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Estudo de Viabilidade para Implantação de um Sistema Híbrido Eólico-
Fotovoltaico de Baixa Potência com Conexão à Rede Elétrica
Jan Thomas Heineman
PROJETO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO DE
ENGENHARIA ELÉTRICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS
PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO ELETRICISTA.
Aprovado por:
___________________________________
Prof. Walter Issamu Suemitsu, Dr. Ing.
(Orientador)
___________________________________
Prof. Guilherme Rolim, Dr.-Ing.
___________________________________
Prof. Regina Araújo, D. Sc.
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
AGOSTO DE 2007
2
Este trabalho é dedicado à minha família que sempre me proveu boa educação,
estrutura e condição de ensino.
3
“A sabedoria da natureza é tal que não produz nada de supérfluo ou inútil“
Nicolau Copérnico, Polônia, [1473-1543], Astrônomo.
4
Sumário
1. Introdução.............................................................................................................6
1.1. Objetivo .............................................................................................................7
1.2. Conceitos ..........................................................................................................8
1.3. Considerações gerais ......................................................................................8
1.4. Disposições Legais ........................................................................................10
1.4.1. Decreto nº. 2.003, de 10 de setembro de 1996..........................................10
1.4.2. Lei nº. 9.478, de 06 de agosto de 1997 ......................................................10
1.4.3. Resolução nº. 112, de 18 de maio de 1999................................................10
1.4.4. Resolução nº. 371, de 29 de dezembro de 1999 .......................................10
1.4.5. Resolução nº. 170, de 4 de maio de 2001..................................................10
1.4.6. Resolução nº. 24, de 05 de Julho de 2001.................................................11
1.4.7. Medida Provisória nº. 14, de 21 de dezembro de 2001 ............................11
1.5. PROINFA .........................................................................................................11
1.6. CCC..................................................................................................................12
1.6.1 Evolução da legislação visando suprimir, progressivamente, o
montante dos recursos destinados à geração termelétrica até sua extinção. ....12
1.6.2 A Sub-rogação dos benefícios da CCC para o Desenvolvimento das
Fontes Renováveis de Geração de Energia Elétrica. .............................................13
1.6.3. Requisitos básicos para a sub-rogação ...................................................14
1.6.4. Requisitos e Procedimentos estabelecidos na Resolução ANEEL nº.
245/99 para solicitação dos benefícios da CCC. ....................................................15
2. Projeto.................................................................................................................16
2.1. Descrição do sistema.....................................................................................16
2.1.1. Geração Eólica ............................................................................................16
2.1.2. Geração Fotovoltaica..................................................................................17
2.1.3. Unidade de condicionamento de potência ...............................................17
2.1.4. Unidade de controle....................................................................................17
2.1.4.1. Prevenção contra ilhamento ......................................................................17
2.1.5. Subsistema de armazenamento.................................................................18
2.1.6. Carga local...................................................................................................19
5
2.2.1. Razões para escolha de turbinas grandes ...............................................20
2.2.2. Razões para escolha de turbinas pequenas.............................................20
2.2.3. Especificação da turbina............................................................................21
2.3. Placa fotovoltaica ...........................................................................................23
2.3.1. Especificação da placa fotovoltaica..........................................................23
3. Dados e resultados de geração ........................................................................25
3.1. Ventos do local ...............................................................................................25
3.2. Cálculo da energia eólica gerada..................................................................28
3.3. Incidência solar ..............................................................................................29
3.5. Cálculo da energia fotovoltaica gerada........................................................30
4. Aspectos econômicos dos projetos eólico e solar.........................................31
4.1. Custos de um projeto eólico .........................................................................31
4.2. Custos de um projeto fotovoltaico................................................................33
4.3. Custo do sistema híbrido...............................................................................35
5. Estudo do investimento.....................................................................................37
5.1. Metodologia Utilizada.....................................................................................38
5.1.1. VPL...............................................................................................................38
5.1.2. TIR ................................................................................................................39
5.1.3. Amortização do Capital ..............................................................................40
5.2. Análise de Sensibilidade................................................................................41
5.2.1. Percentual de custos da instalação fotovoltaica X TIR ...........................44
5.2.2. Dólar X TIR...................................................................................................45
5.2.3. Variação do valor normativo da energia eólica comercializada X TIR ...46
6. Conclusão...........................................................................................................47
7. Sugestões para trabalhos futuros ....................................................................48
8. Bibliografia .........................................................................................................49
6
1. Introdução
O crescente consumo de eletricidade na atualidade impulsiona o
desenvolvimento de diferentes formas de aproveitamento energético ao redor do
mundo. Tal demanda por eletricidade vem sido suprida, em sua maior parte, por
fontes fósseis de energia as quais comprovadamente degradam o meio ambiente.
Além disso, estudos prevêem que com os atuais e crescentes níveis de consumo, os
combustíveis fósseis poderão esgotar-se ainda neste século.
Uma alternativa para tal cenário é a utilização de fontes solares de energia, isto
é, fontes que estão direta ou indiretamente ligadas ao efeito do sol em nosso planeta.
Por sua vez, as fontes solares de energia são inesgotáveis, e seu uso produz um
impacto ambiental de grandeza muito inferior. Cabe acrescentar que o número de
elos na cadeia de produção elétrica das fontes solares é notavelmente inferior às
fontes térmicas de origem fóssil e nuclear.
Inúmeras fontes solares de energia, tais como fotovoltaica, eólica, solar
térmica, hidrelétrica e das marés são viáveis tecnologicamente. Sua utilização pode
ser feita sob as mais diversas condições, em pequena ou grande escala, podendo
atender diferentes tipos de produtores de eletricidade e consumidores. Devido a esta
relativa flexibilidade de implantação, o uso das fontes solares de energia pode
promover a geração distribuída *1
. A geração distribuída por sua vez também
proporciona um menor impacto ambiental.
Apesar de normalmente o custo das fontes solares de energia ser
comparativamente superior às fontes fósseis, a sua utilização se justifica pelo baixo
impacto ao meio-ambiente, pela diversificação na geração de energia e por promover
a sustentabilidade ecológica *2
e social *3
do planeta.
*1 - Geração Distribuída é uma expressão usada para designar a geração elétrica realizada junto ou próxima do(s) consumidor
(es) independentemente da potência, tecnologia e fonte de energia. *2 - Sustentabilidade ecológica: ancorada no principio da
solidariedade com o planeta e suas riquezas e com a biosfera que o envolve. *3 Sustentabilidade social: ancorada no principio da
equidade na distribuição de renda e de bens, no principio da igualdade de direitos a dignidade humana e no princípio de
solidariedade dos laços sociais.
7
1.1. Objetivo
Este projeto tem por finalidade estudar a implantação de um sistema híbrido
eólico-fotovoltaico de baixa potência numa localidade hipotética, com condições de
ventos e incidência solar adequadas.
Inicialmente serão abordadas questões legais e políticas de modo a mostrar
como se apresenta o cenário nacional para implantação de projetos de fontes
renováveis de energia.
Um breve estudo técnico será apresentado de modo a poder estimar o
orçamento do projeto com modelos de custos.
Dados de ventos correspondentes a um ano serão tratados estatisticamente e
um aerogerador de baixa potência será utilizado.
Por fim, a partir dos resultados de geração do conjunto e dos custos iniciais
obtidos, será feito um estudo econômico de modo a avaliar a viabilidade econômica
do projeto. Para tal estudo, serão analisadas curvas de sensibilidade geradas com o
modelo criado.
Os diferentes resultados obtidos poderão ser de valia para um possível
investidor, assim como de um autoprodutor visando a sustentabilidade.
8
1.2. Conceitos
“Considera-se um sistema híbrido, aquele em que duas ou mais tecnologias de
geração de energia elétrica são conjugadas em função da disponibilidade local de
recursos energéticos. Outra característica deste tipo de sistema é a existência de um
bloco inteligente responsável pelo despacho.” [1]
1.3. Considerações gerais
“A busca por alternativas às fontes tradicionais de produção de energia abre
caminho para um novo mercado no País. Ainda em seus primeiros passos, mas com
imenso potencial, a geração que aproveita a irradiação solar (fotovoltaica) e a força
dos ventos (eólica), entre outras, tem no Brasil o cenário ideal para desenvolver-se.”
[5]
O Brasil, por ser um país de dimensões continentais, possui inúmeros sítios
com condições adequadas à implantação de projetos aproveitando a força dos ventos
e a irradiação solar.
As políticas e legislações vigentes incentivam não somente o grande investidor
em fontes alternativas de energia. Pequenos produtores podem tirar proveito de
incentivos financeiros e legais, levando o país cada vez mais à diversificação da
matriz energética e a geração distribuída.
9
A figura 1 e a figura 2 ilustram o potencial solar e eólico nacional.
Figura 1 – Potencial Solar (Insolação diária)
Fonte: Atlas Solarimétrico do Brasil – Banco de Dados Terrestre, UFPE, 2000
Figura 2 – Potencial Eólico (velocidade média anual [m/s])
Fonte: Atlas do Potencial Eólico Brasileiro, CRESESB – CEPEL, 2001
10
1.4. Disposições Legais
A seguir são apresentadas algumas disposições legais que procuram viabilizar
o desenvolvimento de fontes alternativas no Brasil.
1.4.1. Decreto nº. 2.003, de 10 de setembro de 1996
Regulamenta a produção de energia elétrica por produtores independentes e
por autoprodutor e estabelece outras providências.
1.4.2. Lei nº. 9.478, de 06 de agosto de 1997
Dispõe sobre a política energética nacional e, dentre outras providências,
institui o Conselho Nacional de Política Energética, que tem como um dos objetivos o
uso racional das fontes de energia, incluindo as fontes de energia e as tecnologias
alternativas, mediante o aproveitamento econômico dos insumos disponíveis.
1.4.3. Resolução nº. 112, de 18 de maio de 1999
Estabelece os requisitos necessários à obtenção de registro ou autorização
para implantação, ampliação ou reponteciação de centrais geradoras termelétricas,
eólicas e de outras fontes alternativas de energia.
1.4.4. Resolução nº. 371, de 29 de dezembro de 1999
Regulamenta a contratação e comercialização de reserva de capacidade por
autoprodutor e produtor independente.
1.4.5. Resolução nº. 170, de 4 de maio de 2001
Comercialização temporária de energia oriunda de centrais cogeradoras,
11
autoprodutores e centrais de emergência.
1.4.6. Resolução nº. 24, de 05 de Julho de 2001
Cria o Programa Emergencial de Energia Eólica – PROEÓLICA no território
nacional e estabelece as condições para consecução dos objetivos deste Programa.
1.4.7. Medida Provisória nº. 14, de 21 de dezembro de 2001
Cria o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica –
PROINFA, com o objetivo de agregar ao Sistema Elétrico Interligado Nacional, o
montante de, no máximo, 3300 MW de potencia instalada.
1.5. PROINFA
O PROINFA é um importante instrumento para a diversificação da matriz
energética nacional, garantindo maior confiabilidade e segurança ao abastecimento.
O Programa, coordenado pelo Ministério de Minas e Energia (MME), estabelece a
contratação de 3.300 MW de energia no Sistema Interligado Nacional (SIN),
produzidos por fontes eólica, biomassa e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs),
sendo 1.100 MW de cada fonte.
Criado em 26 de abril de 2002, pela Lei nº. 10.438, o PROINFA foi revisado
pela Lei nº. 10.762, de 11 de novembro de 2003, que assegurou a participação de um
maior número de estados no Programa, o incentivo à indústria nacional e a exclusão
dos consumidores de baixa renda do pagamento do rateio da compra da nova
energia.
O PROINFA conta com o suporte do BNDES, que criou um programa de apoio
a investimentos em fontes alternativas renováveis de energia elétrica. A linha de
crédito prevê financiamento de até 70% do investimento, excluindo apenas bens e
12
serviços importados e a aquisição de terrenos. Os investidores têm que garantir 30%
do projeto com capital próprio. As condições do financiamento serão TJLP (Taxa de
Juros de Longo prazo) mais 2% de spread básico e até 1,5% de spread de risco ao
ano, carência de seis meses após a entrada em operação comercial, amortização por
dez anos e não-pagamento de juros durante a construção do empreendimento. [3],[5]
1.6. CCC
Para subsidiar a geração de energia elétrica com o uso de combustíveis
fósseis, foi criada, por lei, a Conta Consumo de Combustíveis - CCC. Ela disciplinou o
rateio dos custos de aquisição desses combustíveis entre todas as concessionárias
ou autorizadas do país, para garantir os recursos financeiros ao suprimento de
energia elétrica a consumidores de localidades isoladas do sistema interligado de
geração e distribuição, bem como da geração termelétrica que atende,
principalmente, à demanda de ponta dos sistemas interligados, com tarifas
uniformizadas.
A reestruturação do setor elétrico brasileiro introduziu novos conceitos de
competição na geração de energia elétrica. A ampliação de exigências voltadas para
a sustentabilidade dos meios de geração em termos técnicos e ambientais -
relacionadas com a redução de emissões de gases de efeito estufa para a atmosfera -
e a necessidade de universalizar o suprimento de energia elétrica para a população
brasileira, motivou a criação de incentivos ao desenvolvimento de alternativas de
geração de energia elétrica a partir de fontes renováveis. A sub-rogação dos recursos
da CCC a empreendimentos de geração a partir dessas fontes favorece a substituição
do consumo de combustíveis fósseis na geração de energia elétrica.
1.6.1 Evolução da legislação visando suprimir, progressivamente, o montante
dos recursos destinados à geração termelétrica até sua extinção.
O art.11 da lei no 9.648, de 27 de maio de 1998, estabeleceu que as usinas
13
termelétricas situadas nas regiões abrangidas pelo sistema elétrico interligado, cuja
operação tenha-se iniciado a partir de 6 de fevereiro de 1998, não mais fariam jus aos
benefícios da sistemática de rateio de ônus e vantagens decorrentes do consumo de
combustíveis fósseis – CCC, prevista no inciso III do art. 13 da Lei nº. 5.899, de 5 de
julho de 1973. O mesmo artigo manteve, temporariamente, a sistemática de rateio
para as termelétricas do sistema interligado, em operação em 6 de fevereiro de 1998,
considerando prazos e condições de transição, definidos na Resolução ANEEL nº.
261/98, a qual mantém o reembolso integral dos custos com combustível até 2002,
sendo reduzidos gradualmente nos três anos subseqüentes: 25% em 2003, 50% em
2004 e 75% em 2005, até a extinção do benefício para o sistema interligado, a partir
de 2006 inclusive.
Ressalta-se que a manutenção temporária da CCC, para as centrais
termelétricas a carvão mineral, aplica-se exclusivamente àquelas que utilizam apenas
produto de origem nacional.
1.6.2 A Sub-rogação dos benefícios da CCC para o Desenvolvimento das
Fontes Renováveis de Geração de Energia Elétrica.
A sistemática da CCC subsidia o custo dos combustíveis fósseis, garante o
preço uniforme da energia elétrica fornecida às regiões isoladas e atende
necessidades de ponta de consumo no sistema interligado (CCC-S/SE/CO e CCC-
N/NE). Por outro lado, contribui para a crescente obsolescência do parque
termelétrico do país, além de onerar as concessionárias do Sistema Interligado, que
repassam custos para as tarifas de todos os consumidores finais.
Pelos motivos expostos e considerando a meta de universalização dos serviços
de eletricidade no país, a Lei nº. 9.648/98 determinou também que os
aproveitamentos hidrelétricos tratados no inciso I do art.26 da Lei nº. 9.427/96 e a
geração elétrica a partir de fontes alternativas que venham a ser implantados em
sistema elétrico isolado, substituindo a geração termelétrica com derivados de
14
petróleo, sub-rogar-se-ão ao direito de usufruir dessa sistemática de rateio.
A Resolução da ANEEL n° 245, de 11 de agosto de 1999, regulamentou as
condições e os prazos para a sub-rogação do rateio da CCC aos projetos em
sistemas elétricos isolados que substituam total ou parcialmente a geração
termelétrica com derivados de petróleo ou que atendam a novas cargas pela
expansão do mercado. Os termos dessa resolução se fundamentaram na Lei nº.
9.648 e nos incisos IV e VI do Art.3º do Anexo I do Decreto nº. 2.335, a partir da
criação de condições para a modicidade tarifária sem prejuízo da oferta, com ênfase
na qualidade do serviço de energia elétrica e na adoção de medidas efetivas para
assegurar a oferta de energia elétrica a áreas de baixa renda e de baixa demanda,
urbanas e/ou rurais.
A aplicação da sistemática de rateio da CCC será mantida, para os sistemas
isolados, até 27 de maio de 2013. A sub-rogação dos benefícios da CCC-ISOL, válida
até essa data, possibilita a utilização dos recursos da CCC para viabilização de
empreendimentos de geração que utilizem fontes alternativas ou que sejam
enquadrados como PCH.
1.6.3. Requisitos básicos para a sub-rogação
Poderão se sub-rogar dos benefícios da CCC-ISOL os empreendimentos que
se enquadrem nas seguintes condições:
a) Pequenas Centrais Hidrelétricas assim entendidas como aquelas que estejam
em conformidade com o estabelecido na Resolução nº. 394/98 e potência instalada de
projeto entre 1 MW e 30 MW;
b) Demais empreendimentos de geração de energia elétrica a partir de fontes
renováveis.
15
1.6.4. Requisitos e Procedimentos estabelecidos na Resolução ANEEL nº.
245/99 para solicitação dos benefícios da CCC.
Itens a serem observados para que se possa fazer jus aos benefícios previstos
na Resolução nº. 245/99:
a) A central geradora de direito deverá ser implantada em sistemas isolados.
De acordo com a Lei nº. 9.648, de 27/05/98, fica mantida, pelo prazo de 15
anos após sua publicação, a aplicação da sistemática da CCC para os sistemas
isolados, estabelecida na Lei nº. 8.631, de 04/03/93, e possibilita a utilização dessa
sistemática para PCHs e geração a partir de fontes alternativas implantadas em
sistemas isolados.
Portanto, a sistemática utilizada é a da CCC-ISOL, definida de acordo com o
Decreto nº. 774, de 18/03/93, que regulamentou a Lei nº. 8.631. De acordo com o
Decreto nº. 774, a CCC-ISOL destina-se à cobertura dos custos de combustíveis da
geração térmica constantes dos Planos de Operação dos sistemas isolados, definidos
pelo Grupo Técnico Operacional da Região Norte (GTON).
b) A geração proveniente do empreendimento deverá possibilitar a desativação
total ou parcial de uma usina termelétrica já existente. Nesse caso deverá haver o
documento formal com o “de acordo” da concessionária local.
c) Atendimento a novas cargas devido a expansões do mercado atual.
d) Quanto ao direito aos benefícios - A sub-rogação dos benefícios da CCC
aplica-se somente às PCHs ou empreendimentos de geração de energia elétrica a
partir de fontes alternativas que tenham sido outorgados pela ANEEL e que ainda não
estejam em operação. [6]
16
2. Projeto
2.1. Descrição do sistema
A topologia de sistemas híbridos varia de acordo com as necessidades de cada
projeto. A figura 3 exemplifica um diagrama de blocos genérico de sistemas híbridos.
Figura 3 – Diagrama de Blocos do sistema Híbrido [1]
2.1.1. Geração Eólica
Este bloco consiste principalmente da turbina eólica ou aerogerador. A turbina
eólica gera a eletricidade através da rotação de suas hélices pelo vento incidente.
A eletricidade é transmitida torre abaixo mais frequentemente por circuito
trifásico, porém sua tensão e freqüência não são fixas devido à variação da
velocidade do vento incidente. A tensão e corrente de saída são então retificadas para
carregar baterias ou para ser invertida e conectada à rede. [7]
17
2.1.2. Geração Fotovoltaica
Este bloco consiste basicamente das placas fotovoltaicas. A luz solar incide
nas placas feitas de material semicondutor (silício) e gera-se eletricidade através do
efeito fotovoltaico. Os painéis podem ser conectados em série e/ou em paralelo de
modo a produzir diferentes valores de corrente contínua e tensões. [8]
2.1.3. Unidade de condicionamento de potência
O principal equipamento desta unidade é o inversor. Inversores transformam a
eletricidade produzida em corrente contínua pelas turbinas eólicas e/ou pelas placas
para corrente alternada, de modo a injetar eletricidade na rede com freqüência e
tensão adequadas. Atualmente o inversor é amplamente utilizado industrialmente e
existe uma ampla documentação a respeito, não só de caráter didático, como também
de natureza comercial fornecida pelos fabricantes.
2.1.4. Unidade de controle
O principal equipamento desta unidade é o controlador de carga. A função
primária do controlador é proteger o banco de baterias contra sobrecargas. Em
sistemas eólicos sem o uso de banco de baterias não há necessidade de controlador,
haja vista que toda a energia gerada é injetada na rede ou consumida por alguma
carga. Também se faz funcional no caso de falha na rede, o que torna necessário o
uso de um dispositivo eletrônico antes do inversor para regular a tensão de entrada.
2.1.4.1. Prevenção contra ilhamento
Ilhamento é a situação que pode ocorrer caso uma seção da rede elétrica
esteja desconectada da rede elétrica principal devido a uma falta ou uma manobra
intencional de disjuntor (devido a fenômenos atmosféricos, curto-circuito na rede ou
manutenção). Se a turbina eólica e/ou as placas solares continuarem operando na
18
parte ilhada da rede em tais condições, as redes não estarão em fase após pouco
tempo e a rede ilhada estará energizada, o que pode causar acidentes durante a
manutenção.
Quando a rede é reestabelecida, podem ser ocasionados surtos de corrente
("current surges") na rede e na turbina eólica. Isto pode ocasionar também grande
liberação de energia nas partes mecânicas da turbina eólica, que pode danificar o
equipamento.
O controlador eletrônico deve, portanto, monitorar a tensão, a freqüência e a corrente
alternada da rede. Caso a tensão da rede oscile fora de certos limites em fração de
segundos, a turbina deve ser desconectada da rede principal e parar de operar. Em
termos mundiais, a norma IEEE1547.1 [9] de 2005 vem servindo de paradigma a
muitas concessionárias, para a interconexão de sistemas e equipamentos de geração
distribuída à rede elétrica.
2.1.5. Subsistema de armazenamento
Este subsistema tem como finalidade armazenar o excedente ou parte da
energia produzida pelo sistema de geração.
Caso o sistema não esteja conectado à rede, faz-se necessário o uso de
bancos de baterias quando não houver vento ou sol suficiente para a geração de
eletricidade. Sistemas conectados à rede podem se utilizar de bancos de baterias
para prover energia de emergência em caso de falta de energia, o que é bom para
suprir cargas críticas, as quais podem operar até a rede reestabelecer seu
funcionamento.
Em caso de sistemas eólicos é aconselhado o uso de baterias de ciclo
profundo. Baterias de chumbo ácido são as mais comumente utilizadas. Estas
19
baterias são as mais baratas, porém requerem adição de água destilada
ocasionalmente durante o processo de carga.
Baterias seladas são as mais aconselhadas para sistemas conectados à rede,
pois não necessitam de manutenção, já que estão sendo constantemente carregadas.
[7]
2.1.6. Carga local
Este bloco consiste das cargas locais que mantêm a instalação e os
dispositivos do sistema híbrido em funcionamento. Estas cargas são supridas pela
eletricidade gerada pelo próprio sistema. Em casos em que não há geração de
eletricidade por falta de vento, luminosidade ou manutenção, estas cargas são
supridas pelo subsistema de armazenamento.
20
2.2. Turbina Eólica
2.2.1. Razões para escolha de turbinas grandes
Há razões econômicas em escala para a escolha de turbinas grandes.
Turbinas maiores normalmente entregam eletricidade a um custo menor do que
turbinas menores. A razão é que o custo das fundações, construção de estradas,
conexão à rede elétrica, mais o custo de componentes, são de certo modo
independentes do tamanho da turbina.
Turbinas grandes são mais adequadas para parques eólicos offshore. O custo
das fundações não cresce proporcionalmente com o custo das turbinas, e o custo de
manutenção é grandemente independente do tamanho da máquina.
Em áreas onde é difícil encontrar espaço para mais de uma turbina, o uso de
uma turbina grande com torre alta aproveita o vento mais eficientemente.
2.2.2. Razões para escolha de turbinas pequenas
A rede elétrica local pode ser fraca para suportar a geração elétrica de turbina
grande. Este pode ser o caso de partes remotas da rede elétrica com baixa densidade
populacional e baixo consumo de eletricidade na área
Há menor flutuação de entrega de eletricidade em parques eólicos que
consiste de pequenas turbinas eólicas, tendo em vista que as flutuações ocorrem
aleatoriamente, e deste modo tendem a se cancelar ou balancear. Novamente isto
pode ser uma vantagem em redes elétricas fracas.
O uso de pequenas turbinas dispersa o risco em caso de falha
mecânico/elétrica.
21
O investimento inicial financeiro num parque eólico de pequenas turbinas é
menor, reduzindo o valor da perda/dívida do investimento.
Considerações estéticas na paisagem podem ser mandatórias no uso de
pequenas turbinas. [10]
2.2.3. Especificação da turbina
Tendo em vista que este projeto é um sistema de baixa potência, foi
selecionada uma turbina com potência nominal de 20 KW conforme mostrado na
figura 4.
JACOBSTM
31-20, 20kw
Figura 4 – Ilustração da turbina
22
Curva de Potência
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
2,2 3,1 4,0 4,9 5,8 6,2 6,7 7,1 7,6 8,0 8,4 8,9 9,3 9,8 10,2 10,7 11,1 11,6 12,0 12,4 12,9
Velocidade (m/s)
KW
Gráfico 1 – Curva de potência da turbina
Mais dados técnicos disponíveis em www.windturbine.net
Para o projeto em questão, há a opção de três alturas de torres para a turbina.
As torres disponíveis são de 25,5 m, 30,5 m e 36,6 m de altura. O preço do conjunto
eólico varia crescentemente de acordo com o tamanho da torre escolhida para o
aerogerador.
O preço em dólar do conjunto aerogerador, torre, controles e conexão à rede é
mostrado na tabela 1 a seguir.
23
Conjunto eólico com torre de 24,5 m $ 50,700.00
Conjunto eólico com torre de 30,5 m $ 53,000.00
Conjunto eólico com torre de 36,6 m $ 56,100.00
Tabela 1 – Preço do conjunto eólico (dólares)
2.3. Placa fotovoltaica
2.3.1. Especificação da placa fotovoltaica
A placa fotovoltaica utilizada para as simulações é a PWX 500.
Produtor: Photowatt.
Gráfico 2 – Curva V x I da placa fotovoltaica.
Os dados fornecidos pelo fabricante da placa são mostrados na tabela 2 a
seguir.
24
Tabela 2 – Dados da placa fotovoltaica
O preço da placa em questão é de 400 dólares por módulo.
25
3. Dados e resultados de geração
3.1. Ventos do local
A prática atualmente utilizada para a coleta de dados de vento inclui (entre
outras) a medida da velocidade do vento de maneira contínua e a acumulação do
valor médio correspondente a intervalos de 10 minutos. De posse desses valores
podem-se calcular grandezas estatísticas como a velocidade média e desvio padrão.
Pode-se traçar, também, o diagrama de freqüências (absoluta ou relativa) ou
histograma, e outros dele derivados como, por exemplo, o diagrama de freqüência
acumulada e de duração, assim como se pode calcular a energia e a potência
associada. [11]
A distribuição de Weibull permite representar a distribuição de freqüência de
velocidade de vento de uma forma bem compacta. A equação (1) representa a
distribuição de dois parâmetros.
k
A
vk
e
A
v
A
k
vf














 **)(
)1(
(1)
Onde:
)(vf : freqüência de ocorrência da velocidade de vento v ;
k : parâmetro de forma (adimensional);
A : parâmetro de escala [m/s];
v : velocidade do vento [m/s].
086,1







V
k

(2)
)01,09,0/(
1
1/ 











 V
k
VA (3)
 - desvio padrão
V - velocidade média
26
Uma vez determinados os parâmetros de Weibull, pode-se determinar a função
densidade de probabilidade de Weibull e de posse da curva de potência (Gráfico 1),
pode-se determinar a produção da potência média anual através da equação (4)
abaixo. [12]















2
1
2
1
)(
)(*)(
t
t
t
t
vf
vPvf
P (4)
Os dados de velocidade dos ventos foram colhidos durante um ano em uma
estação anemométrica verdadeira e apresentam valores como pode ser visto pelo
histograma de freqüência e a curva de Weibull apresentados no gráfico 3 e no gráfico
4. Os dados foram coletados a uma altura de 15,25 metros, e para se obter as
velocidades em diferentes alturas, utilizou-se a equação (5) aplicada para cada
velocidade coletada.
7/1
0
*0 






h
h
vv (5)
Onde:
v : velocidade a ser obtida na altura desejada
v0: velocidade na altura que foi coletada
h: altura desejada
h0: altura que foi feita a medição
27
Histograma de Velocidades
0
2
4
6
8
10
12
14
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Velocidade (m/s)
%
Turbina a 25,5 m
Turbina a 30,5 m
Turbina a 36,6 m
Gráfico 3 – Histograma de velocidades
Distribuição Weibull
0
0,02
0,04
0,06
0,08
0,1
0,12
0,14
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Velocidade (m/s)
Turbina a 25,5 m
Turbina a 30,5 m
Turbina a 36,6 m
Gráfico 4 – Distribuição Weibull
28
As médias das velocidades, os desvios padrões, os parâmetros de escala e os
parâmetros de forma para as diferentes alturas de torre obtidos são apresentados na
tabela 3.
Altura da torre 25,5 m 30,5 m 36,6 m
Média das velocidades [m/s] 8,36 8,63 8,85
Desvio padrão 3,08 3,18 3,26
Parâmetro de escala [m/s] 9,18 9,48 9,73
Parâmetro de forma (adimensional) 2,96 2,96 2,96
Tabela 3 – Dados tratados dos ventos
3.2. Cálculo da energia eólica gerada
Utilizando-se da equação (4), com os valores da distribuição de Weibull (gráfico
4) e de posse da curva de potência da turbina (gráfico 1), pode-se obter as potências
médias (vide tabela 4) e os respectivos fatores de potência (vide tabela 5).
Potência Média [kW]
25,5 m 8,49
30,5 m 9,07
36,6 m 9,53
Tabela 4 – Potência média
Fator de Capacidade
25,5 m 0,42
30,5 m 0,45
36,6 m 0,48
Tabela 5 – Fator de capacidade dos aerogeradores
Para se obter a geração elétrica anual (KW.h/ano), multiplicou-se a potência
média pelo número de horas em um ano (8760 horas). O resultado da geração
elétrica anual é mostrado na tabela 6.
29
Geração Elétrica Anual [kW.h/ano]
25,5 m 74.434,70
30,5 m 79.440,08
36,6 m 83.520,25
Tabela 6 – Geração eólica anual
3.3. Incidência solar
A incidência solar é variável geográfica e meteorológica de acordo com a
localidade. Uma forma bastante conveniente de se expressar o valor acumulado de
energia solar ao longo de um dia é através do número de horas de sol pleno. Esta
grandeza reflete o número de horas em que a radiação solar deve permanecer
constante e igual a 1 kW/m2
(1000 W/ m2
) de forma que a energia resultante seja
equivalente à energia acumulada para o dia e local em questão.
A figura 5 ilustra as horas de sol pleno ao longo de um dia em uma localidade
hipotética. Para as simulações deste projeto, o valor adotado foi de 7 horas. Este
valor foi arbitrado constante para todos os dias do ano.
Figura 5 – Perfil de radiação solar
30
O cálculo da geração solar foi feito de maneira simplificada, isto é, arbitrou-se
que o ponto de operação da placa nessas 7 horas é o ponto de máxima potência que
a placa pode gerar.
A seguir, será apresentado como foi calculada a energia gerada de origem
fotovoltaica:
Energia gerada (W*hora) = MPP (W) * Incidência solar (horas de sol pleno)
MPP: Maximum Power Point. Situação no joelho da curva V x I da placa
fotovoltaica onde a potência máxima da placa é atingida.
V: tensão (volts)
I: corrente (ampère)
W: potência (watt)
3.5. Cálculo da energia fotovoltaica gerada
O cálculo da energia elétrica gerada conforme apresentado na seção 3.4 foi
feito adotando o número de horas de sol pleno em um ano (7 horas x 365 dias = 2555
horas). O MPP da placa em questão adotado (vide gráfico 2) foi de 44 W.
O valor da geração elétrica anual para um único módulo fotovoltaico calculado
foi de 112.420 W.h/ano (112,42 kW.h/ano).
31
4. Aspectos econômicos dos projetos eólico e solar
4.1. Custos de um projeto eólico
A distribuição dos custos de um projeto em energia eólica pode variar
largamente segundo as características de cada empreendimento, tornando cada
projeto um estudo de caso particular porque, pelas médias dos custos de projetos já
implementados, cada etapa apresenta um faixa de participação bem definida no custo
total do projeto.
O custo da turbina eólica representa o custo mais importante e significativo de
um projeto eólico. Para projetos de grande porte, a participação da turbina nos custos
totais do investimento é muito alta, diluindo assim os demais custos em relação ao
total de investimento. [4]
Custos iniciais de projetos em energia eólica
Categoria de custos iniciais do projeto
Fazenda Eólica de
médio/grande porte (%)
Fazenda Eólica de
pequeno porte (%)
Estudo de viabilidade menos de 2 1 - 7
Negociações de desenvolvimento 1 – 8 4 - 10
Projeto de Engenharia 1 – 8 1 - 5
Custo de Equipamentos 67 – 80 47 - 71
Instalações e infra-estrutura 17 – 26 13 - 22
Diversos 1 – 4 2 - 15
Tabela 7 - Custos iniciais de projetos em energia eólica [4]
32
O detalhamento de cada etapa dos custos iniciais do projeto é mostrado na
figura 6.
Figura 6 – Distribuição dos custos iniciais de um projeto eólico [4]
Os custos anuais de manutenção e operação englobam, além das despesas
com equipamentos (reposição e prevenção), despesas como arrendamento da terra e
seguros, entre outras. Muitas vezes o custo estimado de manutenção e operação das
turbinas é fornecido pelo próprio fabricante. Esse custo representa a maior parte das
despesas anuais a serem desembolsadas para a manutenção de uma fazenda eólica.
[4]
33
O detalhamento dos custos de operação e manutenção do projeto é mostrado
no esquema da figura 7.
Figura 7 – Distribuição dos custos em O&M
Um percentual de operação e manutenção da instalação ou parque eólico que
varie entre 3 e 5 % representa a realidade.
4.2. Custos de um projeto fotovoltaico
O investimento necessário para adquirir um sistema fotovoltaico depende de
vários fatores, tais como os preços internacionais do mercado fotovoltaico, a
disponibilidade local de distribuidores e instaladores dos equipamentos e a demanda
energética dos usuários e o tamanho do sistema a ser instalado.
Fatores importantes a serem considerados no custo são as características
particulares dos equipamentos necessários para atender a demanda energética (com
qualidade, quantidade e capacidade adequadas), a distância e facilidade de acesso
entre o lugar de venda dos equipamentos e o lugar onde se instalará o sistema, e a
margem de lucro dos vendedores das placas. [13]
34
Percentual da Distribuição de
Custos de uma Instalação
Fotovoltaica
Mão de Obra 15%
Painel 30%
Bateria 15%
Regulador 5%
Inversor 15%
Instalação Elétrica 5%
Transporte 15%
Tabela 8 - Percentual da Distribuição de Custos de uma Instalação Fotovoltaica [6]
Percentual da Distribuição de Custos de um
Sistema Fotovoltaico
Instalação e Equipamentos 70% 75%
Operação e Manutenção 3% 5%
Reposição 27% 20%
Tabela 9 – Percentual da distribuição de custos de um sistema fotovoltaico [6]
Os custos de instalação e equipamentos são aqueles que incidem inicialmente
com a compra, transporte e instalação dos sistemas fotovoltaicos. Estes custos
podem representar de 70 a 75% do custo do sistema ao longo de sua vida útil. A vida
útil de um sistema fotovoltaico corretamente instalado e com equipamentos de boa
qualidade pode atingir de 15 a 25 anos.
Os custos de operação e manutenção são aqueles que incidem durante toda a
vida útil do equipamento para conservar em boas condições de operação o sistema
fotovoltaico. Normalmente, a manutenção dos sistemas fotovoltaicos não é mais do
que a limpeza adequada dos equipamentos, especialmente dos painéis fotovoltaicos
e a manutenção do nível de água das baterias, se estas não forem seladas. Devido a
isto, os custos de manutenção são baixos e representam de 3 a 5% do custo total do
sistema ao longo de sua vida útil.
Os custos de reposição são aqueles que incidem quando as baterias chegam
35
ao fim de sua vida útil. Geralmente isto ocorre depois de 3 a 5 anos de uso e depende
em boa medida da manutenção e dos ciclos de carga/descarga aos quais a bateria foi
submetida. Estes custos representam de 20 a 27% do custo total do sistema ao longo
de sua vida útil.
4.3. Custo do sistema híbrido
O custo do sistema híbrido foi obtido utilizando-se os modelos de custos
apresentados nas seções 4.1 e 4.2.
De posse do custo dos equipamentos (turbina e torre), estimou-se o custo total
do projeto eólico. O custo inicial total do sistema eólico é mostrado na tabela 10.
Tabela 10 – Custos inicias do projeto eólico
Um painel fotovoltaico pode variar muito em valores, variando portanto o preço
total basicamente com o número de placas fotovoltaicas. O custo inicial total do
sistema fotovoltaico é mostrado na tabela 11.
Tabela 11 – Custos inicias do projeto fotovoltaico
36
As baterias requerem substituição a cada 5 anos, encarecendo o projeto num
todo. Seu preço com o modelo em questão está em 15% do custo da instalação
fotovoltaica.
Tendo em vista que o custo dos equipamentos foi obtido em dólares
americanos, a cotação utilizada para obtenção do preço dos equipamentos foi de R$
2,05.
37
5. Estudo do investimento
Para este projeto foi desenvolvida uma ferramenta em Excel e Flash que
permite se variar parâmetros no modelo criado, obtendo-se assim diferentes valores
para as possíveis saídas do sistema. O estudo do investimento foi feito variando
parâmetros de entrada que afetam direta ou indiretamente o fluxo de caixa do projeto
durante a vida útil do mesmo. A tabela 12 exemplifica o fluxo do projeto para os cinco
primeiros anos do investimento e para uma altura de 36,6 m do aerogerador,
utilizando apenas uma placa fotovoltaica. A figura 8 ilustra a ferramenta em flash
utilizada para realizar as análises com o modelo criado.
Fluxo de Caixa (valores em R$)
0 1 2 3 4 5
Ano 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Receita Eólica 16.444,30 16.937,63 17.445,76 17.969,13 18.508,21
Receita Solar 35,41 36,47 37,57 38,70 39,86
Custo inicial (164.712,21)
Reposição da bateria (410,00)
Custo O&M - PV (45,10) (46,45) (47,85) (49,28) (50,76)
Custo O&M - Eólico (3.450,15) (3.553,65) (3.660,26) (3.770,07) (3.883,17)
Fluxo de Caixa livre (164.712,21) 12.984,46 13.374,00 13.775,22 14.188,48 14.204,13
Tabela 12 – Fluxo de caixa
38
Figura 8 – Ferramenta em flash utilizada para fazer as análises
5.1. Metodologia Utilizada
A seguir serão apresentados conceitos e critérios que buscam fundamentar o
estudo de um investimento financeiro em um projeto.
5.1.1. VPL
O valor presente líquido (VPL) ou método do valor atual é a fórmula
matemático-financeira de se determinar o valor presente de pagamentos futuros
descontados a uma taxa de juros apropriada, menos o custo do investimento inicial.
Basicamente, é o calculo de quanto os futuros pagamentos somados a um custo
inicial estaria valendo atualmente.
Usando o método VPL, um projeto de investimento potencial deve ser
empreendido se o valor presente de todas as entradas de caixa menos o valor
presente de todas as saídas de caixa (que iguala o valor presente líquido) for maior
39
que zero. Se o VPL for igual a zero, o investimento é indiferente, pois o valor presente
das entradas é igual ao valor presente das saídas de caixa; se o VPL for menor do
que zero, significa que o investimento não é economicamente atrativo, já que o valor
presente das entradas de caixa é menor do que o valor presente das saídas de caixa.
O valor presente líquido para fluxos de caixa uniformes, pode ser calculado
através fórmula a seguir:
  

n
t
t
t
i
FC
VPL
0 1
Onde:
t: Período de tempo (geralmente em anos) que o dinheiro foi investido no
projeto
n: duração total do projeto,
i: custo do capital
FC: Fluxo de caixa no período.
O custo do capital é a taxa de rentabilidade do investimento no período. [13]
5.1.2. TIR
A taxa interna de rentabilidade (TIR) representa a rentabilidade gerada pelo
investimento, ou seja, representa uma taxa de juro tal, que se o capital investido
tivesse sido colocado a essa taxa, resultaria exatamente na mesma taxa de
rentabilidade final.
O custo de oportunidade é a remuneração obtida em outras alternativas que
não as analisadas. Exemplo: caderneta de poupança, fundo de investimento, SELIC,
etc. Atualmente (abril/2007), a SELIC em 12,50 % representa um bom parâmetro de
custo de oportunidade para investidores.
40
Para os casos em que a TIR é superior ao custo de oportunidade, tem-se um
investimento atrativo.
A fórmula de obtenção da TIR será apresentada a seguir:
 


n
t
t
i
FC
0
0
1
Onde [14]:
t: Período de tempo (geralmente em anos) que o dinheiro foi investido no
projeto
n: duração total do projeto,
i: custo do capital
FC: Fluxo de caixa no período.
5.1.3. Amortização do Capital
O estudo feito neste projeto utilizou a regra do período de “payback” . Em
termos gerais, o período de “payback” é o tempo necessário para recuperar o
investimento inicial. Com base nesta regra, um investimento é aceitável quando seu
período de “payback” calculado é inferior a algum número predeterminado de anos.
[14]
Para o modelo em questão, o tempo de amortização do capital está entre 10 e
25 anos (vida útil do sistema). Quanto menor o percentual de custo solar da
instalação, mais rápido o investimento será pago.
O gráfico 5 mostra o tempo de amortização pelo percentual de custos solares
do sistema híbrido obtido com o modelo em questão.
41
Amortização do Sistema Hibrido
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
0,00% 11,11% 20,00% 30,01% 40,43% 50,01%
P e r c e nt ua l de c ust o f ot ov olt a ic o no sist e ma
Anos
Com incentivosdo PROINFA
Sem incentivosdo PROINFA
Gráfico 5 – Amortização do sistema (valores utilizados para análise apresentados nas tabelas 13 e 14)
5.2. Análise de Sensibilidade
A análise de sensibilidade procura determinar o efeito da variação de um
determinado item no seu valor total.
Esta foi feita variando alguns índices que afetam o retorno financeiro de um
sistema híbrido eólico-solar.
Todas as análises foram feitas considerando que a receita proveniente da
venda de energia elétrica aumenta proporcionalmente com a inflação. Levou-se em
consideração que os custos de operação e manutenção também são incrementados
anualmente segundo a inflação. A inflação adotada foi arbitrada constante em 3%
nos 25 anos de vida útil do sistema.
Os valores utilizados para as simulações são apresentados nas tabelas 13 e 14
a seguir:
42
CENÁRIO 1
Valores utilizados para a simulação - Sem incentivos do PROINFA
Valor da energia comercializada - Eólica - R$/ (MW.h)
*4
134,00
Valor da energia comercializada - Solar - R$/(MW.h)
*4
315,00
Cotação do Dólar (1 $ = x reais) x
1,00 R$ 2,05
Incidência solar diária (horas) 7,0
Preço da Placa PV (dólares) $ 400,00
Custo anual O&M sobre o preço dos equipamentos eólicos 3,0%
Custo anual O&M sobre o preço dos equipamentos fotovoltaicos 3,0%
Tabela 13 – Valores utilizados para o cenário 1
CENÁRIO 2
Valores utilizados para a simulação - Com incentivos do PROINFA
Valor da energia comercializada - Eólica - R$/(MW.h) )
*5
196,88
Valor da energia comercializada - Solar - R$/(MW.h)
*4
315,00
Cotação do Dólar (1 $ = x reais) x
1,00 R$ 2,05
Incidência solar diária (horas) 7,0
Preço da Placa PV (dólares) $ 400,00
Custo anual O&M sobre o preço dos equipamentos eólicos 3,0%
Custo anual O&M sobre o preço dos equipamentos fotovoltaicos 3,0%
Tabela 14 – Valores utilizados para o cenário 2
O valor normativo da energia comercializada no ano de 2007 foi obtido a partir
de valores de anos anteriores atualizados pela inflação (3% ao ano). Os valores foram
obtidos da ANEEL em documento que trata da aplicação dos Valores Normativos
vigentes até a data da edição da Resolução ANEEL n°248, de 6 de maio de 2002,
para a energia gerada pelos empreendimentos que especifica.
*4– Valor 2007 obtido acrescendo inflação do valor normativo (VN) de 2001. Fonte: ANEEL [5]
*5 – Valor 2007 obtido acrescendo inflação do valor normativo (VN) de 2004. Valores para fator de capacidade superior a 0,419347
Fonte:ANEEL [5]
43
O valor utilizado para a energia fotovoltaica em ambos os cenários não se
refere a valores com incentivos do PROINFA e também foi acrescida a inflação do
valor obtido conforme disponível no documento supra-citado.
44
5.2.1. Percentual de custos da instalação fotovoltaica X TIR
Análise de Sensibilidade - Sem incentivo do PROINFA
0,00%
1,00%
2,00%
3,00%
4,00%
5,00%
6,00%
0,00% 6,32% 11,89% 16,84% 21,26% 25,23% 28,83% 32,09% 35,06% 37,13%
Percentual de custos da instalação fotovoltaica no sistema híbrido
TIR
Turbina a 25,5 m
Turbina a 30,5 m
Turbina a 36,6 m
Gráfico 6
Análise de sensibilidade - Com incentivo do PROINFA
0,00%
2,00%
4,00%
6,00%
8,00%
10,00%
12,00%
0,00% 11,11% 20,00% 30,01% 40,43% 50,01% 57,90%
Percentual de custos custos da instalação fotovoltaica no sistema híbrido
TIR
Turbina a 25,5 m
Turbina a 30,5 m
Turbina a 36,6 m
Gráfico 7
45
5.2.2. Dólar X TIR
Análise de sensibilidade - Sem incentivo do PROINFA
2,00%
3,00%
4,00%
5,00%
6,00%
7,00%
8,00%
-20,59% -10,81% -5,13% 0,00% 6,82% 10,87% 16,33% 21,15%
variação do dólar - valor de referência (R$ 2,05)
TIR
Turbina a 36,6 m
Turbina a 30,5 m
Turbina a 25,5 m
Gráfico 8
Análise de sensibilidade - Com incentivo do PROINFA
6,00%
7,00%
8,00%
9,00%
10,00%
11,00%
12,00%
13,00%
14,00%
15,00%
-21,95% -9,76% -4,88% 0,00% 4,88% 9,76% 21,95%
variação do dólar - valor de referência (R$ 2,05)
TIR
Turbina a 25,5 m
Turbina a 30,5 m
Turbina a 36,6 m
Gráfico 9
46
5.2.3. Variação do valor normativo da energia eólica comercializada X TIR
Análise de sensibilidade - Sem incentivo do PROINFA
5,00%
7,00%
9,00%
11,00%
13,00%
15,00%
4,29% 10,67% 15,19% 20,71% 33,00% 50,00%
variação do valor normativo da energia eólica comercializada - valor de referencia em 2007 (R$ 134,00)
TIR
Turbina a 25,5 m
Turbina a 30,5 m
Turbina a 36,6 m
Gráfico 10
Análise de sensibilidade - Com incentivo do PROINFA
10,00%
11,00%
12,00%
13,00%
14,00%
15,00%
16,00%
17,00%
18,00%
0,00% 5,14% 10,22% 15,30% 20,38% 33,08% 50,35%
Variação do valor normativo da energia eólica comercializada - valor de referencia em 2007 (R$ 186,88)
TIR
Turbina a 25,5 m
Turbina a 30,5 m
Turbina a 36,6 m
Gráfico 11
47
6. Conclusão
As principais conclusões deste trabalho são:
Tendo em vista que a relação [Watt gerado] / [Custo dos equipamentos] para o
sistema fotovoltaico é grandemente superior ao sistema eólico, um sistema híbrido
torna-se economicamente mais atrativo quanto menor for a parte fotovoltaica do
sistema. A análise de sensibilidade dos gráficos 6 e 7 nos permite visualizar tal
resultado.
Sem incentivos do PROINFA, o investimento exclusivamente eólico torna-se
atrativo caso o valor normativo da energia comercializada suba em torno de 40% do
seu valor (vide gráfico 10). Com incentivos do PROINFA, o investimento
exclusivamente eólico torna-se atrativo caso o valor normativo da energia
comercializada suba em torno de 15% do seu valor (vide gráfico 11).
Mesmo que o dólar oscile em -20%, diminuindo portanto o custo inicial em
20%, a TIR obtida com tal redução ainda não afere resultados atrativos para
investimentos exclusivamente eólicos com e sem o incentivo do PROINFA (vide
gráficos 8 e 9).
O melhor cenário para TIR seria utilizando incentivos do PROINFA, o dólar
desvalorizando e uma tendência crescente no preço da energia comercializada.
Apesar de não ser economicamente atrativo no cenário atual, o investimento é
viável, haja vista que o capital investido pode ser pago em no mínimo 10 anos (vide
gráfico 5) e a vida útil do projeto é de cerca de 25 anos.
48
7. Sugestões para trabalhos futuros
A seguir são apresentadas algumas sugestões para trabalhos futuros, que
podem aprimorar este projeto:
- A utilização de dados de outras localidades para ventos, assim como o
aprimoramento do cálculo para geração fotovoltaica (considerando mais variáveis)
trariam resultados com maior fidelidade para uma localidade específica;
- A utilização dos créditos de carbono na análise financeira, o que
consequentemente pode incrementar a TIR do investimento;
- Levantamento e utilização de outras distribuições de custo, de modo a avaliar e
comparar os diferentes portes cabíveis a sistemas híbridos;
- Representar as incertezas naturais/financeiras relativas a uma localidade
específica;
- Considerar outras tecnologias disponíveis para armazenamento, uma vez que
o descarte das baterias convencionais é um grave problema ao meio ambiente.
- Integrar o sistema híbrido a uma instalação ecologicamente sustentável, de
modo a avaliar a economia obtida.
49
8. Bibliografia
[1] Ribeiro, C. M., Araújo, M. R. P., Cunha, A. Z., Ribeiro, A. H. C.; “Implantação de
Sistema Híbrido para Eletrificação da Vila de Joanes (Pará)”; Centro de Pesquisas de
Energia Elétrica – CEPEL, Centrais Elétricas do Pará – CELPA;
Coletânea de Artigos – Energias Solar e Eólica, volume 1; CRESESB; setembro de
2003.
[2] Porto, L., Carvalho, C. H., França, G., Oertel, L. C.; “Políticas de Energias
Alternativas Renováveis no Brasil”; MME – Ministério de Minas e Energia.
Coletânea de Artigos – Energias Solar e Eólica, volume 1; CRESESB; setembro de
2003.
[3] Ministério de Minas e Energia;
Texto disponível em : http://www.mme.gov.br
[4] Dutra, R. M., Tolmasquim, M. T.; "Estudo de viabilidade econômica para projetos
eólicos com base no novo contexto do setor elétrico"; Programa de Planejamento
Energético da COPPE, Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ.
Coletânea de Artigos – Energias Solar e Eólica, volume 1; CRESESB; setembro de
2003.
[5] Agencia Nacional de Energia Elétrica;.
Texto disponível em : http://www.aneel.gov.br
[6] "Guia para utilização de recursos da Conta de Consumo de Combustíveis - CCC
por empreendimento de geração de energia elétrica a partir de fontes renováveis nos
sistemas isolados"; ANEEL - Agencia Nacional de Energia Elétrica;
Texto disponível em: http://www.aneel.gov.br
50
[7] Home Power Magazine 110, dezembro 2005 e janeiro 2006;.
Texto disponível em: http://www.homepower.com
[8] Home Power Magazine 104, dezembro 2004 e janeiro 2005
Texto disponível em: http://www.homepower.com
[9] IEEE 1547.1 – IEEE Standard for Interconnecting Distributed Resources with
Electric Power Systems, IEEE, 2005
[10] "Guided Tour on Wind Energy", janeiro de 2002; Danish Wind Turbine
Manufacturers Association;
Texto disponível em: http://www.windpower.org
[11] Silva, P. C., Guedes, V. G., Araújo, M. R. P., Hirata, M. H.; ”Otimização dos
parâmetros da distribuição de Weibull”; Programa de Engenharia Mecânica –
COPPE/UFRJ; Departamento de Mecânica – IEM/EFEI; Coletânea de Artigos –
Energias Solar e Eólica, volume 1; CRESESB; setembro de 2003.
[12] Moura, A. P., Filgueiras, A. R., Branco, T. M. M.; “Use of Weibull and Rayleigh
distributions as tools for forecast of the power, generated energy and losses in a
distribution system: a case study”; UFC – Universidade Federal do Ceará; UFPA –
Universidade Federal do Pará; Coletânea de Artigos – Energias Solar e Eólica,
volume 2; CRESESB; maio de 2005.
[13] "Guia para utilização de recursos da Conta de Consumo de Combustíveis - CCC
por empreendimento de geração de energia elétrica a partir de fontes renováveis nos
sistemas isolados"; ANEEL - Agencia Nacional de Energia Elétrica;
Texto disponível em: http://www.aneel.gov.br
[14] Ross, S. A.; “Princípios de Administração Financeira”; São Paulo, Editora Atlas;
1997.
51
[15] Scheer, H; “Economia Solar Global – Estratégia para a Modernidade
Tecnológica”; CRESESB – CEPEL; Rio de Janeiro; 2002.
[16] “Manual de engenharia para sistemas fotovoltaicos”; CRESESB – CEPEL; Rio de
Janeiro; 1999.

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  • 1. Estudo de Viabilidade para Implantação de um Sistema Híbrido Eólico- Fotovoltaico de Baixa Potência com Conexão à Rede Elétrica Jan Thomas Heineman PROJETO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO ELETRICISTA. Aprovado por: ___________________________________ Prof. Walter Issamu Suemitsu, Dr. Ing. (Orientador) ___________________________________ Prof. Guilherme Rolim, Dr.-Ing. ___________________________________ Prof. Regina Araújo, D. Sc. RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL AGOSTO DE 2007
  • 2. 2 Este trabalho é dedicado à minha família que sempre me proveu boa educação, estrutura e condição de ensino.
  • 3. 3 “A sabedoria da natureza é tal que não produz nada de supérfluo ou inútil“ Nicolau Copérnico, Polônia, [1473-1543], Astrônomo.
  • 4. 4 Sumário 1. Introdução.............................................................................................................6 1.1. Objetivo .............................................................................................................7 1.2. Conceitos ..........................................................................................................8 1.3. Considerações gerais ......................................................................................8 1.4. Disposições Legais ........................................................................................10 1.4.1. Decreto nº. 2.003, de 10 de setembro de 1996..........................................10 1.4.2. Lei nº. 9.478, de 06 de agosto de 1997 ......................................................10 1.4.3. Resolução nº. 112, de 18 de maio de 1999................................................10 1.4.4. Resolução nº. 371, de 29 de dezembro de 1999 .......................................10 1.4.5. Resolução nº. 170, de 4 de maio de 2001..................................................10 1.4.6. Resolução nº. 24, de 05 de Julho de 2001.................................................11 1.4.7. Medida Provisória nº. 14, de 21 de dezembro de 2001 ............................11 1.5. PROINFA .........................................................................................................11 1.6. CCC..................................................................................................................12 1.6.1 Evolução da legislação visando suprimir, progressivamente, o montante dos recursos destinados à geração termelétrica até sua extinção. ....12 1.6.2 A Sub-rogação dos benefícios da CCC para o Desenvolvimento das Fontes Renováveis de Geração de Energia Elétrica. .............................................13 1.6.3. Requisitos básicos para a sub-rogação ...................................................14 1.6.4. Requisitos e Procedimentos estabelecidos na Resolução ANEEL nº. 245/99 para solicitação dos benefícios da CCC. ....................................................15 2. Projeto.................................................................................................................16 2.1. Descrição do sistema.....................................................................................16 2.1.1. Geração Eólica ............................................................................................16 2.1.2. Geração Fotovoltaica..................................................................................17 2.1.3. Unidade de condicionamento de potência ...............................................17 2.1.4. Unidade de controle....................................................................................17 2.1.4.1. Prevenção contra ilhamento ......................................................................17 2.1.5. Subsistema de armazenamento.................................................................18 2.1.6. Carga local...................................................................................................19
  • 5. 5 2.2.1. Razões para escolha de turbinas grandes ...............................................20 2.2.2. Razões para escolha de turbinas pequenas.............................................20 2.2.3. Especificação da turbina............................................................................21 2.3. Placa fotovoltaica ...........................................................................................23 2.3.1. Especificação da placa fotovoltaica..........................................................23 3. Dados e resultados de geração ........................................................................25 3.1. Ventos do local ...............................................................................................25 3.2. Cálculo da energia eólica gerada..................................................................28 3.3. Incidência solar ..............................................................................................29 3.5. Cálculo da energia fotovoltaica gerada........................................................30 4. Aspectos econômicos dos projetos eólico e solar.........................................31 4.1. Custos de um projeto eólico .........................................................................31 4.2. Custos de um projeto fotovoltaico................................................................33 4.3. Custo do sistema híbrido...............................................................................35 5. Estudo do investimento.....................................................................................37 5.1. Metodologia Utilizada.....................................................................................38 5.1.1. VPL...............................................................................................................38 5.1.2. TIR ................................................................................................................39 5.1.3. Amortização do Capital ..............................................................................40 5.2. Análise de Sensibilidade................................................................................41 5.2.1. Percentual de custos da instalação fotovoltaica X TIR ...........................44 5.2.2. Dólar X TIR...................................................................................................45 5.2.3. Variação do valor normativo da energia eólica comercializada X TIR ...46 6. Conclusão...........................................................................................................47 7. Sugestões para trabalhos futuros ....................................................................48 8. Bibliografia .........................................................................................................49
  • 6. 6 1. Introdução O crescente consumo de eletricidade na atualidade impulsiona o desenvolvimento de diferentes formas de aproveitamento energético ao redor do mundo. Tal demanda por eletricidade vem sido suprida, em sua maior parte, por fontes fósseis de energia as quais comprovadamente degradam o meio ambiente. Além disso, estudos prevêem que com os atuais e crescentes níveis de consumo, os combustíveis fósseis poderão esgotar-se ainda neste século. Uma alternativa para tal cenário é a utilização de fontes solares de energia, isto é, fontes que estão direta ou indiretamente ligadas ao efeito do sol em nosso planeta. Por sua vez, as fontes solares de energia são inesgotáveis, e seu uso produz um impacto ambiental de grandeza muito inferior. Cabe acrescentar que o número de elos na cadeia de produção elétrica das fontes solares é notavelmente inferior às fontes térmicas de origem fóssil e nuclear. Inúmeras fontes solares de energia, tais como fotovoltaica, eólica, solar térmica, hidrelétrica e das marés são viáveis tecnologicamente. Sua utilização pode ser feita sob as mais diversas condições, em pequena ou grande escala, podendo atender diferentes tipos de produtores de eletricidade e consumidores. Devido a esta relativa flexibilidade de implantação, o uso das fontes solares de energia pode promover a geração distribuída *1 . A geração distribuída por sua vez também proporciona um menor impacto ambiental. Apesar de normalmente o custo das fontes solares de energia ser comparativamente superior às fontes fósseis, a sua utilização se justifica pelo baixo impacto ao meio-ambiente, pela diversificação na geração de energia e por promover a sustentabilidade ecológica *2 e social *3 do planeta. *1 - Geração Distribuída é uma expressão usada para designar a geração elétrica realizada junto ou próxima do(s) consumidor (es) independentemente da potência, tecnologia e fonte de energia. *2 - Sustentabilidade ecológica: ancorada no principio da solidariedade com o planeta e suas riquezas e com a biosfera que o envolve. *3 Sustentabilidade social: ancorada no principio da equidade na distribuição de renda e de bens, no principio da igualdade de direitos a dignidade humana e no princípio de solidariedade dos laços sociais.
  • 7. 7 1.1. Objetivo Este projeto tem por finalidade estudar a implantação de um sistema híbrido eólico-fotovoltaico de baixa potência numa localidade hipotética, com condições de ventos e incidência solar adequadas. Inicialmente serão abordadas questões legais e políticas de modo a mostrar como se apresenta o cenário nacional para implantação de projetos de fontes renováveis de energia. Um breve estudo técnico será apresentado de modo a poder estimar o orçamento do projeto com modelos de custos. Dados de ventos correspondentes a um ano serão tratados estatisticamente e um aerogerador de baixa potência será utilizado. Por fim, a partir dos resultados de geração do conjunto e dos custos iniciais obtidos, será feito um estudo econômico de modo a avaliar a viabilidade econômica do projeto. Para tal estudo, serão analisadas curvas de sensibilidade geradas com o modelo criado. Os diferentes resultados obtidos poderão ser de valia para um possível investidor, assim como de um autoprodutor visando a sustentabilidade.
  • 8. 8 1.2. Conceitos “Considera-se um sistema híbrido, aquele em que duas ou mais tecnologias de geração de energia elétrica são conjugadas em função da disponibilidade local de recursos energéticos. Outra característica deste tipo de sistema é a existência de um bloco inteligente responsável pelo despacho.” [1] 1.3. Considerações gerais “A busca por alternativas às fontes tradicionais de produção de energia abre caminho para um novo mercado no País. Ainda em seus primeiros passos, mas com imenso potencial, a geração que aproveita a irradiação solar (fotovoltaica) e a força dos ventos (eólica), entre outras, tem no Brasil o cenário ideal para desenvolver-se.” [5] O Brasil, por ser um país de dimensões continentais, possui inúmeros sítios com condições adequadas à implantação de projetos aproveitando a força dos ventos e a irradiação solar. As políticas e legislações vigentes incentivam não somente o grande investidor em fontes alternativas de energia. Pequenos produtores podem tirar proveito de incentivos financeiros e legais, levando o país cada vez mais à diversificação da matriz energética e a geração distribuída.
  • 9. 9 A figura 1 e a figura 2 ilustram o potencial solar e eólico nacional. Figura 1 – Potencial Solar (Insolação diária) Fonte: Atlas Solarimétrico do Brasil – Banco de Dados Terrestre, UFPE, 2000 Figura 2 – Potencial Eólico (velocidade média anual [m/s]) Fonte: Atlas do Potencial Eólico Brasileiro, CRESESB – CEPEL, 2001
  • 10. 10 1.4. Disposições Legais A seguir são apresentadas algumas disposições legais que procuram viabilizar o desenvolvimento de fontes alternativas no Brasil. 1.4.1. Decreto nº. 2.003, de 10 de setembro de 1996 Regulamenta a produção de energia elétrica por produtores independentes e por autoprodutor e estabelece outras providências. 1.4.2. Lei nº. 9.478, de 06 de agosto de 1997 Dispõe sobre a política energética nacional e, dentre outras providências, institui o Conselho Nacional de Política Energética, que tem como um dos objetivos o uso racional das fontes de energia, incluindo as fontes de energia e as tecnologias alternativas, mediante o aproveitamento econômico dos insumos disponíveis. 1.4.3. Resolução nº. 112, de 18 de maio de 1999 Estabelece os requisitos necessários à obtenção de registro ou autorização para implantação, ampliação ou reponteciação de centrais geradoras termelétricas, eólicas e de outras fontes alternativas de energia. 1.4.4. Resolução nº. 371, de 29 de dezembro de 1999 Regulamenta a contratação e comercialização de reserva de capacidade por autoprodutor e produtor independente. 1.4.5. Resolução nº. 170, de 4 de maio de 2001 Comercialização temporária de energia oriunda de centrais cogeradoras,
  • 11. 11 autoprodutores e centrais de emergência. 1.4.6. Resolução nº. 24, de 05 de Julho de 2001 Cria o Programa Emergencial de Energia Eólica – PROEÓLICA no território nacional e estabelece as condições para consecução dos objetivos deste Programa. 1.4.7. Medida Provisória nº. 14, de 21 de dezembro de 2001 Cria o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica – PROINFA, com o objetivo de agregar ao Sistema Elétrico Interligado Nacional, o montante de, no máximo, 3300 MW de potencia instalada. 1.5. PROINFA O PROINFA é um importante instrumento para a diversificação da matriz energética nacional, garantindo maior confiabilidade e segurança ao abastecimento. O Programa, coordenado pelo Ministério de Minas e Energia (MME), estabelece a contratação de 3.300 MW de energia no Sistema Interligado Nacional (SIN), produzidos por fontes eólica, biomassa e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), sendo 1.100 MW de cada fonte. Criado em 26 de abril de 2002, pela Lei nº. 10.438, o PROINFA foi revisado pela Lei nº. 10.762, de 11 de novembro de 2003, que assegurou a participação de um maior número de estados no Programa, o incentivo à indústria nacional e a exclusão dos consumidores de baixa renda do pagamento do rateio da compra da nova energia. O PROINFA conta com o suporte do BNDES, que criou um programa de apoio a investimentos em fontes alternativas renováveis de energia elétrica. A linha de crédito prevê financiamento de até 70% do investimento, excluindo apenas bens e
  • 12. 12 serviços importados e a aquisição de terrenos. Os investidores têm que garantir 30% do projeto com capital próprio. As condições do financiamento serão TJLP (Taxa de Juros de Longo prazo) mais 2% de spread básico e até 1,5% de spread de risco ao ano, carência de seis meses após a entrada em operação comercial, amortização por dez anos e não-pagamento de juros durante a construção do empreendimento. [3],[5] 1.6. CCC Para subsidiar a geração de energia elétrica com o uso de combustíveis fósseis, foi criada, por lei, a Conta Consumo de Combustíveis - CCC. Ela disciplinou o rateio dos custos de aquisição desses combustíveis entre todas as concessionárias ou autorizadas do país, para garantir os recursos financeiros ao suprimento de energia elétrica a consumidores de localidades isoladas do sistema interligado de geração e distribuição, bem como da geração termelétrica que atende, principalmente, à demanda de ponta dos sistemas interligados, com tarifas uniformizadas. A reestruturação do setor elétrico brasileiro introduziu novos conceitos de competição na geração de energia elétrica. A ampliação de exigências voltadas para a sustentabilidade dos meios de geração em termos técnicos e ambientais - relacionadas com a redução de emissões de gases de efeito estufa para a atmosfera - e a necessidade de universalizar o suprimento de energia elétrica para a população brasileira, motivou a criação de incentivos ao desenvolvimento de alternativas de geração de energia elétrica a partir de fontes renováveis. A sub-rogação dos recursos da CCC a empreendimentos de geração a partir dessas fontes favorece a substituição do consumo de combustíveis fósseis na geração de energia elétrica. 1.6.1 Evolução da legislação visando suprimir, progressivamente, o montante dos recursos destinados à geração termelétrica até sua extinção. O art.11 da lei no 9.648, de 27 de maio de 1998, estabeleceu que as usinas
  • 13. 13 termelétricas situadas nas regiões abrangidas pelo sistema elétrico interligado, cuja operação tenha-se iniciado a partir de 6 de fevereiro de 1998, não mais fariam jus aos benefícios da sistemática de rateio de ônus e vantagens decorrentes do consumo de combustíveis fósseis – CCC, prevista no inciso III do art. 13 da Lei nº. 5.899, de 5 de julho de 1973. O mesmo artigo manteve, temporariamente, a sistemática de rateio para as termelétricas do sistema interligado, em operação em 6 de fevereiro de 1998, considerando prazos e condições de transição, definidos na Resolução ANEEL nº. 261/98, a qual mantém o reembolso integral dos custos com combustível até 2002, sendo reduzidos gradualmente nos três anos subseqüentes: 25% em 2003, 50% em 2004 e 75% em 2005, até a extinção do benefício para o sistema interligado, a partir de 2006 inclusive. Ressalta-se que a manutenção temporária da CCC, para as centrais termelétricas a carvão mineral, aplica-se exclusivamente àquelas que utilizam apenas produto de origem nacional. 1.6.2 A Sub-rogação dos benefícios da CCC para o Desenvolvimento das Fontes Renováveis de Geração de Energia Elétrica. A sistemática da CCC subsidia o custo dos combustíveis fósseis, garante o preço uniforme da energia elétrica fornecida às regiões isoladas e atende necessidades de ponta de consumo no sistema interligado (CCC-S/SE/CO e CCC- N/NE). Por outro lado, contribui para a crescente obsolescência do parque termelétrico do país, além de onerar as concessionárias do Sistema Interligado, que repassam custos para as tarifas de todos os consumidores finais. Pelos motivos expostos e considerando a meta de universalização dos serviços de eletricidade no país, a Lei nº. 9.648/98 determinou também que os aproveitamentos hidrelétricos tratados no inciso I do art.26 da Lei nº. 9.427/96 e a geração elétrica a partir de fontes alternativas que venham a ser implantados em sistema elétrico isolado, substituindo a geração termelétrica com derivados de
  • 14. 14 petróleo, sub-rogar-se-ão ao direito de usufruir dessa sistemática de rateio. A Resolução da ANEEL n° 245, de 11 de agosto de 1999, regulamentou as condições e os prazos para a sub-rogação do rateio da CCC aos projetos em sistemas elétricos isolados que substituam total ou parcialmente a geração termelétrica com derivados de petróleo ou que atendam a novas cargas pela expansão do mercado. Os termos dessa resolução se fundamentaram na Lei nº. 9.648 e nos incisos IV e VI do Art.3º do Anexo I do Decreto nº. 2.335, a partir da criação de condições para a modicidade tarifária sem prejuízo da oferta, com ênfase na qualidade do serviço de energia elétrica e na adoção de medidas efetivas para assegurar a oferta de energia elétrica a áreas de baixa renda e de baixa demanda, urbanas e/ou rurais. A aplicação da sistemática de rateio da CCC será mantida, para os sistemas isolados, até 27 de maio de 2013. A sub-rogação dos benefícios da CCC-ISOL, válida até essa data, possibilita a utilização dos recursos da CCC para viabilização de empreendimentos de geração que utilizem fontes alternativas ou que sejam enquadrados como PCH. 1.6.3. Requisitos básicos para a sub-rogação Poderão se sub-rogar dos benefícios da CCC-ISOL os empreendimentos que se enquadrem nas seguintes condições: a) Pequenas Centrais Hidrelétricas assim entendidas como aquelas que estejam em conformidade com o estabelecido na Resolução nº. 394/98 e potência instalada de projeto entre 1 MW e 30 MW; b) Demais empreendimentos de geração de energia elétrica a partir de fontes renováveis.
  • 15. 15 1.6.4. Requisitos e Procedimentos estabelecidos na Resolução ANEEL nº. 245/99 para solicitação dos benefícios da CCC. Itens a serem observados para que se possa fazer jus aos benefícios previstos na Resolução nº. 245/99: a) A central geradora de direito deverá ser implantada em sistemas isolados. De acordo com a Lei nº. 9.648, de 27/05/98, fica mantida, pelo prazo de 15 anos após sua publicação, a aplicação da sistemática da CCC para os sistemas isolados, estabelecida na Lei nº. 8.631, de 04/03/93, e possibilita a utilização dessa sistemática para PCHs e geração a partir de fontes alternativas implantadas em sistemas isolados. Portanto, a sistemática utilizada é a da CCC-ISOL, definida de acordo com o Decreto nº. 774, de 18/03/93, que regulamentou a Lei nº. 8.631. De acordo com o Decreto nº. 774, a CCC-ISOL destina-se à cobertura dos custos de combustíveis da geração térmica constantes dos Planos de Operação dos sistemas isolados, definidos pelo Grupo Técnico Operacional da Região Norte (GTON). b) A geração proveniente do empreendimento deverá possibilitar a desativação total ou parcial de uma usina termelétrica já existente. Nesse caso deverá haver o documento formal com o “de acordo” da concessionária local. c) Atendimento a novas cargas devido a expansões do mercado atual. d) Quanto ao direito aos benefícios - A sub-rogação dos benefícios da CCC aplica-se somente às PCHs ou empreendimentos de geração de energia elétrica a partir de fontes alternativas que tenham sido outorgados pela ANEEL e que ainda não estejam em operação. [6]
  • 16. 16 2. Projeto 2.1. Descrição do sistema A topologia de sistemas híbridos varia de acordo com as necessidades de cada projeto. A figura 3 exemplifica um diagrama de blocos genérico de sistemas híbridos. Figura 3 – Diagrama de Blocos do sistema Híbrido [1] 2.1.1. Geração Eólica Este bloco consiste principalmente da turbina eólica ou aerogerador. A turbina eólica gera a eletricidade através da rotação de suas hélices pelo vento incidente. A eletricidade é transmitida torre abaixo mais frequentemente por circuito trifásico, porém sua tensão e freqüência não são fixas devido à variação da velocidade do vento incidente. A tensão e corrente de saída são então retificadas para carregar baterias ou para ser invertida e conectada à rede. [7]
  • 17. 17 2.1.2. Geração Fotovoltaica Este bloco consiste basicamente das placas fotovoltaicas. A luz solar incide nas placas feitas de material semicondutor (silício) e gera-se eletricidade através do efeito fotovoltaico. Os painéis podem ser conectados em série e/ou em paralelo de modo a produzir diferentes valores de corrente contínua e tensões. [8] 2.1.3. Unidade de condicionamento de potência O principal equipamento desta unidade é o inversor. Inversores transformam a eletricidade produzida em corrente contínua pelas turbinas eólicas e/ou pelas placas para corrente alternada, de modo a injetar eletricidade na rede com freqüência e tensão adequadas. Atualmente o inversor é amplamente utilizado industrialmente e existe uma ampla documentação a respeito, não só de caráter didático, como também de natureza comercial fornecida pelos fabricantes. 2.1.4. Unidade de controle O principal equipamento desta unidade é o controlador de carga. A função primária do controlador é proteger o banco de baterias contra sobrecargas. Em sistemas eólicos sem o uso de banco de baterias não há necessidade de controlador, haja vista que toda a energia gerada é injetada na rede ou consumida por alguma carga. Também se faz funcional no caso de falha na rede, o que torna necessário o uso de um dispositivo eletrônico antes do inversor para regular a tensão de entrada. 2.1.4.1. Prevenção contra ilhamento Ilhamento é a situação que pode ocorrer caso uma seção da rede elétrica esteja desconectada da rede elétrica principal devido a uma falta ou uma manobra intencional de disjuntor (devido a fenômenos atmosféricos, curto-circuito na rede ou manutenção). Se a turbina eólica e/ou as placas solares continuarem operando na
  • 18. 18 parte ilhada da rede em tais condições, as redes não estarão em fase após pouco tempo e a rede ilhada estará energizada, o que pode causar acidentes durante a manutenção. Quando a rede é reestabelecida, podem ser ocasionados surtos de corrente ("current surges") na rede e na turbina eólica. Isto pode ocasionar também grande liberação de energia nas partes mecânicas da turbina eólica, que pode danificar o equipamento. O controlador eletrônico deve, portanto, monitorar a tensão, a freqüência e a corrente alternada da rede. Caso a tensão da rede oscile fora de certos limites em fração de segundos, a turbina deve ser desconectada da rede principal e parar de operar. Em termos mundiais, a norma IEEE1547.1 [9] de 2005 vem servindo de paradigma a muitas concessionárias, para a interconexão de sistemas e equipamentos de geração distribuída à rede elétrica. 2.1.5. Subsistema de armazenamento Este subsistema tem como finalidade armazenar o excedente ou parte da energia produzida pelo sistema de geração. Caso o sistema não esteja conectado à rede, faz-se necessário o uso de bancos de baterias quando não houver vento ou sol suficiente para a geração de eletricidade. Sistemas conectados à rede podem se utilizar de bancos de baterias para prover energia de emergência em caso de falta de energia, o que é bom para suprir cargas críticas, as quais podem operar até a rede reestabelecer seu funcionamento. Em caso de sistemas eólicos é aconselhado o uso de baterias de ciclo profundo. Baterias de chumbo ácido são as mais comumente utilizadas. Estas
  • 19. 19 baterias são as mais baratas, porém requerem adição de água destilada ocasionalmente durante o processo de carga. Baterias seladas são as mais aconselhadas para sistemas conectados à rede, pois não necessitam de manutenção, já que estão sendo constantemente carregadas. [7] 2.1.6. Carga local Este bloco consiste das cargas locais que mantêm a instalação e os dispositivos do sistema híbrido em funcionamento. Estas cargas são supridas pela eletricidade gerada pelo próprio sistema. Em casos em que não há geração de eletricidade por falta de vento, luminosidade ou manutenção, estas cargas são supridas pelo subsistema de armazenamento.
  • 20. 20 2.2. Turbina Eólica 2.2.1. Razões para escolha de turbinas grandes Há razões econômicas em escala para a escolha de turbinas grandes. Turbinas maiores normalmente entregam eletricidade a um custo menor do que turbinas menores. A razão é que o custo das fundações, construção de estradas, conexão à rede elétrica, mais o custo de componentes, são de certo modo independentes do tamanho da turbina. Turbinas grandes são mais adequadas para parques eólicos offshore. O custo das fundações não cresce proporcionalmente com o custo das turbinas, e o custo de manutenção é grandemente independente do tamanho da máquina. Em áreas onde é difícil encontrar espaço para mais de uma turbina, o uso de uma turbina grande com torre alta aproveita o vento mais eficientemente. 2.2.2. Razões para escolha de turbinas pequenas A rede elétrica local pode ser fraca para suportar a geração elétrica de turbina grande. Este pode ser o caso de partes remotas da rede elétrica com baixa densidade populacional e baixo consumo de eletricidade na área Há menor flutuação de entrega de eletricidade em parques eólicos que consiste de pequenas turbinas eólicas, tendo em vista que as flutuações ocorrem aleatoriamente, e deste modo tendem a se cancelar ou balancear. Novamente isto pode ser uma vantagem em redes elétricas fracas. O uso de pequenas turbinas dispersa o risco em caso de falha mecânico/elétrica.
  • 21. 21 O investimento inicial financeiro num parque eólico de pequenas turbinas é menor, reduzindo o valor da perda/dívida do investimento. Considerações estéticas na paisagem podem ser mandatórias no uso de pequenas turbinas. [10] 2.2.3. Especificação da turbina Tendo em vista que este projeto é um sistema de baixa potência, foi selecionada uma turbina com potência nominal de 20 KW conforme mostrado na figura 4. JACOBSTM 31-20, 20kw Figura 4 – Ilustração da turbina
  • 22. 22 Curva de Potência 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 2,2 3,1 4,0 4,9 5,8 6,2 6,7 7,1 7,6 8,0 8,4 8,9 9,3 9,8 10,2 10,7 11,1 11,6 12,0 12,4 12,9 Velocidade (m/s) KW Gráfico 1 – Curva de potência da turbina Mais dados técnicos disponíveis em www.windturbine.net Para o projeto em questão, há a opção de três alturas de torres para a turbina. As torres disponíveis são de 25,5 m, 30,5 m e 36,6 m de altura. O preço do conjunto eólico varia crescentemente de acordo com o tamanho da torre escolhida para o aerogerador. O preço em dólar do conjunto aerogerador, torre, controles e conexão à rede é mostrado na tabela 1 a seguir.
  • 23. 23 Conjunto eólico com torre de 24,5 m $ 50,700.00 Conjunto eólico com torre de 30,5 m $ 53,000.00 Conjunto eólico com torre de 36,6 m $ 56,100.00 Tabela 1 – Preço do conjunto eólico (dólares) 2.3. Placa fotovoltaica 2.3.1. Especificação da placa fotovoltaica A placa fotovoltaica utilizada para as simulações é a PWX 500. Produtor: Photowatt. Gráfico 2 – Curva V x I da placa fotovoltaica. Os dados fornecidos pelo fabricante da placa são mostrados na tabela 2 a seguir.
  • 24. 24 Tabela 2 – Dados da placa fotovoltaica O preço da placa em questão é de 400 dólares por módulo.
  • 25. 25 3. Dados e resultados de geração 3.1. Ventos do local A prática atualmente utilizada para a coleta de dados de vento inclui (entre outras) a medida da velocidade do vento de maneira contínua e a acumulação do valor médio correspondente a intervalos de 10 minutos. De posse desses valores podem-se calcular grandezas estatísticas como a velocidade média e desvio padrão. Pode-se traçar, também, o diagrama de freqüências (absoluta ou relativa) ou histograma, e outros dele derivados como, por exemplo, o diagrama de freqüência acumulada e de duração, assim como se pode calcular a energia e a potência associada. [11] A distribuição de Weibull permite representar a distribuição de freqüência de velocidade de vento de uma forma bem compacta. A equação (1) representa a distribuição de dois parâmetros. k A vk e A v A k vf                **)( )1( (1) Onde: )(vf : freqüência de ocorrência da velocidade de vento v ; k : parâmetro de forma (adimensional); A : parâmetro de escala [m/s]; v : velocidade do vento [m/s]. 086,1        V k  (2) )01,09,0/( 1 1/              V k VA (3)  - desvio padrão V - velocidade média
  • 26. 26 Uma vez determinados os parâmetros de Weibull, pode-se determinar a função densidade de probabilidade de Weibull e de posse da curva de potência (Gráfico 1), pode-se determinar a produção da potência média anual através da equação (4) abaixo. [12]                2 1 2 1 )( )(*)( t t t t vf vPvf P (4) Os dados de velocidade dos ventos foram colhidos durante um ano em uma estação anemométrica verdadeira e apresentam valores como pode ser visto pelo histograma de freqüência e a curva de Weibull apresentados no gráfico 3 e no gráfico 4. Os dados foram coletados a uma altura de 15,25 metros, e para se obter as velocidades em diferentes alturas, utilizou-se a equação (5) aplicada para cada velocidade coletada. 7/1 0 *0        h h vv (5) Onde: v : velocidade a ser obtida na altura desejada v0: velocidade na altura que foi coletada h: altura desejada h0: altura que foi feita a medição
  • 27. 27 Histograma de Velocidades 0 2 4 6 8 10 12 14 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Velocidade (m/s) % Turbina a 25,5 m Turbina a 30,5 m Turbina a 36,6 m Gráfico 3 – Histograma de velocidades Distribuição Weibull 0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Velocidade (m/s) Turbina a 25,5 m Turbina a 30,5 m Turbina a 36,6 m Gráfico 4 – Distribuição Weibull
  • 28. 28 As médias das velocidades, os desvios padrões, os parâmetros de escala e os parâmetros de forma para as diferentes alturas de torre obtidos são apresentados na tabela 3. Altura da torre 25,5 m 30,5 m 36,6 m Média das velocidades [m/s] 8,36 8,63 8,85 Desvio padrão 3,08 3,18 3,26 Parâmetro de escala [m/s] 9,18 9,48 9,73 Parâmetro de forma (adimensional) 2,96 2,96 2,96 Tabela 3 – Dados tratados dos ventos 3.2. Cálculo da energia eólica gerada Utilizando-se da equação (4), com os valores da distribuição de Weibull (gráfico 4) e de posse da curva de potência da turbina (gráfico 1), pode-se obter as potências médias (vide tabela 4) e os respectivos fatores de potência (vide tabela 5). Potência Média [kW] 25,5 m 8,49 30,5 m 9,07 36,6 m 9,53 Tabela 4 – Potência média Fator de Capacidade 25,5 m 0,42 30,5 m 0,45 36,6 m 0,48 Tabela 5 – Fator de capacidade dos aerogeradores Para se obter a geração elétrica anual (KW.h/ano), multiplicou-se a potência média pelo número de horas em um ano (8760 horas). O resultado da geração elétrica anual é mostrado na tabela 6.
  • 29. 29 Geração Elétrica Anual [kW.h/ano] 25,5 m 74.434,70 30,5 m 79.440,08 36,6 m 83.520,25 Tabela 6 – Geração eólica anual 3.3. Incidência solar A incidência solar é variável geográfica e meteorológica de acordo com a localidade. Uma forma bastante conveniente de se expressar o valor acumulado de energia solar ao longo de um dia é através do número de horas de sol pleno. Esta grandeza reflete o número de horas em que a radiação solar deve permanecer constante e igual a 1 kW/m2 (1000 W/ m2 ) de forma que a energia resultante seja equivalente à energia acumulada para o dia e local em questão. A figura 5 ilustra as horas de sol pleno ao longo de um dia em uma localidade hipotética. Para as simulações deste projeto, o valor adotado foi de 7 horas. Este valor foi arbitrado constante para todos os dias do ano. Figura 5 – Perfil de radiação solar
  • 30. 30 O cálculo da geração solar foi feito de maneira simplificada, isto é, arbitrou-se que o ponto de operação da placa nessas 7 horas é o ponto de máxima potência que a placa pode gerar. A seguir, será apresentado como foi calculada a energia gerada de origem fotovoltaica: Energia gerada (W*hora) = MPP (W) * Incidência solar (horas de sol pleno) MPP: Maximum Power Point. Situação no joelho da curva V x I da placa fotovoltaica onde a potência máxima da placa é atingida. V: tensão (volts) I: corrente (ampère) W: potência (watt) 3.5. Cálculo da energia fotovoltaica gerada O cálculo da energia elétrica gerada conforme apresentado na seção 3.4 foi feito adotando o número de horas de sol pleno em um ano (7 horas x 365 dias = 2555 horas). O MPP da placa em questão adotado (vide gráfico 2) foi de 44 W. O valor da geração elétrica anual para um único módulo fotovoltaico calculado foi de 112.420 W.h/ano (112,42 kW.h/ano).
  • 31. 31 4. Aspectos econômicos dos projetos eólico e solar 4.1. Custos de um projeto eólico A distribuição dos custos de um projeto em energia eólica pode variar largamente segundo as características de cada empreendimento, tornando cada projeto um estudo de caso particular porque, pelas médias dos custos de projetos já implementados, cada etapa apresenta um faixa de participação bem definida no custo total do projeto. O custo da turbina eólica representa o custo mais importante e significativo de um projeto eólico. Para projetos de grande porte, a participação da turbina nos custos totais do investimento é muito alta, diluindo assim os demais custos em relação ao total de investimento. [4] Custos iniciais de projetos em energia eólica Categoria de custos iniciais do projeto Fazenda Eólica de médio/grande porte (%) Fazenda Eólica de pequeno porte (%) Estudo de viabilidade menos de 2 1 - 7 Negociações de desenvolvimento 1 – 8 4 - 10 Projeto de Engenharia 1 – 8 1 - 5 Custo de Equipamentos 67 – 80 47 - 71 Instalações e infra-estrutura 17 – 26 13 - 22 Diversos 1 – 4 2 - 15 Tabela 7 - Custos iniciais de projetos em energia eólica [4]
  • 32. 32 O detalhamento de cada etapa dos custos iniciais do projeto é mostrado na figura 6. Figura 6 – Distribuição dos custos iniciais de um projeto eólico [4] Os custos anuais de manutenção e operação englobam, além das despesas com equipamentos (reposição e prevenção), despesas como arrendamento da terra e seguros, entre outras. Muitas vezes o custo estimado de manutenção e operação das turbinas é fornecido pelo próprio fabricante. Esse custo representa a maior parte das despesas anuais a serem desembolsadas para a manutenção de uma fazenda eólica. [4]
  • 33. 33 O detalhamento dos custos de operação e manutenção do projeto é mostrado no esquema da figura 7. Figura 7 – Distribuição dos custos em O&M Um percentual de operação e manutenção da instalação ou parque eólico que varie entre 3 e 5 % representa a realidade. 4.2. Custos de um projeto fotovoltaico O investimento necessário para adquirir um sistema fotovoltaico depende de vários fatores, tais como os preços internacionais do mercado fotovoltaico, a disponibilidade local de distribuidores e instaladores dos equipamentos e a demanda energética dos usuários e o tamanho do sistema a ser instalado. Fatores importantes a serem considerados no custo são as características particulares dos equipamentos necessários para atender a demanda energética (com qualidade, quantidade e capacidade adequadas), a distância e facilidade de acesso entre o lugar de venda dos equipamentos e o lugar onde se instalará o sistema, e a margem de lucro dos vendedores das placas. [13]
  • 34. 34 Percentual da Distribuição de Custos de uma Instalação Fotovoltaica Mão de Obra 15% Painel 30% Bateria 15% Regulador 5% Inversor 15% Instalação Elétrica 5% Transporte 15% Tabela 8 - Percentual da Distribuição de Custos de uma Instalação Fotovoltaica [6] Percentual da Distribuição de Custos de um Sistema Fotovoltaico Instalação e Equipamentos 70% 75% Operação e Manutenção 3% 5% Reposição 27% 20% Tabela 9 – Percentual da distribuição de custos de um sistema fotovoltaico [6] Os custos de instalação e equipamentos são aqueles que incidem inicialmente com a compra, transporte e instalação dos sistemas fotovoltaicos. Estes custos podem representar de 70 a 75% do custo do sistema ao longo de sua vida útil. A vida útil de um sistema fotovoltaico corretamente instalado e com equipamentos de boa qualidade pode atingir de 15 a 25 anos. Os custos de operação e manutenção são aqueles que incidem durante toda a vida útil do equipamento para conservar em boas condições de operação o sistema fotovoltaico. Normalmente, a manutenção dos sistemas fotovoltaicos não é mais do que a limpeza adequada dos equipamentos, especialmente dos painéis fotovoltaicos e a manutenção do nível de água das baterias, se estas não forem seladas. Devido a isto, os custos de manutenção são baixos e representam de 3 a 5% do custo total do sistema ao longo de sua vida útil. Os custos de reposição são aqueles que incidem quando as baterias chegam
  • 35. 35 ao fim de sua vida útil. Geralmente isto ocorre depois de 3 a 5 anos de uso e depende em boa medida da manutenção e dos ciclos de carga/descarga aos quais a bateria foi submetida. Estes custos representam de 20 a 27% do custo total do sistema ao longo de sua vida útil. 4.3. Custo do sistema híbrido O custo do sistema híbrido foi obtido utilizando-se os modelos de custos apresentados nas seções 4.1 e 4.2. De posse do custo dos equipamentos (turbina e torre), estimou-se o custo total do projeto eólico. O custo inicial total do sistema eólico é mostrado na tabela 10. Tabela 10 – Custos inicias do projeto eólico Um painel fotovoltaico pode variar muito em valores, variando portanto o preço total basicamente com o número de placas fotovoltaicas. O custo inicial total do sistema fotovoltaico é mostrado na tabela 11. Tabela 11 – Custos inicias do projeto fotovoltaico
  • 36. 36 As baterias requerem substituição a cada 5 anos, encarecendo o projeto num todo. Seu preço com o modelo em questão está em 15% do custo da instalação fotovoltaica. Tendo em vista que o custo dos equipamentos foi obtido em dólares americanos, a cotação utilizada para obtenção do preço dos equipamentos foi de R$ 2,05.
  • 37. 37 5. Estudo do investimento Para este projeto foi desenvolvida uma ferramenta em Excel e Flash que permite se variar parâmetros no modelo criado, obtendo-se assim diferentes valores para as possíveis saídas do sistema. O estudo do investimento foi feito variando parâmetros de entrada que afetam direta ou indiretamente o fluxo de caixa do projeto durante a vida útil do mesmo. A tabela 12 exemplifica o fluxo do projeto para os cinco primeiros anos do investimento e para uma altura de 36,6 m do aerogerador, utilizando apenas uma placa fotovoltaica. A figura 8 ilustra a ferramenta em flash utilizada para realizar as análises com o modelo criado. Fluxo de Caixa (valores em R$) 0 1 2 3 4 5 Ano 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Receita Eólica 16.444,30 16.937,63 17.445,76 17.969,13 18.508,21 Receita Solar 35,41 36,47 37,57 38,70 39,86 Custo inicial (164.712,21) Reposição da bateria (410,00) Custo O&M - PV (45,10) (46,45) (47,85) (49,28) (50,76) Custo O&M - Eólico (3.450,15) (3.553,65) (3.660,26) (3.770,07) (3.883,17) Fluxo de Caixa livre (164.712,21) 12.984,46 13.374,00 13.775,22 14.188,48 14.204,13 Tabela 12 – Fluxo de caixa
  • 38. 38 Figura 8 – Ferramenta em flash utilizada para fazer as análises 5.1. Metodologia Utilizada A seguir serão apresentados conceitos e critérios que buscam fundamentar o estudo de um investimento financeiro em um projeto. 5.1.1. VPL O valor presente líquido (VPL) ou método do valor atual é a fórmula matemático-financeira de se determinar o valor presente de pagamentos futuros descontados a uma taxa de juros apropriada, menos o custo do investimento inicial. Basicamente, é o calculo de quanto os futuros pagamentos somados a um custo inicial estaria valendo atualmente. Usando o método VPL, um projeto de investimento potencial deve ser empreendido se o valor presente de todas as entradas de caixa menos o valor presente de todas as saídas de caixa (que iguala o valor presente líquido) for maior
  • 39. 39 que zero. Se o VPL for igual a zero, o investimento é indiferente, pois o valor presente das entradas é igual ao valor presente das saídas de caixa; se o VPL for menor do que zero, significa que o investimento não é economicamente atrativo, já que o valor presente das entradas de caixa é menor do que o valor presente das saídas de caixa. O valor presente líquido para fluxos de caixa uniformes, pode ser calculado através fórmula a seguir:     n t t t i FC VPL 0 1 Onde: t: Período de tempo (geralmente em anos) que o dinheiro foi investido no projeto n: duração total do projeto, i: custo do capital FC: Fluxo de caixa no período. O custo do capital é a taxa de rentabilidade do investimento no período. [13] 5.1.2. TIR A taxa interna de rentabilidade (TIR) representa a rentabilidade gerada pelo investimento, ou seja, representa uma taxa de juro tal, que se o capital investido tivesse sido colocado a essa taxa, resultaria exatamente na mesma taxa de rentabilidade final. O custo de oportunidade é a remuneração obtida em outras alternativas que não as analisadas. Exemplo: caderneta de poupança, fundo de investimento, SELIC, etc. Atualmente (abril/2007), a SELIC em 12,50 % representa um bom parâmetro de custo de oportunidade para investidores.
  • 40. 40 Para os casos em que a TIR é superior ao custo de oportunidade, tem-se um investimento atrativo. A fórmula de obtenção da TIR será apresentada a seguir:     n t t i FC 0 0 1 Onde [14]: t: Período de tempo (geralmente em anos) que o dinheiro foi investido no projeto n: duração total do projeto, i: custo do capital FC: Fluxo de caixa no período. 5.1.3. Amortização do Capital O estudo feito neste projeto utilizou a regra do período de “payback” . Em termos gerais, o período de “payback” é o tempo necessário para recuperar o investimento inicial. Com base nesta regra, um investimento é aceitável quando seu período de “payback” calculado é inferior a algum número predeterminado de anos. [14] Para o modelo em questão, o tempo de amortização do capital está entre 10 e 25 anos (vida útil do sistema). Quanto menor o percentual de custo solar da instalação, mais rápido o investimento será pago. O gráfico 5 mostra o tempo de amortização pelo percentual de custos solares do sistema híbrido obtido com o modelo em questão.
  • 41. 41 Amortização do Sistema Hibrido 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 0,00% 11,11% 20,00% 30,01% 40,43% 50,01% P e r c e nt ua l de c ust o f ot ov olt a ic o no sist e ma Anos Com incentivosdo PROINFA Sem incentivosdo PROINFA Gráfico 5 – Amortização do sistema (valores utilizados para análise apresentados nas tabelas 13 e 14) 5.2. Análise de Sensibilidade A análise de sensibilidade procura determinar o efeito da variação de um determinado item no seu valor total. Esta foi feita variando alguns índices que afetam o retorno financeiro de um sistema híbrido eólico-solar. Todas as análises foram feitas considerando que a receita proveniente da venda de energia elétrica aumenta proporcionalmente com a inflação. Levou-se em consideração que os custos de operação e manutenção também são incrementados anualmente segundo a inflação. A inflação adotada foi arbitrada constante em 3% nos 25 anos de vida útil do sistema. Os valores utilizados para as simulações são apresentados nas tabelas 13 e 14 a seguir:
  • 42. 42 CENÁRIO 1 Valores utilizados para a simulação - Sem incentivos do PROINFA Valor da energia comercializada - Eólica - R$/ (MW.h) *4 134,00 Valor da energia comercializada - Solar - R$/(MW.h) *4 315,00 Cotação do Dólar (1 $ = x reais) x 1,00 R$ 2,05 Incidência solar diária (horas) 7,0 Preço da Placa PV (dólares) $ 400,00 Custo anual O&M sobre o preço dos equipamentos eólicos 3,0% Custo anual O&M sobre o preço dos equipamentos fotovoltaicos 3,0% Tabela 13 – Valores utilizados para o cenário 1 CENÁRIO 2 Valores utilizados para a simulação - Com incentivos do PROINFA Valor da energia comercializada - Eólica - R$/(MW.h) ) *5 196,88 Valor da energia comercializada - Solar - R$/(MW.h) *4 315,00 Cotação do Dólar (1 $ = x reais) x 1,00 R$ 2,05 Incidência solar diária (horas) 7,0 Preço da Placa PV (dólares) $ 400,00 Custo anual O&M sobre o preço dos equipamentos eólicos 3,0% Custo anual O&M sobre o preço dos equipamentos fotovoltaicos 3,0% Tabela 14 – Valores utilizados para o cenário 2 O valor normativo da energia comercializada no ano de 2007 foi obtido a partir de valores de anos anteriores atualizados pela inflação (3% ao ano). Os valores foram obtidos da ANEEL em documento que trata da aplicação dos Valores Normativos vigentes até a data da edição da Resolução ANEEL n°248, de 6 de maio de 2002, para a energia gerada pelos empreendimentos que especifica. *4– Valor 2007 obtido acrescendo inflação do valor normativo (VN) de 2001. Fonte: ANEEL [5] *5 – Valor 2007 obtido acrescendo inflação do valor normativo (VN) de 2004. Valores para fator de capacidade superior a 0,419347 Fonte:ANEEL [5]
  • 43. 43 O valor utilizado para a energia fotovoltaica em ambos os cenários não se refere a valores com incentivos do PROINFA e também foi acrescida a inflação do valor obtido conforme disponível no documento supra-citado.
  • 44. 44 5.2.1. Percentual de custos da instalação fotovoltaica X TIR Análise de Sensibilidade - Sem incentivo do PROINFA 0,00% 1,00% 2,00% 3,00% 4,00% 5,00% 6,00% 0,00% 6,32% 11,89% 16,84% 21,26% 25,23% 28,83% 32,09% 35,06% 37,13% Percentual de custos da instalação fotovoltaica no sistema híbrido TIR Turbina a 25,5 m Turbina a 30,5 m Turbina a 36,6 m Gráfico 6 Análise de sensibilidade - Com incentivo do PROINFA 0,00% 2,00% 4,00% 6,00% 8,00% 10,00% 12,00% 0,00% 11,11% 20,00% 30,01% 40,43% 50,01% 57,90% Percentual de custos custos da instalação fotovoltaica no sistema híbrido TIR Turbina a 25,5 m Turbina a 30,5 m Turbina a 36,6 m Gráfico 7
  • 45. 45 5.2.2. Dólar X TIR Análise de sensibilidade - Sem incentivo do PROINFA 2,00% 3,00% 4,00% 5,00% 6,00% 7,00% 8,00% -20,59% -10,81% -5,13% 0,00% 6,82% 10,87% 16,33% 21,15% variação do dólar - valor de referência (R$ 2,05) TIR Turbina a 36,6 m Turbina a 30,5 m Turbina a 25,5 m Gráfico 8 Análise de sensibilidade - Com incentivo do PROINFA 6,00% 7,00% 8,00% 9,00% 10,00% 11,00% 12,00% 13,00% 14,00% 15,00% -21,95% -9,76% -4,88% 0,00% 4,88% 9,76% 21,95% variação do dólar - valor de referência (R$ 2,05) TIR Turbina a 25,5 m Turbina a 30,5 m Turbina a 36,6 m Gráfico 9
  • 46. 46 5.2.3. Variação do valor normativo da energia eólica comercializada X TIR Análise de sensibilidade - Sem incentivo do PROINFA 5,00% 7,00% 9,00% 11,00% 13,00% 15,00% 4,29% 10,67% 15,19% 20,71% 33,00% 50,00% variação do valor normativo da energia eólica comercializada - valor de referencia em 2007 (R$ 134,00) TIR Turbina a 25,5 m Turbina a 30,5 m Turbina a 36,6 m Gráfico 10 Análise de sensibilidade - Com incentivo do PROINFA 10,00% 11,00% 12,00% 13,00% 14,00% 15,00% 16,00% 17,00% 18,00% 0,00% 5,14% 10,22% 15,30% 20,38% 33,08% 50,35% Variação do valor normativo da energia eólica comercializada - valor de referencia em 2007 (R$ 186,88) TIR Turbina a 25,5 m Turbina a 30,5 m Turbina a 36,6 m Gráfico 11
  • 47. 47 6. Conclusão As principais conclusões deste trabalho são: Tendo em vista que a relação [Watt gerado] / [Custo dos equipamentos] para o sistema fotovoltaico é grandemente superior ao sistema eólico, um sistema híbrido torna-se economicamente mais atrativo quanto menor for a parte fotovoltaica do sistema. A análise de sensibilidade dos gráficos 6 e 7 nos permite visualizar tal resultado. Sem incentivos do PROINFA, o investimento exclusivamente eólico torna-se atrativo caso o valor normativo da energia comercializada suba em torno de 40% do seu valor (vide gráfico 10). Com incentivos do PROINFA, o investimento exclusivamente eólico torna-se atrativo caso o valor normativo da energia comercializada suba em torno de 15% do seu valor (vide gráfico 11). Mesmo que o dólar oscile em -20%, diminuindo portanto o custo inicial em 20%, a TIR obtida com tal redução ainda não afere resultados atrativos para investimentos exclusivamente eólicos com e sem o incentivo do PROINFA (vide gráficos 8 e 9). O melhor cenário para TIR seria utilizando incentivos do PROINFA, o dólar desvalorizando e uma tendência crescente no preço da energia comercializada. Apesar de não ser economicamente atrativo no cenário atual, o investimento é viável, haja vista que o capital investido pode ser pago em no mínimo 10 anos (vide gráfico 5) e a vida útil do projeto é de cerca de 25 anos.
  • 48. 48 7. Sugestões para trabalhos futuros A seguir são apresentadas algumas sugestões para trabalhos futuros, que podem aprimorar este projeto: - A utilização de dados de outras localidades para ventos, assim como o aprimoramento do cálculo para geração fotovoltaica (considerando mais variáveis) trariam resultados com maior fidelidade para uma localidade específica; - A utilização dos créditos de carbono na análise financeira, o que consequentemente pode incrementar a TIR do investimento; - Levantamento e utilização de outras distribuições de custo, de modo a avaliar e comparar os diferentes portes cabíveis a sistemas híbridos; - Representar as incertezas naturais/financeiras relativas a uma localidade específica; - Considerar outras tecnologias disponíveis para armazenamento, uma vez que o descarte das baterias convencionais é um grave problema ao meio ambiente. - Integrar o sistema híbrido a uma instalação ecologicamente sustentável, de modo a avaliar a economia obtida.
  • 49. 49 8. Bibliografia [1] Ribeiro, C. M., Araújo, M. R. P., Cunha, A. Z., Ribeiro, A. H. C.; “Implantação de Sistema Híbrido para Eletrificação da Vila de Joanes (Pará)”; Centro de Pesquisas de Energia Elétrica – CEPEL, Centrais Elétricas do Pará – CELPA; Coletânea de Artigos – Energias Solar e Eólica, volume 1; CRESESB; setembro de 2003. [2] Porto, L., Carvalho, C. H., França, G., Oertel, L. C.; “Políticas de Energias Alternativas Renováveis no Brasil”; MME – Ministério de Minas e Energia. Coletânea de Artigos – Energias Solar e Eólica, volume 1; CRESESB; setembro de 2003. [3] Ministério de Minas e Energia; Texto disponível em : http://www.mme.gov.br [4] Dutra, R. M., Tolmasquim, M. T.; "Estudo de viabilidade econômica para projetos eólicos com base no novo contexto do setor elétrico"; Programa de Planejamento Energético da COPPE, Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Coletânea de Artigos – Energias Solar e Eólica, volume 1; CRESESB; setembro de 2003. [5] Agencia Nacional de Energia Elétrica;. Texto disponível em : http://www.aneel.gov.br [6] "Guia para utilização de recursos da Conta de Consumo de Combustíveis - CCC por empreendimento de geração de energia elétrica a partir de fontes renováveis nos sistemas isolados"; ANEEL - Agencia Nacional de Energia Elétrica; Texto disponível em: http://www.aneel.gov.br
  • 50. 50 [7] Home Power Magazine 110, dezembro 2005 e janeiro 2006;. Texto disponível em: http://www.homepower.com [8] Home Power Magazine 104, dezembro 2004 e janeiro 2005 Texto disponível em: http://www.homepower.com [9] IEEE 1547.1 – IEEE Standard for Interconnecting Distributed Resources with Electric Power Systems, IEEE, 2005 [10] "Guided Tour on Wind Energy", janeiro de 2002; Danish Wind Turbine Manufacturers Association; Texto disponível em: http://www.windpower.org [11] Silva, P. C., Guedes, V. G., Araújo, M. R. P., Hirata, M. H.; ”Otimização dos parâmetros da distribuição de Weibull”; Programa de Engenharia Mecânica – COPPE/UFRJ; Departamento de Mecânica – IEM/EFEI; Coletânea de Artigos – Energias Solar e Eólica, volume 1; CRESESB; setembro de 2003. [12] Moura, A. P., Filgueiras, A. R., Branco, T. M. M.; “Use of Weibull and Rayleigh distributions as tools for forecast of the power, generated energy and losses in a distribution system: a case study”; UFC – Universidade Federal do Ceará; UFPA – Universidade Federal do Pará; Coletânea de Artigos – Energias Solar e Eólica, volume 2; CRESESB; maio de 2005. [13] "Guia para utilização de recursos da Conta de Consumo de Combustíveis - CCC por empreendimento de geração de energia elétrica a partir de fontes renováveis nos sistemas isolados"; ANEEL - Agencia Nacional de Energia Elétrica; Texto disponível em: http://www.aneel.gov.br [14] Ross, S. A.; “Princípios de Administração Financeira”; São Paulo, Editora Atlas; 1997.
  • 51. 51 [15] Scheer, H; “Economia Solar Global – Estratégia para a Modernidade Tecnológica”; CRESESB – CEPEL; Rio de Janeiro; 2002. [16] “Manual de engenharia para sistemas fotovoltaicos”; CRESESB – CEPEL; Rio de Janeiro; 1999.