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A Grande Depressão
e o seu impacto social
Por Raul Silva
Nos anos 30, a Grande Depressão abalou a confiança no capitalismo liberal e na democracia.
Perturbada e decadente, a Europa questionou o liberalismo político e a democracia
parlamentar. As massas populares, afetadas pelo desemprego e seduzidas pelo exemplo da
Rússia bolchevista, agitaram-se ao ponto de intimidar as classes dirigentes. As classes médias,
alicerce do liberalismo e grandes vítimas da queda do poder de compra, sentiram-se
atraiçoadas e perderam toda a confiança no Estado burguês.
Pela Europa fora, o totalitarismo fascista foi moda e teve, na Itália e na Alemanha, os seus
grandes paradigmas. Antiparlamentar, antiliberal e antimarxista, o fascismo distinguiu-se por
subordinar o indivíduo aos interesses de um Estado forte e dirigista, que controlava a
sociedade, a economia, a educação e a cultura; por impor o culto do Chefe a quem todos
deviam uma obediência estrita. Um feroz aparelho repressivo e uma gigantesca máquina de
propaganda serviram os seus desígnios.
Onde a democracia resistiu à crise ensaiaram-se novas soluções económicas e políticas
marcadas pelo intervencionismo do New Deal e pelas experiências das Frentes Populares.
CADERNODIÁRIO
EXTERNATO LUÍS DE
CAMÕES
N.º 18
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28deAbrilde2015
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CADERNODIÁRIO28deAbrilde2015
A Grande
Depressão
e a sua origem
A crise teve a sua origem nos Estados
Unidos da América.
Durante a Primeira Grande Guerra, os
americanos eram possuidores da maior
parte do ouro mundial, provenientes
dos pagamentos que a Europa fazia
pelo trigo, patróleo, manufaturas e
armas, tornando-se, portanto, credores
da Europa, controlando assim as
empresas do mundo inteiro. Após a
guerra, os países europeus, falidos,
compram menos aos americanos e as
vendas decrescem, por isso diminui a
produção, sobe o desemprego e
baixam os preços. Perante esta
pequena crise, o governo decreta o
aumento das taxas alfandegárias para
combater as importações e a economia
recupera.
Os chamados Loucos anos 20 vão
marcar o melhor período da América,
que se torna a 1.ª potência industrial e
financeira do mundo. O consumo em
massa é estimulado pelas vendas a
crédito, salários altos e pela publicidade,
especialmente os bens de consumo e
electrodomésticos. É a American way of
life de que são indicadores culturais: o
cinema, a rádio, o desporto, o jazz, os
jornais, o telefone, ou seja, a sociedade
de consumo, e o “self made man”, um
mito americano.
Mas, o crescimento económico dos anos
20 tinha o seus pontos fracos:
• a prosperidade não era geral, os
países europeus viviam anos de crise;
• o desenvolvimento dos setores
produtivos é diverso: a construção
naval, aço e têxteis declinam, a
produção agrícola é excedentária,
provocando a queda dos preços e a
ruína dos agricultores;
• a repartição da riqueza é desigual,
uma vez que o lucro dos empresários
era muito superior ao aumento dos
salários pelo que os assalariados
recorrem à compra a prestações, na
ânsia de consumo;
• o crédito atinge até a compra de
ações que atingem valores irreais.
Responder:
a) Reconheça as causas da crise.
Pesquisar:
https://www.youtube.com/watch?
v=_DIO6pC-JKc
https://www.youtube.com/watch?
v=5Aj-vxLvfbw
O Crash de Wall Sreet
e a Grande Depressão
por Helena Veríssimo
“Por todo o lado falem fábricas por falta
de compradores. Por todo o lado
instala-se o desemprego, e as
dificuldades económicas das populações
agudizam-se. A fome, que parecia uma
realidade passada, reemerge. Nos EUA,
põe-se em questão o American way of
life, instalando-se dúvidas quanto à
validade do modelo capitalista tal como
é aplicado. Este modelo incentivou, nos
anos da pseudo prosperidade, a um
consumo desenfreado, concedendo
créditos ao consumo privado de forma
pouco criteriosa e as pessoas que não
possuíam capacidade de
endividamento. Quanto mais se
consumia, mais os bancos
emprestavam, numa espiral que só
podia conduzir a um fim – a ruptura do
sistema financeiro e, consequentemente,
produtivo, logo que as dificuldades
financeiras começaram a emergir (as
pessoas não pagavam aos bancos o que
lhes deviam e deixaram de consumir
por não terem meios para tal).”
“Para incitar os
empresários a investir
acena-se-lhes com o
crédito fácil, a política do
dinheiro fácil. Alguns
aproveitam a facilidade
do recurso ao crédito que
lhes é concedido, não
para criarem novas
empresas, mas sim para
especularem:
compram-se acções na
bolsa a contar com uma
alta das cotações. A
verdade é que quanto
mais os especuladores
compram, mais as
acções sobem.”
Jean-Luc Chalumeau
American way of life
É uma expressão referente a um suposto
"estilo de vida praticado pelos habitantes dos
Estados Unidos da América. Baseia-se nos
princípios da liberdade e da procura da
felicidade.
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CADERNODIÁRIO28deAbrilde2015
A crise
e a sua
mundialização
Em 1928, acontece uma enorme
subida de preços do produtos, o que
vai contrariar o baixo poder de compra
da população. Segue-se a dificuldade
em escoar a produção, o desemprego e
falências.
Do ponto e vista financeiro, a situação
não era melhor devido à especulação
na compra de ações e à facilidade em
obter crédito bancário, apesar do
aumento dos juros, o que permitirá a
acumulação de avultados lucros nas
instituições bancárias. No entanto,
estas viviam temendo o reembolso do
capital correspondente às ações super-
valorizadas e das economias
depositadas. A partir de setembro de
1929, à bolsa de Nova York acorreram
muitos especuladores a quererem
vender as suas ações por considerarem
que já não compensava a sua transação.
Em 24 de outubro forma postas à venda
cerca de 17 milhões de ações que não
encontraram comprador. Gerou-se o
pânico e todos queriam desfazer-se das
suas ações, a qualquer preço. Foi, assim,
o crash de Wall Street, na famosa
quinta-feira negra.
A crise na bolsa americana traz, de
imediato, consequências:
As ações desvalorizam e as pessoas
tentam vendê-las a preços baixíssimos,
sem haver quem as compre outras
correm aos bancos a levantar os seus
depósitos.
Os bancos encerram por não poderem
pagar as dívidas dos acionistas nem
devolver os depósitos.
Inicia-se, deste modo, a grande
depressão dos anos 30 que, oriunda dos
Estados Unidos da América se irá
estender ao resto do mundo,
provocando o declínio do comércio
internacional:
Aos países fornecedores de matérias-
primas aos americanos: Austrália, Nova
Zelândia, México, Brasil, Índia.
Países dependentes dos empréstimos dos
Estados Unidos: Alemanha e Aústria.
As principais caraterísticas desta crise
mundial são: empresas fabris,
comerciais e bancárias a falirem,
produção, preços, salários e poder de
compra a descer, desemprego e miséria
a subir, racionamentos e “sopa dos
pobres” a surgir.
Responder:
a) Explique em que consistiu o
crash da bolsa de Wall Street.
b) Enumere os efeitos que teve a
quinta-feira negra na economia
ocidental.
c) Justifique a mundialização da
crise.
Pesquisar:
http://externatohistoria.blogspot.pt/
2014/03/as-causas-da-grande-
depressao.html
http://externatohistoria.blogspot.pt/
2014/03/as-consequencias-da-grande-
depressao.html
A crise
e as suas
manifestações
por André Maurois
“Era o fim do mundo para um povo
que tinha apostado tudo na riqueza. As
indústrias, equipadas para grandes
produções não encontravam
compradores. O número de
desempregados subia. Há na América
um desemprego endémico e, mesmo
antes da crise, contavam-se já 2 milhões
de desempregados. Mas, quando as
pessoas cessaram as suas compras,
então o desemprego aumentou em
progressão geométrica, devido à baixa
dos preços, à falta de confiança, ao
crash de Wall Street. (...)
A crise torna-se, a partir do crash de
Wall Street, uma crise mundial, o que
demonstra como a América se foi
transformando, aos poucos, na
locomotiva da economia capitalista. As
repercussões sociais desta crise, são,
também, mundiais, afectando todos os
países, com economias pouco
desenvolvidas e diversificadas, que
fornecem matérias-primas aos EUA e à
Europa.”
“Na quinta-feira, 24 de
outubro, estava dado um
golpe mortal no boom de
Wall Street. Ainda hoje
não se sabe quem pôs à
venda, durante a primeira
hora da Bolsa, a
quantidade de ações que
provocaram a avalanche.
(...) O resultado foi
catastrófico. As ações
desciam de minuto a
minuto, porque não
encontravam
compradores.”
Richard Lewinsoth
A mundialização da crise
Os americanos congelaram os empréstimos,
exigindo ainda a devolução do dinheiro, o que
fez com que inúmeros bancos fossem à
falência, nomeadamente em Inglaterra,
Alemanha e na Aústria.