar
ção há uma tentativa, por mais do que ração, tal como aconteceu em Ponta Delga- aquém do desejado por não poder ser usado
evidente, de partidarizar as pessoas e da. É certo, que a aposta nos transportes em viagens extraordinárias que se registam,
as decisões. O primeiro critério pare- marítimos é de extrema importância quer precisamente, em altura de maior movimen-
ce ser o critério de filiação partidária seja no contributo para a aproximação dos tação, tal como se verifica nas festas de
ou, de simpatizante/apoiante. Há uma açorianos das mais diversas ilhas quer seja Verão. As avarias registadas nos barcos que
pressão intolerável e inacreditável
no incentivo que concede ao turismo - sec- não só vieram a provocar grandes transtor-
sobre quem lidera os destinos das
tor muito importante na nossa região. No nos às pessoas, a nível dos horários e a
instituições da Sociedade Civil. O
entanto, o que não conseguimos entender é nível monetário, porque o preço do bilhete
apoio governativo, do Governo PS, às
que após tantos milhões empenhados (96 não estava conforme o navio que iria reali-
instituições é muitas vezes decidido
milhões), nos deparemos com a vergonha zar a viagem, como a completa e total falta
em troca do facto do Presidente (e de
outros membros) dessas organizações que ainda este Verão nos foi proporciona- de esclarecimento dos funcionários de algu-
integrarem as listas do PS. E quem da. mas das Gares que não divulgavam a infor-
quer o melhor para a sua instituição, A verdade é que a saga dos trans- mação da bilheteira com a devida antece-
quem está de espírito puramente portes marítimos nos Açores continua. Um dência, obrigando a que muitas pessoas
altruísta, vê-se num dilema, melhor, pouco por todo o lado, todos nós já presen- ficassem horas e horas em filas de forma
vê-se preso por ter de optar pela insti- ciámos a incompetência que grassa nas desnecessária quando os bilhetes já tinham
tuição ou pelas suas convicções (que companhias de transporte que recebem rios esgotado, além dos vários casos em que o
podem, legitimamente, passar pelo de dinheiro do Governo Regional para barco saiu antes da hora prevista, deixando
apoio a outro Partido). Não podemos assegurarem um serviço público, muitos passageiros em terra, é outro de um
aceitar isto. Não podemos ficar indi- (fundamental, diga-se) que é o de se estabe- sem número de exemplos que poderíamos
ferentes. Não podemos permitir. Nem lecer uma rede de mobilidade inter-ilhas referir.
tudo vale na política. Não se pode por via marítima. Ora, a rede que existe, é É esta a política de transportes que
fazer política nas fundações da Socie- não só insuficiente como muito precária. queremos seguir?
dade. Basta! O Governo Regional já gastou, nos Foram para isto os 96 milhões?
João Gonçalves últimos 10 anos, cerca de 96 milhões de
2. P ÁGINA 2
A VOZ DA JUVENTUDE
Topo
“Há quatro anos que não vivo no Topo, mas sensivelmente de três em três meses tenho ido lá. Eu
noto diferença - gradualmente, devagarinho, uma coisa de cada vez, vai mudando para melhor… na
melhoria, requalificação e criação de novos espaços – veja-se a Pontinha, as estradas, a identificação
das ruas, o melhoramento de acessos a casas… são algumas das coisas que estão à vista de todos,
que só não vê quem não quer… grandes mudanças não se fazem de uma vez só; constroem-se em
pequenas partes com trabalho, paciência e persistência, especialmente quando não dependem de
Elisabete Amorim uma pessoa só.”
Santo Antão
“É mesmo caso para dizer «quem viu e quem vê Santo Antão» pois é notável o trabalho desen-
volvido em apenas um mandato em prol desta comunidade. Depois de três anos ausentes da
ilha, para investir na minha formação, ao voltar encontro uma Freguesia mais organizada, mais
limpa e com infra-estruturas públicas arranjadas e pintadas. Também a salientar a preocupação
com as nossas fajãs, desde o acesso, preservação e segurança, colocando-as entre as mais apre-
ciadas dos turistas que nos visitam. Todo este trabalho foi desenvolvido sem esquecer as tarefas
rotineiras (mas importantes!) como por exemplo a roça das bermas e limpeza de valetas.”
Mónica Brasil
Norte Pequeno
“É com grande pena que vejo que algumas das pétalas que compõem a rosa do Norte Pequeno se
estão a desfolhar. Falo da Escola Primária e da Cooperativa Agrícola de Lacticínios.
Fechando os motores de desenvolvimento desta Freguesia, as pessoas passarão a ter menos tempo
para si, por consequência para as actividades que são a base de desenvolvimento e da imagem de
união que a mesma possuí e por fim, mais dois passos para a desertificação que cada vez mais se nota
nestes lugares do Norte da Ilha que ao que parece estão a ser deixadas ao abandono.”
Bruno Oliveira
“A Freguesia da Ribeira Seca, a maior da toda a Região dos Açores, está hoje muito melhor servida Ribeira Seca
ao nível de estradas, acessos e canalizações às habitações do que há quatro anos atrás. Há que desta-
car, neste caso, o trabalho desenvolvido pela Câmara Municipal e pela Junta de Freguesia. Veja-se,
por exemplo, a zona da baía, o caminho da ribeira acima e o caminho novo. Outro dos pontos que
era interessante chamar a atenção, diz respeito à sinalização das zonas de interesse da nossa Fregue-
sia. Seja para os turistas, seja para os visitantes. O que não favorece o turismo é o que se está a veri-
ficar na Caldeira, Fajã de excelência, ex libris de São Jorge. A construção do centro de interpretação
ambiental surge descontextualizada do resto da paisagem natural, num local onde as construções
têm de obedecer a padrões muito rígidos e exigentes, como assim deve ser para preservar as nossas Emanuel Fontes
fajãs.“
Calheta “Vila da Calheta! o que faz lembrar? Um paraíso coberto de um lindo verde e com as mais
maravilhosas fajãs que nos dão uma enorme paz interior. No entanto, não existe nada perfeito,
tudo o que é bom tem os seus "mas" e "ses". No caso da nossa Vila, e visto pelos olhos de
uma jovem, claro, existe alguns aspectos que considero importantes, tais como a falta de opor-
tunidades de emprego, essencialmente para os mais jovens, uma das razões que os levam a
procurar vida fora da sua terra, e a inexistência de estruturas de lazer que satisfaçam quem
aqui habita.”
Elsa Brito
OS ARTIGOS DE OPINIÃO PODEM SER LIDOS NA ÍNTEGRA EM
WWW.CALHETALARANJA.BLOGSPOT.COM
3. P ÁGINA 3
LEGISLATIVAS 2009
Wilson Ávila candidato à Assembleia da República
ser eleitos e a eleger os nossos repre- que, tal como eu, frequentam bares e
sentantes para que tenhamos, efecti- discotecas, apreciam uma boa conver-
vamente, a nossa voz nos centros de sa de esplanada com os amigos, gos-
decisão. tam de ir à praia, vêm séries como Dr.
Tendo em conta estas pre- House, Lost, Prison Break, visitam as
missas, considerando uns dados esta- festas de Verão dos Açores e odeiam
tísticos relativos ao ano de 1999, que não poder usar o “Interjovem” quan-
registam a existência de 65780 jovens do realmente precisam, mas que, aci-
açorianos entre os 15 e o 25 anos, e ma de tudo, merecem um pouco
Como quinto candidato pelo estimando que, pelo menos, cerca de melhor.
PSD Açores à assembleia da Repúbli- 15000 destes jovens estão deslocados Conto com os jovens que
ca é natural que sinta uma especial ainda esperam pelo seu primeiro
responsabilidade em atender aos “Arrisco, por outro lado, dizer emprego e que caíram na célebre pro-
assuntos dos jovens. que o Futuro é nosso! Podemos messa dos 150 mil postos de trabalho
Ouvimos inúmeras vezes a para, hoje, constatarem que o número
frase “os jovens são o futuro”. Uma e devemos criá-lo agora, no pre- de desempregados subiu para mais de
tese interessante, correcta e consen- sente, à nossa imagem, em vez meio milhão.
sual. No entanto, o significado que Conto com os jovens que se
por vezes lhe é dada pressupõe que de ficarmos a assistir enquanto encontram dependentes do governo e,
um dia seremos nós os detentores das outros decidem por nós” consequentemente, vêm a sua liberda-
rédeas da nossa sociedade. Eu prefiro de condicionada mas querem sair
não aceitar esta consideração. Arris- devido à frequência universitária, desta situação.
co, por outro lado, dizer que O Futuro defendo a implementação do voto Conto com todos os que
é nosso! Podemos e devemos criá-lo antecipado em eleições legislativas. À anseiam sair da situação miserável em
agora, no presente, à nossa imagem, semelhança do que acontece nas que o Governo de Sócrates, com a
em vez de ficarmos a assistir enquan- autárquicas, o voto antecipado vai cumplicidade de César, colocou o
to outros decidem por nós. contribuir para que milhares de nosso país e a nossa Região.
Utilizando, sempre, os bons jovens Açorianos possam ter uma O meu compromisso nestas
exemplos do passado, implementando palavra a dizer sobre a situação políti- eleições é com todos vós – jovens. O
as características que nos são típicas, ca (e acreditem, muitos deles querem meu objectivo é fazer tudo ao meu
como a determinação, a criatividade, ter uma palavra a dizer!). alcance para que as questões que vos
a capacidade de dinamização e o A Educação, o Emprego, a dizem respeito, para que os vossos
positivismo e ambicionando sempre Habitação e os Transportes são outros problemas e as vossas propostas este-
mais e melhor para as nossas ilhas, temas intimamente ligados à juventu- jam na “ordem de trabalhos”.
para as nossas famílias e para os nos- de Açoriana. Constituem, por isso Preciso, claro, do vosso
sos amigos, somos, juntos, uma forte mesmo, os assuntos a que me propo- apoio, da vossa energia e do vosso
arma construtiva. Mas é essencial nho dar especial atenção e sobre os voto no dia 27 de Setembro.
estarmos presentes no momento de quais me pronunciarei a seu tempo. Até breve!
decisão. Primeiro, estar presentes nas
urnas. É o primeiro passo que temos Conto, por isso, com o vosso Wilson Ávila
de tomar. Segundo, estar dispostos a apoio. Conto sobretudo com aqueles
LOCAL
Topo com futuro?
No Programa eleitoral do PS de 2004 para as elei- concretização no último mandato (2004-2008). Mais do que
ções regionais, promete-se, entre outras coisas, “executar as isto, o PS, ao não cumprir o que prometeu, abandonou o
obras de ampliação do porto de pesca [do] Topo”. Não só compromisso no programa eleitoral a que se propôs em 2008.
constatamos que nesta medida, o Partido Socialista foi a Com isto, assinalamos toda a convicção e firmeza com que o
reboque do que há muito o Partido Social Democrata defen- PS assumiu esta importante e necessária infra-estrutura que
dia, como registamos, aliás, todas as pessoas registam, em criou expectativas junto da população, para agora esquivar-se
especial as que vivem na vila do Topo, que se tratou, uma da questão falando em “beneficiações locais”.
vez mais, de uma promessa não cumprida: não passou, pois, Sintomático.
de uma promessa eleitoralista que tinha sido assumida para
4. MERCADO DE TRANSFERÊNCIAS...
Mudam-se os tempos, mudam-se as um sinal de humildade. Outros mu- “vira-casacas”) e que por pouco (ou
vontades. O provérbio antigo aplica- dam, talvez porque não têm outra por muito!) trocam de posições, mu-
se à época eleitoral que agora se aviz- hipótese. São injustamente encurra- dam de conversa, defendem o que
inha. De um lado se passa para o lados por dependerem, nos seus em- criticavam e chegam mesmo a criti-
outro sem quaisquer complexos, sem pregos, nos seus projectos e nos seus car o que defendiam.
quaisquer problemas. Convicção ali, negócios, do apoio que recebem do É todo um Mercado de transferên-
convicção acolá, é mais ou menos Partido que investe mundos e fundos cias. Está aberta a sessão.
assim que as coisas se passam. Há (leia-se di-nheiros públicos e influên-
quem no fundo, em boa verdade, cias) neste tipo de mecanismos que,
mude porque acha que o outro Par- salvo melhor opinião, são ver-
tido reúne características que mais dadeiros atentados à liberdade de-
lhe agradam. Ou que defende mocrática. Existem ainda os que,
posições que lhes parecem mais in- pura e simplesmente, são mestres na
teressantes. Nada a dizer. Mudar é arte do oportu-nismo (os chamados
CARTOON
Flagrante Anedota
Com a Santa Casa da Miseri- O Zezinho chega à escola e diz à Sra. Professora:
córdia inaugurada em 2005 - A minha gatinha teve 4 gatinhos e são todos do PS.
(há 4 anos), ainda não foi A professora fica muito espantada com a saída da
retirada a placa que anuncia a criança. No outro dia o Director vai visitar a escola e
sua remodelação. Lê-se que o a Professora como achou muita piada ao miúdo,
Governo continua a “… pergunta:
DESENVOLVER OS AÇO- - Zezinho diga lá o que aconteceu à sua gatinha?
RES”, como se essa não fosse Diz o Zezinho:
a sua obrigação! Ora, o que se - A minha gatinha teve 4 gatinhos e 2 são do PS.
vê, também, é que o anúncio A Professora fica intrigada e diz:
continua muitos anos depois de ter sido colocado. A placa está lá, - Então não eram os 4 do PS?
no centro da Calheta, à vista de todos e, em particular, por quem Responde o Zezinho:
deveria estar atento a este tipo de situações. Nós estamos. - É que 2 já abriram os olhos...