2. Arábia pré-islâmica
A Arábia pré-islâmica e o Oriente
Próximo nos séculos VI-VII d.C.
Baseado no Texto de
Christian Da Camino Karam
UFRGS – especialista em
História do Islã
3. • Nos séculos VI-VII d.C., pouco antes do
surgimento do Islã, a região chamada de
Arábia pelos romanos desde, pelo
menos, o início da era cristã (e, depois,
pelos bizantinos) era aquela que, para os
seus habitantes, os árabes, estava
composta de diversas regiões...
• denominadas por meio de um sistema de
epônimos (que dá ou empresta seu nome
a algo), que, segundo critérios etnolingüísticos e relações de parentesco, era
usado para referir à inúmeros territórios.
4. • Assim, na hoje denominada Árábia Préislâmica territórios anteriormente
denominados de Banu-Kalb, BanuGhassan, Tanukh, Tayyi, Kinda, Himyar,
entre outros...
• Hoje são denominadas de Arábia Saudita,
Kuwait, Bahrein, Qátar, Emirados Árabes
Unidos, Omã e Iêmen ...
• ... e constituem-se hoje, unidades
nacionais e estão presentes na
denominada península arábica
6. •
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Segundo a genealogia árabe pré-islâmica, que remonta à tradição
bíblica (Gênesis, X), os árabes seriam descendentes de Sem (daí
“semitas”), um dos filhos de Noé, que teriam se dividido em dois
grupos principais:
o dos “árabes genuínos” (os “kalbitas” ou “iemenitas”),
camponeses sedentários do sudoeste da península, cujo epônimo
seria o patriarca bíblico Qahtan, descendente direto de Sem;
e o dos “árabes arabizados” (os “qaisitas”), habitantes nômades e
semi-nômades do centro e norte da Arábia, cujo antepassado seria
Adnan, descendente de Ismael, filho de Abraão.
A princípio, para nós pareceria uma contradição etno-lingüística e
histórica chamar de “árabes arabizados” os protagonistas do
processo histórico de expansão do Islã e de “arabização” dos atuais
países e populações hoje reconhecidos como “árabes”, e
considerar “árabes genuínos” os iemenitas, que quase não
participaram desse fenômeno.
Na verdade, séculos antes do Islã, alguns árabes meridionais
vinham se infiltrando nas regiões central e setentrional da
península, cujos descendentes tornaram-se os “árabes arabizados”,
ou seja, apenas mais um ramo dessa grande árvore genealógica
mítica que teria se distanciado do tronco original comum, o de Sem,
de onde viriam seus descendentes diretos, os “árabes genuínos”.
7. • A etimologia e o significado da palavra “árabe”
também provém dessa genealogia mítica, que a
traduz como “nômade” para designar uma
mobilidade espacial que era a base de um
comércio de longa distância a cargo de
beduínos pastores.
• Em meados do século VI, a Arábia central e
ocidental, viviam uma fase de decadência sócioeconômica, pois eram apenas pontos de
passagem no trajeto das rotas comerciais que
conectavam o nordeste da África e o oceano
Índico, através do Iêmen e do mar Vermelho,
aos territórios dos principais Estados do Oriente
Próximo os impérios bizantino e persa
sassânida, que ocupavam, respectivamente,
sua porção ocidental (Síria-Palestina e Egito) e
sua região oriental (Mesopotâmia e Pérsia).
8. • Muitos árabes pobres emigravam de Meca para
as terras desses impérios, que, a fim de
controlarem essa penetração, ampliaram o
acordo de proteção militar que mantinham com
duas etnias árabes, os ghassânidas e os
fakhímidas, habitantes das fronteiras imperiais
com a Arábia.
• na região de Meca e Medina, no período
imediatamente anterior ao Islã, os povos
sedentários (agricultores, artesãos e
comerciantes) não se consideravam árabes, e
nem eram assim chamados por outras
comunidades (tanto nômades como
sedentárias) da península.
•
9. • De fato, os “árabes”, pouco antes da época de Maomé e
de seus contemporâneos, eram os beduínos nômades,
que viviam no deserto e nas periferias dos oásis e
cidades. Para eles, os rebanhos e as terras de
pastagens eram coletivos, pois não existia propriedade
individual do solo. Assim, a unidade social era o grupo, e
não o indivíduo.
• Este tinha direitos e obrigações apenas como membro
de uma coletividade organizada em torno de várias
famílias, que, através de relações de parentesco,
formavam clãs, a fim de unirem-se em torno de um
núcleo comum mais amplo, a etnia, o limite do
reconhecimento nacional árabe pré-islâmico.
• O clã e a etnia, como grupos, eram mantidos unidos
pela necessidade de autodefesa diante das ameaças da
vida no deserto. Sua subsistência dependia da
mobilidade de seus rebanhos e das relações comerciais
estabelecidas com etnias de outras regiões.
10. • Às vezes, porém, tanto os beduínos como os
sedentários não conseguiam sobreviver
somente de suas atividades pastoris, comerciais
ou agrícolas, e recorriam à pilhagem (ghazu) de
aldeias, oásis e caravanas comerciais de etnias
inimigas para poderem enfrentar, com o botim
obtido, períodos de escassez de recursos
naturais ou de crises comerciais.
• Apesar de moldados nesse meio hostil, os
árabes pré-islâmicos, especialmente os
beduínos, construíram um sistema de valores
sociais baseados nas noções de honra,
virilidade e generosidade.
• A honra tratava dos códigos culturais e jurídicos
estabelecidos para evitar situações delitivas,
como o furto, o homicídio ou a simples calúnia
contra a família ou seus indivíduos.
11. • A virilidade e a generosidade assentavam-se
sobre a proteção dos pobres, enfermos, anciãos
e órfãos e sobre as virtudes do cavaleiro, que,
além de saber montar para lutar e comerciar
deveria ser hospitaleiro com os estrangeiros,
cortês e culto.
• Às vezes, o cavaleiro-comerciante também
reunia a inspiração da poesia oral, a principal
fonte da história árabe pré-islâmica, que, como
instrumento ideológico de controle social,
exaltava a memória coletiva e ancestral das
classes dominantes da etnia.
12. • A ordem social árabe pré-islâmica, especialmente a
sedentária, pautava-se pela hierarquização das relações
sociais, em que a possibilidade de ascensão social era
reduzida para quem não fosse cidadão de plenos direitos,
isto é, que não pertencesse à relação “homem-nobre-livre”,
superior à da “mulher-plebeu-escravo”.
• Embora homens e mulheres ocupassem funções sociais
bem determinadas, em que não poderiam imiscuir-se nas
responsabilidades uns dos outros, as relações patriarcais
dominavam sobre as matriarcais.
• Portanto, ao chefe de família aristocrata (beduíno ou
sedentário), era facultado possuir o número de esposas,
concubinas e escravos que pudesse manter, na medida
em que possuí-los e ostentá-los era sinal de riqueza
pessoal e da etnia, requisitos para ser considerado “nobre”
e, pois, cidadão pleno.
13. • Ao falarmos de escravismo nas sociedades árabes préislâmicas, devemos abandonar a idéia de que esse
fosse um elemento preponderante das relações sociais
de produção.
• O escravo, enquanto propriedade de seu senhor e força
de trabalho doméstica e urbana, era uma forma
secundária de exploração do excedente econômico, que
se realizava principalmente pela taxação das relações
comerciais.
• As atividades femininas restringiam-se ao ambiente
doméstico, onde as mulheres, além de educarem os
filhos e zelarem pela honra familiar, cultivavam lavouras
e cuidavam dos rebanhos coletivos. Algumas também
trabalhavam como pequenas comerciantes e artesãs
locais, mas o comércio de longa distância das
caravanas deve ter sido uma atividade quase
exclusivamente masculina.
14. • A poligamia praticada pelos árabes pré-islâmicos
atendia a um objetivo de autoproteção social contra a
desagregação familiar e do grupo e também a um fim
comercial.
• Diante dos riscos assumidos (morte, seqüestro,
desaparecimento ou até fuga) com a participação
masculina nas expedições comerciais, era dever do clã
e da etnia cuidar da viúva, da mulher abandonada e de
seus órfãos.
• Assim, permitia-se que outro homem (às vezes um
parente) a desposasse e adotasse seus filhos. Por outro
lado, a poligamia também possuía uma função
econômica muito lucrativa, que aumentava o patrimônio
e o prestígio individual e do clã, como no caso de
mulheres de etnias inimigas cativas de guerra ou
seqüestradas que eram vendidas nos mercados.
• Em épocas de crises econômicas, aliadas a altas taxas
de natalidade feminina numa mesma família ou clã, era
permitida a prática do infanticídio de algumas meninas.
15. • Uma das poucas exceções à vida nômade era a
formação de pequenas comunidades
sedentárias em oásis ou cidades, como era o
caso de Meca.
Mapa da Região de Meca
16. • Xilogravura da Cidade de Meca, com destaque
para a Kaaba. Século X d.C. (autor desconhecido)
18. •
Os beduínos nômades, enquanto pastores e comerciantes,
constituíam um dos pólos (o do “mercador-guerreiro”) desse
comércio itinerante de longa distância, levando e trazendo produtos
para comprar e vender nas feiras e mercados urbanos, onde o
segundo pólo dessa relação, o dos mercadores locais, predominava
sobre a vida econômica e social sedentária dos grupos de
camponeses e artesãos.
19. • Essa forma de organização e dominação das relações
sociais de produção pelos comerciantes locais aristocratas
dava-se através da extração do excedente econômico por
meio da tributação da produção em forma de moeda, e não
pela entrega de uma parte de tudo aquilo que se
produzisse em sociedade (não se constituindo o modo de
produção tributário árabe pré-islâmico num tipo de
feudalismo europeu, como alguns estudos já afirmaram).
• Assim, para que essa relação sócio-econômica pudesse se justificar e
perdurar, os senhores (sayyid) do comércio precisavam deter também
o controle das relações de poder político e ideológico.
• A vida social e jurídica do clã ou da etnia, enquanto grupo,
era regulada pelo costume, a “Sunnah” dos ancestrais, com
base num precedente aceito como consenso geral e
sancionado pela opinião pública. A fim de adotar-se uma
decisão a respeito de disputas coletivas ou individuais, os
chefes de cada família e clã eram indicados pelos seus
membros para representá-los diante do conselho de
anciãos (majlis), órgão deliberativo da etnia, cujas funções
eram de natureza legislativa e jurisdicional.
20. • Porém, é claro que essa aristocracia comerciante
impunha muitas vezes sua opinião e decidia as
principais questões de seu interesse com base numa
solidariedade de classe fundada na riqueza, na
experiência comercial e no pertencimento aos clãs tidos
como “superiores”.
• Até inícios do século VII, os árabes do sul da península
(sedentários na sua maioria) adoravam deuses e deusas
que personificavam os planetas e aos quais
consagravam templos e santuários controlados por
sacerdotes que administravam as oferendas dadas às
divindades.
• Nessa mesma época, os árabes beduínos do norte e do
centro da Arábia não se preocupavam muito com rituais
religiosos elaborados. Apenas acreditavam que a terra
era habitada por espíritos invisíveis, os “jinns”, presentes
nos elementos da natureza, como em árvores, fontes de
água e pedras sagradas.
21. • Os “jinns”, devido às suas capacidades
mágicas, eram tidos como responsáveis por
acontecimentos milagrosos ou incomuns e por
doenças, cujas causas popularmente
acreditava-se ser o desequilíbrio entre o “jinn”
interno e o externo de cada indivíduo, o que
refletiria uma espécie de relação maniqueísta de
separar o “bem” do “mal”.
• Já as populações sedentarizadas dos oásis
praticavam uma religião politeísta através da
veneração a vários deuses. Cada clã ou etnia
possuía um ou mais deuses que poderiam ou
não ter um correspondente nos demais grupos
22. • Na região de Meca, as principais deusas
eram Manat, Uzzah e al-Lat, adoradas
através de estátuas de cerâmica de
formato totêmico e antropomórfico, e
filhas de Allah, um deus hierarquicamente
superior aos demais, o que refletiria talvez
o surgimento de um monoteísmo
rudimentar pouco antes do início da era
islâmica. Meca possuía um importante
santuário, a Kaaba, local de peregrinação
que abrigava a Pedra Preta (um
meteorito) e mais de trezentas divindades
de toda a Arábia.
23. • Assim, o clã dos Quraish, a elite aristocrática
comerciante de Meca, respaldada pelo corpo de
sacerdotes, controlava o uso ideológico dos rituais
religiosos, organizando várias feiras ao longo do ano, a
fim de atrair à região etnias de toda a península, e
mesmo de fora dela, como forma de congregar as
diversas rotas comerciais para um só local, onde
supostamente haveria uma liberdade de culto e
adoração de todas as divindades.
• Para entrar e negociar em Meca, ou simplesmente
passar pelo seu território, cobravam-se impostos sobre o
comércio e taxas alfandegárias. Além dos ritos
politeístas, Meca e outras regiões da Arábia abrigavam
comunidades de judeus e cristãos, formadas
principalmente de camponeses e artesãos, que,
especula-se, devem ter tido alguma influência sobre o
incipiente monoteísmo árabe e as próprias origens e
códigos do Islã.
24. • Em fins do século VI, as formações sociais do
Oriente Próximo encontravam-se em vias de
transformação. Na Arábia, um mundo menos
isolado do que se imaginava, as relações
econômicas e de poder apontavam para
tendências de unidade político-econômica e
social, que Maomé e seus partidários, ao
abraçarem o Islã, tornariam numa nova
realidade, cujas irreversíveis conseqüências
refletiriam no legado histórico de toda a região e
além.
• Denominação já usada por gregos e romanos, e
corrente até a segunda guerra mundial, para
referir a região asiática que vai do mar
Mediterrâneo ao golfo Pérsico.
28. • Islam Negro
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Denominação que compreende o conjunto de práticas da religião
mulçumana, na ambientação que sofreu em contato com as crenças
tradicionais da África Negra.
Segundo os historiadores, existiram duas expressões desse
fenômeno:
uma que chegou ao continente africano pelo mar e se espalhou pela
costa oriental até Moçambique
outra que entrou por terá, pelo norte, no século VII, e se espalhou por
quase toda a África subsaariana, numa caminhada de mais de
novecentos anos, em fases sucessivas.
No último caso, essa caminhada foi empreendida por vários
conquistadores em sucessivas épocas:
- berberes (séc. XI-XIV)
- mandigas (XIV-XVI)
- Songais (XVI-XVIII)
- Fulanis (XVIII)
Esses conquistadores foram os responsáveis pelo florescimento dos
antigos impérios do Gana, Mali e Songhai cujo esplendor comercial não
encontrou contraposição em todo o continente africano até o século XIX.
29. • A Expansão islâmica na África subsaariana:
• As relações entre africanos e árabes
datam de muitos séculos. Mas é com o
advento do islamismo que os árabes
efetivamente começam a se estabelecer
na África com ânimo de colonizador e de
dominação religiosa, iniciando, já a partir
de 639 d.C., desde o Egito, o processo de
islamização do continente.
30. • Essa expansão islâmica pelo Norte da África é
distinta da penetração anterior, que iniciou-se
pelo litoral oriental e que atingiu a costa
moçambicana. Ao contrário, a expansão árabe
ao Norte de África iniciou-se por terra, através
da Palestina, cruzando o Sinai, chegando ao
vale do Nilo e seguindo para o sul até a Núbia
• Com o propósito de levar a palavra de Maomé
até o mais extremo do Bilad-es-Sudan a rota
árabe chega á Tripolitânia, à Cirenaica e
Finalmente ao Magreb em 681.
32. • Breve Contexto Histórico:
• Os fenícios fixaram-se na Tripolitânia e os
gregos na Cirenaica.
• Os cartagineses, herdeiros das colônias
fenícias, fundaram na Tripolitânia uma
província, e no século I a.C. o Império Romano
se impôs em toda a região.
• No século IV, foi incorporada ao Império
Bizantino, continuador do romano, o qual
ganhou terreno com o declínio de Roma.
• Durante pouco mais de três séculos, os
berberes almôadas mantiveram o domínio
sobre a região tripolitana, enquanto a
Cirenaica esteve sob o controle egípcio
(Aexandre Magno em 331 a.C e posteriormente
Ptolomeu VIII).
33. • Seguindo a conquista árabe pelo norte da
África, por volta do século VII, desponta no
Marrocos uma dinastia berbere de mulçumanos
rigorosos, os Almorávidas, responsáveis não só
pela reconquista do Norte da África como pela
conquista moura da Península Ibérica.
• A partir daí, o expansionismo mulçumano vai se
dirigir para a parte ocidental do continente,
experimentando uma caminha que os
especialista costumam dividir em quatro fases,
cada uma liderada por quatro grupos etnoculturais específicos: os berberes, os
mandingas, os songhais e os peuls.
34. • - A hegemonia berbere: a partir de 1042 os
Almorávidas empreendem uma bem sucedida jihad,
conquistando várias cidades importantes, como
Audaghost e Kumbi Saleh, capital do antigo Gana,
assumindo o controle do Marrocos, atravessando
Gilbratar e expandindo o seu domínio até a Espanha.
O Império
Almorávida
em sua
maior
extensão
(c. 1110)
35. • Com a conquista da capital do Gana e de
Estados vizinhos, como o Songhai, Mali e
Kanem, os soberanos e suas famílias, em
geral mais por razões políticas do que
religiosas, vão se convertendo à nova fé.
• No ano de 1203 p Gana é conquistado
pelo povo Sosso, que o perde em 1240
para os mandigas de Sundiata.
•
36. • Breve Contexto Etno-Histórico:
Mandingas:
• Por mandingas compreende-se um extenso
grupo étnico da África ocidental, falantes de
línguas aparentadas, pertencentes ao grande
grupo étnico-linguistico Mandê. São
considerados mandingas:
• - os Bambara – República do Mali;
• - os Diúla (ou Diola) de Burkina Faso e Costa do
Marfim – [ palavra Diula em muitas línguas quer
dizer “mercador itinerante” ]
• - Kurankos, Koos e os povos que habitam entre
a Serra Leoa e a Libéria.
37. • Segundo a tradição, os povos mandingas,
construtores do grande império Mali, são
originários da regição do Mandem,
próxima à fronteira ocidental do Mali, no
curso superior do rio Níger.
• A denominação Mandinga provém da
forma mandingo com que os ingleses,
certamente a partir de contato com os
Mandika, nomearam todos os povos do
grupo lingüístico mande, que compreende
cerca de 10 milhões de pessoas, que
habitam uma área de aproximadamente 2
mil km2 .
38. • Sundiata Keita: mais famoso imperador
do antigo Mali (1220-1255). Foi
cognominado “o príncipe leão”, é o grande
herói do povo mandiga, sendo seus feitos
até hoje lembrados pelos dyéli (griots) de
sua etnia.
39. • Conta a tradição que foi aleijado até os
sete anos, quando, sozino, ficou de pé
apoiado em duas barras de ferro, que se
vergaram ao seu peso. Subindo ao poder,
com cerca de 20 anos, em 1240, depois
de um longo exílio, anexou ao Império
Mandiga o antigo Gana, reoganizou seu
Estado criando um novo sistema de
Governo, com muito sucesso. É louvado
pelos mandingas como o último grande
imperador do mundo, depois de
Alexandre Magno
40. • - O Domínio Mandinga: O império
Mandinga, que unificou grande parte da
África Ocidental atingiu o alto grau de
desenvolvimento econômico com o
Mansa Kanku Mussá (1312-37).
41. • Mansa Kanku Mussá (séc. XIV):
• Imperador do antigo Mali (Mansa é título real,
significando soberano, chefe supremo).
• Governou o Mali de 1312 a 1332 e realizou um
lgendária peregrinação a Meca acompanhado,
seguno a tradição, de 60 mil súditos,
transportando mais de dez toneladas de ouro.
• No Cairo, quando por lá passou, teria distribído
generosaemtnete esse ouro, exatamete para
impressionar os soberanos árabes do Egito,
provocando, com isso, sérios danos à economia
locial e atraindo, para a África, a cobiça d
europeus e asiáticos.
42. • De volta, levou par o Mali sábios e
arquitetos e mandou construir Tombuctu,
a grande mesquita de Djner.
Universidade de Sankore, construída
por volta do século IX e Universidade
de Sankore, construída por volta do
século IX e
43. • O domínio Mandinga durou cerca de 300
anos, até a Morte de Sunni Ali, em 1492
• Representação de Sunni Ali, o Grande (1464-1493)
44. • Durante esse período, Sundiata vive sua
epopéia, anexando o antigo Gana;
• Mussá faz sua legendária peregrinação à
Meca, afirmando poderio de seu império;
• a cidade de Tombuctu atinge seu apogeu
como centro comercial e intelectual;
• Com a morte de Sunni Ali, que levara o
Islam até o Daomé, assume o poder seu
filho para entregar a direção do processo
de guerras de consquista e de convrsão
religiosa ao povo Songhai.
45. • Os almorávidas, cuja dinastia começou
em 448 (20 de março de 1056), eram
formados por várias tribos que se diziam
descender de Himyar.
• Saídas do Yêmen nos tempos de Abu
Bakr Siddiq, que as enviou para a Síria,
elas passaram depois para o Egito e
depois se transferiram para o Magreb,
com Musa ibn Nusayr.
46. • No século XI, do Saara Espanhol ao
Marrocos, surgiu um poderoso movimento
berbere islâmico que varreu a costa
setentrional da África até chegar à
Península Ibérica, conferindo um novo
caráter e dramaticidade tanto às culturas
da África do Norte quanto à Reconquista
Ibérica cristã.
• Para entendê-lo, é preciso levar em conta
que, durante muito tempo, os berberes,
foram reticentes com o Islã, mas depois
de terem se convertido transformaram-se
em uma das etnias africanas que
abraçaram a fé do Corão com mais força.
47. • No entanto, no século X, o Islamismo ainda era
praticado em muitas áreas orientais africanas de
maneira bastante permissiva. Isso ocorria
especialmente com muitas tribos de chefes
berberes da costa atlântica da Mauritânia, como
os sanhadjas.
• Por exemplo, eles cumpriam a obrigação da
peregrinação a Meca somente como uma
formalidade política. Assim, ao retornar de Meca
e parar em Kairuan, Yaya ibn-Ibrahim, chefe dos
djoddalas, foi se consultar com um sábio
muçulmano de nome Abu Amiru (de Fez) e foi
repreendido por este por sua ignorância em
relação à fé.
48. • O sábio, chocado com o baixo nível de
conhecimento da Lei corânica dos djoddalas,
decidiu procurar um teólogo para instigá-lo a ir
até àquele povo berbere e guiá-lo à luz da
verdade sagrada.
• Encontrou Abdallah ibn Yacine, um grande
letrado da cidade de Sidjilmasa, que aceitou ir
pregar entre os djoddalas.
49. • O ribat era uma espécie de convento
militar muçulmano erguido nas fronteiras
do dar al-islan (a “Casa do Islã”) e que
acolhia voluntários piedosos que
desejavam se retirar do mundo e que ali
ficavam sob as ordens de um veterano
(sheikh) para se purificar e sair em
missões conforme o desejo do sheikh
(DEMURGER, 2002: 43).
50. • Contudo, os berberes o receberam muito mal.
Não gostaram nem um pouco das práticas
ascéticas de Yacine, queimaram sua casa e o
expulsaram.
• Yacine então se retirou (cerca de 1030) com
dois discípulos da etnia berbere dos lemtunas,
Yaya ibn Omar e seu irmão Abu Bakr para
algum lugar desconhecido da costa atlântica.
Foi então que começaram a receber adeptos.
• Quando chegaram ao milhar, Ibn Yacine
batizou-os de Al-Morabetin (aqueles do ribat),
palavra que deu origem a almorávida.