1. APRESENTAÇÃO
O boletim informativo Mercado de Trabalho, é uma realização do Instituto de
Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará – IDESP, com objetivo de subsidiar a
Rede de monitoramento de Trabalho e Renda, em curso no Estado, no acompanhamento e
avaliação de políticas públicas.
Com periodicidade mensal, busca analisar os dados, identificar as características do emprego
formal do Estado do Pará, sinalizando as tendências do Mercado de Trabalho e utiliza como
fontes principais o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados - CAGED e a Relação Anual
de Informações Sociais – RAIS do Ministério de Trabalho e Emprego - MTE.
Enfatizará ainda análises regionalizadas com destaques para a Região Metropolitana e
demais municípios do Estado registrando suas dinâmicas (maiores e menores saldos), além de
estudos e notas técnicas sob temáticas específicas.
Nesta edição analisa o rendimento das principais ocupações no setor da construção civil em
10 municípios do Estado. Disponibiliza também um painel de indicadores estatísticos com séries
e dados mais recentes sobre o emprego no Estado, tais como população ocupada,
economicamente ativa, taxa de desocupação, admissões desligamento saldo entre outros.
IDESP
.
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2. Pará apresenta o melhor desempenho na
geração de empregos na Região Norte,
pelo segundo mês consecutivo.
1 ANÁLISE DO MERCADO DE TRABALHO
MERCADO DE TRABALHO FORMAL DO ESTADO DO PARÁ EM AGOSTO DE 2011
O emprego no mês de agosto.
De acordo com os resultados apresentados no Cadastro Geral dos Empregados e
Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), no mês de agosto
de 2011 foram criados 190.446 empregos com carteira assinada em todo país, o que elevou o
estoque de postos de trabalho celetistas em 0,51%, acumulando no ano um saldo de
1.825.382 novos postos de trabalho formais.
Acompanhando a tendência de expansão do mercado de trabalho brasileiro, a região
Norte e o estado do Pará registraram a geração de 13.485 e 6.663 ocupações formais, com
variações de 0,84% e 1,01%, respectivamente.
Gráfico 1. Saldo de Empregos Formais. Brasil, Região Norte e Pará . Agosto de 2011
Fonte: MTE - CAGED.
Elaboração: Núcleo de Análise conjuntural – IDESP
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3. Em termos de variação absoluta, o Pará registrou o terceiro melhor resultado de toda
a série histórica do CAGED para o período de agosto, ficando atrás apenas dos 7.852 postos
gerados em 2006 e dos 7.204 gerados em 2009.
Cabe ressaltar ainda que, com esse resultado o Pará apresenta, pelo segundo mês
consecutivo, o melhor desempenho na criação de novos empregos formais na Região Norte,
embora no acumulado do ano (de janeiro a agosto de 2011), essa posição ainda seja ocupada
pelo estado do Amazonas, com um saldo positivo de 39.774 empregos, mantendo o Pará, o
segundo lugar com um saldo de 33.281 empregos.
Gráfico 2 : Saldo de Empregos Formais - Região Norte Agosto de 2011
Fonte: MTE - CAGED.
Elaboração: Núcleo de Análise conjuntural – IDESP
O comportamento do emprego segundo Setores de Atividade Econômica:
O comportamento do emprego por setor de atividade econômica (Quadro 1)
demonstra que, o setor que mais contribuiu para obtenção do significativo saldo de
empregos formais no Estado foi o da Construção Civil (3.364 postos), seguido pelos setores
de Serviços (1.146 postos), Agropecuária (743 postos), Indústria de Transformação (641
postos) e Comércio (639 postos). A Extrativa Mineral e a Administração Pública também
apresentaram variações positivas, embora menores, de 210 e 33 postos, respectivamente. O
setor de Serviços Industriais de Utilidade Pública foi o único a registrar saldo negativo, com
o fechamento de 133 postos de trabalho.
9
4. Quadro 1. Comportamento do emprego no Pará por setor de atividade econômica
agosto/2011
Total de Total de Variação do
Setores de Atividade Saldo
Admissões Desligamentos emprego (%)
Extrativa Mineral 383 173 210 1,35
Indústria de Transformação 3.905 3.264 641 0,71
Serviço Indust. de Util. Pública 103 216 -113 -1,28
Construção Civil 8.231 4.867 3.364 4,72
Comércio 7.491 6.852 639 0,36
Serviços 8.547 7.401 1.146 0,52
Administração Pública 49 16 33 0,12
Agropecuária 3.672 2.929 743 1,47
Total 32.381 25.718 6.663 1,01
Fonte: MTE - CAGED.
Elaboração: Núcleo de Análise conjuntural – IDESP
Construção Civil: devido à ampliação de obras privadas e públicas no Estado, o
setor da Construção Civil segue aquecido, o que explica a manutenção do bom
desempenho registrado neste mês de agosto. Na Região Metropolitana de Belém (RMB),
mais especificamente na capital, a construção de edifícios residenciais e comerciais
impulsionou o emprego com carteira assinada no setor e foi responsável pela maioria dos
postos de trabalho criados no Estado.
Serviços: as maiores contribuições originaram-se dos subsetores “Comércio e
Administração de Imóveis e Serviços Técnico-profissionais” (368 postos), “Ensino (303
postos), “Alojamento, alimentação, reparo e manutenção” (257 postos) e “Transportes e
Comunicações (238 postos).
Agropecuária: as atividades ligadas a Agricultura, Pecuária e Serviços relacionados,
criaram 1.116 novos postos de trabalho formal, enquanto que as atividades vinculadas à
Produção Florestal bem como à Pesca e Aqüicultura, eliminaram respectivamente, 298 e 76
postos de trabalho durante o mês analisado.
Indústria de Transformação: o setor apresentou saldo positivo de 641 postos
impulsionado pelos subsetores “Indústria de Madeira e Mobiliários” (450 postos),
“Indústria de Produtos Alimentícios e Bebidas” (147 postos) e “Indústria de Produtos
Minerais Não Metálicos” (138 postos).
Comércio: apresentou o quinto maior saldo de postos de trabalho (639 postos), tendo
como destaque o Comércio Varejista com 578 postos de trabalho, contra 61 postos do
Comércio Atacadista.
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5. Extrativa Mineral: o saldo de 210 postos de trabalho decorreu majoritariamente das
atividades ligadas a Extração de minerais metálicos, responsáveis pela geração de 203
postos.
Administração Pública: este setor registrou um saldo positivo de 33 novos postos,
decorrente da admissão de 49 pessoas contra o desligamento (espontâneo ou pelo fim de
contrato por prazo determinado) de 16 funcionários.
Serviços Industriais de Utilidade Pública: este setor foi o único que apresentou
saldo negativo decorrente, sobretudo, do fechamento de postos de trabalho em serviços de
Captação, Tratamento e Distribuição de água (11 postos), Eletricidade, Gás e Outras
atividades (21 postos) e serviços de Esgoto e Atividades relacionadas (38 postos).
Ocupações com maiores saldos de emprego no mês de agosto de 2011.
No quadro 2, a seguir são apresentadas as trinta ocupações que mais contribuíram
para o resultado positivo do emprego registrado no mês em análise. Em conjunto, essas
ocupações somaram um total de 5.425 novos empregos, o equivalente a 81,4% dos 6.663
postos gerados no mês de agosto no mercado de trabalho paraense.
Quadro 2. Ocupações com maiores saldos de emprego em agosto
Ocupações Saldo Ocupações Saldo
1. Servente de obras 1.423 16.Auxiliar geral de conservação de vias 107
permanentes
2. Trabalhador agropecuário em geral 458 17.Técnico em segurança no trabalho 103
3. Montador de andaime (edificações) 275 18.Ajudante de motorista 99
4. Pedreiro 266 19.Embalador, a mão 89
5. Faxineiro 263 20.Zelador de edifício 88
6. Trabalhador volante da agricultura 216 21.Operador de escavadeira 83
7. Motorista de caminhão (rotas 205 22.Almoxarife 76
regionais e internacionais)
8. Auxiliar de escritório, em geral 192 23.Eletricista de manutenção 73
eletroeletrônica
9. Carpinteiro 189 24.Lagareiro 68
10.Alimentador de linha de produção 187 25.Vigia 65
11.Vendedor de comércio varejista 150 26.Operador de motosserra 54
12.Contínuo 132 27.Empregado doméstico nos serviços 54
gerais
13.Trabalhador de cultura de 124 28.Funileiro industrial 51
especiarias
14.Motorista de carro de passeio 119 29.Assistente administrativo 50
15.Motorista operacional de guincho 113 30.Operador de trator de lâmina 50
Fonte: MTE - CAGED.
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6. Elaboração: Núcleo de Análise conjuntural – IDESP
Admissões e Desligamentos por tipo de movimentação
O quadro 3 a seguir, traz informações sobre o tipo de movimentação registrada tanto
nas admissões quanto nos desligamentos no mês de agosto. De acordo com os dados
apresentados, observa-se que o Reemprego com 23.493, seguido do Primeiro Emprego com
8.222 constituem-se nos principais destaques entre as admissões as quais, em conjunto,
representaram 98% do total de trabalhadores admitidos. Em seguida enumeram-se as
admissões ocorridas por meio de Contrato de Trabalho por Prazo Determinado (647) e de
Reintegração (19). Na contramão, entre os desligamentos, 16.983 trabalhadores foram
dispensados sem justa causa, 5.273 se desligaram espontaneamente, 2.689 por término do
contrato de trabalho e 390 com prazo determinado, 307 por justa causa, 62 por morte e 14
por aposentadoria, resultando no total de 25.718 desligamentos.
Quadro 3. Admissões e Desligamentos por tipo de movimentação – agosto 2011
Número de Variação Relativa
Admissões e Desligamentos
trabalhadores (%)
Admissões
Primeiro Emprego 8.222 25,4
Reemprego 23.493 72,5
Reintegração 19 0,1
Contrato de Trabalho por Prazo determinado 647 2,0
Total de Admissões 32.381 100,0
Desligamentos
Dispensados Sem Justa Causa 16.983 66,0
Dispensados por Justa Causa 307 1,2
Desligados à pedido 5.273 20,5
Desligados por aposentadoria 14 0,1
Desligados por morte 62 0,2
Desligados por término de Contrato de Trabalho (1) 3.079 12,0
Total de Desligamentos 25.718 100,0
Saldo (Admissões – Desligamentos) 6.663 -
Fonte: MTE - CAGED.
Elaboração: Núcleo de Análise conjuntural – IDESP
(1) Contratos com prazos determinados e indeterminados
Evolução do emprego no Pará em 2011 e nos últimos doze meses.
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7. No acumulado do ano, a variação percentual do emprego formal paraense foi de
5,20% em relação ao estoque do início de 2011, acima da variação nacional (5,08%) e abaixo
da variação regional (6,56%). Em termos absolutos equivale à criação de 33.281 postos
formais de trabalho, destacando-se os setores de Serviços (11.897 postos) e Construção Civil
(9.371 postos), seguido por Comércio (5.877 postos), Agropecuária (2.863 postos) e Extrativa
Mineral (2.116 postos) como os que mais contribuíram para esse resultado. Nos últimos 12
meses, a geração de 46.232 postos de trabalho, o melhor na Região Norte, implicou no
acréscimo de 7,37% no nível de emprego no Estado.
Gráfico 3: Saldo de empregos formais por setores econômicos
Fonte: MTE - CAGED.
Elaboração: Núcleo de Análise conjuntural – IDESP
Comportamento do emprego na RMB e municípios no mês de agosto.
A Região Metropolitana de Belém alcançou, no mês de agosto, a geração de 1.910
novos empregos celetistas, o equivalente a 29% do total gerado em todo o Estado. Este é o
segundo melhor resultado do ano para a RMB, menor apenas do que os 2.899 empregos
formais assinalados no mês anterior. Os setores de atividade com maior destaque foram
Serviços com (910 postos), Construção Civil (542 postos), Comércio (322 postos) e Indústria
de Transformação (212 postos de trabalho), conforme especificado no quadro 4 a seguir.
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8. Quadro 4. Comportamento do emprego na RMB e demais municípios
Demais
Setores de Atividade Econômica RMB Estado do Pará
Municípios
Extrativa Mineral -8 218 210
Indústria de Transformação 212 429 641
Serv. Industriais de Utilidade Pública 542 2.822 3.364
Construção Civil 322 317 639
Comércio 910 236 1.146
Serviços -8 751 743
Administração Pública -64 -49 -113
Agropecuária 4 29 33
Total 1.910 4.753 6.663
Fonte: MTE - CAGED.
Elaboração: Núcleo de Análise conjuntural – IDESP
Quando se analisa o comportamento do emprego em nível municipal, verifica-se que
no ranking dos dez municípios paraenses com maior saldo de emprego no mês de agosto,
Parauapebas registra a primeira posição, ao gerar 1.568 postos de trabalho,
majoritariamente na Construção Civil (1.386 postos), refletindo o aquecimento da
construção de modo geral, seguida pelo setor Serviços e de Extrativa Mineral, com
respectivos 145 e 142 postos de trabalho.
O município de Belém ocupa a segunda posição, com 1.270 postos, impulsionado
pelo setor de Serviços, com 544 postos; Construção Civil, com saldo de 423 postos;
Comércio, com 290 postos e pela Indústria de Transformação, com 106 postos.
Altamira, que ocupou o terceiro lugar no ranking, também se destacou no saldo de
empregos com um total 991 postos, no qual também a Construção Civil foi o setor de
atividade que mais contribuiu, com a abertura de 904 postos, em grande medida
relacionados às obras de implantação da Usina de Belo Monte.
O município de Ananindeua, com 546 postos, apresenta-se como o quarto município
no ranking, com destaque para o setor Serviços, responsável pela geração de 407 postos de
trabalho e o da Construção Civil, que gerou 111 postos.
Canaã dos Carajás vem a seguir, destacando-se pela geração de 403 novos postos de
trabalho, todos no setor da Construção Civil.
Vigia, por sua vez, ocupa o sexto lugar com 271 postos, tendo o setor da
Agropecuária como carro chefe na criação de empregos formais no município (270 postos).
Santo Antônio do Tauá vem em seguida, registrando um saldo de 238 empregos,
majoritariamente gerados no setor agropecuário.
14
9. Em Tailândia, o saldo de 189 empregos formais é explicado pela variação positiva
nos setores da Agropecuária (105 postos), Indústria de Transformação (64 postos) e
Comércio (26 postos).
Na seqüência, o município de Castanhal apresentou saldo de 181 empregos, sendo
que os setores que mais contribuíram para este resultado foram: Agropecuária (88 postos),
Construção Civil (58 postos), Indústria de Transformação (19 postos), Serviços (11 postos) e
Comércio (5 postos).
Na décima posição no ranking, Tomé-Açú gerou saldo de 169 postos de trabalho
neste mês, puxado pelos seguintes setores de atividade: Agropecuária (149 postos),
Indústria de Transformação (59 postos) e Construção Civil (40 postos).
Gráfico 4. Municípios com maiores e menores saldos de emprego em agosto de 2011
Fonte: MTE - CAGED.
Elaboração: Núcleo de Análise conjuntural – IDESP
No outro extremo, entre os municípios que tiveram os piores saldos no mês, Marabá
encabeça a relação, com saldo negativo de -320 postos de trabalho em decorrência,
15
10. principalmente, das variações negativas assinaladas pela Construção Civil (254 postos) e
pela Indústria de Transformação (117 postos).
O município de Novo Progresso registrou o segundo maior saldo negativo, com o
encerramento de 113 postos de trabalho, majoritariamente no setor da Construção Civil.
Na seqüência, o município de Almeirim apresentou saldo negativo de 75 postos de
trabalho, em função principalmente da Agropecuária e da Indústria de Transformação.
Quanto ao município de Paragominas, o saldo negativo de 68 empregos formais se
deu, especialmente, pela eliminação de postos registrada nos setores da Agropecuária e
Serviços.
Ipixuna do Pará apresentou um saldo negativo de 51 empregos formais no mês de
agosto, seguido pelos municípios de Bom Jesus do Tocantins e Santa Maria das Barreiras, os
quais eliminaram 44 postos de trabalho, cada um.
Dom Eliseu, por sua vez, respondeu pelo saldo negativo de 38 postos
majoritariamente oriundos do setor Agropecuário.
O município de Barcarena respondeu pelo saldo negativo de 35 postos, o mesmo
número registrado por Santarém, que no mês anterior encontrava-se entre os 10
municípios com os maiores saldos de emprego, cujo resultado decorreu principalmente, da
queda do emprego formal na Construção Civil.
16
11. Variação do salário médio de admissão dos trabalhadores da indústria da
construção civil no estado do Pará – 2008 a 20111
Uma questão central no estudo de salários e rendas no Brasil tem sido a dos papéis relativos
das políticas governamentais trabalhistas e das forças de mercado na determinação dos rendimentos
do trabalho. Aliados a estes fatores estão às condições macroeconômicas favoráveis a novos
investimentos e a crescente demanda de mão de obra em diferentes setores da economia que podem
aumentar os ganhos reais dos trabalhadores num determinado período de tempo.
De acordo com o estudo realizado pelo Dieese em 2010 sobre a Política de Valorização do
Salário Mínimo, o trabalhador brasileiro contemplou momentos de crescimento nos seus ganhos reais
acima da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) no período de 2003
a 2010. Os resultados mostraram que em 2003, o reajuste aplicado ao salário mínimo foi de 20%,
para uma inflação acumulada de 18,54%, o que resultou no crescimento real do salário mínimo de
1,23%.
Em maio de 2005, o valor do salário mínimo passou de R$260,00 para R$300,00, o equivalente
a um reajuste de 15,38%. Com o crescimento da inflação no período (6,61%) abaixo do reajuste
salarial, os trabalhadores obtiveram um ganho real de 13,04%, o maior da série de 2002 a 2010. Com
o salário mínimo vigorando em 2010 no valor de R$ 510,00, o ganho acumulado no período foi de
6,02% correspondendo a uma variação nominal de 9,68% bem acima da inflação de 3,45% percebida
no período.
Esta relação indireta entre a variação nominal dos salários e o crescimento da inflação pode
representar para o trabalhador brasileiro o aumento ou a redução do seu poder aquisitivo. Quando a
inflação cresce acima dos reajustes do salário nominal, este sofre erosão e perde o seu poder
aquisitivo. Caso contrário, o trabalhador obterá ganhos reais em seus rendimentos e poderá tomar
novas decisões de consumo no mercado.
Baseado neste enfoque, esta Nota Técnica tem como objetivo analisar a variação do salário
médio de admissão dos trabalhadores da indústria da construção civil no estado do Pará no período
de 2008 a 2011.
Os salários médios de admissão dos trabalhadores da construção civil no estado do Pará foram
coletados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho
para os 12 meses dos anos de 2008 a 2010 e os sete primeiros meses do ano de 2011. Os 10
municípios selecionados nesta análise (Belém, Parauapebas, Ananindeua, Marabá, Castanhal,
Barcarena, Paragominas, Santarém, Tucuruí e Altamira) seguiram o critério de escolha daqueles que
acumularam os maiores estoques de trabalhadores em 31.12.2010, segundo a RAIS/2010.
Outra fonte consultada foi o IBGE para a obtenção de dados referentes ao Índice Nacional de
Preço ao Consumidor (INPC), correspondente aos meses de janeiro de 2008 a maio de 2011, base
1
Estudo realizado pelo Núcleo de Estudos Urbanos (NEURB) em parceria com o Núcleo de Análise Conjuntural do
Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental (IDESP).
17
12. fixa em agosto de 1994. Este índice foi usado como o deflator no cálculo do salário real e na
correção do salário médio dos trabalhadores da construção civil no Pará.
Para o cálculo do salário real2 foi considerado a variação acumulada em 12 meses do INPC
para os anos de 2008 a 2010, e as de janeiro a maio para o ano de 2011. De posse desses resultados, o
passo seguinte foi dividi-los pelo salário médio de admissão (salário médio dividido pelo deflator do
INPC resultando no salário real) de cada ocupação delimitada nesta análise, a saber: pedreiro, vigia,
pintor de obras, encanador, montador de estrutura metálica, carpinteiro, servente de obras, apontador
de mão de obra, mestre de obras, topógrafo, técnico em obra civil e engenheiro civil.
A atualização do salário médio de admissão de cada uma das 12 ocupações da construção civil
descritas no parágrafo anterior consistiu em trazer todos esses salários para o ano de 2010. Para isso,
foi necessária a mudança de base do INPC de agosto de 1994 para janeiro de 2010. Nesta etapa, o
número-índice médio do INPC (base fixa em agosto de 1994) de cada ano foi dividido pelo
correspondente ao de 2010, resultando no número-índice médio de base fixa 2010. A divisão do
salário médio de admissão de cada ano pelo índice de inflação de base fixa 2010 resultou na
atualização dos salários médios percebidos pelos trabalhadores no setor da construção civil no estado
Pará.
Salários Médios de Admissão por ocupação da construção civil no Pará
A construção civil é um setor que tem contribuído para o crescimento econômico do país
através do seu efeito multiplicador sobre o processo produtivo e pela capacidade de absorver um
elevado percentual de mão de obra em seu mercado de trabalho. Com a expansão das atividades
produtivas no país, as empresas tendem a demandar mão de obra no mercado e valorizar aquelas
mais qualificadas em seus processos produtivos reajustando os salários médios de admissão.
No estado do Pará, os salários médios de admissão das ocupações listadas na tabela 1, exceção
do encanador, obtiveram acréscimos no período de 2008 a 2011. Destacam-se, as ocupações de
Técnico em Obras Civil, Engenheiro Civil e Apontador de mão de obra que, no período, acumulou
variação real de 66,49%, 55,96% e 37,54%, respectivamente, acima da inflação (medidas pelo INPC)
6,48% (2008), 4,11% (2009), 6,47% (2010) e agosto de 2011 (7,40%), segundo dados do Caged e
IBGE.
As menores variações no salário médio de admissão couberam as ocupações de Montadores de
estrutura metálica e Topógrafo (0,96% e 6,62%, respectivamente), no período de 2008 a 2011. Isto
corresponde a um acréscimo no salário real dos Montadores de estrutura metálica de 4,38% (salário
real de R$ 769,74 para R$ 803,43) e 10,23% para os Topógrafos (salário real de R$ 1.237,72 para R$
1.364,29).
2
Segundo o Dieese, o salário real é o poder de compra dos salários. Representa a capacidade que um determinado salário
nominal tem de adquirir produtos e serviços em um dado período. Se a quantidade de produtos e serviços que o salário
nominal consegue comprar diminui, isto significa que o salário real está caindo. Geralmente isso ocorre quando os preços
dos produtos sobem, sem que os salários subam na mesma proporção. Logo, a definição de salário nominal é o valor
recebido pelo trabalhador a cada mês, no padrão monetário vigente, atualmente em reais.
18
13. Tabela 1: Variação nominal e real dos salários médios de admissão por ocupação do setor da
construção civil no estado do Pará – 2008 a 2011.
Variação nominal % Variação real % Salário corrigido p/2010
2008/ 2009/ 2010/ 2008/ 2008/ 2009/ 2010/ 2008/
2008 2009 2010
2009 2010 2011 2011 2009 2010 2011 2011
Pedreiro 9,84 7,96 6,47 26,26 12,34 5,57 10,05 30,53 715,32 741,52 765,04
Vigia 12,22 8,57 7,48 30,95 14,77 6,17 11,10 35,37 535,83 567,48 588,79
Pintor de obras 10,64 12,43 1,04 25,69 13,16 9,95 4,44 29,94 700,17 731,11 785,57
Encanador -15,59 20,58 -5,26 -3,58 -13,67 17,92 -2,07 -0,32 929,62 740,52 853,34
Montador de
estrutura -27,95 39,25 0,63 0,96 -26,31 36,17 4,01 4,38 908,78 617,96 822,36
metálica
Carpinteiro 7,44 8,83 8,96 27,41 9,89 6,43 12,63 31,72 720,12 730,18 759,46
Servente de
14,35 7,25 6,21 30,26 16,95 4,89 9,78 34,66 495,07 534,27 547,63
obras
Apontador de
4,07 10,10 16,11 33,05 6,44 7,67 20,02 37,54 739,49 726,30 764,24
mão de obra
Mestre de obras 9,69 -5,47 22,10 26,61 12,18 -7,55 26,21 30,88 1.672,25 1.731,00 1.563,88
Topografo -7,33 -9,02 26,46 6,62 -5,22 -11,03 30,71 10,23 1.461,28 1.278,03 1.111,20
Técnico em obras
6,21 -7,08 61,07 58,95 8,62 -9,14 66,49 64,32 1.668,81 1.672,69 1.485,33
civil
Engenheiro civil 18,61 -0,87 28,30 50,86 21,31 -3,06 32,62 55,96 4.114,87 4.606,05 4.363,78
Fonte: Caged/MTE. Elaboração: Idesp.
No entanto, se observa pelos dados do Caged expostos na tabela 1, que os salários médios de
admissão do Encanador no estado do Pará, foram os únicos que apresentaram variação negativa no
período de 2008 a 2011. Em 2008, o salário médio de admissão desta ocupação foi R$ 838,43. Este
valor caiu para R$ 808,45 em 2011, o equivalente um decréscimo de 3,58% e uma queda de 0,32%
no salário real desses trabalhadores. A seguir, foi analisada a evolução dos salários médio e real para
as doze ocupações dispostas na tabela 1 no contexto dos dez municípios paraenses contidos nesta
análise.
Pedreiro
As maiores variações nos salários médios de admissão da ocupação de Pedreiro no período de
2009 a 2010 se concentraram no município de Paragominas. Os trabalhadores que ingressaram nesta
ocupação perceberam, em média, R$ 650,04 em 2009, sendo este valor reajustado para R$ 749,12
em 2010, correspondendo a uma variação nominal de 15,24% para uma inflação acumulada de
6,47%, sinalizando que o salário real sofreu um acréscimo de 12,70% no período.
Uma das menores variações nominais observadas no salário médio de admissão dos Pedreiros
foi à apresentada pelo município de Belém no período de 2010 a 2011. Em 2010, esses trabalhadores
foram contratados com salário médio equivalente a R$763,43, no ano seguinte sofreu uma variação
de 6,14%, passando a vigorar com o valor de R$ 810,33 em 2011. Neste período, o salário real sofreu
um acréscimo de 9,71% acima da inflação do período de 7,40%. Atualizando os salários médios de
2009 (R$704,66), usando o deflator INPC (base fixa 2010), nota-se um acréscimo de 4,63%
(R$737,34) nos salários médios percebidos pelos Pedreiros no município de Belém.
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14. Vigia
No período de 2009 a 2010, os trabalhadores ocupantes do cargo de Vigia nos municípios de
Paragominas (18,76%), Santarém (17,40%), Barcarena (17%) e Castanhal (13,76%) presenciaram as
maiores variações nominais em seus salários médios de admissão. Em Paragominas, o salário real
pago a esses trabalhadores oscilou entre R$499,57 em 2009 a R$580,20 em 2010, o que corresponde
à variação de 16,47%. Em Santarém, os salários reais pagos situaram-se entre R$461,44 em 2009 e
R$529,75 em 2010, correspondendo a uma variação real de 14,80%.
Enquanto isso, os trabalhadores admitidos com carteira assinada no cargo de Vigia nos
municípios de Ananindeua (6,87%), Belém (6,01%), Parauapebas (5,89%) e Altamira (2,90%)
obtiveram as menores variações nominais nos salários médios percebidos no período de 2009 a 2010.
No entanto, essas variações foram superiores a inflação do período (6,47%), sinalizando acréscimos
no salário real da categoria na ordem de 4,51%, 3,67%, 3,55% e 2,90% respectivamente em 2010.
Pintor de obras
O salário médio de admissão pago ao Pintor de obras nos municípios de Marabá (22,74%),
Altamira (22,71%), Paragominas (14,56%) e Belém (13,57%) foram os que apresentaram as maiores
variações nominais de 2009 a 2010 e acumularam, respectivamente, acréscimos no salário real de
20,03%, 20%, 12% e 11,06%.
Destaca-se, o município de Altamira, que acumulou no período, uma variação nominal de
22,71% ante uma inflação de 6,47%, o que corresponde a variação nos salários reais de 20%.
Atualizando o salário médio desta classe de trabalhadores pelo índice de inflação INPC, percebe-se
que houve um acréscimo de 4,63% no salário médio desses trabalhadores. Isto significa dizer que, o
salário médio pago ao Pintor de Obra em Altamira era de R$ 627,50 em 2009, antes de ser corrigido
para o ano-base 2010, após a correção, alcançou o valor de R$656,60, o que corresponde a uma
variação de 4,63%.
Encanador
Os salários médios de admissão da ocupação de Encanador que obtiveram as maiores variações
de 2009 para 2010 foram os pagos nos município de Marabá (38,76%), Tucuruí (31,45%),
Paragominas (19,26%), Parauapebas (18,63%) e a menor variação em Belém (3,78%). As variações
no salário real desta classe de trabalhadores em 2009 foram: 35,70%, 28,55%, 16,63%, 16,01% e
1,49%, respectivamente.
Montador de estrutura metálica
As maiores variações nos salários médios de admissão dos trabalhadores na categoria de
Montador de estrutura metálica se concentraram nos municípios de Castanhal (50,88% - R$551,00
para R$831,33 e variação real de 47,54%), Parauapebas (19,49% - R$515,69 para R$616,19 e
variação real de 16,85%), Marabá (18,80% - R$920,67 para R$1.093,79 e variação real de 16,18%,
ressalta que este salário médio está acima do valor médio pago no estado do Pará de R$617,96) e
Belém (10,37% R$584,11 para R$644,67 e variação real de R$7,93%), ambos analisados no período
de 2009 a 2010.
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15. Carpinteiro
A média salarial percebida pelos trabalhadores na ocupação de Carpinteiro no estado do Pará
foi de R$ 697,82 em 2009. Este valor subiu para R$827,63 em 2011, correspondendo à variação
nominal de 8,83% e crescimento real de 6,43%. As maiores variações nominais observadas em 2009,
couberam aos seguintes municípios: Barcarena que pagou o salário médio no valor de R$713,72 em
2009 e R$821,10 em 2010, correspondendo a uma variação nominal de 15,05% e real de 12,50%. Na
sequencia está o município de Paragominas cujos salários médios de admissão oscilaram entre
R$680,00 e R$782,22 no período de 2009 a 2010, atingindo uma variação real de 12,49%, acima da
inflação de 6,47%. Na terceira posição ficou o município de Marabá com variação nominal de
11,94% (R$680,77 para R$762,07) com ganhos reais de 9,47%.
Servente de Obras
A média do salário de admissão pago aos Serventes de Obras no estado do Pará foi de R$
510,59 em 2009. Este sofreu um reajuste de 13,91% em 2010 e passou a vigorar no valor de
R$581,62. No acumulado de 2009 a 2011 a variação nominal observada foi de 15,14% com variação
real de 9,78%. Os municípios de Paragominas (12,64%), Marabá (12,08%) e Santarém (11,32%)
apresentaram as maiores variações nos salários médios pagos a esta categoria de 2009 a 2010,
resultando nas respectivas variações no salário real de 10,15%, 9,60% e 8,86%.
Apontador de mão de obra
No estado do Pará o salário médio de admissão do Apontador de mão de obra em 2009 foi
R$694,11. Este valor subiu para R$764,24, o correspondente a uma variação nominal de 10,01% e
variação no salário real de 7,67%. Os maiores reajustes observados nesta categoria couberam aos
municípios de Castanhal com variação de 12,27% (R$681,38 para R$765,00), em seguida, o
município de Parauapebas que pagou salário médio de admissão de R$697,99 em 2009 reajustando
este valor para R$783,52 em 2010, sinalizando uma variação real de 9,77%. E, por fim, o município
de Belém que admitiu trabalhadores nesta ocupação com salário médio correspondente a R$700,85
em 2009, no ano seguinte este valor sofreu um reajuste de 7,68% e passou a valer R$754,65.
Mestre de Obras
Entre as doze ocupações analisadas, a de Mestre de Obras foi a que mais apresentou redução
nos salários médios de admissão no período de 2009 a 2010. No estado do Pará, o salário médio
desta categoria sofreu uma queda de 5,47% (R$1.654,3 para R$1.563,88) de 2009 para 2010,
correspondendo a uma queda no salário real dos trabalhadores na ordem de 7,55%. O município de
Altamira se destacou entre os demais por elevar o valor do salário médio de admissão do Mestre de
Obra em 80,15% (R$868,00 para R$1.563,71) no período de 2009/2010, acumulando para esses
profissionais uma variação positiva na ordem de 76,17%.
Topógrafo
Os rendimentos médios dos Topógrafos sofreram queda de 5,47% no estado do Pará em 2010.
O valor do salário médio de R$1.221,40 em vigor em 2009 foi reduzido para R$1.111,20 em 2010,
correspondendo ao decréscimo de 7,55% nos salários reais desses profissionais. Seguindo a
tendência do Estado, os municípios de Tucurui (58,17), Parauapebas (27,57) e Santarém (-13,53%)
acumularam no período variações negativas nos salários médios, resultando, em respectivos
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16. decréscimos nos salários reais de 59,09%, 29,17% e 15,43%, levando em consideração que no
mesmo período a inflação cresceu 6,47%.
Técnico em Obras Civis
O salário médio percebido pelos trabalhadores contratados na ocupação de Técnicos em Obras
Civis no estado do Pará, sofreu um decréscimo de 7,08% (R$1.598,60 para R$1.485,33) em 2010 se
comparado com o ano anterior. Esta queda correspondeu a perdas no salário real destes trabalhadores
na ordem de 9,14%. Os municípios de Marabá e Parauapebas acumularam no mesmo período quedas
nos salários médios de admissão acima da observada no estado: 33,75% e 21,66% respectivamente.
Por outro ângulo, os municípios de Tucuruí (80,17%) e Paragominas (54%) acumularam variações
positivas nos salários médios pagos a esta categoria, correspondendo aos respectivos ganhos reais de
76,19% e 50,60%.
Engenheiro Civil
A média do salário de admissão do Engenheiro Civil no estado do Pará em 2009 foi de
R$4.401,90 e R$4.363,78 em 2010, correspondendo a um decréscimo nos rendimentos de 0,87%.
Em 2011, os salários médios desta categoria sofreram acréscimos de 28,30% (R$5.598,70). Os
maiores reajustes nos salários médios de admissão de 2010 se concentraram no município de
Santarém (R$2.500,00 para R$3.780,00 - 51,20%), com variações reais de 47,60%, apesar de sofrer
uma pequena queda de 0,78% em 2011.
Os resultados mostraram que os profissionais alocados nas ocupações de Pedreiro, Vigia,
Carpinteiro e Serventes de Obras se destacaram no período de 2008 a 2011, em todos os municípios
analisados, por acumularem variações positivas nos salários reais da categoria acima da inflação. No
âmbito dessas ocupações, foram detectadas poucas diferenças nos rendimentos médios percebidos
pelos trabalhadores entre os dez municípios delimitados nesta análise.
Por outro ângulo, as ocupações de Engenheiro Civil, Técnico em Obras civil, Topógrafo e
Mestre de Obras apresentaram as maiores diferenciações nos salários médios de admissão. Citam-se,
como exemplo, os salários médios de admissão dos Engenheiros Civis que tendem a ser mais baixos
nos municípios que compõem a Região Metropolitana de Belém (Belém e Ananindeua); e mais altos
nos municípios cujas obras de construção civil se direcionam as atividades de mineração
(Parauapebas, Marabá e Paragominas).
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