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NÚCLEO DE EDUCAÇÃO EM URGÊNCIAS
                                       SANTA CATARINA



     REALIZAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DO ECG NO PRÉ-HOSPITALAR




Dra. ALDINÉA WALKOFF




MATERIAIS

É utilizado o conjunto:
•       Monitor/desfibrilador/ECG de 12 derivações.
•       Cabo de conexão para os eletrodos ou pás do monitor-desfibrilador.
•       Eletrodos descartáveis (idealmente 10).
•       Gel condutor para ECG.

INDICAÇÕES

O ECG de 12 derivações é usado para:
•       a detecção precoce e tratamento imediato de pacientes com infarto agudo do miocárdio.
Quando transmitido da cena, o procedimento encurta o tempo de tratamento em 30 a 60 minutos.
•       a documentação de arritmias, distúrbios de condução cardíaca e de outros eventos
eletrofisiológicos que ocorrem no ambiente pré-hospitalar, auxiliando no diagnóstico e nas decisões
terapêuticas.

TÉCNICA

1.     Monitoração com as pás (posicionamento ântero-lateral)

a.    Pressione “Ligar”
b.    Selecione derivação “Pás”.
c.    Aplique gel condutor nas pás
d.    Coloque a pá “apex” (ÁPICE) lateral ao mamilo esquerdo do paciente na linha axilar média,
com o centro da pá na linha axilar média, se possível.(Figura 1)




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e.     Coloque a pá “sternum” (ESTERNO) no tórax superior direito, lateral ao esterno e abaixo da
clavícula. (Figura 1)




2.     Monitoração com o cabo de ECG

a.     Conecte o cabo de ECG (Figura 2).




b.     Pressione “Ligar”
c.     Identifique os locais apropriados no paciente. (Tabela 1 e Figura3)




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Tabela 1 : Código de cores para as derivações ECG (Lifepak®). Os cabos de derivação estão
codificados de acordo com os padrões AHA e IEC, listados na tabela abaixo:


             Derivação/membro                            Rótulo AHA               Rótulo IEC
             Braço Direito                                   RA                       R
             Perna Direita                                   RL                       N
             Braço Esquerdo                                  LA                       L
             Perna Esquerda                                  LL                       F
             Centro (Precordiais)                             C                       C




d.     Prepare a pele do paciente para a colocação dos eletrodos: depile com lâmina de barbear se
houver pêlos em excesso, Evite colocar os eletrodos sobre tendões ou grandes massas musculares.
Para peles oleosas, limpe a pele com álcool.
e.     Aplique os eletrodos descartáveis de ECG sobre a pele.
f.     Selecione “Derivação” na tela do monitor .
g.     Se necessário, ajuste o tamanho da onda (“Tamanho”).




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3.     Realização de ECG de 12 derivações:

a.     Para realizar um ECG de 12 derivações, coloque os eletrodos nos pulsos e tornozelos
(Figura 4). Não coloque os eletrodos no tórax, como na monitoração.




                                                   Figura 4


b.     Mova o eletrodo precordial (C1 ou V1) através dos pontos assinalados na Figura 5.
Localizar a posição V1/C1 é importante, pois é o ponto de referência para a colocação dos demais
eletrodos precordiais. Para localizar a posição V1/C1: coloque seu dedo na fúrcula esternal; mova-o
para baixo cerca de 3,5 cm até sentir uma pequena elevação horizontal: é o Ângulo de Louis, onde o
manúbrio se une ao corpo do esterno. Localize o segundo espaço intercostal no lado direito do
paciente , lateral e imediatamente abaixo do Ângulo de Louis. Mova seu dedo para baixo por mais
dois espaços intercostais até o 4.o espaço intercostal, que é a posição V1/C1. Continue procurando
as demais posições a partir de C1/V1.




                                                   Figura 5



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Outras importantes considerações:
o       Quando colocar os eletrodos em mulheres, sempre coloque as derivações de V3 a V6 sob o
seio, e não sobre o seio.
o       Nunca use os mamilos como ponto de referência para a colocação dos eletrodos.




4.     Interpretação do ECG no pré-hospitalar

Alguns macetes estão resumidos na Figura 6 e na Tabela 2.


Figura 6: Intervalos normais entre as ondas




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Tabela 2: Macetes para a interpretação do ECG

   ECG NORMAL          O eixo horizontal representa tempo;
                            • 1 mm ( 1 quadradinho ) = 0,04 seg
                            • 3 mm ( 3 quadradinhos ) = 0,12 seg
                            • 5 mm ( cinco quadradinhos ou 1 quadrado maior) = 0,2 seg (inhas mais
                            escuras).
                       No eixo vertical cada quadradinho pequeno corresponde a 0,1mV.
   FREQÜÊNCIA          Macete : Intervalo entre 2 ondas R :
                            - 1 quadrado grande = 300
                            - 2 quadrados grandes = 150
                            - 3 quadrados grandes = 100
                            - 4 quadrados grandes = 75
                            - 5 quadrados grandes = 60
                            - 6 quadrados grandes = 50
   RITMO               Melhor visualizado nas derivações DII e V1 ( melhor visualização da onda P).
                       Características de algumas arritmias mais freqüentes:
                            • Taquicardia supra-ventricular paroxística (TSVP) -         freqüência rápida,
                                regular, entre 150 e 250/min, sem onda P, com complexos QRS estreitos.
                            • Flutter atrial – freqüência rápida, regular, com ondas P serrilhadas, com
                                complexos QRS estreitos.
                            • Fibrilação atrial – ritmo irregular, sem onda P, com o aparecimento de ondas
                                “f”. Os complexos QRS tendem a ser diferentes entre si.
                            • Taquicardia ventricular – freqüência rápida, entre 150-250/minuto, com
                                complexo QRS alargado.
                            • Fibrilação ventricular - muitos focos ventriculares ectópicos, cada um
                                produzindo complexos QRS alargados e irregulares.
   BLOQUEIOS           BLOQUEIO ATRIO-VENTRICULAR
                       • De 1° grau : intervalo PR > 0,2 segundos ( um quadrado grande).
                       • De 2° grau :
                                o Mobitz I ou fenômeno de Wenckebach: o intervalo PR torna-se
                                progressivamente maior até que o nó AV não seja mais estimulado ( não há
                                QRS).
                                o Mobitz II - quando são necessários 2 ou mais estímulos atriais para uma
                                resposta do ventrículo. Conta-se como 2:1 (duas ondas P para um complexo
                                QRS), 3:1 (três ondas P para um complexo QRS), etc.
                       • De 3° grau ou Bloqueio Átrio-Ventricular Total ( BAVT) : os batimentos atriais e
                       ventriculares ocorrem independentemente, cada um com sua freqüência própria
                       (dissociação átrio-ventricular). Por exemplo, freqüência atrial:100, freqüência
                       ventricular:30.
                       BLOQUEIOS DE RAMO
                       • Bloqueio de Ramo Direito: complexo QRS alargado (> 0,12 segundos ou 3
                       quadradinhos) e ondas R-R’ em V1-V2.
                       • Bloqueio de Ramo Esquerdo – complexo QRS alargado e R-R’em V5-V6.
   EIXO                     COMO IDENTIFICAR O EIXO RAPIDAMENTE:
                       • D1 E AVF positivos: eixo normal.
                       • D1 negativo e AVF positivo: desvio do eixo para a direita
                       • D1 positivo e AVF negativo:
                                o Com D2 positivo: eixo normal
                                o Com D2 negativo: desvio do eixo para a esquerda
                       • D1 e AVF negativos: desvio do eixo para o noroeste
   INFARTO             DI , AVL, V5 e V6 : Infarto em parede Lateral
                       D II, DIII e AVF : Infarto em parede inFerior
                       V1 e V2 : infarto parede antero-septal;
                       V3 e V4 : infarto em parede anterior.




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RISCOS E ACIDENTES

Problemas comuns com a monitoração e com a realização do ECG.
•Mensagem de desconexão de eletrodos ou desconexão de derivações.
Possíveis soluções: confirme as conexões dos eletrodos e dos cabos; prepare a pele (ver item
“Técnica: 2.d”) e recoloque os eletrodos; selecione outra derivação; monitorize com a pá, se
necessário.
•Artefatos finos no traçado:
Possíveis soluções: reposicione os eletrodos; prepare a pele (ver item “Técnica: 2.d”); verifique as
conexões dos cabos; encoraje o paciente a ficar em repouso e calmo; pare o veículo; verifique
equipamentos que possam causar interferência de radiofreqüência ( como por ex. aparelho de
rádio).
•Linha de base tortuosa.
Possíveis soluções: prepare a pele (ver item “Técnica: 2.d”); verifique a adesão dos eletrodos.


REFERÊNCIAS


DUBIN, Dale. Trad. Ismar C. da Silveira. Interpretação rápida do ECG. 1.ed. Rio de Janeiro: Ed.
Publicações Científicas, 1993.

MEDTRONIC PHYSIO-CONTROL CORP. Lifepak 12 3D Biphasic defibrillator/monitor
Operating Instructions. © January 2000, Medtronic Physio-Control Corp.



Autora
Dra. Aldinéa Walkoff
Médica Neurologista e Intensivista
Médica do SAMU Florianópolis
Membro do Núcleo de Educação em Urgências de Santa Catarina – Brasil



Contatos:
Dra. Aldinéa Walkoff                             e-mail: awalkoff@gmail.com
Núcleo de Educação em Urgências                  e-mail: neu_santa_catarina@yahoo.com.br




Aprovado em reunião do Grupo de Rotinas do Núcleo de Educação em Urgências de Santa
Catarina (NEU-SC) em 19/07/2007




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Realizacao e interpretacao_do_ecg_no_pre_hospitalar

  • 1. NÚCLEO DE EDUCAÇÃO EM URGÊNCIAS SANTA CATARINA REALIZAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DO ECG NO PRÉ-HOSPITALAR Dra. ALDINÉA WALKOFF MATERIAIS É utilizado o conjunto: • Monitor/desfibrilador/ECG de 12 derivações. • Cabo de conexão para os eletrodos ou pás do monitor-desfibrilador. • Eletrodos descartáveis (idealmente 10). • Gel condutor para ECG. INDICAÇÕES O ECG de 12 derivações é usado para: • a detecção precoce e tratamento imediato de pacientes com infarto agudo do miocárdio. Quando transmitido da cena, o procedimento encurta o tempo de tratamento em 30 a 60 minutos. • a documentação de arritmias, distúrbios de condução cardíaca e de outros eventos eletrofisiológicos que ocorrem no ambiente pré-hospitalar, auxiliando no diagnóstico e nas decisões terapêuticas. TÉCNICA 1. Monitoração com as pás (posicionamento ântero-lateral) a. Pressione “Ligar” b. Selecione derivação “Pás”. c. Aplique gel condutor nas pás d. Coloque a pá “apex” (ÁPICE) lateral ao mamilo esquerdo do paciente na linha axilar média, com o centro da pá na linha axilar média, se possível.(Figura 1) Núcleo de Educação em Urgências de Santa Catarina – Brasil neu_santa_catarina@yahoo.com.br ou neu.santa.catarina@gmail.com 1
  • 2. e. Coloque a pá “sternum” (ESTERNO) no tórax superior direito, lateral ao esterno e abaixo da clavícula. (Figura 1) 2. Monitoração com o cabo de ECG a. Conecte o cabo de ECG (Figura 2). b. Pressione “Ligar” c. Identifique os locais apropriados no paciente. (Tabela 1 e Figura3) Núcleo de Educação em Urgências de Santa Catarina – Brasil neu_santa_catarina@yahoo.com.br ou neu.santa.catarina@gmail.com 2
  • 3. Tabela 1 : Código de cores para as derivações ECG (Lifepak®). Os cabos de derivação estão codificados de acordo com os padrões AHA e IEC, listados na tabela abaixo: Derivação/membro Rótulo AHA Rótulo IEC Braço Direito RA R Perna Direita RL N Braço Esquerdo LA L Perna Esquerda LL F Centro (Precordiais) C C d. Prepare a pele do paciente para a colocação dos eletrodos: depile com lâmina de barbear se houver pêlos em excesso, Evite colocar os eletrodos sobre tendões ou grandes massas musculares. Para peles oleosas, limpe a pele com álcool. e. Aplique os eletrodos descartáveis de ECG sobre a pele. f. Selecione “Derivação” na tela do monitor . g. Se necessário, ajuste o tamanho da onda (“Tamanho”). Núcleo de Educação em Urgências de Santa Catarina – Brasil neu_santa_catarina@yahoo.com.br ou neu.santa.catarina@gmail.com 3
  • 4. 3. Realização de ECG de 12 derivações: a. Para realizar um ECG de 12 derivações, coloque os eletrodos nos pulsos e tornozelos (Figura 4). Não coloque os eletrodos no tórax, como na monitoração. Figura 4 b. Mova o eletrodo precordial (C1 ou V1) através dos pontos assinalados na Figura 5. Localizar a posição V1/C1 é importante, pois é o ponto de referência para a colocação dos demais eletrodos precordiais. Para localizar a posição V1/C1: coloque seu dedo na fúrcula esternal; mova-o para baixo cerca de 3,5 cm até sentir uma pequena elevação horizontal: é o Ângulo de Louis, onde o manúbrio se une ao corpo do esterno. Localize o segundo espaço intercostal no lado direito do paciente , lateral e imediatamente abaixo do Ângulo de Louis. Mova seu dedo para baixo por mais dois espaços intercostais até o 4.o espaço intercostal, que é a posição V1/C1. Continue procurando as demais posições a partir de C1/V1. Figura 5 Núcleo de Educação em Urgências de Santa Catarina – Brasil neu_santa_catarina@yahoo.com.br ou neu.santa.catarina@gmail.com 4
  • 5. Outras importantes considerações: o Quando colocar os eletrodos em mulheres, sempre coloque as derivações de V3 a V6 sob o seio, e não sobre o seio. o Nunca use os mamilos como ponto de referência para a colocação dos eletrodos. 4. Interpretação do ECG no pré-hospitalar Alguns macetes estão resumidos na Figura 6 e na Tabela 2. Figura 6: Intervalos normais entre as ondas Núcleo de Educação em Urgências de Santa Catarina – Brasil neu_santa_catarina@yahoo.com.br ou neu.santa.catarina@gmail.com 5
  • 6. Tabela 2: Macetes para a interpretação do ECG ECG NORMAL O eixo horizontal representa tempo; • 1 mm ( 1 quadradinho ) = 0,04 seg • 3 mm ( 3 quadradinhos ) = 0,12 seg • 5 mm ( cinco quadradinhos ou 1 quadrado maior) = 0,2 seg (inhas mais escuras). No eixo vertical cada quadradinho pequeno corresponde a 0,1mV. FREQÜÊNCIA Macete : Intervalo entre 2 ondas R : - 1 quadrado grande = 300 - 2 quadrados grandes = 150 - 3 quadrados grandes = 100 - 4 quadrados grandes = 75 - 5 quadrados grandes = 60 - 6 quadrados grandes = 50 RITMO Melhor visualizado nas derivações DII e V1 ( melhor visualização da onda P). Características de algumas arritmias mais freqüentes: • Taquicardia supra-ventricular paroxística (TSVP) - freqüência rápida, regular, entre 150 e 250/min, sem onda P, com complexos QRS estreitos. • Flutter atrial – freqüência rápida, regular, com ondas P serrilhadas, com complexos QRS estreitos. • Fibrilação atrial – ritmo irregular, sem onda P, com o aparecimento de ondas “f”. Os complexos QRS tendem a ser diferentes entre si. • Taquicardia ventricular – freqüência rápida, entre 150-250/minuto, com complexo QRS alargado. • Fibrilação ventricular - muitos focos ventriculares ectópicos, cada um produzindo complexos QRS alargados e irregulares. BLOQUEIOS BLOQUEIO ATRIO-VENTRICULAR • De 1° grau : intervalo PR > 0,2 segundos ( um quadrado grande). • De 2° grau : o Mobitz I ou fenômeno de Wenckebach: o intervalo PR torna-se progressivamente maior até que o nó AV não seja mais estimulado ( não há QRS). o Mobitz II - quando são necessários 2 ou mais estímulos atriais para uma resposta do ventrículo. Conta-se como 2:1 (duas ondas P para um complexo QRS), 3:1 (três ondas P para um complexo QRS), etc. • De 3° grau ou Bloqueio Átrio-Ventricular Total ( BAVT) : os batimentos atriais e ventriculares ocorrem independentemente, cada um com sua freqüência própria (dissociação átrio-ventricular). Por exemplo, freqüência atrial:100, freqüência ventricular:30. BLOQUEIOS DE RAMO • Bloqueio de Ramo Direito: complexo QRS alargado (> 0,12 segundos ou 3 quadradinhos) e ondas R-R’ em V1-V2. • Bloqueio de Ramo Esquerdo – complexo QRS alargado e R-R’em V5-V6. EIXO COMO IDENTIFICAR O EIXO RAPIDAMENTE: • D1 E AVF positivos: eixo normal. • D1 negativo e AVF positivo: desvio do eixo para a direita • D1 positivo e AVF negativo: o Com D2 positivo: eixo normal o Com D2 negativo: desvio do eixo para a esquerda • D1 e AVF negativos: desvio do eixo para o noroeste INFARTO DI , AVL, V5 e V6 : Infarto em parede Lateral D II, DIII e AVF : Infarto em parede inFerior V1 e V2 : infarto parede antero-septal; V3 e V4 : infarto em parede anterior. Núcleo de Educação em Urgências de Santa Catarina – Brasil neu_santa_catarina@yahoo.com.br ou neu.santa.catarina@gmail.com 6
  • 7. RISCOS E ACIDENTES Problemas comuns com a monitoração e com a realização do ECG. •Mensagem de desconexão de eletrodos ou desconexão de derivações. Possíveis soluções: confirme as conexões dos eletrodos e dos cabos; prepare a pele (ver item “Técnica: 2.d”) e recoloque os eletrodos; selecione outra derivação; monitorize com a pá, se necessário. •Artefatos finos no traçado: Possíveis soluções: reposicione os eletrodos; prepare a pele (ver item “Técnica: 2.d”); verifique as conexões dos cabos; encoraje o paciente a ficar em repouso e calmo; pare o veículo; verifique equipamentos que possam causar interferência de radiofreqüência ( como por ex. aparelho de rádio). •Linha de base tortuosa. Possíveis soluções: prepare a pele (ver item “Técnica: 2.d”); verifique a adesão dos eletrodos. REFERÊNCIAS DUBIN, Dale. Trad. Ismar C. da Silveira. Interpretação rápida do ECG. 1.ed. Rio de Janeiro: Ed. Publicações Científicas, 1993. MEDTRONIC PHYSIO-CONTROL CORP. Lifepak 12 3D Biphasic defibrillator/monitor Operating Instructions. © January 2000, Medtronic Physio-Control Corp. Autora Dra. Aldinéa Walkoff Médica Neurologista e Intensivista Médica do SAMU Florianópolis Membro do Núcleo de Educação em Urgências de Santa Catarina – Brasil Contatos: Dra. Aldinéa Walkoff e-mail: awalkoff@gmail.com Núcleo de Educação em Urgências e-mail: neu_santa_catarina@yahoo.com.br Aprovado em reunião do Grupo de Rotinas do Núcleo de Educação em Urgências de Santa Catarina (NEU-SC) em 19/07/2007 Núcleo de Educação em Urgências de Santa Catarina – Brasil neu_santa_catarina@yahoo.com.br ou neu.santa.catarina@gmail.com 7
  • 8. Núcleo de Educação em Urgências de Santa Catarina – Brasil neu_santa_catarina@yahoo.com.br ou neu.santa.catarina@gmail.com 8