O documento discute a importância dos mitos e narrativas na compreensão do mundo. Aponta que os mitos ajudam a dar sentido à vida, ao transmitirem verdades eternas por meio de heróis. Também ressalta o papel do programa Catalendas em preservar as narrativas da Amazônia e a sabedoria dos povos da região.
2. • Criado em 1999;
• 1 ano de planejamento na TV Cultura do Pará;
• O Catalendas procura refletir
a realidade sociocultural brasileira;
• Ambientado no universo de histórias do Amazonas;
• A linguagem usada é da própria região;
• Tradicionalidade das narrativas;
• Personagens: Dona Preguiça e Macaco Preguinho;
• Cenários são pensados detalhadamente
com elementos naturais a floresta;
• Conta com consultoria pedagógica e pesquisa
sobre as narrativas.
3. • As lendas são ouvidas das pessoas da região;
• Depois são escritas por roteiristas e inseridas
nos livros de história da Dona Preguiça;
• Por meio da oralidade, são transmitidas pela
personagem ao macaco Preguinho;
• Crianças e adultos levam adiante as narrativas.
• Histórias fundamentais: a mitologia amazônica,
Curupira, Matinta Perera e o meio ambiente;
• Quadro efeito dicionário;
• Gramática dos símbolos aplicada às narrativas;
• Episódios estudados: Matinta Perera e Novo Mundo.
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5. • Alguns autores foram estudados na busca pela compreensão das teorias
sobre mito e mitologias e como a mídia se utiliza de suas narrativas:
• Joseph Campbell
• Mircea Eliade,
• Karen Armstrong,
• Maleia Segura Contrera,
• Mônica Martinez,
• Eric Havelock,
• Roland Barthes,
• Christopher Vogler,
• Dimas Künsch.
6. • Entende que é preciso que a expressão mito seja desvinculada
da ideia de pura história de ficção, folclore, lenda, imaginação,
irrealidade ou associações do gênero.
• Mito e mitologia são bem mais do que simples histórias. São uma
forma de ordenar o caos da vida.
• Para Künsch, “compreender, de comprehendere, evoca originalmente
a idéia de abranger, abraçar ou pegar junto”. (2005:46)
Mitos, nesse mesmo sentido, são verdadeiros instrumentos
de compreensão do mundo. Produzem e abraçam significados.
7. • Depois da pesquisa bibliográfica buscou-se a compreensão
das teorias sobre mito e mitologias e como a mídia se utiliza
das narrativas míticas.
• Descrição completa do programa Catalendas, de sua história
e de sua produção;
• Entrevistas em profundidade com a equipe de produção;
• Uma visão geral dos temas dominantes, os tratamentos, o modo como
essas histórias ganham corpo na TV;
• Estudo aprofundado de episódios específicos, com a finalidade
de investigar, o modo como o programa trata as narrativas míticas.
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10. De acordo com Marilena Chauí:
“a palavra mito vem do grego, mythos,
e deriva de dois verbos: do verbo mytheyo
(contar, narrar, falar alguma coisa para outros)
e do verbo mytheo (conversar, contar,
anunciar, nomear, designar)”. (2000:32)
Assim, desde a origem da palavra,
mito e narrativa caminham juntos,
são indissociáveis.
11. • Barreira: domínio da racionalidade e lógica
na reprodução dos mitos;
• São histórias verdadeiras;
• Histórias que buscam a verdade,
o sentido de nossas vidas e o que
representamos neste mundo;
• Mitos não são estudos do passado, são
tão contemporâneos quando nosso
pensamento científico;
• Mitologia planetária.
12. • Na cultura amazônica existe o personagem
Curupira. Seu primeiro registro escrito foi feito
por José de Anchieta, no século XVI;
• É dado ao Curupira a função social
de guardar, de preservar a flora e
a fauna;
• O personagem representa
mitologicamente a preservação
da natureza.
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14. • Mitologias e rituais permitem que o ser humano avance:
"As lendas são a poesia do povo; ellas correm de tribu em tribu,
de lar em lar, uma história doméstica das idéas e dos factos;
como o pão bento da instrucção familiar. (...)Mas o povo crê, e não
convém destruir as fábulas do povo (...)Este cultivo dos mythos, não é,
talvez, o aguardar laboriosodas verdades eternas?"
(Machado de Assis, 2008:41)
15. • As grandes interrogações humanas – filosofia;
• Contato com a experiência de estar vivo – lendo mitos alheios:
"O mito ajuda a colocar sua mente em contato
com essa experiência de estar vivo. Ele lhe diz o que a experiência é”.
(Campbell, 2007:6)
16. • As sociedades contemporâneas também praticam mitos;
• Campbell afirma que vivemos os tempos míticos;
• Pensamento mítico faz parte de nossa vida social;
• A necessidade humana de narrar é vital
e contribuiu para o surgimento da mídia;
• Narrar o mundo, dar ordem ao caos;
• Vida sem mito, vida esvaziada de sentido.
17. • Morrer para o passado, viver o futuro;
• A purificação do eu;
• Quem se recusa a passar por esses rituais
geralmente se afasta da comunidade ou não
é bem visto dentro dela;
• O Mito nos encoraja a viver o nosso mundo
(participar da vida), a não temê-lo, porque
outras pessoas já passaram por isso;
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19. • Criamos heróis o tempo todo;
"A linguagem da Jornada do Herói está nitidamente
se tornando parte do conhecimento comum sobre
narrativas e seus princípios têm sido usados de
forma consciente para criar filmes de grande
alcance popular”. (Vogler, 2006:23)
• A jornada do Herói e Indiana Jones
Indiana Jones e os caçadores da arca perdida (1981),
Indiana Jones no templo da perdição (1984),
Indiana Jones e a última cruzada (1989),
Indiana Jones e o reino da caveira de cristal (2008).
20. • Pseudo-heróis = celebridades;
• Reality Shows
• Durante a exibição alguns participantes são idolatrados;
• O telespectador se vê dividido entre o prazer
de assistir as intrigas causadas pelos “vilões”
e a satisfação de vê-los serem eliminados
pelos “mocinhos”;
• O público decide quem é o herói;
• O herói é premiado e desfruta uma fugaz fama;
• Por que não nos sentimos motivados pelos
nosso heróis contemporâneos?
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22. • As narrativas míticas e seus heróis, fascinam e estimulam
o homem comum, a encontrar forças em histórias infinitamente
maiores que ele e a entender que pode, sim, planejar os rumos
que sua vida irá tomar, com decisões que irão tornar a jornada
mais agradável até que esta chegue a um desfecho sobre o qual ele,
porém, não possui controle absoluto.
23. • Humberto Ecco afirma que nossos mundos são pequenos
e confortáveis, que usamos as narrativas para criar mundos
complexos, contraditórios e provocantes (mundos ficcionais).
• Isso se explica na narrativa mítica, que, mesmo sendo
predominantemente ficcional, trata de verdades absolutas.
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25. • Mitos só existem quando fazem parte da
cultura de oralidade de um povo;
• A maior dificuldade é o foco na imagem
(dinâmicas, sedutoras, predominantes)
os indivíduos ficam sedentários, preferem
apenas ver nas narrativas;
• Importante para o desenvolvimento
cognitivo das crianças.
26. • A relação desigual entre cultura oral
e cultura escrita;
• Meios de comunicação que tinham foco
na oralidade: telefone, rádio e televisão;
• Índios contemporâneos usam a oralidade
para contar suas histórias, acreditam que
conhecer sobre um determinado animal,
objeto ou planta é o mesmo de deter um
poder mágico sobre ele.
27. • Há uma visão de que essa atual sociedade não possui mitos,
pela descrença neles;
• Perda de valores: criminalidade, família (atos destrutivos);
• O mito está presente no cotidiano, mesmo que não seja percebido;
• Todos executam cotidianamente pequenos rituais;
• O carnaval é um grande ritual;
• Estamos intimamente ligados pelos mitos;
• A relação mitologia e educação – mitos carregam significados
de valor ao homem.
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29. • As narrativas míticas seguem ajudando o homem
a compreender, a viver, a ser melhor;
• Seus heróis, além de fascinarem e estimularem
o homem comum (o herói da vida real); ajudam a viver,
a encontrar forças em histórias infinitamente maiores
que ele e a entende que pode, sim planejar os rumos
que sua vida irá tomar, com decisões que irão tornar
a jornada mais agradável até que esta chegue
a um desfecho sobre o qual ele, porém,
não possui controle absoluto.
30. • Contribuir para um melhor entendimento do mito como forma
de compreensão do mundo, no contexto de um pensamento
e epistemologia de caráter compreensivo;
• Desvinculação das narrativas míticas de conceitos como ficção
folclore lenda , imaginação, irrealidade, ou associações do gênero;
• O indivíduo que entra em contato com a mitologia inicia um processo
de ver o mundo de outro modo: mais compreensivo, mais cordato,
mais respeitoso e menos agressivo.
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32. • Investiga a presença e força do mito no cotidiano
• Ressalta a importância fundamental
da compreensão da mitologia para a vida;
• Analisa, seguindo os princípios de uma
epistemologia de tipo compreensivo,
a presença e força de elementos do campo
da mitologia na produção dos grandes meios
de comunicação;
33. • Cria o espaço teórico necessário para o estudo
do programa Catalendas;
• Destaca que O Catalendas caminha na
contramão do modo de ver e tratar
a sabedoria mítica dos povos pela mídia;
• Questiona uma visão de mito reducionista
e cientificista;
• Exalta a importância de reorganização
do caos para sobrevivência da humanidade
por meio das narrativas.