O documento discute os fatores de textualidade e intertextualidade em obras de arte, poesia e fotografia. Compara a Pietá de Michelangelo com um poema de Drummond de Andrade e uma foto sobre dor. Também analisa a paródia na pintura de Botero da Mona Lisa e relações entre o quadro Guernica de Picasso e um poema de Lorca sobre touradas. Explica conceitos como coesão, coerência, informatividade e outros fatores na construção de textos.
1. Análise dos fatores de
textualidade
Comparação de algumas obras de
arte e fotos
2. • O que faremos nesta apresentação é tentar
explicar como os fatores de textualidade se
desenrolam nos textos, dando uma ênfase à
intertextualidade. Para tanto, usaremos
algumas comparações.
3. Pietá- Michelangelo
• A escultura mostra uma imagem de dor, onde
Maria segura seu filho Jesus já desfalecido.
• Nota-se que a riqueza de detalhes da
escultura lhe confere um realismo
absurdo, fazendo com que a dor sentida pela
Virgem seja comum a quem a observa
4.
5. Poema de Carlos Drummond de
Andrade
• O terceto que iremos ler pertence à obra Arte
em exposição, onde o poeta escreve a partir
de sua observação de obras das artes
plásticas.
7. • Esse terceto foi escrito na observação do
poeta da obra Pietá, de Michelangelo.
8. • Esta foto foi tirada por membros da ONG que
cuidava da mãe e do seu filho, no Afeganistão.
• Demonstra de uma forma muito forte o que
representa a dor: algo incalculável, mas que
pode ser sentida de uma maneira universal
através de uma imagem.
9.
10. • Tanto no poema de Drummond, quanto na
escultura ou na imagem, pode-se notar uma
relação intertextual, que ocorre sobre uma ideia
em comum: a dor.
• Neste caso, a intertextualidade aparece na
forma de paráfrase, pois os três seguem a
mesma linha de pensamento, abordando o tema
sob diferentes óticas.
• Vamos agora analisar uma outra forma de
intertextualidade: a paródia.
11.
12. • Observando as duas imagens, que relação
estabelecemos?
• A Gioconda, de Da Vinci, possui traços
singelos e bem moldados. Já a pintura de
Botero apresenta uma paródia da obra, uma
mulher obesa com os mesmos moldes da
Mona Lisa original.
13. Paródia
• É quando usamos determinado texto/obra e
lhe damos, a partir de seu sentido original, um
outro sentido, pejorativo, irônico.
14.
15. • A próxima obra que veremos será
Guernica, de Pablo Picasso. Relata os horrores
da Guerra Civil Espanhola.
16.
17. • Agora vamos ler o poema de Federico Garcia
Lorca, feito em homenagem ao toureiro
Sanches Meijia, morto durante uma tourada.
18. A CAPTURA E A MORTE
Tradução: Oscar Mendes
Às cinco horas da tarde.
Eram cinco da tarde em ponto.
Um menino trouxe o lençol branco
às cinco horas da tarde.
Um cesto de cal já prevenida
às cinco horas da tarde.
O mais era morte e apenas morte
às cinco horas da tarde.
O vento arrebatou os algodões
às cinco horas da tarde.
E o óxido semeou cristal e níquel
às cinco horas da tarde.
Já pelejam a pomba e o leopardo
às cinco horas da tarde.
E uma coxa por um chifre destruída
às cinco horas da tarde.
Os sons já começaram do bordão
às cinco horas da tarde.
As campanas de arsênico e a fumaça
às cinco horas da tarde.
Pelas esquinas grupos de silêncio
às cinco horas da tarde.
E o touro todo coração ao alto
às cinco horas da tarde.
Quando o suor de neve foi chegando
às cinco horas da tarde,
quando de iodo se cobriu a praça
às cinco horas da tarde,
a morte botou ovos na ferida
às cinco horas da tarde.
Às cinco horas da tarde.
Às cinco em ponto da tarde.
Um ataúde com rodas é a cama
às cinco horas da tarde.
Ossos e flautas soam-lhe ao ouvido
às cinco horas da tarde.
Por sua frente o touro já mugia
às cinco horas da tarde.
O quarto se irisava de agonia
às cinco horas da tarde.
A gangrena de longe já se acerca
às cinco horas da tarde.
Trompa de lis pelas virilhas verdes
às cinco horas da tarde.
As feridas queimavam como sóis
às cinco horas da tarde,
e as pessoas quebravam as janelas
às cinco horas da tarde.
Ai que terríveis cinco horas da tarde!
Eram as cinco em todos os relógios!
Eram cinco horas da tarde em sombra!
19. • Entre o poema e o quadro de Picasso temos
outra relação de intertextualidade; ambos
abordam a temática da morte, um falando de
guerra e o outro de touradas. O caráter trágico
é comum entre os dois, sendo essa uma
evidente relação de intertextualidade e de
paráfrase.
21. Coesão
• Diz respeito a disposição correta dos
elementos nas sentenças, de maneira a
construir corretamente o sentido. É a ordem
correta da frase. Não se considera o
contexto, somente a estrutura lógica.
22. Coerência
• Ao contrário da coesão, considera, como fator
determinante na construção de sentido, o
contexto. É a relação de proximidade entre a
realidade que se aborda e o texto. Ou seja, se
estou falando de política, posso, de maneira
extremamente coesa, falar de culinária. Sendo
assim, sou coeso, mas não coerente.
23. Informatividade
• É o grau de informação contido no texto. Varia
de acordo com o conhecimento daquele que
escreve e com o conhecimento de quem lê.
24. Intencionalidade
• Refere-se ao objetivo do texto, ou seja, a
quem ele deve atingir e como deve atingir.
• Tem sempre um publico alvo.
25. Situacionalidade
• Pode acontecer em dois níveis:
• Do situação para o texto: o contexto age sobre
o texto, influenciando-o.
• Do texto para a situação: ocorre exatamente
o contrário do que foi dito acima.
26. Aceitabilidade
• Focado no leitor, pode variar de acordo com a
competência leitora e o conhecimento de
mundo que ele possui.
27. Considerações finais
• Como observamos nesta apresentação, nada é
criado de modo isolado e instantâneo. Tudo
que lemos/vimos/ouvimos é fruto de uma
espécie de miscigenação de estilos, conceitos
e opiniões. Portanto, para se produzir um bom
texto, é necessário, mais do que um bom
domínio das estruturas, dos elementos de
coesão; é necessário ter conhecimento da
diversidade que nos cerca, sobretudo no que
diz respeito a cultura.