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AGRUPAMENTO DE SOARES DOS REIS


                            BE/CRE DA ESCOLA BÁSICA SOARES DOS REIS
                 LENÇOS DE NAMORADOS - Informação




A tradição dos “lenços de namorados”, também designados como “lenços de pedido”, “lenços
marcados”, “bordados” ou “de amor”, é mais significativa no Minho, em especial em Viana do
Castelo, Vila Verde, Aboim da Nóbrega, Telões e Guimarães.

A história dos Lenços de Namorados remonta ao século XVII / XVIII.
Nessa altura, as jovens aprendiam a bordar bem cedo e, mal entravam na adolescência, começavam a
preparar o enxoval.

As donzelas casadoiras de classe social mais elevada, bordavam o seu lenço a ponto de cruz, num
pano de linho fino. As cores utilizadas limitavam-se essencialmente ao preto e vermelho, obtendo-se,
deste modo, uma grande sobriedade. Os lenços eram usados pelas suas donas nos trajos de festa ou
domingueiros, do lado direito da cintura, deixando pender uma das pontas. O lenço, além de
decorativo, funcionava também como uma técnica de sedução pois, se a jovem estivesse interessada
nalgum rapaz, poderia deixá-lo cair para ele o apanhar.

A partir deles vão surgir os Lenços de Namorados tal como hoje os conhecemos: mais populares,
confeccionados a partir de um pano de algodão, policromados (o típico colorido do Minho),
sobretudo em ponto pé-de-flor ou o ponto de cadeia (muito mais fáceis), com uma decoração menos
geométrica e mais variada.

A rapariga bordava um lenço para o rapaz de quem gostava e caso o seu conversado (namorado) o
aceitasse comprometia-se publicamente e usava-o ao pescoço, no casaco, na aba do chapéu ou até
mesmo na ponta do pau que era costume o rapaz trazer consigo. O compromisso entre os dois ficava
assumido, com vista a um futuro casamento.

Se o rapaz não estava interessado naquela rapariga, devolvia-lhe simplesmente o lenço.

Se, no futuro, esse compromisso se viesse a desfazer, o rapaz devolveria o lenço à ex-conversada, bem
como as cartas, fotografias e outros objectos pessoais.

Embora os símbolos presentes nos lenços possam apontar para a temática das vindimas (a cesta, a
escada, o cântaro e o pipo) ou da emigração (o navio, a pomba que transporta uma carta, etc.), o tema
do amor está sempre presente quer através da representação de corações quer mesmo da palavra
“amor” neles bordada.

                                                                                                        1

                                           Ana Maria Mocho
Nestes lenços existe uma linguagem secreta. De entre a grande variedade de símbolos que compõem
esta linguagem, destacamos os seguintes: rosa quer dizer mulher, coração é amor, lírios simbolizam a
virgindade, cravos vermelhos são sinónimo de provocação, a silva é a prisão amorosa, a pomba e o
cão simbolizam a fidelidade, os pombinhos significam os namorados, a estrela de cinco pontas
(estrela de Salomão), símbolo utilizado pelo povo contra qualquer maldição ou feitiçaria, pretende
resguardar o amor contra qualquer maldição e, finalmente, a cruz, a custódia, o cibório (cálice com
tampa, onde se guarda a hóstia consagrada ) e o candelabro, todos símbolos religiosos, representam o
acto do casamento.

As quadras populares são escritas a várias cores, desempenhando também uma função decorativa.
Verifica-se também, que, geralmente, não é respeitada a estrutura e que os versos até podem estar
disseminados por todo o lenço.

Devido ao reduzido grau de instrução das bordadeiras que por vezes nem sabiam ler ou escrever,
limitando-se a copiar as palavras, é natural depararmo-nos com erros ortográficos que denotam uma
aproximação à forma fonética do sotaque local.

Aqui ficam alguns exemplos dessas quadras de amor:




                                      “A pomba leva no bico
                                      Dois corações suspendidos
                                      Separados um do outro
                                      Morrendo por ser unidos




                                   "Bai carta feliz buando
                                   Nas asas de um rouxinol
                                   Bai ber a cara mais linda
                                   que neste mundo cobre o sol"
                                                                                                       2
                                                                         Ana Maria Mocho
" Assim como neste lenço
 Os fios unidos estão
 Assim esteja a minha alma
 Unida ao teu curação"




"Só tu és meu encanto
a minha coce alegria
Penso em ti
de noite e de dia"




"Pombinha levas no bico
Um lenço pró meu amor
Tu boas e eu por cá fico
Cheia de saudade e dor"

                                               3
                             Ana Maria Mocho
"Bou dizer
             ao meu amor
             que sempre
             o eide amar "




"Passarinho                  "Boute dar este lencinho
que cantas neste raminho     não digas que to dei
Diz ao meu amor              porque não tenho dinheiro
que le mando um beijinho"    e dizem que o tirei"




                                                           4
                                         Ana Maria Mocho

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  • 1. AGRUPAMENTO DE SOARES DOS REIS BE/CRE DA ESCOLA BÁSICA SOARES DOS REIS LENÇOS DE NAMORADOS - Informação A tradição dos “lenços de namorados”, também designados como “lenços de pedido”, “lenços marcados”, “bordados” ou “de amor”, é mais significativa no Minho, em especial em Viana do Castelo, Vila Verde, Aboim da Nóbrega, Telões e Guimarães. A história dos Lenços de Namorados remonta ao século XVII / XVIII. Nessa altura, as jovens aprendiam a bordar bem cedo e, mal entravam na adolescência, começavam a preparar o enxoval. As donzelas casadoiras de classe social mais elevada, bordavam o seu lenço a ponto de cruz, num pano de linho fino. As cores utilizadas limitavam-se essencialmente ao preto e vermelho, obtendo-se, deste modo, uma grande sobriedade. Os lenços eram usados pelas suas donas nos trajos de festa ou domingueiros, do lado direito da cintura, deixando pender uma das pontas. O lenço, além de decorativo, funcionava também como uma técnica de sedução pois, se a jovem estivesse interessada nalgum rapaz, poderia deixá-lo cair para ele o apanhar. A partir deles vão surgir os Lenços de Namorados tal como hoje os conhecemos: mais populares, confeccionados a partir de um pano de algodão, policromados (o típico colorido do Minho), sobretudo em ponto pé-de-flor ou o ponto de cadeia (muito mais fáceis), com uma decoração menos geométrica e mais variada. A rapariga bordava um lenço para o rapaz de quem gostava e caso o seu conversado (namorado) o aceitasse comprometia-se publicamente e usava-o ao pescoço, no casaco, na aba do chapéu ou até mesmo na ponta do pau que era costume o rapaz trazer consigo. O compromisso entre os dois ficava assumido, com vista a um futuro casamento. Se o rapaz não estava interessado naquela rapariga, devolvia-lhe simplesmente o lenço. Se, no futuro, esse compromisso se viesse a desfazer, o rapaz devolveria o lenço à ex-conversada, bem como as cartas, fotografias e outros objectos pessoais. Embora os símbolos presentes nos lenços possam apontar para a temática das vindimas (a cesta, a escada, o cântaro e o pipo) ou da emigração (o navio, a pomba que transporta uma carta, etc.), o tema do amor está sempre presente quer através da representação de corações quer mesmo da palavra “amor” neles bordada. 1 Ana Maria Mocho
  • 2. Nestes lenços existe uma linguagem secreta. De entre a grande variedade de símbolos que compõem esta linguagem, destacamos os seguintes: rosa quer dizer mulher, coração é amor, lírios simbolizam a virgindade, cravos vermelhos são sinónimo de provocação, a silva é a prisão amorosa, a pomba e o cão simbolizam a fidelidade, os pombinhos significam os namorados, a estrela de cinco pontas (estrela de Salomão), símbolo utilizado pelo povo contra qualquer maldição ou feitiçaria, pretende resguardar o amor contra qualquer maldição e, finalmente, a cruz, a custódia, o cibório (cálice com tampa, onde se guarda a hóstia consagrada ) e o candelabro, todos símbolos religiosos, representam o acto do casamento. As quadras populares são escritas a várias cores, desempenhando também uma função decorativa. Verifica-se também, que, geralmente, não é respeitada a estrutura e que os versos até podem estar disseminados por todo o lenço. Devido ao reduzido grau de instrução das bordadeiras que por vezes nem sabiam ler ou escrever, limitando-se a copiar as palavras, é natural depararmo-nos com erros ortográficos que denotam uma aproximação à forma fonética do sotaque local. Aqui ficam alguns exemplos dessas quadras de amor: “A pomba leva no bico Dois corações suspendidos Separados um do outro Morrendo por ser unidos "Bai carta feliz buando Nas asas de um rouxinol Bai ber a cara mais linda que neste mundo cobre o sol" 2 Ana Maria Mocho
  • 3. " Assim como neste lenço Os fios unidos estão Assim esteja a minha alma Unida ao teu curação" "Só tu és meu encanto a minha coce alegria Penso em ti de noite e de dia" "Pombinha levas no bico Um lenço pró meu amor Tu boas e eu por cá fico Cheia de saudade e dor" 3 Ana Maria Mocho
  • 4. "Bou dizer ao meu amor que sempre o eide amar " "Passarinho "Boute dar este lencinho que cantas neste raminho não digas que to dei Diz ao meu amor porque não tenho dinheiro que le mando um beijinho" e dizem que o tirei" 4 Ana Maria Mocho