3. Araquém Alcântara
colecionador de mundos
“Araquém é andarilho, viajante e pioneiro na
documentação ambiental contemporânea. Ele faz poemas
visuais e usa a fotografia como arma de conhecimento e
prazer.O Seu trabalho é um dos primeiros a criar uma
memória e identidade visual do Brasil, transportando-nos
para espaços desconhecidos e de raríssima beleza.”
Rubens Fernandes crítico de fotografia
4. Araquém Alcântara
colecionador de mundos
“Gostaria de ser lembrado como um sujeito que amou
profundamente o mundo e as pessoas, os bichos, as
árvores, as águas, a vida.”
Paulo freire
5. Araquém Alcântara
colecionador de mundos
Araquém Alcântara Pereira (Florianópolis SC 1951) Fotografo,Jornalista, Professor e Editor.
Desde os seus 14 anos que Araquém ambicionava ser jornalista ou escritor. Atravessou a sua adolescência
influenciado por grandes autores como Lima Barreto, Machado de Assis, J. D. Salinger, Joseph Konrad e
Guimarães Rosa. Em 1970, ingressou na Faculdade de comunicação da Universidade de Santos, começando a
trabalhar ainda durante a graduação como repórter para os jornais “O Estadão” e “Jornal da Tarde”
Certa noite, Araquém foi a uma sessão de cinema ver um filme chamado “A Ilha Nua” de Kaneto Shindo. Um
filme quase sem história ou palavras e que pela força e beleza das suas imagens como síntese do dizer, criou em
Araquém, uma epifania que o fez sair de lá tonto e desnorteado. No dia seguinte, ainda doente e febril do filme,
pediu emprestada a uma amiga, a sua câmera fotográfica e à noite, foi para um cabaré no cais da cidade para
tentar fotografar todo aquele ambiente, mas, por falta de coragem, Araquém passou toda a noite sem conseguir
apertar o botão. Ja na paragem do autocarro, ao amanhecer, uma das moças do cabaré passou por ele e
desafiou-o: “Quer fotografar, é? Quer fotografar? Pois então fotografa aqui!” Levantou a saia e mostrou o sexo. Foi
a sua primeira foto. Desde aí não parou mais. As palavras já não serviam. O que interessava agora eram livros de
fotografias, e imagens: Kurosawa, Bergman, Truffaut, Fellini, Wells, e os grandes fotógrafos, Cartier Bresson,
Werner Bischoff, Ansel Adams e Ernest Haas.
Pouco tempo depois, Araquém escolhe o tema do seu primeiro ensaio. Os abutres de Santos. Eles estavam
sempre por ali, sempre próximos aos podres da cidade, e em janeiro de 1973, Araquém faz a sua primeira
exposição no clube XV de Santos com o titulo: Os abutres da sociedade. A exposição, foi tachada de comunista e
crivada de perguntas, no entanto Araquém foi prosseguindo. Já tinha uma espécie de lema. Escolher, sempre,
com o coração, prosseguir e não se arrepender das escolhas dos seus temas fotográficos.
6. Araquém Alcântara
colecionador de mundos
Em 1979, realizou a sua primeira matéria de cunho ambientalista sobre o Parque florestal da Juréia, em Iguape
no estado de São Paulo, aventurando-se em expedições à floresta Atlântica. Para Araquém este novo desafio, foi
algo tão revelador quanto aquela a noite em que ficou estonteado com as imagem de kaneto shindo. O fotografo
encontrou o contraste da harmonia daquele habitat de todas as cores, riachos e ikebanas naturais com o horror
dos danos criados por caçadores e madeireiros.
Em 1980 vai a Manaus fazer outra matéria para uma empresa ligada a revenda de pneus e ouve uma conversa
sobre um leopardo sem rumo que deves em quando aparecia pelo iguarapé do Guedes. Com a ajuda de um dos
garçons do hotel onde estava hospedado, Araquém foi a procura do leopardo e depressa o encontrou. Araquém
fotografou o leopardo, revelou e ampliou a foto, vendeu-a a uns estrangeiros e com o dinheiro, comprou a sua
primeira Nikon e o seu tripé.
Desenvolveu também projetos pessoais relacionados com questões ecológicas e sociais. Em abril de 1981,
participou em protestos contra a instalação de usinas nucleares numa região entre Peruíbe e Iguape no litoral sul
de São Paulo, criando uma fotografia lendária que correu todo o brasil e o mundo da qual o seu pai foi
personagem principal segurando uma uma moldura com uma fotografia de ossos humanos referente aos ataques
nucleares à cidade japonesa de Hiroshima.
A partir de 1985, passou a trabalhar de forma independente tornando-se free-lancer, colaborando com revistas
e jornais nacionais e internacionais e a partir de 1988, dedica-se à documentação da fauna e da flora dos 36
parques ecológicos brasileiros, o que dá origem ao livro “Terra Brasil”, de 1998 considerado o maior best-seller
brasileiro do gênero graças aos 82 milhões de exemplares vendidos desde o seu lançamento. Durante esta
época na viragem de 1996 para 1997 Araquém conta sobre aquela que considera “a grande viagem” da sua vida,
a mais fantástica e trabalhosa de todas as suas aventuras. Uma expedição a Amazónia que envolveu 4 meses de
andanças, 60.000 quilómetros percorridos a pé, de barco e avião, 30.000 fotos e muita luta contra tempestades,
frio, e todos os perigos que se atravessaram no seu caminho, ultrapassados pela sua paixão de fotografar e
contemplar a beleza da natureza. Assim é que Araquém completa 25 anos de pura fotografia.
7. Araquém Alcântara
colecionador de mundos
Atualmente Araquém Alcântara possui uma vasta produção da qual constam 43 livros sobre temas ambientais,
22 livros em co-autoria, 75 exposições individuais e inúmeros ensaios, reportagens para publicações nacionais e
estrangeiras e foi o primeiro fotógrafo brasileiro a produzir um trabalho inédito para a National Geographic, a
edição especial de colecionador "Bichos do Brasil"
Recebeu diversos prémios, 33 nacionais e 5 internacionais dos quais se destacam:
- Prémio Internacional Unicef de Fotografia2, em 1981;
- Prémio da Associação Paulista de Críticos de Arte-APCA, pela exposição “Saudade Moderna”, na re-
inauguração da
Pinacoteca do Estado, em 1986;
- Prémio Aquisição da Coleção Masp-Pirelli, em 1996;
- Prémio Von Martius da Câmara de Comércio Brasil-Alemanha, categoria Natureza, em 2002;
- Prémio Jabuti, pelo livro “Amazónia”, em 2006;
- Prémio Dorothy Stang de Humanidades, em 2007;
- Prémio Fernando Pini, Melhor Livro de Arte do Ano, com o livro “Mar de Dentro”, em 2007;
- 5 prémios Abril de Jornalismo, nos anos de 1998, 2002, 2004, 2008 e 2010.
- Prémio Print Awards pelo “livro Araquém Alcântara: Fotografias”, o seu ultimo livro.
O fotógrafo possui também fotos em acervos de vários museus e galerias, entre eles o “Museu do Café”, em
Kobe, Japão; “Centro Cultural Georges Pompidou”, em Paris; “The British Museum”, em Londres para o qual
também produziu a capa do livro “Unknown Amazon”, que acompanhou uma grande exposição etnográfica sobre
a Amazônia em 2001; “Museu de Arte de São Paulo-Masp e Museu de Arte Moderna-Mam, em São Paulo.
Além das atividades fotográficas, atua como professor em workshops em vários Estados do Brasil.
58. Araquém Alcântara
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National Geographic - “Bichos do Brasil - Répteis, animais marinhos e de água doce”.
Foto: Araquém Alcântara
59. Araquém Alcântara
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National Geographic - “Bichos do Brasil - Répteis, animais marinhos e de água doce”. Foto: Araquém Alcântara
61. Araquém Alcântara
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National Geographic - “Bichos do Brasil - Répteis, animais marinhos e de água doce”. Foto: Araquém Alcântara
62. Araquém Alcântara
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National Geographic - “Bichos do Brasil - Répteis, animais marinhos e de água doce”. Foto: Araquém Alcântara
68. reflexão
com tudo isto,aprendi que ser fotografo de natureza é ser absolutamente integro e sem medo de transgredir regras
estabelecidas, ele tem de explorar, investigar e ser paciente, quando procura pelo momento e lugar ideal para
fotografar com criatividade. aprendi que a fotografia é também pressentimento, é pressentir que algo de belo e
fantástico esta para acontecer e que o fotografo tem de estar sempre preparado para poder captar e imortalizar
aquele momento unico diante dele. o fotografo tem de mergulhar inteiramente no seu tema fotográfico e tornar-se
num poeta da imagem para mostrar a beleza de cada ecosistema por onde se aventura.