O documento discute a igualdade e desigualdade entre os homens segundo a Doutrina Espírita. Afirma que todos os homens são iguais perante Deus, mas possuem graus diferentes de experiência e livre-arbítrio. Também explica que a desigualdade de riquezas e aptidões ocorre devido às diferentes etapas evolutivas dos espíritos.
As violações das leis do Criador (material em pdf)
Da lei de igualdade
1.
2. Em O Livro dos Espíritos, no tópico Igualdade natural, Kardec indaga aos
Espíritos, na Questão 803: Perante Deus, são iguais todos os homens? No que
eles responderam: “Sim, todos tendem para o mesmo fim e Deus fez suas leis
para todos. Dizeis frequentemente: O sol brilha para todos, e com isso
enunciais uma verdade maior e mais geral do que pensais”. Todos os homens
estão submetidos às mesmas leis da Natureza. Todos nascem igualmente
fracos, acham-se sujeitos às mesmas dores e o corpo do rico se destrói como
o do pobre. Deus a nenhum homem concedeu superioridade natural, nem pelo
nascimento, nem pela morte; todos, aos seus olhos, são iguais.
3. Portanto, todos os homens são iguais perante Deus, a diferença entre eles
está na diversidade dos graus da experiência alcançada e da vontade com que
obram, vontade que é o livre-arbítrio.
No tópico Desigualdade das aptidões, na Questão 804, Kardec pergunta aos
Espíritos: Por que não outorgou Deus as mesmas aptidões a todos os homens?
E os Benfeitores espirituais responderam: Deus criou iguais todos os
Espíritos, mas cada um destes vive há mais ou menos tempo, e,
conseguintemente, tem feito maior ou menor soma de aquisições. As aptidões
são conquistadas à medida que o homem evolui. Nós fomos criados em
tempos diferentes, vivemos experiências diferentes, mesmo sendo criados
iguais, com as mesmas possibilidades, e fazendo uso de nosso livre-arbítrio.
4. Porém, a Lei de Causa e Efeito é muito clara, O plantio é livre, mas a colheita
é obrigatória, ou seja, somos hoje o resultado de ontem e seremos amanhã o
produto de hoje. Daí, compreendermos que cada criatura desenvolve suas
aptidões de acordo com suas escolhas, suas vivências; algumas andam mais
rápido e mais rápido chegam ao seu objetivo, outras se demoram a caminho,
mas todos nós chegaremos ao objetivo maior, a perfeição. Deus nos fez seres
gregários, precisamos uns dos outros para crescer, então, observamos que a
desigualdade em nosso estado atual, é necessária e útil, o que seria de nós se
todos estivéssemos na mesma situação? Seria um tédio, nada se transformaria
5. Sabemos que a riqueza não é distribuída igualmente para todos; isto é uma
realidade facilmente constatável e que sempre existiu na história da
Humanidade. Uns a possuem em abundância, podendo desfrutar até do
supérfluo, enquanto a outros falta o necessário. Em O Evangelho segundo o
Espiritismo, Kardec mostra que essa desigualdade não acontece por acaso,
nem fora do alcance das leis de Deus. Sem o conhecimento da imortalidade
do espírito e das vidas sucessivas não é possível compreender a questão. O
motivo da desigualdade das riquezas está no fato de serem também desiguais
os homens em inteligência, aptidões, disposição para o trabalho e capacidade
para conservá-las. Disso resulta que cada um lida com ela de acordo com o
seu entendimento e com o grau de progresso realizado.
6. Com a crença de que vivemos, na Terra, uma única vez não é possível
compatibilizar essas diferenças com a justiça de Deus. A diferença entre os
homens somente encontraria explicação no fato de terem sido criados
diferentes os espíritos, uns mais adiantados que outros. Com a pluralidade das
existências tudo se explica. Uns são espíritos mais adiantados, que
progrediram mais, o que lhes dá aptidões diferentes de outros, que se
aperfeiçoam mais demoradamente. Por outro lado, a posse da riqueza é uma
prova necessária ao crescimento do espírito, daí as leis de Deus fazerem com
que ela mude constantemente de mãos. O que hoje não a possui, certamente,
já a teve em existência passada ou a terá numa existência futura; o que hoje a
tem, talvez não a tenha amanhã.
7. Haverá sempre uns passando pela prova da riqueza e outros pela prova da
pobreza, tudo ao seu tempo e conforme as necessidades evolutivas da cada
um. Para atingir a perfeição o espírito tem que passar por experiências de
todo tipo, e por isso Deus lhe concede ora a riqueza, ora a pobreza para
experimentá-lo. Somente com o conhecimento da lei da reencarnação
podemos entender a desigualdade das riquezas existente na Terra. Se o
espírito somente tivesse uma única existência na Terra não se justificaria a
sua distribuição de modo tão desigual. Esta é mais uma questão, até então
incompreendida, que o Espiritismo vem esclarecer, afastando toda e qualquer
ideia de Deus estar sendo injusto ao permitir que aconteça.
8. Na questão 808, Kardec pergunta se a desigualdade das riquezas não tem sua
causa na desigualdade de faculdades, ou seja, a desigualdade das riquezas não
se originará das faculdades, em virtude do qual uns dispõem de mais meios de
adquirir bens do que outros? E os Espíritos respondem que "Sim e não. Da
velhacaria e do roubo, que dizes?" Nem sempre a riqueza é adquirida através
das aptidões, muitos há que ela conseguem fazendo mau uso de seu livre-
arbítrio, são atitudes fraudulentas e por elas terão que responder no futuro. É
a lei de causa e efeito entrando novamente em ação; plantou, colheu. E
quanto as riquezas herdadas, o que devemos pensar? Será que Deus premia
alguns enquanto outros morrem à míngua? Este não seria um Deus justo, nem
haveria harmonia em Suas leis.
9. Devemos analisar qual a fonte dessa riqueza, como foi construída, de onde
provém. Deus não julga superficialmente, Ele conhece a intenção de cada um,
Ele sabe o que se passa no interior de cada criatura, sabe de seu merecimento,
e sabe das provas que precisa para progredir. Entretanto, devemos esclarecer
que só responderá por erros, aquele que errou; aquele que herdou uma
riqueza de fonte impura, conquistada à base de injustiças não responderá
pelos erros de quem a construiu, principalmente se ele ignora a sua origem.
Mas, nada ocorre por acaso, e uma riqueza não chega às mãos de alguém sem
um propósito, aí está uma oportunidade de crescimento, de reparar uma
injustiça, oportunidade que será levada em conta tanto para quem deixou a
herança quanto para o que a recebeu, visto que toda ação corresponde uma
reação.
10. Tudo no Universo é regido pelas leis divinas; tudo tende ao equilíbrio, mesmo
que tudo façamos para contrariar essas leis. Como falamos anteriormente, a
desigualdade é necessária e sempre existirá, porque somos seres individuais,
cada um tem as suas próprias vivências e conquistas, um somatório de
experiências que acompanham o Espírito eternamente; caminhamos em
ritmos diferentes, aprendemos de forma diferente, portanto, sempre existiu e
sempre existirá a desigualdade, porque temos necessidades de diferentes
experiências. Alguns acreditam que uma sociedade igualitária seja a solução
para os problemas desta, só que uma sociedade é constituída de homens e
espelha aquilo que esses homens são.
11. Homens egoístas, orgulhosos, vaidosos, ambiciosos, sequiosos pelo poder,
sociedade desequilibrada, amoral, viciada, torpe; homens evangelizados,
sociedade integral, equilibrada, e em paz. Nos dizem os Espíritos que, se a
igualdade de riqueza chegasse a concretizar-se, "seria desfeita a curto prazo
pela força das coisas". É como alguns indivíduos que ganham na loteria,
basta algumas semanas para não ter um centavo no bolso. Isso porque os
homens não são iguais, uns são mais egoístas, outros menos, uns mais
inteligentes, ativos e trabalhadores, outros menos. Logo, se a cada um fosse
dado determinada quantia, esta repartição de nada adiantaria, pois, o
equilíbrio logo se desfaria, pelas desigualdades dos caracteres e das aptidões.
Por mais que queiramos, não podemos contrariar às leis. Mas será que
devemos buscar corrigir as falhas de nossa estrutura socioeconômica?
12. Claro que sim, devemos lutar para que seja real o sonho de uma sociedade
digna, com melhores condições de vida, devemos buscar aperfeiçoar as
nossas instituições, para que seja possível extirpar da Terra as facilidades, os
privilégios de casta ou de nascimento; como nos diz Rodolfo Calligares em
seu livro, As Leis Morais: "... extingam-se os preconceitos de cor, de raça e de
crença; haja oportunidades educacionais para quantos as desejam,
indistintamente; as sanções penais não recaiam tão somente sobre os fracos; a
mão-de-obra seja associada e não escrava do capital, etc." Ele nos diz ainda
que o melhor meio para atingirmos esse objetivo é a cristianização do
homem, levando-o a cumprir os seus deveres para consigo mesmo, para com
o próximo e para com Deus.
13. Nós somos construtores do amanhã, o progresso depende de nós, façamos a
nossa parte, que mesmo sem a riqueza material, estaríamos tão amparados
pelas boas ações, que viveríamos de bem com a vida. Sabiamente nos disse
Mahatma Gandhi: "Há o suficiente no mundo para todas as necessidades
humanas; não há o suficiente para a cobiça humana." Se cada homem
observasse as suas reais aptidões, nenhum trabalho útil ficaria por fazer, nem
teríamos tanta gente frustrada realizando algo que não lhe satisfaz, nem tanta
gente sobrando. "Em tudo existe o equilíbrio; o homem é quem o perturba. “A
riqueza e a miséria são provas? Sim. Deus permite para que sejamos
experimentados de todas as formas. Os Espíritos escolhem essas provas, e na
maioria das vezes caem diante delas.
14. A riqueza e a miséria são provas? Sim. Deus permite para que sejamos
experimentados de todas as formas. Os Espíritos escolhem essas provas, e na
maioria das vezes caem diante delas. Tanto a riqueza quanto a pobreza
constituem provas difíceis. "A pobreza é, para os que a sofrem, a prova da
paciência e da resignação; a riqueza é, para os outros, a prova da caridade e
da abnegação". A pobreza pode causar revolta, afastamento de Deus. Quem
pede esta prova busca a purificação de qualidades ou a sublimação de tarefas.
A riqueza e o poder fazem nascer todas as paixões que nos prendem à matéria
e nos afastam da perfeição espiritual. Por isso foi que Jesus disse: "Em
verdade vos digo que mais fácil é passar um camelo por um fundo de agulha
do que entrar um rico no reino dos céus." O que não significa que o homem
rico não alcance a perfeição.
15. Se a riqueza somente males houvesse de produzir, Deus não a teria posto na
Terra. Cabe ao homem o bom uso dela, transformando-a em farta colheita,
propiciando o progresso moral e intelectual das criaturas.
Muita Paz!
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