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Amélia & Vitor, a força do amor

                                            I
Manuela desce de madrugada para tomar um copo de água e encontra a mãe
na sala, pensativa. E se aproxima dela:
- Mãe?
Amélia, distraída, não escuta o chamado da filha. Manu chega mais perto,
chamando de novo:
- Mãe?
Só então Amélia desperta do seu devaneio:
- Hã? Ah, filha, nem vi você entrar...
- É, eu percebi. Aconteceu alguma coisa, dona Amélia? Acordada uma hora
dessa...
- Estou sem sono, fiquei aqui pensando na vida...
- E esse olhar tristonho é por quê?
Amélia olha para a filha e suspira:
- Ah, Manu... preciso tomar uma decisão muito importante. Mas tenho medo da
reação do seu pai.
- A senhora está falando em separação? Não sou mais criança, já percebi que
a relação de vocês está por um fio faz tempo. Quero lhe ver feliz, mãe... dou
todo o meu apoio no que a senhora decidir.
- Que bom ouvir isso, mas...
- Mas o quê?
Amélia olha para Manu por alguns instantes e deixa cair uma lágrima. Só então
prossegue:
- Não aguento mais, preciso abrir meu coração para você...
- Pode falar, mãe... não vou lhe julgar.
- Nem se eu contar que me apaixonei por outro homem? Por favor, entenda
uma coisa: nunca amei tanto nem fui tão amada... Isso não pode ser tão
errado... - desabafa Amélia, num rompante.
Manu, com expressão de surpresa, não fala nada. Amélia continua:
- Sabe, quando casei com seu pai eu era muito jovem, não conhecia quase
nada da vida. Achei que o Max era um bom homem para ser o pai dos meus
filhos, construir uma família. E eu fui feliz, sim. Mas com o tempo ele foi ficando
cada vez mais rude, me tratando como se eu fosse propriedade dele...
Manu finalmente consegue dizer algo:
- Entendo - ela balbucia, e segura as mãos da mãe.
Amélia sorri para a filha e prossegue:
- Eu andava me sentindo tão... vazia, seca de sentimentos... Então apareceu
esse homem e fez eu me sentir mulher novamente, sentir que não estou velha,
que ainda posso viver muita coisa... Estou me sentindo viva outra vez.
Amélia fica em silêncio, esperando algum comentário de Manu, que diz:
- Mãe, eu quero a sua felicidade. Lute por esse amor. Meu pai vai chiar por a
senhora deixar dele, mas não tenha medo. Eu e o Fred não vamos deixar que
o seu Max Martinez lhe faça nenhum mal.
Emocionada, Amélia abraça a filha.
- Obrigada, minha filha... obrigada por apoiar e me dar coragem.
Quando a mãe volta para o lugar, Manu pergunta:
- Eu conheço?
- Quem?
- O homem que está fazendo seu olhar brilhar. Eu reparei, viu?
Amélia fica pensativa, como que escolhendo as palavras:
- Filha... você acha loucura eu me apaixonar por homem bem mais jovem?
- Claro que não. A gente não escolhe por quem se apaixona, o amor não vê
idade.
- É verdade - comenta Amélia, com um sorriso de quem está lembrando de
algo bom.
- E então, mãe? Conheço?
- Conhece, aliás, conhece muito bem.
Manu olha intrigada, Amélia respira fundo e revela:
- É o Vitor.
- O Vitor?! - exclama Manu em voz alta, quase gritando.
- Fale baixo, pelo amor de Deus - pede a mãe, apreensiva.
- Desculpa, é que não podia imaginar... o Vitor... quem diria... - Manu parece
lembrar-se de algo - É por isso que ele está tão mudado, então?
- O acidente mexeu muito com ele, também.
- A Terê me disse que o Vitor estava apaixonado... mas eu nunca ia
desconfiar...
- Ele disse que a vontade de me ver de novo foi o que lhe deu forças para lutar
pela vida, quando ficou perdido na mata... - conta Amélia, sorrindo, com olhar
apaixonado.
- Nossa, parece até uma história de cinema... - brinca Manu.
Amélia sorri um tanto encabulada.
- Mãe, o que eu disse continua valendo. Estou do seu lado. Faça o que tem
que ser feito. Agora vou tentar dormir e digerir isso tudo. Fica bem - conclui
Manuela, dando um beijo no rosto da mãe.
Amélia observa a filha subir as escadas e sorri, com uma luz de esperança no
olhar.

No dia seguinte, logo após o café da manhã, Amélia pede para conversar com
Max no escritório. Torcendo as mãos de nervoso, ela respira fundo e diz:
- É melhor eu ir direto ao assunto. Max, eu quero o divórcio.
- O quê? Estás brincando.
- Estou falando muito sério.
- Pois tire o cavalo da chuva, porque não vais te separar de mim.
- Ora, Max, você pensa que é meu dono?
- Mas que atrevimento é esse?
- Vai ser difícil chegar a um acordo com você. Queria resolver essa situação
pacificamente, mas se não tem outro jeito... - Amélia se dirige à porta.
- O que vais fazer?
- Logo você vai saber... - ela responde, e sai.


                                      II
Enquanto isso, Manu procura Vitor na estalagem.
- Manu, que surpresa...
- Podemos conversar?
- Claro, senta.
Manu pensa um pouco e diz:
- Vitor, minha mãe me contou tudo. Disse que vocês estão apaixonados.
Vitor abre um sorriso iluminado e responde:
- Eu amo a Amélia e tudo que quero é fazê-la feliz, pode ter certeza.
- Acredito nisso. E vocês têm o meu apoio. Conheço bem o pai que eu tenho...
e sei que minha mãe merece muito mais do que ele pode dar. Só acho que
primeiro ela tem que resolver a situação com ele.
- Claro, é o correto... Muito obrigado, Manu, de coração - agradece Vitor,
abraçando-a.
- De nada. Só mais uma coisa: toma cuidado com a minha mãe, hein?
- Sempre. A Amélia é o que há de mais importante na minha vida.

Depois, Manuela procura Fred e conta tudo ao irmão. Passado o choque inicial,
ele comenta:
- Bom, eu sou o que menos pode criticar. Afinal, me apaixonei por uma mulher
mais madura.
- É isso aí, maninho. A dona Amélia precisa de nós nesse momento.

Amélia faz as malas e coloca tudo no carro. Quando está fechando o porta-
malas, Max se aproxima:
- Que tu pensas que estás fazendo?
- Indo embora. Vou viver a minha vida, longe de você.
- Se saíres daqui, vais com uma mão na frente e a outra atrás. Não vais levar
nada, tudo isso foi comprado com o meu dinheiro.
- É, Max, mas nós casamos com comunhão de bens. Eu tenho meus direitos.
- Isso é o que nós vamos ver.
- Ah, é? - responde Amélia com ar de desdém, e entra no carro, indo embora.

Vitor está descendo as escadas quando Amélia entra na estalagem com uma
mala. Ele corre na direção dela:
- Amélia!
Ela põe o dedo na frente dos lábios, sinalizando para ele não dizer nada. Dá
um olhar cúmplice a ele, e depois se dirige a Terê:
- Tem um quarto vago?
- Ah, minha amiga, que bom ver você aqui. Vem comigo.
Amélia troca mais um olhar com Vitor e segue com Terê.

Logo depois, Vitor bate na porta do quarto de Amélia.
- Pode entrar.
Ele entra e lhe dá um beijo muito apaixonado. Sorrindo, ela diz:
- Me libertei, Vitor...
Ele olha nos olhos dela e responde:
- Agora você está livre para mim...
- É, só faltam as formalidades. Mas o importante é que consegui, dei o passo
que precisava.
Eles beijam-se novamente. Os beijos vão ficando mais quentes, eles deitam-se
na cama. Mas Amélia interrompe:
- Calma, Vitor... aqui não, ainda não. Pode chegar alguém.
- Tem razão. Mas é tão difícil resistir... - ele concorda, dando-lhe um delicado
beijo nos lábios.
Amélia sorri olhando para Vitor e levanta-se. Ele vai atrás e a abraça:
- Vou tentar me controlar... mas ficar assim abraçadinho, pode, né?
- Pode - diz ela com um sorriso.
Eles trocam mais beijos cheios de carinho.

Amélia e Vitor ainda estão aos beijos quando Manu e Fred batem na porta.
- Mãe, viemos te ver, eu e o Fred - avisa Manu.



                                        III
Amélia se afasta um pouco de Vitor, respira fundo e diz:
- Podem entrar.
Manu entra já indo abraçar a mãe, Fred vem atrás.
- Liguei para casa e a Lurdinha me contou que você saiu com as malas - relata
Manu.
- Foi o seu apoio que me deu coragem, filha.
Fred dá um beijo na mãe e cumprimenta Vitor:
- Tudo bem?
- Tudo.
Amélia se apressa a falar, nervosa:
- O Vitor me viu chegar com malas, veio saber como eu estava...
Manu e Fred se olham com um sorriso travesso, e ela diz:
- Mãe, o Fred já sabe do sentimento que está rolando entre vocês. Eu contei a
ele.
- Manu! Por que você fez isso? - responde a mãe, encabulada.
- Porque eu sabia que a senhora ia ficar desse jeito, com medo de falar. E eu
tinha certeza que ele ia entender.
Amélia fica mais sem jeito ainda, e Fred a acalma:
- Fica tranquila, mãe, está tudo bem. Pode contar comigo para o que precisar.
Emocionada, Amélia dá um beijo no rosto do filho. Manu interrompe, se
dirigindo ao irmão:
- Agora você e o Vitor vão lá pra fora porque eu quero conversar a sós com a
minha mãe.
- Já estamos saindo, maninha!

Depois que eles saem, Manu segura as mãos de Amélia e pergunta:
- E então, mãe, como a senhora está?
- Ah, filha... apavorada, mas muito mais feliz.
- Apavorada por quê?
- O que vou fazer da minha vida agora?
- Vai ser feliz, dona Amélia...
- É, vou ser feliz... - concorda Amélia, sorrindo.

Fred também conversa com Vitor:
- Olha, cara, não quis dizer nada na frente da minha mãe porque ela já passou
por emoções muito fortes hoje... mas eu ainda estou bastante surpreso com
tudo isso. Não se preocupe, não vou me opor, muito pelo contrário. Só levei um
susto.
- Fred, lhe dou a minha palavra: jamais farei qualquer coisa que magoe a
Amélia.
- Tá certo, vou confiar. Ah, agora estou entendendo como o Bruno se sentiu
quando eu quis namorar a Janaína! Não é fácil ter uma mãe tão jovem e
bonita... - Fred dá uma risada, e Vitor também ri.

À noite, Amélia deita-se cedo, bastante cansada das emoções do dia. Está
quase em sono profundo quando sente alguém lhe abraçar. Abre os olhos e vê
Vitor. Eles se olham nos olhos por alguns instantes, até que Vitor diz com
doçura:
- Não aguentei saber que você estava tão perto... Vamos passar a noite juntos?
- Seu maluco... - ela responde, sorrindo.
Vitor sorri também e a beija intensamente, com as mãos percorrendo o corpo
dela. Amam-se, cuidando para não fazer barulho.

Antes do sol nascer, Terê abre uma frestinha da porta do quarto. Vê Amélia e
Vitor dormindo abraçados, e chama o rapaz, sussurrando:
- Vitor... Vitor...
Ele abre os olhos e em seguida Amélia também acorda.
- Eu tinha certeza de que você estaria aqui. Agora vá para o seu quarto antes
que os outros hóspedes acordem - pede Terê, com ternura.
Vitor beija Amélia com carinho e se levanta. Ao passar por Terê, dá um beijo no
rosto dela e diz:
- Acho que você é nosso anjo da guarda... ou nossa fada madrinha?
Terê sorri, e Vitor sai do quarto.
Amélia então comenta:
- Ai, minha amiga, parece que eu voltei a ter 15 anos...
- E está sendo muito bom, pelo que eu percebo. Nunca vi tanto brilho no seu
olhar.
- Só espero que o Max não descubra tão cedo. Temo que ele faça alguma
coisa contra o Vitor.
- Não pense nisso agora. Aproveite toda essa felicidade.
Amélia sorri, e Terê sai do quarto. Depois de fechar a porta, Terê pensa em voz
alta:
- Que Deus proteja esses dois...


                                       IV
No dia seguinte, a separação de Amélia e Max é o assunto da cidade. Alguém
comenta de cá, outro comenta de lá, logo se começa a especular que Amélia
trocou o marido por um homem mais jovem, já que Max é bem mais velho do
que ela.
Na fazenda, Max pede para o delegado Geraldo vigiar Amélia, tentar descobrir
o que ela está fazendo.
- Sei que ela foi para a estalagem. Vou passar por lá, ver se pesco alguma
coisa. Mas não posso ficar vigiando todos os passos da sua mulher, Max.
- Buenas, mas tente descobrir quem é o safado. Tenho certeza que tem outro
macho nessa história...

Na estalagem, Terê está levando uma bandeja de café da manhã quando Vitor
a aborda no corredor:
- Deixa eu levar? Por favor, Terê... ninguém vai ver - ele pede com ternura.
- Tá bom, Vitor, mas cuidado...
Ele abre um grande sorriso, pega a bandeja e dá um beijo no rosto de Terê em
agradecimento.
Vitor entra no quarto com a bandeja, e Amélia acorda.
- Bom dia, meu amor... - ele diz, colocando a bandeja na cama, e beijando os
lábios de Amélia.
- Ninguém viu você subindo com tudo isso? - pergunta ela, apreensiva.
- Não se preocupe, era a Terê quem estava trazendo... só peguei aqui na porta.
- Ah, melhor assim... - responde Amélia, mais tranquila.
Vitor olha para ela com ar apaixonado. Depois, pergunta, com um sorriso:
- Dormiu bem?
Amélia sorri, um tanto encabulada:
- Você ainda pergunta... - ela acaricia o rosto dele e continua - Vitor, é tudo tão
maravilhoso que dá até medo.
- Medo por quê? - ele questiona com doçura.
- De que essa nossa felicidade seja ameaçada por alguma coisa...
Vitor olha bem nos olhos de Amélia e diz:
- Eu não vou deixar nada estragar nossa felicidade. Fica tranquila - ele garante,
abraçando-a com força e carinho.
Eles ficam abraçados por alguns instantes, até que Amélia diz:
- Eu amo você...
- Também te amo, muito.
Trocam um beijo apaixonado.
Depois, Vitor pega uma pequena torrada, passa um pouco de geléia e leva à
boca de Amélia, com carinho.

À tardinha, Geraldo volta à fazenda e relata à Max:
- Segundo o que apurei, dona Amélia não saiu da estalagem desde que
chegou.
- Então pode ser que o amante dela também esteja morando lá.
- O senhor desconfia de alguém?
Max coça a cabeça:
- Pior é que desconfio... mas vou tomar minhas providências.
- Max, vê lá o que você vai fazer...
- Não esquente a cabeça, Geraldo. Com Max Martinez, não há ponto sem nó!

Terê entra no quarto de Vitor trazendo algumas roupas limpas. O rapaz está
pensativo, com um sorriso no rosto. Ela comenta:
- O amor é lindo, mesmo...
Ele sorri mais ainda e, quando Terê deixa as roupas sobre sua cama, segura
as mãos da amiga, dizendo:
- Obrigado por tudo. Você tem sido nosso anjo, com certeza.
Ao segurar nas mãos de Vitor, Terê tem uma visão. Vê um tiro sendo
disparado. Ela olha para o rapaz com um jeito preocupado, e ele percebe:
- O que foi, Terê?
- Nada, não - ela tenta disfarçar - Mas tome cuidado.


                                      V
No dia seguinte, bem cedo, Terê entrega um amuleto para Vitor.
- Meu filho, não ande mais sem essa proteção.
- Por quê? Você acha que corro algum risco?
- É até óbvio, né? Você está vivendo uma história com a mulher de Max
Martinez. E ele é perigoso.
- Eu não tenho medo dele.
- Não é questão de medo, mas de cautela. Por favor, não saia mais sem esse
amuleto no pescoço, tá?
Vitor coloca o cordão no pescoço e assegura:
- Pode deixar.

O sol começava a se pôr quando Vitor foi caminhar na beira do rio. Andava
como se flutuasse, de tão feliz que estava. De repente, um tiro o acerta. Ele
cai, mas logo percebe que não se feriu. A bala acertou o amuleto, ficando
presa nele. Impressionado, Vitor volta correndo para a cidade. Procura pelo
delegado e registra queixa da tentativa de assassinato, mostrando a bala. Mas
pede para ficar com o amuleto mais um pouco, porque precisa mostrar para
uma pessoa. Geraldo concorda, desde que depois ele entregue a peça para a
perícia.

Vitor chega na estalagem quase sem fôlego, chamando:
- Terê! Terê!
Ela aparece logo, preocupada:
- Que foi, que desespero é esse?
Ele mostra o amuleto com a bala encravada, e Terê exclama:
- Meu Deus! Quando foi isso?
- Agora há pouco, na beira do rio. Você sabia que isso ia acontecer, por isso
me deu o amuleto, não é?
- Eu tive um aviso, sim. Que bom que você me ouviu! - ela responde,
abraçando o rapaz.
Amélia desce as escadas depressa:
- Vitor! O que aconteceu?
- Sofri um atentado, Amélia - ele responde, mostrando a bala no amuleto.
- Você não se feriu? - ela pergunta, tocando nele, muito nervosa.
- Calma, está tudo bem... Isso me protegeu - Vitor ainda mostra o amuleto.
Amélia fica pensativa e depois pergunta:
- Você acha que pode ter sido o Max?
- E quem mais ia querer me matar? - ele devolve.
- Ah, Vitor, não vou me perdoar se o Max fizer alguma coisa com você... -
Amélia afirma, abraçando o rapaz.
- Ele não vai conseguir. Eu não vou lhe deixar sozinha, Amélia - Vitor promete,
abraçando ela com força.

Os dias passam, e Amélia e Vitor parecem cada vez mais apaixonados. Mas
apenas Terê, Manu e Fred sabem do romance.
- Ah, Amélia, eu queria gritar pro mundo inteiro ouvir o quanto te amo... - Vitor
comenta, depois de mais um beijo trocado no quarto dela.
- Eu também, Vitor... mas é melhor ainda tomarmos cuidado. O Max é capaz de
tudo. Se só por desconfiança ele já... ai, não quero nem lembrar.
- Então não lembra. E se todos souberem da nossa história, o Max ficará
acuado... qualquer coisa que aconteça comigo, ele será o principal suspeito, já
pensou? O Max pode ser qualquer coisa, menos burro.
- É verdade... vou pensar, sei que não podemos ficar nos escondendo para
sempre... mas me dê mais um tempo?
- Claro, Amélia, o tempo que você precisar... - ele responde, beijando os lábios
dela.

Mais tarde, Vitor procura Manu:
- Manu, você me ajudaria a fazer uma surpresa para a Amélia?
- O que você precisa que eu faça?
- Vou te explicar, chega mais perto. Ninguém pode ouvir.

                                      VI
Pela manhã, Manu visita a mãe na estalagem e convida:
- Vim lhe buscar para um passeio de lancha. Coloque um maiô e vamos...
- Mas, filha...
- Isso não é um convite, é uma intimação. A senhora vai passear comigo -
Manuela afirma, com um sorriso travesso.
- Está bem, vou me arrumar - Amélia concorda.

Ao chegarem na beira do rio, Amélia se depara com Vitor.
- Manuela? - ela olha para a filha pedindo uma explicação.
- É isso mesmo, mãe. Eu lhe trouxe para passear com o Vitor. Vocês vão para
um lado e eu para o outro. Mais a tarde nos encontramos aqui de novo. Para
todos os efeitos, a senhora saiu e voltou comigo.
- Vocês são loucos... - comenta Amélia, sorrindo.
- Vem, Amélia, a tarde é nossa - chama Vitor.
Ela olha para a filha e sorri, depois vai até Vitor, que a ajuda a subir na lancha.
Eles partem navegando pelo Araguaia.

Vitor leva a lancha até uma praia deserta, num canto mais escondido do rio.
- Vamos parar aqui um pouco? - ele sugere, já desligando os motores e tirando
a camiseta.
- Pra quê? - pergunta Amélia, insegura, mas olhando para o tórax dele.
Vitor a enlaça pela cintura e olha nos olhos dela:
- Aqui nós estamos livres, podemos fazer o que quiser... ninguém vai nos ver.
Ele a beija com carinho, depois tira com cuidado a túnica que ela tem sobre o
maiô.
- Vem, vamos para a água - Vitor convida.
Ele tira a bermuda, ficando só de sunga, e pula na água. Então chega bem
perto da lancha e estende a mão para Amélia. Ela segura a mão dele e vai
descendo com cuidado, até estar nos braços de Vitor, na água. Ele a beija e vai
descendo com ela até estarem submersos. Vitor beija Amélia mais um pouco
dentro da água e eles voltam para a superfície. Amélia ajeita os cabelos e ri:
- Sabe que eu nunca tinha feito isso antes?
- Feito o quê?
- Ah... namorar dentro do rio - ela confessa, um pouco encabulada.
Vitor dá um grande sorriso e comenta:
- Viu, como você ainda tem muita coisa pra viver?
Amélia olha nos olhos dele como se falasse com o olhar o quanto o ama. Os
lábios dos dois vão se aproximando, e eles trocam mais um beijo apaixonado.
Vitor desce com beijos pelo pescoço dela, baixa uma alça do maiô e continua
beijando o colo de Amélia, chegando até os seios. Eles se entregam
completamente àquele momento, e se amam dentro do rio.

Quando voltam para a lancha, Amélia diz, sorrindo:
- Vitor, que loucura nós fizemos...
- Uma loucura maravilhosa - ele responde com um sorriso iluminado.
- Tem razão - ela concorda, acarinhando o rosto dele e o olhando com jeito
apaixonado.
Vitor liga a lancha e eles voltam ao ponto de partida. Manuela chega
praticamente ao mesmo tempo. Descem à terra juntos.
- Não quero saber nada, mãe - Manu se apressa a dizer - Mas é muito bom ver
esse brilho no seu olhar...
- Vou indo na frente. Até mais tarde, Amélia... - avisa Vitor, roubando um rápido
beijo dela - E muito obrigado, Manu.
- De nada.
Amélia espera Vitor se afastar e então abraça Manu:
- Ah, filha... foi uma tarde de sonho.
- Então tudo valeu a pena, dona Amélia...
Elas vão caminhando de volta à cidade, abraçadas.

Amélia chega à estalagem e vai tomar um banho. Quando sai do banheiro,
ainda de roupão, encontra Vitor sentado em sua cama.
- Vitor? O que você está fazendo aqui?
- Não consigo mais ficar longe de você, Amélia... - ele responde enquanto se
levanta e se aproxima dela. E a beija apaixonadamente.


                                       VII
Quando descolam os lábios, depois de um beijo demorado, Amélia questiona
com doçura:
- Mas nós passamos a tarde inteira juntos...
- Sim, mas depois voltamos para cá separados, como se estivéssemos fazendo
algo errado. E não estamos, Amélia! Pra quê continuar se escondendo?
- Já conversamos sobre isso, Vitor...
- Eu sei, e prometi esperar o seu tempo. Só que é muito difícil disfarçar o que
sinto. Acho que qualquer pessoa que me pegue olhando pra você vai conseguir
enxergar nos meus olhos que eu te amo...
- Não dá para esconder completamente, é verdade. Mas eu tenho medo não é
por mim, é por você... não aguentaria te perder, Vitor - confessa Amélia,
abraçando ele.
- Você não vai me perder - ele afirma.
- Como eu queria ter essa sua segurança...
- Tenho certeza que um amor tão forte nada nem ninguém pode destruir - Vitor
explica, olhando nos olhos de Amélia, que sorri emocionada.
Ele continua:
- Nós temos que ir embora daqui, Amélia, nem que seja apenas por um tempo,
até a poeira baixar, até o Max se acostumar com a idéia de que você não é
mais a mulher dele... E quanto a gente voltar, nosso amor já vai ser fato
consumado, nem o Max Martinez vai fazer alguma coisa contra.
Amélia pensa um pouco e responde:
- Talvez seja a melhor solução... Mas quero conversar com meus filhos antes
de decidir qualquer coisa. Está bem?
- Claro, converse com eles. Mas não demora muito pra decidir, tá? Porque eu
não vejo a hora de sair com você daqui, de poder mostrar pra todo mundo o
quanto te amo...
- Eu também quero isso, viu? - ela garante, e eles beijam-se de novo.

Alguns dias depois, Amélia e Vitor saem da cidade. E a notícia de que eles
viajaram juntos corre de boca em boca. Assim que fica sabendo, o delegado
Geraldo procura Max:
- Já está sabendo, Max? Sua mulher viajou com Vitor Villar.
- Como é? Com aquele moleque?
- É, e pelo que andam dizendo, eles pareciam dois pombinhos - conta o
delegado, em tom irônico.
- Não é possível que a Amélia ande enrabichada por um guri que tem idade
para ser filho dela... isso é uma afronta.
- Pois é, Max... - comenta Geraldo, se segurando para não rir.

Assim que Geraldo vai embora, Max procura Manuela e pergunta:
- Por acaso tu sabes se tua mãe anda de cacho com o teu ex-noivo?
- Disse bem, pai: ex-noivo. O Vitor é livre para namorar com quem ele quiser. E
minha mãe também. Ela já se separou do senhor, lembra?
- Então é verdade! A Amélia não tem vergonha de se deitar por aí com um guri
que mal deixou as fraldas?
- Modere as palavras, seu Max... E o Vitor não é nenhum moleque. Aliás, ele
tem muito mais caráter que o senhor...
- Até você está contra mim, Manuela?
- Ora, pai, o senhor só está colhendo o que plantou. Não é? - diz Manu, e sai,
deixando o pai sozinho.
Max pensa em voz alta:
- Eu preciso fazer alguma coisa. Não posso deixar isso barato... Amélia e Vitor
me pagam.


                                       VIII
Amélia e Vitor vão para Paris. Eles caminham à beira do rio Sena, de mãos
dadas. De repente, Vitor pára.
- Que foi, Vitor?
- Vem cá - ele diz, puxando Amélia para seus braços e beijando-a
apaixonadamente.
Quando consegue, ela diz quase sem fôlego:
- Vitor, estamos no meio da rua, está todo mundo olhando...
- É isso mesmo que eu quero, que olhem, que todo mundo veja o nosso amor -
ele responde, aumentando o volume da voz a cada palavra, quase gritando
"nosso amor" enquanto toma Amélia nos braços e rodopia com ela.
Quando a coloca no chão de novo, Vitor olha para Amélia com um sorriso
radiante. Ela também sorri de um jeito que transborda felicidade.
Mais tarde, Vitor entra no quarto do hotel e avisa Amélia:
- Arrume-se que nós vamos sair para jantar.
- Não vai perguntar se eu quero ir? Ou já está querendo me dar ordens? - ela
questiona, chateada.
Vitor olha para ela com olhar quase desesperado:
- Desculpa, Amélia, desculpa... não tive a intenção de ser rude. Quero tanto te
fazer feliz que acabo atropelando você, né? Perdoa meu mau-jeito, por favor...
- Calma, Vitor... - ela diz com ternura - Sei que você não é autoritário como o
Max. Você é jovem, impulsivo... age sem pensar às vezes. Só quero que você
meça um pouquinho as palavras, entende?
- Tenho muito que aprender ainda, né? Quero ser o melhor homem do mundo
para você, Amélia.
- Você já é... - ela afirma, chegando mais perto dele.
Eles se olham e terminam em mais um beijo apaixonado.

Na entrada do restaurante, Vitor pede ao maitre:
- Uma mesa para mim e minha mulher.
Amélia percebe que ele fala "minha mulher" cheio de orgulho, e sorri, muito
feliz por sentir-se tão amada.
Eles acomodam-se na mesa, e Vitor pede champagne. Quando a bebida
chega, ele entrega uma taça para Amélia. Com a outra mão, segura a mão dela
e pergunta:
- Você não acha que um amor como o nosso merece muitos brindes?
Ela olha nos olhos dele e lembra de tudo que viveram até aquele momento: o
primeiro beijo, o reencontro após o acidente dele, o beijo no banheiro, a
primeira noite de amor, a tarde no rio...
- Muitos. Todos os brindes possíveis - Amélia finalmente diz, emocionada.
Eles tocam as taças e bebem um gole de champagne, sem tirar os olhos um do
outro. Vitor chama o garçom novamente e pede:
- Pode trazer.
Amélia fica olhando, intrigada, enquanto Vitor tira uma caixinha do bolso. O
garçom chega e entrega a ele uma outra caixa parecida mas um tanto maior.
- Essa não cabia no bolso - comenta Vitor, com um sorriso travesso, enquanto
coloca a caixa maior sobre a mesa.
- Você está me deixando curiosa - confessa Amélia, sem conseguir disfarçar a
ansiedade.
- Já vou matar sua curiosidade... - ele responde, abrindo a caixinha e
mostrando um anel dentro dela.
- Nossa, é lindo... - é só o que Amélia consegue dizer.
Vitor pega o anel e, com todo o cuidado, coloca no dedo dela, finalizando com
um carinhoso beijo na mão.
- Vitor, não sei nem o que dizer...
- Espera que tem mais... como você mesmo diz, eu sou impulsivo. Fui para
comprar um anel, mas não resisti, porque quando vi isso, imaginei como ficaria
lindo em você - ele fala, enquanto entrega a caixa maior nas mãos dela.
Amélia abre a caixa. Dentro, o colar mais lindo que ela já viu.
- Você é maluco... - ela comenta sorrindo.
Ele dá um grande sorriso e pergunta:
- Posso colocar em você?
Ela apenas concorda com a cabeça e o olhar.
Vitor levanta-se, pega o colar, e posicionando-se atrás da cadeira de Amélia,
põe o colar no pescoço dela. Depois volta para a frente dela e a contempla.
- Como você consegue ficar ainda mais linda? - ele comenta com um olhar
apaixonado.
De repente, eles se dão conta que o restaurante inteiro está parado,
observando os dois. Vitor olha ao redor e anuncia:
- É isso mesmo, eu amo essa mulher!
- Vitor, pára... - Amélia sussura, encabulada, mas ao mesmo tempo encantada
com a declaração pública de amor.
Vitor senta-se novamente e olha para Amélia.
- Parar? Estou só começando...


                                      IX
Durante os dois meses seguintes, Vitor e Amélia passam por várias cidades da
Europa. Em cada uma delas, Vitor rouba beijos de Amélia no meio da rua, e faz
surpresas durante os passeios.

No Araguaia, Max passa quase todo o tempo tentando arquitetar uma
vingança, mas não consegue achar o que considera o plano perfeito. Até que
ele tem um infarto e morre. Assim que recebem a notícia, através de Manuela,
Amélia e Vitor voltam correndo. Chegam logo após o enterro e vão direto para
a casa da fazenda, onde encontram Manu sendo consolada por Solano.
- Como você está, minha filha? - é a primeira coisa que Amélia pergunta a
Manu, enquanto abraça a filha.
- Estou bem, seguindo em frente.
Solano se despede e vai embora. Amélia pergunta à Manu:
- E o Fred?
- Estava aqui até há pouco. Só foi para a casa da Janaína depois que o Solano
chegou para ficar comigo. Não sei se o Fred estava se segurando para me dar
força, mas não vi ele derramar nenhuma lágrima pelo papai.
- Meus sentimentos, Manu - diz Vitor - por mais que eu tivesse meus problemas
com o Max, ele era seu pai.
- Obrigada, Vitor. Mas imagino que você esteja se sentindo aliviado com a
morte do meu pai. Afinal, agora Max Martinez não é mais uma ameaça para
vocês.
- Não posso negar isso, né? - responde ele, constrangido.
- Tudo bem, não se culpe. Eu sei bem o quanto ele queria vingança.
- Obrigado - conclui Vitor, se dirigindo em seguida à Amélia - Vou visitar a Terê,
o pessoal da estalagem... sei que é você quem a Manu mais precisa nesse
momento.
Amélia dá um rápido e delicado beijos nos lábios dele, e Vitor sai, enquanto
Manu se aconchega nos braços da mãe.

Horas depois, quando Vitor volta, encontra Amélia sozinha na sala. Ele não fala
nada, apenas a abraça.
- Ah, Vitor... por um lado, eu sinto pelos meus filhos... mas por outro, é como se
eu tivesse tirado um peso tão grande das minhas costas. Me sinto livre como
nunca senti - ela desabafa.
- Imagino... agora você não tem mais nada a temer. E nós podemos viver
nosso amor sem medo.
- É... livres... - Amélia não consegue dizer mais nada, porque Vitor a beija
intensamente, e ela corresponde aos beijos.

Eles ainda estão trocando beijos apaixonados quando ouvem a voz de Manu,
que está descendo as escadas:
- Mãe?
Amélia se afasta de Vitor e abraça a filha enquanto diz a ela, com ternura:
- Achei que você ainda estava descansando. Eu já ia avisar ao Vitor que vou
passar a noite com você, dando um colinho de mãe... - Amélia se dirige a Vitor
- Você compreende, né?
- Claro, Amélia... já esperava por isso - ele responde.
- Se você quiser pode ficar no quarto de hóspedes, Vitor. Não precisa pegar a
estrada pra cidade a essa hora da noite... - convida Manu.
Amélia sorri e acrescenta:
- Fica. Vou pedir pra Lurdinha arrumar o quarto.

É quase madrugada quando Amélia entra no quarto de hóspedes e senta na
cama, pertinho de Vitor.
- A Manuela dormiu, acho que está mais tranquila...
- E você, como está?
Amélia olha para ele e pede:
- Preciso de um abraço bem forte...
Imediatamente, Vitor a aperta em seus braços.
- Ah, que bom... ao seu lado parece que eu ganho mais força, que até minha
alma se revigora - ela comenta baixinho, quase no ouvido dele.
- Então fica aqui nos meus braços o quanto você precisar...
- Eu ficaria todo o tempo do mundo... - Amélia responde sorrindo - mas preciso
voltar para o quarto da Manuela.
- Está bem. Mas se precisar de mais um abraço... - ele avisa, beijando-a com
carinho.


                                        X
Manu, Amélia e Vitor estão tomando o café da manhã quando Fred chega.
- Filho! - diz Amélia, levantando para abraçá-lo - você está bem?
- Já chorei tudo que tinha pra chorar, mãe. Agora é seguir em frente.
- Foi bom você falar isso, Fred. Nós temos que decidir como tocar a fazenda.
Há famílias que dependem dela, o trabalho tem que continuar - lembra Manu.
- É... faça o que achar melhor, Manu. Vou continuar com minha operadora de
turismo, não pretendo me envolver com a fazenda - responde o irmão
- Vai largar tudo nas minhas mãos, é? - retruca ela, em tom de leve brincadeira.
- Com carta branca - assegura Fred - E acho que você tem alguém bem mais
capacitado que eu para lhe ajudar nessa tarefa - ele acrescenta, olhando para
Vitor.
- Com certeza, pode contar comigo para o que precisar. Tanto aqui na fazenda
como no frigorífico. O Max era o sócio majoritário, vocês vão herdar as ações
dele - afirma Vitor.
- Que bom - comenta Manu - Toda ajuda é bem vinda. O frigorífico é seu por
direito, Vitor, no que depender de mim você está de volta ao controle dele.
Mas, voltando à fazenda... mãe, Fred, eu queria fazer algo que vai marcar o
começo de um novo tempo no Araguaia... e gostaria do apoio de vocês.
- No que você está pensando, filha?
- Bom, eu e o Solano já estamos planejando nosso casamento ... então, é até
natural que a gente pense em unir as duas fazendas numa só. Essas terras já
foram motivo de tanta discórdia... a partir de agora podem representar a paz. E
o respeito por cada trabalhador, como já acontece em Girassol.
- Nossa, Manuela, que palavras lindas... eu estou do seu lado, minha filha -
assegura Amélia.
- E claro que eu também, maninha - acrescenta Fred.
Manuela sorri e avisa, animada:
- Então vou começar a arregaçar as mangas. Vou procurar o Solano.

Chega o dia do casamento de Manu e Solano. A cerimônia é feita na fazenda,
ao ar livre. Na mesma mesa se reúnem, além dos noivos, Amélia e Vitor, Fred
e Janaína, Bruno e Teresinha, Beatriz, Tavinho e Lenita, como uma só família.
Depois, enquanto todos dançam e se divertem, Amélia observa um pouco à
distância. Vitor chega por trás e a abraça, perguntando com ternura:
- Que foi, porque não vem participar da festa?
- Estou contemplando a felicidade da minha filha... sabe, Vitor, não tem nada
que realize mais uma mãe do que ver um filho assim, feliz com toda a
plenitude.
- Imagino...
Amélia olha para Vitor e acaricia seu rosto:
- Eu não posso mais te dar filhos... tem certeza que não vai se arrepender de
não ter escolhido uma mulher mais jovem?
- Amélia, eu já te garanti que não me importo... não pensa mais nisso. Sabe o
que eu acho? Que assim é até melhor... sem crianças, eu tenho mais tempo
para cuidar de você.
- Ah, Vitor... você existe mesmo? - brinca Amélia, com um sorriso iluminado.
- Existo e amo você - ele responde, beijando-a - E antes que eu esqueça: eu
não te escolhi, acho que já estava escrito... você é minha metade, lembra?
Eles trocam mais um beijo apaixonado, e depois Amélia olha para Manu e
Solano novamente. Fica observando por alguns instantes e comenta:
- Não é engraçado lembrar que podia ser você quem estaria se casando com a
Manuela?
- Ainda bem que isso não aconteceu, né? Imagina, Amélia, se eu tivesse
casado com a Manu e depois me descobrisse apaixonado por você? Ia ser
uma tragédia... - Vitor dá uma risada.
- Bobo... - Amélia também ri.
- Tá, então vou falar sério - ele olha nos olhos dela - Você é o amor da minha
vida, e eu te amo como nunca amei e nem vou amar mulher nenhuma.
- Também te amo, Vitor, como nunca imaginei que fosse possível amar
alguém...
Vitor sorri e suavemente se aproxima dos lábios de Amélia, beijando-a com
amor. Entre os beijos, ele sussurra "te amo" várias vezes. A cada declaração
dele, ela também sussurra "te amo".
XI
Manu e Solano partem para a lua-de-mel. Vitor e Amélia se despedem dos
últimos convidados que estavam na festa, dispensam os empregados e entram
na casa.
- Estou feliz, mas exausta. Tudo que eu preciso agora é de um bom banho -
comenta Amélia.
- Boa ideia... eu também preciso - diz Vitor, com um sorriso travesso e um olhar
carregado de segundas intenções.
- Vitor, você não está pensando... - questiona Amélia, sem conseguir terminar a
frase, querendo censurá-lo mas sorrindo.
- Qual o problema, Amélia? Estamos sozinhos aqui... vem, vamos para o banho
- ele responde, pegando a mão dela e conduzindo Amélia pela escada.

No manhã seguinte, Vitor entra no quarto com uma bandeja de café e a coloca
num canto da cama. Ele se aproxima de Amélia e fica por alguns instantes a
observando.
- Amélia... você é linda até dormindo... - ele murmura para si mesmo.
Em seguida, acaricia o rosto dela, que acorda ao sentir o toque.
- Bom dia... - ele diz, trazendo a bandeja para mais perto de Amélia.
- Vitor... nossa, acho que eu dormi demais. Eu queria trazer café pra você na
cama, mas não consegui acordar a tempo - ela comenta.
- Você ainda vai ter oportunidade. Mas hoje é minha vez - ele diz com ternura.
Ela sorri e senta-se na cama, começando a tomar o café. Eles fazem a refeição
juntos. Amélia comenta:
- O dia ontem foi mesmo muito cansativo... Acho que vou ficar um pouco mais
na cama.
- Podemos passar o dia inteiro aqui. É domingo, e estamos só nós dois em
casa mesmo... - Vitor sugere com um olhar sedutor.
- É, então acho que podemos nos permitir um dia inteiro de "dolce far niente"...
- ela devolve, sorrindo.
- Você acha que eu vou ficar ao seu lado sem fazer nada? - ele pergunta com
um sorriso malicioso, enquanto coloca a bandeja no chão e cola seu corpo ao
de Amélia, beijando-a intensamente.

Chega a segunda-feira, e Amélia acorda com o barulho do despertador. Olha
para o lado e vê Vitor já sentando-se na cama e se espreguiçando.
- Vitor, por que está acordando tão cedo? - ela pergunta ainda com voz de
sono.
- Preciso ir para Juruanã, tenho um frigorífico para tocar, lembra?
- É mesmo, já havíamos falado nisso.
- Você não vem?
- Prometi para a Manuela que ficaria cuidando da fazenda enquanto ela estiver
fora.
- Mas eu não vou deixar minha mulher sozinha aqui, não - ele avisa com um
tom protetor - Vamos fazer assim: você vem comigo, eu resolvo tudo lá no
frigorífico, passo algumas instruções e tiro o restante da semana de folga. A
gente volta ainda hoje para a fazenda.
- Você pensa em tudo mesmo... - ela responde com um sorriso, e levanta-se da
cama, indo em direção ao banheiro - Vou me arrumar.
Quando Amélia sai do banheiro, Vitor questiona:
- E depois? Você já casou sua filha, Amélia, não tem mais com que se
preocupar... quando você vai morar de vez comigo em Juruanã? Eu adoro ficar
aqui em Girassol, mas não posso trazer o frigorífico na mala... - ele ri, e
continua - Prometo que vamos vir sempre para cá.
Ela se aproxima e olha nos olhos dele antes de responder:
- Você tem razão... depois que a Manuela chegar, eu faço as malas.
Vitor abre um grande sorriso e diz:
- Vou contar os dias.


                                      XII
Após o retorno de Manu e Solano, as terras das famílias Martinez e Rangel se
tornam uma só, aumentando a cidade de Girassol. Amélia deixa o casarão da
fazenda para a filha, mas Manu sugere que a mãe e Vitor tenham a própria
casa lá. Vitor manda construir uma casa menor, mas muito aconchegante, para
onde eles vão todos os fins de semana.

Numa tarde de sábado, Amélia e Vitor estão abraçados numa rede,
descansando, quando ele comenta:
- Estava pensando... a Terê nos ajudou tanto, queria dar um presente para ela.
Mas não um presente qualquer.
- Você tem alguma idéia?
- Tenho. Preciso primeiro falar com o Fred e a Janaína. Vamos lá agora?
- Claro, vou adorar ver meu filho.

Vitor sugere a Fred e Janaína que a casa de shows abrigue um espetáculo de
circo uma vez por semana.
- Vocês só entram com o local. Os custos ficam por minha conta. Mas não
falem nada para a Terê, é uma surpresa.
Os dois apoiam a idéia de Vitor, e ele procura Neca Tenório para contar a
novidade. E pede que o artista organize todo o primeiro espetáculo sem contar
nada para a mãe, colocando-se a disposição para ajudar, principalmente com
as despesas.

No dia marcado para o espetáculo, Amélia e Vitor visitam Terê, que fica muito
feliz com a presença deles.
- Meus amigos! Como é bom vê-los assim, tão felizes, podendo viver em paz
esse amor tão lindo...
- Devemos muito a você, fada madrinha! - Vitor diz, abraçando a amiga.
- Que nada, eu apenas fiz o que meu coração mandou.
- Você ajudou a abrir meus olhos, Terê... - confessa Amélia.
- Lembra o que eu disse no dia em que vi seu futuro? Mesmo que não tivesse
te falado nada, você não poderia fugir do seu destino.
- Mesmo assim, eu vou ser eternamente grata a você, minha amiga... -
responde Amélia, abraçando Terê carinhosamente.
Vitor interrompe:
- Terê, nós viemos aqui para te levar a um lugar...
- Que lugar?
- É surpresa. Confia na gente?
- Confio. E estou curiosa.
Quando param em frente à casa de shows, Terê pergunta:
- Mas aqui? O que tem na casa de shows?
- Abra a porta, Terê - responde Vitor.
Terê entra e se depara com o salão todo enfeitado para um espetáculo de
circo. As luzes se acendem no palco, e Neca entra, abrindo o espetáculo. Terê
assiste a tudo com os olhos marejados.
Depois da apresentação, Neca abraça a mãe com força e depois conta:
- Foi o Vitor que tornou tudo isso possível, mamãe. Ele agora é nosso sócio.
- Isso mesmo, Terê. Você tem seu circo de volta. Com o tempo, a gente
constrói um picadeiro em outra área, de repente até uma escola de artes
circenses, imagina? No que depender de mim, você não fica mais sem o circo.
Terê não consegue segurar as lágrimas enquanto abraça Vitor e Amélia, ao
mesmo tempo.
- Obrigada, obrigada... - é só o que consegue dizer.

Algumas semanas depois, Amélia e Vitor recebem um recado de Terê,
avisando que eles são convidados de honra para o próximo espetáculo do
circo.
"Vamos contar uma linda história, que vocês conhecem bem", ela antecipa.


                                      XIII
Terê recebe Amélia e Vitor na porta do salão.
- Sejam bem vindos - ela diz, abraçando os dois - Os lugares de vocês já estão
reservados, na primeira fila. Venham comigo.
- O que você está aprontando, Terê? - pergunta Amélia, com doçura.
- Apenas retribuindo a surpresa.

O espetáculo começa. A trupe do circo encena a história de uma rainha que
era muito triste. Vivia em seu castelo com o rei, um homem muito autoritário e
até cruel, e seus dois filhos. Apesar de já ter filhos adultos, a rainha ainda era
jovem e muito bonita. Porém, seu olhar trazia sempre uma sombra de tristeza.
Um dia, um príncipe chegou ao castelo para pedir a mão da princesa. Mas a
jovem princesa se apaixonara por um plebeu, um cavaleiro que mal chegara ao
reino. O príncipe não queria desistir.
A rainha o aconselha, e nasce uma linda amizade entre os dois. A cada dia o
príncipe se aproximava mais da rainha, aquela amizade se tornando cada vez
mais importante para os dois. Até que o príncipe percebeu que seu coração era
da rainha, e não da princesa. Sem saber como resolver aquela situação, ele
decidiu voltar para o seu reino. Mas no caminho sofreu um acidente e ficou
perdido na floresta por dias. Enquanto lutava para sobreviver, percebeu que
sua vida não tinha sentido sem a linda rainha.
Ao saber do acidente, a rainha também entende que se apaixonou pelo
príncipe. Ele consegue voltar ao reino dela, e decide lutar por aquele amor. A
rainha, a princípio, tem medo da reação do rei e dos filhos. Mas o sentimento é
mais forte, e ela deixa o castelo. Com o príncipe, a rainha volta a ter brilho nos
olhos. E o príncipe descobre com a rainha o verdadeiro amor. O rei promete se
vingar, mas não consegue cumprir a ameaça, porque tanto ódio acaba fazendo
seu coração parar de funcionar. Com a morte do rei, a rainha e o príncipe
ficaram livres para viver seu amor. E foram felizes para sempre.
- Que essa história sirva de incentivo a todos, para que não deixem jamais de
acreditar no amor - conclui Terê.

Na primeira fila, lágrimas escorrem pelas faces de Amélia e Vitor.
- É a nossa história... - ela diz baixinho.
- Sim... e é a história mais bonita do Araguaia - ele acrescenta, enquanto
enxuga as lágrimas dela com as pontas dos dedos.
Eles se olham nos olhos e vão aproximando os lábios, que se encontram em
um beijo carregado de amor.
                                         FIM

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Amélia & vitor, a força do amor

  • 1. Amélia & Vitor, a força do amor I Manuela desce de madrugada para tomar um copo de água e encontra a mãe na sala, pensativa. E se aproxima dela: - Mãe? Amélia, distraída, não escuta o chamado da filha. Manu chega mais perto, chamando de novo: - Mãe? Só então Amélia desperta do seu devaneio: - Hã? Ah, filha, nem vi você entrar... - É, eu percebi. Aconteceu alguma coisa, dona Amélia? Acordada uma hora dessa... - Estou sem sono, fiquei aqui pensando na vida... - E esse olhar tristonho é por quê? Amélia olha para a filha e suspira: - Ah, Manu... preciso tomar uma decisão muito importante. Mas tenho medo da reação do seu pai. - A senhora está falando em separação? Não sou mais criança, já percebi que a relação de vocês está por um fio faz tempo. Quero lhe ver feliz, mãe... dou todo o meu apoio no que a senhora decidir. - Que bom ouvir isso, mas... - Mas o quê? Amélia olha para Manu por alguns instantes e deixa cair uma lágrima. Só então prossegue: - Não aguento mais, preciso abrir meu coração para você... - Pode falar, mãe... não vou lhe julgar. - Nem se eu contar que me apaixonei por outro homem? Por favor, entenda uma coisa: nunca amei tanto nem fui tão amada... Isso não pode ser tão errado... - desabafa Amélia, num rompante. Manu, com expressão de surpresa, não fala nada. Amélia continua: - Sabe, quando casei com seu pai eu era muito jovem, não conhecia quase nada da vida. Achei que o Max era um bom homem para ser o pai dos meus filhos, construir uma família. E eu fui feliz, sim. Mas com o tempo ele foi ficando cada vez mais rude, me tratando como se eu fosse propriedade dele... Manu finalmente consegue dizer algo: - Entendo - ela balbucia, e segura as mãos da mãe. Amélia sorri para a filha e prossegue: - Eu andava me sentindo tão... vazia, seca de sentimentos... Então apareceu esse homem e fez eu me sentir mulher novamente, sentir que não estou velha, que ainda posso viver muita coisa... Estou me sentindo viva outra vez. Amélia fica em silêncio, esperando algum comentário de Manu, que diz: - Mãe, eu quero a sua felicidade. Lute por esse amor. Meu pai vai chiar por a senhora deixar dele, mas não tenha medo. Eu e o Fred não vamos deixar que o seu Max Martinez lhe faça nenhum mal. Emocionada, Amélia abraça a filha. - Obrigada, minha filha... obrigada por apoiar e me dar coragem. Quando a mãe volta para o lugar, Manu pergunta: - Eu conheço? - Quem?
  • 2. - O homem que está fazendo seu olhar brilhar. Eu reparei, viu? Amélia fica pensativa, como que escolhendo as palavras: - Filha... você acha loucura eu me apaixonar por homem bem mais jovem? - Claro que não. A gente não escolhe por quem se apaixona, o amor não vê idade. - É verdade - comenta Amélia, com um sorriso de quem está lembrando de algo bom. - E então, mãe? Conheço? - Conhece, aliás, conhece muito bem. Manu olha intrigada, Amélia respira fundo e revela: - É o Vitor. - O Vitor?! - exclama Manu em voz alta, quase gritando. - Fale baixo, pelo amor de Deus - pede a mãe, apreensiva. - Desculpa, é que não podia imaginar... o Vitor... quem diria... - Manu parece lembrar-se de algo - É por isso que ele está tão mudado, então? - O acidente mexeu muito com ele, também. - A Terê me disse que o Vitor estava apaixonado... mas eu nunca ia desconfiar... - Ele disse que a vontade de me ver de novo foi o que lhe deu forças para lutar pela vida, quando ficou perdido na mata... - conta Amélia, sorrindo, com olhar apaixonado. - Nossa, parece até uma história de cinema... - brinca Manu. Amélia sorri um tanto encabulada. - Mãe, o que eu disse continua valendo. Estou do seu lado. Faça o que tem que ser feito. Agora vou tentar dormir e digerir isso tudo. Fica bem - conclui Manuela, dando um beijo no rosto da mãe. Amélia observa a filha subir as escadas e sorri, com uma luz de esperança no olhar. No dia seguinte, logo após o café da manhã, Amélia pede para conversar com Max no escritório. Torcendo as mãos de nervoso, ela respira fundo e diz: - É melhor eu ir direto ao assunto. Max, eu quero o divórcio. - O quê? Estás brincando. - Estou falando muito sério. - Pois tire o cavalo da chuva, porque não vais te separar de mim. - Ora, Max, você pensa que é meu dono? - Mas que atrevimento é esse? - Vai ser difícil chegar a um acordo com você. Queria resolver essa situação pacificamente, mas se não tem outro jeito... - Amélia se dirige à porta. - O que vais fazer? - Logo você vai saber... - ela responde, e sai. II Enquanto isso, Manu procura Vitor na estalagem. - Manu, que surpresa... - Podemos conversar? - Claro, senta. Manu pensa um pouco e diz: - Vitor, minha mãe me contou tudo. Disse que vocês estão apaixonados.
  • 3. Vitor abre um sorriso iluminado e responde: - Eu amo a Amélia e tudo que quero é fazê-la feliz, pode ter certeza. - Acredito nisso. E vocês têm o meu apoio. Conheço bem o pai que eu tenho... e sei que minha mãe merece muito mais do que ele pode dar. Só acho que primeiro ela tem que resolver a situação com ele. - Claro, é o correto... Muito obrigado, Manu, de coração - agradece Vitor, abraçando-a. - De nada. Só mais uma coisa: toma cuidado com a minha mãe, hein? - Sempre. A Amélia é o que há de mais importante na minha vida. Depois, Manuela procura Fred e conta tudo ao irmão. Passado o choque inicial, ele comenta: - Bom, eu sou o que menos pode criticar. Afinal, me apaixonei por uma mulher mais madura. - É isso aí, maninho. A dona Amélia precisa de nós nesse momento. Amélia faz as malas e coloca tudo no carro. Quando está fechando o porta- malas, Max se aproxima: - Que tu pensas que estás fazendo? - Indo embora. Vou viver a minha vida, longe de você. - Se saíres daqui, vais com uma mão na frente e a outra atrás. Não vais levar nada, tudo isso foi comprado com o meu dinheiro. - É, Max, mas nós casamos com comunhão de bens. Eu tenho meus direitos. - Isso é o que nós vamos ver. - Ah, é? - responde Amélia com ar de desdém, e entra no carro, indo embora. Vitor está descendo as escadas quando Amélia entra na estalagem com uma mala. Ele corre na direção dela: - Amélia! Ela põe o dedo na frente dos lábios, sinalizando para ele não dizer nada. Dá um olhar cúmplice a ele, e depois se dirige a Terê: - Tem um quarto vago? - Ah, minha amiga, que bom ver você aqui. Vem comigo. Amélia troca mais um olhar com Vitor e segue com Terê. Logo depois, Vitor bate na porta do quarto de Amélia. - Pode entrar. Ele entra e lhe dá um beijo muito apaixonado. Sorrindo, ela diz: - Me libertei, Vitor... Ele olha nos olhos dela e responde: - Agora você está livre para mim... - É, só faltam as formalidades. Mas o importante é que consegui, dei o passo que precisava. Eles beijam-se novamente. Os beijos vão ficando mais quentes, eles deitam-se na cama. Mas Amélia interrompe: - Calma, Vitor... aqui não, ainda não. Pode chegar alguém. - Tem razão. Mas é tão difícil resistir... - ele concorda, dando-lhe um delicado beijo nos lábios. Amélia sorri olhando para Vitor e levanta-se. Ele vai atrás e a abraça: - Vou tentar me controlar... mas ficar assim abraçadinho, pode, né?
  • 4. - Pode - diz ela com um sorriso. Eles trocam mais beijos cheios de carinho. Amélia e Vitor ainda estão aos beijos quando Manu e Fred batem na porta. - Mãe, viemos te ver, eu e o Fred - avisa Manu. III Amélia se afasta um pouco de Vitor, respira fundo e diz: - Podem entrar. Manu entra já indo abraçar a mãe, Fred vem atrás. - Liguei para casa e a Lurdinha me contou que você saiu com as malas - relata Manu. - Foi o seu apoio que me deu coragem, filha. Fred dá um beijo na mãe e cumprimenta Vitor: - Tudo bem? - Tudo. Amélia se apressa a falar, nervosa: - O Vitor me viu chegar com malas, veio saber como eu estava... Manu e Fred se olham com um sorriso travesso, e ela diz: - Mãe, o Fred já sabe do sentimento que está rolando entre vocês. Eu contei a ele. - Manu! Por que você fez isso? - responde a mãe, encabulada. - Porque eu sabia que a senhora ia ficar desse jeito, com medo de falar. E eu tinha certeza que ele ia entender. Amélia fica mais sem jeito ainda, e Fred a acalma: - Fica tranquila, mãe, está tudo bem. Pode contar comigo para o que precisar. Emocionada, Amélia dá um beijo no rosto do filho. Manu interrompe, se dirigindo ao irmão: - Agora você e o Vitor vão lá pra fora porque eu quero conversar a sós com a minha mãe. - Já estamos saindo, maninha! Depois que eles saem, Manu segura as mãos de Amélia e pergunta: - E então, mãe, como a senhora está? - Ah, filha... apavorada, mas muito mais feliz. - Apavorada por quê? - O que vou fazer da minha vida agora? - Vai ser feliz, dona Amélia... - É, vou ser feliz... - concorda Amélia, sorrindo. Fred também conversa com Vitor: - Olha, cara, não quis dizer nada na frente da minha mãe porque ela já passou por emoções muito fortes hoje... mas eu ainda estou bastante surpreso com tudo isso. Não se preocupe, não vou me opor, muito pelo contrário. Só levei um susto. - Fred, lhe dou a minha palavra: jamais farei qualquer coisa que magoe a Amélia.
  • 5. - Tá certo, vou confiar. Ah, agora estou entendendo como o Bruno se sentiu quando eu quis namorar a Janaína! Não é fácil ter uma mãe tão jovem e bonita... - Fred dá uma risada, e Vitor também ri. À noite, Amélia deita-se cedo, bastante cansada das emoções do dia. Está quase em sono profundo quando sente alguém lhe abraçar. Abre os olhos e vê Vitor. Eles se olham nos olhos por alguns instantes, até que Vitor diz com doçura: - Não aguentei saber que você estava tão perto... Vamos passar a noite juntos? - Seu maluco... - ela responde, sorrindo. Vitor sorri também e a beija intensamente, com as mãos percorrendo o corpo dela. Amam-se, cuidando para não fazer barulho. Antes do sol nascer, Terê abre uma frestinha da porta do quarto. Vê Amélia e Vitor dormindo abraçados, e chama o rapaz, sussurrando: - Vitor... Vitor... Ele abre os olhos e em seguida Amélia também acorda. - Eu tinha certeza de que você estaria aqui. Agora vá para o seu quarto antes que os outros hóspedes acordem - pede Terê, com ternura. Vitor beija Amélia com carinho e se levanta. Ao passar por Terê, dá um beijo no rosto dela e diz: - Acho que você é nosso anjo da guarda... ou nossa fada madrinha? Terê sorri, e Vitor sai do quarto. Amélia então comenta: - Ai, minha amiga, parece que eu voltei a ter 15 anos... - E está sendo muito bom, pelo que eu percebo. Nunca vi tanto brilho no seu olhar. - Só espero que o Max não descubra tão cedo. Temo que ele faça alguma coisa contra o Vitor. - Não pense nisso agora. Aproveite toda essa felicidade. Amélia sorri, e Terê sai do quarto. Depois de fechar a porta, Terê pensa em voz alta: - Que Deus proteja esses dois... IV No dia seguinte, a separação de Amélia e Max é o assunto da cidade. Alguém comenta de cá, outro comenta de lá, logo se começa a especular que Amélia trocou o marido por um homem mais jovem, já que Max é bem mais velho do que ela. Na fazenda, Max pede para o delegado Geraldo vigiar Amélia, tentar descobrir o que ela está fazendo. - Sei que ela foi para a estalagem. Vou passar por lá, ver se pesco alguma coisa. Mas não posso ficar vigiando todos os passos da sua mulher, Max. - Buenas, mas tente descobrir quem é o safado. Tenho certeza que tem outro macho nessa história... Na estalagem, Terê está levando uma bandeja de café da manhã quando Vitor a aborda no corredor: - Deixa eu levar? Por favor, Terê... ninguém vai ver - ele pede com ternura.
  • 6. - Tá bom, Vitor, mas cuidado... Ele abre um grande sorriso, pega a bandeja e dá um beijo no rosto de Terê em agradecimento. Vitor entra no quarto com a bandeja, e Amélia acorda. - Bom dia, meu amor... - ele diz, colocando a bandeja na cama, e beijando os lábios de Amélia. - Ninguém viu você subindo com tudo isso? - pergunta ela, apreensiva. - Não se preocupe, era a Terê quem estava trazendo... só peguei aqui na porta. - Ah, melhor assim... - responde Amélia, mais tranquila. Vitor olha para ela com ar apaixonado. Depois, pergunta, com um sorriso: - Dormiu bem? Amélia sorri, um tanto encabulada: - Você ainda pergunta... - ela acaricia o rosto dele e continua - Vitor, é tudo tão maravilhoso que dá até medo. - Medo por quê? - ele questiona com doçura. - De que essa nossa felicidade seja ameaçada por alguma coisa... Vitor olha bem nos olhos de Amélia e diz: - Eu não vou deixar nada estragar nossa felicidade. Fica tranquila - ele garante, abraçando-a com força e carinho. Eles ficam abraçados por alguns instantes, até que Amélia diz: - Eu amo você... - Também te amo, muito. Trocam um beijo apaixonado. Depois, Vitor pega uma pequena torrada, passa um pouco de geléia e leva à boca de Amélia, com carinho. À tardinha, Geraldo volta à fazenda e relata à Max: - Segundo o que apurei, dona Amélia não saiu da estalagem desde que chegou. - Então pode ser que o amante dela também esteja morando lá. - O senhor desconfia de alguém? Max coça a cabeça: - Pior é que desconfio... mas vou tomar minhas providências. - Max, vê lá o que você vai fazer... - Não esquente a cabeça, Geraldo. Com Max Martinez, não há ponto sem nó! Terê entra no quarto de Vitor trazendo algumas roupas limpas. O rapaz está pensativo, com um sorriso no rosto. Ela comenta: - O amor é lindo, mesmo... Ele sorri mais ainda e, quando Terê deixa as roupas sobre sua cama, segura as mãos da amiga, dizendo: - Obrigado por tudo. Você tem sido nosso anjo, com certeza. Ao segurar nas mãos de Vitor, Terê tem uma visão. Vê um tiro sendo disparado. Ela olha para o rapaz com um jeito preocupado, e ele percebe: - O que foi, Terê? - Nada, não - ela tenta disfarçar - Mas tome cuidado. V No dia seguinte, bem cedo, Terê entrega um amuleto para Vitor.
  • 7. - Meu filho, não ande mais sem essa proteção. - Por quê? Você acha que corro algum risco? - É até óbvio, né? Você está vivendo uma história com a mulher de Max Martinez. E ele é perigoso. - Eu não tenho medo dele. - Não é questão de medo, mas de cautela. Por favor, não saia mais sem esse amuleto no pescoço, tá? Vitor coloca o cordão no pescoço e assegura: - Pode deixar. O sol começava a se pôr quando Vitor foi caminhar na beira do rio. Andava como se flutuasse, de tão feliz que estava. De repente, um tiro o acerta. Ele cai, mas logo percebe que não se feriu. A bala acertou o amuleto, ficando presa nele. Impressionado, Vitor volta correndo para a cidade. Procura pelo delegado e registra queixa da tentativa de assassinato, mostrando a bala. Mas pede para ficar com o amuleto mais um pouco, porque precisa mostrar para uma pessoa. Geraldo concorda, desde que depois ele entregue a peça para a perícia. Vitor chega na estalagem quase sem fôlego, chamando: - Terê! Terê! Ela aparece logo, preocupada: - Que foi, que desespero é esse? Ele mostra o amuleto com a bala encravada, e Terê exclama: - Meu Deus! Quando foi isso? - Agora há pouco, na beira do rio. Você sabia que isso ia acontecer, por isso me deu o amuleto, não é? - Eu tive um aviso, sim. Que bom que você me ouviu! - ela responde, abraçando o rapaz. Amélia desce as escadas depressa: - Vitor! O que aconteceu? - Sofri um atentado, Amélia - ele responde, mostrando a bala no amuleto. - Você não se feriu? - ela pergunta, tocando nele, muito nervosa. - Calma, está tudo bem... Isso me protegeu - Vitor ainda mostra o amuleto. Amélia fica pensativa e depois pergunta: - Você acha que pode ter sido o Max? - E quem mais ia querer me matar? - ele devolve. - Ah, Vitor, não vou me perdoar se o Max fizer alguma coisa com você... - Amélia afirma, abraçando o rapaz. - Ele não vai conseguir. Eu não vou lhe deixar sozinha, Amélia - Vitor promete, abraçando ela com força. Os dias passam, e Amélia e Vitor parecem cada vez mais apaixonados. Mas apenas Terê, Manu e Fred sabem do romance. - Ah, Amélia, eu queria gritar pro mundo inteiro ouvir o quanto te amo... - Vitor comenta, depois de mais um beijo trocado no quarto dela. - Eu também, Vitor... mas é melhor ainda tomarmos cuidado. O Max é capaz de tudo. Se só por desconfiança ele já... ai, não quero nem lembrar.
  • 8. - Então não lembra. E se todos souberem da nossa história, o Max ficará acuado... qualquer coisa que aconteça comigo, ele será o principal suspeito, já pensou? O Max pode ser qualquer coisa, menos burro. - É verdade... vou pensar, sei que não podemos ficar nos escondendo para sempre... mas me dê mais um tempo? - Claro, Amélia, o tempo que você precisar... - ele responde, beijando os lábios dela. Mais tarde, Vitor procura Manu: - Manu, você me ajudaria a fazer uma surpresa para a Amélia? - O que você precisa que eu faça? - Vou te explicar, chega mais perto. Ninguém pode ouvir. VI Pela manhã, Manu visita a mãe na estalagem e convida: - Vim lhe buscar para um passeio de lancha. Coloque um maiô e vamos... - Mas, filha... - Isso não é um convite, é uma intimação. A senhora vai passear comigo - Manuela afirma, com um sorriso travesso. - Está bem, vou me arrumar - Amélia concorda. Ao chegarem na beira do rio, Amélia se depara com Vitor. - Manuela? - ela olha para a filha pedindo uma explicação. - É isso mesmo, mãe. Eu lhe trouxe para passear com o Vitor. Vocês vão para um lado e eu para o outro. Mais a tarde nos encontramos aqui de novo. Para todos os efeitos, a senhora saiu e voltou comigo. - Vocês são loucos... - comenta Amélia, sorrindo. - Vem, Amélia, a tarde é nossa - chama Vitor. Ela olha para a filha e sorri, depois vai até Vitor, que a ajuda a subir na lancha. Eles partem navegando pelo Araguaia. Vitor leva a lancha até uma praia deserta, num canto mais escondido do rio. - Vamos parar aqui um pouco? - ele sugere, já desligando os motores e tirando a camiseta. - Pra quê? - pergunta Amélia, insegura, mas olhando para o tórax dele. Vitor a enlaça pela cintura e olha nos olhos dela: - Aqui nós estamos livres, podemos fazer o que quiser... ninguém vai nos ver. Ele a beija com carinho, depois tira com cuidado a túnica que ela tem sobre o maiô. - Vem, vamos para a água - Vitor convida. Ele tira a bermuda, ficando só de sunga, e pula na água. Então chega bem perto da lancha e estende a mão para Amélia. Ela segura a mão dele e vai descendo com cuidado, até estar nos braços de Vitor, na água. Ele a beija e vai descendo com ela até estarem submersos. Vitor beija Amélia mais um pouco dentro da água e eles voltam para a superfície. Amélia ajeita os cabelos e ri: - Sabe que eu nunca tinha feito isso antes? - Feito o quê? - Ah... namorar dentro do rio - ela confessa, um pouco encabulada. Vitor dá um grande sorriso e comenta: - Viu, como você ainda tem muita coisa pra viver?
  • 9. Amélia olha nos olhos dele como se falasse com o olhar o quanto o ama. Os lábios dos dois vão se aproximando, e eles trocam mais um beijo apaixonado. Vitor desce com beijos pelo pescoço dela, baixa uma alça do maiô e continua beijando o colo de Amélia, chegando até os seios. Eles se entregam completamente àquele momento, e se amam dentro do rio. Quando voltam para a lancha, Amélia diz, sorrindo: - Vitor, que loucura nós fizemos... - Uma loucura maravilhosa - ele responde com um sorriso iluminado. - Tem razão - ela concorda, acarinhando o rosto dele e o olhando com jeito apaixonado. Vitor liga a lancha e eles voltam ao ponto de partida. Manuela chega praticamente ao mesmo tempo. Descem à terra juntos. - Não quero saber nada, mãe - Manu se apressa a dizer - Mas é muito bom ver esse brilho no seu olhar... - Vou indo na frente. Até mais tarde, Amélia... - avisa Vitor, roubando um rápido beijo dela - E muito obrigado, Manu. - De nada. Amélia espera Vitor se afastar e então abraça Manu: - Ah, filha... foi uma tarde de sonho. - Então tudo valeu a pena, dona Amélia... Elas vão caminhando de volta à cidade, abraçadas. Amélia chega à estalagem e vai tomar um banho. Quando sai do banheiro, ainda de roupão, encontra Vitor sentado em sua cama. - Vitor? O que você está fazendo aqui? - Não consigo mais ficar longe de você, Amélia... - ele responde enquanto se levanta e se aproxima dela. E a beija apaixonadamente. VII Quando descolam os lábios, depois de um beijo demorado, Amélia questiona com doçura: - Mas nós passamos a tarde inteira juntos... - Sim, mas depois voltamos para cá separados, como se estivéssemos fazendo algo errado. E não estamos, Amélia! Pra quê continuar se escondendo? - Já conversamos sobre isso, Vitor... - Eu sei, e prometi esperar o seu tempo. Só que é muito difícil disfarçar o que sinto. Acho que qualquer pessoa que me pegue olhando pra você vai conseguir enxergar nos meus olhos que eu te amo... - Não dá para esconder completamente, é verdade. Mas eu tenho medo não é por mim, é por você... não aguentaria te perder, Vitor - confessa Amélia, abraçando ele. - Você não vai me perder - ele afirma. - Como eu queria ter essa sua segurança... - Tenho certeza que um amor tão forte nada nem ninguém pode destruir - Vitor explica, olhando nos olhos de Amélia, que sorri emocionada. Ele continua: - Nós temos que ir embora daqui, Amélia, nem que seja apenas por um tempo, até a poeira baixar, até o Max se acostumar com a idéia de que você não é
  • 10. mais a mulher dele... E quanto a gente voltar, nosso amor já vai ser fato consumado, nem o Max Martinez vai fazer alguma coisa contra. Amélia pensa um pouco e responde: - Talvez seja a melhor solução... Mas quero conversar com meus filhos antes de decidir qualquer coisa. Está bem? - Claro, converse com eles. Mas não demora muito pra decidir, tá? Porque eu não vejo a hora de sair com você daqui, de poder mostrar pra todo mundo o quanto te amo... - Eu também quero isso, viu? - ela garante, e eles beijam-se de novo. Alguns dias depois, Amélia e Vitor saem da cidade. E a notícia de que eles viajaram juntos corre de boca em boca. Assim que fica sabendo, o delegado Geraldo procura Max: - Já está sabendo, Max? Sua mulher viajou com Vitor Villar. - Como é? Com aquele moleque? - É, e pelo que andam dizendo, eles pareciam dois pombinhos - conta o delegado, em tom irônico. - Não é possível que a Amélia ande enrabichada por um guri que tem idade para ser filho dela... isso é uma afronta. - Pois é, Max... - comenta Geraldo, se segurando para não rir. Assim que Geraldo vai embora, Max procura Manuela e pergunta: - Por acaso tu sabes se tua mãe anda de cacho com o teu ex-noivo? - Disse bem, pai: ex-noivo. O Vitor é livre para namorar com quem ele quiser. E minha mãe também. Ela já se separou do senhor, lembra? - Então é verdade! A Amélia não tem vergonha de se deitar por aí com um guri que mal deixou as fraldas? - Modere as palavras, seu Max... E o Vitor não é nenhum moleque. Aliás, ele tem muito mais caráter que o senhor... - Até você está contra mim, Manuela? - Ora, pai, o senhor só está colhendo o que plantou. Não é? - diz Manu, e sai, deixando o pai sozinho. Max pensa em voz alta: - Eu preciso fazer alguma coisa. Não posso deixar isso barato... Amélia e Vitor me pagam. VIII Amélia e Vitor vão para Paris. Eles caminham à beira do rio Sena, de mãos dadas. De repente, Vitor pára. - Que foi, Vitor? - Vem cá - ele diz, puxando Amélia para seus braços e beijando-a apaixonadamente. Quando consegue, ela diz quase sem fôlego: - Vitor, estamos no meio da rua, está todo mundo olhando... - É isso mesmo que eu quero, que olhem, que todo mundo veja o nosso amor - ele responde, aumentando o volume da voz a cada palavra, quase gritando "nosso amor" enquanto toma Amélia nos braços e rodopia com ela. Quando a coloca no chão de novo, Vitor olha para Amélia com um sorriso radiante. Ela também sorri de um jeito que transborda felicidade.
  • 11. Mais tarde, Vitor entra no quarto do hotel e avisa Amélia: - Arrume-se que nós vamos sair para jantar. - Não vai perguntar se eu quero ir? Ou já está querendo me dar ordens? - ela questiona, chateada. Vitor olha para ela com olhar quase desesperado: - Desculpa, Amélia, desculpa... não tive a intenção de ser rude. Quero tanto te fazer feliz que acabo atropelando você, né? Perdoa meu mau-jeito, por favor... - Calma, Vitor... - ela diz com ternura - Sei que você não é autoritário como o Max. Você é jovem, impulsivo... age sem pensar às vezes. Só quero que você meça um pouquinho as palavras, entende? - Tenho muito que aprender ainda, né? Quero ser o melhor homem do mundo para você, Amélia. - Você já é... - ela afirma, chegando mais perto dele. Eles se olham e terminam em mais um beijo apaixonado. Na entrada do restaurante, Vitor pede ao maitre: - Uma mesa para mim e minha mulher. Amélia percebe que ele fala "minha mulher" cheio de orgulho, e sorri, muito feliz por sentir-se tão amada. Eles acomodam-se na mesa, e Vitor pede champagne. Quando a bebida chega, ele entrega uma taça para Amélia. Com a outra mão, segura a mão dela e pergunta: - Você não acha que um amor como o nosso merece muitos brindes? Ela olha nos olhos dele e lembra de tudo que viveram até aquele momento: o primeiro beijo, o reencontro após o acidente dele, o beijo no banheiro, a primeira noite de amor, a tarde no rio... - Muitos. Todos os brindes possíveis - Amélia finalmente diz, emocionada. Eles tocam as taças e bebem um gole de champagne, sem tirar os olhos um do outro. Vitor chama o garçom novamente e pede: - Pode trazer. Amélia fica olhando, intrigada, enquanto Vitor tira uma caixinha do bolso. O garçom chega e entrega a ele uma outra caixa parecida mas um tanto maior. - Essa não cabia no bolso - comenta Vitor, com um sorriso travesso, enquanto coloca a caixa maior sobre a mesa. - Você está me deixando curiosa - confessa Amélia, sem conseguir disfarçar a ansiedade. - Já vou matar sua curiosidade... - ele responde, abrindo a caixinha e mostrando um anel dentro dela. - Nossa, é lindo... - é só o que Amélia consegue dizer. Vitor pega o anel e, com todo o cuidado, coloca no dedo dela, finalizando com um carinhoso beijo na mão. - Vitor, não sei nem o que dizer... - Espera que tem mais... como você mesmo diz, eu sou impulsivo. Fui para comprar um anel, mas não resisti, porque quando vi isso, imaginei como ficaria lindo em você - ele fala, enquanto entrega a caixa maior nas mãos dela. Amélia abre a caixa. Dentro, o colar mais lindo que ela já viu. - Você é maluco... - ela comenta sorrindo. Ele dá um grande sorriso e pergunta: - Posso colocar em você?
  • 12. Ela apenas concorda com a cabeça e o olhar. Vitor levanta-se, pega o colar, e posicionando-se atrás da cadeira de Amélia, põe o colar no pescoço dela. Depois volta para a frente dela e a contempla. - Como você consegue ficar ainda mais linda? - ele comenta com um olhar apaixonado. De repente, eles se dão conta que o restaurante inteiro está parado, observando os dois. Vitor olha ao redor e anuncia: - É isso mesmo, eu amo essa mulher! - Vitor, pára... - Amélia sussura, encabulada, mas ao mesmo tempo encantada com a declaração pública de amor. Vitor senta-se novamente e olha para Amélia. - Parar? Estou só começando... IX Durante os dois meses seguintes, Vitor e Amélia passam por várias cidades da Europa. Em cada uma delas, Vitor rouba beijos de Amélia no meio da rua, e faz surpresas durante os passeios. No Araguaia, Max passa quase todo o tempo tentando arquitetar uma vingança, mas não consegue achar o que considera o plano perfeito. Até que ele tem um infarto e morre. Assim que recebem a notícia, através de Manuela, Amélia e Vitor voltam correndo. Chegam logo após o enterro e vão direto para a casa da fazenda, onde encontram Manu sendo consolada por Solano. - Como você está, minha filha? - é a primeira coisa que Amélia pergunta a Manu, enquanto abraça a filha. - Estou bem, seguindo em frente. Solano se despede e vai embora. Amélia pergunta à Manu: - E o Fred? - Estava aqui até há pouco. Só foi para a casa da Janaína depois que o Solano chegou para ficar comigo. Não sei se o Fred estava se segurando para me dar força, mas não vi ele derramar nenhuma lágrima pelo papai. - Meus sentimentos, Manu - diz Vitor - por mais que eu tivesse meus problemas com o Max, ele era seu pai. - Obrigada, Vitor. Mas imagino que você esteja se sentindo aliviado com a morte do meu pai. Afinal, agora Max Martinez não é mais uma ameaça para vocês. - Não posso negar isso, né? - responde ele, constrangido. - Tudo bem, não se culpe. Eu sei bem o quanto ele queria vingança. - Obrigado - conclui Vitor, se dirigindo em seguida à Amélia - Vou visitar a Terê, o pessoal da estalagem... sei que é você quem a Manu mais precisa nesse momento. Amélia dá um rápido e delicado beijos nos lábios dele, e Vitor sai, enquanto Manu se aconchega nos braços da mãe. Horas depois, quando Vitor volta, encontra Amélia sozinha na sala. Ele não fala nada, apenas a abraça. - Ah, Vitor... por um lado, eu sinto pelos meus filhos... mas por outro, é como se eu tivesse tirado um peso tão grande das minhas costas. Me sinto livre como nunca senti - ela desabafa.
  • 13. - Imagino... agora você não tem mais nada a temer. E nós podemos viver nosso amor sem medo. - É... livres... - Amélia não consegue dizer mais nada, porque Vitor a beija intensamente, e ela corresponde aos beijos. Eles ainda estão trocando beijos apaixonados quando ouvem a voz de Manu, que está descendo as escadas: - Mãe? Amélia se afasta de Vitor e abraça a filha enquanto diz a ela, com ternura: - Achei que você ainda estava descansando. Eu já ia avisar ao Vitor que vou passar a noite com você, dando um colinho de mãe... - Amélia se dirige a Vitor - Você compreende, né? - Claro, Amélia... já esperava por isso - ele responde. - Se você quiser pode ficar no quarto de hóspedes, Vitor. Não precisa pegar a estrada pra cidade a essa hora da noite... - convida Manu. Amélia sorri e acrescenta: - Fica. Vou pedir pra Lurdinha arrumar o quarto. É quase madrugada quando Amélia entra no quarto de hóspedes e senta na cama, pertinho de Vitor. - A Manuela dormiu, acho que está mais tranquila... - E você, como está? Amélia olha para ele e pede: - Preciso de um abraço bem forte... Imediatamente, Vitor a aperta em seus braços. - Ah, que bom... ao seu lado parece que eu ganho mais força, que até minha alma se revigora - ela comenta baixinho, quase no ouvido dele. - Então fica aqui nos meus braços o quanto você precisar... - Eu ficaria todo o tempo do mundo... - Amélia responde sorrindo - mas preciso voltar para o quarto da Manuela. - Está bem. Mas se precisar de mais um abraço... - ele avisa, beijando-a com carinho. X Manu, Amélia e Vitor estão tomando o café da manhã quando Fred chega. - Filho! - diz Amélia, levantando para abraçá-lo - você está bem? - Já chorei tudo que tinha pra chorar, mãe. Agora é seguir em frente. - Foi bom você falar isso, Fred. Nós temos que decidir como tocar a fazenda. Há famílias que dependem dela, o trabalho tem que continuar - lembra Manu. - É... faça o que achar melhor, Manu. Vou continuar com minha operadora de turismo, não pretendo me envolver com a fazenda - responde o irmão - Vai largar tudo nas minhas mãos, é? - retruca ela, em tom de leve brincadeira. - Com carta branca - assegura Fred - E acho que você tem alguém bem mais capacitado que eu para lhe ajudar nessa tarefa - ele acrescenta, olhando para Vitor. - Com certeza, pode contar comigo para o que precisar. Tanto aqui na fazenda como no frigorífico. O Max era o sócio majoritário, vocês vão herdar as ações dele - afirma Vitor.
  • 14. - Que bom - comenta Manu - Toda ajuda é bem vinda. O frigorífico é seu por direito, Vitor, no que depender de mim você está de volta ao controle dele. Mas, voltando à fazenda... mãe, Fred, eu queria fazer algo que vai marcar o começo de um novo tempo no Araguaia... e gostaria do apoio de vocês. - No que você está pensando, filha? - Bom, eu e o Solano já estamos planejando nosso casamento ... então, é até natural que a gente pense em unir as duas fazendas numa só. Essas terras já foram motivo de tanta discórdia... a partir de agora podem representar a paz. E o respeito por cada trabalhador, como já acontece em Girassol. - Nossa, Manuela, que palavras lindas... eu estou do seu lado, minha filha - assegura Amélia. - E claro que eu também, maninha - acrescenta Fred. Manuela sorri e avisa, animada: - Então vou começar a arregaçar as mangas. Vou procurar o Solano. Chega o dia do casamento de Manu e Solano. A cerimônia é feita na fazenda, ao ar livre. Na mesma mesa se reúnem, além dos noivos, Amélia e Vitor, Fred e Janaína, Bruno e Teresinha, Beatriz, Tavinho e Lenita, como uma só família. Depois, enquanto todos dançam e se divertem, Amélia observa um pouco à distância. Vitor chega por trás e a abraça, perguntando com ternura: - Que foi, porque não vem participar da festa? - Estou contemplando a felicidade da minha filha... sabe, Vitor, não tem nada que realize mais uma mãe do que ver um filho assim, feliz com toda a plenitude. - Imagino... Amélia olha para Vitor e acaricia seu rosto: - Eu não posso mais te dar filhos... tem certeza que não vai se arrepender de não ter escolhido uma mulher mais jovem? - Amélia, eu já te garanti que não me importo... não pensa mais nisso. Sabe o que eu acho? Que assim é até melhor... sem crianças, eu tenho mais tempo para cuidar de você. - Ah, Vitor... você existe mesmo? - brinca Amélia, com um sorriso iluminado. - Existo e amo você - ele responde, beijando-a - E antes que eu esqueça: eu não te escolhi, acho que já estava escrito... você é minha metade, lembra? Eles trocam mais um beijo apaixonado, e depois Amélia olha para Manu e Solano novamente. Fica observando por alguns instantes e comenta: - Não é engraçado lembrar que podia ser você quem estaria se casando com a Manuela? - Ainda bem que isso não aconteceu, né? Imagina, Amélia, se eu tivesse casado com a Manu e depois me descobrisse apaixonado por você? Ia ser uma tragédia... - Vitor dá uma risada. - Bobo... - Amélia também ri. - Tá, então vou falar sério - ele olha nos olhos dela - Você é o amor da minha vida, e eu te amo como nunca amei e nem vou amar mulher nenhuma. - Também te amo, Vitor, como nunca imaginei que fosse possível amar alguém... Vitor sorri e suavemente se aproxima dos lábios de Amélia, beijando-a com amor. Entre os beijos, ele sussurra "te amo" várias vezes. A cada declaração dele, ela também sussurra "te amo".
  • 15. XI Manu e Solano partem para a lua-de-mel. Vitor e Amélia se despedem dos últimos convidados que estavam na festa, dispensam os empregados e entram na casa. - Estou feliz, mas exausta. Tudo que eu preciso agora é de um bom banho - comenta Amélia. - Boa ideia... eu também preciso - diz Vitor, com um sorriso travesso e um olhar carregado de segundas intenções. - Vitor, você não está pensando... - questiona Amélia, sem conseguir terminar a frase, querendo censurá-lo mas sorrindo. - Qual o problema, Amélia? Estamos sozinhos aqui... vem, vamos para o banho - ele responde, pegando a mão dela e conduzindo Amélia pela escada. No manhã seguinte, Vitor entra no quarto com uma bandeja de café e a coloca num canto da cama. Ele se aproxima de Amélia e fica por alguns instantes a observando. - Amélia... você é linda até dormindo... - ele murmura para si mesmo. Em seguida, acaricia o rosto dela, que acorda ao sentir o toque. - Bom dia... - ele diz, trazendo a bandeja para mais perto de Amélia. - Vitor... nossa, acho que eu dormi demais. Eu queria trazer café pra você na cama, mas não consegui acordar a tempo - ela comenta. - Você ainda vai ter oportunidade. Mas hoje é minha vez - ele diz com ternura. Ela sorri e senta-se na cama, começando a tomar o café. Eles fazem a refeição juntos. Amélia comenta: - O dia ontem foi mesmo muito cansativo... Acho que vou ficar um pouco mais na cama. - Podemos passar o dia inteiro aqui. É domingo, e estamos só nós dois em casa mesmo... - Vitor sugere com um olhar sedutor. - É, então acho que podemos nos permitir um dia inteiro de "dolce far niente"... - ela devolve, sorrindo. - Você acha que eu vou ficar ao seu lado sem fazer nada? - ele pergunta com um sorriso malicioso, enquanto coloca a bandeja no chão e cola seu corpo ao de Amélia, beijando-a intensamente. Chega a segunda-feira, e Amélia acorda com o barulho do despertador. Olha para o lado e vê Vitor já sentando-se na cama e se espreguiçando. - Vitor, por que está acordando tão cedo? - ela pergunta ainda com voz de sono. - Preciso ir para Juruanã, tenho um frigorífico para tocar, lembra? - É mesmo, já havíamos falado nisso. - Você não vem? - Prometi para a Manuela que ficaria cuidando da fazenda enquanto ela estiver fora. - Mas eu não vou deixar minha mulher sozinha aqui, não - ele avisa com um tom protetor - Vamos fazer assim: você vem comigo, eu resolvo tudo lá no frigorífico, passo algumas instruções e tiro o restante da semana de folga. A gente volta ainda hoje para a fazenda. - Você pensa em tudo mesmo... - ela responde com um sorriso, e levanta-se da cama, indo em direção ao banheiro - Vou me arrumar.
  • 16. Quando Amélia sai do banheiro, Vitor questiona: - E depois? Você já casou sua filha, Amélia, não tem mais com que se preocupar... quando você vai morar de vez comigo em Juruanã? Eu adoro ficar aqui em Girassol, mas não posso trazer o frigorífico na mala... - ele ri, e continua - Prometo que vamos vir sempre para cá. Ela se aproxima e olha nos olhos dele antes de responder: - Você tem razão... depois que a Manuela chegar, eu faço as malas. Vitor abre um grande sorriso e diz: - Vou contar os dias. XII Após o retorno de Manu e Solano, as terras das famílias Martinez e Rangel se tornam uma só, aumentando a cidade de Girassol. Amélia deixa o casarão da fazenda para a filha, mas Manu sugere que a mãe e Vitor tenham a própria casa lá. Vitor manda construir uma casa menor, mas muito aconchegante, para onde eles vão todos os fins de semana. Numa tarde de sábado, Amélia e Vitor estão abraçados numa rede, descansando, quando ele comenta: - Estava pensando... a Terê nos ajudou tanto, queria dar um presente para ela. Mas não um presente qualquer. - Você tem alguma idéia? - Tenho. Preciso primeiro falar com o Fred e a Janaína. Vamos lá agora? - Claro, vou adorar ver meu filho. Vitor sugere a Fred e Janaína que a casa de shows abrigue um espetáculo de circo uma vez por semana. - Vocês só entram com o local. Os custos ficam por minha conta. Mas não falem nada para a Terê, é uma surpresa. Os dois apoiam a idéia de Vitor, e ele procura Neca Tenório para contar a novidade. E pede que o artista organize todo o primeiro espetáculo sem contar nada para a mãe, colocando-se a disposição para ajudar, principalmente com as despesas. No dia marcado para o espetáculo, Amélia e Vitor visitam Terê, que fica muito feliz com a presença deles. - Meus amigos! Como é bom vê-los assim, tão felizes, podendo viver em paz esse amor tão lindo... - Devemos muito a você, fada madrinha! - Vitor diz, abraçando a amiga. - Que nada, eu apenas fiz o que meu coração mandou. - Você ajudou a abrir meus olhos, Terê... - confessa Amélia. - Lembra o que eu disse no dia em que vi seu futuro? Mesmo que não tivesse te falado nada, você não poderia fugir do seu destino. - Mesmo assim, eu vou ser eternamente grata a você, minha amiga... - responde Amélia, abraçando Terê carinhosamente. Vitor interrompe: - Terê, nós viemos aqui para te levar a um lugar... - Que lugar? - É surpresa. Confia na gente?
  • 17. - Confio. E estou curiosa. Quando param em frente à casa de shows, Terê pergunta: - Mas aqui? O que tem na casa de shows? - Abra a porta, Terê - responde Vitor. Terê entra e se depara com o salão todo enfeitado para um espetáculo de circo. As luzes se acendem no palco, e Neca entra, abrindo o espetáculo. Terê assiste a tudo com os olhos marejados. Depois da apresentação, Neca abraça a mãe com força e depois conta: - Foi o Vitor que tornou tudo isso possível, mamãe. Ele agora é nosso sócio. - Isso mesmo, Terê. Você tem seu circo de volta. Com o tempo, a gente constrói um picadeiro em outra área, de repente até uma escola de artes circenses, imagina? No que depender de mim, você não fica mais sem o circo. Terê não consegue segurar as lágrimas enquanto abraça Vitor e Amélia, ao mesmo tempo. - Obrigada, obrigada... - é só o que consegue dizer. Algumas semanas depois, Amélia e Vitor recebem um recado de Terê, avisando que eles são convidados de honra para o próximo espetáculo do circo. "Vamos contar uma linda história, que vocês conhecem bem", ela antecipa. XIII Terê recebe Amélia e Vitor na porta do salão. - Sejam bem vindos - ela diz, abraçando os dois - Os lugares de vocês já estão reservados, na primeira fila. Venham comigo. - O que você está aprontando, Terê? - pergunta Amélia, com doçura. - Apenas retribuindo a surpresa. O espetáculo começa. A trupe do circo encena a história de uma rainha que era muito triste. Vivia em seu castelo com o rei, um homem muito autoritário e até cruel, e seus dois filhos. Apesar de já ter filhos adultos, a rainha ainda era jovem e muito bonita. Porém, seu olhar trazia sempre uma sombra de tristeza. Um dia, um príncipe chegou ao castelo para pedir a mão da princesa. Mas a jovem princesa se apaixonara por um plebeu, um cavaleiro que mal chegara ao reino. O príncipe não queria desistir. A rainha o aconselha, e nasce uma linda amizade entre os dois. A cada dia o príncipe se aproximava mais da rainha, aquela amizade se tornando cada vez mais importante para os dois. Até que o príncipe percebeu que seu coração era da rainha, e não da princesa. Sem saber como resolver aquela situação, ele decidiu voltar para o seu reino. Mas no caminho sofreu um acidente e ficou perdido na floresta por dias. Enquanto lutava para sobreviver, percebeu que sua vida não tinha sentido sem a linda rainha. Ao saber do acidente, a rainha também entende que se apaixonou pelo príncipe. Ele consegue voltar ao reino dela, e decide lutar por aquele amor. A rainha, a princípio, tem medo da reação do rei e dos filhos. Mas o sentimento é mais forte, e ela deixa o castelo. Com o príncipe, a rainha volta a ter brilho nos olhos. E o príncipe descobre com a rainha o verdadeiro amor. O rei promete se vingar, mas não consegue cumprir a ameaça, porque tanto ódio acaba fazendo
  • 18. seu coração parar de funcionar. Com a morte do rei, a rainha e o príncipe ficaram livres para viver seu amor. E foram felizes para sempre. - Que essa história sirva de incentivo a todos, para que não deixem jamais de acreditar no amor - conclui Terê. Na primeira fila, lágrimas escorrem pelas faces de Amélia e Vitor. - É a nossa história... - ela diz baixinho. - Sim... e é a história mais bonita do Araguaia - ele acrescenta, enquanto enxuga as lágrimas dela com as pontas dos dedos. Eles se olham nos olhos e vão aproximando os lábios, que se encontram em um beijo carregado de amor. FIM