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Programa de Residência Médica – SUS Bahia
            Hospital Santo Antônio – HSA




                 Isabela Maria Oliva – MR 1 Clínica Médica
ANAMNESE
Identificação:
RSL, 49 anos, masculino, pardo, solteiro, católico, desempregado, natural
de Alagoinhas e procedente de Salvador – Bahia.

Queixa principal:
Aumento do volume abdominal há duas semanas.

História da moléstia atual:
Paciente previamente hígido, refere aumento de volume abdominal
progressivo há duas semanas da admissão, associado a dor abdominal
difusa (de qualidade mal caracterizada), sem irradiação, graduando a
intensidade em seis (0-10), com piora à palpação abdominal e
movimentação e melhora ao uso de dipirona. Foi internado no HGRS para
drenagem de líquido ascítico há um dia da admissão e encaminhado para
este serviço para investigação diagnóstica. Refere plenitude gástrica
associada, o que reduziu a ingesta alimentar no período citado.
ANAMNESE

Interrogatório sistemático:
Geral: Refere perda ponderal importante (não mensurada) durante os
últimos cinco meses. Nega febre, astenia, sudorese noturna, hiporexia.
Pele: Nega manchas ou ulcerações na pele e equimoses.
Cabeça/Pescoço: Nega alopécia, alterações oculares e auditivas, lesões
orofaríngeas, adenomegalia cervical.
Ap. Respiratório: Nega tosse, dispnéia ou dor torácica
Ap. Cardiovascular: Nega palpitação, edema de membros inferiores ou
dispnéia paroxística noturna
Ap. Gastrointestinal: Refere constipação na última semana, tendo
apresentado      hematoquezia          de   pequena      monta.      Nega
melena, hematêmese, disfagia ou pirose
Ap. Genitourinário: Nega disúria, poliúria, polaciúria, hematúria ou lesões
genitais
ANAMNESE



Interrogatório sistemático:
Osteomuscular: Nega fraqueza em membros, alteração na amplitude de
movimentos.
Neurológico: Refere dor e parestesia em pés (não soube especificar).
Nega tremores, síncope.



Hábitos de vida:
Refere etilismo durante 30 anos, com ingesta diária de bebidas alcoólicas
destiladas em grande quantidade, abstêmio há um mês. Nega tabagismo
ou uso de drogas ilícitas. Sedentário, dieta sem restrições.
ANAMNESE
Antecedentes médicos:
Refere diagnóstico de Diabetes Mellitus tipo 2 há um ano, sem uso regular
de medicamentos. História de amputação de quarto pododáctilo esquerdo
há um ano e amputação de hálux esquerdo há um mês (em decorrência de
trauma local). História de internamento hospitalar há 10 anos secundário a
abstinência        alcoólica.       Epidemiologia        positiva         para
Esquistossomose,     Leptospirose   e   Leishmaniose.    Nega       transfusões
sanguíneas.

Antecedentes familiares:
História de Hipertensão Arterial Sistêmica em irmãs e infecção pelo HIV em
irmão. Não soube referir sobre outras patologias na família.

História psicossocial:
Mora com filha e netos em zona urbana, em casa com água encanada e
esgotamento sanitário, não faz ingestão de água mineral ou filtrada e
fervida.
EXAME FÍSICO
Geral:
Regular     estado    geral,     lúcido    e    orientado     em     tempo    e
espaço,              eupnéico,               emagrecido,             descorado
(2+/4+), hidratado, anictérico, acianótico

Dados vitais:
FC: 82bpm         FR: 20ipm          PA: 110x70mmHg                TAx: 36,5 C

Exame físico segmentar:
Pele: elasticidade e turgor diminuídos. Ausência de telangiectasias e
outras lesões.
Cabeça/pescoço:         ausência      de       adenomegalia        cervical   e
submandibular, ausência de estase de jugular a 45
Tórax: sem abaulamentos ou retrações, ausência de circulação colateral
AR: expansibilidade preservada, frêmito toracovocal presente, simétrico e
normal, murmúrio vesicular bem distribuído e sem ruídos adventícios
bilateralmente.
EXAME FÍSICO

Exame físico segmentar:
ACV: Ictus cordis não visível, palpável em 5º espaço intercostal
esquerdo, medindo cerca de 2,0cm, ausência de frêmitos, bulhas
rítmicas, hiperfonéticas em dois tempos e sem sopros.
Abdomen:     globoso,    às    custas   de   ascite,    cicatriz   umbilical
protusa, presença de circulação colateral discreta, ruídos hidroaéreos
presentes, espaço de Traube ocupado, visceromegalias não foram
palpadas.
Extremidades: frias, mal perfundidas, velocidade de enchimento capilar
reduzido, presença de edema perimaleolar (1+/4+) bilateral, sem
cacifo, sem sinais flogísticos, ausência cirúrgica de quarto pododáctilo e
hálux esquerdos.
Neurológico: hipotrofia muscular generalizada, sensibilidade preservada.
RESUMO


RSL, 49 anos, masculino, pardo, solteiro, natural de Alagoinhas e
procedente de Salvador - Ba, previamente hígido, cuja queixa principal foi
aumento do volume abdominal há 02 semanas da admissão, apresentou
quadro de aumento de volume abdominal progressivo, associado a dor
abdominal difusa (mal caracterizada), sem irradiação, intensidade
6/10, com piora à palpação abdominal e movimentação e melhora ao uso
de dipirona. Referiu plenitude gástrica com consequente redução da
ingesta alimentar neste período, perda ponderal importante (não
mensurada) durante os últimos cinco meses, constipação na última
semana, tendo apresentado hematoquezia de pequena monta, além de dor
e parestesia em pés (mal caracterizadas). História de etilismo importante
durante 30 anos, abstêmio há um mês e diagnóstico de DM2 há um ano.
História familiar de HAS de irmãs. Ao exame físico, apresentava-se em
REG, emagrecido, descorado (2+/4+); pele com elasticidade e turgor
diminuídos; abdomen globoso, às custas de ascite, com circulação colateral
discreta e espaço de Traube ocupado, sem visceromegalias palpadas;
extremidades frias, mal perfundidas, com edema perimaleolar (1+/4+)
bilateral, sem cacifo e sem sinais flogísticos.
?       ?           ?
            ?           ?
?                   ?
            Hipóteses     ?
?           Diagnósticas
                  ?
            ?            ?
    ?                ?     ?
               ?
EXAMES COMPLEMENTARES


   Ex. Lab. 23.04.12 25.04.12      Ex. Lab.   23.04.12 25.04.12
Hb               11,6    10,7   Ca++                         9,3
Ht (%)          35,7       32   Mg++                         1,8
     VCM        87,1     87,4   Cl-                          108
     HCM        29,4     29,2   Fósforo                      4,9
Leucograma     5.310    4.800   Glicose              84
     Seg (%)       85      67   FA                           100
     Bt (%)         0       3   TGO                  42       45
     Mo (%)         6       3   TGP                  16       11
     Eo (%)         1       4   Gama-GT            184       176
     Linf (%)       7      23   PT                             9
Plaquetas     333000 273000          Alb                     2,1
TP (%)             70      65        Glob                    6,9
RNI             1,23     1,35   BT                0,73       0,8
TTPa                     18,1        BD             0,2      0,4
Ureia              37      32        BI           0,53       0,4
Creatinina        0,7    0,82   LDH                638
Na+              139
K+              4,05
EXAMES COMPLEMENTARES



Aspecto: Citrino
Análise do Líquido Ascítico 23.04.12 06.06.12
Celularidade Total                410     800
       Seg (%)                     20      20
       Linf (%)                    75      80
       Mon (%)                      5       0
Glicose                            50      60
Proteínas Totais                 5,27    6,25
Albumina                         1,47    1,72
GASA                               0,6   0,22
Cultura do líquido ascítico: Negativa
EXAMES COMPLEMENTARES



Baciloscopia (16.04.12): Negativa
Anti-HCV (23.04.12): Não reator
Cinética do Ferro (25.04.12):
                                  Ferro sérico (mcg/dL)     73
                                  TIBC (mcg/dL)             303
                                  Saturação de Transf (%)   36
                                  Ferritina (ng/mL)         142
Hemocultura (25.04.12): Negativa
PPD (11.05.12): Não reator
Sumário de Urina (11.05.12): Aspecto turvo, pH:05, nitrito negativo, proteínas e
glicose ausentes, presença de células epiteliais, filamento de muco e cristais de
oxalato de cálcio.
EXAMES COMPLEMENTARES


Radiografia de Tórax (23.04.12): Derrame pleural a direita. Nota-se também
aspecto sugestivo de opacidades reticulares.
Endoscopia digestiva alta (25.04.12): Gastropatia congestiva
USG de abdomen (02.05.12): Fígado de dimensões levemente reduzidas, contornos
serrilhados e parênquima homogêneo sem sinais de patologia focal. Presença de
líquido livre em cavidade abdominal e discreto derrame pleural a direita.
TC de abdomen (27.05.12): Ascite volumosa.
TC de tórax (27.05.12): Leve desvio das estruturas mediastinais para a direita,
opacidades reticulares de aspecto residual em segmento ápico-posterior do pulmão
esquerdo. Aparente diminuta imagem radiopaca, arredondada, infracentimétrica em
lobo médio de pulmão direito (diminuto nódulo?). Derrame pleural livre bilateral, mais
acentuado a direita, promovendo atelectasia compressiva dos segmentos basais
adjacentes.
EVOLUÇÃO




Evolução na Enfermaria:
Iniciado uso de sintomáticos apenas, evoluiu com regressão gradativa total
da ascite, mantendo dor abdominal de leve intensidade em região de
hipocôndrio direito à palpação profunda, astenia e perda ponderal (não
mensurada). Ao exame físico, apresentava propedêutica de derrame
pleural a direita.
EXAMES COMPLEMENTARES



                      Aspecto: Sero-hemático
                      Análise do Líquido Pleural 14.06.12
                     Celularidade Total                    1200
                            Seg (%)                           10
                            Linf (%)                          90
                     Glicose                                  64
                     Proteínas Totais                        7,6
                     Albumina                                1,3
                     Relação LDHl/LDHs                       1,3
                     Relação prot l/prot S                  0,56

Anatomia patológica da pleura: substância de fundo hemático contendo escassas
células inflamatórias – neutrófilos e linfócitos – citologia não-diagnóstica
EXAMES COMPLEMENTARES




Biópsia de peritônio (11.06.12): Peritonite crônica granulomatosa tipo
tuberculóide
INTRODUÇÃO

• A principal causa de ascite é cirrose (80% dos casos)
• Ascite devido a mais de uma causa corresponde a aproximadamente 5%
  dos casos

Tabela 1 - Causas de ascite
Cirrose                                           81%

Câncer                                            10%

Insuficiência cardíaca                            03%

Tuberculose                                       02%

Outras                                            04%

Fonte: Runyon, BA, Montano, AA, Akriviadis, EA, et al. Ann Intern Med 1992; 117:215.
Características Clínicas
Rare causes of ascites
Tabela 2 - Causas raras de ascite
Infectious
Amebiasis                                   Pelvic inflammatory disease

Ascariasis                                  Pseudomembranous colitis

Brucellosis                                 Salmonellosis

Chlamydia peritonitis                       Whipple's disease

Complications related to HIV infection

Hematologic
Amyloidosis                                 Leukemia

Castleman's syndrome                        Lymphoma

Extramedullary hematopoiesis                Mastocytosis

Hemophagocytic syndrome                     Multiple myeloma

Histiocytosis X

Miscellaneous
Abdominal pregnancy                         Nephrotic syndrome (in children, adults with nephrotic
                                            syndrome and ascites usually have another cause such as
                                            cirrhosis)

Crohn's disease                             Operative lymphatic tear or ureteral injury

Endometriosis                               Ovarian hyperstimulation syndrome

Gaucher's disease                           POEMS syndrome

Lymphangioleiomyomatosis                    Systemic lupus erythematosus

Myxedema                                    Ventriculoperitoneal shunt
INTRODUÇÃO

Formação do líquido ascítico

                                          Cirrose


                                  Aumento da resistência ao
                                        fluxo portal


                                      Hipertensão portal

                                        Vasodilatação
                                         esplâncnica


      da pressão capilar                                               Hipovolemia
        esplâncnica

                                                                     Ativação fatores
Formação > drenagem linfática                                 vasoconstrictores e natriuréticos

                                                                     Retenção de água
                                                                        e de sódio
                                Ascite                                 Expansão do
                                                                    volume plasmático
INTRODUÇÃO


Formação do líquido ascítico
• CARCINOMA HEPATOCELULAR:
 Ascite geralmente se desenvolve quando o volume tumoral aumenta a
  ponto de substituir uma grande extensão de massa hepática funcionante
  ou de invadir a veia porta, ocasionando trombose venosa portal
• TUBERCULOSE E CARCINOMATOSE PERITONEAL
 A ascite se desenvolve pela exsudação de um fluido rico em proteínas
  secretado pelos tuberculomas ou pelos focos carcinógenos
INTRODUÇÃO

Formação do líquido ascítico
                                 Insuficiência
                                   Cardíaca


                             Baixo débito cardíaco


                        Intensa ativação neuro-humoral


              da volemia e do retorno venoso para o coração esquerdo


            Hipertensão venocapilar pulmonar e aumento da resistência
                                    pulmonar


             das pressões de enchimento do ventrículo e do átrio direito


                        Sinais de congestão sistêmica




                                  Ascite
Aspectos Gerais


• Fatores de Risco:

 Álcool: Volume e duração do consumo de álcool




                                              Um litro de vinho
   80g de etanol diariamente por 10-20 anos   Oito cervejas tamanho padrão
                                              Metade de dose de licor
Aspectos Gerais

• Fatores de Risco:
 Hepatites virais:

                                         Hepatite B
   Hepatite C                            - Transfusões antes de 1978,
   - Transfusões anteriores a            - Provenientes de áreas endêmicas
   1993,                                 (interior da bacia do rio Amazonas),
   - Compartilhamento       de           - Homens     que       fazem   sexo   com
   agulhas,                              homens,
   - Usuários de cocaína,                - Usuários de drogas injetáveis,
   - Tatuagens,                          - Terapia dialítica,
   - Acupuntura                          - Infecção pelo vírus HIV,
                                         - Contato familiar, domiciliar e sexual
                                         com pessoas infectadas pelo vírus
Aspectos Gerais

• Fatores de Risco:

 História familiar: doença hepática

 Esteato-hepatite não-alcoólica (NASH): suspeita de cirrose, porém sem
  fatores de risco óbvios ou diagnóstico prévio de cirrose criptogênica em
  portadores de obesidade, DM e hiperlipidemia.

 Miscelânia: pacientes sem evidência clara de cirrose devem ser
  questionados sobre câncer, insuficiência cardíaca, tuberculose
Aspectos Específicos
Aspectos Específicos

• ETIOLOGIA HEPÁTICA

 Fatores envolvidos:



                        Progressão da doença hepática

   Superposição de lesões hepáticas agudas (alcoólica ou hepatite viral)

                  Desenvolvimento de hepatocarcinoma
Aspectos Específicos

• ETIOLOGIA HEPÁTICA

 Quase todos os pacientes com cirrose avançada como causadora da
  ascite apresentam estigmas de insuficiência hepática/cirrose ao exame
  físico

 Muitos pacientes com doença avançada apresentam icterícia, perda de
  massa muscular e leuconíquia (unhas brancas)

 Na etiologia alcoólica: hipertrofia de parótidas podem estar presentes;

 Geralmente há resposta à terapia com diuréticos e restrição de sódio,
  diferente de pacientes cuja ascite é secundária a outras causas
Aspectos Específicos

• ETIOLOGIA HEPÁTICA

 Líquido ascítico:

   - Gradiente albumina soro-ascite ≥1.1 g/dL indica a presença de
      hipertensão-portal (com acurácia de 97%)

 Ultrassonografia:

   - A dimensão do baço ≥12cm ou o achado de recanalização da veia
      umbilical fornece evidência indireta de hipertensão portal
Aspectos Específicos

• ETIOLOGIA NEOPLÁSICA
 Associa-se a casos de ascite em cerca de 07% dos casos



     Ascite maligna                           Carcinomatose peritonial
   Tabela 3 - Causas de ascite relacionada a malignidade
Carcinomatose Peritonial                           53%

Metástases hepáticas (hipertensão                  13%
portal)

Carcinomatose Peritonial e Metástases              13%
hepáticas

Carcinoma Hepatocelular e Cirrose                  13%

Linfoma (ascite “quilosa”)                         07%

Síndrome de Budd-Chiari de etiologia               Rara
neoplásica

   FONTE: Runyon, BA, Hoefs, JC, Morgan, TR. Ascitic fluid analysis in malignancy-related ascites.
   Hepatology 1998; 8:1104.
Aspectos Específicos

• ETIOLOGIA NEOPLÁSICA

 Principais sinais e sintomas associados:

    - Dor abdominal

    - Dispnéia

    - Saciedade precoce

    - Perda ponderal antes do desenvolvimento da ascite

    - Nódulo umbilical (por exemplo, nódulo da irmã Mary Joseph) -
       neoplasias (gástrica, de cólon, carcinoma hepatocelular ou linfoma e
       raramente o mesotelioma peritoneal)
Aspectos Específicos

• ETIOLOGIA NEOPLÁSICA

 Características do líquido ascítico:

     - Aspecto: Turvo, leitoso (ascite quilosa maligna) ou hemorrágico.


Tabela 4 – Frequência de ascite hemorrágica de acordo com a etiologia neoplásica
Carcinomatose Peritonial e Metástases      66%
hepáticas

Carcinoma Hepatocelular                    50%

Ascite relacionada a malignidade           22%

Carcinomatose Peritonial Isolada           10%
FONTE: UPTODATE Malignidade.
Aspectos Específicos

• ETIOLOGIA NEOPLÁSICA

 Características do líquido ascítico:

    - Concentração de glicose: queda na carcinomatose peritonial (17%
       <50mg/dL)

    - Relação LDH ascite/LDH sérica: maior que 1,0 nos casos de
       infecção ou tumor (VN: 0,4).

    - Níveis    de   proteína:    Níveis   ≥2.5g/dL   quando   secundária   a
       carcinomatose peritonial e <2.5g/dL em pacietes com metástases
       hepáticas e CHC ocasionando cirrose
Aspectos Específicos

• ETIOLOGIA NEOPLÁSICA

 Características do líquido ascítico:

    - Citologia do líquido ascítico positiva (a maioria é negativa): 2/3
       carcinomatose peritonial e 1/3 matástases hepáticas, ascite quilosa
       devida a linfoma, CHC ou síndrome de Budd-Chiari. Sensibilidade:
       58-75%.

    - Antígeno carcinomembrionário (CEA): pode ser útil na análise do
       líquido ascítico, mas sua validade ainda não é clara (estudos com
       pequeno número de pacientes e sem análise de subgrupos)

    - CA 125: Baixa sensibilidade e especificidade
Aspectos Específicos

• ETIOLOGIA NEOPLÁSICA

 Laparoscopia com biopsia de implantes peritoniais têm uma sensibilidade
  próxima a 100% para detectar carcinomatose peritonial

 Também tem sido descrito o uso de biopsia transabdominal guiada por
  USG em pacientes de regiões com espessamento do omento.

 TC ou RNM de abdomen podem ser evidenciadas uma lesões focais
Aspectos Específicos

• ETIOLOGIA CARDÍACA/PULMONAR
 A estimativa da pressão venosa jugular pode ser importante para
  avaliação de pacientes com ascite, já que uma elevação sugere que
  insuficiência cardíaca ou pericardite constritiva podem ser a causa.
 Peptídeo natriurético cerebral  Sua mensuração pode ajudar na
  distinção entre ascite secundária a cirrose e a insuficiência cardíaca. Os
  valores médios são significantemente maiores na insuficiência cardíaca
  (6100 versus 166 pg/mL).
 GASA > 1.1 g/dl, com concentração de proteínas > 2.5 g/dl
 O uso de diurético pode diminuir o GASA
 Alta contagem de LDH e células hemáticas
 Hematócrito maior do que em paciente com cirrose
Aspectos Específicos

• ETIOLOGIA INFECCIOSA – TUBERCULOSE PERITONIAL
 Características gerais:
   - Ocorre mais comumente após reativação de focos latentes da
      tuberculose no peritônio que se estabelecem após    disseminação
      hematogênica de um foco pulmonar primário
   - Menos comumente, o microrganismo entra na cavidade peritoneal a
      partir de infecção no intestino ou por contiguidade na salpingite
      tuberculosa.
   - É um sitio incomum de tuberculose extrapulmonar
   - Idade de apresentação mais frequente: 55 anos, sem predominância
      entre os sexos
Aspectos Específicos

• ETIOLOGIA INFECCIOSA – TUBERCULOSE PERITONIAL
 Características gerais:
   - Mais de 90% dos pacientes com TB peritoneal têm ascite na
      apresentação da doença
   - O restante apresenta-se na ―fase seca‖ da TB peritoneal , representada
      pela forma fibroadesiva da doença
   - Aproximadamente 70% dos pacientes têm sintomas por mais de quatro
      meses antes de se estabelecer o diagnóstico
   - Portanto TB peritoneal deve ser adicionada ao diagnóstico diferencial
      de qualquer paciente que apresente quadro de dor abdominal (73%),
      perda ponderal e febre (58%) por várias semanas
Aspectos Específicos
• ETIOLOGIA INFECCIOSA – TUBERCULOSE PERITONIAL
 Fatores de risco:
                                    Cirrose
                                     CAPD
                                Diabetes Mellitus
                                  Malignidade
                             Uso de corticosteróides
                                     AIDS

 Exames laboratoriais:
   - Leve a moderada anemia normocrômica e normocítica (Hb 9.9 g/dL) em
     50% dos casos. Contagem normal de leucócitos está presente na maioria
     dos pacientes.
   - Pode haver aumento dos níveis séricos de CA-125, caindo para níveis
     normais (<35 U/mL) com o tratamento. Os níveis no líquido ascítico
     podem aumentar em qualquer etiologia.
 Rx de tórax: evidência de TB pulmonar prévia é observada em 33%
Aspectos Específicos

• ETIOLOGIA INFECCIOSA – PERITONITE TUBERCULOSA
 Características do líquido ascítico
    - Aspecto: ao contrário do que se acredita, é raramente sanguinolenta
    - Contagem de leucócitos: entre 150 e 4000mm³ e linfocitose
    - Contagem de células pode mimetizar uma PBE com cultura negativa,
    porém geralmente com predomínio mononuclear
    - Marcadores inflamatórios e proteínas: elevados (>3.0 g/dL)
    - GASA <1.1 g/dL, em paciente sem cirrose associada.
    - Esfregaço direto para coloração de Ziehl-Neelson: sensibilidade de
    06%
    - Adenosina deaminase  apresenta altos níveis de sensibilidade
    (100%) e de especificidade (97%) quando com valores acima de 36 a
    40IU/L.
Aspectos Específicos

• ETIOLOGIA INFECCIOSA – PERITONITE TUBERCULOSA
 Características do líquido ascítico:
  - Também pode ser realizada PCR, porém sua utilidade ainda não está
  bem estabelecida
 Diagnóstico:
  - Cultura do líquido ascítico  positiva em menos de 20%
  - Cultura do tecido peritoneal  Padrão-ouro. Sensibilidade varia entre
  62% e 83%
  - Peritonioscopia  pode demonstrar típicos nódulos esbranquiçados ou
  lesões miliares, linfonodomegalias, fibrose peritoneal com aspecto de
  ―cordas de violino‖ e espessamento do omento
  - Biópsia das lesões peritoneais  podem demonstrar granulomas
  caseosos, com sensibilidade próxima a 100%.
Aspectos Específicos

• ETIOLOGIA INFECCIOSA – PERITONITE TUBERCULOSA
 Diagnóstico:
   - Enzyme-linked immunospot assay (ELISPOT) — Medida de
     imunoglobulinas secretadas pela resposta das células-T aos antígenos
     do   Mycobacterium    tuberculosis,   com   resultados   promissores.
     Sensibilidade 94% e especificidade de 88%
   - Um estudo demonstrou ELISPOT positivo em seis de seis pacientes
     com TB abdomino-pélvica confirmada
Referências Bibliográficas



1.   Bernardo, J. Clinical manifestations, diagnosis, and treatment of extrapulmonary and miliary
     tuberculosis. UpToDate. Out 17, 2012.

2.   Byrnes, V. Tuberculous peritonitis. UpToDate. Out 18, 2012.

3.   Montera MW, Almeida RA, Tinoco EM, Rocha RM, Moura LZ, Réa-Neto A, et al. Sociedade
     Brasileira de Cardiologia. II Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Aguda. Arq Bras
     Cardiol. 2009;93(3 supl.3):1-65.

4.   Pere Gines, M.D., Andres Cardenas, M.D., Vicente Arroyo, M.D., and Juan Rodes, M.D
     Management of Cirrhosis and Ascites. N Engl J Med. 2004;350:1646-54.

5.   Runyon, B. A. Cardiac ascites: a characterization. J Clin Gastroenterol. 1988;10(4):410.

6.   Runyon, B. A. Diagnosis and evaluation of patients with ascites. UpToDate. Nov 16, 2011.

7.   Runyon, B. A. Malignancy-related ascites. UpToDate. Jul 26, 2012.
Obrigada!

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Apresentação caso clínico

  • 1. Programa de Residência Médica – SUS Bahia Hospital Santo Antônio – HSA Isabela Maria Oliva – MR 1 Clínica Médica
  • 2.
  • 3. ANAMNESE Identificação: RSL, 49 anos, masculino, pardo, solteiro, católico, desempregado, natural de Alagoinhas e procedente de Salvador – Bahia. Queixa principal: Aumento do volume abdominal há duas semanas. História da moléstia atual: Paciente previamente hígido, refere aumento de volume abdominal progressivo há duas semanas da admissão, associado a dor abdominal difusa (de qualidade mal caracterizada), sem irradiação, graduando a intensidade em seis (0-10), com piora à palpação abdominal e movimentação e melhora ao uso de dipirona. Foi internado no HGRS para drenagem de líquido ascítico há um dia da admissão e encaminhado para este serviço para investigação diagnóstica. Refere plenitude gástrica associada, o que reduziu a ingesta alimentar no período citado.
  • 4. ANAMNESE Interrogatório sistemático: Geral: Refere perda ponderal importante (não mensurada) durante os últimos cinco meses. Nega febre, astenia, sudorese noturna, hiporexia. Pele: Nega manchas ou ulcerações na pele e equimoses. Cabeça/Pescoço: Nega alopécia, alterações oculares e auditivas, lesões orofaríngeas, adenomegalia cervical. Ap. Respiratório: Nega tosse, dispnéia ou dor torácica Ap. Cardiovascular: Nega palpitação, edema de membros inferiores ou dispnéia paroxística noturna Ap. Gastrointestinal: Refere constipação na última semana, tendo apresentado hematoquezia de pequena monta. Nega melena, hematêmese, disfagia ou pirose Ap. Genitourinário: Nega disúria, poliúria, polaciúria, hematúria ou lesões genitais
  • 5. ANAMNESE Interrogatório sistemático: Osteomuscular: Nega fraqueza em membros, alteração na amplitude de movimentos. Neurológico: Refere dor e parestesia em pés (não soube especificar). Nega tremores, síncope. Hábitos de vida: Refere etilismo durante 30 anos, com ingesta diária de bebidas alcoólicas destiladas em grande quantidade, abstêmio há um mês. Nega tabagismo ou uso de drogas ilícitas. Sedentário, dieta sem restrições.
  • 6. ANAMNESE Antecedentes médicos: Refere diagnóstico de Diabetes Mellitus tipo 2 há um ano, sem uso regular de medicamentos. História de amputação de quarto pododáctilo esquerdo há um ano e amputação de hálux esquerdo há um mês (em decorrência de trauma local). História de internamento hospitalar há 10 anos secundário a abstinência alcoólica. Epidemiologia positiva para Esquistossomose, Leptospirose e Leishmaniose. Nega transfusões sanguíneas. Antecedentes familiares: História de Hipertensão Arterial Sistêmica em irmãs e infecção pelo HIV em irmão. Não soube referir sobre outras patologias na família. História psicossocial: Mora com filha e netos em zona urbana, em casa com água encanada e esgotamento sanitário, não faz ingestão de água mineral ou filtrada e fervida.
  • 7. EXAME FÍSICO Geral: Regular estado geral, lúcido e orientado em tempo e espaço, eupnéico, emagrecido, descorado (2+/4+), hidratado, anictérico, acianótico Dados vitais: FC: 82bpm FR: 20ipm PA: 110x70mmHg TAx: 36,5 C Exame físico segmentar: Pele: elasticidade e turgor diminuídos. Ausência de telangiectasias e outras lesões. Cabeça/pescoço: ausência de adenomegalia cervical e submandibular, ausência de estase de jugular a 45 Tórax: sem abaulamentos ou retrações, ausência de circulação colateral AR: expansibilidade preservada, frêmito toracovocal presente, simétrico e normal, murmúrio vesicular bem distribuído e sem ruídos adventícios bilateralmente.
  • 8. EXAME FÍSICO Exame físico segmentar: ACV: Ictus cordis não visível, palpável em 5º espaço intercostal esquerdo, medindo cerca de 2,0cm, ausência de frêmitos, bulhas rítmicas, hiperfonéticas em dois tempos e sem sopros. Abdomen: globoso, às custas de ascite, cicatriz umbilical protusa, presença de circulação colateral discreta, ruídos hidroaéreos presentes, espaço de Traube ocupado, visceromegalias não foram palpadas. Extremidades: frias, mal perfundidas, velocidade de enchimento capilar reduzido, presença de edema perimaleolar (1+/4+) bilateral, sem cacifo, sem sinais flogísticos, ausência cirúrgica de quarto pododáctilo e hálux esquerdos. Neurológico: hipotrofia muscular generalizada, sensibilidade preservada.
  • 9. RESUMO RSL, 49 anos, masculino, pardo, solteiro, natural de Alagoinhas e procedente de Salvador - Ba, previamente hígido, cuja queixa principal foi aumento do volume abdominal há 02 semanas da admissão, apresentou quadro de aumento de volume abdominal progressivo, associado a dor abdominal difusa (mal caracterizada), sem irradiação, intensidade 6/10, com piora à palpação abdominal e movimentação e melhora ao uso de dipirona. Referiu plenitude gástrica com consequente redução da ingesta alimentar neste período, perda ponderal importante (não mensurada) durante os últimos cinco meses, constipação na última semana, tendo apresentado hematoquezia de pequena monta, além de dor e parestesia em pés (mal caracterizadas). História de etilismo importante durante 30 anos, abstêmio há um mês e diagnóstico de DM2 há um ano. História familiar de HAS de irmãs. Ao exame físico, apresentava-se em REG, emagrecido, descorado (2+/4+); pele com elasticidade e turgor diminuídos; abdomen globoso, às custas de ascite, com circulação colateral discreta e espaço de Traube ocupado, sem visceromegalias palpadas; extremidades frias, mal perfundidas, com edema perimaleolar (1+/4+) bilateral, sem cacifo e sem sinais flogísticos.
  • 10. ? ? ? ? ? ? ?  Hipóteses ? ? Diagnósticas ? ? ? ? ? ? ?
  • 11. EXAMES COMPLEMENTARES Ex. Lab. 23.04.12 25.04.12 Ex. Lab. 23.04.12 25.04.12 Hb 11,6 10,7 Ca++ 9,3 Ht (%) 35,7 32 Mg++ 1,8 VCM 87,1 87,4 Cl- 108 HCM 29,4 29,2 Fósforo 4,9 Leucograma 5.310 4.800 Glicose 84 Seg (%) 85 67 FA 100 Bt (%) 0 3 TGO 42 45 Mo (%) 6 3 TGP 16 11 Eo (%) 1 4 Gama-GT 184 176 Linf (%) 7 23 PT 9 Plaquetas 333000 273000 Alb 2,1 TP (%) 70 65 Glob 6,9 RNI 1,23 1,35 BT 0,73 0,8 TTPa 18,1 BD 0,2 0,4 Ureia 37 32 BI 0,53 0,4 Creatinina 0,7 0,82 LDH 638 Na+ 139 K+ 4,05
  • 12. EXAMES COMPLEMENTARES Aspecto: Citrino Análise do Líquido Ascítico 23.04.12 06.06.12 Celularidade Total 410 800 Seg (%) 20 20 Linf (%) 75 80 Mon (%) 5 0 Glicose 50 60 Proteínas Totais 5,27 6,25 Albumina 1,47 1,72 GASA 0,6 0,22 Cultura do líquido ascítico: Negativa
  • 13. EXAMES COMPLEMENTARES Baciloscopia (16.04.12): Negativa Anti-HCV (23.04.12): Não reator Cinética do Ferro (25.04.12): Ferro sérico (mcg/dL) 73 TIBC (mcg/dL) 303 Saturação de Transf (%) 36 Ferritina (ng/mL) 142 Hemocultura (25.04.12): Negativa PPD (11.05.12): Não reator Sumário de Urina (11.05.12): Aspecto turvo, pH:05, nitrito negativo, proteínas e glicose ausentes, presença de células epiteliais, filamento de muco e cristais de oxalato de cálcio.
  • 14. EXAMES COMPLEMENTARES Radiografia de Tórax (23.04.12): Derrame pleural a direita. Nota-se também aspecto sugestivo de opacidades reticulares. Endoscopia digestiva alta (25.04.12): Gastropatia congestiva USG de abdomen (02.05.12): Fígado de dimensões levemente reduzidas, contornos serrilhados e parênquima homogêneo sem sinais de patologia focal. Presença de líquido livre em cavidade abdominal e discreto derrame pleural a direita. TC de abdomen (27.05.12): Ascite volumosa. TC de tórax (27.05.12): Leve desvio das estruturas mediastinais para a direita, opacidades reticulares de aspecto residual em segmento ápico-posterior do pulmão esquerdo. Aparente diminuta imagem radiopaca, arredondada, infracentimétrica em lobo médio de pulmão direito (diminuto nódulo?). Derrame pleural livre bilateral, mais acentuado a direita, promovendo atelectasia compressiva dos segmentos basais adjacentes.
  • 15. EVOLUÇÃO Evolução na Enfermaria: Iniciado uso de sintomáticos apenas, evoluiu com regressão gradativa total da ascite, mantendo dor abdominal de leve intensidade em região de hipocôndrio direito à palpação profunda, astenia e perda ponderal (não mensurada). Ao exame físico, apresentava propedêutica de derrame pleural a direita.
  • 16. EXAMES COMPLEMENTARES Aspecto: Sero-hemático Análise do Líquido Pleural 14.06.12 Celularidade Total 1200 Seg (%) 10 Linf (%) 90 Glicose 64 Proteínas Totais 7,6 Albumina 1,3 Relação LDHl/LDHs 1,3 Relação prot l/prot S 0,56 Anatomia patológica da pleura: substância de fundo hemático contendo escassas células inflamatórias – neutrófilos e linfócitos – citologia não-diagnóstica
  • 17. EXAMES COMPLEMENTARES Biópsia de peritônio (11.06.12): Peritonite crônica granulomatosa tipo tuberculóide
  • 18.
  • 19. INTRODUÇÃO • A principal causa de ascite é cirrose (80% dos casos) • Ascite devido a mais de uma causa corresponde a aproximadamente 5% dos casos Tabela 1 - Causas de ascite Cirrose 81% Câncer 10% Insuficiência cardíaca 03% Tuberculose 02% Outras 04% Fonte: Runyon, BA, Montano, AA, Akriviadis, EA, et al. Ann Intern Med 1992; 117:215.
  • 20. Características Clínicas Rare causes of ascites Tabela 2 - Causas raras de ascite Infectious Amebiasis Pelvic inflammatory disease Ascariasis Pseudomembranous colitis Brucellosis Salmonellosis Chlamydia peritonitis Whipple's disease Complications related to HIV infection Hematologic Amyloidosis Leukemia Castleman's syndrome Lymphoma Extramedullary hematopoiesis Mastocytosis Hemophagocytic syndrome Multiple myeloma Histiocytosis X Miscellaneous Abdominal pregnancy Nephrotic syndrome (in children, adults with nephrotic syndrome and ascites usually have another cause such as cirrhosis) Crohn's disease Operative lymphatic tear or ureteral injury Endometriosis Ovarian hyperstimulation syndrome Gaucher's disease POEMS syndrome Lymphangioleiomyomatosis Systemic lupus erythematosus Myxedema Ventriculoperitoneal shunt
  • 21. INTRODUÇÃO Formação do líquido ascítico Cirrose Aumento da resistência ao fluxo portal Hipertensão portal Vasodilatação esplâncnica da pressão capilar Hipovolemia esplâncnica Ativação fatores Formação > drenagem linfática vasoconstrictores e natriuréticos Retenção de água e de sódio Ascite Expansão do volume plasmático
  • 22. INTRODUÇÃO Formação do líquido ascítico • CARCINOMA HEPATOCELULAR:  Ascite geralmente se desenvolve quando o volume tumoral aumenta a ponto de substituir uma grande extensão de massa hepática funcionante ou de invadir a veia porta, ocasionando trombose venosa portal • TUBERCULOSE E CARCINOMATOSE PERITONEAL  A ascite se desenvolve pela exsudação de um fluido rico em proteínas secretado pelos tuberculomas ou pelos focos carcinógenos
  • 23. INTRODUÇÃO Formação do líquido ascítico Insuficiência Cardíaca Baixo débito cardíaco Intensa ativação neuro-humoral da volemia e do retorno venoso para o coração esquerdo Hipertensão venocapilar pulmonar e aumento da resistência pulmonar das pressões de enchimento do ventrículo e do átrio direito Sinais de congestão sistêmica Ascite
  • 24. Aspectos Gerais • Fatores de Risco:  Álcool: Volume e duração do consumo de álcool Um litro de vinho 80g de etanol diariamente por 10-20 anos Oito cervejas tamanho padrão Metade de dose de licor
  • 25. Aspectos Gerais • Fatores de Risco:  Hepatites virais: Hepatite B Hepatite C - Transfusões antes de 1978, - Transfusões anteriores a - Provenientes de áreas endêmicas 1993, (interior da bacia do rio Amazonas), - Compartilhamento de - Homens que fazem sexo com agulhas, homens, - Usuários de cocaína, - Usuários de drogas injetáveis, - Tatuagens, - Terapia dialítica, - Acupuntura - Infecção pelo vírus HIV, - Contato familiar, domiciliar e sexual com pessoas infectadas pelo vírus
  • 26. Aspectos Gerais • Fatores de Risco:  História familiar: doença hepática  Esteato-hepatite não-alcoólica (NASH): suspeita de cirrose, porém sem fatores de risco óbvios ou diagnóstico prévio de cirrose criptogênica em portadores de obesidade, DM e hiperlipidemia.  Miscelânia: pacientes sem evidência clara de cirrose devem ser questionados sobre câncer, insuficiência cardíaca, tuberculose
  • 28. Aspectos Específicos • ETIOLOGIA HEPÁTICA  Fatores envolvidos: Progressão da doença hepática Superposição de lesões hepáticas agudas (alcoólica ou hepatite viral) Desenvolvimento de hepatocarcinoma
  • 29. Aspectos Específicos • ETIOLOGIA HEPÁTICA  Quase todos os pacientes com cirrose avançada como causadora da ascite apresentam estigmas de insuficiência hepática/cirrose ao exame físico  Muitos pacientes com doença avançada apresentam icterícia, perda de massa muscular e leuconíquia (unhas brancas)  Na etiologia alcoólica: hipertrofia de parótidas podem estar presentes;  Geralmente há resposta à terapia com diuréticos e restrição de sódio, diferente de pacientes cuja ascite é secundária a outras causas
  • 30. Aspectos Específicos • ETIOLOGIA HEPÁTICA  Líquido ascítico: - Gradiente albumina soro-ascite ≥1.1 g/dL indica a presença de hipertensão-portal (com acurácia de 97%)  Ultrassonografia: - A dimensão do baço ≥12cm ou o achado de recanalização da veia umbilical fornece evidência indireta de hipertensão portal
  • 31. Aspectos Específicos • ETIOLOGIA NEOPLÁSICA  Associa-se a casos de ascite em cerca de 07% dos casos Ascite maligna Carcinomatose peritonial Tabela 3 - Causas de ascite relacionada a malignidade Carcinomatose Peritonial 53% Metástases hepáticas (hipertensão 13% portal) Carcinomatose Peritonial e Metástases 13% hepáticas Carcinoma Hepatocelular e Cirrose 13% Linfoma (ascite “quilosa”) 07% Síndrome de Budd-Chiari de etiologia Rara neoplásica FONTE: Runyon, BA, Hoefs, JC, Morgan, TR. Ascitic fluid analysis in malignancy-related ascites. Hepatology 1998; 8:1104.
  • 32. Aspectos Específicos • ETIOLOGIA NEOPLÁSICA  Principais sinais e sintomas associados: - Dor abdominal - Dispnéia - Saciedade precoce - Perda ponderal antes do desenvolvimento da ascite - Nódulo umbilical (por exemplo, nódulo da irmã Mary Joseph) - neoplasias (gástrica, de cólon, carcinoma hepatocelular ou linfoma e raramente o mesotelioma peritoneal)
  • 33. Aspectos Específicos • ETIOLOGIA NEOPLÁSICA  Características do líquido ascítico: - Aspecto: Turvo, leitoso (ascite quilosa maligna) ou hemorrágico. Tabela 4 – Frequência de ascite hemorrágica de acordo com a etiologia neoplásica Carcinomatose Peritonial e Metástases 66% hepáticas Carcinoma Hepatocelular 50% Ascite relacionada a malignidade 22% Carcinomatose Peritonial Isolada 10% FONTE: UPTODATE Malignidade.
  • 34. Aspectos Específicos • ETIOLOGIA NEOPLÁSICA  Características do líquido ascítico: - Concentração de glicose: queda na carcinomatose peritonial (17% <50mg/dL) - Relação LDH ascite/LDH sérica: maior que 1,0 nos casos de infecção ou tumor (VN: 0,4). - Níveis de proteína: Níveis ≥2.5g/dL quando secundária a carcinomatose peritonial e <2.5g/dL em pacietes com metástases hepáticas e CHC ocasionando cirrose
  • 35. Aspectos Específicos • ETIOLOGIA NEOPLÁSICA  Características do líquido ascítico: - Citologia do líquido ascítico positiva (a maioria é negativa): 2/3 carcinomatose peritonial e 1/3 matástases hepáticas, ascite quilosa devida a linfoma, CHC ou síndrome de Budd-Chiari. Sensibilidade: 58-75%. - Antígeno carcinomembrionário (CEA): pode ser útil na análise do líquido ascítico, mas sua validade ainda não é clara (estudos com pequeno número de pacientes e sem análise de subgrupos) - CA 125: Baixa sensibilidade e especificidade
  • 36. Aspectos Específicos • ETIOLOGIA NEOPLÁSICA  Laparoscopia com biopsia de implantes peritoniais têm uma sensibilidade próxima a 100% para detectar carcinomatose peritonial  Também tem sido descrito o uso de biopsia transabdominal guiada por USG em pacientes de regiões com espessamento do omento.  TC ou RNM de abdomen podem ser evidenciadas uma lesões focais
  • 37.
  • 38. Aspectos Específicos • ETIOLOGIA CARDÍACA/PULMONAR  A estimativa da pressão venosa jugular pode ser importante para avaliação de pacientes com ascite, já que uma elevação sugere que insuficiência cardíaca ou pericardite constritiva podem ser a causa.  Peptídeo natriurético cerebral  Sua mensuração pode ajudar na distinção entre ascite secundária a cirrose e a insuficiência cardíaca. Os valores médios são significantemente maiores na insuficiência cardíaca (6100 versus 166 pg/mL).  GASA > 1.1 g/dl, com concentração de proteínas > 2.5 g/dl  O uso de diurético pode diminuir o GASA  Alta contagem de LDH e células hemáticas  Hematócrito maior do que em paciente com cirrose
  • 39. Aspectos Específicos • ETIOLOGIA INFECCIOSA – TUBERCULOSE PERITONIAL  Características gerais: - Ocorre mais comumente após reativação de focos latentes da tuberculose no peritônio que se estabelecem após disseminação hematogênica de um foco pulmonar primário - Menos comumente, o microrganismo entra na cavidade peritoneal a partir de infecção no intestino ou por contiguidade na salpingite tuberculosa. - É um sitio incomum de tuberculose extrapulmonar - Idade de apresentação mais frequente: 55 anos, sem predominância entre os sexos
  • 40. Aspectos Específicos • ETIOLOGIA INFECCIOSA – TUBERCULOSE PERITONIAL  Características gerais: - Mais de 90% dos pacientes com TB peritoneal têm ascite na apresentação da doença - O restante apresenta-se na ―fase seca‖ da TB peritoneal , representada pela forma fibroadesiva da doença - Aproximadamente 70% dos pacientes têm sintomas por mais de quatro meses antes de se estabelecer o diagnóstico - Portanto TB peritoneal deve ser adicionada ao diagnóstico diferencial de qualquer paciente que apresente quadro de dor abdominal (73%), perda ponderal e febre (58%) por várias semanas
  • 41. Aspectos Específicos • ETIOLOGIA INFECCIOSA – TUBERCULOSE PERITONIAL  Fatores de risco: Cirrose CAPD Diabetes Mellitus Malignidade Uso de corticosteróides AIDS  Exames laboratoriais: - Leve a moderada anemia normocrômica e normocítica (Hb 9.9 g/dL) em 50% dos casos. Contagem normal de leucócitos está presente na maioria dos pacientes. - Pode haver aumento dos níveis séricos de CA-125, caindo para níveis normais (<35 U/mL) com o tratamento. Os níveis no líquido ascítico podem aumentar em qualquer etiologia.  Rx de tórax: evidência de TB pulmonar prévia é observada em 33%
  • 42. Aspectos Específicos • ETIOLOGIA INFECCIOSA – PERITONITE TUBERCULOSA  Características do líquido ascítico - Aspecto: ao contrário do que se acredita, é raramente sanguinolenta - Contagem de leucócitos: entre 150 e 4000mm³ e linfocitose - Contagem de células pode mimetizar uma PBE com cultura negativa, porém geralmente com predomínio mononuclear - Marcadores inflamatórios e proteínas: elevados (>3.0 g/dL) - GASA <1.1 g/dL, em paciente sem cirrose associada. - Esfregaço direto para coloração de Ziehl-Neelson: sensibilidade de 06% - Adenosina deaminase  apresenta altos níveis de sensibilidade (100%) e de especificidade (97%) quando com valores acima de 36 a 40IU/L.
  • 43. Aspectos Específicos • ETIOLOGIA INFECCIOSA – PERITONITE TUBERCULOSA  Características do líquido ascítico: - Também pode ser realizada PCR, porém sua utilidade ainda não está bem estabelecida  Diagnóstico: - Cultura do líquido ascítico  positiva em menos de 20% - Cultura do tecido peritoneal  Padrão-ouro. Sensibilidade varia entre 62% e 83% - Peritonioscopia  pode demonstrar típicos nódulos esbranquiçados ou lesões miliares, linfonodomegalias, fibrose peritoneal com aspecto de ―cordas de violino‖ e espessamento do omento - Biópsia das lesões peritoneais  podem demonstrar granulomas caseosos, com sensibilidade próxima a 100%.
  • 44. Aspectos Específicos • ETIOLOGIA INFECCIOSA – PERITONITE TUBERCULOSA  Diagnóstico: - Enzyme-linked immunospot assay (ELISPOT) — Medida de imunoglobulinas secretadas pela resposta das células-T aos antígenos do Mycobacterium tuberculosis, com resultados promissores. Sensibilidade 94% e especificidade de 88% - Um estudo demonstrou ELISPOT positivo em seis de seis pacientes com TB abdomino-pélvica confirmada
  • 45. Referências Bibliográficas 1. Bernardo, J. Clinical manifestations, diagnosis, and treatment of extrapulmonary and miliary tuberculosis. UpToDate. Out 17, 2012. 2. Byrnes, V. Tuberculous peritonitis. UpToDate. Out 18, 2012. 3. Montera MW, Almeida RA, Tinoco EM, Rocha RM, Moura LZ, Réa-Neto A, et al. Sociedade Brasileira de Cardiologia. II Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Aguda. Arq Bras Cardiol. 2009;93(3 supl.3):1-65. 4. Pere Gines, M.D., Andres Cardenas, M.D., Vicente Arroyo, M.D., and Juan Rodes, M.D Management of Cirrhosis and Ascites. N Engl J Med. 2004;350:1646-54. 5. Runyon, B. A. Cardiac ascites: a characterization. J Clin Gastroenterol. 1988;10(4):410. 6. Runyon, B. A. Diagnosis and evaluation of patients with ascites. UpToDate. Nov 16, 2011. 7. Runyon, B. A. Malignancy-related ascites. UpToDate. Jul 26, 2012.