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JB NEWS
Filiado à ABIM sob nr. 007/JV
Editoria: Ir Jeronimo Borges
Academia Catarinense Maçônica de Letras
Academia Maçônica de Letras do Brasil – Arcádia de B. Horizonte
Loja Templários da Nova Era nr. 91(Florianópolis) - Obreiro
Loja Alferes Tiradentes nr. 20 (Florianópolis) - Membro Honorário
Loja Harmonia nr. 26 (B. Horizonte) - Membro Honorário
Loja Fraternidade Brazileira de Estudos e Pesquisas (J. de Fora) -Correspondente
Loja Francisco Xavier Ferreira de Pesquisas Maçônicas (P. Alegre) - Correspondente
Saudações, Prezado Irmão!
Índice do JB News nr. 2.129 – Florianópolis (SC) –domingo, 31 de julho de 2016
Bloco 1-Almanaque
Bloco 2-IrNewton Agrella – O “Simbolismo” como corrente literária e a Maçonaria (Editorial)
Bloco 3-IrJoão Ivo Girardi – Epistemologia (Coluna do Irmão João Gira)
Bloco 4-IrJosé Ronaldo Viega Alves – A Taça Sagrada: Bíblia, Mitologia e Maçonaria .... parte final
Bloco 5-IrHercule Spoladore – A Prancheta
Bloco 6-IrJoão Anatalino Rodrigues – Não é com asas que se sobe ao céu
Bloco 7-Ir Rui Jung - 31ª Coluna do Rito Schröder – A Grande Loja de Hamburgo e seus Percursores
Bloco 8-Destaques JB – Breviário Maçônico p/o dia 30 de julho e versos do Ir. e Poeta Sinval Silveira de
Souza
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1985: Coritiba F.C. é campeão brasileiro de futebol
 432 — É eleito o Papa Sisto III, 44º papa, q
 ue sucedeu o Papa Celestino I.
 711 — Batalha de Guadalete, marcou o fim do Reino Visigótico no contexto da Invasão muçulmana da
península Ibérica.
 904 — Salonica, a segunda maior cidade do Império Bizantino, é capturada
por corsários sarracenos liderados por Leão de Trípolie é saqueada durante os 10 dias seguintes.
 1769 — Alvará que cria em Lisboa uma fábrica de cartas de jogar, pertença do monarca.
 1790 — O rei Frederico VI da Dinamarca casa-se com a landegravina Maria Sofia de Hesse-Cassel.
Nesta edição:
Pesquisas – Arquivos e artigos próprios e de colaboradores e da Internet
– Blogs - http:pt.wikipedia.org - Imagens: próprias, de colaboradores e
www.google.com.br
Os artigos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião deste
informativo, sendo plena a responsabilidade de seus autores.
1 – ALMANAQUE
Hoje é o 213º dia do Calendário Gregoriano do ano de 2016– (Lua Quarto Minguante)
Faltam 153 para terminar este ano bissexto
Dia do aniversário de Anápolis (GO)
Se o Irmão não deseja receber mais o informativo ou alterou o seu endereço eletrônico,
POR FAVOR, comunique-nos pelo mesmo e-mail que recebeu a presente mensagem, para evitar
atropelos em nossas remesssas diárias. Obrigado.
Colabore conosco para evitar problemas na emissão de nossas mala direta diária.
EVENTOS HISTÓRICOS (fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki)
Aprofunde seu conhecimento clicando nas palavras sublinhadas
JB News – Informativo nr. 2.129 – Florianópolis (SC) – domingo, 31 de julho de 2016 Pág. 3/35
 1903 — É fundada a Igreja Presbiteriana Independente do Brasil.
 1907 — É fundada a cidade goiana de Anápolis.
 1919 — O Parlamento da Alemanha aprova a Constituição de Weimar, a entrar em vigor em 14 de
Agosto.
 1985 — O Coritiba Foot Ball Club é o primeiro clube paranaense a se sagrar campeão brasileiro de
futebol, em um jogo contra oBangu, no estádio do Maracanã, diante de mais de 90 mil torcedores.
 1987 — Um tornado F4 atinge a cidade de Edmonton, Alberta, Canadá.
 2006 — Após 46 anos no poder, Fidel Castro deixa o cargo de presidente de Cuba, passando-o para seu
irmão, Raúl Castro.
 2008 — Comprovada existência de água em Marte.
1599 A mais antiga Ata de Loja que se conhece, a da St. Mary Chapel Lodge, de Edimburgo na
Escócia, confirmada pela marca do Vigilante.
1822 Ata da 8ª Sessão do GO Brasileiro, presidida por Gonçalves Ledo. Aceita a filiação da Loja
Mineiros do Oeste, de Vila Rica – MG. Felipe Nery Ferreira é nomeado Delegado para
Pernambuco e José Raimundo Barbosa, para o Ceará.
1854 Iniciado o Ir.'. Domingo Faustino Sarmiento, educador, futuro GM e presidente da
Argentina, na Loja União Fraternal, em Valparaíso, Chile.
1869 a Loja Maçônica Perseverança III: foi a primeira a trabalhar pela abolição da escravatura e
pela educação, tanto dos antigos trabalhadores, quanto da nascente classe operária de
Sorocabana - SP
1874 Manipulação de votos nas eleições para Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil deu a
vitória a Mário Behering. Os delegados de São Paulo, sabidamente da oposição, foram
impedidos de votar por motivos fúteis. O Grande Oriente de São Paulo separa-se do Grande
Oriente do Brasil.
1953 Fundação da Loja General Lauro Sodré nr. 1392, de Uruana, que trabalha no REAA,
GOEG/GOB
Fatos maçônicos do dia
Fonte: O Livro dos Dias (Ir João Guilherme) e acervo pessoal
JB News – Informativo nr. 2.129 – Florianópolis (SC) – domingo, 31 de julho de 2016 Pág. 4/35
Ir Newton Agrella - CIM 199172
M I Gr 33
membro ativo da Loja Luiz Gama Nr. 0464
e Loja Estrela do Brasil nr. 3214
REAA - GOSP - GOB
newagrella@gmail.com
O "SIMBOLISMO"
COMO CORRENTE LITERÁRIA E A MAÇONARIA
Ao nos referirmos ao simbolismo contido nos 3 Graus da Maçonaria Universal como
base de sua essência doutrinária não há como deixar de fazer uma analogia a uma
corrente literária que se revelou pródiga em grandes autores brasileiros como Cruz
e Souza e Alphonsus de Guimarães.
Estes foram os mais notáveis representantes da corrente literária chamada de
"Simbolismo" tanto no segmento da Prosa quanto da Poesia (broquéis)
O que nos remete a essa comparação são justamente as características marcantes
dessa Escola Literária à nossa Sublime Ordem no seu plano cultista e conceptista.
Aspectos temáticos como a morte, a transcendência espiritual, a integração
cósmica, o esoterismo, o mistério, o sagrado e o conflito entre matéria e espírito
dentre outras características denotam como essa escola literária que chegou ao
Brasil vinda da Europa no final do Século 19 tanto se conflui com o perfil de nossa
ordem iniciática.
No tocante ao plano formal as "sinestesias" que nada mais são que a relação de
planos sensoriais diferentes, mas que se coadunam entre si, como por exemplo: o
gosto com o cheiro, ou a visão com o tato constituem-se em outro relevante
exemplo dessa correlação. O termo serve para descrever uma Figura de
Linguagem e uma série de fenômenos provocados pelas sensações.
Outra analogia que se pode estabelecer entre o "Simbolismo" na Literatura e o
Conceptismo Maçônico diz respeito as imagens surpreendentes, a sonoridade das
palavras, a predominância de substantivos e o emprego de maiúsculas, utilizadas
com a finalidade de dar um valor absoluto a certos termos.
Observe-se que a própria linguagem maçônica está recheada de vocábulos muito
particulares a sua natureza, emprestando-lhe um caráter único e diferenciado de
toda e qualquer outra doutrina, inclusive abrigando linguajares inerentes
exclusivamente aos Iniciados em seus augustos mistérios.
2 – Editorial de domingo – O “Simbolismo” como corrente literária
e a Maçonaria - Newton Agrella
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Nas obras do escritor brasileiro Alphonsus de Guimarães como "Setenário das Dores
de Nossa Senhora" (1899) e Dona Mística (1899) observa-se claramente que sua
Poesia desenvolve-se em torno de um misticismo marcado pela morte, e que se
revela como objeto de adoração.
Nada que não se possa estabelecer uma relação causal com o processo que envolve
o entrelaçamento, as conjecturas e o ápice que se traduz na Lenda do 3o.Grau.
Importante destacar que o "Simbolismo" , como corrente literária, se preocupava
com a linguagem e com o Rigor Formal, tal qual a Maçonaria em sua exegese.
Vale ainda mencionar que essa corrente literária apresentava uma estética marcada
pela subjetividade, elemento presente no misticismo e na sugestão sensorial, algo
que em certa proporção também se aplica ao ritualismo maçônico, como por
exemplo no Rito Adonhiramita - cujas peculiaridades litúrgicas se pronunciam
através de sua profunda espiritualidade, a circunavegação em forma do símbolo do
Infinito e seu caráter singular místico e esotérico que se tipificam inclusive na forma
de tratamento entre os Irmãos que revelam o apreço, respeito e confiança entre si.
Esse paralelismo entre a Literatura e a Maçonaria é apenas um exercício para
sublimar o caráter cultural e intelectual que caminham lado a lado rumo a nossa
evolução.
Fraternalmente
Newton Agrella
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O Ir. João Ivo Girardi joaogira@terra.com.br da Loja
“Obreiros de Salomão” nr. 39 de Blumenau é autor do
“Vade-Mécum Maçônico – Do Meio-Dia à Meia-Noite”
Premiado com a Comenda do Mérito Cultural Maçônico
“Aquiles Garcia” 2016 da GLSC.
Escreve dominicalmente neste 3º. Bloco.
EPISTEMOLOGIA
“Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa,
nunca tem medo e nunca se arrepende” (Leonardo Da Vinci)
1.Etimologia: [gr. epistéme: ciência, conhecimento + logos: tratado, discurso]
2. O que é Epistemologia? Disciplina da Filosofia que discute como se constrói o conhecimento
em geral e o conhecimento científico em específico; - Geralmente conhecida como: Filosofia da
Ciência, Teoria do Conhecimento, Ciência do Conhecimento ou Ciência da Ciência. Poderíamos
falar em Epistemologia da Química, Biologia, Física, Medicina, etc; mas na Maçonaria o foco é na
Epistemologia das Ciências Sociais e Humanas (Sociologia, Antropologia, Psicologia, Economia,
Ciência Política, Estudos Organizacionais, Administração, etc).
3. Significado de Epistemologia: O termo Epistemologia tem como significado ciência,
conhecimento. É o estudo que aborda e investiga problemas associados a crença e o conhecimento,
de modo a entender suas naturezas e limitações do saber científico.
A Epistemologia é uma das áreas da filosofia mais importantes, pois trabalha em compreender a
possibilidade do conhecimento. Isso quer dizer que estuda-se a possibilidade do ser humano
alcançar o total conhecimento. É descrita também como uma ciência que examina a maneira como
precisa-se tratar um problema proveniente de um pressuposto filosófico específico (dentro do
Idealismo). A questão de descobrir a existência das coisas está relacionada com a origem da
epistemologia.
Para Descartes, por exemplo, o conhecimento era a representação da ideia - esta sendo uma
entidade mental que está somente dentro da consciência do indivíduo que a cria.
Platão, por exemplo, via a epistemologia como a teoria de que o conhecimento é o conjunto de
informações que descrevem e procuram explicar o mundo natural e social em que estamos vivendo.
Para ele, o conhecimento era considerado uma crença justificada e exata, tendo a crença como um
ponto de vista subjetivo.
A epistemologia, desse modo, é a ciência que tem como objetivo comprovar o conhecimento -
de modo que se ache evidências que o conhecimento existe fora da consciência da pessoa, para que
ele seja enxergado como uma crença.
3 – Coluna do Irmão João Gira – Epistemologia
João Ivo Girardi
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A epistemologia ocasiona duas colocações: Empirista: onde o conhecimento é alcançado através
experiência - no que foi aprendido durante a vida, Racionalista: onde o conhecimento se encontra
na razão, e não na experiência. Vê-se estas duas posições como o maior problema da
Epistemologia: a relação entre quem conhece e o que é conhecível, pois cada corrente filosófica
fornece maior ênfase ou ao sujeito ou ao objeto. No caso do empirismo e racionalismo, o
empirismo dá muito mais importância ao objeto, enquanto que o racionalismo dá ênfase ao sujeito.
De todo modo, a epistemologia tem como meta estudar a natureza e outras propriedades específicas
dessa relação entre objeto e sujeito e suas particularidades.
4. Ensaio: Vigilância Epistêmica: Vigilância epistêmica é a preocupação que todos nós devíamos
ter com relação a tudo o que lemos, ouvimos e aprendemos de outros seres humanos, para não
sermos enganados. Significa não acreditar em tudo o que é escrito e é dito por aí, inclusive em salas
de aula. Achar que tudo o que ouvimos é verdadeiro, que nunca há uma segunda intenção do
interlocutor, é viver ingenuamente, com sérias consequências para nossa vida profissional. Existe
um livro famoso de Darrell Huff chamado Como Mentir com Estatísticas, que infelizmente é
vendido todo dia, só que as editoras não divulgam para quem. Cabe a cada leitor tentar descobrir.
Vigilância epistêmica é uma expressão mais elegante do que aquela palavra que todos nós já
conhecíamos por desconfiômetro, que nossos pais nos ensinaram e infelizmente a maioria de nós
esqueceu. Estudos mostram que crianças de até 3 anos são de fato ingênuas, acreditam em tudo o
que veem, mas a partir dos 4 anos percebem que não devem crer. Por isso, crianças nessa idade
adoram mágicas, ilusões óticas, truques. Assim, elas aprenderão a ter vigilância epistêmica no
futuro. Lamentavelmente, muitos acabam se esquecendo disso na fase adulta e vivem confusos e
enganados, porque não sabem mais o que é verdade ou mentira. Nossa imprensa infelizmente não
ajuda nesse sentido; ela também não sabe mais separar o joio do trigo.
Hoje, o Google indexa tudo o que encontra pela frente na internet, mesmo que se trate de
uma grande bobagem ou de uma grande mentira. Qualquer opinião é divulgada aos quatro cantos
do mundo. O Google não coloca nos primeiros lugares os sites da Universidade de Oxford,
Cambridge, Harvard ou da USP, supostamente instituições preocupadas com a verdade. In veritas é
o lema de Harvard. O Google não usa sequer como critério de seleção a qualificação de quem
escreve o texto no seu algoritmo de classificação. Ph.Ds., especialistas, o Prêmio Nobel que estudou
a fundo o verbete pesquisado aparecem muitas vezes somente na oitava página classificada pelo
Google.
Avaliem o efeito disso sobre a nossa cultura e a nossa sociedade a longo prazo. Todos nós
precisamos estar atentos a dois aspectos com relação a tudo o que ouvimos e lemos: - Se quem nos
fala ou escreve conhece a fundo o assunto, é um especialista comprovado, pesquisou ele próprio o
tema, sabe do que está falando ou é no fundo um idiota que ouviu falar e simplesmente está
repassando o que leu e ouviu, sem acrescentar absolutamente nada. - Se o autor está
deliberadamente mentindo. Aumentar a nossa vigilância epistêmica é uma necessidade cada vez
mais premente num tempo que todos os gurus chamam de Era da Informação.
Discordo profundamente desses gurus, estamos na realidade na Era da Desinformação, de tanto
lixo e ruído sem significado científico que nos são transmitidos diariamente por blogs, chats,
podcasts e internet, sem a menor vigilância epistêmica de quem os coloca no ar. É mais uma
consequência dessa visão neoliberal de que todos têm liberdade de expressar uma opinião, como se
opiniões não precisassem de rigor científico e epistemológico antes de ser emitidas. Infelizmente,
nossas universidades não ensinam epistemologia, aquela parte da filosofia que nos propõe indagar o
que é real, o que dá para ser mensurado ou não, e assim por diante. Embora o ser humano nunca
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tenha tido tanto conhecimento como agora, estamos na Era da Desinformação porque perdemos
nossa vigilância epistêmica.
Ninguém nos ensina nem nos ajuda a separar o joio do trigo. Foi por isso que as elites
intelectuais da França, Itália e Inglaterra no século XIV criaram as várias universidades com
catedráticos escolhidos criteriosamente, justamente para servir de filtros e proteger suas culturas de
crendices, religiões oportunistas e espertos pregando mentiras. Há 500 anos nós, professores
titulares, livres-docentes e doutores, nos preocupamos com o método científico, a análise dos fatos
usando critérios científicos, lógica, estatísticas de todos os tipos, antes de sair proclamando
verdades ao grande público. Hoje, essa elite não é mais lida, prestigiada, escolhida, entrevistada
nem ouvida em primeiro lugar. Pelo contrário, está lentamente desaparecendo, com sérias
consequências. (Stephen Kanitz).
5. Mario Sérgio Cortella: “A maioria das pessoas não navega na internet, naufraga!”
MAÇONARIA
1. Epistemologia Maçônica: A Maçonaria, como um grande conjunto de ciências, colocada a
serviço da evolução racional da espécie humana, através da pesquisa e do estudo crítico, tem
inquestionável caráter epistemológico, só empanado, às vezes, por maçons negligentes e
acomodado em relação aos seus deveres maçônicos, que não leem, não pesquisam e não estudam.
No livro, Maçonaria, Introdução aos Fundamentos Filosóficos, o Irmão Octacílio assim se
posiciona: A filosofia maçônica apresenta três epistemologias fundamentais:
I. primeira, que ela cumpra três tarefas essenciais que são: a) ajudar o maçom a conhecer a si
mesmo e conceber o seu semelhante, isto é, o ser enquanto ser, que é chamado de ontológico; b)
contribuir com maçom a resolver sua problemática interna, isto é, dentro da Sublime Ordem e
externa, ou seja, na vida profana. Para resolver, deve saber, conhecer, poder, apreender e
descobrir as causas dos fenômenos. Não nos esqueçamos que saber é poder e poder é prever
(Comte); c) a axiologia que comparece na Maçonaria, como elemento importantíssimo, pois
permite ao maçom encaminhar, orientar e mesmo tutelar a si mesmo e seus irmãos, no ideário,
atitudes e comportamentos.
II. A segunda epistemologia resume os três pressupostos acima mencionados, permitindo ao
maçom exercer sua metodologia, a qual resulta na capacidade de viver uma vida digna, perfeita,
de qualidade moral superior, sereno e fecundo, justo e perfeito.
III. A terceira epistemologia é o eu e o não eu, que significa o cosmos, a sociedade e a cultura e
constituem a interrogação deste grande problema, ou seja, deste grande enigma. A gnosiologia
consagra estes resultados, os valoriza e lhes da consistência, ao ocupar-se do problema do
conhecimento: causa, origem, essência, natureza, possibilidade e valor do saber humano. Sim este
é o resultado da Maçonaria ser a grande Escola do Conhecimento.
2. Escola de Conhecimento: No pensar de Platão, o mundo material se torna compreensível
através das ideias. Essas, no encontro com os sentidos, do mundo corpóreo, ou se afirmam ou se
perdem. É disso que nasce o conhecimento. A construção desse conhecimento a que se propõe a
Escola do Conhecimento (Maçonaria) é a conjugação do intelecto e da emoção, da razão e da
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vontade, da crença e da realidade, da dúvida e da fé, de onde, segundo o ideal platônico, a epistemé
é fruto da inteligência e do amor. (Salomão Ribas Júnior).
3. Epistemologia Arcana: A Maçonaria não é apenas um sistema esotérico não dogmático de
crenças, mas também uma escola que promove o espírito crítico com o objetivo de decifrar tanto o
revelado quanto o não revelado. Na Maçonaria é permitido acreditar, mas nunca de maneira cega ou
sectária, posto que esta é uma loja que não afeta a liberdade dos seres humanos nem tem como meta
uma doutrina de culto devocionista, como ocorre nas seitas religiosas. Seu propósito é combater a
superstição e os tabus restritivos mediante a busca da perfeição do potencial humano, por meio
de um sistema racional de pautas, tanto abstratas quanto concretas. Aqui, a metáfora é
extremamente importante, mas a realidade radical subjacente nela também o é. Por isso, enquanto
uma religião goza de uma estrutura dogmático-regimental, a Maçonaria operativa e a Franco-
Maçonaria vigente desde 1717 gozam de um sistema não dogmático, pois uma estrutura possui uma
ordem orgânico-linear, estática e hierárquica. Sendo um sistema - como o que aqui se trata -,
compreende uma ordem celular - uma ordem mais ótima ainda, a nucléica - de natureza dinâmica e
não linear, com base em unidades espontâneas ou nodos livres que não precisam de uma hierarquia,
pelo menos no que diz respeito a seus métodos de concepção e ação.
Para a religião, a fé é imprescindível, enquanto para a Maçonaria, a epistemologia arcana é
inevitável, sendo dois nodos diferentes de busca da verdade: de uma por meio do credo e outra
por meio de artes herméticas e das ciências livres. Talvez, é até possível que na Maçonaria, como
realidade imanente meramente humana, dissociada de sua natureza transcendente, se descubra uma
série de preconceitos, contradições ou inconsistência quanto à igualdade místico-templária entre
ambos os sexos; no que se refere a postura de certo modo elitista; no que concerne a precisos
descumprimentos paneréticos (etimologicamente, panerético é uma expressão da homilia cristã, ou
que tem a ver com todas aquelas formas de sermão religioso ou de exortação espiritual a modo de
pregação) e em correspondência a outros questionamentos.
Afinal, nenhuma estrutura dogmática ou sistema não dogmático é perfeito no plano humano
e terreno da realidade. Inclusive, por mais óbvio que pareça, trata-se de precisar que submissão
espiritual não é a mesma coisa que sabedoria deísta. Curiosamente, mesmo quando a religião cristã
e a Maçonaria discordam a não mais poder, também não se pode asseverar que as duas ordens estão
absolutamente dissociadas e que são definitivamente antagônicas. A realidade não apenas possui
uma estrutura, como também precisa de um traço original e de uma ordem holística - isto é, um
sistema universal completo em si mesmo - para prevalecer como um todo variável e transcendente.
(Do livro, As Redes Secretas do Poder, Pablo Allegritti).
Finalizando: A minha filha, Ana Luiza, (18 anos) vai iniciar o curso de Medicina Veterinária na
UDESC, em Lages, e me chamou atenção duas disciplinas da 1ª Fase: Epistemologia e Metodologia
Científica e Deontologia. Fiquei esperançoso que a juventude brasileira possa nos superar nos
conceitos do conhecimento e de ética. Nossos filhos merecem um Brasil melhor.
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O Ir.·. José Ronaldo Viega Alves*
escreve aos domingos.
A TAÇA SAGRADA: BÍBLIA, MITOLOGIA E MAÇONARIA. O
SIMBOLISMO DA TAÇA DA AMARGURA E DA DOÇURA:
ANALOGIA COM A VIDA E SUAS VICISSITUDES. AS MUITAS
ORIGENS. (PARTE DOIS - FINAL)
*Irmão José Ronaldo Viega Alves
ronaldoviega@hotmail.com
Loja Saldanha Marinho, “A Fraterna”
Oriente de S. do Livramento – RS
*** Resumo da Parte Um
No trabalho que antecede a este vimos como se processa a cerimônia
da Taça Sagrada durante a Iniciação do candidato, já que foi descrita em
detalhes. Também aspectos sobre o juramento e a ênfase especial que durante
o ato é feita para quem supostamente cometa o perjúrio ou que possa faltar à
quebra de sigilo. Foram feitos os primeiros comentários sobre a Taça da
Amargura, e transcritos verbetes de dicionários maçônicos com o intuito de
mostrar que as definições sobre Taça Sagrada e Taça da Amargura, que são
ali mostradas podem induzir a pensar que são coisas distintas.
Há uma referência ao Santo Graal, onde depois deter sido
proporcionada uma breve explanação sobre o mesmo, e em função do assunto
em si, ou seja, a Taça Sagrada, o mesmo não poderia ficar de fora, pois, em
leituras de trabalhos similares, é comum alguns autores se remeterem ao
Graal, sendo que existem muitas interpretações e analogias discutíveis.
A dúvida surgida sobre a natureza propriamente do que pode e deve
ser considerado sagrado ou não, de onde a referência à Taça Sagrada, foi
abordada com considerações emitidas pelo sábio Irmão Pedro Juk, e com
certeza é sempre um assunto a exigir mais aprofundamentos. Foram vistos
também excertos e opiniões de diversos Irmãos estudiosos sobre as origens da
cerimônia da Taça na Maçonaria, onde há praticamente um consenso em
afirmar que ela é proveniente do Rito Adonhiramita. Fechando aquele
primeiro capítulo conhecemos alguns aspectos referentes a sua adoção e uso
no R.E.A.A.
Vamos dar prosseguimento a partir daqui com algumas
complementações sobre o que já foi exposto, assim como abordar outros
aspectos e peculiaridades que sejam inerentes à Taça Sagrada.
4 – A TAÇA SAGRADA: BÍBLIA, MITOLOGIA E MAÇONARIA. O SIMBOLISMO DA
TAÇA DA AMARGURA E DA DOÇURA: ANALOGIA COM A VIDA E SUAS
VICISSITUDES. AS MUITAS ORIGENS. (PARTE DOIS - FINAL) - José Ronaldo Viega
Alves
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AINDA SOBRE A TAÇA E OS TEXTOS BÍBLICOS
No trabalho anterior vimos uma alusão à Taça da Amargura na Bíblia, quando foi
feita uma citação dos Salmos. Com o desenvolvimento das pesquisas foi possível constatar que o
grande estudioso que foi o Irmão Theobaldo Varoli Filho tinha convicção acerca dessas origens ou
de uma ligação direta, tal como poderemos detectar logo abaixo em algumas passagens do artigo
“A Taça Sagrada no Rito Escocês Antigo e Aceito” que é de autoria do sábio e atento pesquisador
Irmão Hercule Spoladore:
“Para Theobaldo Varoli filho, que considera a Prova da Taça Sagrada como inconcebível, ela
teria origem em textos bíblicos, mas que os rituais antigos ocultavam este fato, não mostrando a
origem e nem tampouco a influência da Cabala Hebraica. Este autor considera como indiscutível
que a chamada Taça Sagrada originou-se de diversas traduções dos Salmos, cap. 75, VS. 9
(Salmo de Asafe), que diz: “Porque na mão do Senhor há um cálice/cujo vinho espuma, cheio de
mistura/dele dá a beber;/Sorvem-no até as escórias,/todos os ímpios da terra”.
E também de Matheus 26/41: “Tornando a retirar-se, orou de novo, dizendo: Meu
pai, se não é possível passar de mim este cálice, sem que eu beba, faça-se a sua vontade. Faz
ainda referência à ‘Vulgata’ de S. Jerônimo, 74-9.”
A TAÇA E O SEU SIMBOLISMO COM BASE NA MITOLOGIA E NA FILOSOFIA
Durante as pesquisas, deparei-me com mais de uma origem e inúmeras ramificações.
Gosto de pensar que vou elencar umas quantas, mas, que fique bem claro, que não estou
afirmando qual a mais correta. A Maçonaria, para muitas das suas cerimônias, é pródiga em
origens, e se isso tem o tom de crítica como alguns possam pensar, quer queiram ou não, encerra
uma verdade. O pesquisador maçônico convive sempre com uma grande quantidade de
influências, correntes de pensamento, opiniões e interpretações.
Diz o Irmão Hercule Spoladore em seu artigo:
“Sabemos que, e não se há que negar como faziam os autores maçônicos dos séculos XVIII e XIX,
os símbolos, alegorias e lendas que a Maçonaria adotou, adaptando-os aos seus princípios, ela os
foi buscar na Bíblia. Ao mesmo tempo, se inspirou nas civilizações antigas, retirando para si o
que houve de melhor, especialmente nos exemplos místicos e morais.”
COM RELAÇÃO AO FILÓSOFO CEBES
Entre essas supostas origens, começemos com a introdução de um trabalho intitulado
“A Taça Sagrada” da autoria de vários Irmãos Aprendizes que diz assim:
“A Taça é um símbolo antiquíssimo e o juramento sobre ela pode ser visto sob o aspecto
simbólico. Quase todas as religiões e quase todos os ritos antigos fazem alusões a seu respeito,
onde apesar de algumas diferenças quanto ao seu conteúdo, formas, lendas, sempre há, no final,
semelhanças quanto à interpretação. Igualmente, como símbolo, a Taça se presta às mais
variadas interpretações. Vale lembrar que, a interpretação de um símbolo se reveste de um
caráter totalmente individual, dependendo só do entendimento pessoal daquele que o está
interpretando.
A filosofia nos dá uma disciplina de pensamento, obrigando-nos a refletir e pensar, e
neste sentido, procuraremos apresentar interpretações simbólicas da taça sagrada de acordo com
CEBES, filósofo grego, discípulo de SÓCRATES, que nascera em Tebas no século 5 a.C., e que
figura em vários diálogos de Platão. Os estudiosos nos ensinam que a adoção da taça sagrada
pela nossa ordem maçônica teria sido baseada na obra denominada ‘quadro da vida humana’, de
sua autoria.”
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COMENTÁRIOS:
Duas coisas precisam ser ditas, antes de dar continuidade: a primeira é que eu era
completamente leigo com respeito ao filósofo Cebes, já que nunca havia visto qualquer referência
ao mesmo. E a segunda: o bom de pesquisar é que se aprende sempre, mas, não posso colocar aqui
em discussão o que não sei, ou seja, se há uma influência da obra de Cebes, ou não, pois, fazem
falta outras fontes, e comprovadamente há uma escassez delas para esse assunto. De qualquer
forma pude perceber também que existem outros trabalhos, onde o mesmo conteúdo é utilizado,
mas, que parecem ser meras reproduções.
CEBES E O SEU “QUADRO DA VIDA HUMANA”
Vejamos o que é descrito do “quadro da vida humana” de Cebes, a mensagem que
traz implícita e a analogia que alguns Irmãos acham possível de ser feita com a cerimônia da taça
sagrada na Maçonaria:
“O filósofo Cebes nos conta que milhares de almas candidatas à conquista da vida e a sua maior
duração, ouviam diante de uma enorme porta os sábios ensinamentos e conselhos de um ancião,
acerca do modo de proceder, que os homens mortais deveriam observar no decorrer de suas
existências. Por desgraça, suas sábias palavras e advertências ante a vida, tornam-se logo
esquecidas pelas almas ávidas de viver. Após essa exposição, a grande porta era aberta, e por
ela, todos entravam para um recinto maior, e os que se atrevessem a ingressar, deveriam
submeter-se a uma prova, representada por uma linda e insinuante mulher sentada sobre o trono
da hipocrisia e da vaidade, empunhando uma grande taça contendo uma bebida que não acabava
nunca, oferecida aos candidatos. Pretendendo viver intensamente, muitos a bebiam em grandes
goles, outros mais prudentes, apenas sorviam um pequeno gole, demonstrando assim pouco
apego à vida (REIS, s/d).”
Mais adiante veremos que o Irmão João Alves da Silva em um brilhante trabalho do
qual serão reproduzidas várias citações ao longo deste, faz um comentário sobre Cebes e o que
seria produto de fontes apócrifas. Fica o registro, no entanto, dessa que para alguns vale como
origem.
O SIMBOLISMO RECORRENTE: A AMARGURA E A DOÇURA OU VICE-VERSA
COM RELAÇÃO AO RIO LETHES
O autor Jules Boucher, em seu clássico, a “A Simbólica Maçônica” falando sobre a
Iniciação ao primeiro Grau diz que o Recipiendário recebe uma Taça onde se colocou uma bebida
que é doce no princípio, amarga após e volta a ser doce no final.
Cita Ragon que se dirigindo ao Iniciado depois da cerimônia, diz a este:
“Irmão, a bebida que lhe foi dada é, por seu amargor, um emblema dos males da vida e dos
obstáculos que precedem à Iniciação ou à descoberta da verdade. Que ela seja para você uma
bebida do Lethes ou do olvido no que respeita às falsas máximas que aprendeu junto aos
profanos. A segunda bebida é pura; você a achou mais doce. Que ela seja uma bebida de
Mnemosina ou da memória, para as lições que irá receber da sabedoria.”
Depois cita Oswald Wirth, que tem uma forma um tanto diferente de se exprimir:
“Acabrunhado pela amargura, o justo é tentado a desesperar e corre o risco de sucumbir,
esmagado pela ingratidão dos homens. Mas essa prova não poderia surpreender o Iniciado.
Longe de se deixar abater e de rejeitar o cálice fatídico, ele deve agarrá-lo, decidido a esvaziá-lo
até o fim. É então que o licor acre e ardente se transforma numa bebida reconfortante. O Iniciado
bebe as águas do Letes. Esquece as injúrias, não sente mais suas pernas e, persistindo em sua
abnegação, encontra, em meio aos tormentos da vida, toda a sua serenidade de espírito.”
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COMENTÁRIOS:
Boucher tece algumas considerações por conta da diferença existente entre a analogia
descrita por Ragon e a de Wirth: enquanto para Ragon a bebida do Letes (*) é amarga, para Wirth
ela é doce. Boucher dá um maior sentido a Wirth pelo fato de que, seria bem mais fácil se
conservar a lembrança referente à bebida que é amarga (Mnemosina) (**) do que a da bebida
insípida (Letes).
O melhor comentário sobre a analogia com Letes, fica por conta do Irmão João Alves
da Silva em seu trabalho “A Taça Sagrada”, onde se manifesta da seguinte forma:
“_Causa espécie que tais luminares não expliquem onde foram buscar uma ilação líquida
(bebida) com a deusa-mãe da memória e das ciências. Conhecimento esse, por certo, corrente
entre os eruditos do passado, mas não inserido no contexto cultural da maioria dos especulativos.
Talvez se deva buscá-la no verbete taça do Dicionário de Símbolos de Cirlot, onde é dito que o
caráter amorfo e livre do líquido, quando passa à condição de conteúdo, se amolda‘ às
possibilidades e às contingências’ – daí, a possível ilação de passagem da profanidade libertista
à consciente e árdua ascese do futuro maçônico...”
MAIS DO SIMBOLISMO BASEADO NA AMARGURA E NA DOÇURA
Vejamos outras das considerações de alguns Irmãos em diferentes peças de
arquitetura, das quais são autores:
“Voltando à taça, já que falamos da ligação da maçonaria com o Santo Graal, ela, a maçonaria,
usa apenas as bebidas amarga e doce. O Rito Francês emprega apenas a amarga, significando o
emblema dos desgostos inseparáveis da vida humana. No Rito Adonhiramita, esta taça relembra
as vicissitudes da fortuna, que muitas vezes nos convertem as doçuras da alegria em amargores
de tristeza, ensinando que os maçons devem, com resignação, afrontar os revezes. Então, deve-se
fazer o iniciado sorver todo o conteúdo da taça.” (Irmão Luiz Carlos Lemes Franco)
Ainda com relação ao trabalho que foi citado anteriormente de autoria do Irmão
Hercule Spoladore, o mesmo aponta ainda sobre a posição do Irmão Theobaldo Varoli, que não
admitia a prova da taça no R.E.A.A., sendo que, por isso, ele fez uma espécie de substituição para
a Prova da Taça, criando um texto que o Irmão Spoladore resgatou e ainda por cima, teceu alguns
comentários. Esse texto se referia à amargura e à doçura da bebida, o que faz com que
trasncrevamos novamente mais algumas passagens do brilhante trabalho do Irmão Hercule
Spoladore que nos alimenta com essas informações, que acredito que poucos são aqueles tem
conhecimento. Vejamos:
“Varoli, que em 1974 organizou um Ritual, preciosidade que nunca foi utilizada por qualquer
Potência, constituindo-se hoje em dia numa fonte de estudos bastante consultada por
pesquisadores, inseriu no Ritual referido, em lugar da prova da taça Sagrada, o seguinte texto:
_Ven.: ‘É certo que a vida pode trazer-nos amarguras inesperadas, menos por nossa culpa do que
pelas circunstâncias que nos rodeiam. Nós maçons, buscamos enfrentar com serenidade as boas e
as más vicissitudes. Sabemos que durante nossa existência teremos que provar das taças de boa e
de má bebida, como não desconhecemos que todo aquele que se afasta da Virtude, buscando
apenas prazeres, provará do amargor do fel que resulta de uma doçura precária e ilusória. Por
isso, os maçons buscam a moderação no usufruir dos prazeres da vida’.”
E logo após, os comentários do Irmão Hercule Spoladore:
“Como pudemos constatar, Varoli substituiu a prova da Taça Sagrada por este texto bonito, onde
calcado na Bíblia, nos dá uma bela lição de moral.
Todavia, ele foi muito combatido por ter tido a coragem de pelo menos dizer aos
maçons brasileiros que a prova da Taça sagrada não era bem aquilo que eles pensavam que
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fosse. Ma que fazer, se o que é errado já se tornou uma pseudo-tradição? E os maçons parecem
gostar e não admitem retirá-la do Ritual.
Este é apenas um dos muitos exemplos do que vem acontecendo através do tempo
na Maçonaria. E os responsáveis são todos aqueles que, só porque acham lindo, copiam,
enxertam, imitam, ou ainda, muito pior, inventam.”( Grifo meu, ainda que no original do
Irmão Hercule Spoladore estejam em negrito as palavras: copiam, enxertam, imitam e
inventam.)
Também naquele outro trabalho já citado onde aparece a descrição do “quadro da
vida humana“ de Cebes, é dito logo após:
“Esta cerimônia, outrora, pertencia, ao Rito Adonhiramita e foi incluída no Rito Escocês Antigo e
Aceito posteriormente. De acordo com José Castellani apud CORTEZ (2005) a Taça é uma
palavra de origem árabe, com o significado de um recipiente feito de diversos materiais, pouco
fundo e destinado a beber. Diz-nos também, que em vários Ritos, na Câmara de Reflexões
existiam duas taças, uma com líquido doce e outra com líquido amargo. Posteriormente, em
alguns ritos, essa taça foi levada para a Cerimônia de Iniciação, onde passou a ter o sentido de
Taça Sagrada. Esse sentido poderia, eventualmente, dar à Taça um cunho religioso, fato
totalmente incompatível com a filosofia Maçônica. (Grifo meu!)
A Iniciação é a glorificação do esforço para se chegar à plena compreensão da Vida
(SEGURAM, 1997). Este é um dos simbolismos da taça sagrada, saber aprender a viver,
aceitando suas atribulações e felicidades com o mesmo ânimo e de cabeça erguida. A amargura
que nos assola em alguns momentos não nos desanima, pelo contrário, incentiva-nos a procurar
transformarmos sua amargura em doçura, aceitando serenamente a obrigação, de apurar todo o
cálice sagrado da vida. É o símbolo de transição sobre o mundo profano e o das realidades
transcendentes.”
COMENTÁRIOS:
Como pudemos ver até aqui, há um número muito grande interpretações, no se
aproximam tantas são as semelhanças entre elas.
JULES BOUCHER: AS FASES
Para Jules Boucher deveriam existir três fases na cerimônia, caracterizadas da
seguinte forma:
“1º - Insípida, é a vida do profano na qual o Espírito não foi despertado.
2º - Amarga, a vida do Iniciado, daquele que procura, daquele que é atormentado pelo desejo de
‘conhecer’.
3º - Doce, a vida do Adepto, daquele que enfim, chegou à serenidade que a verdadeira Iniciação
pode proporcionar.
MAGISTER: “EL CÁLIZ MISTERIOSO”
O escritor e estudioso maçom(?) Aldo Lavagnini ou Magister, pode-se dizer, possui
uma obra que tem seguidores e detratores, mas, em países de língua espanhola teve e tem grande
aceitação. Aliás, não sei se foi o fato de viver em uma zona de fronteira, onde o espanhol soa tão
familiar, que fez com que um dos primeiros nomes que ouvi dos velhos Mestres da minha Loja
quando o assunto era a pesquisa para trabalhos de Grau, consultar a Magister, além de que, na
pequena biblioteca da Loja ele marcava presença.
Usemos de alguns excertos da sua obra (que não é pequena), para falar sobre aquilo
que tem conotação com o assunto em pauta, ou seja a Taça Sagrada, Copo com a bebida que é
dada ao Recipiendário, Taça da Amargura, Cálice Simbólico...
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Em seu livro “Manual Del Aprendiz”, Magister fala sobre aquilo que chama de “El
Cáliz Misterioso”, que nada mais é do que “O Cálice Misterioso”, e que independente das
opiniões a favor ou contra si, é um belo e muito explicativo comentário acerca da cerimônia da
Taça. Vejamos então:
“El iniciado que ha afrontado las pruebas simbolizadas por los tres viajes (***) y ha sufrido la
triple purificación de lós elementos se há libertado de todas las escorias de su naturaleza inferior
y tiene ahora el deber y el privilegio de manifestar lo más alto y divino de su ser.
Este deber y este privilegio, que hacen de él ya potencialmente un masón, han de ser
sellados con una primera obligación (o reconocimiento de deberes) que precede al juramento
propiamente dicho, y consiste en hacerle beber en un cáliz de agua que de dulce se convierta en
amarga.
En esta triple obligación, que puede considerarse como una confirmación del
testamento, aprende y reconoce las condidiones en las cuales será recibido masón: el secreto
sobre lo que hay de más sagrado; la solidariedad y devoción hacia sus hermanos; y la fidelidad a
la Orden, con la observancia de sus Reglas y Leyes tradicionales.
El cáliz de amargura nos describe muy eficazmente las desilusiones que encuentra
quien desciende de las regiones puramente ideales, del Oriente simbólico, para enfrentarse con
las realidades materiales. La dulzura inefable de los sublimes conocimientos que se han
adquirido, de los planes o programas de actividad que se han formulado en la mente, no puede
menos de cambiarse en la amargura que nace cuando todo parece ir en contra de nuestros
proyectos y de nuestras aspiraciones.
Entonces no debemos maravillarnos si, en un momento de debilidad, el alma cede
momentáneamente bajo el peso abrumador de esta apariencia y brota de lo profundo del corazón
el grito: ‘Padre, si es posible,aleja de mi este cáliz!’
Pero el cáliz no puede alejarse, ya que deber ser apurado hasta la ultima gota. El
contacto con la realidad exterior no puede evitarse, y en este contacto debe demostrarse
prácticamente el valor de sus adquisiciones ideales y su firmeza en la Verdad en la cual se ha
establecido: la realidad exterior debe ser transmutada por la simple influencia silenciosa de su
íntima conciencia, fija en la visión de una realidad de orden superior o trascendente.
En otras palabras, el iniciado que ha sido purificado por los tres elementos debe
haberse convertido y obrar como un verdadero filósofo, y por ende, ser la piedra filosofal que
todo lo transmuta por la simple influencia de su presencia, con su actitud interior. Así pues, lejos
de evitar y alejar de si la poción amarga que le es ofrecida por la ignorancia de los hombres,
debe llevarla a sus labios serenamente, como si fuera la más dulce y confortable de las bebidas.
Entonces es cuando se cumple el milagro: la amargura se convierte en dulzura, y la visión
espiritual triunfa sobre las sombras de la ilusión que se desvanecen.”
FALTA ALGUMA COISA NOS RITUAIS?
Das leituras pertinentes ao assunto percebo que alguns autores apontam para um certo
vazio no que tange às palavras explicativas para a cerimônia, e que servissem para instruir ou
orientar melhor o recipiendário ou candidato.
Jules Boucher, depois de ter exposto as fases aquelas que vimos logo acima,
caracterizadas pelas bebidas insípida, amarga e doce, disse o seguinte:
“Assim simbolicamente, o Recipiendário seria instruído a respeito das três fases da Iniciação
pela absorção das três bebidas. É preciso lamentar aqui a pobreza das explicações dos rituais e a
identidade material que se atribui a primeira e à terceira bebida, que nada mais é do que a água,
muito simplesmente.”
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Por sua vez, o Irmão João Alves da Silva em seu esclarecedor artigo “A Taça
Sagrada”, depois de se referir à cerimônia da Taça Sagrada no R.E.A.A., diz assim:
“Texto ritualístico que, quando bem conduzido e interpretado, causa viva impressão ao
recipiendário, pois este até então tratado com benevolência, recebe de chofre a interpretação
enérgica, ríspida, sobre a possível falsidade de suas intenções.
A partir do Ritual, as suas interpretações dadas ao ato em questão, via de regra, são
pertinentes à ascese maçônica, fundamentada numa visão estoica de pautar a vida segundo os
sãos princípios da Moral e da Razão. Evidentemente, a necessária e imprescindível concisão
ritualística de buscar o impacto não pode abordar os aspectos atinentes ao embasamento
esotérico, mítico, histórico ou lendário de seu contexto, sob a pena de perder o fim colimado.
Sobre a função periférica e explicativa, o próprio Ritual diz: fica a cargo da especulação, do
Obreiro; no entanto, essa especulação, como já apontamos acima, tem se detido somente no
contexto da ascese – principalmente válida à formação dos Obreiros – mas insuficiente para
fundamentar estudos aprofundados no campo do Simbolismo.”
AINDA SOBRE O GRAAL
Na primeira parte deste trabalho abordamos ligeiramente a questão envolvendo uma
provável relação que alguns autores defendem entre uma taça e outra, mas, que fica difícil de ser
confirmada.
Vejamos os comentários do Irmão João Alves da Silva sobre uma tese de autoria do
Irmão Luiz Carlos Leme Franco, da Loja de Pesquisas Maçônicas “Brasil”, intitulada “A Taça
Sagrada tem relação com o Santo Graal?” e que foi apresentada no VII Congresso Maçônico
Paranaense.
Comenta o Irmão João Alves da Silva sobre a referida tese:
“(...) faz apologia da existência de uma Taça sagrada em todos os Antigos Mistérios, mas não
comprova tal assertiva, pois referencia fontes que entendemos apócrifas, ou sejam: o papiro
Melseni, da biblioteca secreta de Alexandria e aos escritos do místico Cebes (!?). (Grifo meu!)
Com tais fundamentos ele descreve o emprego da Taça Sagrada em iniciações nos Mistérios
egípcios e gregos. Mas é sobejamente sabido que esse Cerimoniais transcorriam em absoluto
sigilo e com práticas orais de transmissão; além disso, as poucas notícias hoje existentes, e
documentalmente válidas, não permitem a completa reconstituição litúrgica de nenhuma
cerimônia iniciática dos Antigos, sejam elas Osiríacas, Órficas, Pitagóricas ou do culto a Ceres.
Concretamente, sobre tal tema, o que existe são fragmentos esparsos oriundos da inconfidência
parcial de alguns Iniciados ou de escritos dos primeiros padres – fontes não confiáveis, seja pela
lei do silêncio que calava os adeptos, seja pelo fanatismo que obrigava os outros a detratar os
Mistérios. É desse amálgama de meias-verdades, propositadamente distorcidas por panegiristas
ou iconoclastas, que surgem tais descrições beirando o realismo fantástico, talvez poeticamente
válidas, mas não credenciadas ao embasamento de qualquer pesquisa que pretenda possuir um
nível mínimo de seriedade na busca de informações passíveis de sedimentar a cultura maçônica.”
E AS ORIGENS?
O Irmão João Alves da Silva depois de ter citado Aslan com o seu verbete Taça
Sagrada, diz que autores do porte de Jules Boucher, Oswald Wirth e J. M. Ragon coincidem
quanto a uma origem greco-oriental para o cerimonial da Taça Sagrada, mas que eles não
mencionam nada com referência a quando ela teria sido introduzida no Ritual Maçônico.
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COMENTÁRIOS:
Os Irmãos devem estar lembrados que, na primeira parte deste trabalho, que, de
acordo com as pesquisas do Irmão Pedro Juk, no primeiro ritual impresso no Brasil para o
R.E.A.A., em 1834, já constou a prova da Taça Sagrada.
A LENDA DA FONTE DE ASBAMA
E em se tratando de origens já havia anunciado que do trabalho do Irmão João Alves
da Silva, citado várias vezes, obteríamos importantes e até curiosas informações. Então, para falar
ainda sobre as origens, deixei para o final estas passagens do mesmo, onde, além dos comentários
pertinentes, e até cuidando em separar o joio do trigo, como se diz, ele traz mais luz sobre o
assunto. Vejamos o que ele escreveu:
“Ao término das pesquisas em busca da fundamentação de inserção do Cerimonial da Taça,
defrontamo-nos com informações que, coincidentemente e de antemão, sabemos não agradarão
aos Irmãos simpáticos à ideia de magia cerimonial da Maçonaria. Todavia, para credibilidade do
pesquisador, a veracidade, a capacidade intelectiva e a honestidade de expressão se antepõem a
qualquer subterfúgio ou conclusão inconsciente, obrigando-o a mencionar as fontes de consulta
que o conduziram aos resultados alcançados. Por essa razão, é-nos vedado omitir o que e onde
amealhamos o aqui exposto.
Assim, comedidamente, sem a virulência de Alec Mellor, concordamos que as
práticas evocativas do ocultismo Éliphas Levi (o Ritual de Alta magia e o inventor da egrégora e
autor da obra ‘Dogma e Ritual da Alta Magia’) nada tem a ver com os Usos e Costumes de
antanho. No entanto, admitimos que seus pares do século passado, Papus e outros, tenham
infiltrado no escocesismo a Taça Sagrada através de uma remissão aos escritos do sofista
Filostrato, que narrando a vida do mais célebre mago grego, o neopitagórico Apolônio de Tiana,
diz o fim que buscávamos neste trabalho, ao assim pronunciar: ‘Há, nos arredores de Tiana,
uma fonte que se diz pertencer ao Zeus-dos Juramentos, chamada de Fonte de Asbama: sua água
brota fria, mas borbulha como a de um caldeirão fervente. Essa água é favorável e tranquila a
quem é fiel a seus juramentos; porém aos perjuros, ela traz um imediato castigo: ataca aos seus
olhos, às suas mãos e aos seus pés. Eles são atacados de hidropisia e de consumação e não
podem nem mesmo se mexer, permanecendo no lugar e lamentando junto à fonte, confessando
seus perjúrios.” (transcrito da p. 406 da obra ‘O Esoterismo’ de Riffard.”
COMENTÁRIOS:
Entre tantas origens e referências não há como negar que essa parece ser aquela com
a qual a cerimônia tem mais pontos em comum.
CONCLUSÃO:
Mera compilação de extratos de textos, alguém poderia dizer. É uma maneira de ser
visto o presente trabalho, mas, embutida aí está uma razão, a de poder mostrar, sobretudo, o
quanto é rico esse tema, os caminhos todos, alguns escolhidos, outros que foram se abrindo por si
só, para que chegássemos ao conhecimento reunido, incluindo seus desdobramentos, as variações
que atingem as cerimônias no âmbito da Maçonaria, mesmo quando um Rito acabou importando
de outro, digamos assim. Agora, como fazer chegar esse conhecimento todo ao leitor, como poder
mostrar isso tudo, sem compilar?
Há inúmeras referências, sendo que muitas são totalmente desconhecidas dos
Maçons. Com certeza, a cerimônia que permanece na Maçonaria é bastante simplificada, mas, de
qualquer forma tão carregada de simbolismo, que à medida que tomemos conhecimento desse
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universo compreendemos o quanto a Maçonaria está impregnada de influências provindas das
mais variadas tradições iniciáticas.
O simbolismo da Taça já estava no Egito, na mística hebraica, nos mistérios de
Elêusis, na Mitologia, na Bíblia, com os cátaros, com os templários, com os Maçons, etc.
O que vimos, certamente não foi tudo ainda, mas, pudemos absorver nessas poucas
páginas do presente trabalho, um pouco mais da importância, da riqueza e do simbolismo presente
no seio dessa cerimônia.
NOTAS:
(*) Letes ou Lethes: Um dos rios do Inferno, de onde as águas levavam o esquecimento às almas dos
mortos.
(**) Mnemosina ou Mnemósine: A memória personificada como deusa; mãe das Musas.
(***) El iniciado que ha afrontado las pruebas simbolizadas por los tres viajes: Evidentemente em
nossos rituais o Cerimonial da Taça precede as três viagens, ao contrário, então da descrição de
Lavagnini.
CONSULTAS BIBLIOGRÁFICAS:
Internet:
“A Taça Sagrada” – Trabalho de autoria de vários Irmãos Aprendizes da A.’.R.’.G.’.B.’.L.’.S.’. “Estrela
do Rio Claro”. Disponível em: www.splimeira.org.br/wordpress/wp.../Erac46.pdf
Revistas:
O PRUMO, nº 95, Março/Abril de 1994: “A Taça Sagrada Tem Relação Com o Santo Graal?” –
Trabalho de autoria do Irmão Luiz Carlos Lemes Franco.
O PRUMO, nº 109, Julho/Agosto de 1996: “A Taça Sagrada no Rito Escocês Antigo e Aceito” –
Trabalho de autoria do Irmão Hercule Spoladore.
Livros:
A TROLHA – COLETÂNEA 5 – “A Taça Sagrada” – Trabalho de autoria do Irmão João Alves da Silva –
Editora Maçônica “A Trolha” Ltda. 2002
BOUCHER, Jules. “A Simbólica Maçônica” – Editora Pensamento
DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO VEJA LAROUSSE – Volume 14 – Editora Abril S/A – 1ª Edição – 2006
LAVAGNINI, ALDO. (MAGISTER) “Manual Del Aprendiz” – Editorial Kier S.A. – Vigesima Edicion- 1998
- Buenos Aires - Argentina
MULROY, David. “Entre Deuses e Heróis” – Editora Pensamento - Cultrix Ltda. – 1ª Edição - 2015
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O Ir Hercule Spoladore –
Loja de Pesquisas Maçônicas “Brasil”-
Londrina – PR – escreve aos domingos
hercule_spolad@sercomtel.com.br
A Prancheta
É uma das três joias fixas ou imóveis de uma loja que aparece no painel simbólico de cada
rito. Sabemos que as outras duas são a Pedra Bruta que corresponde ao aprendiz e a Pedra
Cúbica que corresponde ao companheiro.
A Prancheta é um símbolo que pertence ao Mestre tem diferentes nomes conforme o
Rito, mas trata-se do mesmo símbolo, com o mesmo significado.
Trata-se de um símbolo que aparece nos painéis dos Ritos REAA, Rito Brasileiro e Rito
Adonhiramita em seus rituais do primeiro e segundo graus, mesmo sendo um símbolo do
Mestre. No REAA ela tem o nome de Prancheta.
No Rito Adonhiramita no ritual do segundo grau nas instruções aparece com o nome de
Pedra de Riscar, fazendo-se alusões às três pedras, bruta, cúbica e a de riscar.
No Rito Moderno ou Francês no ritual do terceiro grau em suas instruções é citada como
Pedra de Traçar.
O Rito de Schröder possui em seu Tapete ou seu painel simbólico, o qual é único para os
três graus, a 47ª Proposição de Euclides que é considerada simbolicamente no Rito como a
Prancheta. Segundo instruções do Rito o Venerável Mestre de uma Loja Operativa preparava
os planos através da Prancheta que era usada na Inglaterra antes de 1723 e que segundo os
mentores atuais do Rito era baseada por analogia na famosa proposição citada. Referências
sobre a Prancheta existem nos rituais dos graus um e três do Rito.
No Rito de Schröder o ritual do terceiro grau o Venerável pergunta: Onde trabalham os
Mestres?
Resposta: Na Prancheta para com a Régua da Verdade, o Esquadro do Direito e o Compasso
da Obrigação executarem seus projetos.
Simbolicamente na Prancheta, ou Prancha a traçar, os mestres gravam ou traçam os
planos estabelecidos, bem como as lições para os aprendizes e companheiros. Gravar ou traçar
quer dizer escrever. No Rito de Schröder a Prancheta não traz como no REAA a chave do
alfabeto maçônico.
A Prancheta ou Prancha a traçar, ou seus sinônimos em outros Ritos aparece no painel
simbólico do grau de aprendiz e de companheiro ao alto onde se observa um retângulo no qual
figuram dois sinais. Em loja, o símbolo deve estar no Oriente feito de madeira ou outro
material em cima de um cavalete ou adaptado em um local à direita de quem está sentado nas
cadeiras do Oriente. Ele é um retângulo que representa uma prancha de desenhar, traçar ou
gravar na qual, está inserido dois sinais, uma cruz quádrupla (quatro cruzes latinas cristãs)
constituídas por duas paralelas cruzadas, símbolo do limitado e também daquilo que homem
5 – A Prancheta
Hercule Spoladore
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pode realizar e também uma cruz de ângulos opostos pelos vértices símbolo das díadas e
também do infinito. Esta cruz é em forma de X (xis) também é conhecida como cruz de Santo
André. Esta cruz para os maçons esotéricos simboliza a união a união do mundo superior com
o mundo inferior.
A cruz tem este nome porque segundo a história, Santo André teria sido supliciado numa
cruz com esta forma.
A Prancheta é um símbolo que como tal, significa que os mestres simbolicamente guiam
os aprendizes e companheiros na sua caminhada, traçando os trajetos a serem percorridos por
estes para que progridam na Maçonaria.
A Prancheta apesar de ser um símbolo do mestre, aparece no painel simbólico do aprendiz
e do companheiro e também dentro da loja como símbolo no Oriente devendo o aprendiz e
companheiro apenas tomar conhecimento da sua função, ou seja, simbolicamente saber que são
ensinados e instruídos pelos Mestres através da Prancheta.
Este símbolo também contém a chave do alfabeto maçônico, o qual todos os maçons
deveriam conhecê-lo e usa-lo. A cruz representada por duas paralelas cruzadas dá as posições
das primeiras dezoito letras e a cruz em X dá a posição das quatro últimas letras.
Todas as letras do alfabeto maçônico têm a forma de esquadro, o qual se relaciona com a
matéria não sendo visto o círculo que é o símbolo do espírito, o qual não aparece no alfabeto
maçônico, isto segundo Boucher que afirma que o espírito é invisível e desta maneira o maçom
se vê convidado a se libertar da letra para abordar o espírito.
Esta descrição tem valor para o REEA, que emprestou do Trabalho de Emulação
(Emulation Working) que é o nome correto usado na Inglaterra e não Rito de York como se
costuma erradamente a chamá-lo aqui no Brasil. Não existe Rito de York na Inglaterra. Existe
sim, o Rito de York, mas este é americano. Os demais ritos simplesmente copiaram o painel do
REAA, o qual copiou do painel do Trabalho de Emulação.
Castellani considera a Prancheta como Tábua de Delinear (tracing board) e seria para
ele no REAA todo o painel do grau no REAA, igual ao Trabalho de Emulação.
Entretanto, outros autores acham que somente o símbolo Prancheta constante do painel
simbólico e a sua representação física no oriente seria a Prancheta em si e não Tábua de
Delinear. A tradução de prancheta do inglês para o português segundo Anatoli Oliynik
seria clip board e não tracing board.
Será descrito a seguir como é a Tábua de Delinear no Trabalho de Emulação, fazendo-se
algumas comparações necessárias com os demais ritos.
A Tábua de Delinear (Tracing Board) é todo o seu painel com os símbolos inseridos nele.
Já no REEA no Brasil, algumas potências adotam o painel simbólico e o alegórico.
O painel alegórico do REAA é cópia da Tábua de Delinear do Trabalho de Emulação.
Todavia, é no painel simbólico do REEA e não no alegórico que aparece a Prancheta.
O Painel do Trabalho de Emulação que é chamado de Tábua de Delinear ou tracing board
é um todo e não apenas um símbolo isolado como nos demais ritos onde este é mostrado como
um retângulo onde estão gravadas as já citadas duas cruzes. A Tábua de Delinear é, portanto,
todo o painel no Trabalho de Emulação.
A Tábua de Delinear dos ingleses serviu de modelo para o REAA acrescentar como um
dos seus símbolos constantes do Painel do primeiro e segundo graus a Prancheta. Aliás, diga-
se de passagem, que o REEA copiou praticamente toda a Tábua de Delinear do Emulação
com exceção de alguns símbolos que foram acrescentados e outros retirados, e hoje é
conhecido como painel alegórico no REAA.
Escritores de renome na Maçonaria, não esclareceram bem este detalhe.
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Este assunto ainda não está bem elucidado.
Deixaram os leitores confusos, tratando ambos os símbolos como se fossem a mesma coisa,
ou seja, Prancheta e a Tábua de Delinear e a realidade não é bem essa. Castellani não deu a
interpretação correta. Ele considerava a Prancheta e a Tábua de Delinear como a mesma
coisa.
Será escolhida a descrição da Tábua de Delinear (Tracing Board) na linguagem da forma
de trabalhar da maçonaria inglesa no Trabalho de Emulação em razão de todos os ritos menos
o de Schröder terem copiado e adaptado os primeiros painéis os quais foram todos oriundos do
Trabalho de Emulação.
Ele mostra simbolicamente todo o interior de uma loja.
A Tábua de Delinear representa a forma de uma loja que é a de um paralelepípedo com
comprimento que vai de leste a oeste e largura de norte a sul. A altura até os céus. As lojas
estão situadas do oriente para o ocidente.
Aparece o Sol a Lua e as sete estrelas. A forma da Lua neste rito é a de lua cheia e não
quarto crescente como nos demais ritos.
As três grandes colunas que sustentam a loja representam Salomão, Hiran, rei de Tiro e
Hiran Abif, respectivamente Sabedoria Força e Beleza, sendo as colunas pela ordem Jônica,
Dórica e Coríntia. Estas colunas têm as suas miniaturas expostas nos Pedestais do 1º
Vigilante, a Dórica, e do 2º Vigilante a Coríntia, fazendo parte da ritualística do grau. No
pedestal do Venerável não há uma coluneta representando a Sabedoria
O Círculo com um ponto central gravado no móvel que está suportando o Volume da
Lei Sagrada (Bíblia) em cima do qual está representada a Escada de Jacó, a qual tem muitos
degraus, tantos quantos forem as virtudes morais necessárias a serem alcançadas pelo maçom
no seu progresso na Ordem, mas as três virtudes principais são a Fé, Esperança e Caridade,
representadas por uma cruz, um cálice e uma âncora e em cima da Escada de Jacó uma estrela
de sete pontas.
O interior de uma loja é composto de ornamentos, mobiliário e jóias.
Os ornamentos de uma loja são: Pavimento Mosaico, a Estrela Brilhante e a Moldura
Denteada ou marchetada.
Os mobiliários da loja são: o Livro das Sagradas Escrituras (Bíblia), o Compasso e o
Esquadro.
As jóias são: três móveis e três imóveis ou fixas. As joias móveis são o Esquadro, Nível e
o Prumo.
As imóveis ou fixas são a Tábua de Delinear (eis aqui citada novamente como mais um
símbolo dentro do painel) a Pedra Bruta e a Pedra Esquadrada (No REAA é a Pedra
Cúbica)
Percebe-se que os ingleses repetem no painel a Tábua de Delinear como uma das jóias
imóveis. Mas a Tábua de Delinear é também todo o painel conforme já foi citado, Mas como
símbolo representando umas das três jóias imóveis permanece ao lado da Pedra Bruta e da
Esquadrada que elas ficam expostas para que os aprendizes e companheiros nela se instruam.
Aparecem ainda a Régua de 24 polegadas, o Escôpro ou Cinzel e o Maço, que são os
instrumentos de trabalho do aprendiz neste rito ou trabalho.
Ainda resta comentar um símbolo desconhecido em outros ritos e que se chama Lewis que
seria um símbolo triangular, uma espécie de luva de ferro em secções com cunhas ajustáveis e
expansíveis, utilizadas para engatar e auxiliar grandes levantamentos. Seria uma ferramenta
que levanta grandes pesos com pouca força.
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Este termo ainda é usado para o filho de maçom, conhecido no Brasil como lowton.
Pendentes nos quatro cantos da loja estão as Borlas que lembram as quatro virtudes cardeais:
Temperança, Firmeza, Prudência e Justiça.
A localização da Tábua de Delinear como jóia imóvel no Trabalho de Emulação está segundo
Castellani situada na parte sudoeste do templo à frente do segundo diácono (júnior deacon) o
qual está próximo à parede ocidental e não no Oriente como em alguns dos demais ritos.
A Grande Loja Unida da Inglaterra, não está mais usando a Tábua de Traçar desenhada no
século XIX pelo Irmão John Harris desenhado especialmente para a “Emulation Lodge of
Improvement”; Hoje ela usa a Tabua de Delinear pintada pelo Irmão Esmond Jefferies.
Houve algumas modificações em relação à Tabua de Delinear de Harris.
As colunas mudaram de posição A dórica permaneceu no local em que estava, mas ela deve
ficar na mesma linha de perspectiva à esquerda da coluna jônica. Por isso a posição da jônica
mudou. A coluna coríntia esta agora à direita isolada.
Na Escada de Jacó, os símbolos da cruz, cálice e âncoras foram substituídos por anjos e a
estrela de sete pontas foi substituída por uma estrela muito brilhante.
Foi colocada uma estatua do Rei Hiran sobre a coluna dórica, uma estátua do Rei
Salomão sobre a coluna jônica e uma estátua de Hiran Abif em cima da coluna coríntia.
O Pavimento de Mosaico representado no Painel é agora como um tabuleiro de xadrez e
não em diagonal como no REAA
Este e é o painel que consta do Emulation Ritual publicado pela Lewis Masonic Publishers
Ltd. uma das editoras autorizadas pela Grande Loja Unida da Inglaterra.
A Prancheta como símbolo faz parte de todos os Ritos e não se chama Tábua de Delinear,
nome este que é somente usado pelo Trabalho de Emulação, quando se trata da descrição de
todo o painel. Mas dentro do próprio painel do Trabalho de Emulação existe como símbolo a
Tabua de Delinear que deveria chamar-se clip board e seria o correspondente à Prancheta,
pois o simbolismo é o mesmo. De qualquer forma, tirando estas pequenas diferenças entre os
Ritos, ela é um símbolo do Mestre, significando que ele escreve nela os caminhos, os conceitos,
os princípios e ensina a ética a serem seguidos pelos Companheiros e Aprendizes.
REFERÊNCIAS
BOUCHER, J. - A Simbólica Maçônica. Editora Pensamento – 9ª ed. São Paulo, 1993
CASTELLANI. J. - Consultório Maçônico IV e V, Editora Maçônica ”A Trolha” Ltda. Londrina, 1994 e
1997
NICOLA. A. - Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia. Editora Arte Nova – São
Paulo, 1975
OLIYNIK, A. - Emulação (História, Ritualística e Rituais), Ed. Gráficas Vicentina. Curitiba, 2004
PIRES. J.S. - O Suposto Rito de York e outros Estudos, Editora Maçônica “A Trolha”. Londrina, 2000
VAROLI T.Fº. - Curso de Maçonaria Simbólica, II tomo – Ed. Gazeta Maçônica. São Paulo, 1976
Revista “A Trolha” nº 148 – 02/1999
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O Irmão João Anatalino Rodrigues
escreve aos domingos
jjnatal@gmail.com -
www.joaoanatalino.recantodasletras.com.br
NÃO É COM ASAS QUE SE SOBE AO CÉU
O que é a vida?
Quando se considera o universo e a vida que nele habita somente como um acidente cósmico
sem sentido nem finalidade, perde-se o rumo da própria existência. Para que, então se preocupar
com o futuro do planeta e com o nosso próprio destino individual se, façamos o que façamos, nada
disso tem uma finalidade? Se tudo se perde, irremediavelmente, na voragem do tempo?
Será a vida apenas um fenômeno físico-químico que um acidente cósmico um dia fez surgir?
Ou terá ela sido produzida como parte de algum projeto que envolve,
não somente o seu próprio desenvolvimento, mas um plano bem maior,
de escala cósmica? E se cada vida fosse o elo de uma corrente que
transmite, no tempo e no espaço, a energia criadora que faz do universo
um ser vivo e convergente, que por dentro e por fora se metamorfoseia e
vai adquirindo contornos e qualidades que no fim, servem á uma
finalidade definida por uma Mente Universal?
São exatamente essas as perguntas e as elucubrações feitas pelo ritual maçônico, quando se
interroga pelo sentido da vida.
Os ensinamentos maçônicos enfrentam exatamente essa questão quando pergunta: “De onde
viemos? O que somos? O que a morte fará de nós? Que é o homem? É apenas um átomo, gestado
no corpo da mulher e que progressivamente se organiza, se harmoniza em suas inúmeras partes?
Que cresce, pensa, cai, transforma-se e volta á causa primária, deixando apenas reminiscência
de sua última forma ou conservando uma partícula essencial, mutável e mortal?”
Nesse questionamento a Maçonaria enfrenta a questão metafísica que tem desafiado a mente
humana através de toda a sua história de vida. Afinal, somos apenas uma sombra que passa, um
fenômeno despregado de qualquer sentido, que um dia aconteceu no universo como resultado de
causas exclusivamente naturais, ou ele é o desvelar de uma Vontade que se manifesta e percorre
um longo processo evolutivo que começou, um dia, num átomo que rompeu, por um processo
ainda desconhecido, os limites da matéria inanimada?
Um maçom não pode acreditar na hipótese materialista, advogada na tese que sustenta ter a
matéria as condições suficientes para explicar todos os fenômenos existentes no universo,
inclusive a vida. Porque, se adotar essa crença, estará negando qualquer virtude á prática que
adotou. Se o fenômeno da vida e principalmente a do ser humano, fosse um acaso perpetrado por
leis exclusivamente naturais, “um vírus” inoculado na corrente sanguínea do universo, como o
definiu uma vez um romancista, então ele não teria um espírito, e não se poderia falar na
6 – Não é com asas que se sobe ao céu
João Anatalino Rodrigues
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existência de um Criador, e nem haveria qualquer motivo para se tentar uma comunicação com
Ele. Tudo que fazemos nesse sentido seria apenas uma simulação fantasiosa. É nesse sentido que
Anderson, em suas Constituições, diz: “um maçom é obrigado a obedecer à lei moral; e se ele
bem entender da arte, jamais será um estúpido ateu nem um libertino irreligioso.” 1
Um processo dirigido
Se os materialistas estivessem certos, toda religião, bem como toda prática iniciática não
passaria de uma distração infantil, que mentes incapazes de conviver com a realidade
desenvolvem para mitigar a incômoda impressão de que a nossa existência não tem qualquer
finalidade além daquela que os nossos sentidos nos indicam. Mas, felizmente, temos razões para
pensar que as coisas não são assim; que nós não somos apenas matéria desprovida de espírito,
seres organizados por leis naturais que só obedecem ao determinismo dos grandes números. O
surgimento da vida em meio á matéria universal, como está a indicar a metáfora bíblica da
Criação, é fruto de um processo dirigido e bem elaborado por quem o projetou e o controla, ou
seja, O Grande Arquiteto do Universo.
Mais uma vez é o grande Teilhard de Chardin que nos socorre nessa
visão, mostrando como o surgimento da vida resulta de uma síntese que a
união dos átomos transforma em moléculas, e estas, também por um
processo de sínteses cada vez mais elaboradas, dão origem ao fenômeno
humano. Em páginas de extraordinária lucidez e envolvente poesia, esse
grande pensador escreve: “Aqui reaparece, á escala do coletivo, o limiar
erguido entre os dois mundos da Física e da Biologia. Enquanto se tratava
apenas de um processo de mesclar as moléculas e os átomos, podíamos,
para explicar os comportamentos da Matéria, recorrer ás leis numéricas
da probabilidade, e contentarmo-nos com elas. A partir do momento em
que a mônada, adquirindo as dimensões e a espontaneidade superior da
célula, tende a se individualizar no seio da plêiade, desenha-se um arranjo mais complicado no
Estofo do Universo. Por duas razões, ao menos, seria insuficiente e falso imaginar a Vida, mesmo
tomada em seu estágio granular, como uma espécie de fervilhar fortuito e amorfo.” 2
Quer dizer: a vida não surgiu no universo como surgem as bactérias em um processo de
fermentação. Ela é, sim, o resultado de um processo, mas ele está longe de ser regido apenas pelas
leis da natureza. Ela surge como consequência de um trabalho dirigido como se fosse alguém, em
uma cozinha, ou um laboratório, trabalhando para fazer um bolo, ou para destilar uma bebida.
Nesse trabalho as bactérias surgem como resultado do processo empregado e não como obra do
acaso, ou da evolução natural da obra. Por isso a notável argúcia do nosso jesuíta complementa o
seu pensamento dizendo: “(...) os inumeráveis componentes que compunham, nos seus inícios, a
película viva da Terra, não parecem ter sido tomados ou juntados exaustivamente ou ao acaso.
Mas a sua admissão nesse invólucro primordial dá antes a impressão de ter sido orientada por
uma misteriosa seleção ou dicotomia prévias (...).” 3
1
As Constituições, citado, pg 12.
2
O Fenômeno Humano, citado, pg. 94.
3
Idem, pg. 95-Na foto o filósofo Teilhard de Chardin
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Recordando Plotino
É a mesma intuição que inspirou o filósofo Plotino há quase dois milênios atrás: “Imagine
uma enorme fogueira crepitando no meio da noite. Do meio do fogo saltam centelhas em todas as
direções. Num amplo círculo ao redor do fogo a noite é iluminada, e a alguns quilômetros de
distância ainda é possível ver o leve brilho desta fogueira. À medida que nos afastamos, a
fogueira vai se transformando num minúsculo ponto de luz, como uma lanterna fraca na noite. E
se nos afastarmos mais ainda, chegaremos a um ponto em que a luz do fogo não mais consegue
nos alcançar. Em algum lugar os raios luminosos se perdem na noite e se estiver muito escuro
não vamos enxergar nada. Nesse momento, contornos e sombras deixam de existir".
"Agora imagine a realidade como sendo esta enorme fogueira. O que arde é Deus - e as trevas
que estão lá fora são a matéria fria, onde a luz está fraca, da qual são feitos homens e animais.
Junto a Deus estão as ideias eternas, as causas de todas as criaturas. Sobretudo, a alma humana
é uma centelha do fogo. Mas por toda a parte na natureza aparece um pouco desta luz divina.
Podemos vê-la em todos os seres vivos; sim, até mesmo uma rosa ou uma campânula possuem um
brilho divino. No ponto mais distante do Deus vivo está a matéria inanimada.” 4
Plotino (205-270 e. C) é considerado o fundador da escola neoplatônica. O Gnosticismo deve a
ele algumas de suas concepções mais originais, especialmente a ideia de que o verdadeiro
conhecimento não pode ficar apenas no terreno intelectual, mas exige uma experiência direta dos
sentidos com aquilo que se propõe a conhecer. É nesse sentido que se pode colocá-lo como
precursor das chamadas escolas iniciáticas, ou seja, grupos que desenvolviam rituais com a
finalidade de ”sentir” as próprias realidades que idealizavam. Plotino é um dos inspiradores de
famosos mestres do misticismo como Mestre Eckhart, Papus, MacGregor Mathers e outros. Os
autores maçons lhe votam um grande respeito e os modernos gnósticos vêem nele um precursor
das teses cientificas que descrevem o universo como um organismo único que se constrói através
de uma rede de relações. Suas palavras são por demais eloquentes e não necessitam de
comentários explicativos. Se o universo existe é porque tem uma causa de existir: essa causa é
Deus.
Os rituais maçônicos
Por isso a Maçonaria nos leva a fazer especulações sobre o sentido da vida e o papel que nós
exercemos na construção da Obra do Criador. Essas especulações concluem com a ideia de que
nós não somos meras relações estatísticas derivadas de interações ocasionais ocorridas na matéria
física, sem qualquer conteúdo finalístico, como pensam os adeptos do nihilismo, mas sim,
unidades conscientes do todo amorfo, que só ganha forma e consistência na medida em que nós
mesmos vamos encontrando o nosso lugar no desenho estrutural do universo. 5
E com isso a Maçonaria canta um dueto bem afinado com a doutrina da Cabala. Para os
cabalistas, nosso corpo é como uma lâmpada que se acende em meio a um quarto escuro.
Brilhamos por um tempo iluminando o espaço que nos cabe como jurisdição. E quando o
4
Jostein Garner. O Mundo de Sofia, Companhia das Letras, São Paulo, 1995.
5
Nihilismo é a doutrina filosófica que coloca o questionamento do sentido da vida perante um universo que parece ser
indiferente á tudo que nos acontece. É uma atitude de pessimismo e ceticismo perante a possibilidade de que a vida tenha
aparecido no mundo para cumprir algum propósito. Nega todos os princípios religiosos, políticos e sociais, definindo-os
apenas como atitudes dos sentidos, dirigidos para a necessidade de preencher o vazio da existência. Este conceito teve
origem na palavra latina nihil, que significa "nada". O principal arauto dessa doutrina foi o filosofo alemão Nietszche. Sartre
retomou esse tema nas suas obras “ O Ser e o Nada” e “a Náusea”.
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combustível, que é a energia encerrada em nossas células se
esgota, apagamos. O corpo é o filamento que canaliza a energia e
quando ele se deixa de ter condição para hospedá-la, ela o
abandona. Mas a energia, como mostra a lei de Lavoiser, não se
perde nem se extingue. Ela só se transforma. Ela continua a existir
mesmo depois que a lâmpada que a refletia se extingue.
Essa energia acenderá outras lâmpadas que também brilharão
por algum tempo e depois se apagarão. Cada uma a seu tempo,
preenchendo o vácuo e realizando a missão que lhe cabe. Assim a
vida nos aparece como uma estrada cheia de luzes que se apagam e se acendem á medida que o
tempo passa por elas e avança para o futuro. Por isso, encontraremos em nossos rituais,
especulações como esta: (...) Sois uma parcela da vida universal, um germe que apareceu em um
ponto do espaço infinito. Vosso ser sofreu inconscientes transformações. Tivestes sensações,
depois ideias incoerentes, que mais tarde, foram se tornando precisas. Por fim vos considerastes
capaz de perceber a verdade. Esta é a luz que vistes. A humanidade levou séculos incontáveis
antes de percebê-la. Nós consideramos o estado atual da nossa espécie sem que saibamos se ela
está em seu começo, ou se prestes a alcançar o seu fim, e sem conhecermos seu destino, nada
compreendemos do mundo a qual ela pertence (...).
Dessa forma Cabala e Maçonaria nos informam que o sentido de cada vida que vivemos é
fornecer o seu “quanta” de luz para a construção da Obra de Deus. E por essa razão poderemos
viver várias vidas. Nasceremos e morreremos tantas vezes quantas forem necessárias para a
complementação dessa obra. Por isso Jesus disse: “Assim deixai a vossa luz resplandecer diante
dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus.” 6
Pois não é com asas que se sobe aos céus, mas com as mãos. Pela simples e singela razão
contida nessa metáfora, os maçons adotaram a profissão do pedreiro como símbolo da sua Arte.
6
Mateus, 5:16.
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31ª Coluna do Rito Schröder – 31 de julho de
2016
O Rito Schröder, composto pelos Rituais das Lojas de Aprendiz (com a Loja de
Mesa e a Loja de Funeral), Companheiro e Mestre Maçom, é um Sistema de
Ensino maçônico adotado a partir de 29 de junho de 1801 por algumas das mais
antigas Lojas na Alemanha e, conforme o prefácio do Ritual de 1960 da Loja
ABSALOM: “... até em continentes distantes, onde maçons de origem germânica
operam de acordo com o Rito de Schröder... (que) ocupa uma posição de
destaque entre os ritos maçônicos por sua concordância com o Rito da Grande Loja-Mãe, da Inglaterra
(Londres, 1717), na eliminação de todos os aditamentos inseridos no final do Século XVIII, no espírito
de puro humanismo, presente em seu cerimonial e no brilho da linguagem clássica do Alemão”.
No último dia de cada mês o JB News apresenta aos seus leitores esta coluna sob a coordenação do
Ven. Ir. Rui Jung Neto, ex-V.M. da Cinq. Ben. A.R.L.S. "Concordia et Humanitas" Nr. 56 - Ao Or. de
Porto Alegre – GLMERGS, e membro do Colegiado Diretor do “Colégio de Estudos do Rito Schröder Ir.
Gouveia”.
Na coluna deste mês reproduzimos a tradução dos IIr. Franzke e Gouveia de trecho do livro Die Groβe
Loge von Hamburg Und ihre Vorläufer – A Grande Loja de Hamburgo e seus percursores – do Ir.
Carl Wiebe – Impresso e Editado pelo Ir. W. Rademacher, Hamburgo 1905 - que tem como base
as atas das reuniões da Grande Loja de Hamburgo.
Boa leitura e até a nossa 32ª Coluna em agosto de 2016!
A Grande Loja de Hamburgo e seus percursores
Em 1765 as Lojas da Grande Loja Provincial de Hamburgo e Baixa Saxônia adotaram o Rito da
Estrita Observância e, em virtude disto, foi fundada uma Grande Loja Escocesa para administrar estas
Lojas. Isto significa que a Grande Loja Provincial deixou de funcionar ou seja, “adormeceu”.
A partir de 1782 as Lojas passaram para o Rito Retificado, hoje conhecido como Rito Escocês
Retificado, mas as Lojas de Hamburgo iniciaram tratativas para restaurar a Grande Loja Provincial
original, mesmo que a Grande Loja Escocesa ainda administrasse formalmente as Lojas.
Assim estes fatos aconteceram:
Sete Irmãos Escoceses (ou seja, do Grau de Mestre Escocês) fundaram sem conhecimento dos
demais Irmãos o Capítulo Rosa de Clermont. Como os demais se sentiram enganados, quatro Irmãos
daqueles se uniram e fundaram, com o adormecimento do Capítulo, a Loja Dirigente do (Grau)
Escocês Antigo “Grottfied zu den Sieben Sternen – das Sete Estrelas” como um complemento aos Três
Graus maçônicos. Mas o Regime do (Grau) Escocês Antigo não os satisfez, pois, o círculo de Irmãos
deste Grau era muito pequeno.
7 –Rito Schröder – 31ª Coluna (A Grande Loja de Hamburgo e seus
percursores - )) - Rui Jung Neto
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Por outro lado, da mesma maneira, na Grande Loja Escocesa existiam problemas com o grande
número de Grandes Oficiais Vitalícios. Reuniam-se regularmente no Dia de São João e no Ano Novo.
Nesta ocasião eram apresentados o relatório do Grão-Mestre sobre os últimos acontecimentos do ano
e suas congratulações para o Novo Ano e a leitura das receitas financeiras - sem nenhuma influência
sobre as anteriores - ao mesmo tempo eram excluídos Irmãos dos Três Graus e suas Lojas, mesmo
assim os Irmãos “graduados” – Iluminados espiritualmente – assim como o de Lojas aumentaram o
número de associados, ainda que as Lojas na Grande Loja Escocesa não tivessem direito de assento e
voto.
Por ser demais demorado e repetitivo, também o Ritual (Escocês Retificado) se mostrou
deficiente. O Ritual na essência, assim como na Gr. Loja Escocesa Antiga, ainda era do tempo da
Estrita Observância; alguma coisa foi melhorada, mas não era nada completo – contudo era tido como
fora do tempo e às vezes também como incompreensível. Nestas condições não devia ser considerado
um milagre que os Irmãos, procurando onde poderiam encontrar algo melhor, ter lhes ficado claro
retornar à antiga mãe, a Grande Loja Provincial de Hamburgo, jurisdicionada à G.L. de Londres (1717),
cuja Constituição e Ritual admitiam para as Lojas uma representatividade e posição independentes.
Em relação a isto a Grande Loja de Londres, enquanto as consequências das decisões do
Congresso de Wilhelmsbad surgiam, passou a se preocupar novamente com o relacionamento
maçônico Alemão e procurou recuperar o território perdido pois tinha, através das propriedades da sua
Casa Real em Hannover, interesse e certo direito em buscar este relacionamento.
Ela, a Grande Loja de Londres, nomeou o Ir. August von Gräffe, Capitão a serviço da Inglaterra
e Ex-Deputado do Grão-Mestre do Canadá, como seu representante para toda a Alemanha, sendo ele
muito versado no relacionamento com as Lojas Alemãs.
Numa das suas visitas às Lojas de Hamburgo em setembro de 1785, ele se manifestou sobre o
restabelecimento da Aliança com Londres. Através da sua intermediação, a Grande Loja de Londres
concedeu, em 5 de julho de 1786, ao Ir. von Exter, uma Carta Patente como Grão-Mestre Provincial
dos reinados de Hamburgo e Bremen e seus respectivos distritos.
Von Gräffe esteve em Hamburgo em 1786 para comunicar o fato. Já no ano de 1785, ele, como
não podia escrever (por vedação da G.L. Londres), ditou o Ritual Inglês para o Ir. Beckmann, Grande
Secretário, para uso das Lojas (o Ir. Beckmann viria a ser Grão-Mestre na época em que o Ritual de
Schröder passou a ser o Ritual Oficial da Grande Loja Provincial). O Ir. von Exter, após receber a
Carta Patente, convocou uma reunião da Grande Loja Provincial.
Na reunião da Grande Loja Provincial em 24 de agosto de 1786 estavam presentes: Von Exter, Grão-
Mestre; Nagant, Grão-Mestre Adjunto; Boppe, Deputado do Grão-Mestre; Hüffel, Primeiro Grande
Vigilante; Von Befeler, Segundo Grande Vigilante; Beckmann, Grande Secretário; Radicke, Grande
Chanceler; Bertheau, Grande Tesoureiro, e ainda 18 Oficiais das (4) Lojas, 7 Irmãos visitantes, 27
Irmãos membros e 7 Irmãos serviçais.
Na ocasião, o Ir. von Exter relatou sobre os andamentos das negociações com Londres e solicitou que
os IIr. Radicke e Bertheau se colocassem à disposição e orientassem o Ir. von Gräffe. Então este fez
um discurso em homenagem ao Venerabilíssimo Grão-Mestre e fez, no momento, a entrega ao mesmo
da Carta Patente anteriormente anunciada, assim como o avental e a faixa de Grão-Mestre Provincial
Inglês e o Ir. von Exter paramentou-se com a insígnia de sua dignidade; o Ir. von Gräffe dirigiu-se à Gr.
Loja e deu conhecimento aos Irmãos das decisões pré-anunciadas pela mais Alta Loja, no que afirmou
a todos a simpatia e a amizade. O Ir. von Exter solicitou que o Venerabilíssimo Ir. Representante
tomasse acento à sua direita; deu-se continuidade da leitura da tradução da Carta Patente para o
Alemão e conhecimento do convite para a participação na solenidade.
O Grão-Mestre em um discurso resumiu a fundação e os principais trabalhos da Grande Loja
Provincial, expressou o agradecimento merecido à Grande Loja Maior de Londres e ao Ir.
Representante, confirmou os seus Oficiais como Grandes Oficiais Provinciais, assim como as
Autoridades subordinadas à Grande Loja-Maior e relacionou as Lojas constituídas pré-existentes:
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Absalom, São George, Emanuel e Ferdinanda Carolina, todas de Hamburgo como Lojas
Regulares e jurisdicionadas à nova G.L. Provincial.
Na reunião de 4 de outubro de 1788, foi elaborada pelo Ir. Beckmann, Grande Secretário, com a
zelosa colaboração do Ir. Schröder, uma Constituição Completa para as nossas Lojas, para que fosse
revisada, se necessário, pelo Grão-Mestre e os quatro Veneráveis Mestres das Lojas. Foi
recomendada expressamente a precisa observação e cumprimento do Ritual revisado recentemente; e
que, em caso de dúvidas os esclarecimentos devem ser solicitados à Grande Loja Provincial.
O ingresso da Constituição Inglesa fez que, após 1786, como ponto principal a transferência da
direção para a Gr. Loja Provincial; esta aconteceu aos poucos, enquanto as finanças das Lojas e da
Gr. Loja Provincial permaneciam nas mãos da Gr. Loja Escocesa Antiga.
Mas como as Lojas estavam “politicamente” sob a direção dos Escoceses Antigos, como está
previsto na ata fundamental de 1783, cresceu o desejo de arrancar das mãos destes o “controle
econômico” e colocar esta parte sob administração das Lojas.
A instituição Escocesa não tinha mais condições de sobrevivência em razão da
superintendência passar às mãos da Grande Loja.
Com a morte do Ir. von Exter, assumiu como Grão-Mestre o Ir. Beckmann que nomeou o Ir.
Schröder como seu Grão-Mestre Adjunto. Foi então apresentado na reunião da Grande Loja Provincial
o seu Ritual oficial que foi aprovado e passou a ser denominado o Ritual de Schröder. Ele é um
trabalho da Comissão cujo Presidente era o Ir. Schröder e teve como base o Ritual da Grande Loja de
Londres (1717) e o que estava em vigor naquela época, contudo Schröder deu a estrutura conhecida
pelas Lojas da Alemanha durante o período das Corporações. Por isto Schröder foi considerado o
Reformador da Maçonaria Alemã.
As Lojas Schröder no Brasil tinham dupla filiação por concordância do Grande Oriente do Brasil
e Grande Loja de Hamburgo. Elas “abateram Colunas” por determinação da Grande Loja de
Hamburgo. A Loja de Joinville vendeu seu imóvel para Cúria de Joinville e deu o dinheiro para o
Orfanato e Asilo.
As Lojas, quando voltaram a atividade, optaram por outras Obediências devido ao Decreto que o
GOB editou contra os Irmãos alemães. A Loja de Joinville optou pela Grande Loja quando da sua
fundação em 1956, fundando inclusive a Loja Mozart que fez a primeira tradução do Ritual de
Schröder, mas a Grande Loja de Santa Catarina somente admite o R.E.A.A., assim as Lojas hoje não
adotam outro Rito. Embora façamos força para que aconteça a mudança de pensamento e possamos
ter Lojas com o Rito Schröder também na Grande Loja de Santa Catarina.
Sobre a vida de F. L. Schröder já publicamos vários trabalhos. Aconselhamos a leitura do livro
de HINTZE, Wilhelm. Friedrich Ludwig Schröder. (Der Schauspieler – Der Freimaurer). Hamburg,
Bauhütten Verlag, 1974 (não traduzido para o Português).
Δ
Texto traduzido pelos IIr. Franzke e Gouveia; revisado e editado pelo Ir. Rui Jung Neto.
Com a saudação fraternal dos Irmãos Antonio Gouveia Medeiros, Gert Odebrecht (in memoriam);
Friedrich Carl Franzke (Emérito);
Ari de Souza Lima, Luiz Roberto Voelcker, João Paulo Deluque Rufatto e Rui Jung Neto
Colégio de Estudos do Rito Schröder Ir. Gouveia - Colegiado Diretor
Site do Colégio: www.colegioschroder.org.br
Δ
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(as letras em vermelho significam que a Loja completou
ou está completando aniversário)
GLSC -
http://www.mrglsc.org.br
Data Nome Oriente
01.07.1977 Alferes Tiradentes, nr. 20 Florianópolis
07.07.1999 Solidariedade Içarense, nr. 73 Içara
07.07.2005 Templários da Nova Era, nr. 91 Florianópolis
10.07.2007 Obreiros da Maravilha, nr. 96 Maravilha
12.07.1980 XV de Novembro, nr. 25 Imbituba
21.07.1993 Liberdade Criciumense, nr. 55 Criciuma
27.07.2012 Aliança, Verdade e Justiça nr. 106 Florianópolis
28.07.2006 Anhatomirim, nr. 94 Florianópolis
31.07.1975 Obreiros de Hiram, nr. 18 Xanxerê
31.07.2007 Acácia Palhocense, nr. 97 Palhoça
GOB/SC –
http://www.gob-sc.org.br/gobsc
Data Loja Oriente
02.07.01 Renovação - 3387 Florianópolis
03.07.78 Flor da Acácia - 2025 Itajaí
08.07.10 Lealdade - 3058 Florianópolis
13.07.01 Frat. Alcantarense - 3393 Biguaçú
14.07.2006 Acadêmica Razão e Virtude nr. 3786 Brusque - SC
17.07.02 Colunas da Serra - 3461 Joinville
17.07.02 Mestres da Fraternidade-3454 Florianópolis
17.07.97 Compasso das Águas -3070 São Carlos
23.07.1875 Luz e Caridade - 327 São Francisco do Sul
26.07.05 Frat. Acad. Ciência e Artes - 3685 Jaraguá do Sul
29.07.96 Estrela Matutina - 2965 Florianópolis
8 – Destaques (Resenha Final)
Lojas Aniversariantes de Santa Catarina
Mês de julho
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GOSC
https://www.gosc.org.br
Apreciação
“Apreciação é ser grato à vida pela chance de experimentá-la
sem expectativas, sem apegos. Quando há apego não pode
haver apreciação. Na polaridade entre estar extremamente
envolvido ou distante de algo ou alguém, não pode haver
apreciação. Então, apreciação é deixar as coisas serem, permitir
que as coisas aconteçam. É viver na contínua maravilha de
experimentar um estado agradecido sem a palavra “obrigado”
em nossas mentes.”
José Aparecido dos Santos
TIM: 044-9846-3552
E-mail: aparecido14@gmail.com
Visite nosso site: www.ourolux.com.br
"Tudo o que somos é o resultado dos nossos pensamentos".
Data Nome da Loja Oriente
04/07/1999 Giuseppe Garibaldi Florianópolis
04/07/2002 Léo Martins São José
11/07/2009 Universitária Luz de Moriah Chapecó
11/07/2009 Passos dos Fortes Xaxim
12/07/2006 Colunas Da Concórdia Concórdia
18/07/2003 Ardósia do Vale Rio do Sul
21/07/1973 Silêncio de Elêusis Chapecó
22/07/1981 Acácia da Ilha Florianópolis
24/07/2013 Triângulo Força e União Cocal do Sul
25/07/1995 Gitahy Ribeiro Borges Florianópolis
26/07/1980 União da Fronteira São Miguel do Oeste
27/07/1981 Arquitetos do Oriente Xanxerê
27/07/2009 Luz da Acácia Capivari de Baixo
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Ir Marcelo Angelo de Macedo, 33∴
MI da Loja Razão e Lealdade nº 21
Or de Cuiabá/MT, GOEMT-COMAB-CMI
Tel: (65) 3052-6721 divulga diariamente no
JB News o Breviário Maçônico, Obra de autoria do saudoso IrRIZZARDO DA CAMINO,
cuja referência bibliográfica é: Camino, Rizzardo da, 1918-2007 - Breviário Maçônico /
Rizzardo da Camino, - 6. Ed. – São Paulo. Madras, 2014 - ISBN 978-85.370.0292-6)
BREVIÁRIO MAÇÔNICO
Para o dia 31 de julho
O MAÇO
O Maço não passa de um “martelo” de maiores proporções, instrumento formado por
uma “testa” e um cabo; sua utilidade é bater, seja para construir como para destruir.
Maçonicamente, o maço é a ampliação do malhete, instrumento empunhado pelo
Venerável Mestre e pelos Vigilantes.
O maço sugere duas situações, uma ativa, outra passiva; a ativa é quando bate, e
passiva quando o “batido” sofre o choque.
O que nos lembra o maço, senão que o usamos na Iniciação apenas uma vez, dando
três pancadas na pedra bruta?
Podemos tirar uma boa lição desse instrumento tão contundente, que o podemos usar
em nós mesmos para retirar as arestas de nossa pedra bruta.
A Maçonaria é uma escola, mas há a viabilidade de uma autoeducação; em vez de
esperar que alguém nos “bata” para retirar arestas, devemos nos adiantar e nos
autobater; a retirada das arestas feita por nós mesmos resultará mais suave e precisa.
Reconhecer os próprios erros já é uma prática de desbastamento, de humildade e de
inteligência.
Alertas, corrijamo-nos, antes que outrem o faça; assim evitaremos mortificações e
dores inúteis.
Breviário Maçônico / Rizzardo da Camino, - 6. Ed. – São Paulo. Madras, 2014, p. 231.
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1 –
As belas rosas possuem um segredo por trás
de suas cores....
2 –
10 Mantras importantes para você aproveitar a
velhice!
3 –
Tem manteiga sobrando na geladeira? Não
jogue fora!
4 –
A diabetes pode virar história com este avanço
tecnológico..
5 -
Conheça a fascinante vida sob as águas do Mar
Vermelho
6 – Cachaças do Norte de MG ganham identificação 'Região de Salinas' | Grande Minas | G1
http://g1.globo.com/mg/grande-minas/noticia/2016/07/cachacas-do-norte-de-mg-ganham-identificacao-regiao-de-
salinas.html
7 – Filme do Dia: LONGE DESTE INSENSATO MUNDO – Legendado
https://www.youtube.com/watch?v=GEyr7fVjTQ4
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O Irmão e poeta Sinval Santos da
Silveira *
escreve aos domingos no
“Fechando a Cortina”
Aquele corpo maltratado, é prova do
sofrimento que a vida, em alto preço,
lhe cobrou.
Seu rosto desfigurado, salienta a linha
do pecado, de quem nada fez por amor.
O brilho dos olhos se apagou, e nada
restou daquela beleza deslumbrante, que
me apaixonou.
JB News – Informativo nr. 2.129 – Florianópolis (SC) – domingo, 31 de julho de 2016 Pág. 35/35
Os cabarés foram a sua morada, e os
homens, seus senhores.
Também, é grande a minha amargura, ao
ver morrer a ternura, que em minha face
habitou.
Minha vida, transformada em gorjeta, rolou
pela sarjeta...
Procuro consolar meu coração, mas encontro
a barreira da traição, sufocando o perdão.
No espelho, falo com os meus olhos, mas
nada me respondem.
Acabaram os meus lindos sonhos, dando
vazão aos pesadelos...
Ouço vozes na madrugada, trazendo
recados de quem não conheço.
Gargalhadas, por vingança, matando a
esperança de voltar a sonhar.
As noites são longas, frias, e indiferentes
os meus dias.
Sobrevivo das gorjetas afetivas, atiradas na
calçada desta vida, teimosa e atrevida !
Veja mais poemas do autor, Clicando no seu BLOG:
http://poesiasinval.blogspot.com
* Sinval Santos da Silveira -
MI da Loja Alferes Tiradentes nr. 20 – Florianópolis

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Jb news informativo nr. 2129

  • 1. JB NEWS Filiado à ABIM sob nr. 007/JV Editoria: Ir Jeronimo Borges Academia Catarinense Maçônica de Letras Academia Maçônica de Letras do Brasil – Arcádia de B. Horizonte Loja Templários da Nova Era nr. 91(Florianópolis) - Obreiro Loja Alferes Tiradentes nr. 20 (Florianópolis) - Membro Honorário Loja Harmonia nr. 26 (B. Horizonte) - Membro Honorário Loja Fraternidade Brazileira de Estudos e Pesquisas (J. de Fora) -Correspondente Loja Francisco Xavier Ferreira de Pesquisas Maçônicas (P. Alegre) - Correspondente Saudações, Prezado Irmão! Índice do JB News nr. 2.129 – Florianópolis (SC) –domingo, 31 de julho de 2016 Bloco 1-Almanaque Bloco 2-IrNewton Agrella – O “Simbolismo” como corrente literária e a Maçonaria (Editorial) Bloco 3-IrJoão Ivo Girardi – Epistemologia (Coluna do Irmão João Gira) Bloco 4-IrJosé Ronaldo Viega Alves – A Taça Sagrada: Bíblia, Mitologia e Maçonaria .... parte final Bloco 5-IrHercule Spoladore – A Prancheta Bloco 6-IrJoão Anatalino Rodrigues – Não é com asas que se sobe ao céu Bloco 7-Ir Rui Jung - 31ª Coluna do Rito Schröder – A Grande Loja de Hamburgo e seus Percursores Bloco 8-Destaques JB – Breviário Maçônico p/o dia 30 de julho e versos do Ir. e Poeta Sinval Silveira de Souza
  • 2. JB News – Informativo nr. 2.129 – Florianópolis (SC) – domingo, 31 de julho de 2016 Pág. 2/35 1985: Coritiba F.C. é campeão brasileiro de futebol  432 — É eleito o Papa Sisto III, 44º papa, q  ue sucedeu o Papa Celestino I.  711 — Batalha de Guadalete, marcou o fim do Reino Visigótico no contexto da Invasão muçulmana da península Ibérica.  904 — Salonica, a segunda maior cidade do Império Bizantino, é capturada por corsários sarracenos liderados por Leão de Trípolie é saqueada durante os 10 dias seguintes.  1769 — Alvará que cria em Lisboa uma fábrica de cartas de jogar, pertença do monarca.  1790 — O rei Frederico VI da Dinamarca casa-se com a landegravina Maria Sofia de Hesse-Cassel. Nesta edição: Pesquisas – Arquivos e artigos próprios e de colaboradores e da Internet – Blogs - http:pt.wikipedia.org - Imagens: próprias, de colaboradores e www.google.com.br Os artigos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião deste informativo, sendo plena a responsabilidade de seus autores. 1 – ALMANAQUE Hoje é o 213º dia do Calendário Gregoriano do ano de 2016– (Lua Quarto Minguante) Faltam 153 para terminar este ano bissexto Dia do aniversário de Anápolis (GO) Se o Irmão não deseja receber mais o informativo ou alterou o seu endereço eletrônico, POR FAVOR, comunique-nos pelo mesmo e-mail que recebeu a presente mensagem, para evitar atropelos em nossas remesssas diárias. Obrigado. Colabore conosco para evitar problemas na emissão de nossas mala direta diária. EVENTOS HISTÓRICOS (fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki) Aprofunde seu conhecimento clicando nas palavras sublinhadas
  • 3. JB News – Informativo nr. 2.129 – Florianópolis (SC) – domingo, 31 de julho de 2016 Pág. 3/35  1903 — É fundada a Igreja Presbiteriana Independente do Brasil.  1907 — É fundada a cidade goiana de Anápolis.  1919 — O Parlamento da Alemanha aprova a Constituição de Weimar, a entrar em vigor em 14 de Agosto.  1985 — O Coritiba Foot Ball Club é o primeiro clube paranaense a se sagrar campeão brasileiro de futebol, em um jogo contra oBangu, no estádio do Maracanã, diante de mais de 90 mil torcedores.  1987 — Um tornado F4 atinge a cidade de Edmonton, Alberta, Canadá.  2006 — Após 46 anos no poder, Fidel Castro deixa o cargo de presidente de Cuba, passando-o para seu irmão, Raúl Castro.  2008 — Comprovada existência de água em Marte. 1599 A mais antiga Ata de Loja que se conhece, a da St. Mary Chapel Lodge, de Edimburgo na Escócia, confirmada pela marca do Vigilante. 1822 Ata da 8ª Sessão do GO Brasileiro, presidida por Gonçalves Ledo. Aceita a filiação da Loja Mineiros do Oeste, de Vila Rica – MG. Felipe Nery Ferreira é nomeado Delegado para Pernambuco e José Raimundo Barbosa, para o Ceará. 1854 Iniciado o Ir.'. Domingo Faustino Sarmiento, educador, futuro GM e presidente da Argentina, na Loja União Fraternal, em Valparaíso, Chile. 1869 a Loja Maçônica Perseverança III: foi a primeira a trabalhar pela abolição da escravatura e pela educação, tanto dos antigos trabalhadores, quanto da nascente classe operária de Sorocabana - SP 1874 Manipulação de votos nas eleições para Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil deu a vitória a Mário Behering. Os delegados de São Paulo, sabidamente da oposição, foram impedidos de votar por motivos fúteis. O Grande Oriente de São Paulo separa-se do Grande Oriente do Brasil. 1953 Fundação da Loja General Lauro Sodré nr. 1392, de Uruana, que trabalha no REAA, GOEG/GOB Fatos maçônicos do dia Fonte: O Livro dos Dias (Ir João Guilherme) e acervo pessoal
  • 4. JB News – Informativo nr. 2.129 – Florianópolis (SC) – domingo, 31 de julho de 2016 Pág. 4/35 Ir Newton Agrella - CIM 199172 M I Gr 33 membro ativo da Loja Luiz Gama Nr. 0464 e Loja Estrela do Brasil nr. 3214 REAA - GOSP - GOB newagrella@gmail.com O "SIMBOLISMO" COMO CORRENTE LITERÁRIA E A MAÇONARIA Ao nos referirmos ao simbolismo contido nos 3 Graus da Maçonaria Universal como base de sua essência doutrinária não há como deixar de fazer uma analogia a uma corrente literária que se revelou pródiga em grandes autores brasileiros como Cruz e Souza e Alphonsus de Guimarães. Estes foram os mais notáveis representantes da corrente literária chamada de "Simbolismo" tanto no segmento da Prosa quanto da Poesia (broquéis) O que nos remete a essa comparação são justamente as características marcantes dessa Escola Literária à nossa Sublime Ordem no seu plano cultista e conceptista. Aspectos temáticos como a morte, a transcendência espiritual, a integração cósmica, o esoterismo, o mistério, o sagrado e o conflito entre matéria e espírito dentre outras características denotam como essa escola literária que chegou ao Brasil vinda da Europa no final do Século 19 tanto se conflui com o perfil de nossa ordem iniciática. No tocante ao plano formal as "sinestesias" que nada mais são que a relação de planos sensoriais diferentes, mas que se coadunam entre si, como por exemplo: o gosto com o cheiro, ou a visão com o tato constituem-se em outro relevante exemplo dessa correlação. O termo serve para descrever uma Figura de Linguagem e uma série de fenômenos provocados pelas sensações. Outra analogia que se pode estabelecer entre o "Simbolismo" na Literatura e o Conceptismo Maçônico diz respeito as imagens surpreendentes, a sonoridade das palavras, a predominância de substantivos e o emprego de maiúsculas, utilizadas com a finalidade de dar um valor absoluto a certos termos. Observe-se que a própria linguagem maçônica está recheada de vocábulos muito particulares a sua natureza, emprestando-lhe um caráter único e diferenciado de toda e qualquer outra doutrina, inclusive abrigando linguajares inerentes exclusivamente aos Iniciados em seus augustos mistérios. 2 – Editorial de domingo – O “Simbolismo” como corrente literária e a Maçonaria - Newton Agrella
  • 5. JB News – Informativo nr. 2.129 – Florianópolis (SC) – domingo, 31 de julho de 2016 Pág. 5/35 Nas obras do escritor brasileiro Alphonsus de Guimarães como "Setenário das Dores de Nossa Senhora" (1899) e Dona Mística (1899) observa-se claramente que sua Poesia desenvolve-se em torno de um misticismo marcado pela morte, e que se revela como objeto de adoração. Nada que não se possa estabelecer uma relação causal com o processo que envolve o entrelaçamento, as conjecturas e o ápice que se traduz na Lenda do 3o.Grau. Importante destacar que o "Simbolismo" , como corrente literária, se preocupava com a linguagem e com o Rigor Formal, tal qual a Maçonaria em sua exegese. Vale ainda mencionar que essa corrente literária apresentava uma estética marcada pela subjetividade, elemento presente no misticismo e na sugestão sensorial, algo que em certa proporção também se aplica ao ritualismo maçônico, como por exemplo no Rito Adonhiramita - cujas peculiaridades litúrgicas se pronunciam através de sua profunda espiritualidade, a circunavegação em forma do símbolo do Infinito e seu caráter singular místico e esotérico que se tipificam inclusive na forma de tratamento entre os Irmãos que revelam o apreço, respeito e confiança entre si. Esse paralelismo entre a Literatura e a Maçonaria é apenas um exercício para sublimar o caráter cultural e intelectual que caminham lado a lado rumo a nossa evolução. Fraternalmente Newton Agrella
  • 6. JB News – Informativo nr. 2.129 – Florianópolis (SC) – domingo, 31 de julho de 2016 Pág. 6/35 O Ir. João Ivo Girardi joaogira@terra.com.br da Loja “Obreiros de Salomão” nr. 39 de Blumenau é autor do “Vade-Mécum Maçônico – Do Meio-Dia à Meia-Noite” Premiado com a Comenda do Mérito Cultural Maçônico “Aquiles Garcia” 2016 da GLSC. Escreve dominicalmente neste 3º. Bloco. EPISTEMOLOGIA “Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende” (Leonardo Da Vinci) 1.Etimologia: [gr. epistéme: ciência, conhecimento + logos: tratado, discurso] 2. O que é Epistemologia? Disciplina da Filosofia que discute como se constrói o conhecimento em geral e o conhecimento científico em específico; - Geralmente conhecida como: Filosofia da Ciência, Teoria do Conhecimento, Ciência do Conhecimento ou Ciência da Ciência. Poderíamos falar em Epistemologia da Química, Biologia, Física, Medicina, etc; mas na Maçonaria o foco é na Epistemologia das Ciências Sociais e Humanas (Sociologia, Antropologia, Psicologia, Economia, Ciência Política, Estudos Organizacionais, Administração, etc). 3. Significado de Epistemologia: O termo Epistemologia tem como significado ciência, conhecimento. É o estudo que aborda e investiga problemas associados a crença e o conhecimento, de modo a entender suas naturezas e limitações do saber científico. A Epistemologia é uma das áreas da filosofia mais importantes, pois trabalha em compreender a possibilidade do conhecimento. Isso quer dizer que estuda-se a possibilidade do ser humano alcançar o total conhecimento. É descrita também como uma ciência que examina a maneira como precisa-se tratar um problema proveniente de um pressuposto filosófico específico (dentro do Idealismo). A questão de descobrir a existência das coisas está relacionada com a origem da epistemologia. Para Descartes, por exemplo, o conhecimento era a representação da ideia - esta sendo uma entidade mental que está somente dentro da consciência do indivíduo que a cria. Platão, por exemplo, via a epistemologia como a teoria de que o conhecimento é o conjunto de informações que descrevem e procuram explicar o mundo natural e social em que estamos vivendo. Para ele, o conhecimento era considerado uma crença justificada e exata, tendo a crença como um ponto de vista subjetivo. A epistemologia, desse modo, é a ciência que tem como objetivo comprovar o conhecimento - de modo que se ache evidências que o conhecimento existe fora da consciência da pessoa, para que ele seja enxergado como uma crença. 3 – Coluna do Irmão João Gira – Epistemologia João Ivo Girardi
  • 7. JB News – Informativo nr. 2.129 – Florianópolis (SC) – domingo, 31 de julho de 2016 Pág. 7/35 A epistemologia ocasiona duas colocações: Empirista: onde o conhecimento é alcançado através experiência - no que foi aprendido durante a vida, Racionalista: onde o conhecimento se encontra na razão, e não na experiência. Vê-se estas duas posições como o maior problema da Epistemologia: a relação entre quem conhece e o que é conhecível, pois cada corrente filosófica fornece maior ênfase ou ao sujeito ou ao objeto. No caso do empirismo e racionalismo, o empirismo dá muito mais importância ao objeto, enquanto que o racionalismo dá ênfase ao sujeito. De todo modo, a epistemologia tem como meta estudar a natureza e outras propriedades específicas dessa relação entre objeto e sujeito e suas particularidades. 4. Ensaio: Vigilância Epistêmica: Vigilância epistêmica é a preocupação que todos nós devíamos ter com relação a tudo o que lemos, ouvimos e aprendemos de outros seres humanos, para não sermos enganados. Significa não acreditar em tudo o que é escrito e é dito por aí, inclusive em salas de aula. Achar que tudo o que ouvimos é verdadeiro, que nunca há uma segunda intenção do interlocutor, é viver ingenuamente, com sérias consequências para nossa vida profissional. Existe um livro famoso de Darrell Huff chamado Como Mentir com Estatísticas, que infelizmente é vendido todo dia, só que as editoras não divulgam para quem. Cabe a cada leitor tentar descobrir. Vigilância epistêmica é uma expressão mais elegante do que aquela palavra que todos nós já conhecíamos por desconfiômetro, que nossos pais nos ensinaram e infelizmente a maioria de nós esqueceu. Estudos mostram que crianças de até 3 anos são de fato ingênuas, acreditam em tudo o que veem, mas a partir dos 4 anos percebem que não devem crer. Por isso, crianças nessa idade adoram mágicas, ilusões óticas, truques. Assim, elas aprenderão a ter vigilância epistêmica no futuro. Lamentavelmente, muitos acabam se esquecendo disso na fase adulta e vivem confusos e enganados, porque não sabem mais o que é verdade ou mentira. Nossa imprensa infelizmente não ajuda nesse sentido; ela também não sabe mais separar o joio do trigo. Hoje, o Google indexa tudo o que encontra pela frente na internet, mesmo que se trate de uma grande bobagem ou de uma grande mentira. Qualquer opinião é divulgada aos quatro cantos do mundo. O Google não coloca nos primeiros lugares os sites da Universidade de Oxford, Cambridge, Harvard ou da USP, supostamente instituições preocupadas com a verdade. In veritas é o lema de Harvard. O Google não usa sequer como critério de seleção a qualificação de quem escreve o texto no seu algoritmo de classificação. Ph.Ds., especialistas, o Prêmio Nobel que estudou a fundo o verbete pesquisado aparecem muitas vezes somente na oitava página classificada pelo Google. Avaliem o efeito disso sobre a nossa cultura e a nossa sociedade a longo prazo. Todos nós precisamos estar atentos a dois aspectos com relação a tudo o que ouvimos e lemos: - Se quem nos fala ou escreve conhece a fundo o assunto, é um especialista comprovado, pesquisou ele próprio o tema, sabe do que está falando ou é no fundo um idiota que ouviu falar e simplesmente está repassando o que leu e ouviu, sem acrescentar absolutamente nada. - Se o autor está deliberadamente mentindo. Aumentar a nossa vigilância epistêmica é uma necessidade cada vez mais premente num tempo que todos os gurus chamam de Era da Informação. Discordo profundamente desses gurus, estamos na realidade na Era da Desinformação, de tanto lixo e ruído sem significado científico que nos são transmitidos diariamente por blogs, chats, podcasts e internet, sem a menor vigilância epistêmica de quem os coloca no ar. É mais uma consequência dessa visão neoliberal de que todos têm liberdade de expressar uma opinião, como se opiniões não precisassem de rigor científico e epistemológico antes de ser emitidas. Infelizmente, nossas universidades não ensinam epistemologia, aquela parte da filosofia que nos propõe indagar o que é real, o que dá para ser mensurado ou não, e assim por diante. Embora o ser humano nunca
  • 8. JB News – Informativo nr. 2.129 – Florianópolis (SC) – domingo, 31 de julho de 2016 Pág. 8/35 tenha tido tanto conhecimento como agora, estamos na Era da Desinformação porque perdemos nossa vigilância epistêmica. Ninguém nos ensina nem nos ajuda a separar o joio do trigo. Foi por isso que as elites intelectuais da França, Itália e Inglaterra no século XIV criaram as várias universidades com catedráticos escolhidos criteriosamente, justamente para servir de filtros e proteger suas culturas de crendices, religiões oportunistas e espertos pregando mentiras. Há 500 anos nós, professores titulares, livres-docentes e doutores, nos preocupamos com o método científico, a análise dos fatos usando critérios científicos, lógica, estatísticas de todos os tipos, antes de sair proclamando verdades ao grande público. Hoje, essa elite não é mais lida, prestigiada, escolhida, entrevistada nem ouvida em primeiro lugar. Pelo contrário, está lentamente desaparecendo, com sérias consequências. (Stephen Kanitz). 5. Mario Sérgio Cortella: “A maioria das pessoas não navega na internet, naufraga!” MAÇONARIA 1. Epistemologia Maçônica: A Maçonaria, como um grande conjunto de ciências, colocada a serviço da evolução racional da espécie humana, através da pesquisa e do estudo crítico, tem inquestionável caráter epistemológico, só empanado, às vezes, por maçons negligentes e acomodado em relação aos seus deveres maçônicos, que não leem, não pesquisam e não estudam. No livro, Maçonaria, Introdução aos Fundamentos Filosóficos, o Irmão Octacílio assim se posiciona: A filosofia maçônica apresenta três epistemologias fundamentais: I. primeira, que ela cumpra três tarefas essenciais que são: a) ajudar o maçom a conhecer a si mesmo e conceber o seu semelhante, isto é, o ser enquanto ser, que é chamado de ontológico; b) contribuir com maçom a resolver sua problemática interna, isto é, dentro da Sublime Ordem e externa, ou seja, na vida profana. Para resolver, deve saber, conhecer, poder, apreender e descobrir as causas dos fenômenos. Não nos esqueçamos que saber é poder e poder é prever (Comte); c) a axiologia que comparece na Maçonaria, como elemento importantíssimo, pois permite ao maçom encaminhar, orientar e mesmo tutelar a si mesmo e seus irmãos, no ideário, atitudes e comportamentos. II. A segunda epistemologia resume os três pressupostos acima mencionados, permitindo ao maçom exercer sua metodologia, a qual resulta na capacidade de viver uma vida digna, perfeita, de qualidade moral superior, sereno e fecundo, justo e perfeito. III. A terceira epistemologia é o eu e o não eu, que significa o cosmos, a sociedade e a cultura e constituem a interrogação deste grande problema, ou seja, deste grande enigma. A gnosiologia consagra estes resultados, os valoriza e lhes da consistência, ao ocupar-se do problema do conhecimento: causa, origem, essência, natureza, possibilidade e valor do saber humano. Sim este é o resultado da Maçonaria ser a grande Escola do Conhecimento. 2. Escola de Conhecimento: No pensar de Platão, o mundo material se torna compreensível através das ideias. Essas, no encontro com os sentidos, do mundo corpóreo, ou se afirmam ou se perdem. É disso que nasce o conhecimento. A construção desse conhecimento a que se propõe a Escola do Conhecimento (Maçonaria) é a conjugação do intelecto e da emoção, da razão e da
  • 9. JB News – Informativo nr. 2.129 – Florianópolis (SC) – domingo, 31 de julho de 2016 Pág. 9/35 vontade, da crença e da realidade, da dúvida e da fé, de onde, segundo o ideal platônico, a epistemé é fruto da inteligência e do amor. (Salomão Ribas Júnior). 3. Epistemologia Arcana: A Maçonaria não é apenas um sistema esotérico não dogmático de crenças, mas também uma escola que promove o espírito crítico com o objetivo de decifrar tanto o revelado quanto o não revelado. Na Maçonaria é permitido acreditar, mas nunca de maneira cega ou sectária, posto que esta é uma loja que não afeta a liberdade dos seres humanos nem tem como meta uma doutrina de culto devocionista, como ocorre nas seitas religiosas. Seu propósito é combater a superstição e os tabus restritivos mediante a busca da perfeição do potencial humano, por meio de um sistema racional de pautas, tanto abstratas quanto concretas. Aqui, a metáfora é extremamente importante, mas a realidade radical subjacente nela também o é. Por isso, enquanto uma religião goza de uma estrutura dogmático-regimental, a Maçonaria operativa e a Franco- Maçonaria vigente desde 1717 gozam de um sistema não dogmático, pois uma estrutura possui uma ordem orgânico-linear, estática e hierárquica. Sendo um sistema - como o que aqui se trata -, compreende uma ordem celular - uma ordem mais ótima ainda, a nucléica - de natureza dinâmica e não linear, com base em unidades espontâneas ou nodos livres que não precisam de uma hierarquia, pelo menos no que diz respeito a seus métodos de concepção e ação. Para a religião, a fé é imprescindível, enquanto para a Maçonaria, a epistemologia arcana é inevitável, sendo dois nodos diferentes de busca da verdade: de uma por meio do credo e outra por meio de artes herméticas e das ciências livres. Talvez, é até possível que na Maçonaria, como realidade imanente meramente humana, dissociada de sua natureza transcendente, se descubra uma série de preconceitos, contradições ou inconsistência quanto à igualdade místico-templária entre ambos os sexos; no que se refere a postura de certo modo elitista; no que concerne a precisos descumprimentos paneréticos (etimologicamente, panerético é uma expressão da homilia cristã, ou que tem a ver com todas aquelas formas de sermão religioso ou de exortação espiritual a modo de pregação) e em correspondência a outros questionamentos. Afinal, nenhuma estrutura dogmática ou sistema não dogmático é perfeito no plano humano e terreno da realidade. Inclusive, por mais óbvio que pareça, trata-se de precisar que submissão espiritual não é a mesma coisa que sabedoria deísta. Curiosamente, mesmo quando a religião cristã e a Maçonaria discordam a não mais poder, também não se pode asseverar que as duas ordens estão absolutamente dissociadas e que são definitivamente antagônicas. A realidade não apenas possui uma estrutura, como também precisa de um traço original e de uma ordem holística - isto é, um sistema universal completo em si mesmo - para prevalecer como um todo variável e transcendente. (Do livro, As Redes Secretas do Poder, Pablo Allegritti). Finalizando: A minha filha, Ana Luiza, (18 anos) vai iniciar o curso de Medicina Veterinária na UDESC, em Lages, e me chamou atenção duas disciplinas da 1ª Fase: Epistemologia e Metodologia Científica e Deontologia. Fiquei esperançoso que a juventude brasileira possa nos superar nos conceitos do conhecimento e de ética. Nossos filhos merecem um Brasil melhor.
  • 10. JB News – Informativo nr. 2.129 – Florianópolis (SC) – domingo, 31 de julho de 2016 Pág. 10/35 O Ir.·. José Ronaldo Viega Alves* escreve aos domingos. A TAÇA SAGRADA: BÍBLIA, MITOLOGIA E MAÇONARIA. O SIMBOLISMO DA TAÇA DA AMARGURA E DA DOÇURA: ANALOGIA COM A VIDA E SUAS VICISSITUDES. AS MUITAS ORIGENS. (PARTE DOIS - FINAL) *Irmão José Ronaldo Viega Alves ronaldoviega@hotmail.com Loja Saldanha Marinho, “A Fraterna” Oriente de S. do Livramento – RS *** Resumo da Parte Um No trabalho que antecede a este vimos como se processa a cerimônia da Taça Sagrada durante a Iniciação do candidato, já que foi descrita em detalhes. Também aspectos sobre o juramento e a ênfase especial que durante o ato é feita para quem supostamente cometa o perjúrio ou que possa faltar à quebra de sigilo. Foram feitos os primeiros comentários sobre a Taça da Amargura, e transcritos verbetes de dicionários maçônicos com o intuito de mostrar que as definições sobre Taça Sagrada e Taça da Amargura, que são ali mostradas podem induzir a pensar que são coisas distintas. Há uma referência ao Santo Graal, onde depois deter sido proporcionada uma breve explanação sobre o mesmo, e em função do assunto em si, ou seja, a Taça Sagrada, o mesmo não poderia ficar de fora, pois, em leituras de trabalhos similares, é comum alguns autores se remeterem ao Graal, sendo que existem muitas interpretações e analogias discutíveis. A dúvida surgida sobre a natureza propriamente do que pode e deve ser considerado sagrado ou não, de onde a referência à Taça Sagrada, foi abordada com considerações emitidas pelo sábio Irmão Pedro Juk, e com certeza é sempre um assunto a exigir mais aprofundamentos. Foram vistos também excertos e opiniões de diversos Irmãos estudiosos sobre as origens da cerimônia da Taça na Maçonaria, onde há praticamente um consenso em afirmar que ela é proveniente do Rito Adonhiramita. Fechando aquele primeiro capítulo conhecemos alguns aspectos referentes a sua adoção e uso no R.E.A.A. Vamos dar prosseguimento a partir daqui com algumas complementações sobre o que já foi exposto, assim como abordar outros aspectos e peculiaridades que sejam inerentes à Taça Sagrada. 4 – A TAÇA SAGRADA: BÍBLIA, MITOLOGIA E MAÇONARIA. O SIMBOLISMO DA TAÇA DA AMARGURA E DA DOÇURA: ANALOGIA COM A VIDA E SUAS VICISSITUDES. AS MUITAS ORIGENS. (PARTE DOIS - FINAL) - José Ronaldo Viega Alves
  • 11. JB News – Informativo nr. 2.129 – Florianópolis (SC) – domingo, 31 de julho de 2016 Pág. 11/35 AINDA SOBRE A TAÇA E OS TEXTOS BÍBLICOS No trabalho anterior vimos uma alusão à Taça da Amargura na Bíblia, quando foi feita uma citação dos Salmos. Com o desenvolvimento das pesquisas foi possível constatar que o grande estudioso que foi o Irmão Theobaldo Varoli Filho tinha convicção acerca dessas origens ou de uma ligação direta, tal como poderemos detectar logo abaixo em algumas passagens do artigo “A Taça Sagrada no Rito Escocês Antigo e Aceito” que é de autoria do sábio e atento pesquisador Irmão Hercule Spoladore: “Para Theobaldo Varoli filho, que considera a Prova da Taça Sagrada como inconcebível, ela teria origem em textos bíblicos, mas que os rituais antigos ocultavam este fato, não mostrando a origem e nem tampouco a influência da Cabala Hebraica. Este autor considera como indiscutível que a chamada Taça Sagrada originou-se de diversas traduções dos Salmos, cap. 75, VS. 9 (Salmo de Asafe), que diz: “Porque na mão do Senhor há um cálice/cujo vinho espuma, cheio de mistura/dele dá a beber;/Sorvem-no até as escórias,/todos os ímpios da terra”. E também de Matheus 26/41: “Tornando a retirar-se, orou de novo, dizendo: Meu pai, se não é possível passar de mim este cálice, sem que eu beba, faça-se a sua vontade. Faz ainda referência à ‘Vulgata’ de S. Jerônimo, 74-9.” A TAÇA E O SEU SIMBOLISMO COM BASE NA MITOLOGIA E NA FILOSOFIA Durante as pesquisas, deparei-me com mais de uma origem e inúmeras ramificações. Gosto de pensar que vou elencar umas quantas, mas, que fique bem claro, que não estou afirmando qual a mais correta. A Maçonaria, para muitas das suas cerimônias, é pródiga em origens, e se isso tem o tom de crítica como alguns possam pensar, quer queiram ou não, encerra uma verdade. O pesquisador maçônico convive sempre com uma grande quantidade de influências, correntes de pensamento, opiniões e interpretações. Diz o Irmão Hercule Spoladore em seu artigo: “Sabemos que, e não se há que negar como faziam os autores maçônicos dos séculos XVIII e XIX, os símbolos, alegorias e lendas que a Maçonaria adotou, adaptando-os aos seus princípios, ela os foi buscar na Bíblia. Ao mesmo tempo, se inspirou nas civilizações antigas, retirando para si o que houve de melhor, especialmente nos exemplos místicos e morais.” COM RELAÇÃO AO FILÓSOFO CEBES Entre essas supostas origens, começemos com a introdução de um trabalho intitulado “A Taça Sagrada” da autoria de vários Irmãos Aprendizes que diz assim: “A Taça é um símbolo antiquíssimo e o juramento sobre ela pode ser visto sob o aspecto simbólico. Quase todas as religiões e quase todos os ritos antigos fazem alusões a seu respeito, onde apesar de algumas diferenças quanto ao seu conteúdo, formas, lendas, sempre há, no final, semelhanças quanto à interpretação. Igualmente, como símbolo, a Taça se presta às mais variadas interpretações. Vale lembrar que, a interpretação de um símbolo se reveste de um caráter totalmente individual, dependendo só do entendimento pessoal daquele que o está interpretando. A filosofia nos dá uma disciplina de pensamento, obrigando-nos a refletir e pensar, e neste sentido, procuraremos apresentar interpretações simbólicas da taça sagrada de acordo com CEBES, filósofo grego, discípulo de SÓCRATES, que nascera em Tebas no século 5 a.C., e que figura em vários diálogos de Platão. Os estudiosos nos ensinam que a adoção da taça sagrada pela nossa ordem maçônica teria sido baseada na obra denominada ‘quadro da vida humana’, de sua autoria.”
  • 12. JB News – Informativo nr. 2.129 – Florianópolis (SC) – domingo, 31 de julho de 2016 Pág. 12/35 COMENTÁRIOS: Duas coisas precisam ser ditas, antes de dar continuidade: a primeira é que eu era completamente leigo com respeito ao filósofo Cebes, já que nunca havia visto qualquer referência ao mesmo. E a segunda: o bom de pesquisar é que se aprende sempre, mas, não posso colocar aqui em discussão o que não sei, ou seja, se há uma influência da obra de Cebes, ou não, pois, fazem falta outras fontes, e comprovadamente há uma escassez delas para esse assunto. De qualquer forma pude perceber também que existem outros trabalhos, onde o mesmo conteúdo é utilizado, mas, que parecem ser meras reproduções. CEBES E O SEU “QUADRO DA VIDA HUMANA” Vejamos o que é descrito do “quadro da vida humana” de Cebes, a mensagem que traz implícita e a analogia que alguns Irmãos acham possível de ser feita com a cerimônia da taça sagrada na Maçonaria: “O filósofo Cebes nos conta que milhares de almas candidatas à conquista da vida e a sua maior duração, ouviam diante de uma enorme porta os sábios ensinamentos e conselhos de um ancião, acerca do modo de proceder, que os homens mortais deveriam observar no decorrer de suas existências. Por desgraça, suas sábias palavras e advertências ante a vida, tornam-se logo esquecidas pelas almas ávidas de viver. Após essa exposição, a grande porta era aberta, e por ela, todos entravam para um recinto maior, e os que se atrevessem a ingressar, deveriam submeter-se a uma prova, representada por uma linda e insinuante mulher sentada sobre o trono da hipocrisia e da vaidade, empunhando uma grande taça contendo uma bebida que não acabava nunca, oferecida aos candidatos. Pretendendo viver intensamente, muitos a bebiam em grandes goles, outros mais prudentes, apenas sorviam um pequeno gole, demonstrando assim pouco apego à vida (REIS, s/d).” Mais adiante veremos que o Irmão João Alves da Silva em um brilhante trabalho do qual serão reproduzidas várias citações ao longo deste, faz um comentário sobre Cebes e o que seria produto de fontes apócrifas. Fica o registro, no entanto, dessa que para alguns vale como origem. O SIMBOLISMO RECORRENTE: A AMARGURA E A DOÇURA OU VICE-VERSA COM RELAÇÃO AO RIO LETHES O autor Jules Boucher, em seu clássico, a “A Simbólica Maçônica” falando sobre a Iniciação ao primeiro Grau diz que o Recipiendário recebe uma Taça onde se colocou uma bebida que é doce no princípio, amarga após e volta a ser doce no final. Cita Ragon que se dirigindo ao Iniciado depois da cerimônia, diz a este: “Irmão, a bebida que lhe foi dada é, por seu amargor, um emblema dos males da vida e dos obstáculos que precedem à Iniciação ou à descoberta da verdade. Que ela seja para você uma bebida do Lethes ou do olvido no que respeita às falsas máximas que aprendeu junto aos profanos. A segunda bebida é pura; você a achou mais doce. Que ela seja uma bebida de Mnemosina ou da memória, para as lições que irá receber da sabedoria.” Depois cita Oswald Wirth, que tem uma forma um tanto diferente de se exprimir: “Acabrunhado pela amargura, o justo é tentado a desesperar e corre o risco de sucumbir, esmagado pela ingratidão dos homens. Mas essa prova não poderia surpreender o Iniciado. Longe de se deixar abater e de rejeitar o cálice fatídico, ele deve agarrá-lo, decidido a esvaziá-lo até o fim. É então que o licor acre e ardente se transforma numa bebida reconfortante. O Iniciado bebe as águas do Letes. Esquece as injúrias, não sente mais suas pernas e, persistindo em sua abnegação, encontra, em meio aos tormentos da vida, toda a sua serenidade de espírito.”
  • 13. JB News – Informativo nr. 2.129 – Florianópolis (SC) – domingo, 31 de julho de 2016 Pág. 13/35 COMENTÁRIOS: Boucher tece algumas considerações por conta da diferença existente entre a analogia descrita por Ragon e a de Wirth: enquanto para Ragon a bebida do Letes (*) é amarga, para Wirth ela é doce. Boucher dá um maior sentido a Wirth pelo fato de que, seria bem mais fácil se conservar a lembrança referente à bebida que é amarga (Mnemosina) (**) do que a da bebida insípida (Letes). O melhor comentário sobre a analogia com Letes, fica por conta do Irmão João Alves da Silva em seu trabalho “A Taça Sagrada”, onde se manifesta da seguinte forma: “_Causa espécie que tais luminares não expliquem onde foram buscar uma ilação líquida (bebida) com a deusa-mãe da memória e das ciências. Conhecimento esse, por certo, corrente entre os eruditos do passado, mas não inserido no contexto cultural da maioria dos especulativos. Talvez se deva buscá-la no verbete taça do Dicionário de Símbolos de Cirlot, onde é dito que o caráter amorfo e livre do líquido, quando passa à condição de conteúdo, se amolda‘ às possibilidades e às contingências’ – daí, a possível ilação de passagem da profanidade libertista à consciente e árdua ascese do futuro maçônico...” MAIS DO SIMBOLISMO BASEADO NA AMARGURA E NA DOÇURA Vejamos outras das considerações de alguns Irmãos em diferentes peças de arquitetura, das quais são autores: “Voltando à taça, já que falamos da ligação da maçonaria com o Santo Graal, ela, a maçonaria, usa apenas as bebidas amarga e doce. O Rito Francês emprega apenas a amarga, significando o emblema dos desgostos inseparáveis da vida humana. No Rito Adonhiramita, esta taça relembra as vicissitudes da fortuna, que muitas vezes nos convertem as doçuras da alegria em amargores de tristeza, ensinando que os maçons devem, com resignação, afrontar os revezes. Então, deve-se fazer o iniciado sorver todo o conteúdo da taça.” (Irmão Luiz Carlos Lemes Franco) Ainda com relação ao trabalho que foi citado anteriormente de autoria do Irmão Hercule Spoladore, o mesmo aponta ainda sobre a posição do Irmão Theobaldo Varoli, que não admitia a prova da taça no R.E.A.A., sendo que, por isso, ele fez uma espécie de substituição para a Prova da Taça, criando um texto que o Irmão Spoladore resgatou e ainda por cima, teceu alguns comentários. Esse texto se referia à amargura e à doçura da bebida, o que faz com que trasncrevamos novamente mais algumas passagens do brilhante trabalho do Irmão Hercule Spoladore que nos alimenta com essas informações, que acredito que poucos são aqueles tem conhecimento. Vejamos: “Varoli, que em 1974 organizou um Ritual, preciosidade que nunca foi utilizada por qualquer Potência, constituindo-se hoje em dia numa fonte de estudos bastante consultada por pesquisadores, inseriu no Ritual referido, em lugar da prova da taça Sagrada, o seguinte texto: _Ven.: ‘É certo que a vida pode trazer-nos amarguras inesperadas, menos por nossa culpa do que pelas circunstâncias que nos rodeiam. Nós maçons, buscamos enfrentar com serenidade as boas e as más vicissitudes. Sabemos que durante nossa existência teremos que provar das taças de boa e de má bebida, como não desconhecemos que todo aquele que se afasta da Virtude, buscando apenas prazeres, provará do amargor do fel que resulta de uma doçura precária e ilusória. Por isso, os maçons buscam a moderação no usufruir dos prazeres da vida’.” E logo após, os comentários do Irmão Hercule Spoladore: “Como pudemos constatar, Varoli substituiu a prova da Taça Sagrada por este texto bonito, onde calcado na Bíblia, nos dá uma bela lição de moral. Todavia, ele foi muito combatido por ter tido a coragem de pelo menos dizer aos maçons brasileiros que a prova da Taça sagrada não era bem aquilo que eles pensavam que
  • 14. JB News – Informativo nr. 2.129 – Florianópolis (SC) – domingo, 31 de julho de 2016 Pág. 14/35 fosse. Ma que fazer, se o que é errado já se tornou uma pseudo-tradição? E os maçons parecem gostar e não admitem retirá-la do Ritual. Este é apenas um dos muitos exemplos do que vem acontecendo através do tempo na Maçonaria. E os responsáveis são todos aqueles que, só porque acham lindo, copiam, enxertam, imitam, ou ainda, muito pior, inventam.”( Grifo meu, ainda que no original do Irmão Hercule Spoladore estejam em negrito as palavras: copiam, enxertam, imitam e inventam.) Também naquele outro trabalho já citado onde aparece a descrição do “quadro da vida humana“ de Cebes, é dito logo após: “Esta cerimônia, outrora, pertencia, ao Rito Adonhiramita e foi incluída no Rito Escocês Antigo e Aceito posteriormente. De acordo com José Castellani apud CORTEZ (2005) a Taça é uma palavra de origem árabe, com o significado de um recipiente feito de diversos materiais, pouco fundo e destinado a beber. Diz-nos também, que em vários Ritos, na Câmara de Reflexões existiam duas taças, uma com líquido doce e outra com líquido amargo. Posteriormente, em alguns ritos, essa taça foi levada para a Cerimônia de Iniciação, onde passou a ter o sentido de Taça Sagrada. Esse sentido poderia, eventualmente, dar à Taça um cunho religioso, fato totalmente incompatível com a filosofia Maçônica. (Grifo meu!) A Iniciação é a glorificação do esforço para se chegar à plena compreensão da Vida (SEGURAM, 1997). Este é um dos simbolismos da taça sagrada, saber aprender a viver, aceitando suas atribulações e felicidades com o mesmo ânimo e de cabeça erguida. A amargura que nos assola em alguns momentos não nos desanima, pelo contrário, incentiva-nos a procurar transformarmos sua amargura em doçura, aceitando serenamente a obrigação, de apurar todo o cálice sagrado da vida. É o símbolo de transição sobre o mundo profano e o das realidades transcendentes.” COMENTÁRIOS: Como pudemos ver até aqui, há um número muito grande interpretações, no se aproximam tantas são as semelhanças entre elas. JULES BOUCHER: AS FASES Para Jules Boucher deveriam existir três fases na cerimônia, caracterizadas da seguinte forma: “1º - Insípida, é a vida do profano na qual o Espírito não foi despertado. 2º - Amarga, a vida do Iniciado, daquele que procura, daquele que é atormentado pelo desejo de ‘conhecer’. 3º - Doce, a vida do Adepto, daquele que enfim, chegou à serenidade que a verdadeira Iniciação pode proporcionar. MAGISTER: “EL CÁLIZ MISTERIOSO” O escritor e estudioso maçom(?) Aldo Lavagnini ou Magister, pode-se dizer, possui uma obra que tem seguidores e detratores, mas, em países de língua espanhola teve e tem grande aceitação. Aliás, não sei se foi o fato de viver em uma zona de fronteira, onde o espanhol soa tão familiar, que fez com que um dos primeiros nomes que ouvi dos velhos Mestres da minha Loja quando o assunto era a pesquisa para trabalhos de Grau, consultar a Magister, além de que, na pequena biblioteca da Loja ele marcava presença. Usemos de alguns excertos da sua obra (que não é pequena), para falar sobre aquilo que tem conotação com o assunto em pauta, ou seja a Taça Sagrada, Copo com a bebida que é dada ao Recipiendário, Taça da Amargura, Cálice Simbólico...
  • 15. JB News – Informativo nr. 2.129 – Florianópolis (SC) – domingo, 31 de julho de 2016 Pág. 15/35 Em seu livro “Manual Del Aprendiz”, Magister fala sobre aquilo que chama de “El Cáliz Misterioso”, que nada mais é do que “O Cálice Misterioso”, e que independente das opiniões a favor ou contra si, é um belo e muito explicativo comentário acerca da cerimônia da Taça. Vejamos então: “El iniciado que ha afrontado las pruebas simbolizadas por los tres viajes (***) y ha sufrido la triple purificación de lós elementos se há libertado de todas las escorias de su naturaleza inferior y tiene ahora el deber y el privilegio de manifestar lo más alto y divino de su ser. Este deber y este privilegio, que hacen de él ya potencialmente un masón, han de ser sellados con una primera obligación (o reconocimiento de deberes) que precede al juramento propiamente dicho, y consiste en hacerle beber en un cáliz de agua que de dulce se convierta en amarga. En esta triple obligación, que puede considerarse como una confirmación del testamento, aprende y reconoce las condidiones en las cuales será recibido masón: el secreto sobre lo que hay de más sagrado; la solidariedad y devoción hacia sus hermanos; y la fidelidad a la Orden, con la observancia de sus Reglas y Leyes tradicionales. El cáliz de amargura nos describe muy eficazmente las desilusiones que encuentra quien desciende de las regiones puramente ideales, del Oriente simbólico, para enfrentarse con las realidades materiales. La dulzura inefable de los sublimes conocimientos que se han adquirido, de los planes o programas de actividad que se han formulado en la mente, no puede menos de cambiarse en la amargura que nace cuando todo parece ir en contra de nuestros proyectos y de nuestras aspiraciones. Entonces no debemos maravillarnos si, en un momento de debilidad, el alma cede momentáneamente bajo el peso abrumador de esta apariencia y brota de lo profundo del corazón el grito: ‘Padre, si es posible,aleja de mi este cáliz!’ Pero el cáliz no puede alejarse, ya que deber ser apurado hasta la ultima gota. El contacto con la realidad exterior no puede evitarse, y en este contacto debe demostrarse prácticamente el valor de sus adquisiciones ideales y su firmeza en la Verdad en la cual se ha establecido: la realidad exterior debe ser transmutada por la simple influencia silenciosa de su íntima conciencia, fija en la visión de una realidad de orden superior o trascendente. En otras palabras, el iniciado que ha sido purificado por los tres elementos debe haberse convertido y obrar como un verdadero filósofo, y por ende, ser la piedra filosofal que todo lo transmuta por la simple influencia de su presencia, con su actitud interior. Así pues, lejos de evitar y alejar de si la poción amarga que le es ofrecida por la ignorancia de los hombres, debe llevarla a sus labios serenamente, como si fuera la más dulce y confortable de las bebidas. Entonces es cuando se cumple el milagro: la amargura se convierte en dulzura, y la visión espiritual triunfa sobre las sombras de la ilusión que se desvanecen.” FALTA ALGUMA COISA NOS RITUAIS? Das leituras pertinentes ao assunto percebo que alguns autores apontam para um certo vazio no que tange às palavras explicativas para a cerimônia, e que servissem para instruir ou orientar melhor o recipiendário ou candidato. Jules Boucher, depois de ter exposto as fases aquelas que vimos logo acima, caracterizadas pelas bebidas insípida, amarga e doce, disse o seguinte: “Assim simbolicamente, o Recipiendário seria instruído a respeito das três fases da Iniciação pela absorção das três bebidas. É preciso lamentar aqui a pobreza das explicações dos rituais e a identidade material que se atribui a primeira e à terceira bebida, que nada mais é do que a água, muito simplesmente.”
  • 16. JB News – Informativo nr. 2.129 – Florianópolis (SC) – domingo, 31 de julho de 2016 Pág. 16/35 Por sua vez, o Irmão João Alves da Silva em seu esclarecedor artigo “A Taça Sagrada”, depois de se referir à cerimônia da Taça Sagrada no R.E.A.A., diz assim: “Texto ritualístico que, quando bem conduzido e interpretado, causa viva impressão ao recipiendário, pois este até então tratado com benevolência, recebe de chofre a interpretação enérgica, ríspida, sobre a possível falsidade de suas intenções. A partir do Ritual, as suas interpretações dadas ao ato em questão, via de regra, são pertinentes à ascese maçônica, fundamentada numa visão estoica de pautar a vida segundo os sãos princípios da Moral e da Razão. Evidentemente, a necessária e imprescindível concisão ritualística de buscar o impacto não pode abordar os aspectos atinentes ao embasamento esotérico, mítico, histórico ou lendário de seu contexto, sob a pena de perder o fim colimado. Sobre a função periférica e explicativa, o próprio Ritual diz: fica a cargo da especulação, do Obreiro; no entanto, essa especulação, como já apontamos acima, tem se detido somente no contexto da ascese – principalmente válida à formação dos Obreiros – mas insuficiente para fundamentar estudos aprofundados no campo do Simbolismo.” AINDA SOBRE O GRAAL Na primeira parte deste trabalho abordamos ligeiramente a questão envolvendo uma provável relação que alguns autores defendem entre uma taça e outra, mas, que fica difícil de ser confirmada. Vejamos os comentários do Irmão João Alves da Silva sobre uma tese de autoria do Irmão Luiz Carlos Leme Franco, da Loja de Pesquisas Maçônicas “Brasil”, intitulada “A Taça Sagrada tem relação com o Santo Graal?” e que foi apresentada no VII Congresso Maçônico Paranaense. Comenta o Irmão João Alves da Silva sobre a referida tese: “(...) faz apologia da existência de uma Taça sagrada em todos os Antigos Mistérios, mas não comprova tal assertiva, pois referencia fontes que entendemos apócrifas, ou sejam: o papiro Melseni, da biblioteca secreta de Alexandria e aos escritos do místico Cebes (!?). (Grifo meu!) Com tais fundamentos ele descreve o emprego da Taça Sagrada em iniciações nos Mistérios egípcios e gregos. Mas é sobejamente sabido que esse Cerimoniais transcorriam em absoluto sigilo e com práticas orais de transmissão; além disso, as poucas notícias hoje existentes, e documentalmente válidas, não permitem a completa reconstituição litúrgica de nenhuma cerimônia iniciática dos Antigos, sejam elas Osiríacas, Órficas, Pitagóricas ou do culto a Ceres. Concretamente, sobre tal tema, o que existe são fragmentos esparsos oriundos da inconfidência parcial de alguns Iniciados ou de escritos dos primeiros padres – fontes não confiáveis, seja pela lei do silêncio que calava os adeptos, seja pelo fanatismo que obrigava os outros a detratar os Mistérios. É desse amálgama de meias-verdades, propositadamente distorcidas por panegiristas ou iconoclastas, que surgem tais descrições beirando o realismo fantástico, talvez poeticamente válidas, mas não credenciadas ao embasamento de qualquer pesquisa que pretenda possuir um nível mínimo de seriedade na busca de informações passíveis de sedimentar a cultura maçônica.” E AS ORIGENS? O Irmão João Alves da Silva depois de ter citado Aslan com o seu verbete Taça Sagrada, diz que autores do porte de Jules Boucher, Oswald Wirth e J. M. Ragon coincidem quanto a uma origem greco-oriental para o cerimonial da Taça Sagrada, mas que eles não mencionam nada com referência a quando ela teria sido introduzida no Ritual Maçônico.
  • 17. JB News – Informativo nr. 2.129 – Florianópolis (SC) – domingo, 31 de julho de 2016 Pág. 17/35 COMENTÁRIOS: Os Irmãos devem estar lembrados que, na primeira parte deste trabalho, que, de acordo com as pesquisas do Irmão Pedro Juk, no primeiro ritual impresso no Brasil para o R.E.A.A., em 1834, já constou a prova da Taça Sagrada. A LENDA DA FONTE DE ASBAMA E em se tratando de origens já havia anunciado que do trabalho do Irmão João Alves da Silva, citado várias vezes, obteríamos importantes e até curiosas informações. Então, para falar ainda sobre as origens, deixei para o final estas passagens do mesmo, onde, além dos comentários pertinentes, e até cuidando em separar o joio do trigo, como se diz, ele traz mais luz sobre o assunto. Vejamos o que ele escreveu: “Ao término das pesquisas em busca da fundamentação de inserção do Cerimonial da Taça, defrontamo-nos com informações que, coincidentemente e de antemão, sabemos não agradarão aos Irmãos simpáticos à ideia de magia cerimonial da Maçonaria. Todavia, para credibilidade do pesquisador, a veracidade, a capacidade intelectiva e a honestidade de expressão se antepõem a qualquer subterfúgio ou conclusão inconsciente, obrigando-o a mencionar as fontes de consulta que o conduziram aos resultados alcançados. Por essa razão, é-nos vedado omitir o que e onde amealhamos o aqui exposto. Assim, comedidamente, sem a virulência de Alec Mellor, concordamos que as práticas evocativas do ocultismo Éliphas Levi (o Ritual de Alta magia e o inventor da egrégora e autor da obra ‘Dogma e Ritual da Alta Magia’) nada tem a ver com os Usos e Costumes de antanho. No entanto, admitimos que seus pares do século passado, Papus e outros, tenham infiltrado no escocesismo a Taça Sagrada através de uma remissão aos escritos do sofista Filostrato, que narrando a vida do mais célebre mago grego, o neopitagórico Apolônio de Tiana, diz o fim que buscávamos neste trabalho, ao assim pronunciar: ‘Há, nos arredores de Tiana, uma fonte que se diz pertencer ao Zeus-dos Juramentos, chamada de Fonte de Asbama: sua água brota fria, mas borbulha como a de um caldeirão fervente. Essa água é favorável e tranquila a quem é fiel a seus juramentos; porém aos perjuros, ela traz um imediato castigo: ataca aos seus olhos, às suas mãos e aos seus pés. Eles são atacados de hidropisia e de consumação e não podem nem mesmo se mexer, permanecendo no lugar e lamentando junto à fonte, confessando seus perjúrios.” (transcrito da p. 406 da obra ‘O Esoterismo’ de Riffard.” COMENTÁRIOS: Entre tantas origens e referências não há como negar que essa parece ser aquela com a qual a cerimônia tem mais pontos em comum. CONCLUSÃO: Mera compilação de extratos de textos, alguém poderia dizer. É uma maneira de ser visto o presente trabalho, mas, embutida aí está uma razão, a de poder mostrar, sobretudo, o quanto é rico esse tema, os caminhos todos, alguns escolhidos, outros que foram se abrindo por si só, para que chegássemos ao conhecimento reunido, incluindo seus desdobramentos, as variações que atingem as cerimônias no âmbito da Maçonaria, mesmo quando um Rito acabou importando de outro, digamos assim. Agora, como fazer chegar esse conhecimento todo ao leitor, como poder mostrar isso tudo, sem compilar? Há inúmeras referências, sendo que muitas são totalmente desconhecidas dos Maçons. Com certeza, a cerimônia que permanece na Maçonaria é bastante simplificada, mas, de qualquer forma tão carregada de simbolismo, que à medida que tomemos conhecimento desse
  • 18. JB News – Informativo nr. 2.129 – Florianópolis (SC) – domingo, 31 de julho de 2016 Pág. 18/35 universo compreendemos o quanto a Maçonaria está impregnada de influências provindas das mais variadas tradições iniciáticas. O simbolismo da Taça já estava no Egito, na mística hebraica, nos mistérios de Elêusis, na Mitologia, na Bíblia, com os cátaros, com os templários, com os Maçons, etc. O que vimos, certamente não foi tudo ainda, mas, pudemos absorver nessas poucas páginas do presente trabalho, um pouco mais da importância, da riqueza e do simbolismo presente no seio dessa cerimônia. NOTAS: (*) Letes ou Lethes: Um dos rios do Inferno, de onde as águas levavam o esquecimento às almas dos mortos. (**) Mnemosina ou Mnemósine: A memória personificada como deusa; mãe das Musas. (***) El iniciado que ha afrontado las pruebas simbolizadas por los tres viajes: Evidentemente em nossos rituais o Cerimonial da Taça precede as três viagens, ao contrário, então da descrição de Lavagnini. CONSULTAS BIBLIOGRÁFICAS: Internet: “A Taça Sagrada” – Trabalho de autoria de vários Irmãos Aprendizes da A.’.R.’.G.’.B.’.L.’.S.’. “Estrela do Rio Claro”. Disponível em: www.splimeira.org.br/wordpress/wp.../Erac46.pdf Revistas: O PRUMO, nº 95, Março/Abril de 1994: “A Taça Sagrada Tem Relação Com o Santo Graal?” – Trabalho de autoria do Irmão Luiz Carlos Lemes Franco. O PRUMO, nº 109, Julho/Agosto de 1996: “A Taça Sagrada no Rito Escocês Antigo e Aceito” – Trabalho de autoria do Irmão Hercule Spoladore. Livros: A TROLHA – COLETÂNEA 5 – “A Taça Sagrada” – Trabalho de autoria do Irmão João Alves da Silva – Editora Maçônica “A Trolha” Ltda. 2002 BOUCHER, Jules. “A Simbólica Maçônica” – Editora Pensamento DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO VEJA LAROUSSE – Volume 14 – Editora Abril S/A – 1ª Edição – 2006 LAVAGNINI, ALDO. (MAGISTER) “Manual Del Aprendiz” – Editorial Kier S.A. – Vigesima Edicion- 1998 - Buenos Aires - Argentina MULROY, David. “Entre Deuses e Heróis” – Editora Pensamento - Cultrix Ltda. – 1ª Edição - 2015
  • 19. JB News – Informativo nr. 2.129 – Florianópolis (SC) – domingo, 31 de julho de 2016 Pág. 19/35 O Ir Hercule Spoladore – Loja de Pesquisas Maçônicas “Brasil”- Londrina – PR – escreve aos domingos hercule_spolad@sercomtel.com.br A Prancheta É uma das três joias fixas ou imóveis de uma loja que aparece no painel simbólico de cada rito. Sabemos que as outras duas são a Pedra Bruta que corresponde ao aprendiz e a Pedra Cúbica que corresponde ao companheiro. A Prancheta é um símbolo que pertence ao Mestre tem diferentes nomes conforme o Rito, mas trata-se do mesmo símbolo, com o mesmo significado. Trata-se de um símbolo que aparece nos painéis dos Ritos REAA, Rito Brasileiro e Rito Adonhiramita em seus rituais do primeiro e segundo graus, mesmo sendo um símbolo do Mestre. No REAA ela tem o nome de Prancheta. No Rito Adonhiramita no ritual do segundo grau nas instruções aparece com o nome de Pedra de Riscar, fazendo-se alusões às três pedras, bruta, cúbica e a de riscar. No Rito Moderno ou Francês no ritual do terceiro grau em suas instruções é citada como Pedra de Traçar. O Rito de Schröder possui em seu Tapete ou seu painel simbólico, o qual é único para os três graus, a 47ª Proposição de Euclides que é considerada simbolicamente no Rito como a Prancheta. Segundo instruções do Rito o Venerável Mestre de uma Loja Operativa preparava os planos através da Prancheta que era usada na Inglaterra antes de 1723 e que segundo os mentores atuais do Rito era baseada por analogia na famosa proposição citada. Referências sobre a Prancheta existem nos rituais dos graus um e três do Rito. No Rito de Schröder o ritual do terceiro grau o Venerável pergunta: Onde trabalham os Mestres? Resposta: Na Prancheta para com a Régua da Verdade, o Esquadro do Direito e o Compasso da Obrigação executarem seus projetos. Simbolicamente na Prancheta, ou Prancha a traçar, os mestres gravam ou traçam os planos estabelecidos, bem como as lições para os aprendizes e companheiros. Gravar ou traçar quer dizer escrever. No Rito de Schröder a Prancheta não traz como no REAA a chave do alfabeto maçônico. A Prancheta ou Prancha a traçar, ou seus sinônimos em outros Ritos aparece no painel simbólico do grau de aprendiz e de companheiro ao alto onde se observa um retângulo no qual figuram dois sinais. Em loja, o símbolo deve estar no Oriente feito de madeira ou outro material em cima de um cavalete ou adaptado em um local à direita de quem está sentado nas cadeiras do Oriente. Ele é um retângulo que representa uma prancha de desenhar, traçar ou gravar na qual, está inserido dois sinais, uma cruz quádrupla (quatro cruzes latinas cristãs) constituídas por duas paralelas cruzadas, símbolo do limitado e também daquilo que homem 5 – A Prancheta Hercule Spoladore
  • 20. JB News – Informativo nr. 2.129 – Florianópolis (SC) – domingo, 31 de julho de 2016 Pág. 20/35 pode realizar e também uma cruz de ângulos opostos pelos vértices símbolo das díadas e também do infinito. Esta cruz é em forma de X (xis) também é conhecida como cruz de Santo André. Esta cruz para os maçons esotéricos simboliza a união a união do mundo superior com o mundo inferior. A cruz tem este nome porque segundo a história, Santo André teria sido supliciado numa cruz com esta forma. A Prancheta é um símbolo que como tal, significa que os mestres simbolicamente guiam os aprendizes e companheiros na sua caminhada, traçando os trajetos a serem percorridos por estes para que progridam na Maçonaria. A Prancheta apesar de ser um símbolo do mestre, aparece no painel simbólico do aprendiz e do companheiro e também dentro da loja como símbolo no Oriente devendo o aprendiz e companheiro apenas tomar conhecimento da sua função, ou seja, simbolicamente saber que são ensinados e instruídos pelos Mestres através da Prancheta. Este símbolo também contém a chave do alfabeto maçônico, o qual todos os maçons deveriam conhecê-lo e usa-lo. A cruz representada por duas paralelas cruzadas dá as posições das primeiras dezoito letras e a cruz em X dá a posição das quatro últimas letras. Todas as letras do alfabeto maçônico têm a forma de esquadro, o qual se relaciona com a matéria não sendo visto o círculo que é o símbolo do espírito, o qual não aparece no alfabeto maçônico, isto segundo Boucher que afirma que o espírito é invisível e desta maneira o maçom se vê convidado a se libertar da letra para abordar o espírito. Esta descrição tem valor para o REEA, que emprestou do Trabalho de Emulação (Emulation Working) que é o nome correto usado na Inglaterra e não Rito de York como se costuma erradamente a chamá-lo aqui no Brasil. Não existe Rito de York na Inglaterra. Existe sim, o Rito de York, mas este é americano. Os demais ritos simplesmente copiaram o painel do REAA, o qual copiou do painel do Trabalho de Emulação. Castellani considera a Prancheta como Tábua de Delinear (tracing board) e seria para ele no REAA todo o painel do grau no REAA, igual ao Trabalho de Emulação. Entretanto, outros autores acham que somente o símbolo Prancheta constante do painel simbólico e a sua representação física no oriente seria a Prancheta em si e não Tábua de Delinear. A tradução de prancheta do inglês para o português segundo Anatoli Oliynik seria clip board e não tracing board. Será descrito a seguir como é a Tábua de Delinear no Trabalho de Emulação, fazendo-se algumas comparações necessárias com os demais ritos. A Tábua de Delinear (Tracing Board) é todo o seu painel com os símbolos inseridos nele. Já no REEA no Brasil, algumas potências adotam o painel simbólico e o alegórico. O painel alegórico do REAA é cópia da Tábua de Delinear do Trabalho de Emulação. Todavia, é no painel simbólico do REEA e não no alegórico que aparece a Prancheta. O Painel do Trabalho de Emulação que é chamado de Tábua de Delinear ou tracing board é um todo e não apenas um símbolo isolado como nos demais ritos onde este é mostrado como um retângulo onde estão gravadas as já citadas duas cruzes. A Tábua de Delinear é, portanto, todo o painel no Trabalho de Emulação. A Tábua de Delinear dos ingleses serviu de modelo para o REAA acrescentar como um dos seus símbolos constantes do Painel do primeiro e segundo graus a Prancheta. Aliás, diga- se de passagem, que o REEA copiou praticamente toda a Tábua de Delinear do Emulação com exceção de alguns símbolos que foram acrescentados e outros retirados, e hoje é conhecido como painel alegórico no REAA. Escritores de renome na Maçonaria, não esclareceram bem este detalhe.
  • 21. JB News – Informativo nr. 2.129 – Florianópolis (SC) – domingo, 31 de julho de 2016 Pág. 21/35 Este assunto ainda não está bem elucidado. Deixaram os leitores confusos, tratando ambos os símbolos como se fossem a mesma coisa, ou seja, Prancheta e a Tábua de Delinear e a realidade não é bem essa. Castellani não deu a interpretação correta. Ele considerava a Prancheta e a Tábua de Delinear como a mesma coisa. Será escolhida a descrição da Tábua de Delinear (Tracing Board) na linguagem da forma de trabalhar da maçonaria inglesa no Trabalho de Emulação em razão de todos os ritos menos o de Schröder terem copiado e adaptado os primeiros painéis os quais foram todos oriundos do Trabalho de Emulação. Ele mostra simbolicamente todo o interior de uma loja. A Tábua de Delinear representa a forma de uma loja que é a de um paralelepípedo com comprimento que vai de leste a oeste e largura de norte a sul. A altura até os céus. As lojas estão situadas do oriente para o ocidente. Aparece o Sol a Lua e as sete estrelas. A forma da Lua neste rito é a de lua cheia e não quarto crescente como nos demais ritos. As três grandes colunas que sustentam a loja representam Salomão, Hiran, rei de Tiro e Hiran Abif, respectivamente Sabedoria Força e Beleza, sendo as colunas pela ordem Jônica, Dórica e Coríntia. Estas colunas têm as suas miniaturas expostas nos Pedestais do 1º Vigilante, a Dórica, e do 2º Vigilante a Coríntia, fazendo parte da ritualística do grau. No pedestal do Venerável não há uma coluneta representando a Sabedoria O Círculo com um ponto central gravado no móvel que está suportando o Volume da Lei Sagrada (Bíblia) em cima do qual está representada a Escada de Jacó, a qual tem muitos degraus, tantos quantos forem as virtudes morais necessárias a serem alcançadas pelo maçom no seu progresso na Ordem, mas as três virtudes principais são a Fé, Esperança e Caridade, representadas por uma cruz, um cálice e uma âncora e em cima da Escada de Jacó uma estrela de sete pontas. O interior de uma loja é composto de ornamentos, mobiliário e jóias. Os ornamentos de uma loja são: Pavimento Mosaico, a Estrela Brilhante e a Moldura Denteada ou marchetada. Os mobiliários da loja são: o Livro das Sagradas Escrituras (Bíblia), o Compasso e o Esquadro. As jóias são: três móveis e três imóveis ou fixas. As joias móveis são o Esquadro, Nível e o Prumo. As imóveis ou fixas são a Tábua de Delinear (eis aqui citada novamente como mais um símbolo dentro do painel) a Pedra Bruta e a Pedra Esquadrada (No REAA é a Pedra Cúbica) Percebe-se que os ingleses repetem no painel a Tábua de Delinear como uma das jóias imóveis. Mas a Tábua de Delinear é também todo o painel conforme já foi citado, Mas como símbolo representando umas das três jóias imóveis permanece ao lado da Pedra Bruta e da Esquadrada que elas ficam expostas para que os aprendizes e companheiros nela se instruam. Aparecem ainda a Régua de 24 polegadas, o Escôpro ou Cinzel e o Maço, que são os instrumentos de trabalho do aprendiz neste rito ou trabalho. Ainda resta comentar um símbolo desconhecido em outros ritos e que se chama Lewis que seria um símbolo triangular, uma espécie de luva de ferro em secções com cunhas ajustáveis e expansíveis, utilizadas para engatar e auxiliar grandes levantamentos. Seria uma ferramenta que levanta grandes pesos com pouca força.
  • 22. JB News – Informativo nr. 2.129 – Florianópolis (SC) – domingo, 31 de julho de 2016 Pág. 22/35 Este termo ainda é usado para o filho de maçom, conhecido no Brasil como lowton. Pendentes nos quatro cantos da loja estão as Borlas que lembram as quatro virtudes cardeais: Temperança, Firmeza, Prudência e Justiça. A localização da Tábua de Delinear como jóia imóvel no Trabalho de Emulação está segundo Castellani situada na parte sudoeste do templo à frente do segundo diácono (júnior deacon) o qual está próximo à parede ocidental e não no Oriente como em alguns dos demais ritos. A Grande Loja Unida da Inglaterra, não está mais usando a Tábua de Traçar desenhada no século XIX pelo Irmão John Harris desenhado especialmente para a “Emulation Lodge of Improvement”; Hoje ela usa a Tabua de Delinear pintada pelo Irmão Esmond Jefferies. Houve algumas modificações em relação à Tabua de Delinear de Harris. As colunas mudaram de posição A dórica permaneceu no local em que estava, mas ela deve ficar na mesma linha de perspectiva à esquerda da coluna jônica. Por isso a posição da jônica mudou. A coluna coríntia esta agora à direita isolada. Na Escada de Jacó, os símbolos da cruz, cálice e âncoras foram substituídos por anjos e a estrela de sete pontas foi substituída por uma estrela muito brilhante. Foi colocada uma estatua do Rei Hiran sobre a coluna dórica, uma estátua do Rei Salomão sobre a coluna jônica e uma estátua de Hiran Abif em cima da coluna coríntia. O Pavimento de Mosaico representado no Painel é agora como um tabuleiro de xadrez e não em diagonal como no REAA Este e é o painel que consta do Emulation Ritual publicado pela Lewis Masonic Publishers Ltd. uma das editoras autorizadas pela Grande Loja Unida da Inglaterra. A Prancheta como símbolo faz parte de todos os Ritos e não se chama Tábua de Delinear, nome este que é somente usado pelo Trabalho de Emulação, quando se trata da descrição de todo o painel. Mas dentro do próprio painel do Trabalho de Emulação existe como símbolo a Tabua de Delinear que deveria chamar-se clip board e seria o correspondente à Prancheta, pois o simbolismo é o mesmo. De qualquer forma, tirando estas pequenas diferenças entre os Ritos, ela é um símbolo do Mestre, significando que ele escreve nela os caminhos, os conceitos, os princípios e ensina a ética a serem seguidos pelos Companheiros e Aprendizes. REFERÊNCIAS BOUCHER, J. - A Simbólica Maçônica. Editora Pensamento – 9ª ed. São Paulo, 1993 CASTELLANI. J. - Consultório Maçônico IV e V, Editora Maçônica ”A Trolha” Ltda. Londrina, 1994 e 1997 NICOLA. A. - Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia. Editora Arte Nova – São Paulo, 1975 OLIYNIK, A. - Emulação (História, Ritualística e Rituais), Ed. Gráficas Vicentina. Curitiba, 2004 PIRES. J.S. - O Suposto Rito de York e outros Estudos, Editora Maçônica “A Trolha”. Londrina, 2000 VAROLI T.Fº. - Curso de Maçonaria Simbólica, II tomo – Ed. Gazeta Maçônica. São Paulo, 1976 Revista “A Trolha” nº 148 – 02/1999
  • 23. JB News – Informativo nr. 2.129 – Florianópolis (SC) – domingo, 31 de julho de 2016 Pág. 23/35 O Irmão João Anatalino Rodrigues escreve aos domingos jjnatal@gmail.com - www.joaoanatalino.recantodasletras.com.br NÃO É COM ASAS QUE SE SOBE AO CÉU O que é a vida? Quando se considera o universo e a vida que nele habita somente como um acidente cósmico sem sentido nem finalidade, perde-se o rumo da própria existência. Para que, então se preocupar com o futuro do planeta e com o nosso próprio destino individual se, façamos o que façamos, nada disso tem uma finalidade? Se tudo se perde, irremediavelmente, na voragem do tempo? Será a vida apenas um fenômeno físico-químico que um acidente cósmico um dia fez surgir? Ou terá ela sido produzida como parte de algum projeto que envolve, não somente o seu próprio desenvolvimento, mas um plano bem maior, de escala cósmica? E se cada vida fosse o elo de uma corrente que transmite, no tempo e no espaço, a energia criadora que faz do universo um ser vivo e convergente, que por dentro e por fora se metamorfoseia e vai adquirindo contornos e qualidades que no fim, servem á uma finalidade definida por uma Mente Universal? São exatamente essas as perguntas e as elucubrações feitas pelo ritual maçônico, quando se interroga pelo sentido da vida. Os ensinamentos maçônicos enfrentam exatamente essa questão quando pergunta: “De onde viemos? O que somos? O que a morte fará de nós? Que é o homem? É apenas um átomo, gestado no corpo da mulher e que progressivamente se organiza, se harmoniza em suas inúmeras partes? Que cresce, pensa, cai, transforma-se e volta á causa primária, deixando apenas reminiscência de sua última forma ou conservando uma partícula essencial, mutável e mortal?” Nesse questionamento a Maçonaria enfrenta a questão metafísica que tem desafiado a mente humana através de toda a sua história de vida. Afinal, somos apenas uma sombra que passa, um fenômeno despregado de qualquer sentido, que um dia aconteceu no universo como resultado de causas exclusivamente naturais, ou ele é o desvelar de uma Vontade que se manifesta e percorre um longo processo evolutivo que começou, um dia, num átomo que rompeu, por um processo ainda desconhecido, os limites da matéria inanimada? Um maçom não pode acreditar na hipótese materialista, advogada na tese que sustenta ter a matéria as condições suficientes para explicar todos os fenômenos existentes no universo, inclusive a vida. Porque, se adotar essa crença, estará negando qualquer virtude á prática que adotou. Se o fenômeno da vida e principalmente a do ser humano, fosse um acaso perpetrado por leis exclusivamente naturais, “um vírus” inoculado na corrente sanguínea do universo, como o definiu uma vez um romancista, então ele não teria um espírito, e não se poderia falar na 6 – Não é com asas que se sobe ao céu João Anatalino Rodrigues
  • 24. JB News – Informativo nr. 2.129 – Florianópolis (SC) – domingo, 31 de julho de 2016 Pág. 24/35 existência de um Criador, e nem haveria qualquer motivo para se tentar uma comunicação com Ele. Tudo que fazemos nesse sentido seria apenas uma simulação fantasiosa. É nesse sentido que Anderson, em suas Constituições, diz: “um maçom é obrigado a obedecer à lei moral; e se ele bem entender da arte, jamais será um estúpido ateu nem um libertino irreligioso.” 1 Um processo dirigido Se os materialistas estivessem certos, toda religião, bem como toda prática iniciática não passaria de uma distração infantil, que mentes incapazes de conviver com a realidade desenvolvem para mitigar a incômoda impressão de que a nossa existência não tem qualquer finalidade além daquela que os nossos sentidos nos indicam. Mas, felizmente, temos razões para pensar que as coisas não são assim; que nós não somos apenas matéria desprovida de espírito, seres organizados por leis naturais que só obedecem ao determinismo dos grandes números. O surgimento da vida em meio á matéria universal, como está a indicar a metáfora bíblica da Criação, é fruto de um processo dirigido e bem elaborado por quem o projetou e o controla, ou seja, O Grande Arquiteto do Universo. Mais uma vez é o grande Teilhard de Chardin que nos socorre nessa visão, mostrando como o surgimento da vida resulta de uma síntese que a união dos átomos transforma em moléculas, e estas, também por um processo de sínteses cada vez mais elaboradas, dão origem ao fenômeno humano. Em páginas de extraordinária lucidez e envolvente poesia, esse grande pensador escreve: “Aqui reaparece, á escala do coletivo, o limiar erguido entre os dois mundos da Física e da Biologia. Enquanto se tratava apenas de um processo de mesclar as moléculas e os átomos, podíamos, para explicar os comportamentos da Matéria, recorrer ás leis numéricas da probabilidade, e contentarmo-nos com elas. A partir do momento em que a mônada, adquirindo as dimensões e a espontaneidade superior da célula, tende a se individualizar no seio da plêiade, desenha-se um arranjo mais complicado no Estofo do Universo. Por duas razões, ao menos, seria insuficiente e falso imaginar a Vida, mesmo tomada em seu estágio granular, como uma espécie de fervilhar fortuito e amorfo.” 2 Quer dizer: a vida não surgiu no universo como surgem as bactérias em um processo de fermentação. Ela é, sim, o resultado de um processo, mas ele está longe de ser regido apenas pelas leis da natureza. Ela surge como consequência de um trabalho dirigido como se fosse alguém, em uma cozinha, ou um laboratório, trabalhando para fazer um bolo, ou para destilar uma bebida. Nesse trabalho as bactérias surgem como resultado do processo empregado e não como obra do acaso, ou da evolução natural da obra. Por isso a notável argúcia do nosso jesuíta complementa o seu pensamento dizendo: “(...) os inumeráveis componentes que compunham, nos seus inícios, a película viva da Terra, não parecem ter sido tomados ou juntados exaustivamente ou ao acaso. Mas a sua admissão nesse invólucro primordial dá antes a impressão de ter sido orientada por uma misteriosa seleção ou dicotomia prévias (...).” 3 1 As Constituições, citado, pg 12. 2 O Fenômeno Humano, citado, pg. 94. 3 Idem, pg. 95-Na foto o filósofo Teilhard de Chardin
  • 25. JB News – Informativo nr. 2.129 – Florianópolis (SC) – domingo, 31 de julho de 2016 Pág. 25/35 Recordando Plotino É a mesma intuição que inspirou o filósofo Plotino há quase dois milênios atrás: “Imagine uma enorme fogueira crepitando no meio da noite. Do meio do fogo saltam centelhas em todas as direções. Num amplo círculo ao redor do fogo a noite é iluminada, e a alguns quilômetros de distância ainda é possível ver o leve brilho desta fogueira. À medida que nos afastamos, a fogueira vai se transformando num minúsculo ponto de luz, como uma lanterna fraca na noite. E se nos afastarmos mais ainda, chegaremos a um ponto em que a luz do fogo não mais consegue nos alcançar. Em algum lugar os raios luminosos se perdem na noite e se estiver muito escuro não vamos enxergar nada. Nesse momento, contornos e sombras deixam de existir". "Agora imagine a realidade como sendo esta enorme fogueira. O que arde é Deus - e as trevas que estão lá fora são a matéria fria, onde a luz está fraca, da qual são feitos homens e animais. Junto a Deus estão as ideias eternas, as causas de todas as criaturas. Sobretudo, a alma humana é uma centelha do fogo. Mas por toda a parte na natureza aparece um pouco desta luz divina. Podemos vê-la em todos os seres vivos; sim, até mesmo uma rosa ou uma campânula possuem um brilho divino. No ponto mais distante do Deus vivo está a matéria inanimada.” 4 Plotino (205-270 e. C) é considerado o fundador da escola neoplatônica. O Gnosticismo deve a ele algumas de suas concepções mais originais, especialmente a ideia de que o verdadeiro conhecimento não pode ficar apenas no terreno intelectual, mas exige uma experiência direta dos sentidos com aquilo que se propõe a conhecer. É nesse sentido que se pode colocá-lo como precursor das chamadas escolas iniciáticas, ou seja, grupos que desenvolviam rituais com a finalidade de ”sentir” as próprias realidades que idealizavam. Plotino é um dos inspiradores de famosos mestres do misticismo como Mestre Eckhart, Papus, MacGregor Mathers e outros. Os autores maçons lhe votam um grande respeito e os modernos gnósticos vêem nele um precursor das teses cientificas que descrevem o universo como um organismo único que se constrói através de uma rede de relações. Suas palavras são por demais eloquentes e não necessitam de comentários explicativos. Se o universo existe é porque tem uma causa de existir: essa causa é Deus. Os rituais maçônicos Por isso a Maçonaria nos leva a fazer especulações sobre o sentido da vida e o papel que nós exercemos na construção da Obra do Criador. Essas especulações concluem com a ideia de que nós não somos meras relações estatísticas derivadas de interações ocasionais ocorridas na matéria física, sem qualquer conteúdo finalístico, como pensam os adeptos do nihilismo, mas sim, unidades conscientes do todo amorfo, que só ganha forma e consistência na medida em que nós mesmos vamos encontrando o nosso lugar no desenho estrutural do universo. 5 E com isso a Maçonaria canta um dueto bem afinado com a doutrina da Cabala. Para os cabalistas, nosso corpo é como uma lâmpada que se acende em meio a um quarto escuro. Brilhamos por um tempo iluminando o espaço que nos cabe como jurisdição. E quando o 4 Jostein Garner. O Mundo de Sofia, Companhia das Letras, São Paulo, 1995. 5 Nihilismo é a doutrina filosófica que coloca o questionamento do sentido da vida perante um universo que parece ser indiferente á tudo que nos acontece. É uma atitude de pessimismo e ceticismo perante a possibilidade de que a vida tenha aparecido no mundo para cumprir algum propósito. Nega todos os princípios religiosos, políticos e sociais, definindo-os apenas como atitudes dos sentidos, dirigidos para a necessidade de preencher o vazio da existência. Este conceito teve origem na palavra latina nihil, que significa "nada". O principal arauto dessa doutrina foi o filosofo alemão Nietszche. Sartre retomou esse tema nas suas obras “ O Ser e o Nada” e “a Náusea”.
  • 26. JB News – Informativo nr. 2.129 – Florianópolis (SC) – domingo, 31 de julho de 2016 Pág. 26/35 combustível, que é a energia encerrada em nossas células se esgota, apagamos. O corpo é o filamento que canaliza a energia e quando ele se deixa de ter condição para hospedá-la, ela o abandona. Mas a energia, como mostra a lei de Lavoiser, não se perde nem se extingue. Ela só se transforma. Ela continua a existir mesmo depois que a lâmpada que a refletia se extingue. Essa energia acenderá outras lâmpadas que também brilharão por algum tempo e depois se apagarão. Cada uma a seu tempo, preenchendo o vácuo e realizando a missão que lhe cabe. Assim a vida nos aparece como uma estrada cheia de luzes que se apagam e se acendem á medida que o tempo passa por elas e avança para o futuro. Por isso, encontraremos em nossos rituais, especulações como esta: (...) Sois uma parcela da vida universal, um germe que apareceu em um ponto do espaço infinito. Vosso ser sofreu inconscientes transformações. Tivestes sensações, depois ideias incoerentes, que mais tarde, foram se tornando precisas. Por fim vos considerastes capaz de perceber a verdade. Esta é a luz que vistes. A humanidade levou séculos incontáveis antes de percebê-la. Nós consideramos o estado atual da nossa espécie sem que saibamos se ela está em seu começo, ou se prestes a alcançar o seu fim, e sem conhecermos seu destino, nada compreendemos do mundo a qual ela pertence (...). Dessa forma Cabala e Maçonaria nos informam que o sentido de cada vida que vivemos é fornecer o seu “quanta” de luz para a construção da Obra de Deus. E por essa razão poderemos viver várias vidas. Nasceremos e morreremos tantas vezes quantas forem necessárias para a complementação dessa obra. Por isso Jesus disse: “Assim deixai a vossa luz resplandecer diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus.” 6 Pois não é com asas que se sobe aos céus, mas com as mãos. Pela simples e singela razão contida nessa metáfora, os maçons adotaram a profissão do pedreiro como símbolo da sua Arte. 6 Mateus, 5:16.
  • 27. JB News – Informativo nr. 2.129 – Florianópolis (SC) – domingo, 31 de julho de 2016 Pág. 27/35 31ª Coluna do Rito Schröder – 31 de julho de 2016 O Rito Schröder, composto pelos Rituais das Lojas de Aprendiz (com a Loja de Mesa e a Loja de Funeral), Companheiro e Mestre Maçom, é um Sistema de Ensino maçônico adotado a partir de 29 de junho de 1801 por algumas das mais antigas Lojas na Alemanha e, conforme o prefácio do Ritual de 1960 da Loja ABSALOM: “... até em continentes distantes, onde maçons de origem germânica operam de acordo com o Rito de Schröder... (que) ocupa uma posição de destaque entre os ritos maçônicos por sua concordância com o Rito da Grande Loja-Mãe, da Inglaterra (Londres, 1717), na eliminação de todos os aditamentos inseridos no final do Século XVIII, no espírito de puro humanismo, presente em seu cerimonial e no brilho da linguagem clássica do Alemão”. No último dia de cada mês o JB News apresenta aos seus leitores esta coluna sob a coordenação do Ven. Ir. Rui Jung Neto, ex-V.M. da Cinq. Ben. A.R.L.S. "Concordia et Humanitas" Nr. 56 - Ao Or. de Porto Alegre – GLMERGS, e membro do Colegiado Diretor do “Colégio de Estudos do Rito Schröder Ir. Gouveia”. Na coluna deste mês reproduzimos a tradução dos IIr. Franzke e Gouveia de trecho do livro Die Groβe Loge von Hamburg Und ihre Vorläufer – A Grande Loja de Hamburgo e seus percursores – do Ir. Carl Wiebe – Impresso e Editado pelo Ir. W. Rademacher, Hamburgo 1905 - que tem como base as atas das reuniões da Grande Loja de Hamburgo. Boa leitura e até a nossa 32ª Coluna em agosto de 2016! A Grande Loja de Hamburgo e seus percursores Em 1765 as Lojas da Grande Loja Provincial de Hamburgo e Baixa Saxônia adotaram o Rito da Estrita Observância e, em virtude disto, foi fundada uma Grande Loja Escocesa para administrar estas Lojas. Isto significa que a Grande Loja Provincial deixou de funcionar ou seja, “adormeceu”. A partir de 1782 as Lojas passaram para o Rito Retificado, hoje conhecido como Rito Escocês Retificado, mas as Lojas de Hamburgo iniciaram tratativas para restaurar a Grande Loja Provincial original, mesmo que a Grande Loja Escocesa ainda administrasse formalmente as Lojas. Assim estes fatos aconteceram: Sete Irmãos Escoceses (ou seja, do Grau de Mestre Escocês) fundaram sem conhecimento dos demais Irmãos o Capítulo Rosa de Clermont. Como os demais se sentiram enganados, quatro Irmãos daqueles se uniram e fundaram, com o adormecimento do Capítulo, a Loja Dirigente do (Grau) Escocês Antigo “Grottfied zu den Sieben Sternen – das Sete Estrelas” como um complemento aos Três Graus maçônicos. Mas o Regime do (Grau) Escocês Antigo não os satisfez, pois, o círculo de Irmãos deste Grau era muito pequeno. 7 –Rito Schröder – 31ª Coluna (A Grande Loja de Hamburgo e seus percursores - )) - Rui Jung Neto
  • 28. JB News – Informativo nr. 2.129 – Florianópolis (SC) – domingo, 31 de julho de 2016 Pág. 28/35 Por outro lado, da mesma maneira, na Grande Loja Escocesa existiam problemas com o grande número de Grandes Oficiais Vitalícios. Reuniam-se regularmente no Dia de São João e no Ano Novo. Nesta ocasião eram apresentados o relatório do Grão-Mestre sobre os últimos acontecimentos do ano e suas congratulações para o Novo Ano e a leitura das receitas financeiras - sem nenhuma influência sobre as anteriores - ao mesmo tempo eram excluídos Irmãos dos Três Graus e suas Lojas, mesmo assim os Irmãos “graduados” – Iluminados espiritualmente – assim como o de Lojas aumentaram o número de associados, ainda que as Lojas na Grande Loja Escocesa não tivessem direito de assento e voto. Por ser demais demorado e repetitivo, também o Ritual (Escocês Retificado) se mostrou deficiente. O Ritual na essência, assim como na Gr. Loja Escocesa Antiga, ainda era do tempo da Estrita Observância; alguma coisa foi melhorada, mas não era nada completo – contudo era tido como fora do tempo e às vezes também como incompreensível. Nestas condições não devia ser considerado um milagre que os Irmãos, procurando onde poderiam encontrar algo melhor, ter lhes ficado claro retornar à antiga mãe, a Grande Loja Provincial de Hamburgo, jurisdicionada à G.L. de Londres (1717), cuja Constituição e Ritual admitiam para as Lojas uma representatividade e posição independentes. Em relação a isto a Grande Loja de Londres, enquanto as consequências das decisões do Congresso de Wilhelmsbad surgiam, passou a se preocupar novamente com o relacionamento maçônico Alemão e procurou recuperar o território perdido pois tinha, através das propriedades da sua Casa Real em Hannover, interesse e certo direito em buscar este relacionamento. Ela, a Grande Loja de Londres, nomeou o Ir. August von Gräffe, Capitão a serviço da Inglaterra e Ex-Deputado do Grão-Mestre do Canadá, como seu representante para toda a Alemanha, sendo ele muito versado no relacionamento com as Lojas Alemãs. Numa das suas visitas às Lojas de Hamburgo em setembro de 1785, ele se manifestou sobre o restabelecimento da Aliança com Londres. Através da sua intermediação, a Grande Loja de Londres concedeu, em 5 de julho de 1786, ao Ir. von Exter, uma Carta Patente como Grão-Mestre Provincial dos reinados de Hamburgo e Bremen e seus respectivos distritos. Von Gräffe esteve em Hamburgo em 1786 para comunicar o fato. Já no ano de 1785, ele, como não podia escrever (por vedação da G.L. Londres), ditou o Ritual Inglês para o Ir. Beckmann, Grande Secretário, para uso das Lojas (o Ir. Beckmann viria a ser Grão-Mestre na época em que o Ritual de Schröder passou a ser o Ritual Oficial da Grande Loja Provincial). O Ir. von Exter, após receber a Carta Patente, convocou uma reunião da Grande Loja Provincial. Na reunião da Grande Loja Provincial em 24 de agosto de 1786 estavam presentes: Von Exter, Grão- Mestre; Nagant, Grão-Mestre Adjunto; Boppe, Deputado do Grão-Mestre; Hüffel, Primeiro Grande Vigilante; Von Befeler, Segundo Grande Vigilante; Beckmann, Grande Secretário; Radicke, Grande Chanceler; Bertheau, Grande Tesoureiro, e ainda 18 Oficiais das (4) Lojas, 7 Irmãos visitantes, 27 Irmãos membros e 7 Irmãos serviçais. Na ocasião, o Ir. von Exter relatou sobre os andamentos das negociações com Londres e solicitou que os IIr. Radicke e Bertheau se colocassem à disposição e orientassem o Ir. von Gräffe. Então este fez um discurso em homenagem ao Venerabilíssimo Grão-Mestre e fez, no momento, a entrega ao mesmo da Carta Patente anteriormente anunciada, assim como o avental e a faixa de Grão-Mestre Provincial Inglês e o Ir. von Exter paramentou-se com a insígnia de sua dignidade; o Ir. von Gräffe dirigiu-se à Gr. Loja e deu conhecimento aos Irmãos das decisões pré-anunciadas pela mais Alta Loja, no que afirmou a todos a simpatia e a amizade. O Ir. von Exter solicitou que o Venerabilíssimo Ir. Representante tomasse acento à sua direita; deu-se continuidade da leitura da tradução da Carta Patente para o Alemão e conhecimento do convite para a participação na solenidade. O Grão-Mestre em um discurso resumiu a fundação e os principais trabalhos da Grande Loja Provincial, expressou o agradecimento merecido à Grande Loja Maior de Londres e ao Ir. Representante, confirmou os seus Oficiais como Grandes Oficiais Provinciais, assim como as Autoridades subordinadas à Grande Loja-Maior e relacionou as Lojas constituídas pré-existentes:
  • 29. JB News – Informativo nr. 2.129 – Florianópolis (SC) – domingo, 31 de julho de 2016 Pág. 29/35 Absalom, São George, Emanuel e Ferdinanda Carolina, todas de Hamburgo como Lojas Regulares e jurisdicionadas à nova G.L. Provincial. Na reunião de 4 de outubro de 1788, foi elaborada pelo Ir. Beckmann, Grande Secretário, com a zelosa colaboração do Ir. Schröder, uma Constituição Completa para as nossas Lojas, para que fosse revisada, se necessário, pelo Grão-Mestre e os quatro Veneráveis Mestres das Lojas. Foi recomendada expressamente a precisa observação e cumprimento do Ritual revisado recentemente; e que, em caso de dúvidas os esclarecimentos devem ser solicitados à Grande Loja Provincial. O ingresso da Constituição Inglesa fez que, após 1786, como ponto principal a transferência da direção para a Gr. Loja Provincial; esta aconteceu aos poucos, enquanto as finanças das Lojas e da Gr. Loja Provincial permaneciam nas mãos da Gr. Loja Escocesa Antiga. Mas como as Lojas estavam “politicamente” sob a direção dos Escoceses Antigos, como está previsto na ata fundamental de 1783, cresceu o desejo de arrancar das mãos destes o “controle econômico” e colocar esta parte sob administração das Lojas. A instituição Escocesa não tinha mais condições de sobrevivência em razão da superintendência passar às mãos da Grande Loja. Com a morte do Ir. von Exter, assumiu como Grão-Mestre o Ir. Beckmann que nomeou o Ir. Schröder como seu Grão-Mestre Adjunto. Foi então apresentado na reunião da Grande Loja Provincial o seu Ritual oficial que foi aprovado e passou a ser denominado o Ritual de Schröder. Ele é um trabalho da Comissão cujo Presidente era o Ir. Schröder e teve como base o Ritual da Grande Loja de Londres (1717) e o que estava em vigor naquela época, contudo Schröder deu a estrutura conhecida pelas Lojas da Alemanha durante o período das Corporações. Por isto Schröder foi considerado o Reformador da Maçonaria Alemã. As Lojas Schröder no Brasil tinham dupla filiação por concordância do Grande Oriente do Brasil e Grande Loja de Hamburgo. Elas “abateram Colunas” por determinação da Grande Loja de Hamburgo. A Loja de Joinville vendeu seu imóvel para Cúria de Joinville e deu o dinheiro para o Orfanato e Asilo. As Lojas, quando voltaram a atividade, optaram por outras Obediências devido ao Decreto que o GOB editou contra os Irmãos alemães. A Loja de Joinville optou pela Grande Loja quando da sua fundação em 1956, fundando inclusive a Loja Mozart que fez a primeira tradução do Ritual de Schröder, mas a Grande Loja de Santa Catarina somente admite o R.E.A.A., assim as Lojas hoje não adotam outro Rito. Embora façamos força para que aconteça a mudança de pensamento e possamos ter Lojas com o Rito Schröder também na Grande Loja de Santa Catarina. Sobre a vida de F. L. Schröder já publicamos vários trabalhos. Aconselhamos a leitura do livro de HINTZE, Wilhelm. Friedrich Ludwig Schröder. (Der Schauspieler – Der Freimaurer). Hamburg, Bauhütten Verlag, 1974 (não traduzido para o Português). Δ Texto traduzido pelos IIr. Franzke e Gouveia; revisado e editado pelo Ir. Rui Jung Neto. Com a saudação fraternal dos Irmãos Antonio Gouveia Medeiros, Gert Odebrecht (in memoriam); Friedrich Carl Franzke (Emérito); Ari de Souza Lima, Luiz Roberto Voelcker, João Paulo Deluque Rufatto e Rui Jung Neto Colégio de Estudos do Rito Schröder Ir. Gouveia - Colegiado Diretor Site do Colégio: www.colegioschroder.org.br Δ
  • 30. JB News – Informativo nr. 2.129 – Florianópolis (SC) – domingo, 31 de julho de 2016 Pág. 30/35 (as letras em vermelho significam que a Loja completou ou está completando aniversário) GLSC - http://www.mrglsc.org.br Data Nome Oriente 01.07.1977 Alferes Tiradentes, nr. 20 Florianópolis 07.07.1999 Solidariedade Içarense, nr. 73 Içara 07.07.2005 Templários da Nova Era, nr. 91 Florianópolis 10.07.2007 Obreiros da Maravilha, nr. 96 Maravilha 12.07.1980 XV de Novembro, nr. 25 Imbituba 21.07.1993 Liberdade Criciumense, nr. 55 Criciuma 27.07.2012 Aliança, Verdade e Justiça nr. 106 Florianópolis 28.07.2006 Anhatomirim, nr. 94 Florianópolis 31.07.1975 Obreiros de Hiram, nr. 18 Xanxerê 31.07.2007 Acácia Palhocense, nr. 97 Palhoça GOB/SC – http://www.gob-sc.org.br/gobsc Data Loja Oriente 02.07.01 Renovação - 3387 Florianópolis 03.07.78 Flor da Acácia - 2025 Itajaí 08.07.10 Lealdade - 3058 Florianópolis 13.07.01 Frat. Alcantarense - 3393 Biguaçú 14.07.2006 Acadêmica Razão e Virtude nr. 3786 Brusque - SC 17.07.02 Colunas da Serra - 3461 Joinville 17.07.02 Mestres da Fraternidade-3454 Florianópolis 17.07.97 Compasso das Águas -3070 São Carlos 23.07.1875 Luz e Caridade - 327 São Francisco do Sul 26.07.05 Frat. Acad. Ciência e Artes - 3685 Jaraguá do Sul 29.07.96 Estrela Matutina - 2965 Florianópolis 8 – Destaques (Resenha Final) Lojas Aniversariantes de Santa Catarina Mês de julho
  • 31. JB News – Informativo nr. 2.129 – Florianópolis (SC) – domingo, 31 de julho de 2016 Pág. 31/35 GOSC https://www.gosc.org.br Apreciação “Apreciação é ser grato à vida pela chance de experimentá-la sem expectativas, sem apegos. Quando há apego não pode haver apreciação. Na polaridade entre estar extremamente envolvido ou distante de algo ou alguém, não pode haver apreciação. Então, apreciação é deixar as coisas serem, permitir que as coisas aconteçam. É viver na contínua maravilha de experimentar um estado agradecido sem a palavra “obrigado” em nossas mentes.” José Aparecido dos Santos TIM: 044-9846-3552 E-mail: aparecido14@gmail.com Visite nosso site: www.ourolux.com.br "Tudo o que somos é o resultado dos nossos pensamentos". Data Nome da Loja Oriente 04/07/1999 Giuseppe Garibaldi Florianópolis 04/07/2002 Léo Martins São José 11/07/2009 Universitária Luz de Moriah Chapecó 11/07/2009 Passos dos Fortes Xaxim 12/07/2006 Colunas Da Concórdia Concórdia 18/07/2003 Ardósia do Vale Rio do Sul 21/07/1973 Silêncio de Elêusis Chapecó 22/07/1981 Acácia da Ilha Florianópolis 24/07/2013 Triângulo Força e União Cocal do Sul 25/07/1995 Gitahy Ribeiro Borges Florianópolis 26/07/1980 União da Fronteira São Miguel do Oeste 27/07/1981 Arquitetos do Oriente Xanxerê 27/07/2009 Luz da Acácia Capivari de Baixo
  • 32. JB News – Informativo nr. 2.129 – Florianópolis (SC) – domingo, 31 de julho de 2016 Pág. 32/35 Ir Marcelo Angelo de Macedo, 33∴ MI da Loja Razão e Lealdade nº 21 Or de Cuiabá/MT, GOEMT-COMAB-CMI Tel: (65) 3052-6721 divulga diariamente no JB News o Breviário Maçônico, Obra de autoria do saudoso IrRIZZARDO DA CAMINO, cuja referência bibliográfica é: Camino, Rizzardo da, 1918-2007 - Breviário Maçônico / Rizzardo da Camino, - 6. Ed. – São Paulo. Madras, 2014 - ISBN 978-85.370.0292-6) BREVIÁRIO MAÇÔNICO Para o dia 31 de julho O MAÇO O Maço não passa de um “martelo” de maiores proporções, instrumento formado por uma “testa” e um cabo; sua utilidade é bater, seja para construir como para destruir. Maçonicamente, o maço é a ampliação do malhete, instrumento empunhado pelo Venerável Mestre e pelos Vigilantes. O maço sugere duas situações, uma ativa, outra passiva; a ativa é quando bate, e passiva quando o “batido” sofre o choque. O que nos lembra o maço, senão que o usamos na Iniciação apenas uma vez, dando três pancadas na pedra bruta? Podemos tirar uma boa lição desse instrumento tão contundente, que o podemos usar em nós mesmos para retirar as arestas de nossa pedra bruta. A Maçonaria é uma escola, mas há a viabilidade de uma autoeducação; em vez de esperar que alguém nos “bata” para retirar arestas, devemos nos adiantar e nos autobater; a retirada das arestas feita por nós mesmos resultará mais suave e precisa. Reconhecer os próprios erros já é uma prática de desbastamento, de humildade e de inteligência. Alertas, corrijamo-nos, antes que outrem o faça; assim evitaremos mortificações e dores inúteis. Breviário Maçônico / Rizzardo da Camino, - 6. Ed. – São Paulo. Madras, 2014, p. 231.
  • 33. JB News – Informativo nr. 2.129 – Florianópolis (SC) – domingo, 31 de julho de 2016 Pág. 33/35 1 – As belas rosas possuem um segredo por trás de suas cores.... 2 – 10 Mantras importantes para você aproveitar a velhice! 3 – Tem manteiga sobrando na geladeira? Não jogue fora! 4 – A diabetes pode virar história com este avanço tecnológico.. 5 - Conheça a fascinante vida sob as águas do Mar Vermelho 6 – Cachaças do Norte de MG ganham identificação 'Região de Salinas' | Grande Minas | G1 http://g1.globo.com/mg/grande-minas/noticia/2016/07/cachacas-do-norte-de-mg-ganham-identificacao-regiao-de- salinas.html 7 – Filme do Dia: LONGE DESTE INSENSATO MUNDO – Legendado https://www.youtube.com/watch?v=GEyr7fVjTQ4
  • 34. JB News – Informativo nr. 2.129 – Florianópolis (SC) – domingo, 31 de julho de 2016 Pág. 34/35 O Irmão e poeta Sinval Santos da Silveira * escreve aos domingos no “Fechando a Cortina” Aquele corpo maltratado, é prova do sofrimento que a vida, em alto preço, lhe cobrou. Seu rosto desfigurado, salienta a linha do pecado, de quem nada fez por amor. O brilho dos olhos se apagou, e nada restou daquela beleza deslumbrante, que me apaixonou.
  • 35. JB News – Informativo nr. 2.129 – Florianópolis (SC) – domingo, 31 de julho de 2016 Pág. 35/35 Os cabarés foram a sua morada, e os homens, seus senhores. Também, é grande a minha amargura, ao ver morrer a ternura, que em minha face habitou. Minha vida, transformada em gorjeta, rolou pela sarjeta... Procuro consolar meu coração, mas encontro a barreira da traição, sufocando o perdão. No espelho, falo com os meus olhos, mas nada me respondem. Acabaram os meus lindos sonhos, dando vazão aos pesadelos... Ouço vozes na madrugada, trazendo recados de quem não conheço. Gargalhadas, por vingança, matando a esperança de voltar a sonhar. As noites são longas, frias, e indiferentes os meus dias. Sobrevivo das gorjetas afetivas, atiradas na calçada desta vida, teimosa e atrevida ! Veja mais poemas do autor, Clicando no seu BLOG: http://poesiasinval.blogspot.com * Sinval Santos da Silveira - MI da Loja Alferes Tiradentes nr. 20 – Florianópolis