1. SENHORA, José de Alencar
1. RESUMO BIOGRÁFICO:
José de Alencar, advogado, jornalista, político, orador, romancista e teatrólogo, nasceu em Mecejana, CE, em 1º de maio de 1829,
e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 12 de dezembro de 1877. É o
patrono da Cadeira n. 23, por escolha de Machado de Assis.
Era filho do padre, depois senador, José Martiniano de Alencar
e de sua prima Ana Josefina de Alencar, com quem formara uma união
socialmente bem aceita, desligando-se bem cedo de qualquer atividade sacerdotal; neto, pelo lado paterno, do comerciante português José
Gonçalves dos Santos e de D. Bárbara de Alencar, matrona
pernambucana que se consagraria heroína da revolução de 1817. Ela
e o filho José Martiniano, então seminarista no Crato, passaram quatro anos presos na Bahia, por sua adesão ao movimento revolucionário irrompido em Pernambuco.
Sua obra é da mais alta significação nas letras brasileiras, não
só pela seriedade, ciência e consciência técnica e artesanal com que a
escreveu, mas também pelas sugestões e soluções que ofereceu, facilitando a tarefa da nacionalização da literatura no Brasil e da consolidação do romance brasileiro, do qual foi o verdadeiro criador. Sendo
a primeira figura das nossas letras, foi chamado “o patriarca da literatura brasileira”. Sua imensa obra causa admiração não só pela qualidade, como pelo volume, se considerarmos o pouco tempo que José
de Alencar pôde dedicar-lhe numa vida curta. Faleceu no Rio de Janeiro, de tuberculose, aos 48 anos de idade.
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2. CONTEXTO DA OBRA
A época representada culturalmente pelo Romantismo – das duas
últimas décadas do século XVIII até a metade do século XIX – é o
resultado das transformações que já vinham ocorrendo desde o início
do século XVIII em vários planos: econômico, social e ideológico.
Economicamente, a Europa presenciava a euforia e as conseqüências decorrentes da Revolução Industrial na Inglaterra: novos
inventos para a indústria, divisão de trabalho e maior produtividade,
formação de centros fabris e urbanos, surgimento de um operariado,
revoltas sociais e nascimento de sindicatos, associações de trabalhadores e de patrões.
Social e politicamente, tendo a burguesia alcançado o poder na
França, com a Revolução Francesa (1789), iniciava-se nesse país um
longo período de luta pela solidificação do poder burguês, liderado por
Napoleão Bonaparte, e de combate ao movimento contra-revolucionário e conservador conduzido pelas principais monarquias européias,
as da Áustria, Rússia e Prússia.
Ideologicamente, o celeiro de idéias que impulsionava a burguesia e o povo em sua causa histórica era o Iluminismo, com propostas de um governo democrático, eleito pelo povo, de igualdade e justiça social, de direitos humanos, de liberdade.
Como expressão cultural de um turbulento período da história,
não se pode esperar que o movimento romântico seja equilibrado e
uniforme. Ao contrário, ele traz as contradições e as marcas próprias
de uma revolução: otimismo e reformismo social, decepção e pessimismo, saudosismo e contra-revolução. Temos a ascensão da burguesia e de seus valores: liberdade individual e liberalismo. Porém,
logo surge insatisfação com o cotidiano da vida burguesa, o que gera
um sentimento de tédio e desencanto com o mundo, expressos pela
arte romântica.
Tanto na Europa quanto no Brasil, o romance surgiu sob a forma
de folhetim, publicação diária, em jornais, de capítulos de determinada obra literária. Assim, ao mesmo tempo em que ampliava o público
leitor de jornais, o folhetim ampliava o público de literatura. O romance, por relatar acontecimentos da vida comum e cotidiana, e por dar
vazão ao gosto burguês pela fantasia e pela aventura, veio a ser o
mais legítimo veículo de expressão artística dessa classe.
O momento brasileiro é da nossa independência e agora se procurava a individualidade como nação e a busca pelo reconhecimento
perante as outras nações. A dinamização da vida cultural da colônia e
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a criação de um público leitor (mesmo que inicialmente só de jornais)
criaram algumas das condições necessárias para o florescimento de
uma literatura mais consistente e orgânica do que a representada pelas manifestações literárias dos séculos XVII e XVIII.
Dos prosadores românticos da literatura brasileira, Alencar sem dúvida avulta como o mais importante dentre eles, não só pelo seu nacionalismo, dando prioridade à temática brasileira como pelo seu estilo vigoroso,
elegante e pomposo, que sobressai dentre seus contemporâneos.
3. OS QUATRO MOTIVOS E A OBRA
DE JOSÉ DE ALANCAR
Tomaram consistência quatro tendências de romances românticos no país capazes de retratar o Brasil desde o seu descobrimento
até o tempo do Segundo Reinado, cumprindo a tarefa de responder o
que era o Brasil e o que era o Ser Brasileiro.
3.1. Romance Romântico Histórico: a origem a formação
e a história da nação e da cultura brasileira
Esta foi a modalidade predileta dos escritores românticos para
reinterpretar, de forma nacionalista, a História do Brasil, idealizando
fatos e personagens do passado, dando vida literária a lendas a tradições e a episódios do arcabouço histórico-cultural brasileiro: O Guarani,
A Guerra dos Mascates e As Minas de Prata.
3.2. Romance Romântico Urbano ou de Amenidades: amor,
dinheiro e honra no Rio de Janeiro
O Brasil e, de modo especial, o Rio de Janeiro, passava por um
franco processo de urbanização, que criava novas possibilidades e
necessidades culturais, como, por exemplo, o florescimento e o consumo da notícia veiculada por meio do jornal escrito e a circulação de
Folhetins que conquistava rapidamente o gosto do público leitor: Cinco Minutos, A Viuvinha, Diva, A Pata da Gazela, Sonhos d´Ouro,
Encarnação e, principalmente, Senhora, Lucíola.
3.3. Romance Romântico Indianista: origens, heroísmo e
beleza do Brasil
A Primeira Geração: “minha terra tem palmeiras...” Há perfeita
identificação das manifestações da poesia dessa geração com o rowww.literapiaui.com.br
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mance romântico indianista que encontrou no indígena um símbolo do
heroísmo nacional. Tomado como brasileiro original, o índio é retratado em um Brasil também original: natureza exuberante, ainda virginal,
paradisíaca, que correspondia bem ao caráter cordial, bondoso, cristão, belo e heróico que o idealismo romântico pretendia impingir ao
brasileiro: O Guarani, Iracema e Ubirajara.
3.4. Romance Romântico Regionalista ou Sertanejo: a
idealização do campo, o pitoresco e o sentido épico
Com o “esgotamento” do indianismo, os romancistas românticos buscaram nas regiões uma forma de revelarem a diversidade cultural do interior do Brasil. O registro idealizado dos campos, dos camponeses e de seus hábitos, tradições, crenças é o ponto de partida
para um dos maiores temas de pesquisa sobre a realidade brasileira
no romance nacional, principalmente, como instrumento de análise
crítica e projeções metafísicas no Modernismo. O Sertanejo, O Gaúcho e O Tronco do Ipê.
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O romance enquadra-se na categoria de romance urbano que
trabalha temas ligados ao cotidiano pondo em discussão certos problemas e valores vividos pelo próprio público de então, ver o seu mundo retratado nos livros era uma novidade excepcional. José de Alencar
incluiu esses problemas em seus livros, analisando as intrigas amorosas, chantagens, amores impossíveis, peripécias de maneira profunda
e consistente.
Foi publicado em 1875, é uma das preciosidades da literatura brasileira e é, ao lado de Iracema, uma obra-prima de Alencar. Trata-se de
um romance marcado pelo conflito amoroso entre Aurélia Camargo e
Fernando Seixas. Nele, Alencar desenha um dos “perfis femininos” mais
fortes dentro de sua obra. Aurélia é uma personagem contraditória,
marcada pelos extremos psíquicos, desejo e rejeição do objeto desejado.
O romance é marcado pela densidade conflitiva entre os protagonistas, configurando um verdadeiro painel histórico da sociedade
burguesa do século XIX, onde o dinheiro parece ter papel preponderante sobre os sentimentos. A ação narrativa gira em torno do conflito
entre o valor do capital e a importância dos sentimentos, o que por si
só equivale à sua classificação como romance romântico.
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4.1. ENREDO
• Primeira Parte: O PREÇO
O leitor encontrará Aurélia Camargo
muito rica, numa mansão nas Laranjeiras
(RJ) tutelada por Lemos, seu tio e D.
Firmina, uma velha parenta, viúva. Era preciso, frisa o narrador, que uma jovem, bela
e rica, tivesse “pais postiços” (mãe de encomenda) pois a sociedade não havia ainda admitido a emancipação feminina.
Trata-se de um Rio de Janeiro pomposo, cortesão e requintado
ambiente por onde a “estrela” circula, com direito a bailes e desprezo
aos pretendentes que a circundam.
A essência desta primeira parte resume-se na proposta de casamento que Fernando Seixas receberá de Aurélia através de Lemos.
Seriam cem contos de réis (Lemos estava autorizado a chegar até aos
duzentos) pelo contrato matrimonial. O único detalhe: Seixas não deveria saber a identidade da pretendente.
Fernando estava comprometido com Adelaide, a Amaralzinha,
em função dos trinta contos de réis que ele teria de dote. Lemos, a
mando de Aurélia, desarticula este compromisso para obter, numa jogada só, dois resultados: unir Adelaide a Torquato e Fernando a Aurélia.
Desfeito o noivado, sem dinheiro — ele teria de restituir vinte
contos de réis à irmã Nicota que faziam parte da herança do pai —,
Fernando acaba por aceitar o casamento, mas pede vinte adiantado.
É atendido.
Fernando é apresentado como funcionário público, honesto,
porém gastador, corrompido pela sociedade, precisava subir na vida,
andar “no rigor da moda”
Enfim, após o casamento, na noite de núpcias, Aurélia revela a
farsa que estavam vivendo. Ela se considera mulher traída e a ele se
refere como homem “vendido”, um “traste”.
• Segunda Parte: QUITAÇÃO
Nesta segunda parte o leitor fica sabendo por quais motivos
Aurélia agiu daquela forma com o marido, nem chegando a consumar
o matrimônio. Há um retorno ao passado, usa-se o flashback e revelase o passado pobre da moça das Laranjeiras.
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Aurélia tinha um irmão, Emílio (“parvo”) e a mãe Emília. Estavam
vivendo a duras penas uma vez que Pedro, o pai, havia se submetido aos
desmandos de seu pai, Lourenço, que não aceitava a união dele com
Emília, mulher pobre, sem estirpe. Acometido de uma febre, por fraqueza
moral inclusive, Pedro morre deixando órfãos os filhos e viúva a Emília.
Emílio torna-se “homem da casa” trabalhando como caixeiro
viajante, porém é Aurélia, astuta, quem o ajuda nas contas. Humilhado, fraco por natureza, morre Emílio tempos depois.
A mãe, doente, preocupada em que a filha não se perca na vida,
pede para que ela arrume um casamento. Rico, de preferência. Até o
tio, Lemos, quis tirar proveito da beleza da moça e da escassez financeira que estava por chegar.
A fim de agradar a mãe — após silenciosa recusa da proposta
absurda — Aurélia continua à janela em Santa Teresa, e aí acaba por
apaixonar-se por Fernando Seixas, recusando os demais que a desejavam, inclusive Eduardo Abreu, moço rico e educado.
O romance não dura muito pois o Seixas a abandona em troca
da possibilidade de um dote de trinta contos, fato já mencionado.
Com a morte de Emília e a do avô Lourenço, Aurélia torna-se
herdeira da riqueza deste, uma vez que ele havia deixado com ela um
testamento, uma espécie de “desculpas” por não ter acreditado nas
histórias de seu filho, Pedro, sobre netos. Rica porém traída, Aurélia, a
nova estrela, da sociedade carioca vai em busca de vingança.
• Terceira parte: POSSE
Nesta parte Fernando assume realmente a condição de escravo
branco, homem vendido e decide trabalhar assiduamente na repartição e recuperar o dinheiro que lhe devolva a honra da liberdade.
Aparentemente viviam bem, contudo a tensão era latente. Seixas
promete a si mesmo não amar outra mulher. Aurélia assume pose de
mulher bem casada e Fernando, ironicamente, passa a pedir permissão até para fumar.
Aurélia luta contra seu próprio desejo mantendo-se distante dele.
Chega a propor o divórcio (cap. VIII), negado por ele que reafirma a
necessidade de servi-la como um servo.
• Quarta parte: RESGATE
Seguem-se aqui as posturas por vezes contraditórias de Aurélia
que chega a desmaiar num baile em S. Clemente bem sobre os braços
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dele, e até passa a adorar um quadro que mandara fazer do próprio
Fernando, dizendo em alto e bom tom que o Seixas amado é o da
imagem e não o real.
Mais do que nunca o moço tenta desvencilhar-se da situação
buscando dinheiro para pagar sua liberdade.
Inesperadamente surge o lucro de um negócio que Seixas fizera com minas de cobre, três anos antes, coisa que lhe rendera quinze
contos de réis.
A partir daí o leitor descobre que nenhum tostão daqueles oitenta contos — recebidos no casamento — foi gasto por Fernando e agora, de posse do lucro do negócio, mais as economias que fizera, pode
enfim devolver os vinte contos de de réis que havia pedido adiantado.
Devolve tudo com juros e o contrato é desfeito. Assim que Fernando
pede a separação, Aurélia diz que o passado (onze meses) está extinto e um outro casal deve começar a viver. Ela ajoelha-se diante dele
e suplica-lhe o amor. Apesar da recusa momentânea dele, Aurélia
insiste e chega, num último gesto, a mostrar-lhe seu testamento, onde
ela declara ser Fernando Seixas seu herdeiro universal. O final é feliz.
4.2. ESTRUTURA DA OBRA
a) FOCO NARRATIVO - Narrado em terceira pessoa, por um
narrador-onisciente e intruso, o forte do romance é a observação de
detalhes exteriores, que iluminam a personalidade e os lances da vida.
A psicologia dos personagens e a mistura do romanesco e da
realidade fazem desse romance um belo exemplo de literatura romântica no qual pode-se perceber traços realistas.
O narrador projeta o seu ponto de vista sobre a heroína, a protagonista do romance Aurélia Camargo. A personagem principal é
idealizada ao gosto do Romantismo, mas ao mesmo tempo que é apresentada como “mulher-anjo” o narrador acrescenta um ingrediente
demoníaco que aparece nas entrelinhas. Portanto, a contradição entre anjo e demônio, a bela e a fera, constitui um elemento de grande
valia nesse atraente romance.
b) ESPAÇO: A ação se passa no Rio de Janeiro na época do
Segundo Império, com alusões à Guerra do Paraguai e reconstituições
primorosas do vestuário e mobiliário da época.
c) TEMPO: O narrador vale-se do tempo cronológico, dinamizando o relato com freqüentes retrospectivas (flashback) que vão deswww.literapiaui.com.br
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cobrindo gradativamente informações sobre a vida e os sentimentos
das personagens.
d) PERSONAGENS:
* Fernando Seixas — “Moço que ainda não chegou aos trinta
anos. Tem uma fisionomia tão nobre, quanto sedutora; belos traços,
tez finíssima, cuja alvura realça a macia barba castanha. Os olhos
rasgados e luminosos às vezes, coalham-se em um enlevo de ternura,
mas natural e extreme de afetação, que há de torná-los irresistíveis
quando o amor os acende. A boca vestida por um bigode elegante”.
* Aurélia Camargo — Moça pobre, neta de um fazendeiro rico
que não acreditava no casamento do filho. Só muito tempo após a
morte deste, procurou e reconheceu a neta. Quando morreu deixou-a
milionária. Moça linda e inteligente, dotada de grande sagacidade, mas
confundida pelos seus sentimentos de amor e ressentimento pelo abandono, enovela-se numa seqüência de ações que quase a conduz à
infelicidade e perda do homem amado. Sua característica psicológica
mais marcante é a esquizofrenia.
* Lemos — Era “um velho de pequena estatura, não muito gordo,
mas roliço e bojudo como um vaso chinês. Apesar de seu corpo rechonchudo tinha certa vivacidade buliçosa e saltitante que lhe dava petulância de rapaz, e casava-se perfeitamente com os olhinhos de azougue”,
é um tipo interesseiro, canalha e hipócrita, a quem a sobrinha e tutelada
controla porque tem em seu poder uma carta que pode comprometê-lo.
4.3. OS PRINCIPAIS TEMAS:
* A crítica ao casamento por interesse.
* O dinheiro e o amor como agentes de transformação do homem e da sociedade.
* A crítica aos falsos valores sobre os quais está assentada a
sociedade da época.
* Idealização do amor e das personagens.
* A crítica aos costumes da sociedade burguesa (crônica de costumes).
* A ambigüidade de caráter das personagens.
* O homem é bom, mas a sociedade o corrompe. (Rousseau –
“Bom Selvagem”)
* A redenção do homem pelo Amor.
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4.4. COMENTÁRIOS
O conflito amoroso entre os protagonistas nasce desse choque
entre os sentimentos e o interesse econômico. Aurélia Camargo é uma
mulher de personalidade forte, carregada de sentimentalismo romântico. Daí sua contradição, sua personalidade marcada por extremos
psíquicos: dá maior valor aos sentimentos, mas vale-se do dinheiro
para atingir seu objetivo de obter o grande amor de sua vida, Fernando
Seixas. Dessa forma, o dinheiro acaba impondo o valor burguês que
lhe era atribuído na sociedade do século XIX. A realização amorosa só
se cumpre depois de Aurélia vencer a aparente esquizofrenia que parece conduzi-la à dúvida quanto às intenções de Fernando Seixas.
Em Aurélia, temos a criação de um dos “perfis femininos” mais
fortes dentro da obra de Alencar, somando-se às personagens de
Lucíola e Diva. As três obras completam o ciclo sub-intitulado “Perfil
de Mulher”, tendo sido publicadas sob o pseudônimo de G. M.
Alencar descreve e caracteriza em Senhora a sociedade burguesa do segundo reinado: seus hábitos, valores, costumes, comportamentos, atitudes. O cenário dos salões, das residências, em suma, o
luxo burguês compõe um painel, marcado por um certo realismo, de
uma sociedade em nítida ascensão. Podemos, desta forma, classificar a presente obra como um romance de costumes, já que o autor
faz um levantamento pormenorizado de uma classe social. É também
um romance urbano.
Apesar de seu evidente caráter romântico, Senhora, apresenta
certos elementos que o aproximam dos romances realistas. O realismo fica por conta do elemento crítico à sociedade burguesa, representado aqui pela denúncia ao casamento burguês, ou seja, o casamento
baseado no interesse econômico. Outro elemento realista é a
reconstituição cuidadosa da vida social da época.
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