Projecto de ip de castelo branco fundamentos e práticas
1. Trabalho elaborado por:
Ana Rosa Trindade
Joaquim Colôa
Maria Teresa Guardado Moreira
Ano de 2001
Projecto de Intervenção Precoce de Castelo
Branco: fundamentos e Práticas
INTRODUÇÃO
O ser humano é um ser extremamente sensível aos efeitos do meio físico e
social durante o período da primeira infância, onde ocorrem as mudanças no
crescimento e desenvolvimento a um ritmo rápido e extraordinário. Daí a
importância da estimulação da criança quer no plano afectivo, quer cognitivo
quer nutricional pois as privações nestas áreas, nos primeiros anos de vida, são
responsáveis pelas anomalias do desenvolvimento. A estimulação representa o
“alimento do organismo”.
Se os modelos de estimulação directa na criança foram, numa primeira fase,
considerados prioritários, rapidamente se evoluiu para modelos mais
abrangentes – o da intervenção em que o principal foco de atenção não é
apenas a criança, mas todo o envolvimento familiar, social e físico onde se
desenvolve (Coutinho, 1996).
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2. Trabalho elaborado por:
Ana Rosa Trindade
Joaquim Colôa
Maria Teresa Guardado Moreira
Ano de 2001
Aqui situamo-nos no campo de acção da Intervenção Educativa Precoce que
tem por principal objectivo minimizar os efeitos cumulativos de problemas de
desenvolvimento da criança sejam crianças em risco biológico, ambiental, com
atraso de desenvolvimento ou com condições de incapacidade estabelecidas, e
actuar como meio de prevenção sobre sinais e problemas de complexa
resolução quando detectados tardiamente.
O presente trabalho traduz uma preocupação e um interesse pelo
funcionamento humano: do orgânico e biológico ao emocional e psicológico. E
muito em particular, pelo desenvolvimento da criança e pelas condições onde se
desenrola o seu desenvolvimento bio-psico-social e tem como temática
subjacente a actividade sistemática concebida para melhorar o
desenvolvimento das crianças em diversas situações de risco – a intervenção
precoce.
A literatura, investigações e implementação de projectos no âmbito da
intervenção precoce é já um campo vasto. No entanto no nosso país esta
prática é ainda pontual e local e até recentemente sem suporte legislativo,
tendência que cremos ver invertida com a recente publicação do Despacho
Conjunto n.º 891 de 19 de Outubro.
O presente trabalho insere-se no âmbito da disciplina de Intervenção
Educativa Precoce, orientada pela Profª. Doutora Teresa Coutinho,
decorrente da frequência do V Curso de Mestrado em Educação Especial,
ministrado na Faculdade de Motricidade Humana.
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3. Trabalho elaborado por:
Ana Rosa Trindade
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Ano de 2001
Este trabalho divide-se em dois grandes blocos – uma parte teórica e uma
parte prática:
Na parte teórica falaremos do desenvolvimento da criança e a intervenção
precoce, numa perspectiva filo e ontogenética abordando a temática do
desenvolvimento atípico da criança. Abordaremos, ainda, os pressupostos
teóricos da intervenção precoce (conceitos e objectivos) e a perspectiva
histórica a nível internacional a nível nacional.
Na parte prática apresentaremos o Projecto de Intervenção Precoce de
Castelo Branco (ProIP), sua organização, pressupostos teóricos, objectivos,
modelo, vertentes, espaços e campos de intervenção, assim como a população
atendida, avaliação interna e externa. Finalizaremos com algumas reflexões
finais que nos surgiram no decorrer da elaboração deste trabalho.
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4. Trabalho elaborado por:
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Maria Teresa Guardado Moreira
Ano de 2001
1 – DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA E INTERVENÇÃO PRECOCE
1.1 – Perspectiva filogenética
Numa perspectiva filogenética podemos constatar uma progressiva
transformação do sistema nervoso, desde os primeiros animais invertebrados
até ao homem. Tais transformações devem-se a um processo natural de
selecção e adaptação. Fonseca (1999) aborda, por referência a Darwin (1872),
esta “selecção natural” como um combinatório de adaptações intencionais e
sucessivas “(...) que foram produzidas pela natureza (...), retendo e modelando
traços adaptativos favoráveis à sobrevivência (Waddington, 1958 e
Dobrzhansky, 1967 cit Fonseca, 1999)”.
Esta “caminhada” está, sem dúvida, ligada a um espantoso desenvolvimento do
cérebro e à progressiva coordenação dos olhos e das mãos. Mas esta
coordenação dos olhos e das mãos só é possível se o desenvolvimento do
cérebro for acompanhado por um desenvolvimento anatómico do corpo. “Nesta
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perspectiva, a evolução triunfante do cérebro encontra-se imperiosamente
dependente das libertações corporais (...) isto é, a evolução da motricidade
precedeu a evolução dos sentidos e a evolução do cérebro. Pôr um lado a
complexidade da motricidade (output), por outro, a complexidade da
sensorialidade (imput), ambas tendem, interactiva e dialecticamente a ampliar
em todos os vertebrados a capacidade de utilizar os recursos ecológicos,
originando por consequência um sistema organizativo e elaborativo cada vez
mais evoluído” (Fonseca, 1999). Desta forma a actividade cogniscitiva
processa-se do biologicamente vivido à “consciência de”.
Na perspectiva de Morin (1988) esta ideia e mudança evolutiva, que é no fundo
a própria história do ser humano “(...) está ligada, implícita ou explicitamente,
às ideias de auto-organização e de complexidade”. Segundo o mesmo autor
esta complexidade deve ser abordada sob dois pontos de vista: na sua
realidade micro, ou seja o próprio indivíduo e na sua realidade macro, ou seja,
este enquanto sujeito activo que interage com outros sistemas modificando-se
e modificando-os.
Nestas sucessivas conquistas que formaram o ser humano como ser único,
existe uma complexidade de totalidade só percebida à luz das teorias
sistémicas/ecológicas, em que as partes são interdependentes e se
interpenetram para construírem um todo activo e dialéctico. Em comparação
com a evolução filogenética, cada ser humano desenvolve-se enquanto ser total
e activo que se transforma e transforma o meio ambiente numa dialéctica
constante entre o biológico e o sociocultural. Como refere Piaget (1983) “(...) o
desenvolvimento psíquico que se inicia com o nascimento e termina na idade
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adulta, é comparável ao crescimento orgânico: tal como este, consiste
essencialmente numa marcha para o equilíbrio.
1.2 – Perspectiva ontogenética
Numa perspectiva ontogenética também podemos verificar uma relação intima
entre o indivíduo e o meio. “A ontogénese da criança compreende um aspecto
biológico e um aspecto social. No primeiro aspecto, depara-se-nos a maturação
dos sistemas nervoso e endócrino. No segundo observamos a integração social,
valorizada com as aquisições da imitação, do jogo e da linguagem” (Fonseca,
1989).
O ser humano tem a capacidade de registar, reorganizar e reutilizar
informação, ou seja, é capaz de aprender. Esta aprendizagem é feita em última
instância pelo cérebro. Mas o cérebro encontra-se ligado com todo o
movimento do corpo. “O corpo e o cérebro encontram-se indissociavelmente
integrados por circuitos bioquímicos e neuronais reciprocamente dirigidos de
um para o outro” (Damásio, 1996).
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O tecido cerebral, sugere um sistema de redes especificas na sua topografia,
e associação, transmitido hereditariamente em cada espécie. Mas no
nascimento, factores adquiridos vão provocar uma longa aprendizagem. Como
se inscreve esta aprendizagem no cérebro? Pela repetição e experimentação
algo muda no cérebro como: nova ordem, novas ligações, nova organização,
levando a novas configurações neuronais.
Deste modo qualquer tentativa de percebermos uma determinada situação do
desenvolvimento separada de outros factores não é senão ilusória. “Não é das
partes para o todo que é preciso proceder, mas do todo para as partes (...). O
homem psíquico realiza-se entre dois inconscientes, o inconsciente biológico e
o inconsciente social” (Wallon, 1979). Ainda segundo Wallon (1979), a criança
desenvolve-se dependente de dois tipos de condições “(...) umas orgânicas,
outras relativas ao meio de que a criança recebe os motivos das suas
reacções”.
Como referem Fonseca & Mendes “ (1988) no ser humano o desenvolvimento
biológico, (isto é a sua maturação nervosa e psicomotora), e o desenvolvimento
social, (isto é, a apropriação da experiência social), são condições um do
outro”. Existe um sentido que se realiza do simples para o complexo. “A
actividade da criança começa por ser elementar e caracterizada por um
conjunto de gestos sincréticos sem qualquer significado ou objectivo, gestos
que são à partida a expressão de uma modulação tónica de reacção ao meio que
a envolve” (Fonseca & Mendes).
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No entanto e como descreve Morin (1991) este simples “(...) não é mais o
fundamento de todas as coisas, mas uma passagem, um momento entre
complexidades, a complexidade micro-fisica e a complexidade macro-cosmo-
fisica”.
Wallon (1975) descreve este crescimento como a integração sucessiva de
fases que, também se integram entre si, numa complexidade crescente. “Entre
elas existe subordinação, mas não identidade de orientação funcional. As
actividades são progressivamente dominadas pelas actividades mais recentes e
aí se integram mais ou menos completamente”. Para Piaget (1983) esta
progressão, este desenvolvimento da criança “(...) é, portanto, em certo
sentido, uma equilibração progressiva, uma passagem perpétua de um estádio
de menor equilíbrio a um estádio de equilíbrio superior”.
Este desenvolvimento dá-se num processo de adaptação no qual Piaget realça
duas actividades inter-relacionadas: assimilação (incorporação de estímulos do
meio, representa o movimento intra-organismo) e acomodação (integração no
meio, representa o movimento extra-organismo). É assim que, de modo activo,
a criança assimila o mundo exterior e se acomoda a ele, para estabelecer entre
ela e o mesmo estádios de equilibração cada vez mais estáveis.
ASSIMILAÇÃO ACOMODAÇÃO
EQUILIBRAÇÃO
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Ao desenvolvimento intra-uterino segue-se o desenvolvimento extra-uterino e
entre um e outro acontece o nascimento. O conjunto de condições filo e
ontogenéticas com que a criança vem dotada preparam-na para aprender a
fazer exigências ao seu meio. Segundo Gomes (1982), o recém nascido é um
ser competente porque organizado é capaz de se defender de estimulação
negativa, quer interna quer externa, para prestar atenção aos estímulos
exteriores que lhe são agradáveis.
“Quando a criança nasce possui, fundamentalmente, capacidades e
potencialidades para o desenvolvimento da personalidade” (Brecht, 1992). As
etapas sucessivas costumam desenvolver-se e acontecer de uma forma natural
e harmoniosa até à maturidade biopsicológica e social. Este processo
desenvolve-se num sistema de implicações (de ordem biológica, psicológica e
social) e de significações solidárias, num conjunto de estruturas que se
equilibram e se vão progressivamente organizando numa espiral.
No entanto se algum elo, desta cadeia, se apresenta comprometido, seja na
área biopsicológica, seja na área social, a criança denotará problemas de
desenvolvimento que de uma ou outra forma destoam do que vulgarmente se
denomina de padrão normal de desenvolvimento.
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1.2.1 – Desenvolvimento atípico
Para que a criança se desenvolva naturalmente e sem problemas é necessário
que as suas bases neurológicas estejam intactas e que o meio social seja
suficientemente estimulante e enriquecedor. No que diz respeito ao biológico
muitos dos problemas que dai advêm são irreversíveis embora podendo ser
atenuados, enquanto outros poderão ser evitados se existir uma intervenção o
mais precocemente possível.
Se a problemática for detectada nos primeiros estádios a criança tem grandes
hipóteses de construir aprendizagens positivas. Esta possibilidade advém do
córtex cerebral que está directamente relacionado com a problemática da
lateralização cerebral. Antes da lateralização se ter actualizado a
equipotencialidade dos hemisférios torna-se preponderante. “Existem muitas
indicações que sugerem que o cérebro uma vez amadurecido, as funções são
fixadas nas suas respectivas posições, por assim dizer, e nenhum
reajustamento pode ter lugar depois da destruição. Durante o
desenvolvimento, os tecidos e as células tornam-se cada vez mais
especializadas, e o mesmo é verdade quanto às funções fisiológicas servidas
por esses tecidos. Dá-se a isso o nome de diferenciação. Os tecidos não
diferenciados têm, com frequência, uma capacidade de reajustamento, ao
passo que o final da diferenciação assinala a perda de tal plasticidade. O
processo de reajustamento e a fixação final são conhecidos, entre os
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embriologistas, como regulação e determinação, respectivamente” (Lenneberg,
1973 cit Richelle, 1976).
Deste modo podemos dizer que se por um lado ao verificar-se qualquer tipo de
lesão orgânica cerebral esta se torna irreversível, o mesmo pode não
acontecer para o déficit dai resultante se existir uma intervenção atempada
considerando os períodos privilegiados do desenvolvimento.
Na maioria das vezes as perturbações com o decorrer dos tempos
desaparecem, não porque as células danificadas se renovem ou curem mas
porque se assiste a uma transferência das funções para outras zonas que
anteriormente tinham outras funções. Se existirem estímulos de validade,
pode até suceder a activação de aportes do cérebro que anteriormente não
tinham função específica a desempenhar.
Se esta precocidade é verdade em situação de ruptura biológica ela não o é
menos verdade em casos de meios sócio-culturais pobres em estímulos. De
acordo com Ajurriaguerra & Marcelli (1986) para que a maturação se realize é
necessário que tenha havido um conjunto de experiências enriquecedoras. Na
realidade a criança necessita de estímulos para a sua organização. “Se não há
estímulos externos ou estes são insuficientes, a organização do córtex
interrompe-se ou faz-se incorrectamente, mesmo que o córtex, pela sua
constituição anatómica, esteja pronto a funcionar” (Ajurriaguerra & Marcelli,
1986). Por isso o desenvolvimento de uma criança não está só dependente da
integridade do sistema nervoso central de que o exame neurológico nos
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fornece informações. O meio é grande responsável pelo fornecimento de
estímulos para que essa maturidade se processe de uma forma correcta.
Independentemente da causa em situação de ruptura pode surgir um desvio do
padrão de desenvolvimento normalmente esperado. A criança pode apresentar
um grau de atraso ou disfunção de natureza física, cognitiva, emocional ou
afectiva. Essa disfunção vai afectar uma ou mais das seguintes áreas:
motricidade, percepção sensorial, cognição, comunicação, comportamento
social e autonomia. Sejam quais forem as áreas afectadas, as situações de
interacção e logo de aprendizagem estarão comprometidas. Como já referimos
os factores que contribuem para este desenvolvimento não padronizado podem
ser diversos:
• factores orgânicos
• factores genéticos
• factores ambientais
Estes factores podem surgir no período pré, peri, ou pós-natal. A presença de
um problema mais ou menos complexo pode implicar que uma quantidade de
funções não se realizem com sucesso. Enquanto as crianças que apresentam um
“desenvolvimento padrão” integram o conhecimento de forma mais ou menos
espontânea, retirando e organizando as informações do meio. As crianças com
problemas necessitam que lhes sejam ensinadas competências, muitas vezes
básicas.
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Segundo Gullifor (1988), as crianças ditas “normais” nascem e desenvolvem-se
de forma “ordenada” e previsível, aprendendo a mover-se, a brincar, a
comunicar, etc. No entanto, estes períodos de aprendizagem são muitas vezes
tempo de falta de oportunidades para as crianças com problemas.
Como refere Bricker (1986), uma criança com grande espasticidade e sem
exercícios adequados, pode desenvolver contracções permanentes; uma
criança com audição diminuída pode não aprender a utilizar os seus resíduos
auditivos, a não ser que precocemente estimulada; crianças com grandes
incapacidades poderão nunca funcionar dentro dos limites normais. No entanto
qualquer criança pode ser ajudada a tornar-se mais autónoma, para que isso
aconteça, é necessário proporcionar estímulos para que possam realizar
experiências que levem à sua autonomia. Essa intervenção deve ser feita o
mais precocemente possível.
Os contextos em que a criança interage são vastos e diversificados. O
paradigma sistémico ou ecológico, como alguns preferem referir, remete-nos
para uma rede de interacções e dependências que têm por base o
desenvolvimento da criança como um todo complexo e activo. A saúde, a
ausência de déficits ou a sua relativização/minorização é, sobretudo, uma
acção preventiva. Quanto mais cedo se actuar mais cedo se ultrapassarão
dificuldades de desenvolvimento, suprimindo-se, assim, de modo mais efectivo
falhas de aquisição e/ou desempenho. Nesta perspectiva a intervenção
precoce possibilita a erradicação de um posicionamento comodista e/ou
fatalista que defende que os “erros” se corrigirão por si.
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14. Trabalho elaborado por:
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Estas intervenções podem ter por base vários programas pré-estabelecidos e
formais, no entanto, em qualquer tipo de intervenção devemos ter sempre
presente que uma ajuda eficaz pressupõe sempre e em primeiro lugar uma
criança que é produto e produtora de interacções. Uma criança concreta, que
age por referência a condições (internas e externas) também concretas.
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15. Trabalho elaborado por:
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2 - PRESSUPOSTOS TEÓRICOS DA INTERVENÇÃO PRECOCE
A intervenção precoce tem raízes em pressupostos teóricos, que estão
intimamente ligados com anteriores reflexões sobre a importância das
experiências precoces no desenvolvimento e consequentemente, na sua relação
com o meio. Como vimos, actualmente, a dicotomia hereditariedade-meio é
muito redutora. É consensual que o desenvolvimento é o resultado da
hereditariedade e da interacção com o meio. No entanto também já referimos
que há momentos mais favoráveis para que essa interacção ocorra,
introduzindo-se deste modo a dimensão tempo.
Freud (1920) sublinhava que o desenvolvimento da personalidade era produto
das experiências vividas na infância, atribuindo um papel relevante à
experiência precoce no crescimento emocional. Posteriormente, reconheceu-se
a importância da experiência precoce no desenvolvimento intelectual e o facto
de que determinadas actividades seriam melhor aprendidas durante certos
períodos críticos da vida, algumas vezes denominados por períodos óptimos de
aprendizagem. Mcgraw (1935) citado por Sprinthall & Sprinthall (1990) fez um
estudo sobre o desenvolvimento de dois gémeos, em que um foi sujeito a um
treino intensivo precoce e ao outro foi aplicado o mesmo programa mas seis
meses mais tarde, tendo concluído que: “Existem períodos críticos em que uma
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dada actividade é mais susceptível à modificação, através da repetição do
desempenho”.
Ao longo dos tempos têm existido diversas investigações que influenciaram e
têm realçado a importância da intervenção precoce. Já Gesell (naturacionismo)
com base nos factores biológicos realçava a importância de uma boa
estimulação precoce, mais tarde baseado nos factores do ambiente Watson
(Behaviorismo) fazia o mesmo e por fim Piaget (interaccionismo) enfatizando a
interacção entre os factores biológicos e do ambiente chamava a atenção para
a necessidade de existirem intercepções o mais precocemente possível.
O artigo “Reprodutive Risk and the continum of Caretaring Causuality”
(Sameroff & Chandler, 1975) que conceptualizava as relações recíprocas entre
hereditariedade e meio teve um grande impacto na área da intervenção
precoce. Aceitar o modelo transaccional de desenvolvimento teve um grande
impacto em várias investigações e mudou radicalmente a organização dos
serviços de apoio. Esta aceitação significa, sobretudo, aceitar que as rupturas
biológicas podem ser modificadas por factores ambientais e que as
vulnerabilidades do desenvolvimento podem ter etiologias sociais e ambientais.
No entanto muitos outros autores contribuíram para o actual situação da
intervenção precoce como: Bayley (1940) e mais tarde, Bloom (1964) que
efectuaram estudos que constituíram contributos importantes para a
investigação sobre o efeito da influência do meio ao longo da vida. O estudo de
crescimento realizado por Bayley, um estudo longitudinal, em que os mesmos
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sujeitos foram seguidos e constantemente avaliados quanto às capacidades
cognitivas. Bloom afirmou, após análise de vários estudos sobre o
desenvolvimento, que com o aumento da idade existe um efeito das influências
do meio cada vez menor sobre o desenvolvimento intelectual. Assim as crianças
de três anos beneficiam mais de experiências enriquecedoras do que crianças
de onze ou doze anos, uma vez que quase dois terços do crescimento individual
se encontra concluído por volta dos seis anos.
Hunt (1986) analisa várias situações de privação e sobreexposição de
estímulos, concluindo da relevância do “problema do ajustamento” em que a
variedade (quantidade e qualidade) de estímulos deverá estar ajustada ao nível
actual do crescimento da criança. Piaget (1970) e Bruner (1969) apontam para
a importância dos estímulos sensoriais recebidos e da relação com o meio
durante os primeiros anos de vida. Já Bowlby (1963) foca a sua atenção para a
importância da relação mãe/filho no desenvolvimento saudável da criança
propondo-nos o conceito de ligação afectiva – attachment.
Estudos como o “Collaborative Perinatal Project of the National Institute of
Neurological diseases and Blindeness” ou o “Kauai Studies” (anos 50 e 60),
documentaram a importância significativa de factores como a educação da mãe
e a qualidade do ambiente de crescimento no desenvolvimento, exceptuando os
casos em que existiam danos cerebrais graves.
Nos tempos actuais existe consenso quanto à importância dos primeiros anos
de vida e das primeiras experiências em que se estabelecem padrões iniciais
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de aprendizagem e comportamentos que vão determinar o desenvolvimento
posterior. Torna-se, portanto, fundamental que se promovam todas essas
experiências a fim de que a criança em risco disponha de igualdade de
oportunidades na formação integral e multidimensional que lhe pertence por
direito.
2.1 – Conceitos e objectivos da intervenção precoce
O conceito de Intervenção Precoce tem-se constituído ao longo dos tempos
como um campo controverso, não só pelas influências teóricas que vai
assimilando, produto de dinâmicas sócio-culturais, como pelas diversas
práticas que tem indo suscitando. Na perspectiva de Simeonsson (1991)
referido por Almeida (1997) o termo tem sido utilizado não como “(...) um
constructo unitário”. “É um conceito amplo que tem sido utilizado para
abranger toda uma gama de intervenções de carácter preventivo ou
remediativo incidindo em famílias e crianças, do nascimento aos 3 anos de
idade, com problemas de desenvolvimento ou de comportamento resultantes de
condições adversas de natureza biológica, social ou ambas”.
Esta amplitude de definição tem gerado algumas contradições que nem sempre
têm sido de fácil resolução nomeadamente no que diz respeito à produção de
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legislação que por vezes tenta aleatoriamente abarcar estas duas vertentes -
remediativa e preventiva.
Estas duas perspectivas que possivelmente não se excluem mas que têm que
ser clarificadas inferem algumas confusões quando se fala de educação
precoce, estimulação precoce, terapia precoce, detecção e diagnóstico
precoces. Embora próximos e por vezes complementares, urge clarificar estes
termos e situá-los no âmbito da Intervenção Precoce. Os primeiros conceitos
serão os de precocidade e prevenção porque segundo as ideias actuais estão
inerentemente subjacentes às práticas de Intervenção precoce.
Precocidade
O primeiro conceito que tem levantado algumas discussões é sem dúvida o de
precocidade. Segundo alguns autores esta existe sempre que se intervém
imediatamente a seguir ao nascimento ou aparecimento de alguma situação
perturbadora do desenvolvimento (Bach, 1983). Books-Gunn & Hearn (1982)
confere ao conceito uma maior abrangência definido-a como um conjunto de
acções que têm o seu inicio mesmo antes do nascimento. Borneman (1981)
refere a importância da qualidade de vida da gestante no desenvolvimento
intra-uterino da criança. Remetendo-nos esta abordagem para uma outra
vertente da intervenção precoce que é a prevenção. Intervém-se antes das
estruturas estarem formadas tentando influenciar positivamente a sua
organização.
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20. Trabalho elaborado por:
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Prevenção
Relativamente à prevenção defende-se que ao intervir o mais cedo possível se
consegue minimizar e por vezes mesmo evitar o aparecimento de problemas
secundários que possam estar associados ao risco biológico, estabelecido ou
ambiental.
Existem outros conceitos que, normalmente, identificados com os primeiros
representam abordagens tanto teóricas como práticas diferentes e que podem
estar mais ou menos inerentes à totalidade implicada no conceito de
Intervenção Precoce e que segundo Bach são os seguintes:
Educação precoce
Intervenção ao nível psicopedagógico no sentido de estabelecer um conjunto
de medidas que ajudem a criança adquirir o maior número de competências
tendo em vista o seu desenvolvimento
Estimulação precoce
Refere-se a um conjunto de acções que podem ser terapêuticas e educativas
no sentido de estimular “directamente” os processos de aprendizagem no
âmbito sensorial, motor, da linguagem, emocional e social.
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21. Trabalho elaborado por:
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Terapia precoce
Tem em conta somente os aspectos somáticos implica o tratamento da lesão
essencial, das lesões associadas e da melhoria do estado físico e psicológico
geral. Diz respeito a um conjunto de medidas essencialmente fisiológicas.
Detecção precoce
Levantamentos nominais e/ou quantitativos das populações de risco que devem
servir como fundamento a planificações regionais e nacionais no sentido da
aplicação de medidas diferenciadas
Diagnóstico precoce
Recolha de dados antecedentes causais diferenciada e individual que possa
servir de base à aplicação de um conjunto de respostas também diferenciadas
e individualizadas.
Como constatamos, com a clarificação destes conceitos, rapidamente se
passou de uma perspectiva centrada na criança para uma perspectiva mais
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22. Trabalho elaborado por:
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abrangente, cujo foco de atenção é o “habitat” da criança em risco que inclui a
família, os amigos, os vizinhos, a igreja, a escola, assim como o envolvimento
físico e social e geográfico (Coutinho, 1996, cit Garbarino, 1990) a família.
Para sustentar esta mudança Coutinho (1996) aponta duas razões: “evolução
dos modelos conceptuais que explicam o processo de desenvolvimento humano
e particularmente o desenvolvimento da criança e o aumento substancial dos
dados oriundos de trabalhos de investigação sobre a eficácia dos programas
de intervenção precoce.”
Objectivos
Actualmente existem princípios gerais que são entendidos como subjacentes à
intervenção precoce:
• Crença na responsabilidade da sociedade em providenciar apoio e
protecção às crianças nos primeiros anos de vida;
• Um compromisso para com as necessidades especiais de crianças que
são particularmente vulneráveis devido a condições crónicas de
deficiência ou como consequência de ambientes pouco ricos;
• Acreditar-se que a prevenção é melhor que o tratamento e por
conseguinte intervir cedo é melhor que mais tarde remediar.
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23. Trabalho elaborado por:
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Em última análise com a implementação de projectos no âmbito da intervenção
precoce pretende-se:
• Reduzir e minimizar efeitos negativos das experiências vividas por
crianças em risco, independentemente das suas causas serem biológicas
ou ambientais;
• Suprimir ou atenuar de modo mais efectivo falhas de aquisição ou
desempenho;
• Contrariar a replicação de situações disfuncionais o que implica olhar
para a criança em risco, como produto e produtora de interacções,
interagindo em micro sistemas abertos em contínua relação.
População alvo
Actualmente toda a literatura aponta para uma população de crianças que
oscila entre o período de gestação e os 3 anos de idade e como é inerente as
respectivas famílias. Ultrapassados os tempos dos projectos de compensação
pensa-se não ser muito lógico chamar-se intervenção precoce às intervenções
feitas em idade pré-escolar. Embora no nosso país a última legislação que saiu
aponte para um intervalo que vai do nascimento aos 6 anos de idade pensa-se
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24. Trabalho elaborado por:
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proceder a uma reformulação da referida legislação nomeadamente no que diz
respeito a este assunto.
No nosso país esta questão é muito actual uma vez que, ainda muito
recentemente, o Estado assumiu formal e politicamente o período da Educação
Pré-Escolar como fazendo parte integrante do sistema educativo.
De acordo com Brown & Brown (1993) as crianças com problemas e em risco
que beneficiam de intervenção precoce, subdividem-se em três categorias:
• Crianças definidas à priori como possuindo condições de incapacidade já
estabelecidas
• Crianças com atrasos de desenvolvimento
• Crianças em risco biológico e ambiental
No que diz respeito às famílias é indiscutível a sua intervenção uma vez que se
reconhece a importância do envolvimento familiar no processo de crescimento
global dos seus elementos. Este posicionamento remete-nos para as teorias de
Bronfenbrenner que considera a família como o sistema, mais eficaz e
económico para fomentar o desenvolvimento da criança.
Quanto à ênfase que é dada à família Simeonsson e Bailey (1992) atribuem-no
a diversos factores, tais como:
• Progressivo aumento quanto ao desenvolvimento dos pais enquanto
consumidores de serviços e principais conhecedores dos serviços que
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25. Trabalho elaborado por:
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Ano de 2001
necessitam. Este reconhecimento das necessidades por parte da família,
leva a que a intervenção seja vista para além da criança;
• Clara evidência de que quanto maior for o envolvimento familiar, maior
será a probabilidade de minimizar os problemas da criança e
consequentemente, maximizar o seu desenvolvimento;
• Grande número de investigações justificativas da influencia familiar
para a eficácia da intervenção precoce;
• Reconhecimento de que a presença de uma criança com problemas cria
em todas as famílias necessidades especifícas, assim como, outros
membros da estrutura familiar podem necessitar de assistência para
eles próprios tornando-se “receptores de serviços”.
Modelos de organização
Ao longo dos tempos temos vindo a assistir a uma mudança nos modelos de
intervenção precoce que se iniciaram centrados essencialmente na criança
para actualmente se centrarem nas famílias de crianças em risco numa
perspectiva ecológica e transaccional.
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26. Trabalho elaborado por:
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Ano de 2001
Segundo Brambring (1996) os modelos de intervenção precoce podem-se
esquematizar do seguinte modo:
Fig. 1 - Modelo triangular da intervenção precoce
Prestadores de serviços
Mãe Pai Crianças com
com problemas de
Irmãos desenvolvimento ou risco
Fig. 2 –
Modelo
triangular da intervenção precoce
incluindo as variáveis da família.
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27. Trabalho elaborado por:
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Fig. 3 -
Prestadores de serviços Modelo
triangular da
intervenção
Mãe Pai Crianças com
com problemas de precoce
Irmãos desenvolvimento ou risco
incluindo as
variáveis
familiares
Características bio e sócio – e da
geográficas da família; criança.
Forças, expectativas e
necessidades;
Processos e estratégias de
adaptação; Prestadores de serviços
Redes sociais informais
Etc.
Mãe Pai Crianças com
com problemas de
Irmãos desenvolvimento ou risco
Características bio e sócio - Factores de risco biológico; Fig. 4 –
geográficas da família; Ex.: Tipo e grau de
Forças, expectativas e desenvolvimento ou risco, Modelo
necessidades; etc.
Processos e estratégias de Factores de risco 27
adaptação; psicossocial;
Redes sociais informais Ex. Interacção Pais-Criança
Etc. Etc.
28. Trabalho elaborado por:
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Ano de 2001
triangular da intervenção precoce incluindo as variáveis familiares, da criança
e outras referidas pela investigação
Estrutura dos serviços;
Expectativas e valores; 3 -
Competências educacionais;
Competências de aconselhamento;
Etc.
Prestadores de serviços
Mãe Pai Crianças com
com problemas de
Irmãos desenvolvimento ou risco
Características bio e sócio - Factores de risco biológico;
geográficas da família; Ex.: Tipo e grau de
Forças, expectativas e desenvolvimento ou risco,
necessidades; etc.
Processos e estratégias de Factores de risco
adaptação; psicossocial;
Redes sociais informais Ex.Interacção Pais-Criança
Etc. Etc.
PERSPECTIVA HISTÓRICA
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29. Trabalho elaborado por:
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Ano de 2001
A Intervenção Precoce tem-se constituído, a nível internacional, como uma
área problemática tanto pelas várias perspectivas baseadas na contínua e
muitas vezes contraditória (re)formulação de conceitos, como pela variedade
de projectos que, muitas vezes correspondem a diversos paradigmas de
intervenção. Como refere Soriano (1998) no relatório da European Agency for
Development in Special Needs Education: “De nombreuses structures et
organizations existent pour soutenir l’enfant et sa famille à tout point de vue:
medical, psichologique, pédagógique et social. Cette diversité exige avant tout
un effort de coordination entre services et aussi entre départements
compétents en matière d’intervention précoce”.
Este tipo de reflexões tem levado alguns países, nomeadamente os Estados
Unidos da América, a produzir legislação que contenha orientações ao nível da
Intervenção Precoce, na tentativa de operacionalizar estruturas que facilitem
a colaboração entre os vários parceiros. “(...) Assumiu-se que, ao reunir todos
os interessados com o objectivo de avaliar, planear e implementar a
intervenção precoce, o resultado obtido seria uma melhoria na disponibilização
de serviços abrangentes” (Gallagher, La Montagne & Johnson, 1998).
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30. Trabalho elaborado por:
Ana Rosa Trindade
Joaquim Colôa
Maria Teresa Guardado Moreira
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3.1 - Internacional
É verdade que os primeiros projectos/programas de Intervenção Precoce
surgem nos Estados Unidos com uma índole essencialmente remediativa e de
cariz médico. A vigência de um modelo médico de atendimento das crianças,
desde o nascimento até mesmo à entrada na escola fez com que a criança
recebesse, basicamente, um atendimento médico de assistência especializada
para assegurar a sua saúde física. Mais tarde começa a existir uma
preocupação pedagógica mas os programas continuam a sua função
remediativa. Como escreve Felgueiras (1997): “O movimento de intervenção
precoce surge por volta dos anos 50 e 60, desenvolvendo-se em vários países e
com particular incidência nos EUA. No inicio incluía-se quase exclusivamente
programas de Educação Pré-Escolar de cariz compensatório para crianças
ditas em desvantagem, como forma de combate à pobreza”.
Estes programas eram essencialmente centrados na criança, passando
progressivamente a centrarem-se na mãe, na interacção mãe/criança, na
família e ainda nos contextos mais próximos das famílias em causa. Os locais
onde decorriam também foram sofrendo algumas alterações: passou-se de
centros especializados, para estabelecimentos de ensino e mais tarde para os
próprios domicílios. Actualmente verifica-se, cada vez mais, programas mistos,
ou seja, coordenam-se práticas desenvolvidas no domicilio e em algumas
instituições mais formais como por exemplo as creches.
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31. Trabalho elaborado por:
Ana Rosa Trindade
Joaquim Colôa
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Ano de 2001
Mudanças estruturais nas sociedades actuais bem como as pesquisas
relativamente ao desenvolvimento da criança têm mudado conceptualmente o
âmbito da Intervenção Precoce. Deste modo Correia & Serrano (1998)
defendem que existem “raízes históricas que conduziram as práticas de
Intervenção Precoce actuais a uma abordagem essencialmente centrada na
família”.
Deste modo é referido por Felgueiras (1997) que se tem verificado: “(...) um
enfoque crescente das abordagens centradas na família, encarando-se esta
como um sistema social onde a criança se insere. A própria legislação
americana relacionada com as políticas para pessoas com deficiência, veio já há
alguns anos a substituir (PL 99-457) o modelo anterior que preconizava um
Plano Individualizado de Ensino para a criança, para um modelo mais
englobante, que requer a introdução de um Plano de Apoio ou de serviços,
individualizados para a família, focando quer as necessidades da criança quer
as necessidades da família como um sistema” .
A partir desta premissa têm-se desenvolvido práticas que incluem cada vez
mais uma co-responsabilização de vários serviços e de vários profissionais.
“Para alterar os resultados destas famílias, um serviço, para ter sucesso, deve
incluir agências que representem as áreas da saúde, dos serviços sociais e da
educação e o seu trabalho deve realizar-se em conjunto, de forma a que se
estabeleçam elos de ligação, numa perspectiva de cooperação” ( Gallagher &
Tramil, 1998).
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32. Trabalho elaborado por:
Ana Rosa Trindade
Joaquim Colôa
Maria Teresa Guardado Moreira
Ano de 2001
Deste modo cada vez mais se defende a construção e manutenção de projectos
que se equacionem enquanto redes formais e informais de apoio a crianças de
risco estabelecido, biológico e/ou ambiental. “Um modelo de intervenção
precoce centrado na família tem, em conta, sobretudo, uma perspectiva
ecológica, em que os elementos teóricos estão subjacentes a uma prática, de
modo a encontrar-se um «corpo» lógico de compreensão e intervenção em
situações concretas. Este modelo de intervenção baseia-se em redes de
unidades sociais” (Dias, 1998).
3.2 – Portugal
Parece-nos que no caso de Portugal os indicadores são de se caminhar neste
sentido. No entanto, tem-se assistido ao aparecimento de uma panóplia de
projectos sem uma matriz legislativa que os enquadre caracterizando-se mais
por tentativas efémeras de estimulação precoce que de Intervenção Precoce.
Práticas que nem sempre são recomendáveis para esta área como escreve
Correia & Serrano (1998): (...) isto porque são programas, por um lado, ainda
muito centrados, na criança e, por outro, funcionam de uma forma isolada e
desarticulada de outros serviços que eventualmente estejam a ser prestados à
criança (ex: serviços de saúde, segurança social, educacionais e outros),
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33. Trabalho elaborado por:
Ana Rosa Trindade
Joaquim Colôa
Maria Teresa Guardado Moreira
Ano de 2001
constituindo-se também insuficientes para responder aos inúmeros casos que
necessitam de apoio”.
Os mesmos autores apelavam para a “(...) organização de parcerias
interinstitucionais para a elaboração de projectos, nomeadamente de
Intervenção Precoce”. Embora identificando como válidos alguns projectos
existentes no terreno, estes autores lamentam o caracter de “boa vontade de
um conjunto de pessoas decididas a responder a problemas sentidos na
Intervenção Precoce a nível local ou regional, impedindo assim uma resposta
mais abrangente e global que um diploma legal iria necessariamente forçar”.
Deste modo em Portugal as preocupações denotadas nesta área têm resultado
numa panóplia de respostas que “(...) reflectem a existência de uma grande
heterogeneidade e assimetria, registando-se um número de projectos em
determinadas zonas geográficas, por oposição a outras onde eles são
praticamente inexistentes” (Correia & Serrano, 1998).
Na tentativa de inverter esta situação e atenuar a diversidade de respostas,
quase sempre descoordenadas, é publicado o Despacho Conjunto
54/SEED/SES/SESS/94 que no seu preâmbulo refere: “constata-se, no
entanto que o desenvolvimento da «intervenção precoce» a nível local reflecte
diferenças substanciais de conceptualização e, consequentemente, diversidade
na actuação e na componente organizativa”. Por este motivo institui-se um
grupo de trabalho interdepartamental cujos trabalhos desenvolvidos, até hoje
se desconhecem.
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34. Trabalho elaborado por:
Ana Rosa Trindade
Joaquim Colôa
Maria Teresa Guardado Moreira
Ano de 2001
Também o Conselho Nacional de Educação no parecer n.º 3/99 defendia, no
ponto 22, que era necessário: “Conceber e concretizar legislação que suporte
uma política coerente de intervenção precoce, de âmbito nacional, de acordo
com as recomendações de Salamanca (...)”.
É com a publicação do Despacho Conjunto n.º 891/99 de 19 de Outubro que se
estabelecem as orientações reguladoras da intervenção Precoce. Estas
orientações são ao nível da filosofia, da organização e da actuação e das
equipas de “intervenção directa”. A respeito destas últimas diz o diploma
anteriormente referenciado (ponto 9.1.1) que estas devem ser: “(...)
constituídas por profissionais de formação diversificada, nomeadamente
educadores de infância, médicos, psicólogos, técnicos de serviço social,
terapeutas, enfermeiros ou outros, com formação especifica e experiência na
área do desenvolvimento da criança”. Este documento, embora com algumas
contradições (nomeadamente no que se refere à amplitude da idade das
crianças apoiadas), vem de forma geral de encontro ao que já se vinha
defendendo há já algum tempo: “Definir orientações no domínio da
Intervenção Precoce adequadas ao nosso país numa linha de prevenção e com
prioridades bem estabelecidas” ( Bairrão et al, 1998).
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35. Trabalho elaborado por:
Ana Rosa Trindade
Joaquim Colôa
Maria Teresa Guardado Moreira
Ano de 2001
4 - PROJECTO DE INTERVENÇÃO PRECOCE DE CASTELO BRANCO
(PROIP) – UMA EXPERIÊNCIA PRÁTICA
O Projecto de Intervenção Precoce de Castelo Branco (ProIP) foi criado no
ano lectivo de 1997/1998. A sua existência prática aconteceu no ano lectivo
seguinte (1998/1999), ano em que formalmente foi assinado protocolo, com a
presença do Governador Civil, pelos representantes dos diversos serviços
implicados. Neste ano lectivo existia somente um núcleo de intervenção,
coincidente com o concelho de Castelo Branco.
No ano lectivo de 1999/2000 foram criados mais três núcleos de intervenção:
no concelho do Fundão, da Covilhã e de Proença-a-Nova. Pretende-se a criação
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36. Trabalho elaborado por:
Ana Rosa Trindade
Joaquim Colôa
Maria Teresa Guardado Moreira
Ano de 2001
nestes próximos anos de um Núcleo de Intervenção coincidente com cada um
dos concelhos que integram a área geográfica que o Projecto abrange.
Os responsáveis pelo Projecto podem, ainda, celebrar protocolos pontuais com:
Câmaras Municipais, Misericórdias, Juntas de Freguesia, Associações de Pais,
Instituições Não Governamentais,...
4.1 - Organização
O projecto está organizado por uma Equipa de Coordenação que integra um
representante designado pelos serviços que assinaram o protocolo e que são os
seguintes:
• Sub-Região de Saúde de Castelo Branco;
• Centro Regional de Segurança Social da Zona Centro – Serviço Sub-
Regional de Castelo Branco;
• Hospital Amato Lusitano de Castelo Branco
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37. Trabalho elaborado por:
Ana Rosa Trindade
Joaquim Colôa
Maria Teresa Guardado Moreira
Ano de 2001
• Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental;
• Centro de Área Educativa de Castelo Branco;
A Equipa de Coordenação reúne-se todas as segundas-feiras e tem por funções
gerais:
• Caracterização/sinalização/avaliação das necessidades;
• Avaliação das necessidades gerais das famílias;
• Proceder a encaminhamentos;
• Gerir recursos humanos, materiais e financeiros;
• Elaborar instrumentos de trabalho;
• Assegurar o funcionamento dos núcleos de intervenção;
• Promover formação
• Avaliar internamente o projecto
• Elaborar planos e relatórios anuais de actividades.
A Equipa de Supervisão é composta actualmente por dois elementos
designados pela Equipa de Coordenação e que pertencem à Associação dos Pais
e Amigos do Cidadão Deficiente Mental e ao Centro de Área Educativa de
Castelo Branco. Estes elementos deslocam-se todas as segundas-feiras e, de
modo rotativo, aos diversos núcleos. Reúnem-se, ainda, entre si e com a Equipa
de Coordenação do Projecto.
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38. Trabalho elaborado por:
Ana Rosa Trindade
Joaquim Colôa
Maria Teresa Guardado Moreira
Ano de 2001
As suas funções são o acompanhamento aos núcleos e ligação entre os mesmos
com a Equipa de Coordenação do Projecto.
Os núcleos de intervenção têm por função:
• O levantamento das necessidades especificas das famílias;
• Planificação da intervenção;
• Intervenção directa com as famílias;
• Intervenções com as crianças segundo as necessidades verificadas;
• Articulação com os diversos serviços da comunidade;
• Proceder a reuniões periódicas para análise, discussão e planificação de
cada caso.
Os núcleos de intervenção reúnem-se todas as segundas-feiras e são
compostos, por diversos técnicos e pelas famílias:
Núcleos Composição dos Núcleos
2000/2001
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39. Trabalho elaborado por:
Ana Rosa Trindade
Joaquim Colôa
Maria Teresa Guardado Moreira
Ano de 2001
5 Educadores Infância (ME/DREC - Apoio Educativo)
1 Terapeuta Ocupacional (AAC))
1 Terapeuta da Fala (APPACDM)
Castelo Branco
1 Técnica Serviço Social (APPACDM)
1 Técnica Serviço Social (Centro de Saúde)
1 Psicóloga (AAC)
1 Socióloga (J.I. Alfredo da Mota)
5 Educadores Infância (ME/DREC - Apoio Educativo)
1 Médico Pediatra (CHCB)
Covilhã 1 Médico de Família (Centro Saúde)
1 Enfermeiro (CHCB)
1 Técnica Serviço Social (Centro Saúde)
1 Técnica Serviço Social (CRSS)
1 Educadora Infância ECAE/Covilhã (ME/DREC)
4 Educadores Infância (ME/DREC - Apoio Educativo)
Fundão 1 Médico de Família (Centro Saúde)
1 Enfermeiro (Centro Saúde)
1 Técnica Serviço Social (CRSS)
1 Técnica Serviço Social (Câmara Municipal)
1 Socióloga (EBI S. Vicente da Beira)
2 Educadores Infância (ME/DREC - Apoio Educativo)
1 Médico de Família (Centro Saúde)
Proença-a-Nova 1 Técnica Serviço Social (CRSS)
1 Psicólogo (SPO EB 2/3 Proença-a-Nova
1 Educadora Infância ECAE/Sertã (ME/DREC)
4.2 - Pressupostos teóricos
O Projecto de Intervenção Precoce de Castelo Branco (ProIP) pretende ser
um Projecto transdisciplinar baseado num modelo de intervenção centrado na
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40. Trabalho elaborado por:
Ana Rosa Trindade
Joaquim Colôa
Maria Teresa Guardado Moreira
Ano de 2001
família e em que todos os intervenientes tenham um papel activo. O projecto
visa sobretudo famílias que experienciem o nascimento de crianças em
situação de risco estabelecido, de risco biológico e/ou risco envolvimental.
Estes factores podem surgir isolados ou associados de várias formas.
Pretende-se criar uma dinâmica de disseminação (a família é envolvida de modo
a interagir com diversas estruturas que facilitem as respostas às
necessidades sentidas) e de espiral (intervir com a família para que seja esta a
construir as condições ideais para uma interacção de qualidade). Os restantes
elementos implicados no processo funcionarão como facilitadores do mesmo
cabendo, à família, a decisão final.
A intervenção precoce enquanto processo que tira partido das fases precoces
de maior plasticidade do Sistema Nervoso Central, no sentido de obter o
máximo de estimulação das potencialidades da criança, é sobretudo uma acção
preventiva. A intervenção precoce é , assim, entendida como um conjunto de
acções interdependentes e contínuas que podem ter inicio muito antes da
criança nascer. Uma criança que é gerada num ambiente biológico ou social de
risco é também, potencialmente, considerada uma criança em risco.
“Este projecto adopta, então como sua, a expressão de intervenção precoce
enquanto conceito que traduz as acções desencadeadas (mesmo antes do
nascimento) de modo transdisciplinar e numa perspectiva ecológica, com vista
a qualificar o processo de equilibração das crianças no sentido de melhorar as
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41. Trabalho elaborado por:
Ana Rosa Trindade
Joaquim Colôa
Maria Teresa Guardado Moreira
Ano de 2001
suas interacções com os vários meios que as envolvem considerando-se estas
crianças como entidades dinâmicas” (ProIP).
Esta perspectiva está baseada nos conceitos defendidos por Bronfenbrenner
(1979) onde a criança, a família, profissionais e serviços, são as componentes
de um todo organizado.
O Projecto de Intervenção Precoce assume-se numa perspectiva ecológica,
cujo ponto de partida da acção é a família enquanto microssistema. Está
desenhado numa estrutura em rede cujo conjunto de partes interligadas entre
si realiza um produto de interacção que se pretende seja qualitativamente
superior à soma dessas partes.
4.3 - Objectivos
O Projecto de Intervenção Precoce de Castelo Branco apresenta como
objectivos:
• Implementar e dinamizar um programa articulado e cooperativo,
interserviços e transdisciplinar de intervenção precoce, utilizando todos
os recursos possíveis existentes na comunidade (serviços de saúde,
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42. Trabalho elaborado por:
Ana Rosa Trindade
Joaquim Colôa
Maria Teresa Guardado Moreira
Ano de 2001
educação e segurança social), só recorrendo ao exterior quando no
distrito não se encontrarem respostas adequadas;
• Fornecer um serviço que promova de modo adequado o (re)ajuste de
interacções no seio de famílias de crianças menores de 3 anos e em
risco, através de apoios domiciliários;
• Oferecer um serviço que promova de modo adequado o desenvolvimento
físico, mental e emocional/afectivo em crianças com idade inferior a 3
anos que apresentem situação de risco biológico e/ou ambiental capaz
de interferir com o seu natural desenvolvimento;
• Criar e consolidar, progressivamente, núcleos/equipas transdisciplinares
de intervenção nos vários concelhos do distrito de Castelo Banco;
• Facilitar uma formação especifica comum a todos os técnicos
directamente implicados e encorajar a colaboração e interacção com
outros programas, no país e no estrangeiro;
• Elaborar e adaptar instrumentos formais de observação, avaliação e
registo;
• Garantir a qualidade do processo através da criação de uma equipa de
supervisão, para apoio de retaguarda, aos técnicos dos núcleos de
intervenção;
• Criar uma equipa e coordenação interserviços que assegure o
funcionamento e a dinamização do projecto;
• Sensibilizar a comunidade no sentido de se intervir o mais
precocemente possível.
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43. Trabalho elaborado por:
Ana Rosa Trindade
Joaquim Colôa
Maria Teresa Guardado Moreira
Ano de 2001
4.4 - Modelo de intervenção
O modelo de intervenção defendido pelo projecto implica um processo
centrado na família enquanto microssistema. Nesta perspectiva a família
assume nas equipas um papel de cooperante activo acompanhando todo o
processo de intervenção, pressupondo-se que esta ao ser valorizada se sentirá
mais motivada a interagir/estimular a criança como o faria em situações ditas
normais. Neste sentido o processo de intervenção tem na generalidade dois
efeitos:
• De disseminação – uma vez que implica a interacção com outros
microsssistemas facilitadores de respostas às necessidades vividas
(numa perspectiva ecológica);
• De espiral – uma vez que em última análise a criança é o elemento
sensível a todo este processo e a grande beneficiada pela proximidade/
estabilidade das decisões/intervenções no sentido de serem pensadas
em termos de vida pelos indivíduos que lhe estão mais próximos.
Os restantes membros implicados pressupõe-se que funcionarão como
facilitadores cabendo a decisão final à família. As intervenções generalizadas
e especificas terão como ponto de partida as competências da criança,
constituindo-se como indicadores de avaliação da intervenção e de um modo
geral os seguintes pontos:
• Sucessos da criança ao nível das competências;
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44. Trabalho elaborado por:
Ana Rosa Trindade
Joaquim Colôa
Maria Teresa Guardado Moreira
Ano de 2001
• Satisfação/aderência dos pais;
• Dinâmica familiar (estabilidade, equilíbrio emocional, níveis de
interacção intra e inter sistemas,...);
• Sucessos da família em competências, confiança, autonomia,...
Este projecto pretende ser flexível, tendo em conta situações de trabalho e
de contexto como sejam:
• Diferenciações sócio culturais e geográficos;
• Diversidade e interesse das populações atendidas;
• Capacidade de gerir situações/acções/respostas.
Defende-se uma acção:
• Diversificada e diferenciadora de estratégias assente, sobretudo, na
prevenção e pontualmente na reabilitação;
• Assente num modelo educativo/formativo, viável, consistente e bem
fundamentado a nível teórico e conceptual;
• Que desenvolva respostas de baixo custo em termos materiais e
humanos, exigindo uma adequada organização e disseminação dos
mesmos;
• Assente em programas que englobem essencialmente a família;
• Que operacionalize antes da idade pré-escolar respostas rápidas,
coerentes e consistentes;
• Que viva sobretudo de um trabalho transdisciplinar, organizado e
articulado , tendo em conta vários serviços e técnicos.
Refere ainda como elementos imprescindíveis à intervenção na família:
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45. Trabalho elaborado por:
Ana Rosa Trindade
Joaquim Colôa
Maria Teresa Guardado Moreira
Ano de 2001
• O factor simbiótico/envolvimento;
• O factor afectivo;
• A adequação da linguagem;
• O factor empatia;
• O factor da multiculturalidade;
• O factor da relatividade dos valores.
4.5 - Vertentes da intervenção
Aconselha-se o assumir de duas vertentes essenciais:
• Orientação/apoio à família – visando apetrechar esta de um elevada
capacidade de transformação homeostática sobretudo no plano interno
de modo a inferir-se a manutenção de um equilíbrio dinâmico que
estabeleça a qualificação do plano esterno no sentido de permitir a
interacção de forma dialéctica com outros subsistemas da comunidade,
para melhor auferir dos recursos que esta lhe oferece. Esta vertente
pretende enquadrar a família na procura do seu nível de segurança,
estabilidade e identificação que facilitem o dar/receber informação,
resolver problemas, dar conselhos, ouvir conselhos e tomar decisões
bem como organizar a execução de decisões.
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46. Trabalho elaborado por:
Ana Rosa Trindade
Joaquim Colôa
Maria Teresa Guardado Moreira
Ano de 2001
• Estimulação da criança – realizada sempre que a criança denote atrasos
de desenvolvimento inferidos por deficiência e/ou incapacidade e/ou
handicap que condicionem as suas potencialidades. Com esta vertente
perspectiva-se o reforço de comportamentos desejáveis nas diferentes
áreas de intervenção bem como a redução ou irradiação de
comportamentos indesejáveis que se apresentem como obstáculo ao
processo de normalização e inclusão, em última análise ao sucesso da
criança enquanto pessoa.
“Estas duas vertentes devem sempre ocorrer em interacção e
cumulativamente, embora não se exclua a possibilidade pontual da interacção
se centrar mais numa ou noutra “ (ProIP).
4.6 – Espaços de Intervenção
O espaço de intervenção priviligiada será a domiciliária podendo existir apoio
em instituição ou considerar-se uma intervenção que denominaremos de mista.
Sendo, sempre, vistos como espaços de uma acção integrada e integradora que
poderão ser mais ou menos focalizados, tendo em conta a criança em causa, a
dinâmica familiar e/ou o momento da intervenção. Esta situação poderá ser
Período de Do nascimento aos 3 Dos 3 meses aos 3 A partir dos 3 anos
traduzida em esquema do seguinte modo:
gestação meses anos
INTERVENÇÃO DOMICILIÁRIA/FAMÍLIA
INTERVENÇÃO INSTITUCIONAL
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INTERVENÇÃO MISTA
A partir dos 3 anos a Equipa de IP pode pontualmente
articular-se, durante algum tempo com os AE.
47. Trabalho elaborado por:
Ana Rosa Trindade
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Maria Teresa Guardado Moreira
Ano de 2001
Nesta perspectiva a intervenção domiciliária/familiar visa o apoio a resolução
das necessidades desta, com vista a uma eficaz estimulação da criança.
Pretende-se deste modo a estimulação da criança nos seus ambientes naturais
e um maior envolviemtno dos pais.
A intervenção institucional é desenvolvida, sobretudo, nas creches e visa a
orientação dos váriops técnicos implicados com vista a uma estimulação –
educação mais qualificada.À imagem do que se passa com a família poderão
existir casos em que os núcleos de intervenção precoce centrem a sua
actividade nos referidos técnicos. A grande virtude da intervenção precoce,
nestes espaços, é sobretudo a existência de uma diversidade de situações de
inegração social que são oferecidas à criança e família.
No entanto a intervenção precoce ainda pode ser desenvolvida
simultâneamente nos dois espaços atrás citados sempre que se tenha em conta
as necessidades da criança bem como as necessidades e disponibilidade dos
familiares e dos técnicos das instituições. Podemos também considerar neste
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48. Trabalho elaborado por:
Ana Rosa Trindade
Joaquim Colôa
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Ano de 2001
tipo de intervenção as situações em que as crianças beneficiam de apoios
terapêuticos complementares.
4.7 - Campos de intervenção
Tendo em conta a criança como um todo dinâmico contextualizada em meios
específicos, necessitando para interagir de um quadro desenvolvimental o mais
global e harmonioso possível; são sugeridos alguns campos de intervenção
tendo por base a perspectiva de Bach (1983) que são: fala, sociabilidade,
emotividade, motricidade e percepção.
4.8 - Instrumentos utilizados
Os instrumentos utilizados (anexos) são diversos destacando-se o PIAF e
como registo referem-se os programas de intervenção precoce “PORTAGE” e
“HANNEN”, segundo o Projecto, “pelo facto de se relacionarem com o modelo
de intervenção defendido”.
A intervenção implica outros instrumentos considerados necessários à
sistematização da acção como: anamneses, testes de avaliação, grelhas de
registo de observação, de planificação e avaliação periódica.
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49. Trabalho elaborado por:
Ana Rosa Trindade
Joaquim Colôa
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Ano de 2001
4.9 - População atendida
As famílias visadas são preferencialmente, as que habitam a zona de
intervenção do Centro de Área Educativa de Castelo Branco e que é quase
coincidente com o distrito. Estas, em principio e de um modo geral, devem-se
enquadrar em um ou mais dos seguintes aspectos:
• Ter e/ou possibilidade de a curto prazo se prever vir a ter uma criança
em situação de risco biológico e/ou ambiental;
• Situações de stress ou desequilíbrio emocional por ter ou a curto prazo
se prever vir a ter uma criança em risco biológico;
• Necessidade de orientações especificas por ter ou a curto prazo se
prever vir a ter uma criança a quem já tenha sido diagnosticado um
problema específico;
• Necessidade de orientações na aquisição de material compensatório ou
outro específico no sentido de ultrapassar mais facilmente problemas
denotados pela família relativamente à existência ou possibilidade de
existência no seu seio de uma criança com problemas;
• Necessidade de orientações e encaminhamento relativamente a serviços
disponíveis na comunidade ou outros, no sentido de melhorar as
interacções tendo em conta a existência ou a possibilidade de a curto
prazo vir a existir uma criança com problemas.
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50. Trabalho elaborado por:
Ana Rosa Trindade
Joaquim Colôa
Maria Teresa Guardado Moreira
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As crianças em apoio são, na generalidade, as que se encontram na faixa etária
que oscila entre os 0 e os 3 anos de idade, defendendo-se que a partir desta
idade as intervenções poderão ser gradualmente asseguradas e integradas nos
denominados Apoios Educativos.
A intervenção, relativamente às crianças, tem em conta três grandes aspectos
que a sustentam e justificam:
• Situação de risco estabelecido;
• Situação de risco biológico;
• Situação de risco envolvimental.
Consideram-se estes factores não mutuamente exclusivos podendo aparecer
associados de diversas formas.
4.10 - Avaliação interna
A avaliação interna é feita pela Equipa de Coordenação que analisa os
relatórios semestrais produzidos pelos núcleos de intervenção, dando
posteriormente os feed-backs que tenha por necessários. A Equipa de
Coordenação produz também relatórios anuais que entrega nos respectivos
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Joaquim Colôa
Maria Teresa Guardado Moreira
Ano de 2001
serviços e realiza periodicamente reuniões com a Equipa de Supervisão e
pontualmente com os Núcleos de Intervenção.
A Equipa de Supervisão também produz relatórios anuais onde, para além de
dados estatísticos referentes a esse ano (crianças/famílias atendidas, casos
em espera, situações de abandono,...), identifica situações de dinâmica
referente aos vários Núcleos de Intervenção tendo em conta a melhoria dos
processos e dos produtos.
No primeiro ano (1998/99) foram apoiadas cerca de 18 crianças pelo Núcleo
de Intervenção de Castelo Branco.
No Gráfico 1, podemos observar o número de crianças apoiadas, por Núcleo e
por categorias, no ano lectivo de 1999/2000.
Gráfico 1 – Dados referentes a 1999/2000
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Ano de 2001
Crianças apoiadas
Crianças c/patologia/ADG (não associado a risco ambiental)
1999/2000 Crianças c/patologia/ADG e risco ambiental
Crianças em risco ambiental, s/problemas de desenvolvimento
Crianças que deixaram de ter apoio no âmbito do projecto
35
31
30
24
25
21
20
15
12 12
11
10 10
9 9
10 8
7
6 6
5
4
5 3 3
1
0
0
Castelo Branco Covilhã Fundão Proença-a-Nova
De acordo com as categorias estabelecidas constatamos que foram apoiadas
86 crianças, das quais 41 com patologia/ADG (não associado a risco ambiental;
16 com patologia/ADG e risco ambiental; 28 em risco ambiental, sem
problemas de desenvolvimento e 20 crianças deixaram de ter apoio no âmbito
do Projecto.
No Gráfico 2, podemos observar o número de crianças apoiadas, por Núcleo e
por categorias, no ano lectivo de 2000/2001.
Gráfico 2 – Dados referentes a 2000/2001
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53. Trabalho elaborado por:
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Ano de 2001
Crianças apoiadas
2000/2001 Crianças c/patologia/ADG (não associado a risco ambiental)
Crianças em risco ambiental, s/problemas de desenvolvimento
35
33 32
30 28
26
24
25
20
17
15
15
12
10
10
7
4
5 2
0
Castelo Branco Covilhã Fundão Proença-a-Nova
De acordo com as categorias estabelecidas constatamos que foram apoiadas
98 crianças, das quais 57 com patologia/ADG (não associado a risco ambiental;
48 em risco ambiental, sem problemas de desenvolvimento.
4.11 - Avaliação externa
No que diz respeito à avaliação externa a Equipa de Coordenação tem tentado
estabelecer protocolos com instituições de ensino superior que estejam
interessadas em cooperativamente proceder á avaliação do ProIP.
No entanto pontualmente no âmbito do DESE em Educação Especial da ESE de
Castelo Branco surgiram alguns trabalhos sobre o ProIP dos quais referiremos
um de Rafael (1999)
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54. Trabalho elaborado por:
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Ano de 2001
Neste trabalho é dito que:
“A população atendida tem por base uma tipologia que é cientificamente
suportada pela categorização defendida por Brown & Brown (1993)”.
“Constatámos que a proposta do projecto, está de acordo com os modelos
teóricos actuais e com a legislação publicada”.
“A articulação de serviços e o trabalho de equipa é um verdadeiro binómio
subjacente a toda a filosofia do projecto. De acordo com a pesquisa teórica
que efectuamos, constatamos que fazer intervenção precoce implica articular
diferentes serviços e técnicos sem que pertençam a um único serviço.”
O trabalho continua referindo que todas as famílias entrevistadas consideram
ter havido “uma melhoria na relação com a criança e que se registaram
progressos efectivos no desenvolvimento das competências da criança”;
referem também a “alegria e confiança que sentem ao aprender como lidar
com o seu filho”; podemos ainda constatar que algumas famílias referem que
gostavam “que existisse uma intervenção mais directa com a criança”; tendo-se
ainda verificado, segundo a autora que “as famílias revelaram uma maior
capacidade na sua interacção com a criança”.
Podemos ler que “ a intervenção precoce centrada na família implica uma
mudança de atitudes profissionais”, uma afirmação que decorre do quadro
teórico e que pode ser ilustrada por uma das referências que os pais mais
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55. Trabalho elaborado por:
Ana Rosa Trindade
Joaquim Colôa
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fizeram e que é relativa “ao perfil dos responsáveis de caso” sobretudo na sua
capacidade “de estabelecer uma boa relação”.
Como recomendações podemos transcrever do trabalho referido as seguintes:
“- esclarecimento dos pais sobre a importância do trabalho em parceria,
- intercâmbio entre projectos na perspectiva de troca de informação e
experiências,
- a formação para as famílias e outros agentes envolvidos no processo,
- uma avaliação sistemática de todas as fases do projecto e divulgação dos
resultados obtidos”.
5 – REFLEXÕES FINAIS
Haverá poucas dúvidas relativamente à importância e ao beneficio da
Intervenção precoce e do seu impacto junto e das famílias e das crianças em
risco. Os benefícios são sentidos a vários níveis.
55
56. Trabalho elaborado por:
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Ano de 2001
Por outro lado o envolvimento das famílias nos programas de apoio, leva a uma
mudança de atitudes, de formas de estar e sentir as diversas necessidades
sentidas com o nascimento de uma criança. Qualquer que seja a forma de
atendimento é pois fundamental que a participação dos pais em todo o
processo seja uma constante.
Temos consciência que a Intervenção Precoce é, ainda hoje, vivenciada por
grupos de técnicos de diversas formas. Uma diversidade que concerne os
modelos, os métodos, os programas,... No entanto consideramos imprescindível
a visão sistémica das práticas e os paradigmas transdisciplinares e
interserviços como forma de efectivar a interacção subjacente aos referidos
modelos sistémicos.
Ao Projecto de Intervenção Precoce de Castelo Branco resta-lhe caminhar
aproveitando as mais valias locais, regionais, nacionais e mesmo internacionais
como forma de ir crescendo e atingindo níveis de qualidade cada vez mais
efectivos.
Vimos que o número de famílias apoiadas está em crescendo constatando-se
que existiam muitas crianças que eram referenciadas pelo sistema
tardiamente, acreditamos que esta realidade quererá dizer alguma coisa ao
fim de três anos de práticas sistematizadas no âmbito da Intervenção
precoce.
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57. Trabalho elaborado por:
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No entanto acreditamos que reflectindo nos resultados da nossa prática
adaptando-a a novas realidades se traduzirá a curto médio/ prazo num
desempenho profissional de maior qualidade. De facto e, nomeadamente, na
intervenção precoce há um longo caminho a percorrer o que nos exige, a nós
técnicos, uma constante actualização e caminhada ao encontro das novas
filosofias e práticas.
A exigência reflexiva deste trabalho tem-nos despertado para consciência da
constante evolução e para uma reflexão pedagógica da responsabilidade que,
enquanto técnicos, temos em mãos. Desta forma aprendemos através da
experiência e da reflexão da experiência e daí advém um enriquecimento do
nosso património técnico e humano que se traduz, inevitavelmente, numa
melhoria da qualidade da educação de todas as crianças e famílias com que
trabalhamos.
6 – BIBLIOGRAFIA
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58. Trabalho elaborado por:
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