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1 von 77
Jaqueline Gomes de Jesus
*Transexualidade na
infância e em
ambiente escolar: para
além da tolerância
Jaqueline Gomes de Jesus 1
Jaqueline Gomes de Jesus 2
*
https://youtu.be/n5yn7V5QOAE
3
“O homem se define no mundo objetivo
não somente em pensamento, senão
com todos os sentidos, não só os cinco
sentidos, mas os sentidos espirituais
(amor, vontade...)”.
Marx, Manuscritos econômicos e
filosóficos
Jaqueline Gomes de Jesus
*
*Allport (1954):
Somos todos iguais, porém diferentes e únicos.
*Dimensões primárias constituintes da
Diversidade cultural (Loden & Rosener, 1991):
idade; raça; etnia; gênero;
orientação sexual e habilidade física
Jaqueline Gomes de Jesus 4
Jaqueline Gomes de Jesus 5
A diversidade humana não pode ser vista apenas como
uma variável, um mosaico composto por identidades
estanques e independentes.
As múltiplas dimensões de nossa diversidade são
estruturantes de nossa identidade como seres
humanos: sem diversidade não há identidade.
A diversidade humana é:
“o conjunto de relações interpessoais e intergrupais
explícitas ou implícitas, em um determinado sistema
social, que são intermediadas pela relação entre as
identidades sociais e a dominância social presentes
nesse sistema” (Jesus, 2013, p. 224).
Jaqueline Gomes de Jesus 6
Ódio
Repulsa
Apatia
Respeito
Valorização
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*
8Jaqueline Gomes de Jesus
*
9Jaqueline Gomes de Jesus
*
10Jaqueline Gomes de Jesus
*
11Jaqueline Gomes de Jesus
*
12Jaqueline Gomes de Jesus
13
*
*Acompanham e possibilitam compreender
expressões;
*Determinam comportamentos;
*O prazer e a dor são as matrizes psíquicas
dos afetos;
*Amor e ódio são afetos básicos;
*Podem ser produzidos a partir de um
estímulo externo.
Jaqueline Gomes de Jesus
14
*
*Afetos são definidos pela (1) intensidade
e (2) duração;
*Emoção: estado agudo e transitório;
*Sentimento: estado mais atenuado e
durável.
*Não são acompanhados de reações
orgânicas intensas
Jaqueline Gomes de Jesus
15
*
*Respondem a acontecimentos inesperados
ou muito esperados;
*São acompanhadas por reações intensas e
breves do organismo, internas e externas,
que podem ser aprendidas;
*A sociedade estimula a expressão de
algumas reações e reprime outras.
Jaqueline Gomes de Jesus
16
*
*A atração entre as pessoas pode se
formar, se manter e se extinguir;
*Fatores que afetam a atração:
*Proximidade física
*Identidade de valores e atitudes
Jaqueline Gomes de Jesus
17
*
*Conveniência;
*Familiaridade;
*Extinção da hostilidade autística;
*Predição do comportamento;
*Exacerba diferenças pessoais e de
status anteriores;
*Diminui preconceitos pessoais.
Jaqueline Gomes de Jesus
18
*
*Distorções perceptivas;
*Recebedor: assimilação/contraste;
*Redução dos custos: menos conflito, maior
consenso;
*Estabelecimento de realidade social;
*Satisfação da necessidade de comparação
social;
*Validação consensual.
Jaqueline Gomes de Jesus
19
*
*Relevância do objeto de semelhança;
*Opiniões: cessação é acompanhada de
hostilidades ou depreciação;
*Amigos que discordam tendem a tornar
semelhantes suas opiniões;
*Tende-se a falar mais com dissemelhantes
para mudar opiniões.
Jaqueline Gomes de Jesus
*
20Jaqueline Gomes de Jesus
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*
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*
*DIVERSIDADE
SEXUAL
E DE GÊNERO
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*Travestis
*Homens e mulheres Transexuais
*Homens femininos hetero/bi/homo/asex
*Mulheres masculinas hetero/bi/homo/asex
*Pessoas assexuadas românticas ou não
*Pessoas intersexuais cirurgiadas ou não
*Pessoas não-binárias
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Ariadna,
Modelo.
Jaqueline Gomes de Jesus 33
Dilma Vana Rousseff,
presidenta da República.
Jaqueline Gomes de Jesus 34
João W. Nery,
psicólogo e
escritor.
Jaqueline Gomes de Jesus 35
Alexandre
Nero,
ator.
Jaqueline Gomes de Jesus 36
*OLHARES DE FORA DA CASA
GRANDE
Jaqueline Gomes de Jesus 37
Jaqueline Gomes de Jesus 38
*Há poucos estudos, fora do campo
da psiquiatria e da saúde mental
lato sensu, sobre o
desenvolvimento social de
crianças que vivenciam papeis de
gênero fora dos modelos
normativos predominantes na
sociedade.
Jaqueline Gomes de Jesus 39
*Kennedy e Hellen (2010) apontam para
a suspeita de que o silenciamento
sobre a realidade das crianças que
vivenciam a transgeneridade seja uma
estratégia de supressão das vivências
subjetivas dessas crianças, decorrente
de visões estereotipadas sobre gênero
(cissexismo) e do preconceito contra a
população trans (transfobia).
Jaqueline Gomes de Jesus 40
*As crianças trans existem
*As experiências de ocultação,
supressão, estigmatização, medo,
isolamento, dúvida e repressão que
sofrem podem afetar suas vidas
quando adultos, e precisam ser
analisadas para além do âmbito
terapêutico, considerando as pressões
sociais e culturais envolvidas.
Jaqueline Gomes de Jesus 41
*
*Pesquisa realizada na internet (48 respondentes)
*Metodologias de pesquisa narrativa e para
internet
*Investigação de narrativas de uma amostra de
pessoas trans (3 travestis, 3 homens transexuais,
3 mulheres transexuais e 1 crossdresser) sobre
quando e como percebiam a sua vivência interna
e social de gênero na infância, e como essas
memórias os afetam hoje.
Jaqueline Gomes de Jesus 42
*
*Com relação à lembrança de quantos anos
tinham quando, pela primeira vez,
sentiram que a sua identidade de gênero
estava em desacordo com a designada
socialmente, os respondentes indicaram
uma idade média entre 6 e 7 anos, com
moda (valor mais frequente) de 5 anos,
idade mínima de 4 e máxima de 12.
Jaqueline Gomes de Jesus 43
*
*Os resultados etários dessa amostragem
corroboram, com pouca discrepância, os
encontrados em outros estudos, que
identificaram uma média para a idade da
epifania de 7,9 anos, com variação em
idades inferiores aos 18 anos de idade para
mais de 96% dos respondentes.
Jaqueline Gomes de Jesus 44
*
*Foi um momento que eu me senti uma mulher,
vesti uma saia e uma blusinha.
*Desde pequena sempre fui afeminada, sempre
ficava no meio das meninas, na escolinha meu
lugar era na fila das meninas, banheiro só
feminino, me sentia uma menina, nunca me vi
como um menino, e foi aí que comecei a
perceber que tinha algo estranho.
*Pus roupas da minha irmã.
Jaqueline Gomes de Jesus 45
*
*Comecei a me sentir estranha diante de outros
coleguinhas, me sentia muito menina, gostava de
sentir a pele dos rapazes em mim, nossa, penso que já
era aquele tesão que você na idade não sabe
identificar, mas era super satisfatório.
*Nesta idade eu acreditava que iria acordar e estar em
outro corpo, eu me escondia embaixo da cama pra
brincar de carrinho, que montava com o lego e
também foi quando comecei a pedir roupas
masculinas.
Jaqueline Gomes de Jesus 46
*
*Desde bem pequena eu preferia me enturmar com
meninas e brincar de boneca e casinha com elas.
Mas foi nessa idade que passei a me identificar com
as meninas. Aí começaram a acontecer coisas do
tipo, eu ver uma cena de casamento na televisão
(ou pessoalmente), com a noiva de branco e o
noivo de terno, e me via como a noiva, não como o
noivo. Me imaginava como mulher. Quando me
diziam que era homem, eu não aceitava, e dizia
que era criança – eu sabia que não podia dizer que
era mulher, mas podia dizer que não era homem.
Jaqueline Gomes de Jesus 47
*
*Meus pais saíam e eu ficava as tardes sozinha.
Entre outras brincadeiras, eu calçava os sapatos
da minha mãe, vestia as roupas dela, e usava as
tiaras, pulseiras, colares e anéis dela.
*Na escola, nas brincadeirinhas, eu assumia os
papéis femininos – tipo, a Power Ranger Rosa, a
Mulher Maravilha, e tal (naquela época o
pessoal aceitava numa boa, éramos todos
inocentes).
Jaqueline Gomes de Jesus 48
*
*Tive uma convivência muito grande com
meninos, na rua onde vivi, todas as crianças
da minha faixa etária, eram meninos. Isso
facilitou muito para que eu tivesse uma
sociabilização com o mundo masculino, o que
me resultava bem mais natural, que o
feminino.
*No momento em que eu percebi, foi na
escola.
Jaqueline Gomes de Jesus 49
*
*Nossa, ainda pequeninha, acompanhava as
chamadas da “Globeleza” na Rede Globo,
onde enfiava a cueca como se fosse uma
calcinha e colocava os saltos de minha mãe,
ahhh, e ainda usava o lençol como cabelo,
sempre brinquei com bonecas da minha
irmã, gostava de coisas cor-de-rosa, e
admirava os meninos, nunca até hoje quis
saber de menina!
Jaqueline Gomes de Jesus 50
*
*Eu comecei a contar histórias para minha
família que sempre começavam com a frase
“no tempo que eu era garoto...”. Da mesma
forma, comecei a me identificar cada vez
mais com brinquedos considerados
masculinos e a sonhar em viver as mesmas
coisas que meus primos (garotos) viviam
naquela época e a sonhar com um futuro em
que me tornasse um homem.
Jaqueline Gomes de Jesus 51
*
*Eu acho muito bacana ver que eu tive uma
infância conturbada, mas relevei tudo.
*Aliviada
*Realizada
*Sinto pena de mim mesmo, porque foi quando
eu comecei a sofrer por isso e eu não tinha
coragem de falar o que eu sentia.
*É uma lembrança gostosa, gratificante.
Jaqueline Gomes de Jesus 52
*
*Na adolescência, eu enterrei fundo essas
memórias, e quando cheguei na fase adulta não
me lembrava de nada disso. Não lembrava de
nada da infância. Eu sempre tive essa
identificação com o feminino, mas escondia de
mim mesma. Aí tive essa depressão, porque
queria muito mudar, mas não me aceitava como
transexual, e dizia que não era, exatamente
porque nunca tinha dado os sinais de
transexualidade que dizem que as crianças dão.
Jaqueline Gomes de Jesus 53
*
*Levou muito tempo para eu ir lembrando dessas
coisas, e fez parte do meu processo de auto-
aceitação. Eu me sinto bem, porque ao olhar para
trás, vejo como sempre fui uma mulher, e naquela
época da infância, as pessoas ainda arranjavam
desculpas para meu comportamento, de forma que
era “aceita”, por assim dizer. Foi a época que tive
uma certa liberdade e as pessoas não enxergavam
culpa em eu ser como era porque me viam como
criança inocente.
Jaqueline Gomes de Jesus 54
*
*Tive uma infância muito tranquila e que me
acrescentou muito! Tive liberdade, e não
questionamentos, tudo me resultava natural.
Talvez a adolescência, e tentar me enquadrar
na sociedade como me era vendida e que a
família, amigos e entorno me faziam pensar ser
o percurso natural, é que foi o problema. Mas,
nunca fui alguém propício ao desespero, à
depressão e nem nada do estilo.
Jaqueline Gomes de Jesus 55
*
*Me resguardei, era muito calado, mas muito
atento e observador. Então, fiquei algum tempo,
no distanciamento, na análise pessoal, do que
acontecia comigo, ainda que não tivesse real
noção do que aquilo tudo significava! Então, fui
vivenciando experiências e através delas tirando
conclusões de forma mais fácil ou difícil. Até o
dia em que me deparei com a informação que me
faltava e decidi com apoio da família e amigos
traçar esse (re)começo de vida!
Jaqueline Gomes de Jesus 56
*
*(Risos). Acho que nos dias de hoje não seria tão
assustador, mas quando era pequena as pessoas
ainda se pegavam muito a religião, então “aquilo”
que acontecia comigo era coisa do Satanás,
lembro-me que minha mãe me levou a um centro
de UMBANDA [grifo da respondente] pra fazer um
trabalho pra mim virar menino, onde tinha que
vestir roupas femininas. Acho que desde pequenos
já sabemos sim o que vamos ser, o problema é a
sociedade que insiste em nos colocar rótulos.
Jaqueline Gomes de Jesus 57
*
*Feliz pela minha liberdade atual, ainda
que tardia. Eu gostaria de abraçar aquele
menino incompreendido e auxiliar a ser
um garoto como todos os outros já
naquele momento.
*Me sinto feliz!! Hoje em dia, pois tudo
que descobri serviu pra que hoje eu fosse
uma pessoa tão esclarecida hoje em dia.
Jaqueline Gomes de Jesus 58
*
*As breves histórias que foram contadas
cumprem um papel: dar forma à epifania
da autodescoberta como pessoa trans
*Apesar de virem de gente com vidas
independentes, elas se entrelaçam como
subtramas, apresentam argumentos que
se encaixam mutuamente.
Jaqueline Gomes de Jesus 59
*
*Uma leitura das narrativas sobre as
memórias da infância como crianças
trans, e de alguns de seus fragmentos,
aponta para experiências comuns da
vivência da transgeneridade entre os
diferentes sujeitos, com aspectos
negativos, como o sentimento do
“estranho”.
Jaqueline Gomes de Jesus 60
*
*Os sentimentos remetem a uma
internalização, pelas crianças, do discurso
binarista de gênero que busca controlar e
evitar que os limites atribuídos aos sexos
biológicos sejam rompidos, e que sua
falibilidade seja evidenciada.
Jaqueline Gomes de Jesus 61
*
*Aqui não é possível deixar de notar que
funcionam os mesmos mecanismos da
performatividade, apontados por Butler
(2003), que incorrem para as pessoas não-
trans, ou cisgênero: o gênero, como algo
que é performado, “feito”, mais do que
apenas “sido”, que precisa ser reiterado,
para que a identidade não caia no campo
da dúvida sobre a fixidez dos gêneros.
Jaqueline Gomes de Jesus 62
*
*Apesar de, mais velhos, os respondentes
verem sua infância como ingênua ou
inocente (tal qual as demais infâncias), eles
reiteram que as crianças trans reconhecem,
desde a mais tenra idade, que enfrentam
intensas ameaças e pressões sociais para que
não performem o gênero da forma que lhes
soa mais “natural”, outro termo frequente
nas falas.
Jaqueline Gomes de Jesus 63
*
*Por outro lado, também se identifica a
existência de sentimentos de satisfação e
realização decorrente de pequenos
instantes de auto-reconhecimento quando
crianças, num simples toque, que trouxe
uma leitura afetiva, ou no uso de uma
vestimenta, os quais se refletem no jovem
e no adulto que deles se lembra.
Jaqueline Gomes de Jesus 64
*
*A aparência é um aspecto fundamental de
toda essa discussão, e se evidencia nos
relatos. Ela, como marcador físico de
gênero, é considerada muito importante no
discurso das pessoas trans, que desde muito
jovens são levadas, mais do que pessoas que
não são trans, a perceberem os paradoxos
entre suas vivências e as noções prevalentes
de masculinidade, feminilidade, masculino e
feminino.
Jaqueline Gomes de Jesus 65
*
*Questões de gênero se evidenciam: se para
as mulheres trans, as travestis e o
crossdresser (que vivenciam feminilidade em
diferentes níveis, tanto quantitativos quanto
qualitativos) a aparência se torna um
elemento central na constituição da própria
identidade; já para os homens trans pesam
mais as questões relacionais, como a
convivência com outros homens, a projeção
da possibilidade de uma vivência masculina.
Jaqueline Gomes de Jesus 66
*
*Também está presente, em algumas falas, a
estereotipia de uma relação direta entre
gênero (ser mulher) e orientação sexual (ser
heterossexual), que parece repetir discursos
normativos que visam controlar a
transgeneridade, em moldes heteronormativos
que tentam negar a possibilidade de vivências
sexuais homoafetivas ou biafetivas para aquelas
pessoas trans cujos afetos as orientem para
essas sexualidades.
Jaqueline Gomes de Jesus 67
*Como as demais crianças, as que vivenciam a
transgeneridade também reconhecem a sua
“diferença”, porém, ante à dominância social de
práticas e discursos que negam a possibilidade de se
borrar a suposta invariância na relação entre sexo e
gênero, essas crianças, patologizadas e
invisibilizadas, vivenciam o estranhamento de si
como um obstáculo a ser enfrentado
solitariamente, de maneira silenciada, e podendo
ser somente retomado, a partir de um doloroso
processo de auto-aceitação, ao longo de anos ou
décadas de amadurecimento psicoafetivo e
intelectual.
Jaqueline Gomes de Jesus 68
*
*Também está presente, em algumas falas, a
estereotipia de uma relação direta entre
gênero (ser mulher) e orientação sexual (ser
heterossexual), que parece repetir discursos
normativos que visam controlar a
transgeneridade, em moldes heteronormativos
que tentam negar a possibilidade de vivências
sexuais homoafetivas ou biafetivas para aquelas
pessoas trans cujos afetos as orientem para
essas sexualidades.
Jaqueline Gomes de Jesus 69
*
*Qualquer naturalização das questões sociais deve ser
questionada, e nesse aspecto, repensar e rediscutir a
forma adultocêntrica como se trata o tema da
transgeneridade se mostra uma necessidade, a fim de que
jovens e adultos trans tenham de lidar com menos danos
psicossociais, que ao contrário do senso comum, não
decorrem do fato de serem da população transgênero,
mas, isso sim, de terem crescido em grupos e
comunidades, inclusive em escolas, nas quais, quando
havia um discurso inclusivo, este não as incluía como
seres humanos possíveis, e que poderiam serem felizes da
forma como são.
*O carinho educa contra
a ignorância;
O amor cura o ódio.
70Jaqueline Gomes de Jesus
Jaqueline Gomes de Jesus 71
*
*É comum haver preocupação com crianças que
parecem não se conformarem ao gênero a que foram
designadas, já discutimos a variedade de razões
*Algumas dessas crianças expressam enorme estresse
e ansiedade com relação aos papéis de gênero que se
esperam delas
*Há também aquelas que vivenciam dificuldades na
interação social com colegas e adultos por causa da
forma como estes percebem e reagem à forma como
elas vivem a sua identidade de gênero
Jaqueline Gomes de Jesus 72
*
*O fundamental é que parentes trabalhem junto às escolas e
outras instituições para atender às necessidades particulares
dessas crianças e garantir sua segurança
*Ter o apoio esclarecido de outros pais pode ser edificante
*É importante que profissionais da área de saúde mental, como
psicólogos, sejam consultados quanto à forma a se lidar com a
situação
*Vale reforçar: psicólogos não curam tais comportamentos, até
porque eles não são patológicos. O problema não são eles, mas a
forma como a sociedade reage a eles
*Não ajuda, e só atrapalha, forçar a criança a agir de um modo
mais conformado às expectativas sociais de gênero.
*Diversidade Sexual e de Gênero é
assunto para Tod@s, dentro e fora das
escolas!
Jaqueline Gomes de Jesus 73
Jaqueline Gomes de Jesus 74
*
Jaqueline Gomes de Jesus 75 *
ALLPORT, G. W. The nature of prejudice. Reading: Addison Wesley, 1954.
BENTO, B. A reinvenção do corpo: sexualidade e gênero na experiência transexual. Rio de
Janeiro: Garamond, 2006.
BUTLER, J. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2003.
JESUS, J. G. O desafio da convivência: assessoria de diversidade e apoio aos cotistas (2004-
2008). Psicologia: Ciência e Profissão, 33(1), 222-233, 2013.
JESUS, J. G. Orientações sobre identidade de gênero: conceitos e termos. Goiânia: Ser-
Tão/UFG, 2012. Disponível em: http://www.sertao.ufg.br/pages/42117
KENNEDY, N. (2010). Crianças transgênero: mais que um desafio teórico. Cronos, 11(2), 21-
61, 2010. Disponível em:
http://www.periodicos.ufrn.br/index.php/cronos/article/view/2151/pdf
KENNEDY, N. Transgendered children in schools – a critical review of homophobic bullying:
safe to learn, embedding anti-bullying work in schools. Forum, 50(3), 383-396, 2008.
KENNEDY, N., & HELLEN, M. Transgender children: more than a theoretical challenge.
Graduate Journal of Social Science, 7(2), 25-43, 2010. Disponível em:
http://gjss.org/index.php?/acymailing/archive/view/7fcc14d5515f6176639c408122cca968/1
0.html
LODEN, M. & ROSENER, J. B. Workforce America!: managing employee diversity as a vital
resource. Homewood: Business One Irwin, 1991.
*
jaquejesus.blogspot.com
facebook.com/jaqueline.gomesdejesus
@jaquelinejsus
jaquebrasilia@gmail.com
76Jaqueline Gomes de Jesus
*
77Jaqueline Gomes de Jesus

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Diversidade de gênero e sexualidade na infância: memórias e desenvolvimento pessoal

  • 1. Jaqueline Gomes de Jesus *Transexualidade na infância e em ambiente escolar: para além da tolerância Jaqueline Gomes de Jesus 1
  • 2. Jaqueline Gomes de Jesus 2 * https://youtu.be/n5yn7V5QOAE
  • 3. 3 “O homem se define no mundo objetivo não somente em pensamento, senão com todos os sentidos, não só os cinco sentidos, mas os sentidos espirituais (amor, vontade...)”. Marx, Manuscritos econômicos e filosóficos Jaqueline Gomes de Jesus
  • 4. * *Allport (1954): Somos todos iguais, porém diferentes e únicos. *Dimensões primárias constituintes da Diversidade cultural (Loden & Rosener, 1991): idade; raça; etnia; gênero; orientação sexual e habilidade física Jaqueline Gomes de Jesus 4
  • 6. A diversidade humana não pode ser vista apenas como uma variável, um mosaico composto por identidades estanques e independentes. As múltiplas dimensões de nossa diversidade são estruturantes de nossa identidade como seres humanos: sem diversidade não há identidade. A diversidade humana é: “o conjunto de relações interpessoais e intergrupais explícitas ou implícitas, em um determinado sistema social, que são intermediadas pela relação entre as identidades sociais e a dominância social presentes nesse sistema” (Jesus, 2013, p. 224). Jaqueline Gomes de Jesus 6
  • 13. 13 * *Acompanham e possibilitam compreender expressões; *Determinam comportamentos; *O prazer e a dor são as matrizes psíquicas dos afetos; *Amor e ódio são afetos básicos; *Podem ser produzidos a partir de um estímulo externo. Jaqueline Gomes de Jesus
  • 14. 14 * *Afetos são definidos pela (1) intensidade e (2) duração; *Emoção: estado agudo e transitório; *Sentimento: estado mais atenuado e durável. *Não são acompanhados de reações orgânicas intensas Jaqueline Gomes de Jesus
  • 15. 15 * *Respondem a acontecimentos inesperados ou muito esperados; *São acompanhadas por reações intensas e breves do organismo, internas e externas, que podem ser aprendidas; *A sociedade estimula a expressão de algumas reações e reprime outras. Jaqueline Gomes de Jesus
  • 16. 16 * *A atração entre as pessoas pode se formar, se manter e se extinguir; *Fatores que afetam a atração: *Proximidade física *Identidade de valores e atitudes Jaqueline Gomes de Jesus
  • 17. 17 * *Conveniência; *Familiaridade; *Extinção da hostilidade autística; *Predição do comportamento; *Exacerba diferenças pessoais e de status anteriores; *Diminui preconceitos pessoais. Jaqueline Gomes de Jesus
  • 18. 18 * *Distorções perceptivas; *Recebedor: assimilação/contraste; *Redução dos custos: menos conflito, maior consenso; *Estabelecimento de realidade social; *Satisfação da necessidade de comparação social; *Validação consensual. Jaqueline Gomes de Jesus
  • 19. 19 * *Relevância do objeto de semelhança; *Opiniões: cessação é acompanhada de hostilidades ou depreciação; *Amigos que discordam tendem a tornar semelhantes suas opiniões; *Tende-se a falar mais com dissemelhantes para mudar opiniões. Jaqueline Gomes de Jesus
  • 21. Jaqueline Gomes de Jesus 21 *
  • 22. Jaqueline Gomes de Jesus 22 *
  • 23. Jaqueline Gomes de Jesus 23 *
  • 24. Jaqueline Gomes de Jesus 24
  • 25. Jaqueline Gomes de Jesus 25 *
  • 26. Jaqueline Gomes de Jesus 26
  • 27. Jaqueline Gomes de Jesus 27
  • 28. Jaqueline Gomes de Jesus 28
  • 30. Jaqueline Gomes de Jesus 30 *
  • 32. *Travestis *Homens e mulheres Transexuais *Homens femininos hetero/bi/homo/asex *Mulheres masculinas hetero/bi/homo/asex *Pessoas assexuadas românticas ou não *Pessoas intersexuais cirurgiadas ou não *Pessoas não-binárias Jaqueline Gomes de Jesus 32
  • 34. Dilma Vana Rousseff, presidenta da República. Jaqueline Gomes de Jesus 34
  • 35. João W. Nery, psicólogo e escritor. Jaqueline Gomes de Jesus 35
  • 37. *OLHARES DE FORA DA CASA GRANDE Jaqueline Gomes de Jesus 37
  • 38. Jaqueline Gomes de Jesus 38 *Há poucos estudos, fora do campo da psiquiatria e da saúde mental lato sensu, sobre o desenvolvimento social de crianças que vivenciam papeis de gênero fora dos modelos normativos predominantes na sociedade.
  • 39. Jaqueline Gomes de Jesus 39 *Kennedy e Hellen (2010) apontam para a suspeita de que o silenciamento sobre a realidade das crianças que vivenciam a transgeneridade seja uma estratégia de supressão das vivências subjetivas dessas crianças, decorrente de visões estereotipadas sobre gênero (cissexismo) e do preconceito contra a população trans (transfobia).
  • 40. Jaqueline Gomes de Jesus 40 *As crianças trans existem *As experiências de ocultação, supressão, estigmatização, medo, isolamento, dúvida e repressão que sofrem podem afetar suas vidas quando adultos, e precisam ser analisadas para além do âmbito terapêutico, considerando as pressões sociais e culturais envolvidas.
  • 41. Jaqueline Gomes de Jesus 41 * *Pesquisa realizada na internet (48 respondentes) *Metodologias de pesquisa narrativa e para internet *Investigação de narrativas de uma amostra de pessoas trans (3 travestis, 3 homens transexuais, 3 mulheres transexuais e 1 crossdresser) sobre quando e como percebiam a sua vivência interna e social de gênero na infância, e como essas memórias os afetam hoje.
  • 42. Jaqueline Gomes de Jesus 42 * *Com relação à lembrança de quantos anos tinham quando, pela primeira vez, sentiram que a sua identidade de gênero estava em desacordo com a designada socialmente, os respondentes indicaram uma idade média entre 6 e 7 anos, com moda (valor mais frequente) de 5 anos, idade mínima de 4 e máxima de 12.
  • 43. Jaqueline Gomes de Jesus 43 * *Os resultados etários dessa amostragem corroboram, com pouca discrepância, os encontrados em outros estudos, que identificaram uma média para a idade da epifania de 7,9 anos, com variação em idades inferiores aos 18 anos de idade para mais de 96% dos respondentes.
  • 44. Jaqueline Gomes de Jesus 44 * *Foi um momento que eu me senti uma mulher, vesti uma saia e uma blusinha. *Desde pequena sempre fui afeminada, sempre ficava no meio das meninas, na escolinha meu lugar era na fila das meninas, banheiro só feminino, me sentia uma menina, nunca me vi como um menino, e foi aí que comecei a perceber que tinha algo estranho. *Pus roupas da minha irmã.
  • 45. Jaqueline Gomes de Jesus 45 * *Comecei a me sentir estranha diante de outros coleguinhas, me sentia muito menina, gostava de sentir a pele dos rapazes em mim, nossa, penso que já era aquele tesão que você na idade não sabe identificar, mas era super satisfatório. *Nesta idade eu acreditava que iria acordar e estar em outro corpo, eu me escondia embaixo da cama pra brincar de carrinho, que montava com o lego e também foi quando comecei a pedir roupas masculinas.
  • 46. Jaqueline Gomes de Jesus 46 * *Desde bem pequena eu preferia me enturmar com meninas e brincar de boneca e casinha com elas. Mas foi nessa idade que passei a me identificar com as meninas. Aí começaram a acontecer coisas do tipo, eu ver uma cena de casamento na televisão (ou pessoalmente), com a noiva de branco e o noivo de terno, e me via como a noiva, não como o noivo. Me imaginava como mulher. Quando me diziam que era homem, eu não aceitava, e dizia que era criança – eu sabia que não podia dizer que era mulher, mas podia dizer que não era homem.
  • 47. Jaqueline Gomes de Jesus 47 * *Meus pais saíam e eu ficava as tardes sozinha. Entre outras brincadeiras, eu calçava os sapatos da minha mãe, vestia as roupas dela, e usava as tiaras, pulseiras, colares e anéis dela. *Na escola, nas brincadeirinhas, eu assumia os papéis femininos – tipo, a Power Ranger Rosa, a Mulher Maravilha, e tal (naquela época o pessoal aceitava numa boa, éramos todos inocentes).
  • 48. Jaqueline Gomes de Jesus 48 * *Tive uma convivência muito grande com meninos, na rua onde vivi, todas as crianças da minha faixa etária, eram meninos. Isso facilitou muito para que eu tivesse uma sociabilização com o mundo masculino, o que me resultava bem mais natural, que o feminino. *No momento em que eu percebi, foi na escola.
  • 49. Jaqueline Gomes de Jesus 49 * *Nossa, ainda pequeninha, acompanhava as chamadas da “Globeleza” na Rede Globo, onde enfiava a cueca como se fosse uma calcinha e colocava os saltos de minha mãe, ahhh, e ainda usava o lençol como cabelo, sempre brinquei com bonecas da minha irmã, gostava de coisas cor-de-rosa, e admirava os meninos, nunca até hoje quis saber de menina!
  • 50. Jaqueline Gomes de Jesus 50 * *Eu comecei a contar histórias para minha família que sempre começavam com a frase “no tempo que eu era garoto...”. Da mesma forma, comecei a me identificar cada vez mais com brinquedos considerados masculinos e a sonhar em viver as mesmas coisas que meus primos (garotos) viviam naquela época e a sonhar com um futuro em que me tornasse um homem.
  • 51. Jaqueline Gomes de Jesus 51 * *Eu acho muito bacana ver que eu tive uma infância conturbada, mas relevei tudo. *Aliviada *Realizada *Sinto pena de mim mesmo, porque foi quando eu comecei a sofrer por isso e eu não tinha coragem de falar o que eu sentia. *É uma lembrança gostosa, gratificante.
  • 52. Jaqueline Gomes de Jesus 52 * *Na adolescência, eu enterrei fundo essas memórias, e quando cheguei na fase adulta não me lembrava de nada disso. Não lembrava de nada da infância. Eu sempre tive essa identificação com o feminino, mas escondia de mim mesma. Aí tive essa depressão, porque queria muito mudar, mas não me aceitava como transexual, e dizia que não era, exatamente porque nunca tinha dado os sinais de transexualidade que dizem que as crianças dão.
  • 53. Jaqueline Gomes de Jesus 53 * *Levou muito tempo para eu ir lembrando dessas coisas, e fez parte do meu processo de auto- aceitação. Eu me sinto bem, porque ao olhar para trás, vejo como sempre fui uma mulher, e naquela época da infância, as pessoas ainda arranjavam desculpas para meu comportamento, de forma que era “aceita”, por assim dizer. Foi a época que tive uma certa liberdade e as pessoas não enxergavam culpa em eu ser como era porque me viam como criança inocente.
  • 54. Jaqueline Gomes de Jesus 54 * *Tive uma infância muito tranquila e que me acrescentou muito! Tive liberdade, e não questionamentos, tudo me resultava natural. Talvez a adolescência, e tentar me enquadrar na sociedade como me era vendida e que a família, amigos e entorno me faziam pensar ser o percurso natural, é que foi o problema. Mas, nunca fui alguém propício ao desespero, à depressão e nem nada do estilo.
  • 55. Jaqueline Gomes de Jesus 55 * *Me resguardei, era muito calado, mas muito atento e observador. Então, fiquei algum tempo, no distanciamento, na análise pessoal, do que acontecia comigo, ainda que não tivesse real noção do que aquilo tudo significava! Então, fui vivenciando experiências e através delas tirando conclusões de forma mais fácil ou difícil. Até o dia em que me deparei com a informação que me faltava e decidi com apoio da família e amigos traçar esse (re)começo de vida!
  • 56. Jaqueline Gomes de Jesus 56 * *(Risos). Acho que nos dias de hoje não seria tão assustador, mas quando era pequena as pessoas ainda se pegavam muito a religião, então “aquilo” que acontecia comigo era coisa do Satanás, lembro-me que minha mãe me levou a um centro de UMBANDA [grifo da respondente] pra fazer um trabalho pra mim virar menino, onde tinha que vestir roupas femininas. Acho que desde pequenos já sabemos sim o que vamos ser, o problema é a sociedade que insiste em nos colocar rótulos.
  • 57. Jaqueline Gomes de Jesus 57 * *Feliz pela minha liberdade atual, ainda que tardia. Eu gostaria de abraçar aquele menino incompreendido e auxiliar a ser um garoto como todos os outros já naquele momento. *Me sinto feliz!! Hoje em dia, pois tudo que descobri serviu pra que hoje eu fosse uma pessoa tão esclarecida hoje em dia.
  • 58. Jaqueline Gomes de Jesus 58 * *As breves histórias que foram contadas cumprem um papel: dar forma à epifania da autodescoberta como pessoa trans *Apesar de virem de gente com vidas independentes, elas se entrelaçam como subtramas, apresentam argumentos que se encaixam mutuamente.
  • 59. Jaqueline Gomes de Jesus 59 * *Uma leitura das narrativas sobre as memórias da infância como crianças trans, e de alguns de seus fragmentos, aponta para experiências comuns da vivência da transgeneridade entre os diferentes sujeitos, com aspectos negativos, como o sentimento do “estranho”.
  • 60. Jaqueline Gomes de Jesus 60 * *Os sentimentos remetem a uma internalização, pelas crianças, do discurso binarista de gênero que busca controlar e evitar que os limites atribuídos aos sexos biológicos sejam rompidos, e que sua falibilidade seja evidenciada.
  • 61. Jaqueline Gomes de Jesus 61 * *Aqui não é possível deixar de notar que funcionam os mesmos mecanismos da performatividade, apontados por Butler (2003), que incorrem para as pessoas não- trans, ou cisgênero: o gênero, como algo que é performado, “feito”, mais do que apenas “sido”, que precisa ser reiterado, para que a identidade não caia no campo da dúvida sobre a fixidez dos gêneros.
  • 62. Jaqueline Gomes de Jesus 62 * *Apesar de, mais velhos, os respondentes verem sua infância como ingênua ou inocente (tal qual as demais infâncias), eles reiteram que as crianças trans reconhecem, desde a mais tenra idade, que enfrentam intensas ameaças e pressões sociais para que não performem o gênero da forma que lhes soa mais “natural”, outro termo frequente nas falas.
  • 63. Jaqueline Gomes de Jesus 63 * *Por outro lado, também se identifica a existência de sentimentos de satisfação e realização decorrente de pequenos instantes de auto-reconhecimento quando crianças, num simples toque, que trouxe uma leitura afetiva, ou no uso de uma vestimenta, os quais se refletem no jovem e no adulto que deles se lembra.
  • 64. Jaqueline Gomes de Jesus 64 * *A aparência é um aspecto fundamental de toda essa discussão, e se evidencia nos relatos. Ela, como marcador físico de gênero, é considerada muito importante no discurso das pessoas trans, que desde muito jovens são levadas, mais do que pessoas que não são trans, a perceberem os paradoxos entre suas vivências e as noções prevalentes de masculinidade, feminilidade, masculino e feminino.
  • 65. Jaqueline Gomes de Jesus 65 * *Questões de gênero se evidenciam: se para as mulheres trans, as travestis e o crossdresser (que vivenciam feminilidade em diferentes níveis, tanto quantitativos quanto qualitativos) a aparência se torna um elemento central na constituição da própria identidade; já para os homens trans pesam mais as questões relacionais, como a convivência com outros homens, a projeção da possibilidade de uma vivência masculina.
  • 66. Jaqueline Gomes de Jesus 66 * *Também está presente, em algumas falas, a estereotipia de uma relação direta entre gênero (ser mulher) e orientação sexual (ser heterossexual), que parece repetir discursos normativos que visam controlar a transgeneridade, em moldes heteronormativos que tentam negar a possibilidade de vivências sexuais homoafetivas ou biafetivas para aquelas pessoas trans cujos afetos as orientem para essas sexualidades.
  • 67. Jaqueline Gomes de Jesus 67 *Como as demais crianças, as que vivenciam a transgeneridade também reconhecem a sua “diferença”, porém, ante à dominância social de práticas e discursos que negam a possibilidade de se borrar a suposta invariância na relação entre sexo e gênero, essas crianças, patologizadas e invisibilizadas, vivenciam o estranhamento de si como um obstáculo a ser enfrentado solitariamente, de maneira silenciada, e podendo ser somente retomado, a partir de um doloroso processo de auto-aceitação, ao longo de anos ou décadas de amadurecimento psicoafetivo e intelectual.
  • 68. Jaqueline Gomes de Jesus 68 * *Também está presente, em algumas falas, a estereotipia de uma relação direta entre gênero (ser mulher) e orientação sexual (ser heterossexual), que parece repetir discursos normativos que visam controlar a transgeneridade, em moldes heteronormativos que tentam negar a possibilidade de vivências sexuais homoafetivas ou biafetivas para aquelas pessoas trans cujos afetos as orientem para essas sexualidades.
  • 69. Jaqueline Gomes de Jesus 69 * *Qualquer naturalização das questões sociais deve ser questionada, e nesse aspecto, repensar e rediscutir a forma adultocêntrica como se trata o tema da transgeneridade se mostra uma necessidade, a fim de que jovens e adultos trans tenham de lidar com menos danos psicossociais, que ao contrário do senso comum, não decorrem do fato de serem da população transgênero, mas, isso sim, de terem crescido em grupos e comunidades, inclusive em escolas, nas quais, quando havia um discurso inclusivo, este não as incluía como seres humanos possíveis, e que poderiam serem felizes da forma como são.
  • 70. *O carinho educa contra a ignorância; O amor cura o ódio. 70Jaqueline Gomes de Jesus
  • 71. Jaqueline Gomes de Jesus 71 * *É comum haver preocupação com crianças que parecem não se conformarem ao gênero a que foram designadas, já discutimos a variedade de razões *Algumas dessas crianças expressam enorme estresse e ansiedade com relação aos papéis de gênero que se esperam delas *Há também aquelas que vivenciam dificuldades na interação social com colegas e adultos por causa da forma como estes percebem e reagem à forma como elas vivem a sua identidade de gênero
  • 72. Jaqueline Gomes de Jesus 72 * *O fundamental é que parentes trabalhem junto às escolas e outras instituições para atender às necessidades particulares dessas crianças e garantir sua segurança *Ter o apoio esclarecido de outros pais pode ser edificante *É importante que profissionais da área de saúde mental, como psicólogos, sejam consultados quanto à forma a se lidar com a situação *Vale reforçar: psicólogos não curam tais comportamentos, até porque eles não são patológicos. O problema não são eles, mas a forma como a sociedade reage a eles *Não ajuda, e só atrapalha, forçar a criança a agir de um modo mais conformado às expectativas sociais de gênero.
  • 73. *Diversidade Sexual e de Gênero é assunto para Tod@s, dentro e fora das escolas! Jaqueline Gomes de Jesus 73
  • 74. Jaqueline Gomes de Jesus 74 *
  • 75. Jaqueline Gomes de Jesus 75 * ALLPORT, G. W. The nature of prejudice. Reading: Addison Wesley, 1954. BENTO, B. A reinvenção do corpo: sexualidade e gênero na experiência transexual. Rio de Janeiro: Garamond, 2006. BUTLER, J. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. JESUS, J. G. O desafio da convivência: assessoria de diversidade e apoio aos cotistas (2004- 2008). Psicologia: Ciência e Profissão, 33(1), 222-233, 2013. JESUS, J. G. Orientações sobre identidade de gênero: conceitos e termos. Goiânia: Ser- Tão/UFG, 2012. Disponível em: http://www.sertao.ufg.br/pages/42117 KENNEDY, N. (2010). Crianças transgênero: mais que um desafio teórico. Cronos, 11(2), 21- 61, 2010. Disponível em: http://www.periodicos.ufrn.br/index.php/cronos/article/view/2151/pdf KENNEDY, N. Transgendered children in schools – a critical review of homophobic bullying: safe to learn, embedding anti-bullying work in schools. Forum, 50(3), 383-396, 2008. KENNEDY, N., & HELLEN, M. Transgender children: more than a theoretical challenge. Graduate Journal of Social Science, 7(2), 25-43, 2010. Disponível em: http://gjss.org/index.php?/acymailing/archive/view/7fcc14d5515f6176639c408122cca968/1 0.html LODEN, M. & ROSENER, J. B. Workforce America!: managing employee diversity as a vital resource. Homewood: Business One Irwin, 1991.